2. O Espiritismo
O século XIX caracteriza-se por grandes transformações.
A situação inverteu-se. A Ciência que era ramo da filosofia, torna-se o centro da
cultura.
A ciência derruba toda forma dogmática de sua edificação, a física completa-se
com as ciências humanas: a Psicologia, a Sociologia, a Economia, etc...
A ciência passa a ser o ponto inicial de toda e qualquer investigação. E a Filosofia
não pode realizar suas investigações, senão na forma que a ciência indica.
A Religião não pode deixar de se entrosar com o conhecimento geral. Tem que
assimilar conceitos filosóficos em renovação, com seu suporte científico.
3. De Filosofia e religião que são, tem que transformar-se em ciências, filosofia, e
religião.
E este é o papel de Kardec.
Emmanuel Diz: “Sua Tarefa”.
"reorganizar o edifício desmoronado da crença reconduzindo a civilização as
suas profundas bases religiosas... O orbe, com as suas instituições sociais e
políticas, havia atingido um período de grandes transformações, que
requeriam mais de um século de lutas dolorosas e remissoras, e o
Espiritismo seria a essência dessas conquistas novas, reconduzindo os
corações ao Evangelho suave do Cristianismo”.
4. O espiritismo vem reabilitar o cristianismo encorajando o espírito humano com as
verdades da reencarnação, dando significado aos que trabalharam e sofreram no
esforço penoso da civilização... Com as provas da sobrevivência do espirito...
Vem concluir que a única renovação apreciável é a do homem íntimo... Lutando
pela intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do
Evangelho do Cristo.
Tomando "a evolução como seu único campo de atividade e de experiência...
ensina a fraternidade legítima dos homens e das pátrias, das famílias e dos
grupos... e prossegue... a sua obra educativa, junto das classes intelectuais e
das massas anônimas e sofredoras, preparando o mundo de amanhã com as
luzes imorredouras da lição do Cristo... para as numerosas transformações que
são aguardadas... e para a permanência dos homens, na Terra, que puderam
compreender a lição do amor e da fraternidade, sob a égide de Jesus".
5. Enfim, o Espiritismo é esta nova revelação que vem reestruturar
os alicerces da crença, a primeira doutrina religiosa a instituir-se
com fundamentos científicos, como Ciência, Filosofia e Religião,
evolutiva, tal como a codificou Allan Kardec.
Uma revelação que se refere às leis que governam o Espírito e
que por isso assume o caráter de revelação cientifica. Indicada
aos homens pelo Plano Maior, mas confiada ao seu
discernimento para que a elabore e a coloque a serviço dos
homens. Para que redefina os caminhos da educação e do
aprendizado, as normas de convivência, as regras do
comportamento, a extinção dos vícios, da ignorância, das
deficiências que rebaixam o ser humano.
6. O Espiritismo como Ciência
Espiritismo tem sua estrutura fundamentada na afirmação da existência de três
princípios fundamentais:
Deus, o princípio das causas; o espírito, ou o princípio inteligente, ativo; a
matéria, o princípio passivo;
O espirito e a matéria estão subordinados á Deus e vale a lei da causa e efeito
para ambos sem que no estágio que estamos não vemos o elo de
dependência.
Matéria e Espírito obedecem a leis distintas. Uma das dificuldades de entender
as leis que regem o espírito é de que supúnhamos que tudo era regido pela
matéria. Hoje já sabemos que não é assim. Aliás, Kardec afirma isso nos cap. 1
ao 16 de A Gênese.
7. - "O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a
Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de
explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao
Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação". E
ainda explica-se, no mesmo numero, que "o estudo das leis da
matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria
é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo
antes, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo”.
8. O Espiritismo é evolutivo
O Espiritismo só poderia iniciar-se após o estudo das leis da matéria, este
estudo sofreu profundas alterações e extraordinário desenvolvimento nos
últimos 100 anos, isto é, após Kardec. O Eletromagnetismo, a Eletrônica, a
Relatividade, a Física Quântica, a Física Nuclear, a Física Estatística, a
Químico-física, a moderna Astrofísica são todas conquistas do nosso século e
constituem hoje, praticamente, todo o acervo de conhecimentos acerca da
estrutura da matéria e suas leis, inexistentes na época de Kardec e que não
pode ser desconhecido hoje em toda e qualquer exposição acerca da
mediunidade e de seus fatos.
Além disso, não somente as ciências físicas se desenvolveram enormemente,
mas todas elas e a própria Filosofia.
9. A codificação está desenvolvida nas ciências e na filosofia daquele tempo e os
espíritos por meio da comunicação mediúnica atualizaram ampliaram a doutrina
em relação aos conhecimentos de hoje.
Especialmente através da esplendorosa mediunidade de Chico Xavier. André Luiz,
Emmanuel e outros Espíritos de elevada posição espiritual são os que se
dispuseram a este trabalho. Fortalecer e valorizar a linha Kardecista e em
obediência de ordem superior.
André Luiz assumiu a tarefa nas suas obras em relação à mediunidade. Em
Mecanismos da Mediunidade, onde, pioneiramente esboça uma teoria dos
fenômenos mediúnicos e não somente uma descrição e uma classificação como
nos outros autores.
10. Baseado nos conhecimentos atuais acerca da estrutura da matéria, e ele
que, hoje, orienta a compreensão, por analogia, sobre modelos construídos
com os dados da ciência contemporânea a que se somam detalhes e
informações expostos em seus outros livros, com o fim de facilitar o
entendimento e a introdução no desenvolvimento do conhecimento teórico
da mediunidade, à luz da Doutrina, que nos cabe desenvolver. Alias isto,
dentro do principio estabelecido por Kardec, em A Genese, cap.1, em que
diz:
"Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita, é o ser divino a
sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto
do trabalho do homem”.
11. É o que se passa nas ciências: Galileu, Newton, Einstein, pontificam no
estabelecimento de novos caminhos e novos princípios. Espíritos de
porte menor continuam-Ihes a tarefa, completando a estrutura teórica
nos seus aspectos menores, mas igualmente necessários, que
completam a edificação.
Da mesma maneira que o progresso, nas ciências, se faz não só com o
labor de gênios, mas também com as contribuições de Espíritos de
menor envergadura, assim a Doutrina Espírita, evolutiva que é, requer
para o seu desenvolvimento a participação de tarefeiros dos mais
diferentes tipos e diversos graus evolutivos.
12. Aliás, isto é o que Kardec afirma textualmente em A Gênese, que o ensino dos espíritos foi
dado simultaneamente em diversos pontos:
Nº 52:
“Convém notar que em parte alguma o ensino espírita foi dado integralmente; ... os
espíritos dividiram o trabalho, disseminando os assuntos de estudo e observação... "
E ainda, no Nº 55:
"Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela
se produz, é que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser,
essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação”.
E no Nº 58:
- "Mas, nem só os Espíritos Superiores se manifestam; fazem-no igualmente os de
todas as categorias... Todos os espíritos... qualquer que seja o grau de elevação em
que se encontram, alguma coisa nos ensinam, cabe-nos, porém, a nós.. , discernir o
que há de bom ou de mau no que nos digam, e tirar, do ensino que nos dêem, o
proveito possível".
13. O Princípio Material
A antiga ideia de matéria:
- a matéria como princípio, algo estável, permanente, sustentáculo de tudo que existe;
- a mitologia supõe que tudo se origina da matéria: a terra, o céu, as coisas, os
deuses, os homens. A noção de algo ser o fundamento de todas as coisas sempre
persistiu, embora, ao longo do tempo de diferentes formas de concepção;
Tales
- Tudo é derivado da água;
Anaximenes
- Tudo é derivado de fluido com consistência de um sopro: algo como o ar;
14. Heráclito
- O sustentáculo de tudo, tem como substâncias primordiais: a terra, a água, o
ar e o fogo em permanente transformação;
Pitágoras
- Tudo deriva de um princípio ordenador que faz as coisas segundo as leis da
matemática a partir do fogo, por condensação, no espaço e no tempo, por leis
idênticas às que governam os números e as formas;
Parmênides
- Tudo deriva de algo mais abstrato, que a denomina substância, sem identificá-
la com qualquer substância conhecida, mas conclui que ela é única, eterna,
imutável, infinita...
15. Demócrito
- Supõe ser à base de tudo uma substância única primordial dividida em
átomos, última unidade a ser considerada;
Atomistas
- haveria diferentes espécies de átomos que, reunindo-se em combinações
diferentes, dariam origem à infinita variedade das coisas;
A ideia atual
- o átomo, tal qual é concebido hoje, não é nem uno nem indivisível, mas
constituído de várias partículas;
- a teoria atômica atual é baseada em um grande número de fatos
experimentais de natureza físico-química, desconhecida dos antigos;