O documento relata sobre a greve dos servidores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) contra o Governo do Estado. Os servidores entraram em greve devido à falta de respostas do Governo às reivindicações por melhores salários e condições de trabalho. A greve conta com o apoio de estudantes e professores da universidade.
Oficio - reuniao com reitor sobre exoneracao de chefia da dinutri
Greve na Uerj mobiliza servidores contra o Governo do Estado
1. JUNHO DE 2012 | JORNAL DO SINTUPERJ 1
Servidores e estudantes da
Uerj unem-se contra Governo
Passeata mobiliza servidores
estaduais contra Cabral
Sintuperj dá as boas vindas
aos novos concursados33 44 66
Jornal do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais - RJ
Rua São Francisco Xavier, 524 - Bloco D - Sala 1020 - Maracanã - Rio de Janeiro-RJ - CEP 20.550-013 | Ano VI - Nº 38 - junho de 2012
Infelizmente não nos restou ou-
tra alternativa senão entrarmos em
greve. A ausência de respostas e o
não cumprimento do compromisso
assumido publicamente, fizeram com
que a categoria lançasse mão do últi-
mo recurso: suspender as atividades,
mantendo apenas as essenciais.
OstrabalhadoresdaUniversidadedoEs-
tadodoRiodeJaneirotêmumcompromis-
so vital com toda a categoria e com a Uerj.
O compromisso de defender com unhas e
dentes o seu Plano de Cargos e Carreira
(PCC)eomaisdoquemerecidoreajustesalarial.
O mesmo empenho que os técnico-admi-
nistrativos demonstram à universidade no
desenvolvimento de suas funções dia após
dia será necessário agora para que seu tra-
balho seja devidamente valorizado. Na pa-
ralisação das atividades que começa a partir
de terça-feira (19/06), você, trabalhador
da Uerj, tem o dever de defender a refor-
mulação do PCC que você discutiu, votou e
aprovou nas assembleia gerais da categoria.
A greve aprovada pelos trabalhadores
da Universidade representa não apenas
interromper as atividades desenvolvidas
sob péssimas condições de trabalho e
condições salariais indignas. Ela significa
o início de uma grande luta da catego-
ria contra a exploração promovida pelo
governador Sérgio Cabral. Representa a
revolta dos técnico-administrativos contra
as falsas promessas do Governo do Estado.
Não seremos mais enrolados com as
mentiras e ataques deste governador que
almeja dividir a classe trabalhadora para
conseguir colocar em prática a sua política
de sucateamento do serviço público. Não
vamos assistir passivamente Sérgio Ca-
bral retirar-nos os direitos, como vem
tentando fazer com os triênios através
da ADI 4782, impetrada no Supremo
Tribunal Federal no dia 24 de maio.
Trabalhadores
A greve é o momento de colocarmos
a mão na massa, mas para fazer crescer
a cada dia a mobilização.
Participe da agenda de lutas da greve.
Traga seus companheiros de trabalho para
seremcadavezmaiscompanheirosdeluta.
Vamos para a vitória! Juntos, somos fortes!
Em plenário lotado, trabalhadores aprovaram entrada em greve a partir do dia 19/06
GREVE!GREVE!
2. JORNAL DO SINTUPERJ | JUNHO DE 20122
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Carlos Alberto Crespo Rodrigues Jornalista: Atilas Campos Estagiária: Isabela Borges Programação Visual: Daniel Costa
Governador, a culpa é sua!
Retrospectiva da mobilização.
porque entramos em greve:
D
esdeaassinaturadeumtermodecompro-
misso pelo governador do Rio de Janeiro,
SérgioCabral,emjaneirodesteanonaUerj,
com a promessa de implementar a reformulação
do Plano de Cargos e Carreira (PCC) dos técnico-
-administrativosdaUerj,oSintuperjtentouinú-
meras vezes negociar com o Governo do Estado.
Em conjunto com a Associação de Do-
centes da Uerj e com o Diretório Central
dos Estudantes, o Sintuperj buscou, há
vários anos, dialogar com os mandatários
do nosso Estado. As entidades, com o apoio
dos servidores da Uenf, Uezo e Cecierj,
realizaram diversas manifestações públicas
que denunciava para toda a sociedade a
política de arrocho dos trabalhadores das
universidades públicas estaduais.
Um dos momentos da luta conjunta das
entidades foi o ato público realizado na se-
mana do 1º de maio, Dia do Trabalhador, em
frente ao Palácio Guanabara. Era a Campanha
Salarial Conjunta, que visava resistir à tenta-
tiva do Governo do Estado de dividir os ser-
vidores. Entre as principais reivindicações,
o implemento da reformulação do Plano de
Descaso com
os trabalhadores
Nareuniãorealizadanodia04demaio,
o secretário de Ciência e Tecnologia,
Alexandre Cardoso recebeu, pela se-
gunda vez, o projeto de reformulação
do PCC, já aprovado pelo Consun, das
mãos da coordenação do Sintuperj.
Antes mesmo de abrir o documento,
Cardoso respondeu: “O PCC não resolve
o problema da Uerj. O que vai resolver
é o Pró-Saúde”. Naquele momento, o
secretário dava uma clara amostra do
que o Governo do Estado pretendia:
dividir os servidores da Uerj. E o
objetivo era muito claro: desmobili-
zar os servidores e dinamitar a luta
destes pela valorização da carreira.
Contra a exclusão
da categoria
O Sintuperj, legítimo representante
dos técnico-administrativos, brigou
incessantemente contra a implanta-
ção das bolsas Pró-Saúde, que benefi-
ciavam parcela pequena de servidores,
numa clara tentativa de divisão da
categoria. Isto não solucionaria o
problema dos degradantes salários e
condições de trabalho do conjunto
dos trabalhadores da Uerj por se
tratar de uma política segregacionis-
ta, que excluía a grande maioria os
trabalhadores. Além disso, os valores
não declarados no contracheque, não
poderiam ser contabilizados para o
cálculo da aposentadoria. Depois de
muita luta, o sindicato conseguiu
então que a reitoria da universidade
anunciasse, na sessão do Conselho
Universitário, a retirada do Ato Execu-
tivo de Decisão Administrativa (Aeda)
que previa a implantação das bolsas.
Até o fechamento desta Edição do
“Jornal do Sintuperj”, não temos co-
nhecimento de qualquer Ato oficial do
Reitor tornando sem efeito o Ato an-
terior. Portanto, o que ele disse ainda
não se consumou. ESTAMOS DE OLHO!
O PROCESSO DE GREVE
Servidores e estudantes reunidos em frente ao Palácio Guanabara
Cargos e Salários (PCC - lei 4796/2006), e da
Dedicação Exclusiva para os docentes. Os ser-
vidores conseguiram agendar uma reunião
com o secretário de Ciência e Tecnologia,
Alexandre Cardoso, para o dia seguinte.
Paralisações e greve
Os trabalhadores da Uerj aprovaram em suas
assembleias paralisações parciais, como a
do dia 24 de maio, para participar do grande
processo de mobilização que se desenhava
nas assembleias da categoria. O intuito da
categoria era impedir que os servidores fos-
sem impedidos por suas direções setoriais
de participarem das assembleias. Foi o caso
da assembleia do dia 17 de maio, onde a
direção do Hospital Pedro Ernesto colocou
todas as 10 salas do Centro Cirúrgico em
funcionamento. Desde dezembro, o setor
funcionava apenas com três. E após o dia
da assembleia, o setor voltou a funcionar
com número reduzido de salas. Neste dia,
inclusive, a coordenação do Sintuperj foi
à sala da direção cobrar uma posição con-
trária do diretor do hospital em relação às
bolsas Pró-Saúde.
Assembleia na
porta da Uerj aprova
“Estado de Greve”
Diante da negligência do Governo do Estado
os técnico-administrativos defendeu a ne-
cessidade de fortalecimento a mobilização
da categoria na luta por condições dignas
de trabalho. A assembleia deliberou a entra-
da dos trabalhadores em Estado De Greve. A
união dos técnico-administrativos na luta
foi colocada como fundamental.
Em defesa
dos contratados
O Sintuperj também encampou a
luta dos trabalhadores contratados
contra a extrema exploração da qual
são vítimas. Plenárias no campus
Maracanã da Uerj e no Hospital Pe-
dro Ernesto expuseram as precárias
condições de trabalho da categoria
que incluem o recebimento de 1/3
dos salários dos efetivos que de-
sempenham a mesma função, o não
recebimento de auxílio transporte e
os constantes atrasos nos pagamen-
tos, gerando custos por atrasos nos
pagamentos das contas pessoais. Em
fevereiro, o Sintuperj comandou a
ida dos contratados à reitoria rei-
vindicar o pagamento dos salários
atrasados. Os depósitos iniciaram a
partir da mobilização. Valeu a Luta!
Sindicato expõe
descaso do governo
Em reuniões nos diversos setores da
universidade e plenárias, o Sintuperj
levou aos técnico-administrativos as
tentativas de negociação com o Go-
verno do Estado, sem qualquer tipo
de resposta. Nos encontros, os traba-
lhadores foram unânimes em defen-
der a necessidade de união da cate-
goria como única forma de recuperar
as condições dignas de trabalho.
Com o intuito de mobilizar a catego-
ria, o sindicato realizou assembleias
semanais a fim de alertar os traba-
lhadores sobre as arbitrariedades
cometidas pelo governador Sérgio
Cabral contra os trabalhadores.
Mirian Pires no Centro Cirúrgico
Nutricionista conclama contratados à luta
Sintuperj entrega reformulação à SeCT
3. JUNHO DE 2012 | JORNAL DO SINTUPERJ 3
Assembleia marca união entre
trabalhadores, professores e estudantes
SERVIDORES E ESTUDANTES UNIFICADOS
Auditório lotado acompanha a primeira assembleia comunitária de 2012
Uenf e Uezo pedem
mais recursos
O reitor do Centro Universitário da
Zona Oeste (Uezo), Roberto Soares
de Moura, e o vice-reitor da Univer-
sidade Estadual do Norte Fluminense
(Uenf), Edson Corrêa da Silva, tam-
bém estiveram presentes à audiência
pública na Alerj (19/06). Roberto
Soares expôs as grandes dificulda-
des enfrentadas pela Uezo por não
possuir um campus. Atualmente, o
Centro Universitário funciona em
um CIEP. O reitor pediu urgência na
liberação dos R$ 10 milhões necessá-
rios para a construção de um espaço
próprio para o Centro Universitário.
Por sua vez, Edson Corrêa destacou
os baixos salários dos servidores da
instituição e o reduzido valor das
bolsas estudantis como os maiores
problemas da Uenf. Apesar de possuir
Dedicação Exclusiva, os vencimentos
foram corroídos ao longo dos anos
pela inflação e ausência de reajustes.
Pelo lado dos estudantes, o alto custo
de vida na cidade de Campos é um
dos responsáveis pela insuficiência
das bolsas oferecidas aos estudantes.
Trabalhadores e
estudantes lotam Alerj
Quem esteve presente à audiência
pública sobre as universidades públi-
cas estaduais ficou estarrecido com
a complacência das secretarias de
governo e da reitoria da Uerj com o
sucateamento da universidade. Como
proposto e exigido na última audiên-
cia pública sobre o mesmo tema, os
secretários de Planejamento, Sérgio
Ruy Barbosa, e de Ciência e Tecnolo-
gia, Luiz Edmundo, que substitui o
titular da pasta em campanha elei-
toral, Alexandre Cardoso, estiveram
presentes. Durante o encontro, as
entidades representativas de traba-
lhadores, docentes e estudantes da
Uerj, Uenf e Uezo se pronunciaram,
traçando um diagnóstico da situação
precária em que se encontra as três
instituições. Reformulação do Plano
de Cargos e Carreira dos técnico-
-administrativos e implementação
da Dedicação Exclusiva da Uerj, a
construção de um campus para a
Uezo, que funciona em um Ciep,
reajustes salariais dos servidores das
estaduais, bem como o aumento das
bolsas estudantis e a construção de
creches estudantis e do restaurante
estudantil na Uenf foram a prin-
cipais necessidades apresentadas.
Em defesa da Uerj
Ao final da assembleia, a comunidade
subiu os doze andares do campus Ma-
racanã, promovendo uma manifesta-
ção com o intuito de levar às pessoas
presentes na universidade as razões
da greve e a necessidade de se defen-
der a manutenção da universidade
pública, gratuita e de qualidade para
a atual e as futuras gerações de estu-
dantes que passarão pela instituição.
O
auditório 13 da Uerj ficou lotado
na primeira assembleia comunitária
desde a deflagração da greve pelos
três segmentos da universidade. A defesa
da unidade da luta entre técnicos, docentes
e estudantes foi a tônica dos debates, que
destacaram a necessidade da transforma-
ção das reivindicações dos movimentos
grevistas em uma pauta comum, única,
de negociação com o Governo do Estado.
Nesse sentido, a assembleia defendeu o
encaminhamento de que ao negociar com o
Executivo estadual, reitor da universidade
leve o comando unificado de greve junto.
Além disso, a comunidade defendeu vee-
mentemente a paralisação do calendário
acadêmico, bem como levar a todos os cantos
da universidade a necessidade da comunida-
Sobre a ADI 4782, que retira os triênios
dos servidores, o secretário de Planejamento
disse que a retirada do benefício atingirá
apenas carreiras específicas recém-criadas
com um “plano específico de progressão”,
alegando a existência de uma lei no Estado
do Rio que prevê o pagamento do adicional
por tempo de serviço. Uma das pessoas que
acompanhavam a audiência, no entanto,
contestou a declaração de Sérgio Ruy: “se o
Superior Tribunal Federal aprovar a incons-
titucionalidade dos triênios como que uma
lei estadual garantirá o triênio?”. O deputado
Marcelo Freixo acrescentou: “o mais grave é
que o governador também entrou com um li-
minar de efeito suspensivo do pagamento dos
triênios. Se for aprovada, os triênios vão ser
cortados até que se julgue o mérito da Ação”.
O parlamentar ainda parabenizou unica-
mente a postura dos reitores da Uenf e da
Uezo,por“nãoagiremcomobraçosdogoverno
e de estarem presentes à audiência para de-
fender os interesses das universidades” que
administram. Ele fez duras críticas à reitoria
da Uerj: “quando o governo está ausente na
audiênciaoreitorcriticaogovernador.Quando
ogovernoestápresentefazelogios”,finalizou.
de aderir ao movimento e defender a Uerj.
Aadesãoàgrevepelomovimentoestudantil
tambémfoiumdosprincipaispontosdestacados
pelaassembleia.“Éummarcoosestudantestam-
bém entrarem em greve, e não apenas apoiar”
a paralisação, afirmou a docente Cleier Marcon-
sin. “O movimento estudantil está revigorado”,
reiterou o diretor da Asduerj Luiz Santa Maria.
Seplag mostra
como estão
os salários
Roberto Soares de Moura
e Edson Corrêa da Silva
Na concessão da palavra ao secretário de
Planejamento, Sérgio Ruy Barbosa, mais um
show de horrores. O secretário defendeu que
o atual governo “tem revertido o crescimento
econômico das receitas tributárias para as uni-
versidades”. A afirmação seria contestada por
apresentados pelo deputado estadual Marcelo
Freixo (Psol), que apontou uma redução do
percentual de recursos destinados às univer-
sidades públicas de 2011 para 2012.
SérgioRuyapontouaindaumcrescimento,
possivelmente imaginário, dos salários, bem
como das gratificações concedidas aos servi-
dores, o que corrobora uma linha política que
não privilegia o reajuste salarial, mas sim o
pagamento de remunerações não declaradas
em contracheque e que, portanto, não serão
contabilizadasparaocálculodaaposentadoria.
Sobre a reformulação do PCC dos técnico-
-administrativos da Uerj, Sérgio Ruy afirmou
apenas que “os trabalhadores tiveram muitos
ganhos” nos últimos anos. E em relação à DE
para os docentes, disse que a comissão que es-
tuda a implementação do regime de trabalho
está elaborando um projeto de lei para ser en-
viado à Alerj em agosto, apesar de a proposta
de minuta estar pronta há mais de um ano.
E o salário, ó!
4. JORNAL DO SINTUPERJ | JUNHO DE 20124
SERVIDORES CONTRA CABRAL
Funcionalismo público realiza
ato histórico contra Sérgio Cabral
U
ma manifestação histórica marcou
a luta dos servidores públicos esta-
duais do Estado do Rio de Janeiro.
As entidades que compõem o Movimento
Unificado dos Servidores Públicos Estaduais
(Muspe) realizaram uma grande passeata
pelas ruas do centro em defesa dos direi-
tos e condições dignas de trabalho. O foco
do movimento foi o repúdio à tentativa
do governador Sérgio Cabral de retirar os
triênios por meio da Ação Direta de Incons-
titucionalidade (ADI) 4782, impetrada no
último dia 24 de maio. Junto à ação, o go-
vernador entrou com uma liminar de efeito
suspensivo que, se aceita, interromperá o
pagamento dos adicionais por tempo de
serviço até o julgamento do mérito da ADI.
Os servidores se concentraram em fren-
te à Igreja da Candelária. Representações
sindicais se revezaram no repúdio à política
de arrocho salarial e repudiaram veemente-
mente as arbitrariedades do Governo do Es-
tado. Os constantes ataques aos direitos dos
servidores públicos, somados à política de
sucateamento do serviço público, foi o res-
ponsável pela grande mobilização conjunta.
A categoria com isso mostra que está dis-
posta a lutar incansavelmente não apenas
pela valorização do servidor público, como
também pela manutenção de direitos já
conquistados e consagrados historicamente.
A manifestação saiu em passeata pela
Avenida Rio Branco. No repertório, paródias
nas quais os servidores exigiam a saída
de Sérgio Cabral do governo estadual,
acompanhado de denúncias do mau uso
do dinheiro público pelo governador, que
concede isenções fiscais milionárias a em-
presários à custa da degradação de setores
como Educação e Saúde.
A passeata seguiu em direção à
Assembleia Legislativa, onde os ma-
nifestantes encontraram grades que
impediam a ocupação de suas escadas.
O deputado Paulo Ramos (PDT) defen-
deu e ajudou na retirada das barreiras,
permitindo que os servidores ocupassem a
escadaria da Alerj.
Na chegada à Assembleia, os deputados
Janira Rocha e Marcelo Freixo, ambos do
Psol, deram total apoio às manifestações.
Os dois repudiaram a ADI impetrada por
Sérgio Cabral e defenderam a luta dos
trabalhadores pela manutenção dos
triênios, com a valorização do conjunto
da classe trabalhadora. A grande mobili-
zação demonstra que os servidores pú-
blicos estão mais unidos do que nunca.
Assembleia do
Muspe mobiliza
servidores na Uerj
No mesmo dia em que se iniciou a
greve dos técnico-administrativos
da Uerj, a universidade recebeu
uma assembleia dos servidores pú-
blicos do Estado, na Concha Acús-
tica, que contou com a presença de
sindicatos, deputados, entidades e
trabalhadores de diversas catego-
rias do Estado, no último dia 19 de
junho. Eles discutiram os próximos
passos da luta contra a ADI 4.782,
ajuizada pelo Governador Sérgio
Cabral, que questiona o pagamento
dos triênios. Um dos componentes
da mesa, o diretor geral do Sintu-
perj, Jorge Luís Mattos, o Gaúcho,
destacou: “Eu, como servidor e
sindicalista, não posso me sentir
contemplado mesmo que só os
novos servidores percam os seus
triênios. Temos que lutar pelo
triênio de todos!”. A assembleia
aprovou o indicativo de paralisação
nos dias 3 e 4 de julho. No dia 3,
ficou destinado às assembleias de
cada categoria. Já no dia 4, será
realizada uma passeata ao Palácio
Guanabara com o intuito de exigir
que o Governador não retire o di-
reito aos triênios dos servidores!
Freixo prestou solidariedade e apoio aos servidores
Após a passeata, servidores de todo o estado tomaram as escadarias da Alerj Sintuperj também marcou presença na luta pela manutenção dos triênios
Apoio parlamentar
5. JUNHO DE 2012 | JORNAL DO SINTUPERJ 5
REGINA: UMA GUERREIRA
GOLPE MILITAR DE 64
Eleições para o Conselho Universitário
O
s servidores da Uerj escolheram seus
representantes no Conselho Universi-
tário nos últimos dias 29, 30 e 31 de
maio. As chapas formadas pelos diretores
do Sintuperj, César Lima de Castro Lopes,
com Marcos Silva Gayoso da Fonseca como
suplente e Carlos Alberto Crespo Rodrigues,
tendo como suplente Alberto Dias Mendes,
foram eleitos para mandato de dois anos.
Pelo Hospital Pedro Ernesto, as três
chapas lançadas pelo sindicato conseguiram
se eleger. Cíntia Alves de Castro da Silva e
Mirian de Oliveira Pires; Maria de Fátima Di-
niz da Silva e Cássia Gonçalves dos Santos;
e Jorge Luis Mattos de Lemos e Cátia Alves.
Na administração Central, as duas chapas
apoiadas pela reitoria venceram a eleição.
Nos próximos dois anos, estes e os demais
conselheiros terão a missão de discutir e apro-
var projetos de extrema importância para a
Uerj,comooorçamentoeosplanosdecarreira.
Com expressiva votação, a diretora do
Sintuperj, Regina Souza, falou sobre sua
primeira participação nas eleições para o
Conselho Universitário.
JORNAL DO SINTUPERJ: O que você tem
a dizer sobre as eleições do Conselho
Universitário?
REGINA SOUZA: Quero dizer que foi a
maior manifestação de confiança carinho e
respeito que alguém pode ter. Estou agrade-
cendo através de uma carta, entregando-a
pessoalmente e dizendo o quanto sou grata
por essa diferença tão pequena.
JS: Como você entende esse processo?
REGINA SOUZA: Salvador Allende dizia:
“GRANDES AVENIDAS AINDA SE ABRIÃO
POR ONDE PASSARÁ O HOMEM LIVRE”. Essa
é uma reflexão que cada um de nós deve
fazer no momento que vamos às urnas,
não só do conselho mais em todo processo
eleitoral que o cidadão tem direito.
JS: Qual aprendizado nessa sua primeira
participação nas eleições para o Consun?
REGINA SOUZA: Ter participado pela pri-
meira vez dessa eleição foi como um batis-
mo, uma imersão na verdadeira UERJ. Apren-
di a ordem de algumas coisas. Pude chegar
bem perto da comunidade e ouvir o que
elas esperam dos representantes do Consun.
JS: E sobre a votação que você obteve?
REGINA SOUZA: Eu fui votada por pessoas
que queriam que algo de novo acontecesse,
mesmo sabendo que eu não tenho experiên-
cia política na universidade. Não fiz promes-
sas das quais não acredito e, como eu disse
anteriormente, era uma candidatura nova.
Acertaríamos juntos ou erraríamos juntos.
Sobre perder a eleição, penso que
tecnicamente perdi mas tive uma votação
bastante significativa para uma primeira
vez. Senti uma enorme alegria com as
demonstrações de encorajamento, carinho,
confiança e fé ao longo dos três dias em que
estive de pé no Hall dos elevadores dessa
universidade pedindo votos.
A derrota só é indigna quando é uma
derrota moral e a vitória nem sempre deixa
em paz com a nossa consciência.
JS: Qual mensagem você deixa para os
seus eleitores?
REGINA SOUZA: Mais uma vez agradeço a to-
dos pelo voto de confiança e quero dizer que
se ainda não demos frutos é porque as nossas
sementes ainda estão germinando, não per-
cam a fé e votem sempre com suas convicções.
Agradeço imensamente a minha par-
ceira de chapa, Rosane Bueno, que me
estendeu a mão quando precisei e seguiu
comigo nessa caminhada. Aos meus colegas
de sindicato que não me faltaram com ca-
rinho, apoio e colaboração. Até breve! Ou
melhor, até o próximo Conselho.
N
este ano, completaram-se 48 anos
que o golpe militar foi implan-
tado em nosso país. Um capítulo
triste de nossa história e que jamais
deve ser esquecido para que não seja
repetido. A data ficou marcada pela re-
pressão da Polícia Militar às cerca de 200
pessoas que promoveram manifestação
contra a realização de um debate em
comemoração aos 48 anos da “revolução
de 64”, realizado no Clube Militar, no
centro do Rio de Janeiro. Os policiais
usaram jatos de spray de pimenta e
bombas de efeito moral. Além disso,
chegaram a atirar balas de borracha.
Uma das feridas foi Mira Caetano, filha
da docente Cleier Marconsin (FSS-Uerj).
O Sintuperj reabre o baú da história
brasileira. Para nos ajudar a compreen-
der as circunstâncias que culminaram
no golpe militar, o professor Oswaldo
Muteal, Doutor em História, conversou
com o Sintuperj e esclareceu alguns
pontos fundamentais.
JORNAL DO SINTUPERJ: Professor,
como você compreende esse aconteci-
mento político que foi o Golpe de 64
e como você enxerga a sua repercussão
até os dias atuais?
OSWALDO: Eu vejo o golpe por três pontos
de vista. O primeiro é a década que ante-
cede o golpe, que vai de 1954 até 1964,
que foi um período marcado por intensas
mudanças na política brasileira, especial-
mente no que diz respeito à história do
presidente Goulart. Ele participou de pra-
ticamente todos os eventos importantes da
época: Ele viveu o suicídio do presidente
Vargas, as turbulências em torno de Jusce-
lino e a ameaça de posse do ex-presidente
Juscelino Kubitschek e as tentativas de
golpe, em 1961, quando surgiu a Campa-
nha da Legalidade para manutenção da
posse deste. O golpe tem como primeiro
passo a preparação e a articulação das
forças conservadoras e a forte entrada
do capital estrangeiro, principalmente
americano. Isso deixa claro que o golpe
é fruto de interesses internos e externos.
Quando eu falo sobre esse assunto, não
consigo não lembrar de um fato histórico,
o Consultor-Geral da República do Presi-
dente Jango esteve na UERJ e contou a
todos que 15 dias antes do golpe, o embai-
xador americano pediu uma reunião com
o presidente Jango, o presidente negou e
afirmou “ Waldir, eu não vou recebê-lo,
nada que eu falar vai mudar a opinião
que eles tem de mim’’ no evento João
Goulart, 30 anos de silêncio, organizado
com o apoio do Sintuperj no auditório 11.
Jango tinha sim um conjunto de
reformas, podiam não ser perfeitas,
mas eram sim conjuntos de reformas
de esquerda. Jango assinou os decretos
que desapropriaram terras e estatizaram
refinarias. O golpe aconteceu em 31
de março, no dia 2 de abril, o governo
militar revogou todos os decretos de
João Goulart. É assustador essa rapidez.
No Brasil, uma votação que beneficia
o povo demora muito, mas algo que o
prejudica pode ser feito em dois dias.
Falar de Jango me causa certa emoção.
O Brasil teve sim um Governo de esquerda,
fruto de uma luta de classes, mas o povo
perdeu. As classes dominantes se organi-
zaram e derrubaram um projeto popular.
Jango chegou a dizer com inocência
no Plenário da ONU, em Washington:
Não estou afirmando que as empre-
sas estrangeiras não podem entrar no
Brasil, elas podem entrar no Brasil. Só
não podem ter lucros abusivos, os lucros
devem ficar no Brasil.” Isso significou
para o Presidente praticamente uma
sentença de morte. Essa frase, na verda-
de, não representa nada demais, isso faz
parte de uma agenda social democrata.
Ditadura Militar: um triste capítulo de nossa história
Regina Souza durante seminário (p.7)
Professor Oswaldo Munteal, historiador
6. JORNAL DO SINTUPERJ | JUNHO DE 20126
ESCALADA CONTRA TERCEIRIZAÇÃO
Luta antiga do Sintuperj
Uerj recebe novos concursados
N
o mesmo dia da apuração dos
resultados da eleição para o
Conselho Universitário (01/06), a
universidade empossou 91 novos servido-
Direção do Sintuperj fala sobre o histórico de lutas e conquistas do Sintuperj
Maria Angélica de Oliveira e Liz Nogueira
Recém chegado, novo
concursado defende sindicalização
Contratada e aluna do pré
do Sintuperj entre os concursados
Entre os contratados recém-chegados,
duas belas histórias. A técnica de en-
fermagem, Maria Angélica de Oliveira,
trabalhou dois anos como funcioná-
ria contratada na clínica médica do
Hospital Universitário Pedro Ernesto
(Hupe). Deixou o hospital há um ano,
indo trabalhar no sistema penitenci-
ário estadual. Agora, ela retorna ao
Hupe como servidora, depois de ter
passado no concurso de 2010. Por sua
vez, a assistente administrativa Liz
Nogueira, foi aluna do pré-vestibular
do Sintuperj em 2008. Maria Angélica
e Liz são exemplos de perseverança.
Histórias de vida que devem servir
de inspiração para os trabalhadores,
concursados ou contratados, e para os
Reconhecendo a importância de ter um
sindicato na luta pelos seus direitos,
trabalhadores que tomaram posse no
início de junho fizeram questão de se
sindicalizar já no dia em que assumiram
suasfunções.DemetriusMoiseseRafael
Rodrigo são dois entre os novos sindica-
lizados. Em entrevista, o estudante de
Direito Rafael considerou “o sindicato
fundamental para a defesa e organiza-
ção”daclassetrabalhadora.Eledestacou
queostécnico-administrativosdevemse
“sindicalizar e participar” da luta.
Novos técnicos falam
sobre sindicalizaçãoestudantes do pré-vestibular do Sintu-
perj que almejam um “lugar ao sol”.
O Sintuperj parabeniza as duas e os
demais concursados pela conquista!
res técnico-administrativos. O Sindicato
dos Trabalhadores das Universidades
Públicas Estaduais do Rio de Janeiro,
legítimo representante dos técnico-admi-
nistrativos, esteve presente à cerimônia
de posse. Os diretores Alberto Dias e
Regina de Fátima de Souza saudaram
os novos concursados e falaram sobre o
histórico de luta do Sintuperj em defesa
dos direitos dos trabalhadores, ressal-
tando algumas conquistas da categoria,
como o Plano de Cargos Carreira (PCC).
7. JUNHO DE 2012 | JORNAL DO SINTUPERJ 7
DÍVIDA PÚBLICA EM PAUTA
Professor Weber Figueiredo: O Sintuperj está dando uma aula nos Phds
Weber Figueiredo, professor apo-
sentado da Faculdade de Engenharia
da Uerj, destacou que para conseguir
recursos para pagar a dívida pública o
país promove uma série de privatiza-
ções. “Nenhum país se desenvolveu
entregando suas riquezas ao capital es-
trangeiro”, afirmou. “O desenvolvimen-
to está ligado à Educação”, acrescentou.
Questionado sobre como ele en-
xerga socialmente o país, caso o Brasil
continue pagando a dívida pública,
respondeu: “Qualquer cidadão sabe
que pagar juros altos a uma financei-
ra, por exemplo, significa que parte
do seu trabalho se transforma em
nada. O mesmo ocorre com um país.
A União compromete quase metade
do seu orçamento para rolagem da
dívida. Uma boa parte dessa quantia
Dívida Pública: Sintuperj realiza seminário histórico
A
dívida pública (quantia que o
governo deve a entidades e para
a sociedade) pode ser um tema
ainda de pouco conhecimento para
boa parte da população, mas os efeitos
nocivos de seu pagamento são sentidos
por todos os brasileiros. Colocando a
questão em pauta, o Sintuperj e o Comitê
Rio da Auditoria Cidadã, em conjunto
com a Asduerj, Assibge, Sintuff, Aepet,
Sindspetro e DCE-Uerj, promoveram um
dos maiores even-
tos já vistos na
Uerj: o seminário
A DÍVIDA PÚBLI-
CA EM DEBATE.
Com auditório
lotado, os dois dias
do evento (18 e
19/04) reuniram
representantes sin-
dicais, economistas e parlamentares do
Brasil e do Equador, que palestraram
sobre as causas da dívida pública e os
malefícios sociais por ela provocados.
A Coordenadora Nacional da Audi-
toria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fat-
torelli, destacou que “apesar do elevado
pagamento de tributos, o cidadão não
recebe o devido retorno em serviços”.
Segundo ela, “a dívida pública está di-
retamente relacionada, pois consome a
maior parte dos recursos orçamentários,
prejudicando o atendimento às necessi-
dades sociais: saúde, educação, moradia,
transporte, saneamento”, entre outros.
Segundo dados sobre a execução
do Orçamento Geral da União em 2011
apresentados por Fattorelli, 45,05 % do
que o governo arrecadou com impostos
foi destinado somente ao pagamento da
dívida pública.
Em entrevista, Maria Lúcia Fatorelli,
afirmou que “as experiências de auditoria
da dívida na América Latina – auditoria
oficial no Equador e auditoria cidadã no
Brasil – bem como as investigações da CPI
da Dívida Pública na Câmara dos Depu-
tados provaram que, desde a década de
70, a dívida externa com a banca privada
internacional favoreceu unicamente aos
bancos credores”. Segundo a coordenado-
ra, “o Equador deu uma lição de soberania
ao mundo e soube aproveitar os resulta-
dos da auditoria da dívida, anulando 70%
de sua dívida externa em poder da banca
privada internacional, o que está permi-
tindo aumento dos investimentos sociais,
principalmente em saúde e educação”.
Economista e
professor da UFRJ,
Reinaldo Gonçal-
ves acrescentou
que “para pagar a
dívida o governo
precisa comprimir
os gastos de cus-
teio e de investi-
mento”. Apesar de
destinar quase metade de seu orçamento
para quitar a dívida, “o país continua se
endividando, em grande medida, para
pagar os juros sobre a própria dívida pú-
blica”, segundo Reinaldo. Isso se deve ao
fato de a taxa brasileira de juros, uma das
maiores do planeta, ser a que incide sobre
a dívida. “E, por trás do endividamento,
está a dominação” pelos “bancos e os
rentistas, aqueles que vivem dos juros da
dívida pública, [...] grandes financiadores
de campanha política e geradores de ri-
queza para grupos dirigentes”, ressaltou.
A passagem de grande contingente
da população da classe D para a C, tão
difundida pela grande mídia como sinal
do crescimento econômico do país, é um
“conto do vigário”, segundo o economista e
ex-presidente do Banco Nacional de Desen-
volvimento Social (BNDES), Carlos Lessa.
Lessalembrouaascensãodapopulaçãoestá
baseada “na propriedade de eletrodomésti-
cos e automóveis”, o que não representa
melhoranascondiçõesdevida.Segundoele,
apolíticamacroeconômicaestábaseada“na
oferta de crédito, o que gera o endividamen-
to familiar, e não o crescimento da renda”.
O exemplo está ao lado
Wilma Salgado relatou a experiência
do Equador quando ela esteve à frente do
Ministério das Finanças do país. Segundo
ela, a construção da soberania de um país
passa necessariamente pelo incentivo ao
setor de produção, com investimentos
visando o desenvolvimento do setor in-
dustrial. Ao Brasil é necessário “pensar
políticas de produção”, concluiu.
O seminário e seu legado
Segundo o economista, pesquisador e
presidente do Instituto Políticas Alternati-
vas para o Cone Sul (Pacs), Marcos Arru-
da, a importância do seminário A DÍVIDA
PÚBLICA EM DEBATE está em “alertar a
população para o engano da qual ela está
sendo vítima”. Ele cita as verbas utiliza-
das nas obras realizadas no país visando
a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
“Nas Olimpíadas de Los Angeles (1984),
97% dos investimentos eram de setores
A Educação paga seu preço
não é transformada em investimentos
produtivos, e sim em concentração de
renda e riquezas que se esvaem do
país. A continuidade desse quadro
significa apertar mais o cinto, comer
menos, consumir menos, arrochar sa-
lários e estagnar o desenvolvimento”.
Sobre os efeitos da dívida pública
sobre a Educação, especificamente, e
a Uerj em especial, disse:
As coisas estão interligadas. O go-
verno do Estado gasta com a rolagem
da sua dívida quantia maior que o orça-
mento destinado à Educação, incluin-
do a Uerj. Aquilo que falta, por exem-
plo, para melhorar salários [...] se es-
vai em juros e amortizações da dívida.
Leia mais sobre a Auditoria Ci-
dadã no site do Sintuperj e www.
auditoriacidada.org.br
Encerramento da seminário A Dívida Pública em Debate
privados. No Brasil apenas 0,56% dos
investimentos são de fontes privadas”,
comparou. “A população vai pagar essa
dívida por décadas”, previu.
Sobre o seminário A DÍVIDA PÚBLI-
CA EM DEBATE, Arruda disse que “um
evento como esse lança muitas luzes e
estimula novos grupos e organizações a
buscarem mais informações sobre o tema,
especialmente diante da conjuntura inter-
nacional de crise financeira, na qual o pro-
blema da dívida é central”. “Os caminhos
são muitos, mas todos passam pelo conhe-
cimento da realidade, a fim de que possa
ser construída ampla consciência que irá
influenciar os governantes e dirigentes de
todos os níveis e pressioná-los para que
ao alcançar posição de comando passem
a servir à sociedade e não aos mercados.
Por isso lutamos” afirmou a coordenadora
da Auditoria Cidadã da Dívida. “Se não
houver uma mobilização popular o país
não tem futuro”, reiterou Carlos Lessa.
8. JORNAL DO SINTUPERJ | JUNHO DE 20128
CENTENÁRIO DE LUIZ GONZAGA
Asa Branca
Quando “oiei” a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de “prantação”
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus “óio”
Se “espaiar” na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Prestação de Contas
O Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais
do Rio de Janeiro convoca os técnico-administrativos para a assembleia
do dia 17 de julho, às 14h, no auditório 13. Pauta: Prestação de Contas
Cem anos de
Luiz Gonzaga
E
m 2012, um dos maiores expoentes da
música popular brasileira completaria
100 anos. Sempre acompanhado de sua
sanfona, zabumba e triângulo, Luiz Gonzaga
do Nascimento, o Luiz Gonzaga, cantava a
alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-
-serra. Em suas canções, porém, o composi-
tor também relatava a pobreza, as tristezas
e injustiças sociais do sertão nordestino.
O pernambucano nascido em Exu (PE),
levou para o restante do país a musicalidade
do baião, do xote e do xaxado. Ganhou noto-
riedade com a antológica Asa Branca (1947),
além de muitos outros sucessos, como Siridó
(1948), Juazeiro (1948), Qui Nem Jiló (1949)
e Baião de Dois (1950), que o fizeram ser
nacionalmente conhecido como o Rei do
Baião. Ele nasceu em uma fazenda no sopé
da Serra de Araripe. O lugar seria retratado
pelo compositor na canção Pé de Serra.
Luiz Gonzaga aprendeu a tocar acordeão
com seu pai, que tocava o instrumento
nas horas vagas do trabalho no latifúndio.
Ainda na infância, acompanhava seu pai
em apresentações em bailes, forrós e feiras.
Aos dezoito anos, depois de ser surrado
pelo pai de uma garota com que se envolvera,
fugiudecasaeingressounoExército,emCrato
(Ceará). Durante os nove anos em que esteve
nas Forças Armadas, conheceu Domingos Am-
brósio, em Juiz de Fora (MG). Também soldado
e conhecido pela habilidade com o acordeão.
LuizGonzagadeubaixaem1939,noRiode
Janeiro, e passou então a se dedicar à música.
Comrepertóriovoltadoparamúsicasestrangei-
ras, ele se apresentava em programas de calou-
ros, vestido de paletó e gravata, sem sucesso.
Em 1941, foi aplaudido ao executar Vira e
Mexe, no programa de Ary Barroso. A partir
daí, assinou contrato a gravadora Victor. Em
seguida, foi contratado pela Rádio Nacional,
onde conheceu o acordeonista gaúcho Pedro
Raimundo, que usava os trajes típicos da sua
região.FoidocontatocomPedroqueLuizGon-
zaga passou a se apresentar vestido como va-
queiro,figurinoqueoconsagrariacomoartista.
Luiz Gonzaga teve dois filhos, Luiz Gon-
zaga do Nascimento Junior, o Gonzaguinha e
uma filha adotiva, batizada de Rosa. Morreu
em 1989, em Recife (PE), vítima de parada
cardiorrespiratória. O corpo foi velado em Jua-
zeiro do Norte e sepultado no município natal.
Em 2012, Luiz Gonzaga foi tema do car-
naval da Unidos da Tijuca, com o enredo “O
dia em que toda a realeza desembarcou na
avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”.
A escola sagrou-se campeã.
O Sintuperj reverencia um dos maiores
nomes da nossa música e presta aqui a
devida homenagem a Luiz Gonzaga.