Este documento fornece orientações sobre como se proteger durante manifestações que possam se tornar confrontos, incluindo vestimentas de proteção, equipamentos como máscaras e capacetes, e dicas sobre como lidar com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta caso se exponha a eles.

1. Cartilha de auto-defesa
Como se proteger em manifestações
SintuperjMaterial elaborado conforme deliberação da
Assembleia Geral Extraordinária de 07/12/2016

2. Introdução
Toda vez que membros da base de um sindicato, uma associação ou um grupo or-
ganizado resolvem reivindicar seus direitos, as pessoas se reúnem por um objetivo
comum. Essas aglomerações públicas, em sua maioria, não são bem aceitas ou tole-
radas pelos representantes do poder, que procuram utilizar a força e a intimidação
no lugar do debate e da sensibilidade para atender as justas demandas dos traba-
lhadores e da população.
Neste caso os confrontos acabam acontecendo, na quase totalidade das vezes, por
iniciativa das forças de repressão do poder, que em algumas oportunidades vão de
encontro a pré-disposição de manifestantes que lutam incansavelmente pelos seus
direitos.
Nesta cartilha, vamos procurar dar algumas dicas de como se portar em uma mani-
festação que tenha se transformado em confronto, pois tão importante quanto as
justas pautas do movimento é a saúde e o bem-estar dos trabalhadores que reivin-
dicam, lutam e sonham.
Organização do ato
Toda manifestação popular organizada conta com várias comissões que tem o ob-
jetivo de fazer as coisas funcionarem da melhor forma possível. Uma dessas comis-
sões é a de segurança, que é responsável por elaborar táticas para proteger os parti-
cipantes e evitar que pessoas fiquem feridas por uma eventualidade.
Procure seguir as orientações dos representantes da comissão de segurança da ma-
nifestação.
Vestimentas
Quando for para as áreas de conflito, utilize preferencialmente roupas de manga
comprida, calças jeans, e sapatos fechados ou tênis. Evite roupas abertas como ca-
misetas sem mangas, saias de qualquer tipo e calçados abertos como chinelos e
sandálias, assim como sapatos com salto (pois atrapalham a mobilidade).
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Equipamentos de proteção
Para evitar a ação direta das bombas de gás lacrimogêneo e do spray de pimenta, o
ideal é a utilização de uma máscara contra gases tóxicos, pois esta por ter formato
inteiriço protege olhos, nariz e boca. A utilização de luvas grossas, como as de ma-
nejo de produtos químicos corrosivos, também é recomendada.
Paliativamente, outros equipamentos podem ser improvisados para a utilização em
uma manifestação, como óculos de natação com vedação, máscaras e luvas de cons-
trução civil (utilizadas por pintores, serralheiros e marceneiros), respiradores e até
bandanas ou lenços embebidas com vinagre e amarrados no rosto.
Outro equipamento recomendado para proteção é o capacete, muito utilizado por
praticantes de esportes radicais como skate e patins e também adaptado por pro-
fissionais da imprensa (com proteção até as orelhas). Caso não seja possível, utilizar
um boné ou amarrar uma camisa extra na cabeça serve como paliativo.
Outras recomendações
Evite lentes de contato, pois as mesmas prolongam o tempo de ação dos agentes
tóxicos.

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Bombas de Gás Lacrimogêneo
Definição
Trata-se de um grupo de compostos, que como o próprio nome sugere, com a pro-
priedade de irritar a pele e tecidos sensíveis, como os olhos. É geralmente utilizado
porque estes gases se propagam lentamente pelo ar e sua sedimentação é lenta, e,
principalmente, sem apresentar letalidade, pois seus efeitos logo desaparecem. Um
dos compostos mais utilizados é o gás CS, abreviatura para clorobenzilideno ma-
lononitrilo. Os gases lacrimogêneos são disparados em embalagens seladas como
granadas, mas existem também os embalados em formato aerossol, que são mais
concentrados mas se dissipam com mais rapidez.
Muitos países proíbem o uso desta arma química e inclusive tentam incluí-la den-
tro das armas proibidas sob o Protocolo de Genebra. Apesar de ser habitualmente
usado pelas forças de segurança do Estado em ações de rua que terminam em con-
fronto, não existem informações suficientes sobre os potenciais danos deste artefa-
to em médio e longo prazo, sejam eles pulmonares, carcinogênicos, reprodutivos e
genéticos.
Efeitos mais comuns do gás lacrimogêneo
• Irritação intensa dos olhos;
• Lacrimejo abundante;
• Hipersensibilidade à luz;
• Conjuntivites e cegueira temporária;
• Irritação das membranas do nariz, traqueia e pulmões;
• Secreção nasal;
• Sensação de sufoco;
• Tosse;

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• Irritação da garganta e do estomago, com indução de vômito e possível diarreia;
• Irritação da pele com sensação queimante dolorosa e coceira.
Estes sintomas são aumentados pelo calor e a umidade e duram de poucos minu-
tos a algumas horas, dependendo do grau e tempo de exposição ao gás. Inalações
intensas do gás podem produzir pneumonite química e congestão pulmonar fatal.
Também se registraram casos de insuficiência cardíaca, dano hepatocelular (do fíga-
do) e morte em adultos.
Em casos de queimaduras por contato pode ocorrer se sensibilização na pele que
pode evoluir para uma dermatite.
Recomendações
• O gás lacrimogêneo não é um agente difícil de evitar, desde que haja uma brisa
ou algum vento. Se o vento é obsoleto, evite becos apertados buscando áreas
abertas;
• Quando uma lata de gás é atirada em sua direção, não corra de imediato. Ob-
serve o local da queda do artefato e só se mova se ela for bater em você. Uma
vez que ela chega ao chão e o gás começa a sair, busque evadir com inteligência
em direção oposta ao fluxo do vento. Evite ficar na frente da multidão que estiver
correndo para fugir do gás, pois muitas dessas pessoas irão ficar presas no raio
de ação do artefato;
• Enquanto estiver correndo, tente segurar a respiração para evitar a inalação de
qualquer gás por acidente. Se você for forçado a correr através do gás, então o
faça extremamente rápido e não respire;
• Em caso de ser preso sem nenhum lugar para ir, não se agache. Mantenha a
cabeça alta, já que o gás é mais pesado que o ar. Respire lenta e calmamente o
quanto for possível e mova-se lentamente, para evitar aumentar a sua taxa de
respiração, e não entre em pânico. Além disso, aperte sua máscara de gás, tanto
quanto você puder com a sua mão;
• Só arremesse de volta uma bomba de gás lacrimogêneo se souber REALMENTE
o que está fazendo e estiver extremamente protegido para isso, com luvas gros-
sas. As latas de gás lacrimogêneo são quentes demais para segurar com as mãos.

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Em caso de exposição ao Gás Lacrimogêneo
• Não toque os olhos nem a pele, pois suas mãos e braços estão sob a ação do
gás e impregnadas com ele. Busque sempre respirar através do lenço com vinagre
ou água. Se estiver lacrimejando não interrompa, pois as lágrimas irão ajudar a
eliminar os agentes químicos;
• Mantenha a calma, respire normalmente e evite tomar “baforadas” de ar. Cami-
nhe com cuidado, olhando sempre a seu ao redor. Em caso de não ver utilize os
braços como guia. Nunca corra cego, pois corre o perigo de cair ou acidentar-se.
• Dirija-se contra o vento do lugar da explosão e retire-se da área de ação do gás
o mais rapidamente possível, sempre evitando estar frente ao agressor;
• Mantenha-se contra o vento o mais que possa para dispersar rapidamente o
gás;
• Ao assoar o nariz, evite engolir. Cuspa;
• Beba bastante água
• Assim que possível, tome um banho com água fria durante 3 a 5 minutos e
depois continue com um banho rotineiro com sabão. Evite a água quente, já que
abre os poros e permite o passo do gás a seu organismo e os banhos de banheira
porque os redistribuem. Em caso de uma contaminação muito severa use o neu-
tralizante como se indicou anteriormente.
• A roupa deve ser colocada ao ar livre exposta ao vento para dispersar os últimos
remanescentes do gás. As peças devem ser lavadas separadas do resto da roupa,
primeiro com água fria e depois de maneira habitual. Uma vez realizado este pro-
cedimento, estas poderão ser vestidas normalmente.
Outras dicas
• Prepare um neutralizador (água potável com 5% de bicarbonato de sódio ou
metade antiácido em suspensão e metade água);
• Outro método (mesmo que menos efetivo) causa alívio para prevenir os sinto-
mas. Reúna vários lenços ou mascaras molhadas em vinagre de cozinha e coloque-
-as dentro de uma sacola de plástico. Se dispararem uma bomba lacrimogênea,
coloque o lenço ou bandana sobre o nariz e respire através dela. Não se preocupe
com os seus olhos, já que graças ao fluxo natural de lágrimas os resíduos químicos
serão eliminados de maneira espontânea.

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Spray de pimenta
Definição
O spray de pimenta é uma arma não letal manual química de aerossol usado para
cegar temporariamente um atacante e dominá-lo através de intensa irritação dos
olhos, nariz e garganta. Geralmente ele é utilizado em latas, que podem ser do ta-
manho de garrafas portáteis do tamanho de um desodorante até o tamanho de um
grande extintor.
O ingrediente ativo em spray de pimenta é a Capsaicina, um agente tóxico extraído
de pimenta chily. Em forma concentrada, provoca uma sensação de queimadura in-
tensa no tecido humano. Existe o perigo de morte em caso de grandes quantidades.
O spray de pimenta é irritante a pele, causando dor em queimação e drenagem aos
olhos, nariz, boca e vias respiratórias. O spray de pimenta é mais popular com as
autoridades como um agente de controle por causar dor imediata. É mais difícil de
remover da pele e tem a capacidade de provocar queimaduras de primeiro grau.
Efeitos
• Ardor, queimação nos olhos, nariz, boca e pele;
• Lacrimejamento excessivo, fazendo com que a sua visão desfoque;
• Corrimento nasal;
• Salivação aumentada;
• Tosse e dificuldade para respirar;

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• Confusão, desorientação e, às vezes pânico.
O desconforto de spray de pimenta pode levar de 20 minutos a 2 horas a diminuir. Os
efeitos diminuem mais rapidamente com o tratamento. O spray de pimenta penetra
para as terminações nervosas, e os seus efeitos podem durar horas após a remoção
da pele.
Recomendações
Alguns tipos de pessoas deve evitar a exposição ao spray de pimenta, tais como:
• Pessoas com doenças respiratórias, tais como asma e enfisema pulmonar, pois
correm o risco de danos permanentes;
• Crianças e idosos, por não terem a capacidade pulmonar plenamente desenvol-
vida ou prejudicada;
• Pessoas com condições crônicas de saúde ou aquelas que fazem uso de medica-
mentos que debilitam o sistema imunológico (para quimioterapia, lúpus ou HIV);
• Mulheres que estão ou podem estar grávidas ou que estão tentando engravidar,
pois correm o risco de aborto espontâneo ou de expor o feto a defeitos congêni-
tos;
• As mães que amamentam, pois há risco de passar toxinas para o bebê;
• Pessoas com problemas de pele (ou seja: a acne severa, psoríase ou eczema) e
nos olhos (ou seja: conjuntivite ou ulveíte);
• Pessoas que usam lentes de contato podem sofrer irritação ocular e danos de-
vido aos produtos químicos que entram em contato com as lentes.
Em caso de exposição
Existem muitos mitos sobre tratamento e prevenção. Grande parte dessa desinfor-
mação é potencialmente perigosa, pois uma manobra de socorro errada pode au-
mentar ou prolongar a reação de uma pessoa para a exposição.
• Para as pessoas mais saudáveis, os efeitos do spray de pimenta são temporá-
rios. No entanto, para algumas pessoas, os efeitos podem ser de longa duração e
com risco de vida.

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• Mantenha a calma. O pânico aumenta a irritação. Respire devagar e lembre-se
que o efeito é apenas temporário. Eduque-se antes de sair, para saber o que es-
perar, e, assim, reduzir a probabilidade de entrar em pânico;
• Se você perceber que esta em risco, colocar equipamentos de proteção, se pos-
sível, tentar se afastar ou ficar contra o vento;
• Assoar o nariz, lavar a boca, tossir e cuspir repetidamente. Evite engolir;
• Se você usa lentes de contato, tente remove-las ou arranjar alguém para remo-
vê-las para você, com os dedos limpos, não contaminados. Evite usar lentes de
contato antes de sair;
• Não esfregue a região afetada;
• Evitar a utilização de óleos e loções, pois podem aprisionar os produtos quími-
cos e, assim, prolongar a exposição. Lave suas roupas, seu cabelo e sua pele de
antemão em um sabão-detergente livre e sem perfume;
• Sprays de pimenta são ativados e reativados pela água. Em outras palavras,
mesmo se você deixá-lo secar sobre a pele ainda estará em risco de reativação. A
maneira mais segura para eliminar a contaminação da pele é deixar a pele seca,
• Não é raro se sentir incapazes de abrir os olhos, mas quanto mais você os deixar
fechados, mais tempo a contaminação vai durar, portanto é aconselhado a abrir
os olhos e ficar contra o vento.
Outras dicas
Algumas coisas definitivamente vão ajudar a minimizar o desconforto. Nenhum des-
tes são curas milagrosas, mas esses remédios vai ajudar as pessoas a sentirem-se
melhor mais rápido, mas ainda vai levar tempo.
• Recomendamos uma solução de metade antiácido líquido (como Maalox) e me-
tade de água. Um frasco de spray é ideal, mas uma garrafa que tem uma tampa
esguicho também funciona. Sempre irrigar a partir do canto interno do olho para
fora, com a cabeça inclinada para trás e ligeiramente para o lado que está sendo
lavado. Ela funciona como uma grande solução para bochecho também.
• Recomendamos o óleo de canola, seguido pelo álcool. Evitando cuidadosamen-
te os olhos, vigorosamente limpar a pele que foi exposta à substância com uma
esponja ou pano de gaze saturada com óleo de canola. Siga este imediatamente
com uma fricção de álcool. Lembre-se que o álcool nos olhos dói muito.

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• Os tratamentos secundários podem incluir: cuspir, assoar o nariz, tossir, andar
com seus braços abertos, remover a roupa contaminada e colocar roupa limpa,
na verdade, é essencial tomar banho e lavar suas roupas assim que possível.
Bomba de efeito moral
Definição
Elas fazem parte dos chamados “armamentos de distração”, usados quando se quer
amedrontar ou incapacitar um inimigo sem matá-lo. A bomba de efeito moral, pro-
priamente dita, é parecida com a granada militar comum. Quando acionada, ela in-
flama uma mistura química que explode com grande estrondo, normalmente espa-
lhando uma nuvem de talco. Mas, enquanto as granadas militares soltam estilhaços
de metal mortíferos, as de efeito moral são feitas com um plástico que se desintegra
- assim, não ferem ninguém, pelo menos em teoria.
A granada GL-304 foi projetada para ser utilizada em operações de controle de dis-
túrbios e combate à criminalidade. Possui grande efeito atordoante provocado pela
detonação da carga explosiva, associado a uma nuvem de um pó branco de efeito
moral, sem agressividade química.
Efeitos
Na prática, as explosões são fortes o suficiente para provocar contusões graves em
quem estiver por perto. Muitas vezes, esse tipo de granada acaba soltando estilha-

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Como se proteger em manifestações
ços que podem acertar quem estiver por perto, causando ferimentos e queimadu-
ras, e caso acerte os olhos, pode deixar cego.
Em caso de exposição
• Não há muito que se fazer. No máximo o que pode ser feito é se prevenir utili-
zando roupas grossas o suficiente que segurem os estilhaços, óculos de serralhei-
ro ou pintor e protetores auriculares.
• Caso uma destas bombas venha explodir perto de você, nunca tente pegar. Há
o risco dos estilhaços provocarem ferimentos graves e dilacerações. O recomen-
dável é virar de costas para proteger os órgãos vitais;
• Caso seja possível, utilize um escudo ou abrigue-se em algum lugar onde os
estilhaços não possam atingir;
• Lembre-se, é apenas uma arma de distração. Mantenha a calma na hora de
evadir.
Outras dicas
• Caso haja um ferimento pelos estilhaços da bomba de efeito moral, é necessá-
rio avaliar sua gravidade. Em caso de ferimento superficial, limpe a área atingida
com álcool ou sabão neutro;
• Em caso de estilhaços na pele, retire-os com uma pinça, limpe com soro fisioló-
gico e cubra com um curativo simples utilizando gaze;
• Caso o ferimento tenha maior grave, deve-se analisar o risco da permanência da
pessoa no local do conflito e analisar se haverá mais riscos de ser atingido. Leve
a pessoa para um lugar longe da área de conflito e aplique os primeiros socorros;
• Não sendo possível aplicar os primeiros socorros no local, pela gravidade do
ferimento ou pelo grande número de estilhaços, leve a pessoa a um pronto so-
corro comum. Lembre-se que, provavelmente, ao dar entrada no pronto socorro,
a polícia será chamada pela direção da unidade para averiguar o ocorrido.

12. Sintuperj
Servidor da UERJ, da UENF e da UEZO.
Precisamos de você na luta. Vamos defender
nossos direitos e conquistas.
Mas, mais do que estar juntos, prezamos pelo
seu bem estar. Pois sabemos que, sem você,
nossa luta seria impossível.