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A MÚSICA NO PERÍODO CLÁSSICO: MOZART E O IDEALISMO ARTES-
CIÊNCIAS
Maria Lúcia Netto Grillo
UERJ
mluciag@uerj.br
Luiz Roberto Perez L. Baptista
UERJ
maestroluizroberto@ig.com.br
Adílio Jorge Marques
UFF
adiliojm@gmail.com
Ricardo Pereira Martins
UERJ
rico_byroniano@yahoo.com.br
Resumo: O período Clássico mostra uma racionalidade quase que cartesiana,
denotando que arte e ciência são encaradas como extensão uma da outra. É
afirmada uma nova forma de se pensar o mundo e a Arte: ciência e cultura devem
dispensar o mesmo rigor formal nas suas análises e produções. A música do
classicismo teve início principalmente com dois filhos de Johann Sebastian Bach:
Johann Christian Bach e Carl Philipp Emanuel Bach. Um dos grandes expoentes da
época foi Mozart. Fizemos uma breve análise sobre sua vida e sua Sinfonia 41 e das
contribuições da música da época até hoje, além das dificuldades da sociedade da
época, contra as quais Mozart lutou, com consequências trágicas para sua vida.
Palavras-chave: classicismo, artes, natureza, música, Mozart
Introdução
Sendo o Classicismo ligado com a essência do fenômeno humano, ao
entendimento da relação desses fenômenos com a physis, ou seja, a natureza, este
período cultural mostra, nas suas manifestações, uma racionalidade quase que
cartesiana, denotando que arte e ciência são encaradas como extensão uma da
outra. A música, por exemplo, sempre é uma forma de expressão da sua época. No
período que sucede o Barroco essa arte também sofreu transformações, já que o
mundo também passava por mudanças em todas as áreas de conhecimento: a
Literatura com Voltaire, a Filosofia com o racionalismo de Kant e a sociologia com
Adam Smith, com o seu “Manifesto teórico sobre o desenvolvimento científico da
economia no século XVIII”, de 1776, na obra “A Riqueza das Nações” (MEDAGLIA,
2008, p. 83). Assim, parece que se afirma aqui uma nova forma de se pensar o
mundo e a Arte: ciência e cultura devem dispensar o mesmo rigor formal nas suas
análises e produções. Ao artista que vai retratar o corpo humano, por exemplo, seja
na pintura, na escultura, etc, ter o conhecimento científico de como o nosso
organismo se apresenta, e como funciona, passou a ser fundamental. Devia haver
semelhança entre o que a Arte representava aos sentidos dos seus espectadores,
muitos da elite social daquela época, e a realidade (HENRY, 1998).
A música do classicismo (de aproximadamente 1750 a 1820) teve início
principalmente com dois filhos de Johann Sebastian Bach: Johann Christian Bach
(1735-1782) e Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788). Segundo Carpeaux (2009,
p.138), Christian Bach foi o primeiro que no concerto para solista e orquestra
substituiu o cravo pelo piano e Philipp Bach foi o responsável pelo desenvolvimento
da forma sonata para piano solo. Nessa época, o então menino prodígio Wolfgang
Amadeus Mozart (1756-1791) teve oportunidade de assistir algumas apresentações
dos Bach, que muito o impressionaram e influenciaram (CHAIM, 2006).
A música instrumental ganhou mais importância. Os instrumentos ganharam
uma linguagem própria, deixando de serem utilizados apenas para
acompanhamento de canto. Segundo Medaglia (2008, p. 84), as melodias ganham
mais fluência, leveza e até simplicidade. Em alguns desenvolvimentos do discurso
musical o contraponto é também usado, mas não como técnica predominante. O
timbre dos diferentes instrumentos ganha maior importância bem como a dinâmica
(forte e piano). Toda a base da orquestração moderna nasce nesse período. Duas
orquestras tiveram destaque: a de Mannheim, na Alemanha, criada por Johann
Stamitz, que reuniu principalmente músicos austríacos, e a de Viena, de Georg
Christoph Wagenseil (1715-1777), compositor austríaco. Também foram da
orquestra de Mannheim, segundo Carpeaux (2009, p. 144), o vienense Ignaz
Holzbauer (1711-1783), autor de Singspiele (pequenas óperas nas quais o recitativo
era substituído por texto falado em alemão), que teve importante influência sobre
Mozart e Karl Stamitz (1746-1801), que foi mozartiano. Surge a perspectiva da
postura da Grécia Antiga de que a arte deve atingir o Bom, o Belo e o Verdadeiro.
Relembra-se Sócrates, Platão e Aristóteles, sequência de Mestres e discípulos, um
modelo que se mantém nas Artes em geral. A beleza é extremamente valorizada e
deve conduzir os homens para a Verdade. Mozart parece incorporado desse espírito
de sua época, como veremos adiante. A mais antiga de todas as sinfonias foi escrita
em 1740, por Georg Mathias Monn (1717-1750), da orquestra de Viena. Monn foi o
primeiro que empregou o mesmo esquema da sinfonia (em 4 movimentos) para um
concerto de solista: concerto para violoncelo e orquestra em sol menor, que foi
reeditado, na coleção Monumentos da Música na Áustria (vol. XIX, t. 2), de Arnold
Shoenberg (1874-1951). Segundo Carpeaux (2009, p. 145), a forma musical da
sonata foi desenvolvida pela orquestra de Viena: “uma nova música instrumental,
baseada no contraste dramático de temas e tonalidades, dramaticidade abrandada
pelo otimismo do século racionalista e pela boa educação da sociedade aristocrática
que mandava restringir a expressão dos sentimentos” (CARPEAUX, 2009, p.146).
Dois fatos importantes incentivaram o aumento da produção musical: o
aperfeiçoamento do piano e o aperfeiçoamento da edição musical. Segundo
Medaglia (2008, p. 85), os quatro grandes compositores da época foram: o alemão
Christoph Willibard Gluck (1714-1787), famoso por suas óperas e reformas
estruturais no gênero; Franz Joseph Haydn (1732-1809), austríaco que escreveu
mais de 100 sinfonias, muitas músicas de câmara e oratórios, sendo o principal
compositor que influenciou o chamado “Barroco mineiro”, com José Joaquim
Emérico Lobo de Mesquita (1746-1805) e o padre José Maurício Nunes Garcia
(1767-1830); Mozart, também austríaco, nascido em Salzburg, já citado
anteriormente, e que foi impecável e criativo em todas as áreas – música sinfônica,
concertante, camerística e operística; e, finalmente, Ludwig van Bethoven (1770-
1827), alemão considerado o ponto culminante do classicismo e o introdutor do
estilo seguinte, o romantismo.
Com o crescimento do número de instrumentos e de músicos nas orquestras,
o grupo não podia mais ser dirigido por um dos instrumentistas (em geral do cravo
ou do primeiro violino spalla), surge então o maestro ou regente (curso superior que
hoje leva 6 anos), que tinha como “instrumento” a própria orquestra, que podia ser
acompanhada de um coral. Além das grandes orquestras eram comuns os
pequenos grupos instrumentais, chamados de câmara. Segundo Medaglia (2008, p.
92), o quarteto de cordas, com dois violinos, uma viola e um violoncelo foi a forma
camerística mais importante do período. Os principais autores de quartetos foram
Luigi Boccherini (1743-1805), com 91, Haydn, com 83, Mozart, com 26 e Beethoven,
com 16. A sonata para piano solo foi muito difundida, bem como a ópera (CHAIM,
2006).
Percebe-se, então, que para atingir um ideal na reprodução daquilo que se
podia ver e sentir, os intelectuais e artistas do Classicismo, necessitaram conhecer,
como verdadeiros naturalistas, o mundo que os cercava. Aprofundaram muito o
conhecimento sobre a constituição da natureza em geral – em seus aspectos
biológicos, na Medicina, no estudo da Óptica, na Matemática, e na Acústica. Só com
o estudo da Óptica, por exemplo, se poderia dar às pinturas daquela época a noção
de perspectiva e de tridimensionalidade características de corpos sólidos.
Wolfgang Amadeus Mozart
Dentre os compositores mais importantes da época, escolhemos Mozart, por
sua genialidade, originalidade e por sua “presença viva” ainda hoje. Sua atuação é
considerada brilhante em todos os estilos musicais, tanto instrumentais como vocais.
Filho de Leopold Mozart, violinista na corte do Arcebispo de Salzburg, iniciou seus
estudos de piano, violino e harmonia aos 4 anos de idade. Aos 5 anos já escrevia
suas primeiras composições. Aos 6 anos fez suas primeiras apresentações em
Munique e Viena, com grande sucesso. Aos 8 anos o sucesso continuou em Paris e
Versalhes. Com 9 e 10 anos os concertos foram em Londres, onde foi influenciado
por Johann Christian Bach. Aos 11 anos voltou a se apresentar em Viena e aos 14
anos fez várias apresentações na Itália. Aos 15 anos foi nomeado maestro da corte
de Salzburg, sua cidade natal, onde era arcebispo, na época, o conde Jeronimo
Colloredo, “aristocrata soberbo e estúpido, que o trata mal, como se fosse lacaio”.
Em carta ao seu pai, em 1778, diz que foi escravo em Salzburg. O conde não
queria que Mozart viajasse, o que acabou acontecendo, levando à sua demissão.
Segundo Helminger (2012, p. 35), em 1781 Mozart teve a estreia da ópera
Idomeneo, em Munique e depois se mudou para Viena. Em carta a seu pai, citada
em Kerst (1965, p. 15), comentou que precisava sair de Salzbourg para crescer em
suas composições. Dessa forma, rompeu o relacionamento com o mesmo conde
para quem seu pai trabalhou, o que levou à insatisfação deste. Em carta Leopold o
repreendeu por isso, e Mozart em resposta pediu que seu pai não falasse mais
nisso, uma vez que o perturbava, e ele precisava ter a mente tranquila para compor.
Ele teve sempre uma vida muito difícil. Dos 6 irmãos que teve apenas
Marianne-Nannerl sobreviveu além de 1 ano de idade. Foi apaixonado pela soprano
Aloysia, filha de Franz Fridolin Weber (1733–1779), para quem compôs várias
músicas, como a Ária da Rainha da Noite, da ópera A Flauta Mágica. Como ela não
manifestou interesse por ele, acabou casando com sua irmã mais velha Constanze,
também uma boa cantora. Aloysia se casou com o ator e pintor amador Joseph
Lange, que mais tarde tornou-se amigo de Mozart e pintou o quadro que é
considerado o retrato mais fiel de Mozart e também um de Constanze. Mozart teve 2
filhos, que morreram bem pequenos. Sua saúde sempre foi frágil. Apesar de todas
as dificuldades em sua vida, sua obra é de uma grandeza que não reflete
praticamente nada de sua vida. Segundo Harnoncourt (1993, p. 104), sua obra
engloba toda a plenitude da vida, desde a mais profunda dor à mais pura alegria.
“Nenhum crítico tinha qualquer dúvida de que Mozart fosse o maior compositor de
seu tempo”.
Dentre suas tantas composições destacamos suas três últimas sinfonias,
“escritas num só impulso de criatividade, em julho de 1788 (ele morreria 3 anos
depois sem receber a devida atenção, sendo enterrado numa vala comum envolto
em lençóis como um indigente miserável), sem que fossem encomendadas ou
mesmo sem que visassem uma ocasião definida, como um ciclo intimamente
interligado” (HARNONCOURT, 1993, p.116).
Breve análise da Sinfonia 41 (Köchel 551)
É uma obra de grande qualidade para a época (1788) e mesmo passados 225
anos, daquele 10 de agosto, ela parece transcender o tempo causando certa
surpresa quando ouvida.
A sinfonia 41 é muito tocada em todo o mundo, bem mais tarde denominada
Júpiter. Sua orquestração se constitui de: 1 flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2
trompetes, tímpanos e cordas (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos). Em 4
movimentos, como era o padrão das sinfonias desenvolvidas por Haydn,
(considerado o pai da sinfonia como a conhecemos). O motivo principal da sinfonia
41 é muito simples, em compasso quaternário e chama a atenção do ouvinte de
imediato: semínima, pausa de colcheia, tercina de semicolcheias (2 vezes) na
tonalidade principal Dó Maior, em dinâmica Forte. No segundo compasso, depois de
2 tempos e meio de pausa, ele contrapõe o “Tutti” anterior forte com piano e
diminuição de massa sonora. No compasso seguinte uma mínima e uma semínima
ligadas para os 4 naipes. Em seguida aparece uma pausa de semínima e nos 5o
, 6o
,
7o
e 8o
compassos repete-se toda a fórmula no tom da dominante (que era bastante
comum na época). Tudo girava em torno da chamada cadência perfeita e ele não
fugia desse esquema. Mas Mozart, no Desenvolvimento (compasso 125), amplia
suas ideias de maneira ímpar. Criar uma melodia é algo banal porém desenvolve-la
artisticamente é muito mais complicado. A reexposição acontece no compasso 189 .
O 2o
movimento, Andante cantabile, é em 3/4 em Fá Maior, onde os violinos e
as violas tocam com surdina que provoca uma mudança de timbre nesses
instrumentos. Inicia a melodia com um fá3 nos primeiros violinos, usando uma
colcheia pontuada ligada ao dó3 em semicolcheia. No segundo tempo aparece uma
semínima duplamente pontuada com a nota lá3, seguindo, no 3o
tempo, entram os
segundos violinos, violas, cellos e contrabaixos (estes sem surdina). No 2o
compasso completa-se o motivo do movimento com colcheia e pausa de colcheia
em piano, seguindo-se uma resposta em colcheia com tutti em forte, contrastando
com o piano anterior e uma pausa de colcheia seguida de uma pausa de semínima.
No 3o
movimento, como era costume, aparece um Minueto e Trio, que inicia com
uma frase descendente de 4 compassos nos primeiros violinos, acompanhados por
um típico baixo D’Alberti nos segundos violinos. No Trio ele inicia com 2 fagotes em
3as
, 2 trompas em uníssono e a flauta, ao que respondem 1 oboé e primeiros violinos
com distanciamento de 8a
numa melodia descendente. Chegando ao Finale ele
apresenta um Allegro molto em 2/2 usando um tema que lembra o canto gregoriano:
dó, ré, fá, mi (em semibreves) nos primeiros violinos, acompanhados pelos
segundos violinos em colcheias, novamente usando o baixo D’Alberti. A exposição
vai até o compasso 157 e dá-se, como era de costume, a repetição desde o início
através do ritornelo.
O desenvolvimento acontece a partir do compasso 158 indo até o 224. No
compasso 225 há a reexposição até o 356, onde através de um novo ritornelo, ele
volta para o desenvolvimento no 158, depois seguindo para a casa 2. No 357
acontece a Coda ou cauda, que é uma finalização mais suave, preparando os
ouvidos para o final no compasso 423 e equilibrando melhor a obra para um
desfecho exuberante bem ao estilo mozartiano.
Mozart e seu tempo: uma tragédia anunciada?
Mozart foi vítima do seu tempo. Esta frase por mais fatalista que possa
parecer, retrata toda uma elucubração sobre a vida e a sociedade de Wolfgang
Amadeus Mozart. A morte precoce do gênio de Salzburg, aos 35 anos, serve como
reflexão sobre as condições dos músicos nas sociedades do Antigo Regime. O caso
de Mozart evidencia as tensões entre a burguesia cortesã e a aristocracia que na
sociedade de cortes demonstrava grande proximidade espacial, mesmo mantendo
grande desigualdade social. Assim, a luta do “gênio” Mozart por autonomia numa
sociedade hierarquizada, na estrutura das cortes, mostrou-se “revolucionária”,
apesar da sua consequência trágica. Nessa estrutura social, os músicos eram
fortemente dependentes das cortes principescas, ou seja, do palácio do príncipe e
da vida cortesã, sem o qual não se conseguiam sobreviver.
Não se tinha muita opção e Mozart foi educado para se inserir nessa
realidade, cumprindo algo muito próximo da tradição dos ofícios artesanais. “No
interior de tal estrutura era comum o pai assumir o papel de mestre e ensinar ao filho
as artes do ofício, talvez até, mesmo desejando que algum dia o filho excedesse sua
própria perícia” (ELIAS, 1995, p.26). No caso de Wolfgang foi isso que aconteceu,
Leopold seu pai, burguês de classe média, viu no seu filho uma possibilidade de
ascensão, para assumir quem sabe uma corte maior e de mais prestígio como
Munique ou Paris.
Além disso, na relação com as cortes havia a necessidade de adequação aos
seus costumes, bem como na conhecida “polidez cortesã” para assim tornar-se um
homme du monde. Leopold tentou inseri-lo na arte da diplomacia da corte, na
bajulação, no entanto, Wolfgang seguiu o caminho oposto. Cumprir com essas
medidas significava para Mozart uma situação conflitante, pois viveu a ambivalência
fundamental do artista “burguês na sociedade de corte, que pode ser resumida na
seguinte dicotomia: identificação com a nobreza da corte e seu gosto; ressentimento
pela humilhação que ela lhe impunha" (p.24). Nessas relações, que configuravam as
estruturas das cortes, o que mais interferiu na vida de Mozart foi à relação entre
senhor e serviçal. Mozart não se considerava inferior e por conta disso vivia em
conflito com o seu senhor, pois recebia ordens de um indivíduo “todo-poderoso”,
situado muito acima na hierarquia, e que interferia na música que deveria escrever e
tocar. Um evento em que isso se mostrou evidente foi na incursão à Paris, onde
tentou conseguir emprego na corte parisiense, mas não obteve sucesso.
Após o insucesso na Cidade Luz, Mozart teve que voltar a Salzburg e a seu
antigo senhor. No entanto, a experiência em Paris foi marcante, pois se evidenciou
que o problema (ELIAS, 1995; p.25),
não era apenas desta ou aquela corte aristocrática que o irritava e
humilhava, mas que todo o mundo social em que vivia estava, de
alguma maneira, errado. [...] Achava injusto o tratamento que
recebia, irritou-se e lutou contra ele à sua maneira. Mas foi sempre
uma luta muito pessoal. E esta não foi a menor das razões pelas
quais deveria ser derrotado.
Portanto, Mozart, talvez mais do que ninguém de seu tempo, mostrou que só
há beleza na Arte se esta se assemelha ao mundo real que a natureza nos
apresenta. A beleza da música, ou das Artes em geral, deveria filosoficamente
manter-se ligada ao conceito daquilo que fosse idealmente Bom, pois isto traria a
certeza de que a produção artística estaria irremediavelmente conectada ao conceito
do Bem maior, da dignidade humana, da exaltação das boas qualidades do homem
e de sua racionalidade quase perfeita, reflexo da perfeição da Criação. Encontramos
no desenho do “Homem Vitruviano” o símbolo maior desse tempo.
Referências
CARPEAUX, O. M. O Livro de Ouro da História da Música. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2009.
CHAIM, I. A. A Música Erudita da Idade Média ao Século XX. São Paulo: Letras e
Letras, 2006.
ELIAS, N. Mozart: Sociologia de um Gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
HARNONCOURT, N. O Diálogo Musical. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
HELMINGER, B. Salzburgo, a cidade dos festivais e seus charmosos arredores.
Salzburg: Colorama, 2012.
HENRY, J. A Revolução Científica e as Origens da Ciência Moderna. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
KERST, F. The man and the artist revealed in his own words. New York: Dover
Publications, 1965.
MEDAGLIA, J. Música Maestro: do Canto Gregoriano ao Sintetizador. Rio de
Janeiro: Globo, 2008.

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A musica no periodo classico

  • 1. A MÚSICA NO PERÍODO CLÁSSICO: MOZART E O IDEALISMO ARTES- CIÊNCIAS Maria Lúcia Netto Grillo UERJ mluciag@uerj.br Luiz Roberto Perez L. Baptista UERJ maestroluizroberto@ig.com.br Adílio Jorge Marques UFF adiliojm@gmail.com Ricardo Pereira Martins UERJ rico_byroniano@yahoo.com.br Resumo: O período Clássico mostra uma racionalidade quase que cartesiana, denotando que arte e ciência são encaradas como extensão uma da outra. É afirmada uma nova forma de se pensar o mundo e a Arte: ciência e cultura devem dispensar o mesmo rigor formal nas suas análises e produções. A música do classicismo teve início principalmente com dois filhos de Johann Sebastian Bach: Johann Christian Bach e Carl Philipp Emanuel Bach. Um dos grandes expoentes da época foi Mozart. Fizemos uma breve análise sobre sua vida e sua Sinfonia 41 e das contribuições da música da época até hoje, além das dificuldades da sociedade da época, contra as quais Mozart lutou, com consequências trágicas para sua vida. Palavras-chave: classicismo, artes, natureza, música, Mozart Introdução Sendo o Classicismo ligado com a essência do fenômeno humano, ao entendimento da relação desses fenômenos com a physis, ou seja, a natureza, este período cultural mostra, nas suas manifestações, uma racionalidade quase que cartesiana, denotando que arte e ciência são encaradas como extensão uma da outra. A música, por exemplo, sempre é uma forma de expressão da sua época. No período que sucede o Barroco essa arte também sofreu transformações, já que o mundo também passava por mudanças em todas as áreas de conhecimento: a Literatura com Voltaire, a Filosofia com o racionalismo de Kant e a sociologia com
  • 2. Adam Smith, com o seu “Manifesto teórico sobre o desenvolvimento científico da economia no século XVIII”, de 1776, na obra “A Riqueza das Nações” (MEDAGLIA, 2008, p. 83). Assim, parece que se afirma aqui uma nova forma de se pensar o mundo e a Arte: ciência e cultura devem dispensar o mesmo rigor formal nas suas análises e produções. Ao artista que vai retratar o corpo humano, por exemplo, seja na pintura, na escultura, etc, ter o conhecimento científico de como o nosso organismo se apresenta, e como funciona, passou a ser fundamental. Devia haver semelhança entre o que a Arte representava aos sentidos dos seus espectadores, muitos da elite social daquela época, e a realidade (HENRY, 1998). A música do classicismo (de aproximadamente 1750 a 1820) teve início principalmente com dois filhos de Johann Sebastian Bach: Johann Christian Bach (1735-1782) e Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788). Segundo Carpeaux (2009, p.138), Christian Bach foi o primeiro que no concerto para solista e orquestra substituiu o cravo pelo piano e Philipp Bach foi o responsável pelo desenvolvimento da forma sonata para piano solo. Nessa época, o então menino prodígio Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) teve oportunidade de assistir algumas apresentações dos Bach, que muito o impressionaram e influenciaram (CHAIM, 2006). A música instrumental ganhou mais importância. Os instrumentos ganharam uma linguagem própria, deixando de serem utilizados apenas para acompanhamento de canto. Segundo Medaglia (2008, p. 84), as melodias ganham mais fluência, leveza e até simplicidade. Em alguns desenvolvimentos do discurso musical o contraponto é também usado, mas não como técnica predominante. O timbre dos diferentes instrumentos ganha maior importância bem como a dinâmica (forte e piano). Toda a base da orquestração moderna nasce nesse período. Duas orquestras tiveram destaque: a de Mannheim, na Alemanha, criada por Johann Stamitz, que reuniu principalmente músicos austríacos, e a de Viena, de Georg Christoph Wagenseil (1715-1777), compositor austríaco. Também foram da orquestra de Mannheim, segundo Carpeaux (2009, p. 144), o vienense Ignaz Holzbauer (1711-1783), autor de Singspiele (pequenas óperas nas quais o recitativo era substituído por texto falado em alemão), que teve importante influência sobre Mozart e Karl Stamitz (1746-1801), que foi mozartiano. Surge a perspectiva da postura da Grécia Antiga de que a arte deve atingir o Bom, o Belo e o Verdadeiro. Relembra-se Sócrates, Platão e Aristóteles, sequência de Mestres e discípulos, um modelo que se mantém nas Artes em geral. A beleza é extremamente valorizada e
  • 3. deve conduzir os homens para a Verdade. Mozart parece incorporado desse espírito de sua época, como veremos adiante. A mais antiga de todas as sinfonias foi escrita em 1740, por Georg Mathias Monn (1717-1750), da orquestra de Viena. Monn foi o primeiro que empregou o mesmo esquema da sinfonia (em 4 movimentos) para um concerto de solista: concerto para violoncelo e orquestra em sol menor, que foi reeditado, na coleção Monumentos da Música na Áustria (vol. XIX, t. 2), de Arnold Shoenberg (1874-1951). Segundo Carpeaux (2009, p. 145), a forma musical da sonata foi desenvolvida pela orquestra de Viena: “uma nova música instrumental, baseada no contraste dramático de temas e tonalidades, dramaticidade abrandada pelo otimismo do século racionalista e pela boa educação da sociedade aristocrática que mandava restringir a expressão dos sentimentos” (CARPEAUX, 2009, p.146). Dois fatos importantes incentivaram o aumento da produção musical: o aperfeiçoamento do piano e o aperfeiçoamento da edição musical. Segundo Medaglia (2008, p. 85), os quatro grandes compositores da época foram: o alemão Christoph Willibard Gluck (1714-1787), famoso por suas óperas e reformas estruturais no gênero; Franz Joseph Haydn (1732-1809), austríaco que escreveu mais de 100 sinfonias, muitas músicas de câmara e oratórios, sendo o principal compositor que influenciou o chamado “Barroco mineiro”, com José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita (1746-1805) e o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830); Mozart, também austríaco, nascido em Salzburg, já citado anteriormente, e que foi impecável e criativo em todas as áreas – música sinfônica, concertante, camerística e operística; e, finalmente, Ludwig van Bethoven (1770- 1827), alemão considerado o ponto culminante do classicismo e o introdutor do estilo seguinte, o romantismo. Com o crescimento do número de instrumentos e de músicos nas orquestras, o grupo não podia mais ser dirigido por um dos instrumentistas (em geral do cravo ou do primeiro violino spalla), surge então o maestro ou regente (curso superior que hoje leva 6 anos), que tinha como “instrumento” a própria orquestra, que podia ser acompanhada de um coral. Além das grandes orquestras eram comuns os pequenos grupos instrumentais, chamados de câmara. Segundo Medaglia (2008, p. 92), o quarteto de cordas, com dois violinos, uma viola e um violoncelo foi a forma camerística mais importante do período. Os principais autores de quartetos foram Luigi Boccherini (1743-1805), com 91, Haydn, com 83, Mozart, com 26 e Beethoven,
  • 4. com 16. A sonata para piano solo foi muito difundida, bem como a ópera (CHAIM, 2006). Percebe-se, então, que para atingir um ideal na reprodução daquilo que se podia ver e sentir, os intelectuais e artistas do Classicismo, necessitaram conhecer, como verdadeiros naturalistas, o mundo que os cercava. Aprofundaram muito o conhecimento sobre a constituição da natureza em geral – em seus aspectos biológicos, na Medicina, no estudo da Óptica, na Matemática, e na Acústica. Só com o estudo da Óptica, por exemplo, se poderia dar às pinturas daquela época a noção de perspectiva e de tridimensionalidade características de corpos sólidos. Wolfgang Amadeus Mozart Dentre os compositores mais importantes da época, escolhemos Mozart, por sua genialidade, originalidade e por sua “presença viva” ainda hoje. Sua atuação é considerada brilhante em todos os estilos musicais, tanto instrumentais como vocais. Filho de Leopold Mozart, violinista na corte do Arcebispo de Salzburg, iniciou seus estudos de piano, violino e harmonia aos 4 anos de idade. Aos 5 anos já escrevia suas primeiras composições. Aos 6 anos fez suas primeiras apresentações em Munique e Viena, com grande sucesso. Aos 8 anos o sucesso continuou em Paris e Versalhes. Com 9 e 10 anos os concertos foram em Londres, onde foi influenciado por Johann Christian Bach. Aos 11 anos voltou a se apresentar em Viena e aos 14 anos fez várias apresentações na Itália. Aos 15 anos foi nomeado maestro da corte de Salzburg, sua cidade natal, onde era arcebispo, na época, o conde Jeronimo Colloredo, “aristocrata soberbo e estúpido, que o trata mal, como se fosse lacaio”. Em carta ao seu pai, em 1778, diz que foi escravo em Salzburg. O conde não queria que Mozart viajasse, o que acabou acontecendo, levando à sua demissão. Segundo Helminger (2012, p. 35), em 1781 Mozart teve a estreia da ópera Idomeneo, em Munique e depois se mudou para Viena. Em carta a seu pai, citada em Kerst (1965, p. 15), comentou que precisava sair de Salzbourg para crescer em suas composições. Dessa forma, rompeu o relacionamento com o mesmo conde para quem seu pai trabalhou, o que levou à insatisfação deste. Em carta Leopold o repreendeu por isso, e Mozart em resposta pediu que seu pai não falasse mais nisso, uma vez que o perturbava, e ele precisava ter a mente tranquila para compor. Ele teve sempre uma vida muito difícil. Dos 6 irmãos que teve apenas Marianne-Nannerl sobreviveu além de 1 ano de idade. Foi apaixonado pela soprano
  • 5. Aloysia, filha de Franz Fridolin Weber (1733–1779), para quem compôs várias músicas, como a Ária da Rainha da Noite, da ópera A Flauta Mágica. Como ela não manifestou interesse por ele, acabou casando com sua irmã mais velha Constanze, também uma boa cantora. Aloysia se casou com o ator e pintor amador Joseph Lange, que mais tarde tornou-se amigo de Mozart e pintou o quadro que é considerado o retrato mais fiel de Mozart e também um de Constanze. Mozart teve 2 filhos, que morreram bem pequenos. Sua saúde sempre foi frágil. Apesar de todas as dificuldades em sua vida, sua obra é de uma grandeza que não reflete praticamente nada de sua vida. Segundo Harnoncourt (1993, p. 104), sua obra engloba toda a plenitude da vida, desde a mais profunda dor à mais pura alegria. “Nenhum crítico tinha qualquer dúvida de que Mozart fosse o maior compositor de seu tempo”. Dentre suas tantas composições destacamos suas três últimas sinfonias, “escritas num só impulso de criatividade, em julho de 1788 (ele morreria 3 anos depois sem receber a devida atenção, sendo enterrado numa vala comum envolto em lençóis como um indigente miserável), sem que fossem encomendadas ou mesmo sem que visassem uma ocasião definida, como um ciclo intimamente interligado” (HARNONCOURT, 1993, p.116). Breve análise da Sinfonia 41 (Köchel 551) É uma obra de grande qualidade para a época (1788) e mesmo passados 225 anos, daquele 10 de agosto, ela parece transcender o tempo causando certa surpresa quando ouvida. A sinfonia 41 é muito tocada em todo o mundo, bem mais tarde denominada Júpiter. Sua orquestração se constitui de: 1 flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos e cordas (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos). Em 4 movimentos, como era o padrão das sinfonias desenvolvidas por Haydn, (considerado o pai da sinfonia como a conhecemos). O motivo principal da sinfonia 41 é muito simples, em compasso quaternário e chama a atenção do ouvinte de imediato: semínima, pausa de colcheia, tercina de semicolcheias (2 vezes) na tonalidade principal Dó Maior, em dinâmica Forte. No segundo compasso, depois de 2 tempos e meio de pausa, ele contrapõe o “Tutti” anterior forte com piano e diminuição de massa sonora. No compasso seguinte uma mínima e uma semínima ligadas para os 4 naipes. Em seguida aparece uma pausa de semínima e nos 5o , 6o ,
  • 6. 7o e 8o compassos repete-se toda a fórmula no tom da dominante (que era bastante comum na época). Tudo girava em torno da chamada cadência perfeita e ele não fugia desse esquema. Mas Mozart, no Desenvolvimento (compasso 125), amplia suas ideias de maneira ímpar. Criar uma melodia é algo banal porém desenvolve-la artisticamente é muito mais complicado. A reexposição acontece no compasso 189 . O 2o movimento, Andante cantabile, é em 3/4 em Fá Maior, onde os violinos e as violas tocam com surdina que provoca uma mudança de timbre nesses instrumentos. Inicia a melodia com um fá3 nos primeiros violinos, usando uma colcheia pontuada ligada ao dó3 em semicolcheia. No segundo tempo aparece uma semínima duplamente pontuada com a nota lá3, seguindo, no 3o tempo, entram os segundos violinos, violas, cellos e contrabaixos (estes sem surdina). No 2o compasso completa-se o motivo do movimento com colcheia e pausa de colcheia em piano, seguindo-se uma resposta em colcheia com tutti em forte, contrastando com o piano anterior e uma pausa de colcheia seguida de uma pausa de semínima. No 3o movimento, como era costume, aparece um Minueto e Trio, que inicia com uma frase descendente de 4 compassos nos primeiros violinos, acompanhados por um típico baixo D’Alberti nos segundos violinos. No Trio ele inicia com 2 fagotes em 3as , 2 trompas em uníssono e a flauta, ao que respondem 1 oboé e primeiros violinos com distanciamento de 8a numa melodia descendente. Chegando ao Finale ele apresenta um Allegro molto em 2/2 usando um tema que lembra o canto gregoriano: dó, ré, fá, mi (em semibreves) nos primeiros violinos, acompanhados pelos segundos violinos em colcheias, novamente usando o baixo D’Alberti. A exposição vai até o compasso 157 e dá-se, como era de costume, a repetição desde o início através do ritornelo. O desenvolvimento acontece a partir do compasso 158 indo até o 224. No compasso 225 há a reexposição até o 356, onde através de um novo ritornelo, ele volta para o desenvolvimento no 158, depois seguindo para a casa 2. No 357 acontece a Coda ou cauda, que é uma finalização mais suave, preparando os ouvidos para o final no compasso 423 e equilibrando melhor a obra para um desfecho exuberante bem ao estilo mozartiano. Mozart e seu tempo: uma tragédia anunciada? Mozart foi vítima do seu tempo. Esta frase por mais fatalista que possa parecer, retrata toda uma elucubração sobre a vida e a sociedade de Wolfgang
  • 7. Amadeus Mozart. A morte precoce do gênio de Salzburg, aos 35 anos, serve como reflexão sobre as condições dos músicos nas sociedades do Antigo Regime. O caso de Mozart evidencia as tensões entre a burguesia cortesã e a aristocracia que na sociedade de cortes demonstrava grande proximidade espacial, mesmo mantendo grande desigualdade social. Assim, a luta do “gênio” Mozart por autonomia numa sociedade hierarquizada, na estrutura das cortes, mostrou-se “revolucionária”, apesar da sua consequência trágica. Nessa estrutura social, os músicos eram fortemente dependentes das cortes principescas, ou seja, do palácio do príncipe e da vida cortesã, sem o qual não se conseguiam sobreviver. Não se tinha muita opção e Mozart foi educado para se inserir nessa realidade, cumprindo algo muito próximo da tradição dos ofícios artesanais. “No interior de tal estrutura era comum o pai assumir o papel de mestre e ensinar ao filho as artes do ofício, talvez até, mesmo desejando que algum dia o filho excedesse sua própria perícia” (ELIAS, 1995, p.26). No caso de Wolfgang foi isso que aconteceu, Leopold seu pai, burguês de classe média, viu no seu filho uma possibilidade de ascensão, para assumir quem sabe uma corte maior e de mais prestígio como Munique ou Paris. Além disso, na relação com as cortes havia a necessidade de adequação aos seus costumes, bem como na conhecida “polidez cortesã” para assim tornar-se um homme du monde. Leopold tentou inseri-lo na arte da diplomacia da corte, na bajulação, no entanto, Wolfgang seguiu o caminho oposto. Cumprir com essas medidas significava para Mozart uma situação conflitante, pois viveu a ambivalência fundamental do artista “burguês na sociedade de corte, que pode ser resumida na seguinte dicotomia: identificação com a nobreza da corte e seu gosto; ressentimento pela humilhação que ela lhe impunha" (p.24). Nessas relações, que configuravam as estruturas das cortes, o que mais interferiu na vida de Mozart foi à relação entre senhor e serviçal. Mozart não se considerava inferior e por conta disso vivia em conflito com o seu senhor, pois recebia ordens de um indivíduo “todo-poderoso”, situado muito acima na hierarquia, e que interferia na música que deveria escrever e tocar. Um evento em que isso se mostrou evidente foi na incursão à Paris, onde tentou conseguir emprego na corte parisiense, mas não obteve sucesso. Após o insucesso na Cidade Luz, Mozart teve que voltar a Salzburg e a seu antigo senhor. No entanto, a experiência em Paris foi marcante, pois se evidenciou que o problema (ELIAS, 1995; p.25),
  • 8. não era apenas desta ou aquela corte aristocrática que o irritava e humilhava, mas que todo o mundo social em que vivia estava, de alguma maneira, errado. [...] Achava injusto o tratamento que recebia, irritou-se e lutou contra ele à sua maneira. Mas foi sempre uma luta muito pessoal. E esta não foi a menor das razões pelas quais deveria ser derrotado. Portanto, Mozart, talvez mais do que ninguém de seu tempo, mostrou que só há beleza na Arte se esta se assemelha ao mundo real que a natureza nos apresenta. A beleza da música, ou das Artes em geral, deveria filosoficamente manter-se ligada ao conceito daquilo que fosse idealmente Bom, pois isto traria a certeza de que a produção artística estaria irremediavelmente conectada ao conceito do Bem maior, da dignidade humana, da exaltação das boas qualidades do homem e de sua racionalidade quase perfeita, reflexo da perfeição da Criação. Encontramos no desenho do “Homem Vitruviano” o símbolo maior desse tempo. Referências CARPEAUX, O. M. O Livro de Ouro da História da Música. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009. CHAIM, I. A. A Música Erudita da Idade Média ao Século XX. São Paulo: Letras e Letras, 2006. ELIAS, N. Mozart: Sociologia de um Gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. HARNONCOURT, N. O Diálogo Musical. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. HELMINGER, B. Salzburgo, a cidade dos festivais e seus charmosos arredores. Salzburg: Colorama, 2012. HENRY, J. A Revolução Científica e as Origens da Ciência Moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. KERST, F. The man and the artist revealed in his own words. New York: Dover Publications, 1965. MEDAGLIA, J. Música Maestro: do Canto Gregoriano ao Sintetizador. Rio de Janeiro: Globo, 2008.