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HM II – 2º Semestre
Música no Século XIX
✓ Séc XVIII até começo do Séc. XX -> Romantismo
A origem do termo «Romântico»
➢ Tem base na literatura contemporânea e não em gerações
passadas.
A sombra de Beethoven
➢ A Música como Arte Maior
➢ O paralelismo com a Literatura
❖ O prestígio e o poder da Literatura estendem-se agora à
música.
Beethoven (o herdeiro de Haydn)
➢ 1º Músico autossuficiente
➢ O espírito revolucionário, livre, impulsivo, misterioso
➢ A concepção subjacente da música como auto-expressão
3º períodos
1º -> Período de formação do artista:
Obras demasiado pessoais.
2º -> escrita das obras mais influentes
o Quartetos Rasumovsky/sinfonias 5, 6 e 7/ sonatas
3º -> Sinfonia nº 9, últimas sonatas e sinfonias
➢ na charneira da História
❖ A simbiose entre o Artista e o seu período
➢ Nasce em Bona em 16/12/1770
➢ Família de músicos de Corte, de origem flamenga
➢ Criança prodígio (piano)
➢ Aos 12 anos nomeado assistente do organista de Corte
➢ Aos 18 encarrega-se de alguns dos deveres do Pai como cantor e
instrumentista
➢ Aos 19 anos primeiras obras importantes
❖ 2 cantatas (morte e coroação dos imperadores Austro-
húngaros)
o Aparentemente nunca tocadas
o Aprovadas por Haydn na sua passagem para Londres
(1790)
➢ No regresso de Haydn (1792) é decidido que vá estudar com ele em
Viena (Contraponto)
➢ Haydn regressa a Inglaterra (1794) e passa a estudar com Johann
Georg Albrechtsberger (1736-1809), Kapellmeister de St. Estevão, e
possivelmente Antonio Salieri (1750-1825), Kapellmeister da Corte
Imperial.
➢ Torna-se um pianista procurado campeão da cidade de Viena
o Replicando (mesmo ultrapassando) o sucesso de Mozart
➢ Em 1795 (data do regresso de Haydn) já é presença habitual nas
principais casas nobres melómanas de Viena.
➢ 1º grande sucesso em Concerto
o Concerto para Piano em Sí bemol Maior (futuro nº 2, Op. 19)
➢ Publica o seu Op. 1
o Trios para Piano, Violino e Violoncelo
❖ Dedicados a um dos seus patronos, Príncipe Karl von
Lichnowsky
❖ A crítica de Haydn ao 3º Trio, na sombria tonalidade de Dóm
• Beethoven recusa-se a identificar-se como seu aluno na
Op.2
• Auto-estima sincera e autopromoção calculada:
componentes do mito “Beethoven”
➢ 1796 bem-sucedidas tournées concertísticas em terras germânicas
o Escutado pelo compositor Vaclav Tomásek (1774-1850) em
Praga em 1798, considera-o “o maior pianista que tinha
escutado”
➢ 1800, 2/4, concerto em seu benefício com obras de Haydn, Mozart
e dele próprio (concerto para Piano) e improvisações, afirmam-no
como o maior compositor da sua geração.
o E ainda o Septeto para Sopros e Cordas, Op. 20
❖ Uma das suas obras mais populares
o Sinfonia nº 1, Op. 21
❖ O “território” de Haydn e Mozart
O estilo da Música Romântica
A originalidade como valor absoluto
➢ Muitas das ideias que usamos hoje vem do período romântico.
A flexibilidade rítmica
➢ O ritmo rubato, o gosto pela indefinição
O desenvolvimento melódico
➢ A era do tonalismo
➢ Maior emoção e efusão
➢ Expressão
➢ Maior irregularidade em termos rítmicos e frásicos
➢ Ilusão da espontaneidade
A expansão harmónica
➢ Maior complexidade, cromatismo
Expansão da paleta sonora
➢ O timbre, a melodia e a forma musical passam a ter a mesma
importância
➢ Desenvolvimento dos instrumentos (pianos com mais 8ªs)
➢ Expansão da orquestra, aparecimento do maestro (Igor Stravinsky)
e da batuta
➢ Novas combinações instrumentai
A questão da forma na música romântica
• O romper com a herança do Classicismo
➢ O uso menos estrito das formas
➢ Fusão dos temas, cadenciação menos marcada
➢ O miniatural vs o monumental
❖ Composições miniaturas (Lied de Schubert) vs Composições
monumentais (dramas musicais e Wagner com um mínimo de
3h)
• O princípio da unidade temática
❖ A forma cíclica, com o mesmo tema ocorrendo nos vários
andamentos.
❖ A transformação temática, com novas versões de um meso
tema.
• O Romantismo na Música
✓ Começa no último quartel do Século XIX
▪ Beethoven
✓ 2º terço do Séc. XIX
▪ Uma corrente entre várias
❖ Nacionalismo
o Próximo
❖ Realismo
o Oposto
• A «explosão» da cena musical
✓ Urbanização
✓ Industrialização
✓ Disseminação massiva da música
❖ Impressão de partituras
❖ Enormes salas de concerto
❖ Tournées
❖ Empresários
❖ Periódicos musicais
❖ A música como disciplina académica
❖ Historiografia musical
Beethoven e a (escassa) relação com a Ópera -> transição do classicismo
para o romantismo
Figura central da música, em parte por ser alemão.
Compõe uma única ópera -> Fidélio (1814)
Pouco impacto no mundo operático
Estilo - “ópera de resgate”
❖ A Revolução Francesa
❖ Gréty (1741-1813)
❖ Méhul (1763-1817)
❖ Cherubini (1760-1842)
• Espanha, Leonore (a esposa), Rocco (o carcereiro), Don Florestan
(o marido), Don Pizarro (o vilão), Don Fernando (o superior
hierárquico)
• Leonore, o fracasso inicial (1805/1806)
O papel da música na Ópera
✓ Metáfora da acção e emoção representada
❖ A emoção e a acção representam uma metáfora da
força vital subjacente, da qual a música é a mais fiel
encarnação que s epode experimentar na vida.
❖ A perspectiva Romântica/Germânica
❖ Preenche a mente oitocentista
❖ Coroa a música instrumental
❖ Beethoven e a sua expressão maior
A dominação italiana
✓ Rossini (1792-1868)
❖ A antítese Beethoveniana
o Da época de Beethoven até à época de
Beethoven e Rossini: sensualidade vs
espiritualidade
❖ O herdeiro da herança mozartiana
o O seu assumido modelo (Mozart).
o A centralidade da Ópera no contexto da época.
❖ O modelo de produção operática italiano
o Cantores (a prima donna), empresários, público e
compositor.
o A “obra” é o resultado da performance
o A música como ofício (e não desígnio)
o “Uma òpera Italiana na 1ª metade do Séc. XIX era
tratada como um conjunto de unidades individuais que
podiam ser rearranjadas, substituídas e omitidas de
acordo com as condições de apresentação, gosto ou
capricho locais”.
Os Sucessos
Tancredi (1813)
✓ Ópera Séria -> 1º sucesso internacional
O Barbeiro de Sevilha (1816)
✓ Escrito entre c.12/1815 e 26/2/1816 (escrever, copiar, encenar e
ensaiar)
✓ O “maior compositor da sua época”
❖ Ópera cómica e Ópera Séria
✓ Guillaume Tell, Paris (1829)
❖ Última ópera que Rossini compõe
❖ Reforma dourada
❖ Desuso do cravo para o recitativo a “seco2 e utilizado aqui o
recitativo acompanhado
Depois da reforma ainda escreve obras como:
❖ Péchés de vieillesse
❖ Stabat Mater
❖ Petite Messe Solennelle
o O estilo da música religiosa indistinto do operático
o Banido em 1903 (Pio X e a recuperação do Canto
Gregoriano)
O «Código Rossini»
• Beethoven, o Romântico vs Rossini, o Pré-Romântico
• Transgressão, Superação vs o herdeiro da tradição
• Põe em prática modelos já existentes e estabelece a base para o
futuro.
➢ A Abertura em “Barbeiro de Sevilha”
❖ Mais elaborada devida à orquestração e à invenção
melódica
❖ Ausência de “desenvolvimento temático” e “drama
harmónico” simbólico
❖ Introdução lenta e codetta (repetição da mesma parte
em várias secções da música
❖ O crescente Rossiniano
➢ O Ensemble
❖ Surgem em todas as ocasiões e crescem em escala
❖ Em strepitoso – strepitosissimo
❖ Final do 1º acto L’italiana in Alger (1813)
➢ A «Aria»
❖ “Largo al factótum” e “La calunnia e un venticello”
❖ A Ópera cómica atinge o seu auge e fim.
➢ A Ópera Séria
❖ A Aria bipartida: cantabile (lírica) e Cabaleta (brilhante)
Rossini – a biografia escrita por Stendahl
➢ Divisão do mundo musical: ópera italiana, música
instrumental germânica, estética de base nacional e uma
crescente rivalidade.
➢ O abandono dos castrati em 1830
➢ Surgem as mezzo-soprano (a confidente) como complemento
à Prima-Donna.
O Bel Canto: apogeu e decadência
✓ Surge da ópera veneziana em 1630 e é uma designação
retrospectiva
✓ Rossini falando das obras dos seus sucessores diz que depois delas
se perde:
▪ O instrumento (a voz)
❖ Construídos (Castrados) depois cultivados
❖ Regime estrito de contrações guturais
❖ Depois igualdade de timbre ao longo de todo o registo
❖ A Técnica
✓ Trabalhava-se através de exercícios de canto
(vocalizos)
✓ Correta colocação das vogais e agilidade
✓ Facilitavam os Gruppetti, Roulades, Trilos, etc.
✓ O Estilo
Os sucessores de Rossini:
Vincenzo Bellini
✓ Neto e filho de compositores
✓ 10 Óperas
✓ 4 permanecem no repertório: Capuleti e i Montechi (1830), I
puritani (1835), La sonnambula (1831) e Norma (1831)
Gaetano Donizetti
✓ 66 Óperas, das quais 3 cómicas ficaram no repertório: L’ elisir
d’amour (1832), La fille du régiment (1840) e Don Pasquale (1843).
✓ A utilização de narrativas em vez de obras dramáticas, como base
para Libretos Lucia de Lammermoor (1835).
A peça de carácter Romântica
A questão da verdade e onde está ela – uma das grandes questões
levantadas pelos Românticos.
✓ A Revelação (religião), a autoridade (hierarquia social), moral
intrínseca (Kant)
✓ Segundo os enciclopedistas era externa e universal, deduzida
através do exercício da razão - objectiva
✓ Para os Românticos a verdade é uma questão individual:
❖ Rejeição da noção de universalismo
❖ O refúgio no esteticismo
❖ ou
❖ O Nacionalismo (língua, religião, história partilhada,
Etnicidade, Raça)
❖ A “Comunidade Imaginada”
❖ O “Eu” e o “Nós” (o “Eu” colectivo)
❖ “A pública exibição da privacidade”
❖ A Música doméstica
o A edição musical
o Produção maciça de pianos e outros instrumentos
domésticos
o Canções sem palavras
o A ligação entre Literatura e Música
o A solidão do Artista (exibida) como representando a
Verdade artística
o A “Arte pela Arte” (o “desinteresse”)
O Piano
✓ A Sobre dominante abaixada, o colorido cordal Romântico por
excelência (6ªm passa a ser uma possibilidade de modulação)
✓ Marca a fronteira entre experiência exterior e interior e a entrada
nesta
✓ Esta modulação com o mesmo efeito da aria operática: suspensão
do tempo
✓ A presença de Field na Rússia um dos catalisadores da Música
erudita Russa – o Salon
✓ O espaço para este repertório “doméstico” – romântico”
✓ Espaço para o patrocínio artístico
✓ Encontro entre as elites sociais e artísticas (e de confirmação
daquelas)
• Os músicos arranjavam alunos(as) endinheirados
❖ Era disto que Field vivia
O Salão e as questões de género
✓ O “caracter efeminado” do Noturno
✓ É na 1ª metade do Século que o estigma sexual do Artista se afirma
o Efeminado ou libertino
✓ Contra uma sociedade cada vez mais moralista (Victoriana)
✓ O aburguesamento do Salão contribuindo finalmente para a sua
banalização
✓ O repertório trivial (muito usado)
Franz Schubert (1797-1828)
✓ Um compositor “interior”
✓ Uma existência anónima
✓ Aos 19 anos já tem uma produção muito significativa
• Algumas obras-primas absolutas
✓ No Outono de 1817 ouve Rossini pela 1ª vez
o Experiência Libertadora
o Até aí condicionado pelo “Espero fazer algo de mim próprio,
mas quem pode fazer o que quer que seja depois de
Beethoven”
o As suas obras mostram um novo carácter
❖ Longas melodias que distendem a estrutura
❖ Um carácter mais discursivo (“amplitude celestial”,
Schumann)
✓ 1821, começam a acumular-se obras de grandes dimensões
• A 1ª doença séria (Sífilis)
✓ 1823, pensa-se que vai morrer
• Escreve uma das suas obras-primas: o ciclo “A Bela Moleira”
(“Die Schone Mullerin)
• Até ao fim da vida tem uma saúde precária
✓ Durante os cerca de 18 anos de actividade composicional escreveu
c. de 998 obras (Deutsch)
• Apenas c. de 200 publicadas em vida (das quais 134 eram
canções)
• Por altura da sua morte era tido como compositor de música
maioritariamente utilitária, sociável e doméstica
(Biedermeier)
❖ Danças, música para coros masculinos
▪ A sua produção de maior fôlego (quartetos e sinfonias) ainda
ignorada
▪ As Schubertíadas, o ambiente de eleição para a sua música
▪ Até as obras de maior fôlego são dominadas pelo ambiente
de instrospecção lírica, de privacidade
▪ As suas duas últimas Sinfonias (apresentadas primeiramente
nas décadas de 1850 e 1860) vão ter uma influência
extraordinária nas gerações seguintes
Os Impromptus de Schubert
✓ Jan Vaclav Vorisek (1791-1825) introduz a estrutura ternária (aba)
✓ Improviso escrito tendo em conta o exponencial do campo
harmónico
✓ Schubert escreve 8 todos em 1827
✓ Sendo um deles em Mib M, Op. 90, nº 2
✓ Mistura a modulação da Sobredominante abaixada com a “mistura
modal”
✓ O conceito de Eb envolve agora o M e o m e todas as constituintes
harmónicas dos dois modos colocados à disposição, a qualquer
instante e de forma arbitária
Os Moments musicaux (6)
✓ Uma peça em tempo de aria, i.e fora do tempo
✓ A ideia do momento e a indução do transe musical
✓ O sair do ciclo de 5ªs p/regiões de 6ªs, interrompendo a progressão
normal
✓ Transformação de acordes que pedem resolução em harmonia
estável (6ªs napolitanas)
✓ O nº 6 /D.780)
(…)
Música Coral e o seu significado
✓ Regressa com o Romantismo e estende-se por toda a Europa no séc.
XIX
✓ As sociedades corais, os ecos dos coros universais na revolução
francesa
✓ A Nação e a arte sacralizadas
O Renascimento da Oratória
✓ Na sequência da derrota Napolitana, assiste-se ao “Renascimento
de Bach”
✓ Influência da oratória Handeliana
✓ “Nação” e não “religião”, Paulus de Mendelssohn, compositor +
importante e bem-sucedido do séc. XIX
✓ O Nacionalismo toma novas formas
▪ Mendelssohn como alvo
(…)
A Ópera Romântica na Alemanha
✓ Weber, Freischütz
o O papel da recepção na projecção da obra
o Símbolo da Alemanha
o As suas melodias vão ser assumidas como sendo de origem
popular
❖ Volkslied
A Ópera Romântica na França
✓ Eugêne Scribe (1791-1861), o Libretista
✓ A “Grand Ópera”
o Fundamental para a compreensão de Wagner e Verdi
o Cruzando História (e Política) e história (Romance)
o A influência judaica na cultura europeia
o Jacques Fromental Halévy (1799-1862)
❖ La Juive (1835)
✓ E sobretudo
✓ Giacomo Meyerbeer (1791-1864)
✓ Meyerbeer também vítima das críticas de Wagner
o Um Romantismo que é anti moderno e reacionário começa a
afirmar-se contra o cosmopolitismo que Meyerbeer
representa.
o As diatribes de Wagner contra Meyerbeer projectando-se
pelo Século XX
✓ O estado subsidiando a Ópera
o A Salle Peletier
❖ Grande
❖ Na vanguarda da tecnologia
Uso de iluminação a gás em vez de velas (1822)
Utilização de holofotes (c.1830)
Utilização de energia eléctrica (1849?)
✓ “Modernização e popularização de uma arte antiga e aristocrática”
✓ A Monarquia de Julho (1830-38), a Académie Royale e os
espectáculos de Ópera mais colossais alguma vez vistos
o A mania das grandezas do Estado centralizado
A Ópera Romântica na Rússia
✓ O país com a maior consciência da “semiose” musical
✓ 1836, Glinka (1804-57) e uma vida pelo Czar
o A 1ª que era verdadeiramente uma Ópera (ocidental)
❖ Com recitativos
❖ Nºs vocais virtuisísticos, ensembles e finais
monumentais
❖ I.e., o domínio do “Código Rossini”, a completa
panóplia de convenções italianas
❖ Mas também francesa, com temas recorrente, coros e
carácter popular
❖ Finalmente germânica na sua complexidade harmónica
e riqueza tímbrica
✓ A incorporação de “artefactos naturais” das culturas camponesas
envolventes
✓ O Nacionalismo russo como um aspecto da sua “ocidentalização”
✓ O caso marcante envolvendo a relação da música com a ideia de
Nação
Os Virtuosos
Niccolò Paganini (1782-1840)
✓ A sua influência sobre gerações posteriores
o Escreveram variações sobre o tema do Capricho 24:
❖ Liszt
❖ Schumann
❖ Brahms
❖ Rachmaninoff
❖ Lutoslavski
✓ A chamar a atenção para o virtuosismo como um elemento da arte
✓ Os 24 Caprichos (1805, publicados em 1820)
✓ A partir de 1828 atravessa os Alpes (apenas durante 6 anos)
✓ Arrasa
✓ Schubert, Goethe, Schumann, Berlioz, Liszt
✓ O seu aspecto, o mito romântico do virtuoso como sobrehumano
Franz Liszt
✓ O encontro com Paganini
o “Quel Homme, quel violin, quel artiste!”
o A necessidade de submeter a um teste de endurance
o A reclusão
❖ Reinventa a sua técnica de alto a baixo
✓ Estudou com Carl Czerny (1791-1857)
✓ Dá o 1º Concerto em 1822
✓ As suas 1ªs composições cultivam o style brillant (ligeiro e alegre)
dos virtuosos da época
✓ A Arte como instrumento de transformação social
o Saint-Simonismo, socialismo religioso utópico, combinando
religião tradicional com a ciência moderna
o O novo estatuto do virtuosismo musical
o Um último tributo a Paganini: Études d’execution
transcendante d’aprés Paganini (1838)
✓ Invenção do Recital sozinho: 1º concerto a 08/04/1842 – Piano a
solo com Todos os elementos de um concerto.
✓ Organicidade: música como um organismo, ligações de todas as
transições e ligações motívicas
✓ Fosso entre a vanguarda («virtuoso criativo») e uma facção mais
conservadora
o Uma situação que se mantém até hoje
o Os Conservatórios
o O período clássico (1836) e a teoria da Forma Sonata (1824-
47)
o O fim da improvisação e a ideia de que as partituras são
textos invioláveis
Os críticos
✓ O aparecimento do crítico musical
o Mediador entre a arte e o público não professional
(especializado)
o A imprensa Musical
❖ O crítico “porta palavra do público”
❖ O crítico “conselheiro do público”
❖ A fundação da crítica musical moderna com o
Allgemeine musikalische Zeitung (1798)
❖ (…)
✓ Músicos e Críticos
o César Cui
o Hugo Wolf
o Liszt
o Hector Berlioz
❖ Journal des débats
❖ Modo de subsistência
Robert Schumann
➢ Funda a Neve Zeitschrift fur Musik
➢ Alternativa ao Allgemaine
➢ O combate ao filistinismo
▪ Davidsbund
o Florestan (impetuoso e resistente, id), Eusebius
(moderado, ego) e Meister Raro ( Friedrich Wieck,
reprovador, alter ego)
o As suas críticas não eram directas mas conversas entre
os membros da Lida de David
o Buscar na Música o prazer da Literatura, a “Música
como Literatura”, a Música com substância intelectual
▪ A influência de Schubert
o A nuance e ambiguidade harmónica
o Com o avançar da carreira a sua música torna-se
tecnicamente mais consumada, mas também conforme
as expectativas do público: uma inclinação para o
“Classicismo”
o Concerto em Lá m, Op. 54
➢ Contudo unidade temática e compressão num só
andamento (com muitos contrastes de
andamento) – antecipando as inovações de Liszt.
Hector Berlioz
✓ Crítico
✓ Cresce em contexto francês
✓ Composição e Direcção de Orquestra na Alemanha
✓ Pois o seu trabalho não é apreciado em França
✓ Música cívica cerimonial: Grand Messe des morts (1837), Grand
Symphonie fúnebre et triomphale (1839)
✓ Symphonie Fantastique em 5 partes
✓ A obra mais destacada. Paixão por Harriet Smithson, o programa
✓ A Música Programática -> a música que tem por objetivo evocar
ideias ou imagens extra-musicais na mente do ouvinte
✓ o tema inicial do 1º Allegro, a ideé fixe, aparecendo em todos os
andamentos (dando unidade à obra).
Chopin
✓ Estudos, baladas e rondós.
✓ Prelúdios
✓ Danças
Chopin em Paris
✓ Sua Obra é símbolo de: Génio, sofrimento romântico, perfeição
artística, doentio e afeminado, Nacionalismo, Exotismo,
Universalidade
✓ Revolução de 1848 leva à quebra de tradição e formas de ganhar
dinheiro e Chopin parte para Londres.
Chopin como interprete
✓ Tempo Rubato: Chopin é um dos 1ºs a usar o termo como
orientação p/a interpretação;
✓ Em vez das habituais indicações de mudança de tempo
✓ Não é uma alteração geral do tempo, mas uma dilatação de melodia
sobre um acompanhamento regular
✓ Sonatas: peças que ultrapassam fronteiras do “normal” e não
obedecem por completo os cânones oitocentistas
✓ Baladas: lado mais sério do nacionalismo polaco. “Baladas” sem
palavras. Sonata numa fase posterior.
✓ Orientalismos e Exotismos -> representar o outro como
autoafirmação
✓ Tradição que vem dos turcos
✓ Chopin foi também um profundo conhecedor e admirador da obra
de Bach e Mozart. A audácia das harmonias, o sentido da cor ou a
inspiração nos ritmos e melodias polacas, mas também no bel
canto da ópera italiana, são elementos exteriores, resultantes do
estudo ou da simples contaminação, que convergem também para
o estilo peculiar e único do compositor.

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Música Romântica no Século XIX

  • 1. HM II – 2º Semestre Música no Século XIX ✓ Séc XVIII até começo do Séc. XX -> Romantismo A origem do termo «Romântico» ➢ Tem base na literatura contemporânea e não em gerações passadas. A sombra de Beethoven ➢ A Música como Arte Maior ➢ O paralelismo com a Literatura ❖ O prestígio e o poder da Literatura estendem-se agora à música. Beethoven (o herdeiro de Haydn) ➢ 1º Músico autossuficiente ➢ O espírito revolucionário, livre, impulsivo, misterioso ➢ A concepção subjacente da música como auto-expressão 3º períodos 1º -> Período de formação do artista: Obras demasiado pessoais. 2º -> escrita das obras mais influentes o Quartetos Rasumovsky/sinfonias 5, 6 e 7/ sonatas 3º -> Sinfonia nº 9, últimas sonatas e sinfonias
  • 2. ➢ na charneira da História ❖ A simbiose entre o Artista e o seu período ➢ Nasce em Bona em 16/12/1770 ➢ Família de músicos de Corte, de origem flamenga ➢ Criança prodígio (piano) ➢ Aos 12 anos nomeado assistente do organista de Corte ➢ Aos 18 encarrega-se de alguns dos deveres do Pai como cantor e instrumentista ➢ Aos 19 anos primeiras obras importantes ❖ 2 cantatas (morte e coroação dos imperadores Austro- húngaros) o Aparentemente nunca tocadas o Aprovadas por Haydn na sua passagem para Londres (1790) ➢ No regresso de Haydn (1792) é decidido que vá estudar com ele em Viena (Contraponto) ➢ Haydn regressa a Inglaterra (1794) e passa a estudar com Johann Georg Albrechtsberger (1736-1809), Kapellmeister de St. Estevão, e possivelmente Antonio Salieri (1750-1825), Kapellmeister da Corte Imperial. ➢ Torna-se um pianista procurado campeão da cidade de Viena o Replicando (mesmo ultrapassando) o sucesso de Mozart ➢ Em 1795 (data do regresso de Haydn) já é presença habitual nas principais casas nobres melómanas de Viena. ➢ 1º grande sucesso em Concerto o Concerto para Piano em Sí bemol Maior (futuro nº 2, Op. 19) ➢ Publica o seu Op. 1 o Trios para Piano, Violino e Violoncelo ❖ Dedicados a um dos seus patronos, Príncipe Karl von Lichnowsky ❖ A crítica de Haydn ao 3º Trio, na sombria tonalidade de Dóm • Beethoven recusa-se a identificar-se como seu aluno na Op.2 • Auto-estima sincera e autopromoção calculada: componentes do mito “Beethoven” ➢ 1796 bem-sucedidas tournées concertísticas em terras germânicas
  • 3. o Escutado pelo compositor Vaclav Tomásek (1774-1850) em Praga em 1798, considera-o “o maior pianista que tinha escutado” ➢ 1800, 2/4, concerto em seu benefício com obras de Haydn, Mozart e dele próprio (concerto para Piano) e improvisações, afirmam-no como o maior compositor da sua geração. o E ainda o Septeto para Sopros e Cordas, Op. 20 ❖ Uma das suas obras mais populares o Sinfonia nº 1, Op. 21 ❖ O “território” de Haydn e Mozart O estilo da Música Romântica A originalidade como valor absoluto ➢ Muitas das ideias que usamos hoje vem do período romântico. A flexibilidade rítmica ➢ O ritmo rubato, o gosto pela indefinição O desenvolvimento melódico ➢ A era do tonalismo ➢ Maior emoção e efusão ➢ Expressão ➢ Maior irregularidade em termos rítmicos e frásicos ➢ Ilusão da espontaneidade A expansão harmónica ➢ Maior complexidade, cromatismo Expansão da paleta sonora ➢ O timbre, a melodia e a forma musical passam a ter a mesma importância ➢ Desenvolvimento dos instrumentos (pianos com mais 8ªs) ➢ Expansão da orquestra, aparecimento do maestro (Igor Stravinsky) e da batuta ➢ Novas combinações instrumentai
  • 4. A questão da forma na música romântica • O romper com a herança do Classicismo ➢ O uso menos estrito das formas ➢ Fusão dos temas, cadenciação menos marcada ➢ O miniatural vs o monumental ❖ Composições miniaturas (Lied de Schubert) vs Composições monumentais (dramas musicais e Wagner com um mínimo de 3h) • O princípio da unidade temática ❖ A forma cíclica, com o mesmo tema ocorrendo nos vários andamentos. ❖ A transformação temática, com novas versões de um meso tema. • O Romantismo na Música ✓ Começa no último quartel do Século XIX ▪ Beethoven ✓ 2º terço do Séc. XIX ▪ Uma corrente entre várias ❖ Nacionalismo o Próximo ❖ Realismo o Oposto • A «explosão» da cena musical ✓ Urbanização ✓ Industrialização ✓ Disseminação massiva da música ❖ Impressão de partituras ❖ Enormes salas de concerto ❖ Tournées
  • 5. ❖ Empresários ❖ Periódicos musicais ❖ A música como disciplina académica ❖ Historiografia musical Beethoven e a (escassa) relação com a Ópera -> transição do classicismo para o romantismo Figura central da música, em parte por ser alemão. Compõe uma única ópera -> Fidélio (1814) Pouco impacto no mundo operático Estilo - “ópera de resgate” ❖ A Revolução Francesa ❖ Gréty (1741-1813) ❖ Méhul (1763-1817) ❖ Cherubini (1760-1842) • Espanha, Leonore (a esposa), Rocco (o carcereiro), Don Florestan (o marido), Don Pizarro (o vilão), Don Fernando (o superior hierárquico) • Leonore, o fracasso inicial (1805/1806) O papel da música na Ópera ✓ Metáfora da acção e emoção representada ❖ A emoção e a acção representam uma metáfora da força vital subjacente, da qual a música é a mais fiel encarnação que s epode experimentar na vida. ❖ A perspectiva Romântica/Germânica ❖ Preenche a mente oitocentista ❖ Coroa a música instrumental ❖ Beethoven e a sua expressão maior
  • 6. A dominação italiana ✓ Rossini (1792-1868) ❖ A antítese Beethoveniana o Da época de Beethoven até à época de Beethoven e Rossini: sensualidade vs espiritualidade ❖ O herdeiro da herança mozartiana o O seu assumido modelo (Mozart). o A centralidade da Ópera no contexto da época. ❖ O modelo de produção operática italiano o Cantores (a prima donna), empresários, público e compositor. o A “obra” é o resultado da performance o A música como ofício (e não desígnio) o “Uma òpera Italiana na 1ª metade do Séc. XIX era tratada como um conjunto de unidades individuais que podiam ser rearranjadas, substituídas e omitidas de acordo com as condições de apresentação, gosto ou capricho locais”. Os Sucessos Tancredi (1813) ✓ Ópera Séria -> 1º sucesso internacional O Barbeiro de Sevilha (1816) ✓ Escrito entre c.12/1815 e 26/2/1816 (escrever, copiar, encenar e ensaiar) ✓ O “maior compositor da sua época” ❖ Ópera cómica e Ópera Séria ✓ Guillaume Tell, Paris (1829) ❖ Última ópera que Rossini compõe ❖ Reforma dourada ❖ Desuso do cravo para o recitativo a “seco2 e utilizado aqui o recitativo acompanhado
  • 7. Depois da reforma ainda escreve obras como: ❖ Péchés de vieillesse ❖ Stabat Mater ❖ Petite Messe Solennelle o O estilo da música religiosa indistinto do operático o Banido em 1903 (Pio X e a recuperação do Canto Gregoriano) O «Código Rossini» • Beethoven, o Romântico vs Rossini, o Pré-Romântico • Transgressão, Superação vs o herdeiro da tradição • Põe em prática modelos já existentes e estabelece a base para o futuro. ➢ A Abertura em “Barbeiro de Sevilha” ❖ Mais elaborada devida à orquestração e à invenção melódica ❖ Ausência de “desenvolvimento temático” e “drama harmónico” simbólico ❖ Introdução lenta e codetta (repetição da mesma parte em várias secções da música ❖ O crescente Rossiniano ➢ O Ensemble ❖ Surgem em todas as ocasiões e crescem em escala ❖ Em strepitoso – strepitosissimo ❖ Final do 1º acto L’italiana in Alger (1813) ➢ A «Aria» ❖ “Largo al factótum” e “La calunnia e un venticello” ❖ A Ópera cómica atinge o seu auge e fim. ➢ A Ópera Séria ❖ A Aria bipartida: cantabile (lírica) e Cabaleta (brilhante)
  • 8. Rossini – a biografia escrita por Stendahl ➢ Divisão do mundo musical: ópera italiana, música instrumental germânica, estética de base nacional e uma crescente rivalidade. ➢ O abandono dos castrati em 1830 ➢ Surgem as mezzo-soprano (a confidente) como complemento à Prima-Donna. O Bel Canto: apogeu e decadência ✓ Surge da ópera veneziana em 1630 e é uma designação retrospectiva ✓ Rossini falando das obras dos seus sucessores diz que depois delas se perde: ▪ O instrumento (a voz) ❖ Construídos (Castrados) depois cultivados ❖ Regime estrito de contrações guturais ❖ Depois igualdade de timbre ao longo de todo o registo ❖ A Técnica ✓ Trabalhava-se através de exercícios de canto (vocalizos) ✓ Correta colocação das vogais e agilidade ✓ Facilitavam os Gruppetti, Roulades, Trilos, etc. ✓ O Estilo
  • 9. Os sucessores de Rossini: Vincenzo Bellini ✓ Neto e filho de compositores ✓ 10 Óperas ✓ 4 permanecem no repertório: Capuleti e i Montechi (1830), I puritani (1835), La sonnambula (1831) e Norma (1831) Gaetano Donizetti ✓ 66 Óperas, das quais 3 cómicas ficaram no repertório: L’ elisir d’amour (1832), La fille du régiment (1840) e Don Pasquale (1843). ✓ A utilização de narrativas em vez de obras dramáticas, como base para Libretos Lucia de Lammermoor (1835). A peça de carácter Romântica A questão da verdade e onde está ela – uma das grandes questões levantadas pelos Românticos. ✓ A Revelação (religião), a autoridade (hierarquia social), moral intrínseca (Kant) ✓ Segundo os enciclopedistas era externa e universal, deduzida através do exercício da razão - objectiva ✓ Para os Românticos a verdade é uma questão individual: ❖ Rejeição da noção de universalismo ❖ O refúgio no esteticismo ❖ ou ❖ O Nacionalismo (língua, religião, história partilhada, Etnicidade, Raça) ❖ A “Comunidade Imaginada” ❖ O “Eu” e o “Nós” (o “Eu” colectivo) ❖ “A pública exibição da privacidade”
  • 10. ❖ A Música doméstica o A edição musical o Produção maciça de pianos e outros instrumentos domésticos o Canções sem palavras o A ligação entre Literatura e Música o A solidão do Artista (exibida) como representando a Verdade artística o A “Arte pela Arte” (o “desinteresse”) O Piano ✓ A Sobre dominante abaixada, o colorido cordal Romântico por excelência (6ªm passa a ser uma possibilidade de modulação) ✓ Marca a fronteira entre experiência exterior e interior e a entrada nesta ✓ Esta modulação com o mesmo efeito da aria operática: suspensão do tempo ✓ A presença de Field na Rússia um dos catalisadores da Música erudita Russa – o Salon ✓ O espaço para este repertório “doméstico” – romântico” ✓ Espaço para o patrocínio artístico ✓ Encontro entre as elites sociais e artísticas (e de confirmação daquelas) • Os músicos arranjavam alunos(as) endinheirados ❖ Era disto que Field vivia O Salão e as questões de género ✓ O “caracter efeminado” do Noturno ✓ É na 1ª metade do Século que o estigma sexual do Artista se afirma o Efeminado ou libertino ✓ Contra uma sociedade cada vez mais moralista (Victoriana) ✓ O aburguesamento do Salão contribuindo finalmente para a sua banalização ✓ O repertório trivial (muito usado)
  • 11. Franz Schubert (1797-1828) ✓ Um compositor “interior” ✓ Uma existência anónima ✓ Aos 19 anos já tem uma produção muito significativa • Algumas obras-primas absolutas ✓ No Outono de 1817 ouve Rossini pela 1ª vez o Experiência Libertadora o Até aí condicionado pelo “Espero fazer algo de mim próprio, mas quem pode fazer o que quer que seja depois de Beethoven” o As suas obras mostram um novo carácter ❖ Longas melodias que distendem a estrutura ❖ Um carácter mais discursivo (“amplitude celestial”, Schumann) ✓ 1821, começam a acumular-se obras de grandes dimensões • A 1ª doença séria (Sífilis) ✓ 1823, pensa-se que vai morrer • Escreve uma das suas obras-primas: o ciclo “A Bela Moleira” (“Die Schone Mullerin) • Até ao fim da vida tem uma saúde precária ✓ Durante os cerca de 18 anos de actividade composicional escreveu c. de 998 obras (Deutsch) • Apenas c. de 200 publicadas em vida (das quais 134 eram canções) • Por altura da sua morte era tido como compositor de música maioritariamente utilitária, sociável e doméstica (Biedermeier) ❖ Danças, música para coros masculinos ▪ A sua produção de maior fôlego (quartetos e sinfonias) ainda ignorada ▪ As Schubertíadas, o ambiente de eleição para a sua música ▪ Até as obras de maior fôlego são dominadas pelo ambiente de instrospecção lírica, de privacidade ▪ As suas duas últimas Sinfonias (apresentadas primeiramente nas décadas de 1850 e 1860) vão ter uma influência extraordinária nas gerações seguintes
  • 12. Os Impromptus de Schubert ✓ Jan Vaclav Vorisek (1791-1825) introduz a estrutura ternária (aba) ✓ Improviso escrito tendo em conta o exponencial do campo harmónico ✓ Schubert escreve 8 todos em 1827 ✓ Sendo um deles em Mib M, Op. 90, nº 2 ✓ Mistura a modulação da Sobredominante abaixada com a “mistura modal” ✓ O conceito de Eb envolve agora o M e o m e todas as constituintes harmónicas dos dois modos colocados à disposição, a qualquer instante e de forma arbitária Os Moments musicaux (6) ✓ Uma peça em tempo de aria, i.e fora do tempo ✓ A ideia do momento e a indução do transe musical ✓ O sair do ciclo de 5ªs p/regiões de 6ªs, interrompendo a progressão normal ✓ Transformação de acordes que pedem resolução em harmonia estável (6ªs napolitanas) ✓ O nº 6 /D.780) (…) Música Coral e o seu significado ✓ Regressa com o Romantismo e estende-se por toda a Europa no séc. XIX ✓ As sociedades corais, os ecos dos coros universais na revolução francesa ✓ A Nação e a arte sacralizadas O Renascimento da Oratória ✓ Na sequência da derrota Napolitana, assiste-se ao “Renascimento de Bach” ✓ Influência da oratória Handeliana
  • 13. ✓ “Nação” e não “religião”, Paulus de Mendelssohn, compositor + importante e bem-sucedido do séc. XIX ✓ O Nacionalismo toma novas formas ▪ Mendelssohn como alvo (…) A Ópera Romântica na Alemanha ✓ Weber, Freischütz o O papel da recepção na projecção da obra o Símbolo da Alemanha o As suas melodias vão ser assumidas como sendo de origem popular ❖ Volkslied A Ópera Romântica na França ✓ Eugêne Scribe (1791-1861), o Libretista ✓ A “Grand Ópera” o Fundamental para a compreensão de Wagner e Verdi o Cruzando História (e Política) e história (Romance) o A influência judaica na cultura europeia o Jacques Fromental Halévy (1799-1862) ❖ La Juive (1835) ✓ E sobretudo ✓ Giacomo Meyerbeer (1791-1864) ✓ Meyerbeer também vítima das críticas de Wagner o Um Romantismo que é anti moderno e reacionário começa a afirmar-se contra o cosmopolitismo que Meyerbeer representa. o As diatribes de Wagner contra Meyerbeer projectando-se pelo Século XX
  • 14. ✓ O estado subsidiando a Ópera o A Salle Peletier ❖ Grande ❖ Na vanguarda da tecnologia Uso de iluminação a gás em vez de velas (1822) Utilização de holofotes (c.1830) Utilização de energia eléctrica (1849?) ✓ “Modernização e popularização de uma arte antiga e aristocrática” ✓ A Monarquia de Julho (1830-38), a Académie Royale e os espectáculos de Ópera mais colossais alguma vez vistos o A mania das grandezas do Estado centralizado A Ópera Romântica na Rússia ✓ O país com a maior consciência da “semiose” musical ✓ 1836, Glinka (1804-57) e uma vida pelo Czar o A 1ª que era verdadeiramente uma Ópera (ocidental) ❖ Com recitativos ❖ Nºs vocais virtuisísticos, ensembles e finais monumentais ❖ I.e., o domínio do “Código Rossini”, a completa panóplia de convenções italianas ❖ Mas também francesa, com temas recorrente, coros e carácter popular ❖ Finalmente germânica na sua complexidade harmónica e riqueza tímbrica ✓ A incorporação de “artefactos naturais” das culturas camponesas envolventes ✓ O Nacionalismo russo como um aspecto da sua “ocidentalização” ✓ O caso marcante envolvendo a relação da música com a ideia de Nação
  • 15. Os Virtuosos Niccolò Paganini (1782-1840) ✓ A sua influência sobre gerações posteriores o Escreveram variações sobre o tema do Capricho 24: ❖ Liszt ❖ Schumann ❖ Brahms ❖ Rachmaninoff ❖ Lutoslavski ✓ A chamar a atenção para o virtuosismo como um elemento da arte ✓ Os 24 Caprichos (1805, publicados em 1820) ✓ A partir de 1828 atravessa os Alpes (apenas durante 6 anos) ✓ Arrasa ✓ Schubert, Goethe, Schumann, Berlioz, Liszt ✓ O seu aspecto, o mito romântico do virtuoso como sobrehumano Franz Liszt ✓ O encontro com Paganini o “Quel Homme, quel violin, quel artiste!” o A necessidade de submeter a um teste de endurance o A reclusão ❖ Reinventa a sua técnica de alto a baixo ✓ Estudou com Carl Czerny (1791-1857) ✓ Dá o 1º Concerto em 1822 ✓ As suas 1ªs composições cultivam o style brillant (ligeiro e alegre) dos virtuosos da época ✓ A Arte como instrumento de transformação social o Saint-Simonismo, socialismo religioso utópico, combinando religião tradicional com a ciência moderna o O novo estatuto do virtuosismo musical
  • 16. o Um último tributo a Paganini: Études d’execution transcendante d’aprés Paganini (1838) ✓ Invenção do Recital sozinho: 1º concerto a 08/04/1842 – Piano a solo com Todos os elementos de um concerto. ✓ Organicidade: música como um organismo, ligações de todas as transições e ligações motívicas ✓ Fosso entre a vanguarda («virtuoso criativo») e uma facção mais conservadora o Uma situação que se mantém até hoje o Os Conservatórios o O período clássico (1836) e a teoria da Forma Sonata (1824- 47) o O fim da improvisação e a ideia de que as partituras são textos invioláveis Os críticos ✓ O aparecimento do crítico musical o Mediador entre a arte e o público não professional (especializado) o A imprensa Musical ❖ O crítico “porta palavra do público” ❖ O crítico “conselheiro do público” ❖ A fundação da crítica musical moderna com o Allgemeine musikalische Zeitung (1798) ❖ (…) ✓ Músicos e Críticos o César Cui o Hugo Wolf o Liszt o Hector Berlioz ❖ Journal des débats ❖ Modo de subsistência
  • 17. Robert Schumann ➢ Funda a Neve Zeitschrift fur Musik ➢ Alternativa ao Allgemaine ➢ O combate ao filistinismo ▪ Davidsbund o Florestan (impetuoso e resistente, id), Eusebius (moderado, ego) e Meister Raro ( Friedrich Wieck, reprovador, alter ego) o As suas críticas não eram directas mas conversas entre os membros da Lida de David o Buscar na Música o prazer da Literatura, a “Música como Literatura”, a Música com substância intelectual ▪ A influência de Schubert o A nuance e ambiguidade harmónica o Com o avançar da carreira a sua música torna-se tecnicamente mais consumada, mas também conforme as expectativas do público: uma inclinação para o “Classicismo” o Concerto em Lá m, Op. 54 ➢ Contudo unidade temática e compressão num só andamento (com muitos contrastes de andamento) – antecipando as inovações de Liszt. Hector Berlioz ✓ Crítico ✓ Cresce em contexto francês ✓ Composição e Direcção de Orquestra na Alemanha ✓ Pois o seu trabalho não é apreciado em França ✓ Música cívica cerimonial: Grand Messe des morts (1837), Grand Symphonie fúnebre et triomphale (1839) ✓ Symphonie Fantastique em 5 partes ✓ A obra mais destacada. Paixão por Harriet Smithson, o programa ✓ A Música Programática -> a música que tem por objetivo evocar ideias ou imagens extra-musicais na mente do ouvinte
  • 18. ✓ o tema inicial do 1º Allegro, a ideé fixe, aparecendo em todos os andamentos (dando unidade à obra). Chopin ✓ Estudos, baladas e rondós. ✓ Prelúdios ✓ Danças Chopin em Paris ✓ Sua Obra é símbolo de: Génio, sofrimento romântico, perfeição artística, doentio e afeminado, Nacionalismo, Exotismo, Universalidade ✓ Revolução de 1848 leva à quebra de tradição e formas de ganhar dinheiro e Chopin parte para Londres. Chopin como interprete ✓ Tempo Rubato: Chopin é um dos 1ºs a usar o termo como orientação p/a interpretação; ✓ Em vez das habituais indicações de mudança de tempo ✓ Não é uma alteração geral do tempo, mas uma dilatação de melodia sobre um acompanhamento regular ✓ Sonatas: peças que ultrapassam fronteiras do “normal” e não obedecem por completo os cânones oitocentistas ✓ Baladas: lado mais sério do nacionalismo polaco. “Baladas” sem palavras. Sonata numa fase posterior. ✓ Orientalismos e Exotismos -> representar o outro como autoafirmação ✓ Tradição que vem dos turcos ✓ Chopin foi também um profundo conhecedor e admirador da obra de Bach e Mozart. A audácia das harmonias, o sentido da cor ou a inspiração nos ritmos e melodias polacas, mas também no bel canto da ópera italiana, são elementos exteriores, resultantes do estudo ou da simples contaminação, que convergem também para o estilo peculiar e único do compositor.