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Enquanto algumas pessoas estão pensando em como
mudar sua prática pedagógica, outras estão
começando a colocar em prática a PL. Assim, ela está
sempre viva, porque é orgânica.
Educar para a liberdade?
Problematização
A educação é um processo de condução de um lugar para outro
(?)
• Educar para a liberdade implicaria em dizer que estamos tirando alguém da condição
de não liberdade dirigindo-a à liberdade.
• Mas, é preciso refletir sobre o que significa liberdade.
• Se a liberdade for um processo de autodeterminação do sujeito, é
contraditório educar para a liberdade.
• Logo, essa condução de uma pessoa por outra é uma contradição.
• Essa condução de um lugar a outro (da ignorância à sabedoria, da não liberdade à
liberdade...) é o que Rancière chama de EMBRUTECIMENTO, quando a professora
está acima da estudante, reforçando a diferença de saberes entre elas.
• Há embrutecimento quando uma inteligência é subordinada a outra
inteligência.
Não faz sentido falar em LIBERDADE, mas sim em PRÁTICAS DE LIBERDADE
(Foucault)
• A liberdade é uma prática. Ou praticamos ou não praticamos.
• Sobretudo praticamos em determinados momentos, mas não o tempo todo.
• Pensar a liberdade relacionada às nossas ações.
• Produzir práticas de liberdade é um desafio constante.
• Rousseau: educação individual, pois cada qual aprende de um modo diferente.
Aprendizagem em contato com a natureza (Tolstoi). Emílio, livro queimado em praça pública.
• Influenciou a educação anarquista no século XIX, apesar de ser liberal.
• A liberdade em Rousseau é a liberdade do indivíduo, numa perspectiva liberal.
• É da natureza do ser humano ser livre, mas a sociedade nos acorrenta (contexto histórico da
França monárquica). Influenciou a revolução burguesa em 1789.
• Noção de liberdade: construção de uma sociedade que não atrapalhe a liberdade individual
(ANCAP). Hoje essa noção de liberdade está muito atrelada à liberdade de produção e consumo.
Críticas à concepção de liberdade de Rousseau
• Proudhon: os seres humanos somos seres sociais. Portanto, a liberdade
precisa ser pensada em coletividade.
• Bakunin: cada sujeito humano só pode ser livre ser todos os sujeitos forem
livres.
• Não é possível pensar na minha liberdade na escravidão e exploração do outro.
• A melhor frase do pensamento anarquista: a liberdade do outro confirma a
minha liberdade. A minha liberdade se amplia com a liberdade do outro.
Liberdade na perspectiva liberal em Rousseau: a liberdade é de cada indivíduo e faz parte da natureza de cada
indivíduo. Uma educação calcada nessa liberdade é uma educação sem intervenções no processo de
desenvolvimento do indivíduo.
Liberdade na perspectiva libertária: não é individual. A liberdade só faz sentido no coletivo. A liberdade não é da
natureza do indivíduo, não nascemos livres. Nós precisamos inventar a conquistar a liberdade, e isso só se faz em
conjunto.
Em Rousseau, faz sentido o bordão: a minha liberdade acaba quando começa a do outro.
John Dewey no século XX
Primórdios
Tolstoi e a anti-pedagogia
Autor de vasto material didático utilizado na educação russa no final do século XIX e criador da
escola para camponeses Yasnaia Poliana.
Dedicou-se aos estudos pedagógicos a fim de contrapor sua nova proposta de educação aos
métodos educacionais utilizados na Rússia e em outros países europeus.
Baseando-se na educação para a liberdade de Rousseau, no cristianismo primitivo e no modo de
vida dos mujiques, propôs uma educação por meio de uma nova moral alicerçada na liberdade, no
trabalho e no amor ao próximo
Pedagogia como a expressão dos desejos populares
A liberdade rousseauniana não faz sentido nem em uma sociedade liberal, como a
que vivemos, uma vez que ninguém vive isoladamente. E é justo essa sociedade
liberal que o pensamento libertário busca confrontar, pois a sociedade atual é
coletivista.
A partir do final do século XIX começam experiências de escolas
anarquistas, segundo a educação libertária.
1. Paul Robin: Orfanato de Cempuis. Primeira experiência dessa natureza. (Entre
1880 – 1894 mais ou menos)
Colocou em prática as ideias de uma educação libertária, que ele chamava
Educação Integral (do intelecto, do corpo e educação moral).
À medida que os conhecimentos são produzidos, todas as pessoas deveriam ter
acesso a esse conhecimento (o que não ocorre na educação liberal).
A educação do corpo implica em cuidar do corpo e lidar com o corpo, que
envolvia elementos de educação profissional.
Corpo livre, corpo aberto! Opõe-se a educação corporal cristã, de fechamento e
distanciamento, de frieza e obediência.
A educação moral (que não tem nada a ver com moralidade liberal, mas sim
com uma ética anarquista pautada em aspectos:
de solidariedade,
liberdade
igualdade e
não exploração, não competitividade
Como aprender a viver em liberdade com outras pessoas sendo livre e fazendo
com que todas as pessoas sejam livres, como aprender a viver com igualdade,
sem hierarquia, seja política, seja econômica, intelectual etc.
Assim, é preciso eliminar a desigualdade entre os sexos.
2. Sébastien Faure: militante anarquista. Entre 1904 – 1917
Construiu um orfanato (que ele chamava de Comunidade Escola), A Colmeia, sem vínculo com o
Estado. Recebia doações do movimento operário para crianças pobres e órfãs. Fechou durante a 1ª guerra.
3. Experiências do Ferrer y Guardia, em Barcelona, onde ele cria as Escolas
Modernas, em 1901, fechada pelo Estado Espanhol em 1905. Foi fuzilado.
Literalmente. Não porque ele matou uma pessoa. Mas porque ele educou
centenas. Fez o mesmo que Paul Robin e Faure. Essas escolar chegaram
ao Brasil em 1910 – 1920.
MARIA LACERDA DE MOURA
1887 – 1945, Rio de Janeiro. Mas vivei em Minas Gerais.
“Enquanto a porcentagem de analfabetos que vemos em todos os países, enquanto
a instrução permanecer o que é e acessível a apenas uma parte da humanidade,
enquanto o proletariado não cuidar das suas escolas, da sua cultura um surto
titânico contra a exploração do homem pelo homem é inútil pensar em equidade
social, porquanto haverá sempre uma fracção mais espeta, a qual tomará as rédeas
dos governos e dos lugares privilegiados em detrimento de outros sonhos mais
altos”.
MARIA LACERDA DE MOURA
1887 – 1945, Rio de Janeiro. Mas vivei em Minas Gerais.
Livros:
Em torno da educação (1918)
Renovação (1919)
A Instrução Integral (tem um livro do Bakunin com essa título) tem origem em
pensamentos e ideias advindas do movimento operário.
Hoje a classe operária está nos Ifs. E os Ifs, onde estão? Fazendo o quê?
Reproduzindo quais práticas pedagógicas? Não sei.
“Em 2019, a Rede Federal está composta por 38 Institutos Federais, 02
Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), a Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 22 escolas técnicas vinculadas
às universidades federais e o Colégio Pedro II”.
Do embrutecimento à emancipação
Do espírito superior (de quem supostamente possui o conhecimento) x espírito
inferior (a pessoa que ignora o conhecimento)
• Ao invés de falamos em educação para a liberdade, falemos em
educação para a EMANCIPAÇÃO, posta por Rancière em O mestre
ignorante.
• Isso faz muito sentido nesse contexto pandêmico de ensino remoto.
John Dewey e o liberalismo norte americano
• Ao mesmo tempo que se desenvolve uma Teoria escolar libertária
em diversas partes do mundo, de outro lado outras pessoas passam a
praticar essa teoria.
• As teorias se coadunando com a prática. É fundamental entender isso, ainda
mais dentro dessa lógica que estou tentando trazer pra essa conversa, no que
diz respeito à a/t/ografia no Ensino de Arte.
• Ao mesmo tempo, várias outras experiências de educar para a
liberdade. Poe exemplo, John Dewey, que desenvolve uma teoria
pedagógica centrada na ideia de liberdade e democracia, dentro de
um contexto democrático norte americano.
• As duas propostas são similares, mas com construções epistemológicas
diferentes, quer dizer, com bases conceituais diferentes.
• Dewey desenvolveu a educação para a liberdade dentro do estado liberal norte
americano, democrático burguês, o que difere totalmente da ideia de educação
libertária, cuja base funda-se na coletividade e apoio mútuo, eliminando toda e
qualquer forma de hierarquia e disputa.
• Assim, claro, a ideia de competição deixa de fazer sentido, para, ao invés disso, se fundar no
apoio mútuo a fim de que todas as pessoas possam, efetivamente, gozar da liberdade.
• É preciso atentar pro aspecto político que embasa cada uma dessas propostas, pra
não confundir como sendo a mesma coisa. E não são. Na verdade, são bem
diferentes.
Regurgitações...
A prática libertária diz respeito a uma prática que visa as micro
revoluções. Essa ideia está perfeitamente alinhada com a ideia de
microcosmo, sobrepõem-se, uma vez que essas micro revoluções
acontecem dentro de cada indivíduo.
...
Por isso Ferrer foi assassinado.
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Educação libertária: histórico, conceitos e experiências

  • 1. Enquanto algumas pessoas estão pensando em como mudar sua prática pedagógica, outras estão começando a colocar em prática a PL. Assim, ela está sempre viva, porque é orgânica.
  • 2. Educar para a liberdade? Problematização
  • 3. A educação é um processo de condução de um lugar para outro (?) • Educar para a liberdade implicaria em dizer que estamos tirando alguém da condição de não liberdade dirigindo-a à liberdade. • Mas, é preciso refletir sobre o que significa liberdade. • Se a liberdade for um processo de autodeterminação do sujeito, é contraditório educar para a liberdade. • Logo, essa condução de uma pessoa por outra é uma contradição. • Essa condução de um lugar a outro (da ignorância à sabedoria, da não liberdade à liberdade...) é o que Rancière chama de EMBRUTECIMENTO, quando a professora está acima da estudante, reforçando a diferença de saberes entre elas. • Há embrutecimento quando uma inteligência é subordinada a outra inteligência.
  • 4. Não faz sentido falar em LIBERDADE, mas sim em PRÁTICAS DE LIBERDADE (Foucault) • A liberdade é uma prática. Ou praticamos ou não praticamos. • Sobretudo praticamos em determinados momentos, mas não o tempo todo. • Pensar a liberdade relacionada às nossas ações. • Produzir práticas de liberdade é um desafio constante. • Rousseau: educação individual, pois cada qual aprende de um modo diferente. Aprendizagem em contato com a natureza (Tolstoi). Emílio, livro queimado em praça pública. • Influenciou a educação anarquista no século XIX, apesar de ser liberal. • A liberdade em Rousseau é a liberdade do indivíduo, numa perspectiva liberal. • É da natureza do ser humano ser livre, mas a sociedade nos acorrenta (contexto histórico da França monárquica). Influenciou a revolução burguesa em 1789. • Noção de liberdade: construção de uma sociedade que não atrapalhe a liberdade individual (ANCAP). Hoje essa noção de liberdade está muito atrelada à liberdade de produção e consumo.
  • 5. Críticas à concepção de liberdade de Rousseau • Proudhon: os seres humanos somos seres sociais. Portanto, a liberdade precisa ser pensada em coletividade. • Bakunin: cada sujeito humano só pode ser livre ser todos os sujeitos forem livres. • Não é possível pensar na minha liberdade na escravidão e exploração do outro. • A melhor frase do pensamento anarquista: a liberdade do outro confirma a minha liberdade. A minha liberdade se amplia com a liberdade do outro. Liberdade na perspectiva liberal em Rousseau: a liberdade é de cada indivíduo e faz parte da natureza de cada indivíduo. Uma educação calcada nessa liberdade é uma educação sem intervenções no processo de desenvolvimento do indivíduo. Liberdade na perspectiva libertária: não é individual. A liberdade só faz sentido no coletivo. A liberdade não é da natureza do indivíduo, não nascemos livres. Nós precisamos inventar a conquistar a liberdade, e isso só se faz em conjunto. Em Rousseau, faz sentido o bordão: a minha liberdade acaba quando começa a do outro. John Dewey no século XX
  • 6. Primórdios Tolstoi e a anti-pedagogia Autor de vasto material didático utilizado na educação russa no final do século XIX e criador da escola para camponeses Yasnaia Poliana. Dedicou-se aos estudos pedagógicos a fim de contrapor sua nova proposta de educação aos métodos educacionais utilizados na Rússia e em outros países europeus. Baseando-se na educação para a liberdade de Rousseau, no cristianismo primitivo e no modo de vida dos mujiques, propôs uma educação por meio de uma nova moral alicerçada na liberdade, no trabalho e no amor ao próximo Pedagogia como a expressão dos desejos populares
  • 7. A liberdade rousseauniana não faz sentido nem em uma sociedade liberal, como a que vivemos, uma vez que ninguém vive isoladamente. E é justo essa sociedade liberal que o pensamento libertário busca confrontar, pois a sociedade atual é coletivista. A partir do final do século XIX começam experiências de escolas anarquistas, segundo a educação libertária. 1. Paul Robin: Orfanato de Cempuis. Primeira experiência dessa natureza. (Entre 1880 – 1894 mais ou menos) Colocou em prática as ideias de uma educação libertária, que ele chamava Educação Integral (do intelecto, do corpo e educação moral). À medida que os conhecimentos são produzidos, todas as pessoas deveriam ter acesso a esse conhecimento (o que não ocorre na educação liberal).
  • 8. A educação do corpo implica em cuidar do corpo e lidar com o corpo, que envolvia elementos de educação profissional. Corpo livre, corpo aberto! Opõe-se a educação corporal cristã, de fechamento e distanciamento, de frieza e obediência. A educação moral (que não tem nada a ver com moralidade liberal, mas sim com uma ética anarquista pautada em aspectos: de solidariedade, liberdade igualdade e não exploração, não competitividade Como aprender a viver em liberdade com outras pessoas sendo livre e fazendo com que todas as pessoas sejam livres, como aprender a viver com igualdade, sem hierarquia, seja política, seja econômica, intelectual etc. Assim, é preciso eliminar a desigualdade entre os sexos.
  • 9. 2. Sébastien Faure: militante anarquista. Entre 1904 – 1917 Construiu um orfanato (que ele chamava de Comunidade Escola), A Colmeia, sem vínculo com o Estado. Recebia doações do movimento operário para crianças pobres e órfãs. Fechou durante a 1ª guerra. 3. Experiências do Ferrer y Guardia, em Barcelona, onde ele cria as Escolas Modernas, em 1901, fechada pelo Estado Espanhol em 1905. Foi fuzilado. Literalmente. Não porque ele matou uma pessoa. Mas porque ele educou centenas. Fez o mesmo que Paul Robin e Faure. Essas escolar chegaram ao Brasil em 1910 – 1920.
  • 10. MARIA LACERDA DE MOURA 1887 – 1945, Rio de Janeiro. Mas vivei em Minas Gerais. “Enquanto a porcentagem de analfabetos que vemos em todos os países, enquanto a instrução permanecer o que é e acessível a apenas uma parte da humanidade, enquanto o proletariado não cuidar das suas escolas, da sua cultura um surto titânico contra a exploração do homem pelo homem é inútil pensar em equidade social, porquanto haverá sempre uma fracção mais espeta, a qual tomará as rédeas dos governos e dos lugares privilegiados em detrimento de outros sonhos mais altos”.
  • 11. MARIA LACERDA DE MOURA 1887 – 1945, Rio de Janeiro. Mas vivei em Minas Gerais. Livros: Em torno da educação (1918) Renovação (1919)
  • 12. A Instrução Integral (tem um livro do Bakunin com essa título) tem origem em pensamentos e ideias advindas do movimento operário. Hoje a classe operária está nos Ifs. E os Ifs, onde estão? Fazendo o quê? Reproduzindo quais práticas pedagógicas? Não sei. “Em 2019, a Rede Federal está composta por 38 Institutos Federais, 02 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 22 escolas técnicas vinculadas às universidades federais e o Colégio Pedro II”.
  • 13. Do embrutecimento à emancipação Do espírito superior (de quem supostamente possui o conhecimento) x espírito inferior (a pessoa que ignora o conhecimento) • Ao invés de falamos em educação para a liberdade, falemos em educação para a EMANCIPAÇÃO, posta por Rancière em O mestre ignorante. • Isso faz muito sentido nesse contexto pandêmico de ensino remoto.
  • 14. John Dewey e o liberalismo norte americano • Ao mesmo tempo que se desenvolve uma Teoria escolar libertária em diversas partes do mundo, de outro lado outras pessoas passam a praticar essa teoria. • As teorias se coadunando com a prática. É fundamental entender isso, ainda mais dentro dessa lógica que estou tentando trazer pra essa conversa, no que diz respeito à a/t/ografia no Ensino de Arte. • Ao mesmo tempo, várias outras experiências de educar para a liberdade. Poe exemplo, John Dewey, que desenvolve uma teoria pedagógica centrada na ideia de liberdade e democracia, dentro de um contexto democrático norte americano.
  • 15. • As duas propostas são similares, mas com construções epistemológicas diferentes, quer dizer, com bases conceituais diferentes. • Dewey desenvolveu a educação para a liberdade dentro do estado liberal norte americano, democrático burguês, o que difere totalmente da ideia de educação libertária, cuja base funda-se na coletividade e apoio mútuo, eliminando toda e qualquer forma de hierarquia e disputa. • Assim, claro, a ideia de competição deixa de fazer sentido, para, ao invés disso, se fundar no apoio mútuo a fim de que todas as pessoas possam, efetivamente, gozar da liberdade. • É preciso atentar pro aspecto político que embasa cada uma dessas propostas, pra não confundir como sendo a mesma coisa. E não são. Na verdade, são bem diferentes.
  • 16. Regurgitações... A prática libertária diz respeito a uma prática que visa as micro revoluções. Essa ideia está perfeitamente alinhada com a ideia de microcosmo, sobrepõem-se, uma vez que essas micro revoluções acontecem dentro de cada indivíduo. ... Por isso Ferrer foi assassinado.
  • 17. VIVA A PEDAGOGIA LIBERTÁRIA!