1. CARÊNCIAS
Carência é o estado íntimo de insatisfação que surge da privação de alguma
necessidade pessoal,cujo principal reflexo é o sentimento de infelicidade.
Sob análise espiritual, é um fluxo energético de vibrações não compensadas
reclamando o dinamismo da complementação para gerar bem-estar e equilíbrio
na vida dor ser humano. Nada mais lógico. É um apelo para o suprimento de algo
necessário à auto-realização.
Na ótica afetiva é um processo de desnutrição que pode ter-se iniciado na
infância. Advém de desejos recalcados, expectativas não realizadas, frustrações
não superadas; uma descompensação emocional pelas experiências traumáticas
mal elaboradas, gerando episódios de conflitos e sofrimento no automatismo da
vida mental.
A maior carência humana é do afeto e carinho sem os quais ninguém se sente
humanizado. E não se sentir humano significa permitir influência e a crueldade
proveniente do instinto de conservação exacerbado.
Nem tanto de amor alheio precisam os carentes, porque a carência não está
somente nessa ausência de ser amado. Existem “mecanismos bloqueadores”
compostos por processos emocionais e psíquicos, no qual a pessoa se sente sob
rigorosa “prisão nos sentimentos”, que são ativados automaticamente, no campo
mental. Tais mecanismos levam a não se sentir amado, mesmo que o seja...
Outra razão evidente das origens da carência pode ser encontrada na ausência de
preparo para lidar com as perdas. As crianças não são preparadas para lidar com
perdas.
A educação é quase toda destinada a fazer “campeões sociais”, vitoriosos em
tudo. Pois frustrados tentam se realizar no sucesso de seus filhos, exigindo deles
o que não conquistaram, tentando consertar erros e fracassos através da criação
de um “super herói” dentro de casa. Sob pressão e coação do sucesso, muitas
crianças de psiquismo frágil e que aspiram outros ideais, sucumbem, em
comportamento desajustados no vício ou no desequilíbrio de costumes, como
forma de encontrar alguma gratificação e prazer, já que suas habilidades inatas,
aquelas que trazem quando nascem, são desconhecidas e desconsideradas pelo
seu grupo educativo.
2. Crianças muito mimadas ou compensadas excessivamente para cumprirem os
seus deveres querem tudo que desejar na vida adulta, inclusive o afeto alheio, e
para isso mascaram-se de mil modos no jogo das aparências como se estivessem
numa disputa da qual jamais admitem sair perdedores.
Outras carências surgem como ilusões da vida moderna estimulada pela mídia e
pelos costumes, exigindo verdadeiros imperativos de reeducação e controle para
não levarem a padecimentos desnecessários, voluntários.
As matrizes profundas da carência podem ser encontradas no subconsciente. É o
vício milenar de exigir e esperar ser amado sem disposição altruísta suficiente
para amar. Resulta de uma construção lenta e gradual com bases no egoísmo.
Solidão, ciúme, dependência, escassa auto-estima, complexo de inferioridade,
insegurança, fantasias, atrações “proibidas”, impulsos mentais permissivos,
ambivalência sexual, depressões patológicas corporais e outros tantos quadros de
sofrimento podem ocorrer dessa tormentosa vivência da “prisão emocional”-
reflexos fidedignos das atitudes inconseqüentes e levianos. (ação reação). E nos
bastidores de toda essa tormenta está o “espírito carente” atestando sua
incapacidade de amar, exigindo atenção e cristalizando-se no apego ou
alimentando o ciúme, em conflituosas crises de possessividade.
O carente, em verdade, é um doente que deseja ardentemente amar sem
conseguir. Não conseguindo, passa exigir ser amado, criando relações
complicadas e frágeis; é alguém a mingua de amor, um constante cultivador da
esperança de ser compensado. Sua experiência, porém, freqüentemente revela
facetas ignoradas de si própria.
A carência surge quando desconectamos o mundo dos sentimentos daquilo que
realmente preenche e gratifica, priorizando o falso conceito de realização
estipulado pela sociedade. A convivência vai moldando na mente alguns modelos
de vida e, porque se torna um caminho comum da maioria, mesmo que não
atenda a nossos mais íntimos pendores e aspirações, deixamo-nos levar por essa
influência, negando o que sentimos e fazendo o que os outros pensam que
devemos fazer, ou ainda aquilo que pensamos que devemos fazer.
A alma carente é alguém em débito perante sua própria consciência. Essa
realidade da subjetividade humana é percebida na intimidade através de
sentimentos de baixa estima, vergonha, incapacidade,autopiedade, que levam o
ser a se estiolar nos complexos de culpa de múltiplas variações.
3. Nada na criação foi gerado com carências e tudo foi criado para “pulsar para
fora”. Porém, nossa incúria e teimosia, nossa infidelidade e rebeldia aos códigos
Divinos ensejaram os caminhos da escassez.
Carências em termos do espírito não é somente aquilo que falta, mas o resultado
em forma de desajuste comprado a preço de irresponsabilidade.
Todos temos o que precisamos e merecemos na vida, e se não concordamos com
esse aviltre da lei Divina cabe-nos, a todo instante, o direito de tentar melhorar o
nosso “existir” trabalhando pela melhoria que aspiramos. E somente nesse afã de
lutar pelo que idealizamos, no limite de nossas forças, é que saberemos o que nos
reserva a vida no rol das experiências de cada dia, eliminando assim algumas
carências que dependem do nosso esforço na caminhada de aperfeiçoamento.
Para triunfar nesse mister, somente amando e servindo.
Observa-se que boa parcela das pessoas não esta aceitando mais, em nenhuma
hipótese, a possibilidade de fazer cada conquista a seu tempo. Querem tudo para
já, custe o que custar. A grande maioria das pessoas tem vivido a “filosofia do
imediatismo”. As necessidades e anseios pessoais não obedecem à prova da
resistência moral pela paciência e perseverança. E no atendimento de suas metas,
percorrem os caminhos largos da precipitação e da prudência, buscando de forma
egoísta o gozo, o prazer, a satisfação de suas fantasias. Depois surgem a
decepção e mágoa, e somente então percebem a fragilidade de suas escolhas.
Nesses torvelinhos de dor, não tendo força e coragem o bastante para assumir a
sua responsabilidade, projeta culpa a outrem se eximindo de admitir também as
suas decisões infelizes que contribuíram em suas dificuldades. Mais adiante,
passadas as crises mais intensas dos resultados de suas más opções, perceberá sua
necessidade afetiva ainda mais acrescida de novos apelos e convites para outras
tentativas de fluir o máximo, fazendo o mínimo. Essa tem sido a “roda da vida”
de muitas pessoas no transcurso de suas vidas.
O controle da vida emocional é o primeiro passo no suprimento das nossas
necessidades reais. Saber adiar a gratificação pessoal é muito importante na
aquisição desse controle. Tudo a seu tempo, conforme os méritos e esforços
pessoais.
Perseverança e coragem são virtudes que precisam ser cultivadas, a fim de
colocarmos em funcionamento a possibilidade de alcançarmos nossas metas.
Todavia, destaquemos que tais virtudes improfícuas se nosso estado emocional
for de inconformação, porque, porque criará uma barreira vibratória de obstrução
no suprimento das nossas carências variadas. O estado espiritual de
4. inconformação ou azedume com que nos cerca retira expressivas funções
calmantes e compensadoras no campo mental, nascidas de nobres virtudes.
Nosso destino é a felicidade e a completude sem carências. Hoje as sentimos em
razão da trajetória pela qual optamos, colhendo da vida aquilo que nela
plantamos. Leis perfeitas regem nosso merecimento e somente quando
empenhamos pelo amor, perceberemos que carência é o outro nome do egoísmo.
Estejamos certos que a melhor solução para nossos problemas de equilíbrio, nas
necessidades e aspirações pessoais, será sempre manter-se firme nos ideais
enobrecedores que vertem da proposta terapêutica do amor. Quem ama, ainda
que precisando ser amado, supre-se, eleva-se, compensa-se. Tenhamos lucidez
para compreendermos que a postura de cobradores revoltados e a atitude de
precipitação não nos levarão a lograr os ideais de ventura e realização sonhados,
agravando ainda mais a nossa existência.
Obviamente, as mais elementares necessidades humanas serão sempre, de alguma
forma, atendidas. Entretanto, nossa condição de penúria espiritual leva-nos a
refletir na seguinte colocação:
“POR MEIO DA ORGANIZAÇÃO QUE LHE DEU, A NATUREZA LHE
TRAÇOU O LIMITE DAS NECESSIDADES;PORÉM, OS VÍCIOS LHE
ALTERARAM A CONTITUIÇÃO E LHE CRIARAM NECESSIDADES QUE
NÃO SÃO REAIS.”
SEJA FELIZ!