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1
CAPA
2 3
CONTRA CAPA INTEGRANTES
DEDICATÓRIA
4 5
Sumário
ILUSTRAÇÃO PRÉ CRONICA
Tipos Urbanos
Uma visita inesperada 6
O encontro com Dahab 8
Passeio no parque 10
Histórias do dia a dia
Brigadeiro ou beijinho? 12
Legenda 00
Legenda 00
A cidade e suas ilusões
Que horas seu alarme toca? 18
O acidente 20
No dia seguinte 22
6 7
Tipos Urbanos
Uma visita inesperada
No ano de 2030 finalmente conseguimos fazer uma viagem à terra, após anos
tentando construir uma nave que suportasse a viagem. Nós tínhamos consci-
ência do medo dos humanos em relação à uma invasão alienígena, mas nossa
intenção nunca foi invadir a terra como pensavam, estava mais para uma visi-
ta, um estudo.
Quando chegamos, decidi fazer um pequeno passeio pela cidade, reparei que
eles tinham costume de andar em grandes caixas. Eles a chamavam de“trem”.
É um meio de transporte que faz com que cheguemos a qualquer lugar da
cidade com muita facilidade. Assim que me familiarizei com aquele ambiente,
notei algo que, de certa forma, me intrigava: praticamente todos eles, inclusi-
ve crianças, usavam um pequeno aparelho reluzente que prendia totalmente
sua atenção, logo descobri que aquele aparelho chamava-se celular, nele você
conseguia falar com pessoas que estão a quilômetros de distância, incrível!
Geralmente, em Marte, para nos comunicarmos pessoalmente, precisamos
voar em naves por dias. Com esse aparelho, era somente um clique. Talvez
levaremos essa engenhoca conosco quando voltarmos.
Decidi que queria ter a experiência completa. Fui em busca de comprar um
daqueles celulares, entrei em uma loja dessas tecnologias e logo algumas
pessoas me cercaram. Que isso? Será que me reconheceram? Se sim, eu me
lasquei, como vou explicar isso para o Zutaki? Com certeza ele vai me esticar
inteiro, o único combinado foi: não podemos ser reconhecidos.
-	 Boa Tarde senhor, como posso ajudá-lo? - Disse uma moça muito bonita
com os dentes branquinhos e um cabelo assustadoramente laranja.
-	 Me ajudar? - Não entendi, meu santo Hokak, será que eles já iam surtar
por perceber o que eu sou? Já imagino os noticiários!
-	 Sim, o senhor está à procura de um aparelho celular ou notebook? - Ufa!
Aparentemente ela trabalha ali, quer me vender o celular. Nesse momento de dis-
tração enquanto eu respirava fundo por alívio de não ter sido descoberto, ela to-
cou meu braço com seus dedos finos e quentes, o que é isso? Por que essa mulher
está quente? Alguém precisa chamar um curador para essa mulher, a pele dela é
quente!!!! Acho que ela estranhou tanto quanto eu, pois logo tirou a mão, prova-
velmente porque minha pele é extremamente fria. Por mais que esteja disfarçado
isso é difícil mudar.
(...)
Liguei aquele pequeno aparelho que parecia proporcionar experiências tão
incríveis, criei uma conta de acesso ao Facebook. Acabei achando o perfil de
Dahab nas sugestões de amigos, que rápido. Dahab era uma dos aliens que
veio comigo, não acredito que ela descobriu aquilo antes de mim! Vi que ela
estava em um endereço pois constava nos registros do Facebook, joguei o
endereço em uma coisa chamada Maps, fui seguindo o que ele falava e acabei
chegando no centro da cidade. Que caos! Realmente são muitas pessoas, né?
Eles iam e vinham de diversas direções. Carros, quantos carros! Estavam por
todos os lados, muito barulho, homens com algum tipo de pano em volta do
pescoço, por que usavam aquilo? Parece sufocante. Jovens com um objeto
sob rodas aos seus pés, achei perigoso. Crianças correndo com pequenos se-
res de quatro patas. Ao me ver um deles começou a emitir um som esquisito,
será que conseguiam realmente me ver? Moças bonitas como a da loja de
celulares com cabelos coloridos, alguns cabelos que não eram esticados eram
altos, com grandes ondas em grande quantidade, deixando sua cabeça como
se fosse algo maior. Nós de Marte somos todos carecas, essa descoberta de ca-
belos tão diversos realmente foi uma novidade e tanto, mas não tanto quanto
a cor da pele daqueles seres, eles eram coloridos! Alguns eram rosados, outros
amarelos, outros marrons, um grande arco-íris bem ali diante dos meus olhos,
assumo, estou fascinado! Parecia um formigueiro, como eles conseguem viver
nessa bagunça? Fiquei parado por o que pareceu horas observando, passou
tanta gente. Gente apressada, correndo pra lá pra cá, sem trocar absolutamen-
te uma palavra, só seguindo seu caminho.
Ilustração
8 9
Até que vi Dahab do outro lado da rua distraída, com um copo esquisito na
mão, parece que ele se misturou mesmo né!
-	 Ei hab, mulher, finalmente te achei, acredita que mal consegui ver essa
sua cabecinha entre toda essa gente? Você reparou como a cabeça deles é minús-
cula?
-	 Lelu, você já tomou isso? é tão doce e pastoso, eu amei!!!!! - Disse sem dar
a menor importância sobre o que falei, se referindo ao líquido marrom que estava
em sua mão enquanto estica o copo para mim.
-	 Caramba, que delícia! Hab, o que acha de explorarmos um pouco do
centro juntos antes de seguirmos para caminhos diferentes? - Hab logo topou,
então seguimos
Andamos um pouco naquele centro, tinha diversas lojas, alguns carrinhos
vendendo umas coisas gosmentas e fedidas, eles comiam aquilo? Estava cho-
cado como aquela gente comia porcaria. Passamos por um grande edifício,
parecia estar em construção. Hab foi na frente abismada com algo tão alto,
mesmo que não estivesse pronto, estava realmente bonito.
-	 Psiu, bonitinha, oh lá em casa! - Disse um homem que estava dentro da
obra olhando pra Hab.
Tive que segurar aquela doida, do jeito que é esquentada estava pronta para
partir pra cima do cara. Imagine, ela nos expõe e ainda frita todo o cérebro do
homem somente por não saber que estava mexendo com a alienígena mais
brava de Marte?
-	 Por que me segurou Lelu? Você viu como aquele cara foi um babaca!
Quem ele pensa que é? Estava pronta pra fritar seus miolos, essa gente não tem
noção?
Depois de toda aquela loucura da cidade e da Hab extremamente doida, deci-
di ir para um lugar mais calmo, procurar a famosa felicidade que dizem ter por
aqui. Viajei de avião, era basicamente como nossas naves, porém mais lento.
Fui para um lugar relativamente estranho, tinha um tipo de terra amarela e um
grande reservatório de água salgada. Impressionante, descobrimos água em
Marte há pouco tempo, enquanto isso, eles tinham essa grande quantidade.
Ali encontrei menos pessoas, pareciam mais relaxadas, usavam bem menos
roupa que na cidade, torrando naquele sol quente. Grande parte delas fica-
vam fazendo pose para o celular, o que eu achava esquisito, depois nos cha-
mam de alienígenas. Mais tarde descobri que era para o Instagram.
Mas não importa qual lugar eu fosse, aquele aparelho estava por toda parte,
eles ficam checando de segundo em segundo, não saem daquilo nunca? Em
Marte humanos são conhecidos por serem extremamente sensíveis e amo-
rosos, mas desde que cheguei por aqui mal os vi se comunicando, passavam
tanto tempo focados na tela do celular que mal reparava onde passavam, ou
quem passava por eles.
O encontro com Dahab
Ilustração
10 11
ILUSTRAÇÃO PRÉ CRONICA
Decidi passear por um parque que escutei alguns jovens falando que tinha
por ali, de um lado havia um parque com algumas crianças brincando, e do
outro lado tinha uns jovens, eles assopravam uma fumaça esquisita pela boca,
daquele lado senti um cheiro esquisito, credo. Decidi ficar observando as
crianças brincando, elas corriam tanto, será que não desligam nunca? Seus
pais não estavam muito focados no que faziam, até que eu vi uma menininha
que aparentava não ter a menor ideia do que estava fazendo. Correu para a
rua e parou bem lá no meio, do outro lado vinha um carro em alta velocidade,
eu tentei ignorar, juro. Mas não consegui, a menina ia ser atropelada enquanto
sua mãe tirava uma foto em um coqueiro, será possível? Não pensei muito
bem, coloquei em risco meu disfarce, mas me teletransportei pro meio da rua
tirando a menina de lá. E logo fui para um lugar mais calmo já esperando a
menina abrir o berreiro.
-	 De novo de novo!! - disse aquela pestinha, morrendo de rir. E eu aqui,
morrendo de medo de Hokak aparecer me dando esporro!
Voltei com ela disfarçadamente, chegando lá sua mãe olhava para todos os lados
procurando a menina, aparentemente desesperada.
-	 Presta atenção moça, sai do celular! - disse para a mesma, que me olhou
meio esquisito e abraçou a menina, mas agradeceu, pelo menos tinha educação.
Bom, eu até que gostei daqui eles tem bastante coisa esquisita, são bem de-
satentos e com certeza ficam mais focado no celular que qualquer coisa. Mas
tem diversos lugares bonitos, até que algumas de suas comidas não são tão
repugnantes.Talvez, eles deveriam ter medo mesmo de invadirmos seu plane-
ta, pois esse estudo foi justamente para sabermos se valeria a pena.
Passeio no parque
12 13
Histórias do dia a dia
Brigadeiro ou beijinho?
Mesmo que muitas pessoas achem que não são organizadas, mais ou menos,
em mente, há uma ideia do que será feito no outro dia. Pode-se dizer que o dia
tenha saído errado porque não fizemos algo que deveríamos, mas ninguém
fica se martirizando e pensando o que deveria ter feito, mas olha para o dia
seguinte e pensa: Amanhã eu tenho as horas contadas para resolver tudo.
E por aí vai. Vou começar a contar a história de um dia e talvez haja identifi-
cação.
Já são 23h da noite e só tenho planejado na cabeça tudo que preciso fazer,
amanhã eu acordo 20 minutos antes para separar os documentos que preciso
levar - Pensa ela, a pessoa que acha que tem tudo sob controle! (Neste mo-
mento eu rio daqui e você daí)
Mais alguns minutos de procrastinação, enquanto rola a série que ela está fin-
gindo que está assistindo, porque prestando atenção e entendendo não está.
Na verdade, nem é o perfil dela assistir aquela série, mas todos estão vendo
então é, de certa forma, uma obrigação ver também, não é mesmo? Como ela
gosta de estar inteirada dos papos ela precisa assistir. Logo, o desinteresse é
tanto que… pegou no sono no sofá!
Bom, assim começou a catástrofe do dia que precisava dar tudo certo.
Du é uma garota ativa, ela é bem atrapalhada, ela tem o dia muito preenchido
e nos poucos momentos vagos ela desperdiça, como uma boa ariana que é.
(...)
-	 Eita meu Deus, eu sou uma MULAAAAA ! - Disse Du ao acordar no sofá
totalmente descoberta às 07:52 enquanto, nesse horário, ela deveria estar dando
bom dia ao seu Ciço, guarda que fica na cabine da estação por onde ela passa na
rua detrás do trabalho.
-	 Calma menina, calma. Acalma o coração que vai dar tudo certo! Nossa!
Justo hoje que nada poderia dar errado, mas não vou pensar assim porque isso
vai atrair coisas ruins. - Pensou ela.
Na palestra de Coach que ela foi, Renato, o homem com a vida aparentemente
perfeita, disse que embora tudo esteja desmoronando, pense sempre posi-
tivo. Como ela levou muito a sério as aulas e está focada em mudanças de
hábitos e vida nova, ela costuma sempre praticar.
- Bom, vou avisar a Paula para passar meu crachá e aí eu consigo avisar a Cida
que vou me atrasar uns minutos…
Nós sabemos que esse atraso será de horas mas é interessante vê-la mentindo
para si mesma sobre algo, dá vontade de pegar uma pipoca não é mesmo?! Eu
rio daqui e você daí ok!
Paula é sua melhor amiga, nem sei dizer qual das duas é mais atrapalhada e
quantas vezes Paula a salvou desta forma e Cida é a responsável pelo RH e
pelo setor, ela não é uma chefe, mas se sente mais chefe que a própria chefe.
Todo mundo conhece uma Cida, com certeza.
Du está tão atarefada nesta sexta-feira porque é casamento de uma amiga,
que cresceram juntas. Ela não conseguiu folga e está sobrecarregada, outro
comportamento típico de arianos. Então ela organizou tudo que pode, gastou
o que não podia e se comprometeu em buscar tudo que cobraram muito caro
para fazer a entrega, porque ela realmente achou que ia conseguir fazer tudo
e queria muito ajudar a amiga de infância.
-	 Amiga de Deus! Acordei atrasada e eu dormi no sofá, eu nem tomei ba-
nho ainda, to na TPM, preciso que você passe meu cartão, sei que combinamos
em não fazer mais isso, mas juro, só desta vez, eu prometo sua linda! A Lud man-
dou avisar que é hoje!
Paula respondeu com Bom dia e um ícone de joinha (Para um bom entende-
dor só um emoji de joinha basta)
Du resolveu pedir um Uber até a floricultura para pegar as rosas e verificar se
estava tudo ok. Se atentou em pegar a nota e o comprovante de pagamento
que a moça tanto frisou para levar na retirada. Atrapalhada, ao sair correndo
e sem pensar na roupa colocou uma roupa confortável, mas muito quente
e não percebeu que o dia já estava 21ºC com mudanças nas próximas duas
horas para 26ºC.
Na saída da floricultura que é próximo a estação do metrô ela percebeu que
deixou a carteira em casa. Agora sim eu digo para vocês que os problemas
14 15
começaram…
-	 Pronto, agora vou ter que voltar até a galeria que é onde tem um caixa
eletrônico para sacar o dinheiro. - A galeria fica duas ruas atrás e tem uma ave-
nida com um farol péssimo para atravessar
(bummmmmmmmm)
Trombada violenta com vendedor ambulante que estava em frente à estação
-	 Moça cuidado por onde anda! Olha minhas cocadas e agora vou perder
o dia de trabalho!
-	 Poxa moço desculpe eu não te vi! Disse ela muito sem graça e saindo
andando e com pressa.
-	 E meu prejuízo? Neste momento outros vendedores ambulantes que
viram a cena já foram encostando por perto.
-	 Moço eu estou sem nada aqui, desculpe mesmo…
-	 Moça não é assim, você tem que pagar para ele, são cocadas e você der-
rubou tudo!
As pessoas em volta já estavam olhando para ela com olhares de raiva e repro-
vação e Du começou a ficar sem jeito. Como ela estava indo sacar o dinheiro
para comprar o bilhete ela disse que daria a ele um valor. Mas antes que pu-
desse sair começou uma gritaria….
-	 OLHA O RÁPAAAA!!!!
-	 CORREE! CORRE!
-	 RÁPA, RÁPA, RÁPA ….
-	 PEGA TUDO! Disse o vendedor de cocadas para Du ao menos ajudá-lo
a correr para ele não perder o carrinho que era sua ferramenta de trabalho!
Neste momento você consegue visualizar a cena da catástrofe que esse dia já
tinha se tornado? E não era nem 10:00 da manhã. Sim, ela entrava no trabalho
às 8:00 e já estava atrasada quase duas horas.
Bom, a principal característica dos comerciantes de rua é a alegria. Depois de
muitas risadas, correria, Du e “ZéCoca” já estavam amigos, ela contou a ele
que estava super atrasada e ele deu um ticket que tinha do transporte para
ela poder seguir seu caminho.
Du seguiu seu destino, muito atrasada e tentando de alguma forma resolver
tudo pelo celular, o que podia talvez. Chegando em seu trabalho notou mais
um item imprescindível que não estava em sua bolsa e começou a bater o
desespero. Treinando um pensamento positivo, ela teve a capacidade de pro-
curar na bolsa, quando viu que por um erro ela tinha guardado o crachá em
um local diferente do de costume e, lá estava ele.
-	 Ufa! - Suspiro de alívio!
Será que agora as coisas darão certo? (Não, isso não é um pensamento alto de
Du, é só o deboche do narrador mesmo! Eu rio daqui e você daí!?)
Esse dia de trabalho que não pode ser adiado, não deu tão errado quanto as
tarefas diárias, mas tudo que demandava tempo e poderia dar errado, deu.
Ao meio dia as luzes do setor se apagam, é uma regra. O setor inteiro para na-
quele momento para horário de almoço. Devido ao seu atraso e porque seus
planos eram de sair um pouquinho mais cedo, ela pegou alguns papéis e ficou
trabalhando na copa, todos ali saiam para almoçar no refeitório, inclusive ela,
só que naquele dia, preferiu ficar na empresa para finalizar tarefas e recuperar
o tempo perdido.
Ela estava só, falando sozinha e xingando o tempo todo, quando ouviu:
-	Oi!
Ela com vergonha virou devagar…
-	Oi!
-	 Aceita uma cocada?
Eduarda teve uma crise de riso, descontrolada!
-	 Entendi, você não gosta de cocadas?
-	 Sim eu gosto, é que cocada me faz lembrar de algo engraçado que acon-
teceu hoje…
-	 Mas você quer?
-	 Sim, eu quero!
-	 Sempre te vejo passando correndo pelos corredores.
-	 Ah, eu tô sempre na correria, minha vida é tão corrida!
A conversa rolou entre os dois e ela descobriu que o rapaz simpático era o ra-
paz que ela tinha que enviar os e-mails antes de ir embora. Ele se compadeceu
pelo dia trágico dela e disse que ela poderia ficar tranquila que ele esperava
até a próxima semana!
16 17
Trocaram até os contatos e ele a ofereceu uma carona. O lugar onde seria o ca-
samento era próximo a casa dele. Se ela aceitou? Você ainda tem essa dúvida?
Aceitar caronas de estranhos não é muito recomendado, mas eles tinham uma
comunicação há muito tempo por e-mails, apenas não se conheciam pesso-
almente.
Minutos antes do dia de trabalho acabar Du foi se arrumar, afinal ela estava
muito desconfortável por ter passado aquele dia quente com uma roupa tão
inadequada, quem nunca?
O fim do dia chegou e foram juntos até o Espaço que Du iria pegar os doci-
nhos, ele muito prestativo a aguardou e a deixou no local da festa.
Sem perder muito tempo ela colocou tudo no lugar e enfim pode sentar e
aguardar.
Você acredita que ela chegou adiantada? Flores e docinhos todos conforme
combinado. Há dias tão corridos que acontecem coisas tão inesperadas que
em dias comuns talvez não aconteceriam, como conhecer o ZéCoca e o rapaz
dos e-mails….
- 	 Brigadeiro ou beijinho moça? - Ofereceu a garçonete.
Emocionada, cansada e feliz Du finaliza o dia saboreando um docinho no fim
da festa...
E novamente foi surpreendida, mas desta vez com uma mensagem de texto:
- 	 “Bom evento,
	Divirta-se!!!
	 Se quiser posso te dar uma carona para casa!”
O dia que começou com cocadas termina com beijinho.
ILUSTRAÇÃO PRÉ CRONICA
18 19
Cidade e suas ilusões
Que horas seu alarme toca?
José acorda todos os dias às 5h da manhã. Chegou da Paraíba em São Paulo
em busca de uma vida melhor, pois sempre ouvia um boato de que “em São
Paulo tem trabalho de sobra”. No entanto, faz um mês que chegou aqui e en-
trega currículos todos os dias, mas não consegue trabalho. Sempre pega o
ônibus 135, cujo cobrador chama-se Inácio. Daí sempre conversam.
-	 No Nordeste é tudo muito difícil sabe? Algumas partes tem trabalho e
outras não, a gente tem que trabalhar muito para ganhar no dia só R$80,00. Ra-
paz, o que fazemos com isso é quase nada e a pior parte é que nem tem trabalho
todo dia…
-	 Ah meu filho, eu sei bem como é… Vim da Bahia faz 8 anos e olha, não
foi fácil encontrar esse emprego aqui não viu... - Disse Inácio, bocejando
Inácio acorda às 3h10 da manhã. O dia dele começa bem cedo, passa uma Van
em frente à sua casa que o leva até a o GCO (A Garagem central de ônibus da
cidade). Os motoristas e cobradores chegam lá por volta de 3h40 e os ônibus
começam a circular.
Enquanto conversava com José, viu Gilda subir no ônibus. Sempre está com
duas bolsas grandes, uma com o básico que ela precisa que acaba sendo
bastante coisa e outra com uma muda de roupas e um sapato que ela leva
para trabalhar. Ela está sempre com blusas de flores, cores vibrantes, mix de
estampas. Por muitas vezes o cobrador consegue vê-la de longe descendo
correndo o morro com muitas bolsas, quase perdendo o ônibus, mas eles já
sabem, sempre a esperam, ela é alegre e quando acontece isso sempre entra
no ônibus agradecendo e brincando, arranca risadas de quem está por perto.
Certa manhã, após um dia assim que começa com correria atrás do ônibus e
muita animação logo cedo, assim que ela consegue um espacinho e encaixar
as sacolas que leva, o telefone de Gilda toca. Como é difícil atender o celular
no ônibus, mas dá se um jeito, ela em meio de todas aquelas coisas dentro da
bolsa procura e, enfim, quando estão quase desistindo, ela atende.
-	 Não Gabriela, você não pode faltar na escola! Eu deixei em perfeitas
condições quando sai de casa, não inventa dor de barriga não menina que Deus
castiga! - disse ela com um tom de voz nada controlado. Ela causava um certo
incômodo em alguns passageiros, mas não se importava, seu jeito era assim. Na
verdade ela nem notava.
O ônibus foi seguindo seu caminho de sempre, porém no meio do caminho
aconteceu algo inesperado. Vinha um carro em alta velocidade tentando ul-
trapassar e acabou batendo na lateral do ônibus.
Aquele susto, muvuca e gritaria, mas nada de muito grave aconteceu com os
passageiros. O motorista conseguiu ver a tempo de reduzir a velocidade, dife-
rente do carro, que vinha em alta velocidade e, além de bater no ônibus, bateu
no da frente, causando um grande acidente e, posteriormente, um trânsito
daqueles.
Os passageiros, claro, desandaram a reclamar.
-	 Pronto! Agora vou chegar atrasado no serviço.
-	 E agora, o que a gente faz? Pega outro ônibus?
-	 Meu deus que cara mais irresponsável!
-	 “Celulares a postos e gravando cada instante”
(...)
Ilustração
20 21
Gilda, Inácio, e José, de prontidão se dispuseram a descer do ônibus e ver
como estava a situação lá fora. Gilda ligou para a emergência, enquanto José
ligava para a polícia. O motorista do ônibus e Inácio foram até o carro do rapaz
apressado, ver se era muito grave.
-	 Moço, consegue se mexer? Quer que a gente chame alguém da sua famí-
lia?
Dentro do carro estava Rafael, jovem gari, tinha 24 anos e tinha acaba-
do de comprar seu celta.Tinha uma filha 3 de meses que tinha chorado
a noite toda, o que fez ele ficar acordado com sua esposa, o que levou
ele a acordar atrasado, sair correndo e acabar tentando ultrapassar um
ônibus para chegar no horário no serviço.
Rafael deu seu celular com o número de seu irmão. O cobrador ligou
pro rapaz enquanto esperavam a ambulância e explicou a situação,
porém, seu irmão não poderia ir naquela hora, então José se ofereceu
para acompanhá-lo, afinal, era o único que não iria trabalhar e sim en-
tregar currículo.
E a ambulância chegou, José acompanha Rafael até o hospital. Ao che-
gar no hospital foi prestado os primeiros atendimentos e durante o
restante das horas um chá de cadeira sem fim. Rafael deitado em uma
maca e José ao seu lado. Por mais que José tivesse conhecido o garo-
to aquele dia, naquelas condições, ele jamais deixaria alguém sozinho,
imaginara ser algum de seus irmãos ali.
Uma hora...
Duas horas...
Três horas...
Finalmente, depois de horas a fio, o homem foi atendido por uma moça,
Cristina. Era enfermeira, tinha 25 anos e uma garotinha de 2 anos que
esperava ela todas as noites (ou manhãs, dependendo do plantão) com
um sorriso no rosto. A moça morava com os pais e sua filha no subúrbio
da cidade. O pai da menina havia ido embora quando ela tinha 5 meses
e, desde então, Cristina se virou sozinha com uma mãozinha de seus
pais. Passava às vezes doze horas no hospital a base de café e quando
chegava em casa mal conseguia formular uma frase de tão cansada.
A mulher deu os devidos atendimentos à Rafael, deu algumas orienta-
ções em relação aos ferimentos do acidente que havia sido superficial
e mal pode parar, já foi correndo para atender o próximo paciente.
No final do dia, José deixou Rafael em sua casa, e foi recompensado
com inúmeros agradecimentos de sua esposa. Ali, ele com certeza teria
arrumado amigos para o resto da vida. Ao contar que estava procuran-
do emprego, Rafael disse que tinha uma vaga no local onde trabalhava,
disse que não era muita coisa, mas... José logo cortou o rapaz e lhe deu
um currículo, dizendo “Pouco é melhor que nada, não é meu rapaz?”
Seguiu para sua casa com um sorriso no rosto, por mais que aquele
dia não tenha saído como planejado, ele ganhou um amigo e, talvez,
tenha acendido um fio de esperança para sair todos os dias de manhã
para um emprego.
O acidente
Ilustração
22 23
FM Impressos Personalizados Ltda.
Rua João Ferreira de Camargo, 714
Tamboré, Barueri/SP, CEP 06460-060
www.printi.com.br
Inácio chegou e ficou pensando naquele dia turbulento. Lembrou de
Rafael e daquela situação que havia acontecido mais cedo. Lembrou de
quando era mais jovem e seu filho tinha 3 meses, das noites em claro e
do sufoco que é ter filho aos 20 anos. Resolveu ligar para seu filho para
ver como estava e, após a ligação, foi dormir para descansar e iniciar a
rotina do dia seguinte.
Gilda chegou em casa e logo Pedro, seu filho mais velho, veio correndo
contar que Gabriela havia faltado na aula, mesmo sem sua permissão.
A mulher repreendeu a menina, mas não levou pro coração, sabia que
Gabriela era estudiosa e um dia não seria tão ruim. Fez a janta e jantou
com seus 4 filhos e logo em seguida foi dormir para não se atrasar no
dia seguinte.
Cristina chegou em casa, tomou um banho quente para tirar o cansaço
daquele dia estressante. Leu uma história para sua filhinha e antes que
chegasse ao fim acabou adormecendo com a menina.
No dia a dia, pode acontecer inúmeros fatores, a cidade é grande e os
imprevistos acontecem, é necessário sair da nossa rotina mas isso pode
não ser de todo mal. E no final do dia, por mais cansativo que o dia seja,
chegar em casa e tomar um banho, dar um abraço em quem a gente
ama ou curtir o silêncio da nossa casa faz com que nossa energia seja
recarregada para iniciar o dia seguinte e enfrentar o “leão” que possa
surgir no nosso caminho.
Às vezes, um amigo pode nos ajudar mais que irmão, não existe um
padrão familiar de papai, mamãe e filhinho, o que existe é humanida-
de, empatia, maternidade real, gente de verdade que trabalha por dias
seguidos e não importa como é o que aconteceu, o relógio despertará
sem falhar no dia seguinte. De alguns as 4h, de outros as 5h, mas o
alarme vai despertar!
... Boa Noite, José, Rafael nos encaminhou seu currículo, temos uma vaga
na manutenção, gostaríamos de agendar uma entrevista.. 20h00.
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No dia seguinte
24
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Uma visita alienígena à Terra

  • 2. 2 3 CONTRA CAPA INTEGRANTES DEDICATÓRIA
  • 3. 4 5 Sumário ILUSTRAÇÃO PRÉ CRONICA Tipos Urbanos Uma visita inesperada 6 O encontro com Dahab 8 Passeio no parque 10 Histórias do dia a dia Brigadeiro ou beijinho? 12 Legenda 00 Legenda 00 A cidade e suas ilusões Que horas seu alarme toca? 18 O acidente 20 No dia seguinte 22
  • 4. 6 7 Tipos Urbanos Uma visita inesperada No ano de 2030 finalmente conseguimos fazer uma viagem à terra, após anos tentando construir uma nave que suportasse a viagem. Nós tínhamos consci- ência do medo dos humanos em relação à uma invasão alienígena, mas nossa intenção nunca foi invadir a terra como pensavam, estava mais para uma visi- ta, um estudo. Quando chegamos, decidi fazer um pequeno passeio pela cidade, reparei que eles tinham costume de andar em grandes caixas. Eles a chamavam de“trem”. É um meio de transporte que faz com que cheguemos a qualquer lugar da cidade com muita facilidade. Assim que me familiarizei com aquele ambiente, notei algo que, de certa forma, me intrigava: praticamente todos eles, inclusi- ve crianças, usavam um pequeno aparelho reluzente que prendia totalmente sua atenção, logo descobri que aquele aparelho chamava-se celular, nele você conseguia falar com pessoas que estão a quilômetros de distância, incrível! Geralmente, em Marte, para nos comunicarmos pessoalmente, precisamos voar em naves por dias. Com esse aparelho, era somente um clique. Talvez levaremos essa engenhoca conosco quando voltarmos. Decidi que queria ter a experiência completa. Fui em busca de comprar um daqueles celulares, entrei em uma loja dessas tecnologias e logo algumas pessoas me cercaram. Que isso? Será que me reconheceram? Se sim, eu me lasquei, como vou explicar isso para o Zutaki? Com certeza ele vai me esticar inteiro, o único combinado foi: não podemos ser reconhecidos. - Boa Tarde senhor, como posso ajudá-lo? - Disse uma moça muito bonita com os dentes branquinhos e um cabelo assustadoramente laranja. - Me ajudar? - Não entendi, meu santo Hokak, será que eles já iam surtar por perceber o que eu sou? Já imagino os noticiários! - Sim, o senhor está à procura de um aparelho celular ou notebook? - Ufa! Aparentemente ela trabalha ali, quer me vender o celular. Nesse momento de dis- tração enquanto eu respirava fundo por alívio de não ter sido descoberto, ela to- cou meu braço com seus dedos finos e quentes, o que é isso? Por que essa mulher está quente? Alguém precisa chamar um curador para essa mulher, a pele dela é quente!!!! Acho que ela estranhou tanto quanto eu, pois logo tirou a mão, prova- velmente porque minha pele é extremamente fria. Por mais que esteja disfarçado isso é difícil mudar. (...) Liguei aquele pequeno aparelho que parecia proporcionar experiências tão incríveis, criei uma conta de acesso ao Facebook. Acabei achando o perfil de Dahab nas sugestões de amigos, que rápido. Dahab era uma dos aliens que veio comigo, não acredito que ela descobriu aquilo antes de mim! Vi que ela estava em um endereço pois constava nos registros do Facebook, joguei o endereço em uma coisa chamada Maps, fui seguindo o que ele falava e acabei chegando no centro da cidade. Que caos! Realmente são muitas pessoas, né? Eles iam e vinham de diversas direções. Carros, quantos carros! Estavam por todos os lados, muito barulho, homens com algum tipo de pano em volta do pescoço, por que usavam aquilo? Parece sufocante. Jovens com um objeto sob rodas aos seus pés, achei perigoso. Crianças correndo com pequenos se- res de quatro patas. Ao me ver um deles começou a emitir um som esquisito, será que conseguiam realmente me ver? Moças bonitas como a da loja de celulares com cabelos coloridos, alguns cabelos que não eram esticados eram altos, com grandes ondas em grande quantidade, deixando sua cabeça como se fosse algo maior. Nós de Marte somos todos carecas, essa descoberta de ca- belos tão diversos realmente foi uma novidade e tanto, mas não tanto quanto a cor da pele daqueles seres, eles eram coloridos! Alguns eram rosados, outros amarelos, outros marrons, um grande arco-íris bem ali diante dos meus olhos, assumo, estou fascinado! Parecia um formigueiro, como eles conseguem viver nessa bagunça? Fiquei parado por o que pareceu horas observando, passou tanta gente. Gente apressada, correndo pra lá pra cá, sem trocar absolutamen- te uma palavra, só seguindo seu caminho. Ilustração
  • 5. 8 9 Até que vi Dahab do outro lado da rua distraída, com um copo esquisito na mão, parece que ele se misturou mesmo né! - Ei hab, mulher, finalmente te achei, acredita que mal consegui ver essa sua cabecinha entre toda essa gente? Você reparou como a cabeça deles é minús- cula? - Lelu, você já tomou isso? é tão doce e pastoso, eu amei!!!!! - Disse sem dar a menor importância sobre o que falei, se referindo ao líquido marrom que estava em sua mão enquanto estica o copo para mim. - Caramba, que delícia! Hab, o que acha de explorarmos um pouco do centro juntos antes de seguirmos para caminhos diferentes? - Hab logo topou, então seguimos Andamos um pouco naquele centro, tinha diversas lojas, alguns carrinhos vendendo umas coisas gosmentas e fedidas, eles comiam aquilo? Estava cho- cado como aquela gente comia porcaria. Passamos por um grande edifício, parecia estar em construção. Hab foi na frente abismada com algo tão alto, mesmo que não estivesse pronto, estava realmente bonito. - Psiu, bonitinha, oh lá em casa! - Disse um homem que estava dentro da obra olhando pra Hab. Tive que segurar aquela doida, do jeito que é esquentada estava pronta para partir pra cima do cara. Imagine, ela nos expõe e ainda frita todo o cérebro do homem somente por não saber que estava mexendo com a alienígena mais brava de Marte? - Por que me segurou Lelu? Você viu como aquele cara foi um babaca! Quem ele pensa que é? Estava pronta pra fritar seus miolos, essa gente não tem noção? Depois de toda aquela loucura da cidade e da Hab extremamente doida, deci- di ir para um lugar mais calmo, procurar a famosa felicidade que dizem ter por aqui. Viajei de avião, era basicamente como nossas naves, porém mais lento. Fui para um lugar relativamente estranho, tinha um tipo de terra amarela e um grande reservatório de água salgada. Impressionante, descobrimos água em Marte há pouco tempo, enquanto isso, eles tinham essa grande quantidade. Ali encontrei menos pessoas, pareciam mais relaxadas, usavam bem menos roupa que na cidade, torrando naquele sol quente. Grande parte delas fica- vam fazendo pose para o celular, o que eu achava esquisito, depois nos cha- mam de alienígenas. Mais tarde descobri que era para o Instagram. Mas não importa qual lugar eu fosse, aquele aparelho estava por toda parte, eles ficam checando de segundo em segundo, não saem daquilo nunca? Em Marte humanos são conhecidos por serem extremamente sensíveis e amo- rosos, mas desde que cheguei por aqui mal os vi se comunicando, passavam tanto tempo focados na tela do celular que mal reparava onde passavam, ou quem passava por eles. O encontro com Dahab Ilustração
  • 6. 10 11 ILUSTRAÇÃO PRÉ CRONICA Decidi passear por um parque que escutei alguns jovens falando que tinha por ali, de um lado havia um parque com algumas crianças brincando, e do outro lado tinha uns jovens, eles assopravam uma fumaça esquisita pela boca, daquele lado senti um cheiro esquisito, credo. Decidi ficar observando as crianças brincando, elas corriam tanto, será que não desligam nunca? Seus pais não estavam muito focados no que faziam, até que eu vi uma menininha que aparentava não ter a menor ideia do que estava fazendo. Correu para a rua e parou bem lá no meio, do outro lado vinha um carro em alta velocidade, eu tentei ignorar, juro. Mas não consegui, a menina ia ser atropelada enquanto sua mãe tirava uma foto em um coqueiro, será possível? Não pensei muito bem, coloquei em risco meu disfarce, mas me teletransportei pro meio da rua tirando a menina de lá. E logo fui para um lugar mais calmo já esperando a menina abrir o berreiro. - De novo de novo!! - disse aquela pestinha, morrendo de rir. E eu aqui, morrendo de medo de Hokak aparecer me dando esporro! Voltei com ela disfarçadamente, chegando lá sua mãe olhava para todos os lados procurando a menina, aparentemente desesperada. - Presta atenção moça, sai do celular! - disse para a mesma, que me olhou meio esquisito e abraçou a menina, mas agradeceu, pelo menos tinha educação. Bom, eu até que gostei daqui eles tem bastante coisa esquisita, são bem de- satentos e com certeza ficam mais focado no celular que qualquer coisa. Mas tem diversos lugares bonitos, até que algumas de suas comidas não são tão repugnantes.Talvez, eles deveriam ter medo mesmo de invadirmos seu plane- ta, pois esse estudo foi justamente para sabermos se valeria a pena. Passeio no parque
  • 7. 12 13 Histórias do dia a dia Brigadeiro ou beijinho? Mesmo que muitas pessoas achem que não são organizadas, mais ou menos, em mente, há uma ideia do que será feito no outro dia. Pode-se dizer que o dia tenha saído errado porque não fizemos algo que deveríamos, mas ninguém fica se martirizando e pensando o que deveria ter feito, mas olha para o dia seguinte e pensa: Amanhã eu tenho as horas contadas para resolver tudo. E por aí vai. Vou começar a contar a história de um dia e talvez haja identifi- cação. Já são 23h da noite e só tenho planejado na cabeça tudo que preciso fazer, amanhã eu acordo 20 minutos antes para separar os documentos que preciso levar - Pensa ela, a pessoa que acha que tem tudo sob controle! (Neste mo- mento eu rio daqui e você daí) Mais alguns minutos de procrastinação, enquanto rola a série que ela está fin- gindo que está assistindo, porque prestando atenção e entendendo não está. Na verdade, nem é o perfil dela assistir aquela série, mas todos estão vendo então é, de certa forma, uma obrigação ver também, não é mesmo? Como ela gosta de estar inteirada dos papos ela precisa assistir. Logo, o desinteresse é tanto que… pegou no sono no sofá! Bom, assim começou a catástrofe do dia que precisava dar tudo certo. Du é uma garota ativa, ela é bem atrapalhada, ela tem o dia muito preenchido e nos poucos momentos vagos ela desperdiça, como uma boa ariana que é. (...) - Eita meu Deus, eu sou uma MULAAAAA ! - Disse Du ao acordar no sofá totalmente descoberta às 07:52 enquanto, nesse horário, ela deveria estar dando bom dia ao seu Ciço, guarda que fica na cabine da estação por onde ela passa na rua detrás do trabalho. - Calma menina, calma. Acalma o coração que vai dar tudo certo! Nossa! Justo hoje que nada poderia dar errado, mas não vou pensar assim porque isso vai atrair coisas ruins. - Pensou ela. Na palestra de Coach que ela foi, Renato, o homem com a vida aparentemente perfeita, disse que embora tudo esteja desmoronando, pense sempre posi- tivo. Como ela levou muito a sério as aulas e está focada em mudanças de hábitos e vida nova, ela costuma sempre praticar. - Bom, vou avisar a Paula para passar meu crachá e aí eu consigo avisar a Cida que vou me atrasar uns minutos… Nós sabemos que esse atraso será de horas mas é interessante vê-la mentindo para si mesma sobre algo, dá vontade de pegar uma pipoca não é mesmo?! Eu rio daqui e você daí ok! Paula é sua melhor amiga, nem sei dizer qual das duas é mais atrapalhada e quantas vezes Paula a salvou desta forma e Cida é a responsável pelo RH e pelo setor, ela não é uma chefe, mas se sente mais chefe que a própria chefe. Todo mundo conhece uma Cida, com certeza. Du está tão atarefada nesta sexta-feira porque é casamento de uma amiga, que cresceram juntas. Ela não conseguiu folga e está sobrecarregada, outro comportamento típico de arianos. Então ela organizou tudo que pode, gastou o que não podia e se comprometeu em buscar tudo que cobraram muito caro para fazer a entrega, porque ela realmente achou que ia conseguir fazer tudo e queria muito ajudar a amiga de infância. - Amiga de Deus! Acordei atrasada e eu dormi no sofá, eu nem tomei ba- nho ainda, to na TPM, preciso que você passe meu cartão, sei que combinamos em não fazer mais isso, mas juro, só desta vez, eu prometo sua linda! A Lud man- dou avisar que é hoje! Paula respondeu com Bom dia e um ícone de joinha (Para um bom entende- dor só um emoji de joinha basta) Du resolveu pedir um Uber até a floricultura para pegar as rosas e verificar se estava tudo ok. Se atentou em pegar a nota e o comprovante de pagamento que a moça tanto frisou para levar na retirada. Atrapalhada, ao sair correndo e sem pensar na roupa colocou uma roupa confortável, mas muito quente e não percebeu que o dia já estava 21ºC com mudanças nas próximas duas horas para 26ºC. Na saída da floricultura que é próximo a estação do metrô ela percebeu que deixou a carteira em casa. Agora sim eu digo para vocês que os problemas
  • 8. 14 15 começaram… - Pronto, agora vou ter que voltar até a galeria que é onde tem um caixa eletrônico para sacar o dinheiro. - A galeria fica duas ruas atrás e tem uma ave- nida com um farol péssimo para atravessar (bummmmmmmmm) Trombada violenta com vendedor ambulante que estava em frente à estação - Moça cuidado por onde anda! Olha minhas cocadas e agora vou perder o dia de trabalho! - Poxa moço desculpe eu não te vi! Disse ela muito sem graça e saindo andando e com pressa. - E meu prejuízo? Neste momento outros vendedores ambulantes que viram a cena já foram encostando por perto. - Moço eu estou sem nada aqui, desculpe mesmo… - Moça não é assim, você tem que pagar para ele, são cocadas e você der- rubou tudo! As pessoas em volta já estavam olhando para ela com olhares de raiva e repro- vação e Du começou a ficar sem jeito. Como ela estava indo sacar o dinheiro para comprar o bilhete ela disse que daria a ele um valor. Mas antes que pu- desse sair começou uma gritaria…. - OLHA O RÁPAAAA!!!! - CORREE! CORRE! - RÁPA, RÁPA, RÁPA …. - PEGA TUDO! Disse o vendedor de cocadas para Du ao menos ajudá-lo a correr para ele não perder o carrinho que era sua ferramenta de trabalho! Neste momento você consegue visualizar a cena da catástrofe que esse dia já tinha se tornado? E não era nem 10:00 da manhã. Sim, ela entrava no trabalho às 8:00 e já estava atrasada quase duas horas. Bom, a principal característica dos comerciantes de rua é a alegria. Depois de muitas risadas, correria, Du e “ZéCoca” já estavam amigos, ela contou a ele que estava super atrasada e ele deu um ticket que tinha do transporte para ela poder seguir seu caminho. Du seguiu seu destino, muito atrasada e tentando de alguma forma resolver tudo pelo celular, o que podia talvez. Chegando em seu trabalho notou mais um item imprescindível que não estava em sua bolsa e começou a bater o desespero. Treinando um pensamento positivo, ela teve a capacidade de pro- curar na bolsa, quando viu que por um erro ela tinha guardado o crachá em um local diferente do de costume e, lá estava ele. - Ufa! - Suspiro de alívio! Será que agora as coisas darão certo? (Não, isso não é um pensamento alto de Du, é só o deboche do narrador mesmo! Eu rio daqui e você daí!?) Esse dia de trabalho que não pode ser adiado, não deu tão errado quanto as tarefas diárias, mas tudo que demandava tempo e poderia dar errado, deu. Ao meio dia as luzes do setor se apagam, é uma regra. O setor inteiro para na- quele momento para horário de almoço. Devido ao seu atraso e porque seus planos eram de sair um pouquinho mais cedo, ela pegou alguns papéis e ficou trabalhando na copa, todos ali saiam para almoçar no refeitório, inclusive ela, só que naquele dia, preferiu ficar na empresa para finalizar tarefas e recuperar o tempo perdido. Ela estava só, falando sozinha e xingando o tempo todo, quando ouviu: - Oi! Ela com vergonha virou devagar… - Oi! - Aceita uma cocada? Eduarda teve uma crise de riso, descontrolada! - Entendi, você não gosta de cocadas? - Sim eu gosto, é que cocada me faz lembrar de algo engraçado que acon- teceu hoje… - Mas você quer? - Sim, eu quero! - Sempre te vejo passando correndo pelos corredores. - Ah, eu tô sempre na correria, minha vida é tão corrida! A conversa rolou entre os dois e ela descobriu que o rapaz simpático era o ra- paz que ela tinha que enviar os e-mails antes de ir embora. Ele se compadeceu pelo dia trágico dela e disse que ela poderia ficar tranquila que ele esperava até a próxima semana!
  • 9. 16 17 Trocaram até os contatos e ele a ofereceu uma carona. O lugar onde seria o ca- samento era próximo a casa dele. Se ela aceitou? Você ainda tem essa dúvida? Aceitar caronas de estranhos não é muito recomendado, mas eles tinham uma comunicação há muito tempo por e-mails, apenas não se conheciam pesso- almente. Minutos antes do dia de trabalho acabar Du foi se arrumar, afinal ela estava muito desconfortável por ter passado aquele dia quente com uma roupa tão inadequada, quem nunca? O fim do dia chegou e foram juntos até o Espaço que Du iria pegar os doci- nhos, ele muito prestativo a aguardou e a deixou no local da festa. Sem perder muito tempo ela colocou tudo no lugar e enfim pode sentar e aguardar. Você acredita que ela chegou adiantada? Flores e docinhos todos conforme combinado. Há dias tão corridos que acontecem coisas tão inesperadas que em dias comuns talvez não aconteceriam, como conhecer o ZéCoca e o rapaz dos e-mails…. - Brigadeiro ou beijinho moça? - Ofereceu a garçonete. Emocionada, cansada e feliz Du finaliza o dia saboreando um docinho no fim da festa... E novamente foi surpreendida, mas desta vez com uma mensagem de texto: - “Bom evento, Divirta-se!!! Se quiser posso te dar uma carona para casa!” O dia que começou com cocadas termina com beijinho. ILUSTRAÇÃO PRÉ CRONICA
  • 10. 18 19 Cidade e suas ilusões Que horas seu alarme toca? José acorda todos os dias às 5h da manhã. Chegou da Paraíba em São Paulo em busca de uma vida melhor, pois sempre ouvia um boato de que “em São Paulo tem trabalho de sobra”. No entanto, faz um mês que chegou aqui e en- trega currículos todos os dias, mas não consegue trabalho. Sempre pega o ônibus 135, cujo cobrador chama-se Inácio. Daí sempre conversam. - No Nordeste é tudo muito difícil sabe? Algumas partes tem trabalho e outras não, a gente tem que trabalhar muito para ganhar no dia só R$80,00. Ra- paz, o que fazemos com isso é quase nada e a pior parte é que nem tem trabalho todo dia… - Ah meu filho, eu sei bem como é… Vim da Bahia faz 8 anos e olha, não foi fácil encontrar esse emprego aqui não viu... - Disse Inácio, bocejando Inácio acorda às 3h10 da manhã. O dia dele começa bem cedo, passa uma Van em frente à sua casa que o leva até a o GCO (A Garagem central de ônibus da cidade). Os motoristas e cobradores chegam lá por volta de 3h40 e os ônibus começam a circular. Enquanto conversava com José, viu Gilda subir no ônibus. Sempre está com duas bolsas grandes, uma com o básico que ela precisa que acaba sendo bastante coisa e outra com uma muda de roupas e um sapato que ela leva para trabalhar. Ela está sempre com blusas de flores, cores vibrantes, mix de estampas. Por muitas vezes o cobrador consegue vê-la de longe descendo correndo o morro com muitas bolsas, quase perdendo o ônibus, mas eles já sabem, sempre a esperam, ela é alegre e quando acontece isso sempre entra no ônibus agradecendo e brincando, arranca risadas de quem está por perto. Certa manhã, após um dia assim que começa com correria atrás do ônibus e muita animação logo cedo, assim que ela consegue um espacinho e encaixar as sacolas que leva, o telefone de Gilda toca. Como é difícil atender o celular no ônibus, mas dá se um jeito, ela em meio de todas aquelas coisas dentro da bolsa procura e, enfim, quando estão quase desistindo, ela atende. - Não Gabriela, você não pode faltar na escola! Eu deixei em perfeitas condições quando sai de casa, não inventa dor de barriga não menina que Deus castiga! - disse ela com um tom de voz nada controlado. Ela causava um certo incômodo em alguns passageiros, mas não se importava, seu jeito era assim. Na verdade ela nem notava. O ônibus foi seguindo seu caminho de sempre, porém no meio do caminho aconteceu algo inesperado. Vinha um carro em alta velocidade tentando ul- trapassar e acabou batendo na lateral do ônibus. Aquele susto, muvuca e gritaria, mas nada de muito grave aconteceu com os passageiros. O motorista conseguiu ver a tempo de reduzir a velocidade, dife- rente do carro, que vinha em alta velocidade e, além de bater no ônibus, bateu no da frente, causando um grande acidente e, posteriormente, um trânsito daqueles. Os passageiros, claro, desandaram a reclamar. - Pronto! Agora vou chegar atrasado no serviço. - E agora, o que a gente faz? Pega outro ônibus? - Meu deus que cara mais irresponsável! - “Celulares a postos e gravando cada instante” (...) Ilustração
  • 11. 20 21 Gilda, Inácio, e José, de prontidão se dispuseram a descer do ônibus e ver como estava a situação lá fora. Gilda ligou para a emergência, enquanto José ligava para a polícia. O motorista do ônibus e Inácio foram até o carro do rapaz apressado, ver se era muito grave. - Moço, consegue se mexer? Quer que a gente chame alguém da sua famí- lia? Dentro do carro estava Rafael, jovem gari, tinha 24 anos e tinha acaba- do de comprar seu celta.Tinha uma filha 3 de meses que tinha chorado a noite toda, o que fez ele ficar acordado com sua esposa, o que levou ele a acordar atrasado, sair correndo e acabar tentando ultrapassar um ônibus para chegar no horário no serviço. Rafael deu seu celular com o número de seu irmão. O cobrador ligou pro rapaz enquanto esperavam a ambulância e explicou a situação, porém, seu irmão não poderia ir naquela hora, então José se ofereceu para acompanhá-lo, afinal, era o único que não iria trabalhar e sim en- tregar currículo. E a ambulância chegou, José acompanha Rafael até o hospital. Ao che- gar no hospital foi prestado os primeiros atendimentos e durante o restante das horas um chá de cadeira sem fim. Rafael deitado em uma maca e José ao seu lado. Por mais que José tivesse conhecido o garo- to aquele dia, naquelas condições, ele jamais deixaria alguém sozinho, imaginara ser algum de seus irmãos ali. Uma hora... Duas horas... Três horas... Finalmente, depois de horas a fio, o homem foi atendido por uma moça, Cristina. Era enfermeira, tinha 25 anos e uma garotinha de 2 anos que esperava ela todas as noites (ou manhãs, dependendo do plantão) com um sorriso no rosto. A moça morava com os pais e sua filha no subúrbio da cidade. O pai da menina havia ido embora quando ela tinha 5 meses e, desde então, Cristina se virou sozinha com uma mãozinha de seus pais. Passava às vezes doze horas no hospital a base de café e quando chegava em casa mal conseguia formular uma frase de tão cansada. A mulher deu os devidos atendimentos à Rafael, deu algumas orienta- ções em relação aos ferimentos do acidente que havia sido superficial e mal pode parar, já foi correndo para atender o próximo paciente. No final do dia, José deixou Rafael em sua casa, e foi recompensado com inúmeros agradecimentos de sua esposa. Ali, ele com certeza teria arrumado amigos para o resto da vida. Ao contar que estava procuran- do emprego, Rafael disse que tinha uma vaga no local onde trabalhava, disse que não era muita coisa, mas... José logo cortou o rapaz e lhe deu um currículo, dizendo “Pouco é melhor que nada, não é meu rapaz?” Seguiu para sua casa com um sorriso no rosto, por mais que aquele dia não tenha saído como planejado, ele ganhou um amigo e, talvez, tenha acendido um fio de esperança para sair todos os dias de manhã para um emprego. O acidente Ilustração
  • 12. 22 23 FM Impressos Personalizados Ltda. Rua João Ferreira de Camargo, 714 Tamboré, Barueri/SP, CEP 06460-060 www.printi.com.br Inácio chegou e ficou pensando naquele dia turbulento. Lembrou de Rafael e daquela situação que havia acontecido mais cedo. Lembrou de quando era mais jovem e seu filho tinha 3 meses, das noites em claro e do sufoco que é ter filho aos 20 anos. Resolveu ligar para seu filho para ver como estava e, após a ligação, foi dormir para descansar e iniciar a rotina do dia seguinte. Gilda chegou em casa e logo Pedro, seu filho mais velho, veio correndo contar que Gabriela havia faltado na aula, mesmo sem sua permissão. A mulher repreendeu a menina, mas não levou pro coração, sabia que Gabriela era estudiosa e um dia não seria tão ruim. Fez a janta e jantou com seus 4 filhos e logo em seguida foi dormir para não se atrasar no dia seguinte. Cristina chegou em casa, tomou um banho quente para tirar o cansaço daquele dia estressante. Leu uma história para sua filhinha e antes que chegasse ao fim acabou adormecendo com a menina. No dia a dia, pode acontecer inúmeros fatores, a cidade é grande e os imprevistos acontecem, é necessário sair da nossa rotina mas isso pode não ser de todo mal. E no final do dia, por mais cansativo que o dia seja, chegar em casa e tomar um banho, dar um abraço em quem a gente ama ou curtir o silêncio da nossa casa faz com que nossa energia seja recarregada para iniciar o dia seguinte e enfrentar o “leão” que possa surgir no nosso caminho. Às vezes, um amigo pode nos ajudar mais que irmão, não existe um padrão familiar de papai, mamãe e filhinho, o que existe é humanida- de, empatia, maternidade real, gente de verdade que trabalha por dias seguidos e não importa como é o que aconteceu, o relógio despertará sem falhar no dia seguinte. De alguns as 4h, de outros as 5h, mas o alarme vai despertar! ... Boa Noite, José, Rafael nos encaminhou seu currículo, temos uma vaga na manutenção, gostaríamos de agendar uma entrevista.. 20h00. QR CODE No dia seguinte