1. SALVADOR DOMINGO 1/9/2013 OPINIÃO A3
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SIMANCA
“E
u tenho um sonho”, disse Luther
King, 50 anos atrás. O sonho era
bom, era lúcido, porque em parte
se tornou realidade um ano depois, no país
habituado a linchar negros e segregá-los. E
por fim um deles assumiu a Presidência.
A Lei de Direitos Civis assegurou liber-
dade e direitos iguais sem distinções. São
ideais a cada dia mais utópicos, no mundo
atual, mas bater-se por eles, em manifes-
tações pacíficas, dá sentido à vida.
Liberdade sim, desde que consciente.
Igualdade decerto, desde que corresponsá-
vel, fruto de esforço pessoal, e não de de-
cretos populistas. Os Estados Unidos par-
tilham esses princípios por serem uma de-
mocracia histórica norteada por um pen-
samento quase uniforme, compactado.
Liberdade permissiva, à margem da lei,
equidistante da cidadania, acaba em vio-
lência. O Brasil atravessa fase perigosa, com
a onda de homicídios e assaltos e o van-
dalismo que se infiltra em protestos de rua
para depredar, invadir, roubar.
Cresce o sentimento de insegurança total. Só
falta concretizar os indícios de luta de classes
presentes em invasões contínuas da proprie-
dade e em atos de banditismo. Há um ter-
rorismo pelo menos latente. E, quem sabe, o
prenúncio de entrechoques raciais.
No “Fora Cabral” do início da semana,
contra um governador que não se deu ao
respeito, uma adolescente levou um tiro de
bala de borracha na cabeça. Saiu amparada,
com o rosto a sangrar. Outra mulher, caída,
foi espancada por dois PMs. Onde o direito
de livre manifestação, se a polícia, mal
orientada e adestrada, em vez de deter os
baderneiros bate a torto e a direito?
Significativamente, naquele episódio, um
vândalo ameaçou um grupo “burguesinho”
que, das janelas, protestava contra a de-
predação. De onde vem a horda da baderna,
quem a monitora e financia? O governo
mandou apurar? Se sabe, por que a deixa
agir? São perguntas que se dissolvem na
indiferença. Positivamente pendemos mais
para o inferno do que para o céu.
HÉLIO PÓLVORA ESCREVE AOS DOMINGOS
Hélio Pólvora
Escritor, membro da Academia de Letras da
Bahia
hpolvora@gmail.com
H
á pouco mais de um mês do tér-
mino da Jornada Mundial da Juven-
tude do Rio de Janeiro, continuam
sendo escritos inúmeros artigos e repor-
tagens sobre aquele momento para o qual
convergiram os olhos do Brasil e do mundo.
Quem esteve presente nos dois encontros
de Copacabana, presididos pelo papa Fran-
cisco – sábado à noite, na adoração eu-
carística, e domingo de manhã, na santa
missa do envio dos jovens –, ficou par-
ticularmente tocado por uma experiência
única: a experiência do silêncio.
Nas duas ocasiões, pediu-se à multidão que
ficasse em silêncio orante. E os jovens – três
milhões e quinhentos mil? Três milhões e
setecentos mil? – se recolheram em oração,
num silêncio que só era interrompido pelo
barulho das ondas do mar estourando nas
areias da praia de Copacabana. Quem fechasse
os olhos teria a impressão de estar sozinho,
mas numa situação diferente daquela expe-
rimentada por alguém que fosse para o de-
serto: o silêncio de uma multidão fala mais do
que milhares de palavras.
Penso nas orações feitas naqueles minutos
que duraram horas, que duraram uma eter-
nidade. Quantos agradecimentos, louvores e
pedidos se elevaram aos céus, nas mais di-
versas línguas do mundo! Para sintetizar num
poema a grandeza daquela experiência, seria
preciso ter a sensibilidade do Salmista: “Dai
graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é
a sua misericórdia!”, ou a capacidade do profeta
Daniel: “Obras do Senhor, bendizei o Senhor,
louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!”
Em qualquer época que ocorresse uma ex-
periência assim, tal momento seria visto como
rico de significados. Vividos no início do ter-
ceiro milênio, tem um particular simbolismo.
Nossa época será reconhecida no futuro como
a da palavra. Como se fala! Quanto se fala!
Fala-se em todo lugar e a toda hora, graças,
especialmente, aos celulares. Mais do que a
transmissão de uma ideia ou de um desejo, de
um sentimento ou de um pedido, procura-se
simplesmente falar.
Sou testemunha auricular de muitas con-
versas – por exemplo, em aeroportos.
Acompanho, ainda que involuntariamente,
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil
sec.arcebispo@arquidiocesesalvador.org.br
EDITORIAL
Choque
na educação
Está em debate nos bastidores da Câmara
FederaloprojetodeleideResponsabilidade
Educacional(LRE)que,sepreservadonasua
essência, dará forte impulso à educação de
base no país. Prefeitos e governadores em
débito com as metas fixadas ficariam qua-
tro anos inelegíveis.
Seria um mecanismo de choque asse-
melhado à Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF); um sumário de 14 projetos apresen-
tados desde 2006, centrados na punição de
gestores omissos ou que desviam recursos
da Educação. Seu relator, Raul Henry
(PMDB-PE), prevê votação até novembro.
No caso de receitas municipais e esta-
duais insuficientes, os governantes teriam
direito a repasses suplementares do Mi-
nistério da Educação (MEC). Não sendo
atingido o padrão mínimo de qualidade e
ampliação do ensino, eles sofreriam ação
civil ao cabo de cinco anos.
Oprojetoestipulacincopadrõesmínimos
a serem exigidos das escolas públicas: bi-
bliotecacomacervocompatívelaonúmero
dealunos,espaçoparaapráticadeesportes,
laboratório de informática, programa de
reforço escolar e divulgação bimestral do
currículo ministrado.
Nem tudo seria exigência ou punição.
Municípios e estados com notas crescentes
noIdeb(ÍndicedeDesenvolvimentodaEdu-
cação Básica) fariam jus a um bônus de 4%
do orçamento do MEC para aplicar, dessa
vez a critério seu, em ações educativas.
Bom demais para ser verdade, dirão os
pessimistas. O que esperar do fisiologismo
dos parlamentares? Mas não custa tentar o
salto qualitativo e tirar o país do lugar
penoso a que chegou em Educação, no âm-
bito de países desenvolvidos e emergentes.
Audiências públicas com a participação
de técnicos garantiriam eficácia à nova lei
em prol da qualidade do ensino, enquanto
se criam condições para extrair petróleo do
pré-sal – em especial na Bacia de Santos – e
convertê-lo nos sonhados royalties desti-
nados a formar novos agentes de desen-
volvimento. A Coreia do Sul apostou na
educação em vários níveis e emerge como
potência.
“Os celulares são quase como uma extensão das
mãos dessa geração. Como exigir isso (não usar na
escola) de adolescentes?” HELOÍSA SOUZA, professora e mestre em educação
Liberdade
e vandalismo
O silêncio
da multidão
as mensagens que se sucedem: “Estou indo
para o avião... Estou entrando no avião... A
porta do avião está sendo fechada... Quando
chegar, eu te ligo...” Às vezes, pergunto a
meus botões: O que será que cada qual está
realmente querendo dizer? Tento adivi-
nhar. Opção 1: “Telefono, logo, existo”; op-
ção 2: “Alguém me escuta, portanto, não
estou sozinho”; opção 3: “Comunico-me, o
que significa que sou amado”; opção 4...
Antecipei, antes, que nossa época será
conhecida no futuro como a geração da
palavra. Mas será reconhecida como a ge-
ração do diálogo? Não é o que se vê, sem
grande esforço, por toda a parte. Já perdi a
capacidade de me surpreender ao ver um
grupo de quatro ou cinco jovens, de um
casal passeando ou de uma família almo-
çando, voltados, cada qual, para seu apa-
relhinho, digitando. Retorno o pensamento
para os meus botões: “Curioso! Importante
não é aquele ou aquela que está ali, a seu
lado. Importante é quem está lá na Rússia,
em Ushuaia ou no Deserto de Atacama!” Ou
vai ver que tais pessoas estão se comu-
nicando entre si, graças à preciosa ajuda
das (criativas!) empresas telefônicas?
Nosso mundo, que fala tanto, será iden-
tificado no futuro como aquele que soube
crescer no relacionamento com Deus? Se
Deus usasse celular, talvez sim... Pergun-
taram a um monge do Monte Athos (Grécia)
por que ele e seus companheiros rezavam
tanto. Eis sua resposta: “No Ocidente co-
manda a ação. São muitos os que nos façam
essa pergunta – isto é, os que querem saber
como podemos ficar tantas horas na Igreja
sem fazer nada. Respondo com uma per-
gunta: O que faz o embrião no ventre ma-
terno? Nada, mas porque está no ventre de
sua mãe, se desenvolve e cresce. Assim o
monge. Guarda o espaço santo onde está, e
é guardado e plasmado por esse espaço.”
No silêncio “ouvido” na praia de Copa-
cabana, os jovens nos deram muitas lições.
Penso que uma de suas lições mais im-
portantes foi esta: É preciso reaprendermos
a arte de escutar o silêncio de Deus.
D. MURILO KRIEGER ESCREVE AOS DOMINGOS