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Product: OGlobo PubDate: 09-04-2012 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_F User: Schinaid Time: 04-08-2012 19:35 Color: K




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                                                                                                                  O GLOBO
                                                          TEMA EM DISCUSSÃO: Aplicação plena da Ficha Limpa nas próximas eleições

              NOSSA OPINIÃO                                                                                                              OUTRA OPINIÃO


        Desafio para o TSE                                                                                                          Quem julga é o eleitor
        A
                 aprovação da Lei Complementar 135/           de o STF decidir que a Ficha Limpa vale pa-                           JONAS LOPES DE CARVALHO NETO                        O que não pode haver num estado demo-
                  2010, conhecida como Lei da Ficha           ra as eleições deste ano, e que condenados                                                                             crático de direito é a insegurança jurídica,



                                                                                                                                    D
                  Limpa, foi uma das maiores conquis-         por improbidade administrativa — assim                                          epois de vivenciar tantos escândalos   vale dizer, afastar a incidência de garantias
                  tas da sociedade brasileira. Sua trami-     como aqueles processados por ações cri-                                         e denúncias de corrupção, o cidadão    constitucionais como a presunção de ino-
        tação, a partir de um projeto de lei de iniciativa    minais — não podem participar do pleito. O                                      brasileiro tem obsessão pela honesti-  cência, sob a falaciosa justificativa de mora-
        de entidades de comprovada representativi-            documento do TSE determina que os candi-                                        dade de seus políticos. Por isso, a    lizar a classe política. É um precedente peri-
        dade em suas áreas de ação, foi exemplo per-          datos apresentem apenas certidões negati-                             chamada Lei da Ficha Limpa mobilizou tanto a     goso para uma sociedade que ostenta o sta-
        feito da eficácia da democracia como sistema          vas criminais. Ainda que tenham sido con-                             sociedade e a opinião pública. Vislumbrava-se    tus de democracia. Se a preocupação do ci-
        político. A proposta ganhou corpo, avalizada          denados por improbidade, essa ressalva,                               com a lei a possibilidade de os maus candida-    dadão é garantir a lisura dos pleitos, respei-
        por 1,3 milhão de assinaturas, e se impôs no          prevista como impeditiva na Lei da Ficha                              tos ficarem de fora dos pleitos, punidos por     temos a Constituição.
        Congresso como explícito — e inquestionável           Limpa, somente se inscreve em certidões                               seus erros. A questão é controversa, pois, des-     Nesse sentido, louvemos a decisão do Tri-
        — desejo do povo brasileiro de ver consagra-          cíveis — que, pela resolução do TSE, adver-                           sa forma, a condenação do candidato, seja        bunal Superior Eleitoral (TSE) de negar a qui-
        do nas instituições republicanas um dispositi-        tem procuradores, os postulantes estariam                             qual for a acusação, virá da sociedade e não da  tação eleitoral — e, por conseguinte, a possi-
        vo capaz de afastar da vida pública candidatos        desobrigados de apresentar.                                           Justiça. E uma condenação em primeira ins-       bilidade de registro de candidaturas — a polí-
        de plataformas pífias e prontuários alentados.           A questão dos prazos que os promotores te-                         tância ou até mesmo por órgãos colegiados        ticos que tiverem as contas de campanha re-
          Aprovada no Parlamento e referendada no             rão para impugnar candidaturas com base na                            não pode ferir o princípio da presunção da ino-  provadas. Se, antes, apresentar a prestação
        Supremo Tribunal Federal, a lei                                      Ficha Limpa é outro nó que me-                         cência. Se levarmos em conta que                                de contas bastava — salvo nos
        está em vigor e precisa funcionar                                    rece atenção. Por comparação,                          muitos julgamentos de colegia-                                  casos em que houvesse ações
        nas próximas eleições como efeti-                                    se for levado em conta o núme-                         dos têm caráter mais político, a                                próprias de contestação —,
        vo filtro contra postulações que         O país não pode             ro de candidatos a prefeito, vi-                       injustiça é ainda maior e fere a       Se o objetivo é          agora, esses dados têm que ser
        notoriamente pretendem fazer da                                      ce-prefeito e vereadores que se                        nossa Carta Magna.                                              reais e muito bem documenta-
        representação política mero ins-         mais prescindir apresentaram às urnas em 2008                                        Além disso, em um Estado de-          garantir lisura         dos. Esse processo administra-
        trumento para alcançar ou pre-                                       (pouco menos de 382 mil), o Mi-                        mocrático, o cidadão deve ter di-                               tivo coíbe a prática de caixa
        servar interesses que passam ao          desse essencial             nistério Público eleitoral terá de                     reito de votar em quem quiser, in-        nos pleitos,          dois e dá igualdade de condi-
        largo da razão de ser das Casas le-                                  analisar, por dia, ao longo da                         dependentemente da folha corri-                                 ções aos candidatos.
        gislativas. Ocorre, no entanto,                filtro das            campanha, uma média de 76 mil                          da do candidato. Ao legitimar a          respeite-se a            A falha na legislação que exi-
        que, por falta de estrutura dos tri-                                 pedidos de registro em todo o                          Lei da Ficha Limpa, o Supremo                                   gia apenas a apresentação das
        bunais eleitorais, o país corre o          candidaturas              país. A tarefa já era hercúlea an-                     Tribunal Federal (STF) nega esse         Constituição           contas precisava ser corrigi-
        risco de adiar a aplicação plena                                     tes das exigências da nova legis-                      direito. Mesmo que tenha toma-                                  da, pois tornava o pleito pou-
        do conceito da lei. A ameaça re-                                     lação; com as novas normas exi-                        do essa decisão visando a saciar                                co transparente. Cobrar que
        cai, entre outros, num dos pontos                                    gidas pela lei eleitoral, o traba-                     um desejo de justiça que ecoava                                 cada receita e cada despesa
        de maior rigor asséptico estabelecido sob ins-        lho de analisar folhas corridas tornou-se ainda                       nas ruas, a decisão da Corte não garante que     da campanha eleitoral sejam comprovadas
        piração da lei — aquele que impede o registro         mais complexo.                                                        maus políticos sejam eleitos.                    é, sim, uma medida constitucional e que
        de candidatos cujas contas de campanha não               São questões, no entanto, que nem de longe                           Afinal, nem todos os que envergonham os        promoverá eleições mais limpas.
        tenham sido aprovadas, os contas-sujas. Co-           justificam eventuais novos adiamentos da apli-                        brasileiros têm ficha suja e muitos daqueles        A reivindicação da sociedade por polí-
        mo nem todas as prestações de contas foram            cação da lei. Se há dificuldades na adoção ple-                       beatificados pelos defensores da ética e da mo-  ticos idôneos é válida. Mas isso deve ser
        analisadas, surgem brechas para a ação de ad-         na da Ficha Limpa, este é um desafio do qual o                        ral possuem ficha limpa perante a Justiça, mas   garantido com respeito à Constituição.
        vogados. Mesmo que já tenha sido decidido             TSE não pode se eximir de enfrentar — e resol-                        na vida privada mantêm relações inescrupulo-     Envolvido ou não em campanhas eleito-
        que candidaturas serão registradas com as             ver. Trata-se de dispositivo aprovado em 2010,                        sas com setores da contravenção penal e com      rais, todo cidadão tem direitos que preci-
        contas de 2010 ainda não auditadas..                  e, mesmo tendo ficado à espera de referendo                           o crime organizado, transformando aquele ou-     sam ser respeitados. O Poder Judiciário
          Outro problema: procuradores da Justiça             do STF, foi convalidado em definitivo pela Cor-                       trora considerado ficha-suja num cidadão aci-    tem que atuar de maneira técnica, respei-
        Eleitoral alertam que a resolução do Tribu-           te. Num momento político em que se choca                              ma de qualquer suspeita. A sociedade deve ter    tando as leis e sem se deixar levar pela
        nal Superior Eleitoral (TSE) que determina            com o avanço da corrupção e da criminalidade                          o direto de fazer julgamentos pelo voto e, fa-   emoção que emana do povo.
        quais documentos o postulante deve apre-              nas bancadas legislativas, o país não pode                            zendo isso, pode até errar. O amadurecimento
        sentar ao fazer o pedido de registro da can-          prescindir dessa essencial barreira contra os                         da consciência do eleitor não será assegurado    JONAS LOPES DE CARVALHO NETO é advogado e
        didatura na zona eleitoral foi editada antes          fichas-sujas.                                                         pelo impedimento de candidaturas.                membro da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ.




O interesse nacional
                                                                                                                                                                                                     Marcelo
DENIS LERRER ROSENFIELD                                     cional, inscreve-se em uma preocu-                                                                                                                      jurídica, em um trabalho que se apre-




O
                                                            pação legítima de defesa do interesse                                                                                                                   senta, atualmente, como conjunto
          mundo atual se caracteriza,                       nacional, ao voltar-se, por exemplo,                                                                                                                    entre o governo e a Câmara dos De-
          cada vez mais, por uma per-                       para a questão de propriedade de                                                                                                                        putados, conviria estabelecer alguns
          cepção aguda de que os re-                        terras brasileiras por governos es-                                                                                                                     critérios que, ao mesmo tempo em
          cursos do planeta são fini-                       trangeiros. Consequentemente, tor-                                                                                                                      que assegurassem a soberania nacio-
tos. Cabe, evidentemente, a pergunta                        na-se necessário regulamentar o in-                                                                                                                     nal, sinalizassem para uma abertura
de se essa percepção corresponde                            vestimento na compra de terras de                                                                                                                       para o mundo.
ou não à realidade, pois a própria vi-                      tal modo que obedeça a critérios que                                                                                                                      É necessário fazer a distinção entre
gência do capitalismo tem mostrado,                         ordenem a especulação de terras e o                                                                                                                     empresas brasileiras de capital es-
no decurso de sua história, o surgi-                        investimento de empresas estatais                                                                                                                       trangeiro, com investimentos produ-
mento de novas formas de explora-                           em nosso país. Caberia, aliás, distin-                                                                                                                  tivos, diretos, no país, e investimen-
ção da terra e a invenção de novos                          guir entre empresas estrangeiras pri-                                                                                                                   tos especulativos ou operados por
instrumentos científicos e tecnológi-                       vadas e empresas estrangeiras esta-                                                                                                                     empresas estrangeiras de capital es-
cos. Em todo caso, nossos governan-                         tais, pois seguem objetivos clara-                                                                                                                      tatal.
tes orientam-se por essa percepção,                         mente distintos.                                                                                                                                          O país necessita, por exemplo, ter
que se torna uma espécie de guia da                           Contudo, o parecer da AGU, alte-                                                                                                                      um cadastro nacional de proprieda-
ação política.                                              rando o anterior, distinguiu empre-                                                                                                                     des, instrumento confiável que per-
  Surge, daí, uma preocupação legíti-                       sas brasileiras de capital nacional de                                                                                                                  mita não somente a regulamentação
ma desses governantes em relação à                          empresas brasileiras de capital es-                                                                                                                     do setor, mas torne transparente, pu-
propriedade de terras, pois ela termi-                      trangeiro. Até então, no contexto an-                                                                                                                   blicamente, uma base de dados da
na sendo inserida dentro de um con-                         terior, as duas tinham sido equipara-                                                                                                                   estrutura fundiária nacional.
texto não somente econômico, mas,                           das, usufruindo dos mesmos benefí-           solução satisfatória, até agora, tenha              tam a dezenas de bilhões de dólares,                     Poder-se-ia, igualmente, pensar na
também, geopolítico. Ela vem a ser                          cios e obrigações, sempre em claro           sido apresentada.                                   incluindo, entre outros, os setores                    aplicação do princípio da reciproci-
identificada à soberania nacional. No                       respeito à lei nacional.                       Conviria, assim, fazer a distinção                florestais, de papel e celulose, cana                  dade. Ou seja, países que não permi-
entanto, convém distinguir entre                              A situação terminou por complicar-         entre duas ordens de questões: a) o                 de açúcar e etanol.                                    tem que empresas privadas brasilei-
uma política legítima de defesa do in-                      se ainda mais, pois a referida mudan-        estabelecimento de uma regra de                       Logo, seria necessária a formula-                    ras comprem terras não poderiam
teresse nacional de posições nacio-                         ça de legislação se fez tão somente          transição; b) critérios para uma solu-              ção de uma regra de transição, que                     exigir um tratamento diferente de
nalistas estreitas, que podem vir a                         por um ato administrativo da AGU,            ção definitiva do problema.                         poderia ser feita administrativamen-                   nosso país. Inversamente, países que
ser um empecilho para o desenvolvi-                         não tendo passado pela Câmara dos              A necessidade de uma regra de                     te ou mesmo por medida provisória,                     acolhem empresas brasileiras na
mento econômico nacional.                                   Deputados e pelo Senado. Foi intro-          transição diz respeito à insegurança                que contemplasse as empresas brasi-                    compra de terra teriam um tratamen-
  O mundo globalizado não dá guari-                         duzida, por assim dizer, da noite para       jurídica criada. A imagem mesma do                  leiras de capital estrangeiro com in-                  to equivalente no Brasil. Com isto,
da para nenhum tipo de nacionalis-                          o dia, uma nova regra que alterou            país está em questão, pois não se de-               vestimentos em curso. As empresas                      evitar-se-ia qualquer retórica antiem-
mo estreito, sob pena de o país que                         completamente a área de atuação              ve, administrativamente, por um pa-                 em pauta deveriam comprovar esses                      presarial, mostrando um país aberto
implantá-lo vir a ser o mais prejudica-                     das empresas brasileiras de capital          recer que contradiz um parecer ante-                investimentos por projetos, licenças                   a tratamentos internacionais equita-
do. O Brasil faz parte desse mundo,                         estrangeiro. Note-se que elas opera-         rior do mesmo órgão estatal, alterar                ambientais, licenças de instalação,                    tivos. Exceções seriam tratadas co-
vindo a ocupar nele a sexta posição                         vam normalmente no país e, de re-            abruptamente as regras do jogo me-                  protocolos de intenções junto a go-                    mo tais, em função do interesse naci-
internacional em termos de PIB. Mais                        pente, foram remetidas a uma com-            diante uma legislação infralegal. Em-               vernos municipais e estadual ou ne-                    onal. Trata-se, aliás, de um princípio
precisamente, o país necessita des-                         pleta insegurança.                           presas brasileiras de capital estran-               gociações de compra de terras (con-                    amplamente utilizado no mundo di-
ses capitais internacionais para o seu                        O governo está, agora, debruçado           geiro, com investimentos em curso,                  tratos particulares de compra e ven-                   plomático.
desenvolvimento, condição essa de                           sobre essa questão, assim como a Câ-         não sabem mais como agir. Empresas                  da). O parecer da AGU a elas não se                      O Brasil precisa, urgentemente, do
criação de empregos, aumento da                             mara dos Deputados está elaboran-            com investimentos previstos, licen-                 aplicaria e a segurança jurídica seria                 equacionamento dessa questão.
renda e da competitividade.                                 do um novo projeto de lei visando a          ças ambientais já concedidas e negó-                restabelecida, tendo, ainda, como
  O novo parecer da AGU, que regula-                        equacionar o imbróglio criado. As            cios em andamento vêm-se, assim,                    efeito um grande ganho de imagem                       DENIS LERRER ROSENFIELD é professor
menta a compra de terra por estran-                         idas e vindas têm se multiplicado            impedidas de seguir adiante. Os pre-                para o país.                                           de filosofia na Universidade Federal do
geiros e redefine o que é empresa na-                       nesses últimos meses, sem que uma            juízos econômicos para o país mon-                    Uma vez restabelecida a segurança                    Rio Grande do Sul.

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Debate sobre aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2012

  • 1. Product: OGlobo PubDate: 09-04-2012 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_F User: Schinaid Time: 04-08-2012 19:35 Color: K 6 Segunda-feira, 9 de abril de 2012 O GLOBO TEMA EM DISCUSSÃO: Aplicação plena da Ficha Limpa nas próximas eleições NOSSA OPINIÃO OUTRA OPINIÃO Desafio para o TSE Quem julga é o eleitor A aprovação da Lei Complementar 135/ de o STF decidir que a Ficha Limpa vale pa- JONAS LOPES DE CARVALHO NETO O que não pode haver num estado demo- 2010, conhecida como Lei da Ficha ra as eleições deste ano, e que condenados crático de direito é a insegurança jurídica, D Limpa, foi uma das maiores conquis- por improbidade administrativa — assim epois de vivenciar tantos escândalos vale dizer, afastar a incidência de garantias tas da sociedade brasileira. Sua trami- como aqueles processados por ações cri- e denúncias de corrupção, o cidadão constitucionais como a presunção de ino- tação, a partir de um projeto de lei de iniciativa minais — não podem participar do pleito. O brasileiro tem obsessão pela honesti- cência, sob a falaciosa justificativa de mora- de entidades de comprovada representativi- documento do TSE determina que os candi- dade de seus políticos. Por isso, a lizar a classe política. É um precedente peri- dade em suas áreas de ação, foi exemplo per- datos apresentem apenas certidões negati- chamada Lei da Ficha Limpa mobilizou tanto a goso para uma sociedade que ostenta o sta- feito da eficácia da democracia como sistema vas criminais. Ainda que tenham sido con- sociedade e a opinião pública. Vislumbrava-se tus de democracia. Se a preocupação do ci- político. A proposta ganhou corpo, avalizada denados por improbidade, essa ressalva, com a lei a possibilidade de os maus candida- dadão é garantir a lisura dos pleitos, respei- por 1,3 milhão de assinaturas, e se impôs no prevista como impeditiva na Lei da Ficha tos ficarem de fora dos pleitos, punidos por temos a Constituição. Congresso como explícito — e inquestionável Limpa, somente se inscreve em certidões seus erros. A questão é controversa, pois, des- Nesse sentido, louvemos a decisão do Tri- — desejo do povo brasileiro de ver consagra- cíveis — que, pela resolução do TSE, adver- sa forma, a condenação do candidato, seja bunal Superior Eleitoral (TSE) de negar a qui- do nas instituições republicanas um dispositi- tem procuradores, os postulantes estariam qual for a acusação, virá da sociedade e não da tação eleitoral — e, por conseguinte, a possi- vo capaz de afastar da vida pública candidatos desobrigados de apresentar. Justiça. E uma condenação em primeira ins- bilidade de registro de candidaturas — a polí- de plataformas pífias e prontuários alentados. A questão dos prazos que os promotores te- tância ou até mesmo por órgãos colegiados ticos que tiverem as contas de campanha re- Aprovada no Parlamento e referendada no rão para impugnar candidaturas com base na não pode ferir o princípio da presunção da ino- provadas. Se, antes, apresentar a prestação Supremo Tribunal Federal, a lei Ficha Limpa é outro nó que me- cência. Se levarmos em conta que de contas bastava — salvo nos está em vigor e precisa funcionar rece atenção. Por comparação, muitos julgamentos de colegia- casos em que houvesse ações nas próximas eleições como efeti- se for levado em conta o núme- dos têm caráter mais político, a próprias de contestação —, vo filtro contra postulações que O país não pode ro de candidatos a prefeito, vi- injustiça é ainda maior e fere a Se o objetivo é agora, esses dados têm que ser notoriamente pretendem fazer da ce-prefeito e vereadores que se nossa Carta Magna. reais e muito bem documenta- representação política mero ins- mais prescindir apresentaram às urnas em 2008 Além disso, em um Estado de- garantir lisura dos. Esse processo administra- trumento para alcançar ou pre- (pouco menos de 382 mil), o Mi- mocrático, o cidadão deve ter di- tivo coíbe a prática de caixa servar interesses que passam ao desse essencial nistério Público eleitoral terá de reito de votar em quem quiser, in- nos pleitos, dois e dá igualdade de condi- largo da razão de ser das Casas le- analisar, por dia, ao longo da dependentemente da folha corri- ções aos candidatos. gislativas. Ocorre, no entanto, filtro das campanha, uma média de 76 mil da do candidato. Ao legitimar a respeite-se a A falha na legislação que exi- que, por falta de estrutura dos tri- pedidos de registro em todo o Lei da Ficha Limpa, o Supremo gia apenas a apresentação das bunais eleitorais, o país corre o candidaturas país. A tarefa já era hercúlea an- Tribunal Federal (STF) nega esse Constituição contas precisava ser corrigi- risco de adiar a aplicação plena tes das exigências da nova legis- direito. Mesmo que tenha toma- da, pois tornava o pleito pou- do conceito da lei. A ameaça re- lação; com as novas normas exi- do essa decisão visando a saciar co transparente. Cobrar que cai, entre outros, num dos pontos gidas pela lei eleitoral, o traba- um desejo de justiça que ecoava cada receita e cada despesa de maior rigor asséptico estabelecido sob ins- lho de analisar folhas corridas tornou-se ainda nas ruas, a decisão da Corte não garante que da campanha eleitoral sejam comprovadas piração da lei — aquele que impede o registro mais complexo. maus políticos sejam eleitos. é, sim, uma medida constitucional e que de candidatos cujas contas de campanha não São questões, no entanto, que nem de longe Afinal, nem todos os que envergonham os promoverá eleições mais limpas. tenham sido aprovadas, os contas-sujas. Co- justificam eventuais novos adiamentos da apli- brasileiros têm ficha suja e muitos daqueles A reivindicação da sociedade por polí- mo nem todas as prestações de contas foram cação da lei. Se há dificuldades na adoção ple- beatificados pelos defensores da ética e da mo- ticos idôneos é válida. Mas isso deve ser analisadas, surgem brechas para a ação de ad- na da Ficha Limpa, este é um desafio do qual o ral possuem ficha limpa perante a Justiça, mas garantido com respeito à Constituição. vogados. Mesmo que já tenha sido decidido TSE não pode se eximir de enfrentar — e resol- na vida privada mantêm relações inescrupulo- Envolvido ou não em campanhas eleito- que candidaturas serão registradas com as ver. Trata-se de dispositivo aprovado em 2010, sas com setores da contravenção penal e com rais, todo cidadão tem direitos que preci- contas de 2010 ainda não auditadas.. e, mesmo tendo ficado à espera de referendo o crime organizado, transformando aquele ou- sam ser respeitados. O Poder Judiciário Outro problema: procuradores da Justiça do STF, foi convalidado em definitivo pela Cor- trora considerado ficha-suja num cidadão aci- tem que atuar de maneira técnica, respei- Eleitoral alertam que a resolução do Tribu- te. Num momento político em que se choca ma de qualquer suspeita. A sociedade deve ter tando as leis e sem se deixar levar pela nal Superior Eleitoral (TSE) que determina com o avanço da corrupção e da criminalidade o direto de fazer julgamentos pelo voto e, fa- emoção que emana do povo. quais documentos o postulante deve apre- nas bancadas legislativas, o país não pode zendo isso, pode até errar. O amadurecimento sentar ao fazer o pedido de registro da can- prescindir dessa essencial barreira contra os da consciência do eleitor não será assegurado JONAS LOPES DE CARVALHO NETO é advogado e didatura na zona eleitoral foi editada antes fichas-sujas. pelo impedimento de candidaturas. membro da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ. O interesse nacional Marcelo DENIS LERRER ROSENFIELD cional, inscreve-se em uma preocu- jurídica, em um trabalho que se apre- O pação legítima de defesa do interesse senta, atualmente, como conjunto mundo atual se caracteriza, nacional, ao voltar-se, por exemplo, entre o governo e a Câmara dos De- cada vez mais, por uma per- para a questão de propriedade de putados, conviria estabelecer alguns cepção aguda de que os re- terras brasileiras por governos es- critérios que, ao mesmo tempo em cursos do planeta são fini- trangeiros. Consequentemente, tor- que assegurassem a soberania nacio- tos. Cabe, evidentemente, a pergunta na-se necessário regulamentar o in- nal, sinalizassem para uma abertura de se essa percepção corresponde vestimento na compra de terras de para o mundo. ou não à realidade, pois a própria vi- tal modo que obedeça a critérios que É necessário fazer a distinção entre gência do capitalismo tem mostrado, ordenem a especulação de terras e o empresas brasileiras de capital es- no decurso de sua história, o surgi- investimento de empresas estatais trangeiro, com investimentos produ- mento de novas formas de explora- em nosso país. Caberia, aliás, distin- tivos, diretos, no país, e investimen- ção da terra e a invenção de novos guir entre empresas estrangeiras pri- tos especulativos ou operados por instrumentos científicos e tecnológi- vadas e empresas estrangeiras esta- empresas estrangeiras de capital es- cos. Em todo caso, nossos governan- tais, pois seguem objetivos clara- tatal. tes orientam-se por essa percepção, mente distintos. O país necessita, por exemplo, ter que se torna uma espécie de guia da Contudo, o parecer da AGU, alte- um cadastro nacional de proprieda- ação política. rando o anterior, distinguiu empre- des, instrumento confiável que per- Surge, daí, uma preocupação legíti- sas brasileiras de capital nacional de mita não somente a regulamentação ma desses governantes em relação à empresas brasileiras de capital es- do setor, mas torne transparente, pu- propriedade de terras, pois ela termi- trangeiro. Até então, no contexto an- blicamente, uma base de dados da na sendo inserida dentro de um con- terior, as duas tinham sido equipara- estrutura fundiária nacional. texto não somente econômico, mas, das, usufruindo dos mesmos benefí- solução satisfatória, até agora, tenha tam a dezenas de bilhões de dólares, Poder-se-ia, igualmente, pensar na também, geopolítico. Ela vem a ser cios e obrigações, sempre em claro sido apresentada. incluindo, entre outros, os setores aplicação do princípio da reciproci- identificada à soberania nacional. No respeito à lei nacional. Conviria, assim, fazer a distinção florestais, de papel e celulose, cana dade. Ou seja, países que não permi- entanto, convém distinguir entre A situação terminou por complicar- entre duas ordens de questões: a) o de açúcar e etanol. tem que empresas privadas brasilei- uma política legítima de defesa do in- se ainda mais, pois a referida mudan- estabelecimento de uma regra de Logo, seria necessária a formula- ras comprem terras não poderiam teresse nacional de posições nacio- ça de legislação se fez tão somente transição; b) critérios para uma solu- ção de uma regra de transição, que exigir um tratamento diferente de nalistas estreitas, que podem vir a por um ato administrativo da AGU, ção definitiva do problema. poderia ser feita administrativamen- nosso país. Inversamente, países que ser um empecilho para o desenvolvi- não tendo passado pela Câmara dos A necessidade de uma regra de te ou mesmo por medida provisória, acolhem empresas brasileiras na mento econômico nacional. Deputados e pelo Senado. Foi intro- transição diz respeito à insegurança que contemplasse as empresas brasi- compra de terra teriam um tratamen- O mundo globalizado não dá guari- duzida, por assim dizer, da noite para jurídica criada. A imagem mesma do leiras de capital estrangeiro com in- to equivalente no Brasil. Com isto, da para nenhum tipo de nacionalis- o dia, uma nova regra que alterou país está em questão, pois não se de- vestimentos em curso. As empresas evitar-se-ia qualquer retórica antiem- mo estreito, sob pena de o país que completamente a área de atuação ve, administrativamente, por um pa- em pauta deveriam comprovar esses presarial, mostrando um país aberto implantá-lo vir a ser o mais prejudica- das empresas brasileiras de capital recer que contradiz um parecer ante- investimentos por projetos, licenças a tratamentos internacionais equita- do. O Brasil faz parte desse mundo, estrangeiro. Note-se que elas opera- rior do mesmo órgão estatal, alterar ambientais, licenças de instalação, tivos. Exceções seriam tratadas co- vindo a ocupar nele a sexta posição vam normalmente no país e, de re- abruptamente as regras do jogo me- protocolos de intenções junto a go- mo tais, em função do interesse naci- internacional em termos de PIB. Mais pente, foram remetidas a uma com- diante uma legislação infralegal. Em- vernos municipais e estadual ou ne- onal. Trata-se, aliás, de um princípio precisamente, o país necessita des- pleta insegurança. presas brasileiras de capital estran- gociações de compra de terras (con- amplamente utilizado no mundo di- ses capitais internacionais para o seu O governo está, agora, debruçado geiro, com investimentos em curso, tratos particulares de compra e ven- plomático. desenvolvimento, condição essa de sobre essa questão, assim como a Câ- não sabem mais como agir. Empresas da). O parecer da AGU a elas não se O Brasil precisa, urgentemente, do criação de empregos, aumento da mara dos Deputados está elaboran- com investimentos previstos, licen- aplicaria e a segurança jurídica seria equacionamento dessa questão. renda e da competitividade. do um novo projeto de lei visando a ças ambientais já concedidas e negó- restabelecida, tendo, ainda, como O novo parecer da AGU, que regula- equacionar o imbróglio criado. As cios em andamento vêm-se, assim, efeito um grande ganho de imagem DENIS LERRER ROSENFIELD é professor menta a compra de terra por estran- idas e vindas têm se multiplicado impedidas de seguir adiante. Os pre- para o país. de filosofia na Universidade Federal do geiros e redefine o que é empresa na- nesses últimos meses, sem que uma juízos econômicos para o país mon- Uma vez restabelecida a segurança Rio Grande do Sul. N ORGANIZAÇÕES GLOB0 FALE COM O GLOBO Presidente: Roberto Irineu Marinho Classifone: (21) 2534-4333 Para assinar: (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine Geral e Redação: (21) 2534-5000 Vice-Presidentes: João Roberto Marinho ● José Roberto Marinho AG Ê N C I A O G L O B O P U B L I C I DA D E SUCURSAIS A S S I N AT U R A V E N DA AV U L S A AT E N D I M E N T O OGLOBO DE NOTÍCIAS Noticiário: (21) 2534-4310 Belo Horizonte: Atendimento ao assinante ESTADOS DIAS ÚTEIS DOMINGOS AO L E I T O R é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 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