Este documento discute a importância do fóssil Dactylioceras na datação do período Toarciano (há cerca de 182,7 milhões de anos) através de sua ocorrência em Marrocos e Portugal. O Dactylioceras é encontrado em formações calcárias na região de Midelt, Marrocos e na Ponta do Trovão, Peniche, Portugal, permitindo correlacionar as idades dessas formações e estabelecer o limite entre os períodos Pliensbaquiano e Toarciano.
Fósseis de Idade - Importância da ocorrência de Dactylioceras em Marrocos e Portugal
1. Fósseis de idade
Importância da ocorrência de Dactylioceras em Marrocos e Portugal
António Vieira (ajvieira1@hotmail.com), Escola Secundária de Vila Verde
Teresa Lacerda (teresalacerda@hotmail.com), Agrupamento de Escolas de Póvoa de Lanhoso
PatrimóniogeológicoepaisagensgeológicasdeMarrocosvsdePortugal
AssociaçãoPortuguesadeProfessoresdeBiologiaeGeologia,2017
Fósseis de idade
Dactylioceras na datação do Toarciano
Marrocos tem belas e diferenciadas paisagens devido à sua geologia muito particular. Aqui
podem-se estudar aspetos muito diferenciados desde as compressões e distensões sofridas
pelas placas tectónicas, às evidências da abertura do Atlântico, bem como à caracterização
dos paleoambientes e à datação de várias formações com recurso a fósseis.
Portugal, por seu turno, também tem importantes sítios geológicos classificados pela
International Union of Geological Sciences como "Global Boundary Stratotype Section and
Point (GSSP)". Neste poster apresentamos o fóssil Dactylioceras que encontramos em
formações na zona de Midelt, em Marrocos, e na Ponta do Trovão, em Peniche – Portugal que
contribuiu para a atribuição do GSSP no estratótipo do Toarciano (182.7 ± 0.7 Ma).
Resumo
Referências bibliográficas
As referências do texto [1 a 5] e imagens [I a V], bem como outra bibli-
ografia de apoio, estão acessíveis a partir do QR Code lateral.
Nota: O QR Code no topo do poster dá acesso ao mesmo em
formato PDF.
Amonite
Trilobite
Carta Geológica de Marrocos [II] - em destaque “Midelt”
Região de Midelt [III]: A - Enquadramento, B - Afloramento calcário,
C e D - Fóssil de amonite do género Dactylioceras
[VI] Mapa com a localização de Peniche e destaque para
o limite Pliensbaquiano / Toarciano (P/T).
A - Ponta do Trovão. B - Placa que assinala a atribuição do GSSP
em 2016. C - GSSP do Toarciano em Peniche.
GSSP Table - All Periods [V]
Global Boundary Stratotype Section and Point (GSSP) of the International Commission on Stratigraphy
GSSP
Dactylioceras commune (J. Sowerby).
A - Vista ventral; B - Vista lateral.
As amonites do género Dactylioceras encontram-
se na região de Midelt, Marrocos, em formações
calcárias. Estes fósseis evidenciam a presença de
numerosas costilhas radiais, simples e retilíneas
nos flancos, bifurcando na fronteira com o bordo
ventral. Esta bifurcação caracteriza este género
que apresenta, ainda, uma concha evoluta, discoi-
dal e comprimida lateralmente[3][4]
.
Trata-se de organismos marinhos pelágicos nectó-
nicos e carnívoros. O Dactylioceras encontra-se
nas formações da Ponta do Trovão, em Peniche -
Portugal, onde foi colocado um GSSP em 25 de ju-
lho de 2016, contribuindo para o estabelecimento
do limite Pliensbaquiano / Toarciano[5]
.
O fóssil em questão permite estabelecer um para-
lelismo de idade entre as formações de Marrocos e
Portugal, colocando-as no Toarciano(Jurássico inf).
A Biostratigrafia estuda o conteúdo
fossilífero e a sua organização nos
estratos de uma secção estratigrá-
fica, definindo as unidades biostra-
tigráficas (estrato ou conjunto de
estratos caracterizados pelo seu
conteúdo paleontológico) dessa
secção. Isso permitirá fazer uma
datação relativa dos estratos atra-
vés dos fósseis neles presentes.
Estratos com diferentes localiza-
ções, que apresentem a mesma
fauna ou flora são correlacionáveis
em termos temporais. Os fósseis
que permitem a definição dessas
unidades biostratigráficas, ou bio-
zonas, na datação relativa de for-
mações geológicas, são designa-
dos por “fósseis de idade” ou
“fósseis índice” e correspondem
a um grupo taxonómico, geralmen-
te género ou espécie. Um fóssil
de idade tem de obedecer a um
conjunto de critérios[1]
:
- Ter existido durante um curto
período de tempo – ou seja, se o
intervalo entre o seu aparecimento
e extinção for curto.
- Ter tido uma ampla distribuição
geográfica – de forma a poderem
ser encontrados em diversos lo-
cais e permitirem comparações e
correlações entre formações geo-
lógicas distantes.
- Terem sido abundantes – au-
mentando as probabilidades dos
seus fósseis ocorrerem no registo
geológico com a frequência dese-
jada.
- Terem tido estruturas fossilizá-
veis (como conchas, espículas ou
ossos) e caraterísticas morfoló-
gicas que os distingam de ou-
tros fósseis similares.
Os fósseis de idade contribuem
para assinalar os “Global Bounda-
ry Stratotype Section and Point” ou
“Golden Spike” dos diferentes pa-
tamares da escala estratigráfica in-
ternacional. Assim, “os GSSP são
definidos nos locais onde é possí-
vel melhor caracterizar o limite en-
tre dois andares, com continuidade
da sedimentação na passagem de
um a outro e a possibilidade de
datar com precisão cada um de-
les.”[2]
Trilobites
[1]
(Filo Arthropoda e Classe Trilobita) -
Paleozoico, especialmente do Câmbrico - Ordoví-
cico e, localmente, do Carbónico.
Goniatites
[3]
(Filo Mollusca e Classe Cephalopo-
da) - Paleozoico, especialmente do Devónico e
Carbónico inferior.
Orthoceras
[3]
(Filo Mollusca e Classe Cephalopo-
da) - Paleozoico, do Ordovícico ao Triásico.
Amonites
[1]
(Filo Mollusca e Classe Cephalopoda)
- Mesozoico, especialmente do Jurássico e do
Cretácico.
OrthocerasGoniatite
Classificação
[3]
Reino: Animalia, Filo: Mollusca
Classe: Cephalopoda
Subclasse: Ammonoidea
Ordem: Ammonitida
Família: Dactylioceratidae
Género: Dactylioceras HYATT, 1867
Escala Cronoestratigráfica
Internacional [IV]
[A] [B]
[C]
[D]
[A]
[B] [C]
Exemplos de fósseis índice que ocorrem em estratos geológicos marinhos [I]: