SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
1

COLÉGIO E CURSO GÊN SIS
NOME:

TEXTO COMPLEMENTAR – 1º BIMESTRE
3º ANO E. M.
PROFESSOR JASON LIMA
Nº_____
Data: JANEIRO DE 2014

MODERNISMO 1ª FASE
Antipassadismo cultural e liberdade de
criação são as marcas principais da arte moderna.
Ao mesmo tempo que desejavam
demolir os padrões e a ideologia
realista-naturalista vigentes, os
artistas modernos não queriam
se prender a normas rígidas e
valorizavam o ilogismo e a
subjetividade.

PANORAMA MUNDIAL
Modernismo é, antes de tudo, a presença do
moderno na arte. Mas o que é o moderno? É lógico
que um quadro abstracionista, hoje, não é tão novo
como no início do século XX. Verdade é que
Modernismo está ligado ao conceito de novo – o
novo do início do século XX.
De 1886 a 1914 ocorre na Europa a chamada
Belle Époque, período embriagado pela euforia
ante invenções como a luz elétrica, o automóvel, o
telégrafo, ... É a época do surgimento do
cinematógrafo, aparelho que pôs a vida que a
fotografia havia retratado em movimento. Todo
esse progresso acabou marcando a vida diária com
velocidade, com luz, com dinamismo. Em
consequência disso se observa uma grande
quantidade de tendências filosóficas, científicas e
artísticas. É a atmosfera de sonho com o evento da
máquina. Tem-se a sensação de conforto e de
segurança, como se nada pudesse abalar a ―doçura
de viver‖ (principalmente para a burguesia
industrial e a classe média que tinha acesso aos
prazeres materiais que a vida moderna podia
oferecer). Culturalmente, percebe-se, também, uma
intensa atividade artística, principalmente em Paris
e Viena.
A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918),
no entanto, põe fim ao excesso de otimismo da
Belle Époque. A sensação de equilíbrio é
primeiramente
quebrada
pelas
tentativas
frustradas de evitar a guerra. A Revolução Russa,
em 1917, conduz a classe trabalhadora ao poder. A
―ameaça‖ do Comunismo alastra-se pelo mundo, e
a sensação de paz deixa de existir – mesmo após o
fim da guerra. Neste sentido, temos uma Europa

devastada, arruinada. Há desequilíbrio econômico
e político, agitação social, desespero moral,
angústia, enfim, perde-se a fé nos valores
humanos. As mortes inúteis levam à bancarrota os
códigos, os padrões morais. A filosofia, a religião, o
direito não podiam explicar nem a violência nem a
desintegração que tomavam conta da realidade.
Ao lado desse quadro político-econômico
conturbado que caracteriza o início do século XX,
surgem por toda a Europa, durante a Belle Époque
e depois dela, diversas correntes artísticas que
refletem o espírito caótico e violento da época. São
as chamadas “vanguardas europeias”, movimento
de caráter agressivo e experimental, que rompe
radicalmente os padrões de arte tradicional,
provocando polêmicas e debates apaixonados nos
meios em que se difundem.
Como
uma
clara reação ao
racionalismo e ao
objetivismo
das
correntes científicas
e literárias ainda
predominantes na
cultura desde a
segunda metade do século XIX, as vanguardas
defendem o irracionalismo, valorizando o
decadentismo simbolista , os estudos psicológicos
de Freud e a teoria intuicionista de Bergson, ambos
pensadores que rejeitam a análise positivista e
buscam uma compreensão mais subjetiva e interior
do homem e de seus problemas.
Trata-se, portanto, da implantação de uma
nova estética, de uma outra ordem de valores
artísticos, ao mesmo tempo subjetiva e moderna,
atualizada em relação às grandes conquistas da era
da máquina e da velocidade. Por isso, quase todas
as correntes de vanguarda europeia assumem, num
primeiro momento, uma postura destruidora em
relação ao passado, o que não as impede, contudo,
de realizar importantes conquistas, dado seu
caráter experimentalista, tais como a integração
maior entre os vários domínios da arte e busca de
novas técnicas e linguagens comuns à música, à
literatura e às artes plásticas.
Apesar de as primeiras décadas do século XX
se terem caracterizado pelo clima de caos e
2
destruição trazido pela guerra e pelo caráter
demolidor das correntes de vanguarda, no
Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e
Surrealismo, principalmente, se encontram os
elementos que constituirão uma nova arte, a arte
do século XX – o Modernismo.

O MODERNISMO NO BRASIL
As renovações no campo da
arte e da literatura brasileiras já
ensaiavam seus primeiros passos,
ainda tímidos, desde o início do
século XX. Contudo, até a
realização da Semana de Arte
Moderna, em 1922, um verdadeiro ―divisor de
águas‖ na cultura brasileira, a mentalidade oficial
que predominava em nossa cultura era
essencialmente acadêmica e parnasiana.

ANTECEDENTES DA SEMANA
DE ARTE MODERNA
3

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DA 1ª FASE

8. Tendência crítica e anarquista.
Exemplo:
1. Negação do passado e uso de “palavras em ―Eu insulto o burguês! O burguês níquel,
liberdade”.
O burguês-burguês
Exemplo:
a digestão bem feita de São Paulo!‖
―Sentaram-me num automóvel de pêsames‖.
(Manuel Bandeira)
(Oswald de Andrade - Memórias Sentimentais de
João Miramar)
9. Antipassadiano
Exemplo:
2. Busca do original e polêmico na literatura e ―Estou farto do lirismo comedido
apego à modernidade da época.
Do lirismo bem comportado
Exemplo:
(...)
―... E o médico veio de Chevrolet
Não quero mais saber do lirismo que não é
Trazendo um prognóstico
libertação.‖
e toda a minha infância nos olhos.‖
(Manuel Bandeira)
(Oswald de Andrade)
10. Flashes cinematográficos, simultaneidade.
3. Ausência de rimas convencionais e utilização Exemplo:
de versos livres.
―O céu jogava tinas de água sobre o noturno que
Exemplo:
me devolvia a São Paulo‖.
―Naquela casa mora,
(Oswald de Andrade)
mora, ponhamos: guaraciaba..
A dos cabelos fogaréu!
11. Interesse pelo homem comum.
(Mário de Andrade)
Exemplo:
―João gostoso era carregador de feira-livre e
4. Coloquialismo de linguagem.
morava no morro da Babilônia...‖
Exemplo:
(Manuel Bandeira)
―- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.‖
(Oswald de Andrade)
5. Valorização poética do cotidiano
Exemplo:
―Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió‖.
(Oswald de Andrade)
6. Utilização da paródia, do humor pela piada.
Exemplo:
―Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.‖
(Oswald de Andrade)
7. Nacionalismo intransigente, bairrismo.
Exemplo:
―Recife morto, Recife bom, recife brasileiro
como a casa de meu avô.‖
(Manuel Bandeira)
4

PRINCIPAIS AUTORES DA 1ª FASE
 Mário de Andrade
- O ―papa‖ do Modernismo publica, em 1917, ―Há
uma gota de sangue em cada Poema‖, sob o
pseudônimo de Mário Sobral. Mário de Andrade
considerava São Paulo a sua musa inspiradora.
Deu à sua obra o caráter de missão , ou seja,
considerou-se um arauto de novas ideias e colocou
seus textos a serviço da renovação cultural e
política do país. Assim, sua obra traz os traços da
modernidade, ao mesmo tempo em que é
participante de todos os movimentos democráticos
da época.
Obras do autor: ―Paulicéia Desvairada‖, ―Há uma
gota de sangue em cada poema‖, ―Amar, verbo
intransitivo‖, ―Contos Novos‖ e ―Macunaíma‖.

 Oswald de Andrade
- Foi uma das figuras
centrais
na
campanha
preparatória para a Semana
de Arte Moderna, de 1922.
Oswald de Andrade lutou
intensamente pela criação
de uma literatura brasileira modernizada, de uma
arte nacional.
5
Obras do autor: ―Estrela do absinto‖, ―Memórias Houve uma mudança gradativa para a estética
sentimentais de João Miramar‖, ―Serafim Ponte modernista, já se notava que sua poesia não se
Grande‖, ―O homem e o cavalo‖, ―A morta‖, ―O enquadrava com as técnicas antigas.
Rei da Vela‖ e ―Marco zero‖.
Obras do autor: Cinza das Horas (1917), Carnaval
(1919), Ritmo Dissoluto (1924), Libertinagem
(1930), Estrela da Manhã (1936), Lira dos
Cinquent’anos (1948), Belo belo (1951), Itinerário
de Pasárgada.
TEXTOS
Teresa
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o
resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando
que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
das águas.
Manuel Bandeira

 Manuel Bandeira
Influenciado
pelos
simbolistas
franceses
Os sapos
Baudelaire e Verlaine, seus
Enfunando os papos,
versos deixam transparecer a
Saem da penumbra,
ideia da morte, do desalento.
Aos pulos, os sapos.
Com
―Carnaval‖
(1919),
A luz os deslumbra.
Manuel Bandeira granjeia
grande sucesso, porém, em
Em ronco que aterra,
contraste com a euforia
Berra o sapo-boi:
carnavalesca, a maioria dos
— "Meu pai foi à guerra!"
poemas desta obra traz a
— "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!".
marca da decepção. Manuel Bandeira foi
parnasiano antes de pensar em ser modernista.
O sapo-tanoeiro,
Temática abordada pelo autor:
Parnasiano aguado,
1. paixão pela vida
Diz: — "Meu cancioneiro
2. morte
É bem martelado.
3. amor
4. erotismo
Vede como primo
5. solidão
Em comer os hiatos!
6. angústia existencial
Que arte! E nunca rimo
7. cotidiano
Os termos cognatos!
8. infância
O meu verso é bom
A obra do artista tem características diversas: pósFrumento sem joio
Parnasianismo, pós-Simbolismo e experiências
Faço rimas com
concretistas.
Consoantes de apoio.
6

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas . . ."
Urra o sapo-boi:
— "Meu pai foi rei" — "Foi!"
— "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!"
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo."
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
— "Sei!" — "Não sabe!" — "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugindo ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
..........................................................................................
.....................
— O senhor tem uma escavação no pulmão
esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o
pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango
argentino.

Manuel Bandeira
Porquinho-da-Índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do
fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira
namorada.
Manuel Bandeira
Andorinha
Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . .
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

1918
Manuel Bandeira Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
Que Joana a Louca de Espanha
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Rainha e falsa demente
Tosse, tosse, tosse.
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
7
Autorretrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.
Manuel Bandeira

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

Evocação do Recife
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias
Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
— Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicotequeimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o
pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada
com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!

A distância as vozes macias das meninas
O bicho, meu Deus, era um homem.
politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Rio, 27 de dezembro de 1947 Craveiro dá-me um botão

Manuel Bandeira

(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
8
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir
ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha
infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de
Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
— Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores
destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
— Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta
das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era
cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos
livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não
entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.
Manuel Bandeira
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos
universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de
exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do
amante
exemplar com cem modelos de cartas e as
diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
9
— Não quero mais saber do lirismo que não é
libertação.

Manuel Bandeira
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e
morava no morro da Babilônia num barracão sem
número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e
morreu afogado.
Manuel Bandeira
Trem de ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira

Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)
(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e
menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os
diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem
explicação.
Manuel Bandeira

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Modernismo.
Modernismo.Modernismo.
Modernismo.Bruna
 
Slide semana de arte moderna
Slide   semana de arte modernaSlide   semana de arte moderna
Slide semana de arte modernaAna Paim
 
Semana de arte moderna 1922
Semana de arte moderna 1922Semana de arte moderna 1922
Semana de arte moderna 1922Dismael Sagás
 
Segunda prova do ENEM-2010: Artes
Segunda prova do ENEM-2010: ArtesSegunda prova do ENEM-2010: Artes
Segunda prova do ENEM-2010: Artesma.no.el.ne.ves
 
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna DeAntecedentes E A Semana De Arte Moderna De
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna Deguest176a06
 
Vanguardas européias revistas[1]
Vanguardas européias revistas[1]Vanguardas européias revistas[1]
Vanguardas européias revistas[1]mundica broda
 
Modernismo no Brasil - Literatura
Modernismo no Brasil - LiteraturaModernismo no Brasil - Literatura
Modernismo no Brasil - LiteraturaCarlos Eduardo
 
A semana da arte moderna
A semana da arte moderna   A semana da arte moderna
A semana da arte moderna Luciene Gomes
 
Figueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio deFigueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio dedeniselugli2
 

Mais procurados (20)

Modernismo.
Modernismo.Modernismo.
Modernismo.
 
Slide semana de arte moderna
Slide   semana de arte modernaSlide   semana de arte moderna
Slide semana de arte moderna
 
Semana de arte moderna 1922
Semana de arte moderna 1922Semana de arte moderna 1922
Semana de arte moderna 1922
 
Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
Vanguarda europeia
Vanguarda europeiaVanguarda europeia
Vanguarda europeia
 
Renascimento no enem
Renascimento no enemRenascimento no enem
Renascimento no enem
 
Vanguardas em ação
Vanguardas em açãoVanguardas em ação
Vanguardas em ação
 
Segunda prova do ENEM-2010: Artes
Segunda prova do ENEM-2010: ArtesSegunda prova do ENEM-2010: Artes
Segunda prova do ENEM-2010: Artes
 
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna DeAntecedentes E A Semana De Arte Moderna De
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De
 
Vanguardas européias revistas[1]
Vanguardas européias revistas[1]Vanguardas européias revistas[1]
Vanguardas européias revistas[1]
 
Vanguardas Europeias
Vanguardas EuropeiasVanguardas Europeias
Vanguardas Europeias
 
Modernismo no Brasil - Literatura
Modernismo no Brasil - LiteraturaModernismo no Brasil - Literatura
Modernismo no Brasil - Literatura
 
Modernismo Europeu
Modernismo EuropeuModernismo Europeu
Modernismo Europeu
 
Aula sobre Modernismo
Aula sobre ModernismoAula sobre Modernismo
Aula sobre Modernismo
 
Vanguardas 2.0
Vanguardas 2.0Vanguardas 2.0
Vanguardas 2.0
 
A semana da arte moderna
A semana da arte moderna   A semana da arte moderna
A semana da arte moderna
 
O Modernismo
O ModernismoO Modernismo
O Modernismo
 
Modernismo no Brasil
Modernismo no BrasilModernismo no Brasil
Modernismo no Brasil
 
Modernismo e mail
Modernismo e mailModernismo e mail
Modernismo e mail
 
Figueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio deFigueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio de
 

Destaque

Literatura regionalista
Literatura regionalistaLiteratura regionalista
Literatura regionalistajasonrplima
 
Senhora, de José de Alencar - análise
Senhora, de José de Alencar - análiseSenhora, de José de Alencar - análise
Senhora, de José de Alencar - análisejasonrplima
 
Capitães da areia, de Jorge Amado - análise
Capitães da areia, de Jorge Amado - análiseCapitães da areia, de Jorge Amado - análise
Capitães da areia, de Jorge Amado - análisejasonrplima
 
Resumos: obras da literatura brasileira
Resumos: obras da literatura brasileiraResumos: obras da literatura brasileira
Resumos: obras da literatura brasileirajasonrplima
 
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de AlmeidaMemórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeidajasonrplima
 
3 exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa
3   exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa3   exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa
3 exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesajasonrplima
 
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análisePrimeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análisejasonrplima
 
Quincas Borba, de Machado de Assis - análise
Quincas Borba, de Machado de Assis - análiseQuincas Borba, de Machado de Assis - análise
Quincas Borba, de Machado de Assis - análisejasonrplima
 
Material dirigido para estudo - Auto da Compadecida
Material dirigido para estudo - Auto da CompadecidaMaterial dirigido para estudo - Auto da Compadecida
Material dirigido para estudo - Auto da Compadecidajasonrplima
 
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de AssisMemórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assisjasonrplima
 
Dom Casmurro, de Machado de Assis - análise
Dom Casmurro, de Machado de Assis - análiseDom Casmurro, de Machado de Assis - análise
Dom Casmurro, de Machado de Assis - análisejasonrplima
 
Isolado over 2016 tema 1 - maconha medicinal
Isolado over 2016   tema 1 - maconha medicinalIsolado over 2016   tema 1 - maconha medicinal
Isolado over 2016 tema 1 - maconha medicinaljasonrplima
 
Eaof simulado 1 2015
Eaof  simulado 1 2015Eaof  simulado 1 2015
Eaof simulado 1 2015jasonrplima
 
Revisao - interpretação com gabarito
Revisao - interpretação com gabaritoRevisao - interpretação com gabarito
Revisao - interpretação com gabaritojasonrplima
 
5 exercicios arcadismo-literatura_portugues
5   exercicios arcadismo-literatura_portugues5   exercicios arcadismo-literatura_portugues
5 exercicios arcadismo-literatura_portuguesjasonrplima
 
Revisão literatura - realismo - naturalismo
Revisão   literatura - realismo - naturalismoRevisão   literatura - realismo - naturalismo
Revisão literatura - realismo - naturalismojasonrplima
 
O Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análise
O Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análiseO Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análise
O Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análisejasonrplima
 
4 exercicios barroco-literatura_portugues
4   exercicios barroco-literatura_portugues4   exercicios barroco-literatura_portugues
4 exercicios barroco-literatura_portuguesjasonrplima
 
A hora da estrela, de Clarice Lispector - análise
A hora da estrela, de Clarice Lispector - análiseA hora da estrela, de Clarice Lispector - análise
A hora da estrela, de Clarice Lispector - análisejasonrplima
 
A moreninha - análise
A moreninha - análiseA moreninha - análise
A moreninha - análisejasonrplima
 

Destaque (20)

Literatura regionalista
Literatura regionalistaLiteratura regionalista
Literatura regionalista
 
Senhora, de José de Alencar - análise
Senhora, de José de Alencar - análiseSenhora, de José de Alencar - análise
Senhora, de José de Alencar - análise
 
Capitães da areia, de Jorge Amado - análise
Capitães da areia, de Jorge Amado - análiseCapitães da areia, de Jorge Amado - análise
Capitães da areia, de Jorge Amado - análise
 
Resumos: obras da literatura brasileira
Resumos: obras da literatura brasileiraResumos: obras da literatura brasileira
Resumos: obras da literatura brasileira
 
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de AlmeidaMemórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
 
3 exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa
3   exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa3   exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa
3 exercicios literatura-de_informação_literatura_portuguesa
 
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análisePrimeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
 
Quincas Borba, de Machado de Assis - análise
Quincas Borba, de Machado de Assis - análiseQuincas Borba, de Machado de Assis - análise
Quincas Borba, de Machado de Assis - análise
 
Material dirigido para estudo - Auto da Compadecida
Material dirigido para estudo - Auto da CompadecidaMaterial dirigido para estudo - Auto da Compadecida
Material dirigido para estudo - Auto da Compadecida
 
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de AssisMemórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
 
Dom Casmurro, de Machado de Assis - análise
Dom Casmurro, de Machado de Assis - análiseDom Casmurro, de Machado de Assis - análise
Dom Casmurro, de Machado de Assis - análise
 
Isolado over 2016 tema 1 - maconha medicinal
Isolado over 2016   tema 1 - maconha medicinalIsolado over 2016   tema 1 - maconha medicinal
Isolado over 2016 tema 1 - maconha medicinal
 
Eaof simulado 1 2015
Eaof  simulado 1 2015Eaof  simulado 1 2015
Eaof simulado 1 2015
 
Revisao - interpretação com gabarito
Revisao - interpretação com gabaritoRevisao - interpretação com gabarito
Revisao - interpretação com gabarito
 
5 exercicios arcadismo-literatura_portugues
5   exercicios arcadismo-literatura_portugues5   exercicios arcadismo-literatura_portugues
5 exercicios arcadismo-literatura_portugues
 
Revisão literatura - realismo - naturalismo
Revisão   literatura - realismo - naturalismoRevisão   literatura - realismo - naturalismo
Revisão literatura - realismo - naturalismo
 
O Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análise
O Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análiseO Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análise
O Ateneu, de Raul Pompeia - resumo e análise
 
4 exercicios barroco-literatura_portugues
4   exercicios barroco-literatura_portugues4   exercicios barroco-literatura_portugues
4 exercicios barroco-literatura_portugues
 
A hora da estrela, de Clarice Lispector - análise
A hora da estrela, de Clarice Lispector - análiseA hora da estrela, de Clarice Lispector - análise
A hora da estrela, de Clarice Lispector - análise
 
A moreninha - análise
A moreninha - análiseA moreninha - análise
A moreninha - análise
 

Semelhante a Modernismo e as primeiras vanguardas na arte

Semana de arte moderna
Semana de arte moderna Semana de arte moderna
Semana de arte moderna licss
 
semana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.ppt
semana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.pptsemana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.ppt
semana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.pptbillieeilish3214553
 
PORTUGUES - Modernismo - 3ºC
PORTUGUES - Modernismo - 3ºCPORTUGUES - Modernismo - 3ºC
PORTUGUES - Modernismo - 3ºCliceuterceiroc
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte modernaISJ
 
Apresentação (4).pptx
Apresentação (4).pptxApresentação (4).pptx
Apresentação (4).pptxEndelCosta1
 
Pré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptx
Pré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptxPré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptx
Pré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptxEndelCosta1
 
Primeira Fase do Modernismo
Primeira Fase do ModernismoPrimeira Fase do Modernismo
Primeira Fase do ModernismoCamila Jamyly
 
Vanguardas europeias
Vanguardas europeiasVanguardas europeias
Vanguardas europeiaswhybells
 
Arte Moderna
Arte ModernaArte Moderna
Arte ModernaISJ
 
3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt
3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt
3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.pptRoseli Gomes Martins
 
Literatura aula 22 - modernismo no brasil
Literatura   aula 22 - modernismo no brasilLiteratura   aula 22 - modernismo no brasil
Literatura aula 22 - modernismo no brasilJuliana Oliveira
 

Semelhante a Modernismo e as primeiras vanguardas na arte (20)

Semana de arte moderna
Semana de arte moderna Semana de arte moderna
Semana de arte moderna
 
M O D E R N I S M
M O D E R N I S MM O D E R N I S M
M O D E R N I S M
 
A
AA
A
 
semana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.ppt
semana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.pptsemana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.ppt
semana-da-arte-moderna-e-manifestos-modernistas-para-os-3os-anos.ppt
 
PORTUGUES - Modernismo - 3ºC
PORTUGUES - Modernismo - 3ºCPORTUGUES - Modernismo - 3ºC
PORTUGUES - Modernismo - 3ºC
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
 
AA MOD ppt7
AA MOD  ppt7AA MOD  ppt7
AA MOD ppt7
 
Apresentação (4).pptx
Apresentação (4).pptxApresentação (4).pptx
Apresentação (4).pptx
 
Pré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptx
Pré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptxPré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptx
Pré-modernismo e mordenismo 1°geração.pptx
 
Primeira Fase do Modernismo
Primeira Fase do ModernismoPrimeira Fase do Modernismo
Primeira Fase do Modernismo
 
Vanguardas europeias
Vanguardas europeiasVanguardas europeias
Vanguardas europeias
 
Arte Moderna
Arte ModernaArte Moderna
Arte Moderna
 
Arte Moderna
Arte ModernaArte Moderna
Arte Moderna
 
Vanguardas europeias ii
Vanguardas europeias iiVanguardas europeias ii
Vanguardas europeias ii
 
3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt
3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt
3º Ano - 2. Modernismo Brasileiro.ppt
 
Modernismo2019
Modernismo2019Modernismo2019
Modernismo2019
 
As vanguardas europeias
As vanguardas europeiasAs vanguardas europeias
As vanguardas europeias
 
Literatura aula 22 - modernismo no brasil
Literatura   aula 22 - modernismo no brasilLiteratura   aula 22 - modernismo no brasil
Literatura aula 22 - modernismo no brasil
 
Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
Vanguardas europeias
Vanguardas europeiasVanguardas europeias
Vanguardas europeias
 

Mais de jasonrplima

Conclusão Mágica 2016 para o ENEM
Conclusão Mágica 2016 para o ENEMConclusão Mágica 2016 para o ENEM
Conclusão Mágica 2016 para o ENEMjasonrplima
 
Os caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicas
Os caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicasOs caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicas
Os caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicasjasonrplima
 
Tipologia textual - Professor Jason Lima
Tipologia textual - Professor Jason LimaTipologia textual - Professor Jason Lima
Tipologia textual - Professor Jason Limajasonrplima
 
Overdose UnP tema social - redação 1 - narcisismo
Overdose UnP tema social - redação 1 - narcisismoOverdose UnP tema social - redação 1 - narcisismo
Overdose UnP tema social - redação 1 - narcisismojasonrplima
 
2a geração - modenista poesia
2a geração - modenista poesia2a geração - modenista poesia
2a geração - modenista poesiajasonrplima
 
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason LimaIdeologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Limajasonrplima
 
Jason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Jason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason LimaJason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Jason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason Limajasonrplima
 
Funções da linguagem - Professor Jason lima
Funções da linguagem - Professor Jason limaFunções da linguagem - Professor Jason lima
Funções da linguagem - Professor Jason limajasonrplima
 
Vidas secas - slides - Gênesis
Vidas secas - slides - GênesisVidas secas - slides - Gênesis
Vidas secas - slides - Gênesisjasonrplima
 
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e CursoTrabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Cursojasonrplima
 
Questões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verbo
Questões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verboQuestões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verbo
Questões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verbojasonrplima
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_split
Resolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_splitResolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_split
Resolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_splitjasonrplima
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SASResolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SASjasonrplima
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SASResolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SASjasonrplima
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SASResolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SASjasonrplima
 
Resolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SAS
Resolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SASResolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SAS
Resolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SASjasonrplima
 
Revisão I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)
Revisão  I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)Revisão  I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)
Revisão I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)jasonrplima
 
Overdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta Argumentativa
Overdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta ArgumentativaOverdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta Argumentativa
Overdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta Argumentativajasonrplima
 
Respostas da apostila de português - Movame - Overdose
 Respostas da apostila de português  - Movame - Overdose Respostas da apostila de português  - Movame - Overdose
Respostas da apostila de português - Movame - Overdosejasonrplima
 
Overdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismos
Overdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismosOverdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismos
Overdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismosjasonrplima
 

Mais de jasonrplima (20)

Conclusão Mágica 2016 para o ENEM
Conclusão Mágica 2016 para o ENEMConclusão Mágica 2016 para o ENEM
Conclusão Mágica 2016 para o ENEM
 
Os caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicas
Os caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicasOs caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicas
Os caminhos para a redação nota 1000 e introduções mágicas
 
Tipologia textual - Professor Jason Lima
Tipologia textual - Professor Jason LimaTipologia textual - Professor Jason Lima
Tipologia textual - Professor Jason Lima
 
Overdose UnP tema social - redação 1 - narcisismo
Overdose UnP tema social - redação 1 - narcisismoOverdose UnP tema social - redação 1 - narcisismo
Overdose UnP tema social - redação 1 - narcisismo
 
2a geração - modenista poesia
2a geração - modenista poesia2a geração - modenista poesia
2a geração - modenista poesia
 
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason LimaIdeologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
 
Jason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Jason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason LimaJason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Jason - ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
 
Funções da linguagem - Professor Jason lima
Funções da linguagem - Professor Jason limaFunções da linguagem - Professor Jason lima
Funções da linguagem - Professor Jason lima
 
Vidas secas - slides - Gênesis
Vidas secas - slides - GênesisVidas secas - slides - Gênesis
Vidas secas - slides - Gênesis
 
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e CursoTrabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
 
Questões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verbo
Questões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verboQuestões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verbo
Questões militares _extra__acentuacao__estrutura__ortografia - verbo
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_split
Resolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_splitResolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_split
Resolucao 2015 pre-vestibular_redao_l1_split
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SASResolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_literatura_l1_split - SAS
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SASResolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_2_split - SAS
 
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SASResolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SAS
Resolucao 2015 pre-vestibular_interpretao_textual_1_split - SAS
 
Resolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SAS
Resolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SASResolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SAS
Resolução 2013 med_3a_prevestibular_gramatica_v1 - SAS
 
Revisão I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)
Revisão  I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)Revisão  I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)
Revisão I - Acentuação - Ortografia - Fonologia (com gabarito)
 
Overdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta Argumentativa
Overdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta ArgumentativaOverdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta Argumentativa
Overdose UnP Medicina - Redação extra 1 - Carta Argumentativa
 
Respostas da apostila de português - Movame - Overdose
 Respostas da apostila de português  - Movame - Overdose Respostas da apostila de português  - Movame - Overdose
Respostas da apostila de português - Movame - Overdose
 
Overdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismos
Overdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismosOverdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismos
Overdose - Medicina UnP 2015 - slides 4 - paralelismos
 

Último

02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Susana Stoffel
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 

Último (20)

02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 

Modernismo e as primeiras vanguardas na arte

  • 1. 1 COLÉGIO E CURSO GÊN SIS NOME: TEXTO COMPLEMENTAR – 1º BIMESTRE 3º ANO E. M. PROFESSOR JASON LIMA Nº_____ Data: JANEIRO DE 2014 MODERNISMO 1ª FASE Antipassadismo cultural e liberdade de criação são as marcas principais da arte moderna. Ao mesmo tempo que desejavam demolir os padrões e a ideologia realista-naturalista vigentes, os artistas modernos não queriam se prender a normas rígidas e valorizavam o ilogismo e a subjetividade. PANORAMA MUNDIAL Modernismo é, antes de tudo, a presença do moderno na arte. Mas o que é o moderno? É lógico que um quadro abstracionista, hoje, não é tão novo como no início do século XX. Verdade é que Modernismo está ligado ao conceito de novo – o novo do início do século XX. De 1886 a 1914 ocorre na Europa a chamada Belle Époque, período embriagado pela euforia ante invenções como a luz elétrica, o automóvel, o telégrafo, ... É a época do surgimento do cinematógrafo, aparelho que pôs a vida que a fotografia havia retratado em movimento. Todo esse progresso acabou marcando a vida diária com velocidade, com luz, com dinamismo. Em consequência disso se observa uma grande quantidade de tendências filosóficas, científicas e artísticas. É a atmosfera de sonho com o evento da máquina. Tem-se a sensação de conforto e de segurança, como se nada pudesse abalar a ―doçura de viver‖ (principalmente para a burguesia industrial e a classe média que tinha acesso aos prazeres materiais que a vida moderna podia oferecer). Culturalmente, percebe-se, também, uma intensa atividade artística, principalmente em Paris e Viena. A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), no entanto, põe fim ao excesso de otimismo da Belle Époque. A sensação de equilíbrio é primeiramente quebrada pelas tentativas frustradas de evitar a guerra. A Revolução Russa, em 1917, conduz a classe trabalhadora ao poder. A ―ameaça‖ do Comunismo alastra-se pelo mundo, e a sensação de paz deixa de existir – mesmo após o fim da guerra. Neste sentido, temos uma Europa devastada, arruinada. Há desequilíbrio econômico e político, agitação social, desespero moral, angústia, enfim, perde-se a fé nos valores humanos. As mortes inúteis levam à bancarrota os códigos, os padrões morais. A filosofia, a religião, o direito não podiam explicar nem a violência nem a desintegração que tomavam conta da realidade. Ao lado desse quadro político-econômico conturbado que caracteriza o início do século XX, surgem por toda a Europa, durante a Belle Époque e depois dela, diversas correntes artísticas que refletem o espírito caótico e violento da época. São as chamadas “vanguardas europeias”, movimento de caráter agressivo e experimental, que rompe radicalmente os padrões de arte tradicional, provocando polêmicas e debates apaixonados nos meios em que se difundem. Como uma clara reação ao racionalismo e ao objetivismo das correntes científicas e literárias ainda predominantes na cultura desde a segunda metade do século XIX, as vanguardas defendem o irracionalismo, valorizando o decadentismo simbolista , os estudos psicológicos de Freud e a teoria intuicionista de Bergson, ambos pensadores que rejeitam a análise positivista e buscam uma compreensão mais subjetiva e interior do homem e de seus problemas. Trata-se, portanto, da implantação de uma nova estética, de uma outra ordem de valores artísticos, ao mesmo tempo subjetiva e moderna, atualizada em relação às grandes conquistas da era da máquina e da velocidade. Por isso, quase todas as correntes de vanguarda europeia assumem, num primeiro momento, uma postura destruidora em relação ao passado, o que não as impede, contudo, de realizar importantes conquistas, dado seu caráter experimentalista, tais como a integração maior entre os vários domínios da arte e busca de novas técnicas e linguagens comuns à música, à literatura e às artes plásticas. Apesar de as primeiras décadas do século XX se terem caracterizado pelo clima de caos e
  • 2. 2 destruição trazido pela guerra e pelo caráter demolidor das correntes de vanguarda, no Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo, principalmente, se encontram os elementos que constituirão uma nova arte, a arte do século XX – o Modernismo. O MODERNISMO NO BRASIL As renovações no campo da arte e da literatura brasileiras já ensaiavam seus primeiros passos, ainda tímidos, desde o início do século XX. Contudo, até a realização da Semana de Arte Moderna, em 1922, um verdadeiro ―divisor de águas‖ na cultura brasileira, a mentalidade oficial que predominava em nossa cultura era essencialmente acadêmica e parnasiana. ANTECEDENTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA
  • 3. 3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA 1ª FASE 8. Tendência crítica e anarquista. Exemplo: 1. Negação do passado e uso de “palavras em ―Eu insulto o burguês! O burguês níquel, liberdade”. O burguês-burguês Exemplo: a digestão bem feita de São Paulo!‖ ―Sentaram-me num automóvel de pêsames‖. (Manuel Bandeira) (Oswald de Andrade - Memórias Sentimentais de João Miramar) 9. Antipassadiano Exemplo: 2. Busca do original e polêmico na literatura e ―Estou farto do lirismo comedido apego à modernidade da época. Do lirismo bem comportado Exemplo: (...) ―... E o médico veio de Chevrolet Não quero mais saber do lirismo que não é Trazendo um prognóstico libertação.‖ e toda a minha infância nos olhos.‖ (Manuel Bandeira) (Oswald de Andrade) 10. Flashes cinematográficos, simultaneidade. 3. Ausência de rimas convencionais e utilização Exemplo: de versos livres. ―O céu jogava tinas de água sobre o noturno que Exemplo: me devolvia a São Paulo‖. ―Naquela casa mora, (Oswald de Andrade) mora, ponhamos: guaraciaba.. A dos cabelos fogaréu! 11. Interesse pelo homem comum. (Mário de Andrade) Exemplo: ―João gostoso era carregador de feira-livre e 4. Coloquialismo de linguagem. morava no morro da Babilônia...‖ Exemplo: (Manuel Bandeira) ―- Qué apanhá sordado? - O quê? - Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada.‖ (Oswald de Andrade) 5. Valorização poética do cotidiano Exemplo: ―Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió‖. (Oswald de Andrade) 6. Utilização da paródia, do humor pela piada. Exemplo: ―Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá.‖ (Oswald de Andrade) 7. Nacionalismo intransigente, bairrismo. Exemplo: ―Recife morto, Recife bom, recife brasileiro como a casa de meu avô.‖ (Manuel Bandeira)
  • 4. 4 PRINCIPAIS AUTORES DA 1ª FASE  Mário de Andrade - O ―papa‖ do Modernismo publica, em 1917, ―Há uma gota de sangue em cada Poema‖, sob o pseudônimo de Mário Sobral. Mário de Andrade considerava São Paulo a sua musa inspiradora. Deu à sua obra o caráter de missão , ou seja, considerou-se um arauto de novas ideias e colocou seus textos a serviço da renovação cultural e política do país. Assim, sua obra traz os traços da modernidade, ao mesmo tempo em que é participante de todos os movimentos democráticos da época. Obras do autor: ―Paulicéia Desvairada‖, ―Há uma gota de sangue em cada poema‖, ―Amar, verbo intransitivo‖, ―Contos Novos‖ e ―Macunaíma‖.  Oswald de Andrade - Foi uma das figuras centrais na campanha preparatória para a Semana de Arte Moderna, de 1922. Oswald de Andrade lutou intensamente pela criação de uma literatura brasileira modernizada, de uma arte nacional.
  • 5. 5 Obras do autor: ―Estrela do absinto‖, ―Memórias Houve uma mudança gradativa para a estética sentimentais de João Miramar‖, ―Serafim Ponte modernista, já se notava que sua poesia não se Grande‖, ―O homem e o cavalo‖, ―A morta‖, ―O enquadrava com as técnicas antigas. Rei da Vela‖ e ―Marco zero‖. Obras do autor: Cinza das Horas (1917), Carnaval (1919), Ritmo Dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da Manhã (1936), Lira dos Cinquent’anos (1948), Belo belo (1951), Itinerário de Pasárgada. TEXTOS Teresa A primeira vez que vi Teresa Achei que ela tinha pernas estúpidas Achei também que a cara parecia uma perna Quando vi Teresa de novo Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo (Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse) Da terceira vez não vi mais nada Os céus se misturaram com a terra E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas. Manuel Bandeira  Manuel Bandeira Influenciado pelos simbolistas franceses Os sapos Baudelaire e Verlaine, seus Enfunando os papos, versos deixam transparecer a Saem da penumbra, ideia da morte, do desalento. Aos pulos, os sapos. Com ―Carnaval‖ (1919), A luz os deslumbra. Manuel Bandeira granjeia grande sucesso, porém, em Em ronco que aterra, contraste com a euforia Berra o sapo-boi: carnavalesca, a maioria dos — "Meu pai foi à guerra!" poemas desta obra traz a — "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!". marca da decepção. Manuel Bandeira foi parnasiano antes de pensar em ser modernista. O sapo-tanoeiro, Temática abordada pelo autor: Parnasiano aguado, 1. paixão pela vida Diz: — "Meu cancioneiro 2. morte É bem martelado. 3. amor 4. erotismo Vede como primo 5. solidão Em comer os hiatos! 6. angústia existencial Que arte! E nunca rimo 7. cotidiano Os termos cognatos! 8. infância O meu verso é bom A obra do artista tem características diversas: pósFrumento sem joio Parnasianismo, pós-Simbolismo e experiências Faço rimas com concretistas. Consoantes de apoio.
  • 6. 6 Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A formas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas . . ." Urra o sapo-boi: — "Meu pai foi rei" — "Foi!" — "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!" Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: — "A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo." Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas: — "Sei!" — "Não sabe!" — "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Verte a sombra imensa; Lá, fugindo ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . . — Respire. .......................................................................................... ..................... — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. Manuel Bandeira Porquinho-da-Índia Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele prá sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . . — O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada. Manuel Bandeira Andorinha Andorinha lá fora está dizendo: — "Passei o dia à toa, à toa!" Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! Passei a vida à toa, à toa . . . Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada 1918 Manuel Bandeira Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. Que Joana a Louca de Espanha A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Rainha e falsa demente Tosse, tosse, tosse. Vem a ser contraparente Da nora que eu nunca tive
  • 7. 7 Autorretrato Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte, E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico Falhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado Ficou de fora); sem família, Religião ou filosofia; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profissão Um tísico profissional. Manuel Bandeira E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Manuel Bandeira O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. Evocação do Recife Recife Não a Veneza americana Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais Não o Recife dos Mascates Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois — Recife das revoluções libertárias Mas o Recife sem história nem literatura Recife sem mais nada Recife da minha infância A rua da União onde eu brincava de chicotequeimado e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras mexericos namoros risadas A gente brincava no meio da rua Os meninos gritavam: Coelho sai! Não sai! A distância as vozes macias das meninas O bicho, meu Deus, era um homem. politonavam: Roseira dá-me uma rosa Rio, 27 de dezembro de 1947 Craveiro dá-me um botão Manuel Bandeira (Dessas rosas muita rosa Terá morrido em botão...) De repente
  • 8. 8 nos longos da noite um sino Uma pessoa grande dizia: Fogo em Santo Antônio! Outra contrariava: São José! Totônio Rodrigues achava sempre que era são José. Os homens punham o chapéu saíam fumando E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo. Rua da União... Como eram lindos os montes das ruas da minha infância Rua do Sol (Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal) Atrás de casa ficava a Rua da Saudade... ...onde se ia fumar escondido Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora... ...onde se ia pescar escondido Capiberibe — Capiberibe Lá longe o sertãozinho de Caxangá Banheiros de palha Um dia eu vi uma moça nuinha no banho Fiquei parado o coração batendo Ela se riu Foi o meu primeiro alumbramento Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras Novenas Cavalhadas E eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus cabelos Capiberibe — Capiberibe Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas Com o xale vistoso de pano da Costa E o vendedor de roletes de cana O de amendoim que se chamava midubim e não era torrado era cozido Me lembro de todos os pregões: Ovos frescos e baratos Dez ovos por uma pataca Foi há muito tempo... A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem Terras que não sabia onde ficavam Recife... Rua da União... A casa de meu avô... Nunca pensei que ela acabasse! Tudo lá parecia impregnado de eternidade Recife... Meu avô morto. Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô. Manuel Bandeira Poética Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare
  • 9. 9 — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. Manuel Bandeira Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Manuel Bandeira Trem de ferro Café com pão Café com pão Café com pão Virge Maria que foi isso maquinista? Agora sim Café com pão Agora sim Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força (trem de ferro, trem de ferro) Oô... Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pasto Passa boi Passa boiada Passa galho Da ingazeira Debruçada No riacho Que vontade De cantar! Oô... (café com pão é muito bom) Quando me prendero No canaviá Cada pé de cana Era um oficiá Oô... Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matar minha sede Oô... Vou mimbora vou mimbora Não gosto daqui Nasci no sertão Sou de Ouricuri Oô... Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente... (trem de ferro, trem de ferro) (Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936) O último poema Assim eu quereria o meu último poema. Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação. Manuel Bandeira