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FACULDADE ALDEIA DE CARAPICUIBA - FALC
RUBENS LIMA DA SILVA
A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO
TRABALHO DOCENTE
POLO - OSASCO
2015
FACULDADE ALDEIA DE CARAPICUIBA - FALC
RUBENS LIMA DA SILVA
A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO
TRABALHO DOCENTE
Monografia exigida para conclusão do curso
de Pós-Graduação em Docência do Ensino
Superior, Apresentado a FALC Faculdade
Aldeia de Carapicuíba, como requisito parcial
à obtenção do titulo de Especialista em
Docência do Ensino Superior sob a
supervisão do orientador Prof. César
Scatolin.
POLO - OSASCO
2015
2
SILVA, Rubens Lima da.
A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO TRABALHO
DOCENTE
PÁGINAS: 37
MONOGRAFIA EXIGIDA PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PELA FACULDADE
ALDEIA DE CARAPICUIBA - FALC.
INTERDISCIPLINARIDADE, TRANSVERSALIDADE. PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS.
3
A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO
TRABALHO DOCENTE
RUBENS LIMA DA SILVA
APROVADA EM: ____/____/______
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
ORIENTADOR
__________________________________________
PROFESSOR
__________________________________________
PROFESSOR
4
Aos meus pais, Creusa Lima da Silva e
Armando José da Silva, pela compreensão
nos momentos difíceis, pelo apoio e
incentivo.
5
Ao todo poderoso Deus por termos estado
juntos todos os dias de nossas vidas por ter
dado forças para chegarmos até aqui. Aos
professores pelos incentivos que durante os
meses de estudo profícuo que tivemos,
agradeço o carinho e a compreensão.
6
“O significado curricular de cada disciplina não pode
resultar de uma apreciação isolada de seu conteúdo,
mas sim do modo como se articulam as disciplinas em
seu conjunto; tal articulação é sempre tributária de uma
sistematização filosófica mais abrangente, cujos
princípios norteadores é necessário reconhecer”.
MACHADO
7
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade apresentar uma reflexão sobre a
interdisciplinaridade e a transversalidade como dimensões pedagógicas da ação
docente. Na primeira parte, discutiremos a interdisciplinaridade procurando
contextualizá-la no ambiente escolar. Em seguida daremos, ênfase à transversalidade
sugerida pelos PCNs e suas propostas para o trabalho do professor, na visão de
diferentes estudiosos.A transversalidade e a interdisciplinaridade são modos de se
trabalhar o conhecimento que buscam uma reintegração de aspectos que ficaram
isolados uns dos outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, busca-se conseguir uma
visão mais ampla e adequada da realidade, que tantas vezes aparece fragmentada
pelos meios de que dispomos para conhecê-la e não porque o seja em si mesma.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, transversalidade. Parâmetros Curriculares
Nacionais.
ABSTRACT
Our work aims at presenting a reflection on interdisciplinarity and cross-disciplinary
and pedagogical dimensions of teaching. The first part will discuss the interdisciplinary
looking contextualizes there in the school environment. Then we will give emphasis to
the transversal suggested by the PCNs and their proposals for the work of teachers, in
view of different estudiosos.A transversal and interdisciplinary ways of working are the
knowledge we seek a reinstatement of aspects that were isolated from each other by
treatment discipline. Thus, we seek to achieve a broader and more adequate to reality,
which so often appears fragmented by the means at our disposal to meet her and not
because it is in itself.
Keywords: Interdisciplinary, transversality. National Curriculum.
8
SUMÁRIO
Introdução 09
Capítulo I - A interdisciplinaridade 11
1.1 Os métodos de trabalho interdisciplinar 12
1.2 Como trabalhar os temas transversais 15
1.3 Uma postura interdisciplinar 17
Capítulo II - É possível a interdisciplinaridade na docência? 20
2.1 Como fazer a interdisciplinaridade entre as disciplinas 22
2.2 A interdisciplinaridade e o desenvolvimento 24
2.3 A avaliação do trabalho aplicado 25
Capítulo III - O trabalho em equipe e o trabalho interdisciplinar 27
3.1 A escola e as possibilidades de intervenção 28
3.2 Visão interativa e construtiva 29
3.3 A formação e a prática docente integrada com as necessidades 31
Conclusão 33
Bibliografia 35
9
INTRODUÇÃO
Diversas e inumeráveis vezes, na atividade educacional, temos feito referências à
interdisciplinaridade e à transversalidade, principalmente por ocasião da elaboração dos
planejamentos escolares anuais. Falamos na integração de disciplinas. Todavia, nunca
chegamos a um consenso. Quase sempre a não efetivação dessas práticas decorre do
equívoco na interpretação dos PCNs e dos conceitos de interdisciplinaridade e
transversalidade. Para discutir essas duas dimensões do conhecimento,
apresentaremos este capítulo em duas partes. Na primeira parte, discutiremos a
interdisciplinaridade, procurando contextualizá-la dentro do ambiente escolar. No
segundo momento, daremos ênfase à transversalidade sugerida pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais e suas propostas para o trabalho do professor.
Os temas transversais dos novos parâmetros curriculares incluem Ética, Meio
ambiente, Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual. Eles expressam conceitos e
valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões
importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias
formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo
País, são questões em debate na sociedade através dos quais, o dissenso, o confronto
de opiniões se coloca.
Através da Ética, o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na
equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa,
adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, discutindo
a moral vigente e tentando compreender os valores presentes na sociedade atual e em
que medida eles devem ou podem ser mudados. Através do tema Meio-ambiente o
aluno deverá compreender as noções básicas sobre o tema, perceber relações que
condicionam a vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar
10
métodos de manejo e conservação ambiental. A Saúde é um direito de todos. Por esse
tema o aluno compreenderá que saúde é produzida nas relações com o meio físico e
social, identificando fatores de risco aos indivíduos necessitando adotar hábitos de
auto-cuidado. A Pluralidade cultural tratará da diversidade do patrimônio cultural
brasileiro, reconhecendo a diversidade como um direito dos povos e dos indivíduos e
repudiando toda forma de discriminação por raça, classe, crença religiosa e sexo. A
orientação sexual, numa perspectiva social, deverá ensinar o aluno a respeitar a
diversidade de comportamento relativo à sexualidade, desde que seja garantida a
integridade e a dignidade do ser humano, conhecer seu corpo e expressar seus
sentimentos, respeitando os seus afetos e do outro.Educação & trabalho.
Além desses temas, podem ser desenvolvidos os temas locais, que visam a tratar
de conhecimentos vinculados à realidade local. Eles devem ser recolhidos a partir do
interesse específico de determinada realidade, podendo ser definidos no âmbito do
Estado, Cidade ou Escola. Uma vez feito esse reconhecimento, deve-se dar o mesmo
tratamento que outros temas transversais.
11
CAPÍTULO I
A INTERDISCIPLINARIDADE
A interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX, pela necessidade de dar uma
resposta à fragmentação causada pela concepção positivista, pois as ciências foram
subdivididas surgindo, várias disciplinas. Após longas décadas convivendo com um
reducionismo científico, a idéia de interdisciplinaridade foi elaborada visando
restabelecer um diálogo entre as diversas áreas dos conhecimentos científicos.
Podemos, entretanto, perceber que a interdisciplinaridade pretende
garantir a construção de conhecimentos que rompam as fronteiras entre as
disciplinas. A interdisciplinaridade busca também envolvimento, compromisso,
reciprocidade diante dos conhecimentos, ou seja, atitudes e condutas
interdisciplinares.
No entanto, para que o trabalho interdisciplinar possa ser desenvolvido
pelos professores, há que se desenvolver uma metodologia de trabalho
interdisciplinar que implica: na integração dos conhecimentos; passar de uma
concepção fragmentada para uma concepção unitária de conhecimento;
superar a dicotomia entre o ensino e pesquisa, considerando o estudo e a
pesquisa a partir da contribuição das diversas ciências e um processo de
ensino aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo da
vida.
Nesse sentido, a ação pedagógica da interdisciplinaridade aponta para a
construção de uma escola participativa, que deriva da formação do sujeito social, em
articular saber, conhecimento e vivência. Para que isso se efetive, o papel do professor
é fundamental no avanço construtivo do aluno. É ele, o professor, que pode perceber
necessidades do aluno e o que a educação pode proporcionar ao mesmo. A
12
interdisciplinaridade do professor pode envolver e instigar o aluno a mudanças na
busca do saber.
A interdisciplinaridade perpassa todos os elementos do conhecimento
pressupondo a integração entre eles. A interdisciplinaridade está marcada,
ainda por um movimento ininterrupto, criando ou recriando outros pontos para
a discussão.
Diante disso, podemos afirmar que a “interdisciplinaridade não se ensina,
não se aprende, apenas vive-se, exerce-se e por isso exige uma nova
pedagogia, a da comunicação”, nessa perspectiva cabe ao professor, no
momento certo articular teoria e prática, numa forma interdisciplinar sem
perder os interesses próprios de sua disciplina.
1.1 OS MÉTODOS DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR
A interdisciplinaridade, como questão gnosiológica, surgiu no final do século
passado, pela necessidade de dar uma resposta à fragmentação causada por uma
epistemologia de cunho positivista. As ciências haviam-se dividido em muitas
disciplinas e a interdisciplinaridade restabelecia, pelo menos, um diálogo entre elas,
embora não resgatasse ainda a unidade e a totalidade do saber.
Desde então, o conceito de interdisciplinaridade vem se desenvolvendo também
nas ciências da educação. Elas aparecem com clareza em 1912 com a fundação do
Instituto Jean-Jacques Rousseau. Toda uma discussão foi travada sobre a relação
entre as ciências mães e as ciências aplicadas à educação: por exemplo, a sociologia,
a psicologia e noções correlatas foram surgindo, como intradisciplinaridade,
pluridisciplinaridade e transdisciplinaridade.
A intradisciplinaridade‚ entendida, nas ciências da educação, como a relação
interna entre a disciplina "mãe" e a disciplina "aplicada". O termo interdisciplinaridade,
na educação, já não oferece problema, pois, ao tratar do mesmo objeto de ciência, uma
ciência da educação "complementa" outra. Diga-se o mesmo quanto à
pluridisciplinaridade. É a natureza do próprio fato/ato educativo, isto é, a sua
complexidade, que exige uma explicação e uma compreensão pluridisciplinar. A
interdisciplinaridade é uma forma de pensar. Piaget sustentava que a
13
interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar à transdisciplinaridade, etapa que
não ficaria na interação e reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um estágio
onde não haveria mais fronteiras entre as disciplinas.
Após a 2ª Guerra Mundial, a interdisciplinaridade aparece como preocupação
humanista além da preocupação com as ciências. Desde então, parece que todas as
correntes de pensamento se ocuparam com a questão da interdisciplinaridade:
1º - a teologia fenomenológica encontrou nesse conceito uma chave para o
diálogo entre igreja e mundo;
2º - o existencialismo, buscando dar às ciências uma "cara humana";
3º - o neo-positivismo que buscava no interior do positivismo a solução para o
problema da unidade das ciências;
4º - o marxismo que buscava uma via diferente para a restauração da unidade
entre todo e parte.
O projeto de interdisciplinaridade nas ciências passou de uma fase filosófica de
definição e explicitação terminológica, na década de 70, para uma segunda fase de
discussão do seu lugar nas ciências humanas e na educação, na década de 80.
Atualmente, no plano teórico, busca-se fundar a interdisciplinaridade na ética e na
antropologia, ao mesmo tempo que, no plano prático, surgem projetos que reivindicam
uma visão interdisciplinar.
A interdisciplinaridade visa a garantir a construção de um conhecimento
globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos
não seria suficiente. Seria preciso uma atitude e postura interdisciplinar. Atitude de
busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade diante do conhecimento.
A interdisciplinaridade se desenvolveu em diversos campos e, de certo modo,
contraditoriamente, até ela se especializou, caindo na armadilha das ciências que ela
queria evitar. Na educação ela teve um desenvolvimento particular. Nos projetos
educacionais a interdisciplinaridade se baseia em alguns princípios, entre eles:
1o
- Na noção de tempo: o aluno não tem tempo certo para aprender. Não
existe data marcada para aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na sala de
aula.
14
2º - Na crença de que é o indivíduo que aprende. Então, é preciso ensinar a
aprender, a estudar etc. ao indivíduo e não a um coletivo amorfo. Portanto, uma relação
direta e pessoal com a aquisição do saber.
3º - Embora apreendido individualmente, o conhecimento é uma totalidade. O
todo é formado pelas partes, mas não é apenas a soma das partes. É maior que as
partes.
4º - A criança, o jovem e o adulto aprendem quando têm um projeto de vida e
o conteúdo do ensino é significativo para eles no interior desse projeto. Aprendemos
quando nos envolvemos com emoção e razão no processo de reprodução e criação do
conhecimento. A biografia do aluno é, portanto, a base do seu projeto de vida e de
aquisição do conhecimento e de atitudes novas.
A metodologia do trabalho interdisciplinar implica em:
1º - integração de conteúdos;
2º - passar de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do
conhecimento;
3º - superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e a
pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências;
4º - ensino-aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo
de toda a vida.
O conceito chegou ao final desse século com a mesma conotação positiva do início
do século, isto é, como forma de buscar, nas ciências, um conhecimento integral e
totalizante do mundo frente à fragmentação do saber, e na educação, como forma
cooperativa de trabalho para substituir procedimentos individualistas.
A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de
uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo tornou-
se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se insere nas
experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo e que, na teoria positivista era
compartimentada e fragmentada. Articular saber, conhecimento, vivência, escola
comunidade, meio-ambiente etc. tornou-se, nos últimos anos, o objetivo da
interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um trabalho coletivo e solidário na
15
organização da escola. Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser marcado por
uma visão geral da educação, num sentido progressista e libertador.
A interdisciplinaridade deve ser entendida como conceito correlato ao de autonomia
intelectual e moral. Nesse sentido a interdisciplinaridade serve-se mais do
construtivismo do que serve a ele. O construtivismo é uma teoria da aprendizagem que
entende o conhecimento como fruto da interação entre o sujeito e o meio. Nessa teoria
o papel do sujeito é primordial na construção do conhecimento. Portanto, o
construtivismo tem tudo a ver com a interdisciplinaridade.
A relação entre autonomia intelectual e interdisciplinaridade é imediata. Na teoria
do conhecimento de Piaget o sujeito não é alguém que espera que o conhecimento seja
transmitido a ele por um ato de benevolência. É o sujeito que aprende através de suas
próprias ações sobre os objetos do mundo. É ele, enquanto sujeito autônomo, que
constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu
mundo.
1.2 COMO TRABALHAR COM OS TEMAS TRANSVERSAIS
A transversalidade, bem como a transdisciplinaridade, é um princípio teórico do
qual decorrem várias conseqüências práticas, tanto nas metodologias de ensino quanto
na proposta curricular e pedagógica. A transversalidade aparece hoje como um
princípio inovador nos sistemas de ensino de vários países. Contudo, a idéia não é tão
nova. Ela remonta aos ideais pedagógicos do início do século, quando se falava em
ensino global e do qual trataram famosos educadores.
O Método Decroly dos "centros de interesse" partia da idéia da globalização do
ensino para romper com a rigidez dos programas escolares. Para ele, existem seis
centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudo construídos com base
em disciplinas: a) a criança e a família; b) a criança e a escola; c) a criança e o mundo
animal; d) a criança e o mundo vegetal; e) a criança e o mundo geográfico; f) a criança
e o universo. Os centros de interesse são uma espécie de idéias-força em torno das
quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno.
O Método dos Projetos parte de problemas reais, do dia-a-dia do aluno. Todas as
atividades escolares realizam-se através de projetos, sem necessidade de uma
16
organização especial. Originalmente ele chamou de projeto à "tarefa de casa de caráter
manual que a criança executava fora da escola. O projeto como método didático era
uma atividade intencionada que consistia em os próprios alunos fazerem algo num
ambiente natural, por exemplo, construindo uma casinha poderiam aprender geometria,
desenho, cálculo, história natural. Classificamos os projetos em quatro grupos: a) de
produção, no qual se produzia algo; b) de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo
já produzido; c) para resolver um problema e d) para aperfeiçoar uma técnica. Quatro
características concorriam para um bom projeto didático: a) uma atividade motivada por
meio de uma conseqüente intenção; b) um plano de trabalho, de preferência manual; c)
a que implica uma diversidade globalizada de ensino; d) num ambiente natural.
O princípio da interdisciplinaridade permitiu um grande avanço na idéia de
integração curricular. Mas ainda a idéia central era trabalhar com disciplinas. Na
interdisciplinaridade os interesses próprios de cada disciplina são preservados. O
princípio da transversalidade e de transdisciplinaridade busca superar o conceito de
disciplina. Aqui, busca-se uma intercomunicação entre as disciplinas, tratando
efetivamente de um tema/objetivo comum. Assim, não tem sentido trabalhar os
temas transversais através de uma nova disciplina, mas através de projetos que
integrem as diversas disciplinas. O trabalho nessa nova metodologia de ensino que
consiste basicamente no trabalho coletivo e no princípio de que as várias ciências
devem contribuir para o estudo de determinados temas que orientam todo o trabalho
escolar. Foi respeitada a especificidade de cada área do conhecimento, mas, para
superar a fragmentação dos saberes procurou-se estabelecer e compreender a relação
entre uma "totalização em construção" a ser perseguida e novas relações de
colaboração integrada de diferentes especialistas que trazem a sua contribuição para a
análise de determinado tema gerador sugerido pelo estudo da realidade que antecede a
construção curricular.
17
1.3 UMA POSTURA INTERDISCIPLINAR
A interdisciplinaridade “Do ponto de vista epistemológico, consiste no método de
pesquisa e de ensino voltado para a interação em uma disciplina, de duas ou mais
disciplinas, num processo que pode ir da simples comunicação de idéias até a
integração recíproca de finalidades, objetivos, conceitos, conteúdos, terminologia,
metodologia, procedimentos, dados e formas de organiza-los e sistematiza-los no
processo de elaboração do conhecimento.”
A transdisciplinaridade “É a reunião das contribuições de todas as áreas do
conhecimento num processo de elaboração do saber voltado para a compreensão da
realidade, a descoberta de potencialidades e alternativas de se atuar sobre ela, tendo
em vista transforma-la.”
Interdisciplinaridade é um termo que não tem significado único, possuindo
diferentes interpretações, mas em todas elas está implícita uma nova postura diante do
conhecimento, uma mudança de atitude em busca da unidade do pensamento. Desta
forma a interdisciplinaridade difere da concepção de pluri ou multidisciplinaridade, as
quais apenas justapõe conteúdos.
Nesse sentido, não estou me referindo à interdisciplinaridade como uma teoria
geral e absoluta do conhecimento, nem a compreendo como uma ciência aplicada, mas
sim como o estudo do desenvolvimento de um processo dinâmico, integrador e,
sobretudo, dialógico. Concordo com Fazenda, ao caracterizar a interdisciplinaridade
"pela intensidade das trocas entre os especialistas e pela integração das disciplinas
num mesmo projeto de pesquisa. Em termos de interdisciplinaridade ter-se-ia uma
relação de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de co-
propriedade, de interação, que irá possibilitar o diálogo entre os interessados. A
interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma mudança de atitude perante
o problema do conhecimento, da substituição de uma concepção fragmentária pela
unitária do ser humano”. Fazenda.
O ponto de partida e de chegada de uma prática interdisciplinar está na ação.
Desta forma, através do diálogo que se estabelece entre as disciplinas e entre os
sujeitos das ações, a interdisciplinaridade "devolve a identidade às disciplinas,
fortalecendo-as" e evidenciando uma mudança de postura na prática pedagógica. Tal
18
atitude embasa-se no reconhecimento da 'provisoriedade do conhecimento', no
questionamento constante das próprias posições assumidas e dos procedimentos
adotados, no respeito à individualidade e na abertura à investigação em busca da
totalidade do conhecimento. Não se trata de propor a eliminação de disciplinas, mas
sim da criação de movimentos que propiciem o estabelecimento de relações entre as
mesmas, tendo como ponto de convergência a ação que se desenvolve num trabalho
cooperativo e reflexivo. Assim, alunos e professores sujeitos de sua própria ação - se
engajam num processo de investigação, re-descoberta e construção coletiva de
conhecimento, que ignora a divisão do conhecimento em disciplinas. Ao compartilhar
idéias, ações e reflexões, cada participante é ao mesmo tempo "ator" e "autor" do
processo.
A partir de todos esses referenciais, é importante que os conteúdos das disciplinas
sejam vistos como instrumentos culturais, necessários para que os alunos avancem na
formação global e não como fim de si mesmo.
A interdisciplinaridade favorecerá que as ações se traduzam na intenção educativa
de ampliar a capacidade do aluno de:
· expressar-se através de múltiplas linguagens e novas tecnologia;
· posicionar-se diante da informação;
· interagir, de forma crítica e ativa, com o meio físico e social;
Temos então o desafio de assegurar a abordagem global da realidade, através de
uma perspectiva holística, transdisciplinar. Onde a valorização é centrada, não no que é
transmitido, e sim no que é construído. Assim a prática interdisciplinar nos envolve no
processo de aprender a aprender.
A postura interdisciplinar incita o pensamento em direção ao enfrentamento de
tensões que se criam durante o seu processo de elucidação, o que possibilita a
superação de dicotomias tradicionais da visão de mundo mecanicista, tais como:
homem-mundo: o homem se revela ao mundo através da linguagem, quer seja ela
natural, quer seja artificial, como é o caso da linguagem computacional. Ao formalizar o
seu pensamento para outrem, o homem apropria-se da palavra, atribuindo-lhe um
significado segundo sua própria experiência, re-elaborando-a e revelando-se ao outro.
A manifestação do ser através da linguagem traz subjacente os valores intrínsecos a
19
um contexto. Ao mesmo tempo que se expressa o homem toma consciência de si
mesmo como um ser singular no mundo, com potencialidades e limitações próprias. A
"palavra própria" de cada ser manifesta o sentido que ele dá a si mesmo e ao mundo.
Assim, a palavra "está sempre em ato" constituindo "a essência do mundo e a essência
do homem”. Todo encontro com o outro supõe um confronto de idéias onde cada qual
trás seu testemunho e busca o testemunho do outro. Cada ser é responsável pela
introdução de um ponto de descontinuidade, cujas contradições devem ser discutidas e
compartilhadas com os demais membros do grupo, buscando um equilíbrio em um novo
patamar.
Temos então a interdisciplinaridade como um campo aberto para que de uma
prática fragmentada por especialidades possamos estabelecer novas competências e
habilidades através de um postura pautada em uma visão holística do conhecimento e
uma porta aberta para os processos transdisciplinares.
“Este ser do mundo e no mundo tem a capacidade de interferir e modificar o seu
próprio mundo. "A disjunção sujeito-objeto é um dos aspectos essenciais de um
paradigma mais geral de disjunção-redução, pelo qual o pensamento científico ou
disjunta realidades inseparáveis sem poder encarar a sua relação, ou identifica-as por
redução da realidade mais complexa à realidade menos complexa" Morin. Porém, a
atitude interdisciplinar permite o desenvolvimento do sujeito como um todo, de acordo
com suas condições, possibilidades e entendimento”. Gusdorf.
20
CAPÍTULO II
É POSSÍVEL A INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA?
Bellini e Ruiz analisam dois pensadores: Jean Piaget e Edgar Morin. Segundo os
autores, para Piaget há “interdisciplinaridade quando a solução de um determinado
problema é buscada recorrendo-se a diversas disciplinas, ocorrendo reciprocidade
capaz de gerar enriquecimento. Na concepção de Edgar Morin podemos entender que
“interdisciplinaridade como decorrente de uma atitude intelectual não-simplificadora de
abordagem da realidade. Essa atitude implica em admitir que em cada situação existem
múltiplas variáveis interferindo simultaneamente”.
Os autores analisam os dois pensadores e procuram através da reflexão, discutir
as possibilidades e limites do pensamento interdisciplinar no ensino formal.
A reflexão sobre a interdisciplinaridade na escola, precisa nascer do pensamento
sobre o pensamento que orienta o fazer educacional. Identificando as crenças
epistemológicas que orientam o seu fazer e, nesse processo, buscar eliminar os
procedimentos destinados a economizar pensamento, nascendo daí, talvez, uma
cultura escolar que privilegie o direito de pensar.
Nesse sentido, os autores questionam: “É possível a interdisciplinaridade na
escola?” Para Ruiz e Bellini é possível, mas o principal problema é a cultura escolar, na
qual o educando aprende do mais simples para o mais complexo, com avanços lentos
que exigem pouco pensamento. Então é necessário superar essa cultura, ter uma visão
mais ampla, e não fragmentada, para isso é preciso que a escola torne-se um espaço
de pensamento, acabando com a fragmentação do conhecimento, pois somente assim
teremos uma cultura interdisciplinar.
21
Como sabemos, os PCNs diferenciam a transversalidade e a interdisciplinaridade.
A interdisciplinaridade é definida nos PCNs como a dimensão que questiona a
segmentação entre os diferentes campos do conhecimento produzida por uma
abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles, questiona a
visão compartimentada da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida,
historicamente se constituiu.
Já a transversalidade diz respeito a:
- à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa uma relação entre aprender
conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões da vida real e de sua
transformação.
Se tomarmos as afirmações de Japiassu, como referências veremos que a
interdisciplinaridade consiste em um trabalho comum, tendo em vista a interação de
disciplinas científicas, de seus conceitos básicos, dados, metodologias, com base na
organização cooperativa e coordenada do ensino. Trata-se do redimensionamento
epistemológico das disciplinas científicas e da reformulação total das estruturas
pedagógicas de ensino, de forma a possibilitar que as diferentes disciplinas se
interajam em um processo de intensiva reflexão.
Essa concepção pressupõe educadores imbuídos de um verdadeiro espírito crítico,
aberto para a cooperação, o intercâmbio entre as diferentes disciplinas, o constante
questionamento ao saber arbitrário e desvinculado da realidade. Por outro lado, exige a
prática de pesquisa, a troca e sistematização de idéias, a construção do conhecimento,
em um processo de indagação e busca permanente. Mas, acima de tudo, pressupõe a
clareza dos fins, a certeza dos objetivos da interdisciplinaridade. À medida que fica
claro o seu sentido com a prática que possibilita a escola investir coletivamente na
elaboração de conhecimentos significativos, torna-se possível uma nova atitude
pedagógica e a luta pela reformulação das estruturas de ensino.
Portanto, a transversalidade e a interdisciplinaridade são nesse sentido, modos de
trabalhar o conhecimento que visam reintegração de dimensões isoladas uns dos
outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, pretendemos conseguir uma visão mais
ampla da realidade que, tantas vezes, aparece fragmentada pelos meios de que
dispomos para conhecê-la.
22
A interdisciplinaridade permite questionar a fragmentação dos diferentes campos
de conhecimento. Nessa perspectiva, procuramos tecer os possíveis pontos de
convergência entre as várias áreas e a relação epistemológica entre as disciplinas.
Com a interdisciplinaridade adquirimos mais conhecimentos dos fenômenos naturais e
sociais, que são normalmente complexos e irredutíveis ao conhecimento obtido quando
são estudados por meio de uma única disciplina. As interconexões que acontecem nas
disciplinas facilitará a compreensão dos conteúdos de uma forma integrada,
aprimorando o conhecimento do educando.
Existem temas cujo estudo exige uma abordagem particularmente ampla e
diversificada, que foram denominados temas transversais que tratam de processos que
estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias,
pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São discutidos em diferentes espaços
sociais, em busca de soluções e de alternativas, confrontando posicionamentos
diversos tanto em relação a intervenção no âmbito social mais amplo quanto a atuação
pessoal. São questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a
realidade que está sendo construída e que demandam transformações macro-sociais e
também atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos
relativos a essas duas dimensões. Estes temas envolvem um aprender sobre a
realidade e da realidade, destinando-se também a um intervir para transformá-la. Na
verdade, os temas transversais prestam-se de modo muito especial para levar à prática
a concepção de formação integral da pessoa.
2.1 COMO FAZER A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE AS DISCIPLINAS
Ao referirmos ao ensino de Geografia no final do século XX e início do século XXI,
esta vem deixando de ser uma ciência de síntese e vem buscando a
interdisciplinaridade com outras ciências sem perder sua identidade. Nesse sentido o
Parâmetro Curricular Nacional de Geografia ressalta que ao pretender o estudo das
paisagens, territórios, lugares e regiões, o professor poderá exercer uma relação da
Geografia com a Literatura, proporcionando um trabalho que provoca interesse e
curiosidade sobre a leitura desse espaço. Dessa forma podemos aprender Geografia
mediante a leitura de autores brasileiros consagrados cujas obras retratam diferentes
23
paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais. Também as
produções musicais, a fotografia e até mesmo o cinema são fontes que podem ser
utilizadas por professores e alunos para obter informações, comparar, perguntar e
inspirar-se para interpretar as paisagens e construir conhecimentos sobre o espaço
geográfico.
A Geografia ao trabalhar noções e conceitos de natureza e sociedade poderá
articulá-los por meio da interdisciplinaridade, pois não é muito correta a separação entre
ciências do homem e da natureza, pois o homem, como animal, faz parte da natureza
em que vive, lutando permanentemente com ela, transformando-a de acordo com os
seus interesses. Nesse sentido cabe um trabalho relacionando Geografia Física e
Geografia Humana.
Além disso, a Geografia pode articular de forma interdisciplinar com a História e
Economia, para tratar de questões ligadas aos processos da formação da divisão
internacional do trabalho e da formação dos blocos econômicos. O estudo da
espacialização dos problemas ambientais possibilita uma interação com a Biologia,
Química, Economia, Ecologia. Nesse sentido percebemos que a Geografia é uma
disciplina que tem um caráter interdisciplinar, que a relaciona às demais ciências, pois o
espaço é interdisciplinar.
Transversalidade
O Ministério da Educação e Desporto do Brasil, está promovendo desde 1995 um
debate a nível nacional referente aos Parâmetros Curriculares Nacionais, que é uma
proposta de conteúdos que referenciem e orientem a estrutura curricular do sistema
educacional do país.
A maior ênfase desse documento são os ‘Temas transversais’: Ética, Meio
Ambiente, Educação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e Consumo. No livro
“Temas Transversais em Busca de uma Nova Escola”, encontramos a seguinte
definição de temas transversais:
Temas transversais são um conjunto de conteúdos educativos e eixos condutores
da atividade escolar que, não estando ligados a nenhuma matéria particular, pode se
considerar que são comuns a todas, de forma que, mais do que criar novas disciplinas,
24
acha-se conveniente que seu tratamento seja transversal num currículo global da
escola.
Sendo assim, esses temas expressam conceitos e valores fundamentais à
democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes para a
sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. São
amplos o bastante para traduzir preocupações de todo o país, são questões em debate
na sociedade atual.
Diante desse contexto optou-se por integrá-las no currículo por meio do que se
chama transversalidade, ou seja, pretende-se que “esses temas integrem as áreas
convencionais de forma a estarem presentes em todas elas, relacionando-os às
questões da atualidade e que sejam orientadores também do convívio escolar”.
O que significa trabalhar transversalmente esses temas?
2.2 A INTERDISCIPLINARIDADE E O DESENVOLVIMENTO
É através da interdisciplinaridade que alcançaremos um saber mais amplo e menos
formatado.
A especialização como forma de educação é o que a Sociedade pede: insere o
aluno num mundo robotizado. Mas a satisfação com profissionais formados por uma
educação mecânica é temporária. O que buscamos é uma educação abrangente,
portanto necessitamos de interdisciplinaridade, o saber fragmentado não irá suprir
nosso jovem no futuro, é necessário formar indivíduos críticos, aptos a absorver o
excesso de informação, além de manter uma educação permanente, uma auto-
formação.
A escola foi criada para atender o desenvolvimento intelectual, mas a cada dia
passa a atender os aspectos culturais, emocionais, sociais e morais do individuo. Como
sub-sistema da sociedade, o sistema escolar reflete suas características,
principalmente as nocivas, como a desigualdade. Assim o professor acumula mais um
papel: amenizar as injustiças sociais.
O ambiente da sala de aula não é isolado do mundo, é necessário discutir as
desigualdades sociais na escola para que possamos garantir os cidadãos do futuro com
a consciência de seus papéis na história.
25
Os temas transversais dos novos parâmetros curriculares incluem Ética, Meio
ambiente, Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual. Eles expressam conceitos e
valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões
importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias
formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo
País, são questões em debate na sociedade através dos quais, o dissenso, o confronto
de opiniões se coloca.
Através da Ética, o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na
equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa,
adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, discutindo
a moral vigente e tentando compreender os valores presentes na sociedade atual e em
que medida eles devem ou podem ser mudados. Através do tema Meio-ambiente o
aluno deverá compreender as noções básicas sobre o tema, perceber relações que
condicionam a vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar
métodos de manejo e conservação ambiental. A Saúde é um direito de todos. Por esse
tema o aluno compreenderá que saúde é produzida nas relações com o meio físico e
social, identificando fatores de risco aos indivíduos necessitando adotar hábitos de
auto-cuidado. A Pluralidade cultural tratará da diversidade do patrimônio cultural
brasileiro, reconhecendo a diversidade como um direito dos povos e dos indivíduos e
repudiando toda forma de discriminação por raça, classe, crença religiosa e sexo. A
orientação sexual, numa perspectiva social, deverá ensinar o aluno a respeitar a
diversidade de comportamento relativo à sexualidade, desde que seja garantida a
integridade e a dignidade do ser humano, conhecer seu corpo e expressar seus
sentimentos, respeitando os seus afetos e do outro.Educação & trabalho.
Além desses temas, podem ser desenvolvidos os temas locais, que visam a tratar
de conhecimentos vinculados à realidade local. Eles devem ser recolhidos a partir do
interesse específico de determinada realidade, podendo ser definidos no âmbito do
Estado, Cidade ou Escola. Uma vez feito esse reconhecimento, deve-se dar o mesmo
tratamento que outros temas transversais.
26
2.3 AVALIAÇÃO DO TRABALHO APLICADO
A Progressão Continuada visa uma nova avaliação, ao tirar o peso desta, promover
qualquer tipo de crescimento ao aluno. Abandonam-se as palavras aprovação e
reprovação e adota-se o termo progressão. A avaliação é feita por três professores e
aprovada ou corrigida pelo Conselho de Classe. O conteúdo avaliado é composto pela
Base Nacional de Currículos, além de redação e grau de maturidade e desenvolvimento
do aluno.
Busca-se contornar com recuperações a deficiência de alunos insuficientes,
alterando a relação professor-aluno para que tal professor esteja atento às dificuldades
de cada estudante enquanto indivíduo. A autonomia pedagógica de cada escola prevê
uma ampla discussão com alunos, pais e conselhos, escolhendo os caminhos para
resolver seus problemas concretos. É um projeto recente e polêmico, a maior vitória é a
diminuição da evasão escolar.
27
CAPÍTULO III
O TRABALHO EM EQUIPE E O TRABALHO INTERDISCIPLINAR
A teoria do desenvolvimento intelectual de Vygotsky, sustenta que todo
conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. Essa teoria,
tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-
histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento,
sendo essa teoria considerada, histórico-social.
O conhecimento que permite o desenvolvimento mental se dá na relação com os
outros. Nessa perspectiva o professor constrói sua formação, fortalece e enriquece seu
aprendizado. Por isso é importante ver a pessoa do professor e valorizar o saber de sua
experiência.
Para Nóvoa: “A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços
de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar,
simultaneamente, o papel de formador e de formando.”
O trabalho em equipe e o trabalho interdisciplinar se revelam importantes. Quando
as decisões são tomadas em conjunto, desfavorece, de certa forma, a resistência às
mudanças e todos passam a ser responsáveis para o sucesso da aprendizagem na
escola.
O trabalho interdisciplinar evita que os professores conduzam seus trabalhos
isoladamente, em diferentes direções, pois a produção de práticas educativas eficazes,
surge de uma reflexão da experiência pessoal partilhada entre os colegas.
28
O sucesso profissional do professor, o espaço ideal para seu crescimento, sua
formação continuada, pode ser também seu local de trabalho.
3.1 A ESCOLA E AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO
Uma boa escola caracteriza-se por uma série de fatores que podem ser
evidenciados a partir das informações coletadas e analisadas junto a alunos,
professores e diretores. Esses fatores distribuem-se em dois eixos centrais. O primeiro
diz respeito às condições de vida dos alunos, de suas famílias e de seu contexto social,
cultural e econômico. O segundo refere-se à própria escola e pode ser descrito por
meio dos professores, diretores, projeto pedagógico, insumos, instalações, estrutura
institucional, “clima” da escola e relações intersubjetivas no cotidiano escolar.
Aquilo que se refere à escola situa-se dentro das possibilidades de intervenção dos
gestores de políticas públicas educacionais. Nesse sentido, a escola passa a ser uma
instituição fundamental para promover a eqüidade, bem como proporcionar o
desenvolvimento dos saberes básicos, contribuindo para a inclusão social e econômica
do cidadão, independente da sua origem social. Portanto, uma boa escola é aquela que
permite o aprendizado, com qualidade e para todos. Os fatores extra-escolares
dependem de macro políticas que interfiram nas condições das famílias e no combate à
exclusão social, estariam fora do âmbito de uma política educacional, muito embora
possa haver políticas de combate à pobreza associadas à Educação.
O que se pretende destacar são alguns fatores encontrados no âmbito de influência
da escola e sobre os quais é possível exercer algum tipo de controle para aumentar a
eficácia do seu papel de educação. São questões que devem ganhar visibilidade para
auxiliar o direcionamento das políticas para a área, preservando a autonomia da escola.
É preciso pensar e implementar políticas públicas que impactem diretamente o
cotidiano da escola, onde o aprendizado efetivamente acontece.
Vale ressaltar que o clima de aula ou mesmo da escola deve funcionar para a
promoção do aprendizado. Os alunos devem ser conduzidos a um bom relacionamento
coletivo, produtivo e prazeroso. Os professores devem acreditar em seus alunos. A boa
expectativa de aprendizado influencia diretamente nos resultados de sucesso escolar.
Além disso, a escola deve operar por meio de um projeto pedagógico, construído
29
coletivamente e conduzido cotidianamente de forma a dar sentido objetivo às evoluções
alcançadas pela Escola.
De maneira geral, uma boa escola deve contar com salas de aula adequadas.
Ainda, do ponto de vista das instalações, os estudantes devem ter acesso a biblioteca,
laboratórios e quadra para a prática esportiva. Em relação aos professores, além de
remuneração condizente, a formação inicial e continuada deve fazer parte da política de
recursos humanos. Essa formação não deve restringir-se somente a métodos. O
professor precisa dominar, com desenvoltura, o conteúdo da disciplina.
Os materiais pedagógicos devem ser adequados e suficientes às necessidades e à
quantidade de alunos atendidos, assim como bem manipulados pelos professores na
administração das aulas. O diretor precisa ter qualificação específica para gestão
escolar. Além de características de liderança, é necessário ter estratégia para a
integração efetiva da comunidade ao cotidiano escolar. Precisa estar efetivamente
preocupado com o resultado da aprendizagem e essa preocupação manifestar-se na
direção da escola, com planejamento e acompanhamento do trabalho docente. Pode-
se, inclusive, afirmar que as escolas devem dispor de processos de avaliação
permanente dos seus resultados e procedimentos, habituando-se a avaliações externas
de aprendizado e auto-avaliações.
3.2 VISÃO INTERATIVA E CONSTRUTIVA
Com o avanço da tecnologia os profissionais da educação já podem contar com
uma ferramenta de longo alcance e grande eficácia desde que compreendida como um
recurso e não como fim último.
Falamos sem dúvida da Internet, que pode ser vista como uma nova ferramenta de
trabalho para os professores ao mesmo tempo em que se constitui num espaço de
discussão das práticas tradicionais e alternativas, possibilitando a interatividade e a
intero peratividade no trabalho de profissionais de diversas áreas aplicado à educação.
Utilizando o hipertexto, que trabalha com imagens, palavras e sons, é possível
garantir a possibilidade de provocar uma visão interativa e construtiva dos processos de
ensino e aprendizagem, assim como uma visão ampla das necessidades que podem
ser atendidas por um trabalho integrado.
30
E foi por meio dela que conseguimos reunir, em torno de um projeto comum,
profissionais de diversas áreas que, colocando-se à disposição da comunidade
educacional, contribuem sobremodo para a difusão de idéias e criação de conceitos na
área da Educação Especial.
Significou para o grupo, um importante recurso a ser utilizado na formação
continuada de educadores e na mudança de paradigmas dentro do sistema educacional
de modo geral e na educação especial de modo particular.
"As novas tecnologias não podem servir apenas para transmitir informações,
disponibilizar os conhecimentos, mas proporcionar um novo ambiente para se
questionar e transformar a escola.
A mídia moderna muda as formas do pensar e propicia novas experiências intra e
interpessoais, afetando subjetiva e objetivamente as relações espaço temporais e
modificando a maneira de conceber e realizar a formação de professores e alunos.
Nesse sentido, é oportuno lembrar que as pessoas responsáveis por todas essas
modificações, especialmente na área da educação, precisam se conscientizar de que
nos últimos anos não foi somente a tecnologia que mudou essencialmente, com os
avanços alcançados, mas também a forma de utilizá-la adequadamente. Em uma
palavra, o nosso desafio, como educadores não é mais obter meios tecnológicos para
desenvolver projetos educativos, mas o de saber utilizá-los. O que importa não é como
e nem onde a tecnologia foi criada, mas como está sendo aplicada. Por outro lado é
preciso criar cada vez mais motivos para que a tecnologia e a educação se encontrem
e integrem seus propósitos e conhecimentos, buscando complementos, uma na outra".
Mantoan.
Desde 1989 temos procurado desenvolver projetos interdisciplinares envolvendo
profissionais de diversas áreas de atuação no sentido de propiciar melhores condições
de trabalho e obter avanços nas práticas pedagógicas voltadas para crianças
matriculadas em escolas comuns.
Atuando em cursos de pós graduação com a disciplina Didática do Ensino
Superior, pude observar a dificuldade que os pós-graduandos tem para enxergar a
realidade da escola e suas necessidades e principalmente para perceber quais as
31
formas de colaboração que poderiam ser prestadas à comunidade a partir de sua
atuação profissional.
Pensando da mesma maneira um grupo de profissionais da educação, da
fonoaudiologia, da informática, do design e da engenharia se reuniram para
desenvolver um projeto em parceria que culminou com o nascimento da Universidade
sem Fronteiras, voltada para a formação de educadores para o terceiro milênio, dentro
da dinâmica de educação permanente e baseada no princípio da autonomia.
A idéia inicial era criar um site que servisse de espaço para a discussão de temas
educacionais e onde professores das diversas áreas poderiam estar oferecendo suas
contribuições para o desenvolvimento de projetos de natureza diferenciada. Nossa
intenção inicial era criar um espaço diferenciado onde se pudesse questionar e, se
possível, transformar a escola, especialmente a escola fundamental. Pretendíamos que
fosse um espaço dinâmico, caracterizado especialmente, pela diversidade de seus
elementos e pelo envolvimento institucional na causa da educação básica.
3.3 A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE INTEGRADA COM AS
NECESSIDADES
Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminada a graduação, o
profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da vida. Hoje a realidade é
diferente, principalmente para o profissional docente. Este deve estar consciente de que
sua formação é permanente, e é integrada no seu dia-a-dia nas escolas.
O professor não deve se abster de estudar, o prazer pelo estudo e a leitura deve
ser evidente, senão não irá conseguir passar esse gosto para seus alunos“O professor
que não aprende com prazer não ensinará com prazer. “ Snyders.
São grandes os desafios que o profissional docente enfrenta, mas manter-se
atualizado e desenvolver práticas pedagógicas eficientes, são os principais.
Nóvoa diz que: “O aprender contínuo é essencial se concentra em dois pilares: a
própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional
permanente”. Para esse estudioso português, a formação continuada se dá de maneira
coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de
análise.
32
A real valorização do magistério precisa ter três alicerces sólidos: boa formação
inicial, boa formação continuada e boas condições de trabalho, salário e carreira.
A Universidade ocupa um papel essencial, mas não o único, para a formação do
professor. Ás universidades cabe o papel de oferecer o potencial físico, humano e
pedagógico para a formação acontecer no melhor nível de qualidade.
Não é raro encontrarmos profissionais que responsabilizam a instituição pelo
desajuste entre as informações recebidas e sua aplicabilidade. A formação só será
completa quando esses profissionais se auto produzirem. Nóvoa diz: “Os professores
têm de se assumir como produtores da sua profissão”.
O desenvolvimento profissional corresponde ao curso superior somado ao
conhecimento acumulado ao longo da vida. Uma boa graduação é necessária, mas não
basta, é essencial atualizar-se sempre, isso remete a necessidade da formação
continuada no processo da atuação profissional, ou seja, há a necessidade da
construção do saber, no processo de atuação profissional.
A valorização e melhor remuneração que o profissional docente almeja, depende
em boa parte de formação e atuação profissional.
33
CONCLUSÃO
A interdisciplinaridade visa a garantir a construção de um conhecimento
globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos
não seria suficiente. Seria preciso uma atitude e postura interdisciplinar. Atitude de
busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade diante do conhecimento.
A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de
uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo tornou-
se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se insere nas
experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo e que, na teoria positivista era
compartimentada e fragmentada. Articular saber, conhecimento, vivência, escola
comunidade, meio-ambiente etc. tornou-se, nos últimos anos, o objetivo da
interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um trabalho coletivo e solidário na
organização da escola. Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser marcado por
uma visão geral da educação, num sentido progressista e libertador.
A interdisciplinaridade deve ser entendida como conceito correlato ao de autonomia
intelectual e moral. Nesse sentido a interdisciplinaridade serve-se mais do
construtivismo do que serve a ele. O construtivismo é uma teoria da aprendizagem que
entende o conhecimento como fruto da interação entre o sujeito e o meio. Nessa teoria
o papel do sujeito é primordial na construção do conhecimento. Portanto, o
construtivismo tem tudo a ver com a interdisciplinaridade.
A relação entre autonomia intelectual e interdisciplinaridade é imediata. Na teoria
do conhecimento de Piaget o sujeito não é alguém que espera que o conhecimento seja
34
transmitido a ele por um ato de benevolência. É o sujeito que aprende através de suas
próprias ações sobre os objetos do mundo. É ele, enquanto sujeito autônomo, que
constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu
mundo, como costumava nos dizer, em Genebra, nosso mestre Piaget.
35
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
História. Brasília: MEC/SEF, 1998.
COMPIANI, M. Geociências no Ensino Fundamental: "formaram as galáxias
divididinhas" -alguns exemplos com um estudo sobre o tema ‘a formação do Universo’.
Cadernos do IG-UNICAMP, Campinas, v.6, n.2, p.123-157, 1996.
JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, RJ: Imago,
1976.
FAZENDA, Ivani C. (1993). Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria.São Paulo:
Loyola.
________________. (1994). Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa.
Campinas,
São Paulo: Papirus.
FREIRE, Paulo. (1979). Educação e Mudança. 14ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra.
JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, RJ: Imago,
1976.
MENEZES, Paulo A trama das imagens. São Paulo: EDUSP, 1997, 289p. (série nº 14
-Texto & Arte)
36
MORENO, Monserrat. Temas transversais: um ensino voltado para o futuro. In:
BUSQUETS Maria Dolors et alii. Temas transversais em educação: bases para uma
formação integral. São Paulo, Ática, 1997.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento Um Processo Sócio-
Histórico. Scipione, São Paulo. SP. 1997.
SANTAELLA BRAGA, M.L.(1980) Produção de linguagem e ideologia. São Paulo: 2ªed,
Cortez Ed, 160p.
SCOTT, J. (ed.) Language and science links: classroom implications. Australian
Reading Association, 1992, 91p.
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  • 1. FACULDADE ALDEIA DE CARAPICUIBA - FALC RUBENS LIMA DA SILVA A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO TRABALHO DOCENTE POLO - OSASCO 2015
  • 2. FACULDADE ALDEIA DE CARAPICUIBA - FALC RUBENS LIMA DA SILVA A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO TRABALHO DOCENTE Monografia exigida para conclusão do curso de Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior, Apresentado a FALC Faculdade Aldeia de Carapicuíba, como requisito parcial à obtenção do titulo de Especialista em Docência do Ensino Superior sob a supervisão do orientador Prof. César Scatolin. POLO - OSASCO 2015 2
  • 3. SILVA, Rubens Lima da. A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO TRABALHO DOCENTE PÁGINAS: 37 MONOGRAFIA EXIGIDA PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PELA FACULDADE ALDEIA DE CARAPICUIBA - FALC. INTERDISCIPLINARIDADE, TRANSVERSALIDADE. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. 3
  • 4. A INTERTRANSDISCIPLINARIDADE E A TRANSVERSALIDADE NO TRABALHO DOCENTE RUBENS LIMA DA SILVA APROVADA EM: ____/____/______ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ ORIENTADOR __________________________________________ PROFESSOR __________________________________________ PROFESSOR 4
  • 5. Aos meus pais, Creusa Lima da Silva e Armando José da Silva, pela compreensão nos momentos difíceis, pelo apoio e incentivo. 5
  • 6. Ao todo poderoso Deus por termos estado juntos todos os dias de nossas vidas por ter dado forças para chegarmos até aqui. Aos professores pelos incentivos que durante os meses de estudo profícuo que tivemos, agradeço o carinho e a compreensão. 6
  • 7. “O significado curricular de cada disciplina não pode resultar de uma apreciação isolada de seu conteúdo, mas sim do modo como se articulam as disciplinas em seu conjunto; tal articulação é sempre tributária de uma sistematização filosófica mais abrangente, cujos princípios norteadores é necessário reconhecer”. MACHADO 7
  • 8. RESUMO Este trabalho tem por finalidade apresentar uma reflexão sobre a interdisciplinaridade e a transversalidade como dimensões pedagógicas da ação docente. Na primeira parte, discutiremos a interdisciplinaridade procurando contextualizá-la no ambiente escolar. Em seguida daremos, ênfase à transversalidade sugerida pelos PCNs e suas propostas para o trabalho do professor, na visão de diferentes estudiosos.A transversalidade e a interdisciplinaridade são modos de se trabalhar o conhecimento que buscam uma reintegração de aspectos que ficaram isolados uns dos outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, busca-se conseguir uma visão mais ampla e adequada da realidade, que tantas vezes aparece fragmentada pelos meios de que dispomos para conhecê-la e não porque o seja em si mesma. Palavras-chave: Interdisciplinaridade, transversalidade. Parâmetros Curriculares Nacionais. ABSTRACT Our work aims at presenting a reflection on interdisciplinarity and cross-disciplinary and pedagogical dimensions of teaching. The first part will discuss the interdisciplinary looking contextualizes there in the school environment. Then we will give emphasis to the transversal suggested by the PCNs and their proposals for the work of teachers, in view of different estudiosos.A transversal and interdisciplinary ways of working are the knowledge we seek a reinstatement of aspects that were isolated from each other by treatment discipline. Thus, we seek to achieve a broader and more adequate to reality, which so often appears fragmented by the means at our disposal to meet her and not because it is in itself. Keywords: Interdisciplinary, transversality. National Curriculum. 8
  • 9. SUMÁRIO Introdução 09 Capítulo I - A interdisciplinaridade 11 1.1 Os métodos de trabalho interdisciplinar 12 1.2 Como trabalhar os temas transversais 15 1.3 Uma postura interdisciplinar 17 Capítulo II - É possível a interdisciplinaridade na docência? 20 2.1 Como fazer a interdisciplinaridade entre as disciplinas 22 2.2 A interdisciplinaridade e o desenvolvimento 24 2.3 A avaliação do trabalho aplicado 25 Capítulo III - O trabalho em equipe e o trabalho interdisciplinar 27 3.1 A escola e as possibilidades de intervenção 28 3.2 Visão interativa e construtiva 29 3.3 A formação e a prática docente integrada com as necessidades 31 Conclusão 33 Bibliografia 35 9
  • 10. INTRODUÇÃO Diversas e inumeráveis vezes, na atividade educacional, temos feito referências à interdisciplinaridade e à transversalidade, principalmente por ocasião da elaboração dos planejamentos escolares anuais. Falamos na integração de disciplinas. Todavia, nunca chegamos a um consenso. Quase sempre a não efetivação dessas práticas decorre do equívoco na interpretação dos PCNs e dos conceitos de interdisciplinaridade e transversalidade. Para discutir essas duas dimensões do conhecimento, apresentaremos este capítulo em duas partes. Na primeira parte, discutiremos a interdisciplinaridade, procurando contextualizá-la dentro do ambiente escolar. No segundo momento, daremos ênfase à transversalidade sugerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e suas propostas para o trabalho do professor. Os temas transversais dos novos parâmetros curriculares incluem Ética, Meio ambiente, Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual. Eles expressam conceitos e valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo País, são questões em debate na sociedade através dos quais, o dissenso, o confronto de opiniões se coloca. Através da Ética, o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa, adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, discutindo a moral vigente e tentando compreender os valores presentes na sociedade atual e em que medida eles devem ou podem ser mudados. Através do tema Meio-ambiente o aluno deverá compreender as noções básicas sobre o tema, perceber relações que condicionam a vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar 10
  • 11. métodos de manejo e conservação ambiental. A Saúde é um direito de todos. Por esse tema o aluno compreenderá que saúde é produzida nas relações com o meio físico e social, identificando fatores de risco aos indivíduos necessitando adotar hábitos de auto-cuidado. A Pluralidade cultural tratará da diversidade do patrimônio cultural brasileiro, reconhecendo a diversidade como um direito dos povos e dos indivíduos e repudiando toda forma de discriminação por raça, classe, crença religiosa e sexo. A orientação sexual, numa perspectiva social, deverá ensinar o aluno a respeitar a diversidade de comportamento relativo à sexualidade, desde que seja garantida a integridade e a dignidade do ser humano, conhecer seu corpo e expressar seus sentimentos, respeitando os seus afetos e do outro.Educação & trabalho. Além desses temas, podem ser desenvolvidos os temas locais, que visam a tratar de conhecimentos vinculados à realidade local. Eles devem ser recolhidos a partir do interesse específico de determinada realidade, podendo ser definidos no âmbito do Estado, Cidade ou Escola. Uma vez feito esse reconhecimento, deve-se dar o mesmo tratamento que outros temas transversais. 11
  • 12. CAPÍTULO I A INTERDISCIPLINARIDADE A interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX, pela necessidade de dar uma resposta à fragmentação causada pela concepção positivista, pois as ciências foram subdivididas surgindo, várias disciplinas. Após longas décadas convivendo com um reducionismo científico, a idéia de interdisciplinaridade foi elaborada visando restabelecer um diálogo entre as diversas áreas dos conhecimentos científicos. Podemos, entretanto, perceber que a interdisciplinaridade pretende garantir a construção de conhecimentos que rompam as fronteiras entre as disciplinas. A interdisciplinaridade busca também envolvimento, compromisso, reciprocidade diante dos conhecimentos, ou seja, atitudes e condutas interdisciplinares. No entanto, para que o trabalho interdisciplinar possa ser desenvolvido pelos professores, há que se desenvolver uma metodologia de trabalho interdisciplinar que implica: na integração dos conhecimentos; passar de uma concepção fragmentada para uma concepção unitária de conhecimento; superar a dicotomia entre o ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa a partir da contribuição das diversas ciências e um processo de ensino aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo da vida. Nesse sentido, a ação pedagógica da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola participativa, que deriva da formação do sujeito social, em articular saber, conhecimento e vivência. Para que isso se efetive, o papel do professor é fundamental no avanço construtivo do aluno. É ele, o professor, que pode perceber necessidades do aluno e o que a educação pode proporcionar ao mesmo. A 12
  • 13. interdisciplinaridade do professor pode envolver e instigar o aluno a mudanças na busca do saber. A interdisciplinaridade perpassa todos os elementos do conhecimento pressupondo a integração entre eles. A interdisciplinaridade está marcada, ainda por um movimento ininterrupto, criando ou recriando outros pontos para a discussão. Diante disso, podemos afirmar que a “interdisciplinaridade não se ensina, não se aprende, apenas vive-se, exerce-se e por isso exige uma nova pedagogia, a da comunicação”, nessa perspectiva cabe ao professor, no momento certo articular teoria e prática, numa forma interdisciplinar sem perder os interesses próprios de sua disciplina. 1.1 OS MÉTODOS DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR A interdisciplinaridade, como questão gnosiológica, surgiu no final do século passado, pela necessidade de dar uma resposta à fragmentação causada por uma epistemologia de cunho positivista. As ciências haviam-se dividido em muitas disciplinas e a interdisciplinaridade restabelecia, pelo menos, um diálogo entre elas, embora não resgatasse ainda a unidade e a totalidade do saber. Desde então, o conceito de interdisciplinaridade vem se desenvolvendo também nas ciências da educação. Elas aparecem com clareza em 1912 com a fundação do Instituto Jean-Jacques Rousseau. Toda uma discussão foi travada sobre a relação entre as ciências mães e as ciências aplicadas à educação: por exemplo, a sociologia, a psicologia e noções correlatas foram surgindo, como intradisciplinaridade, pluridisciplinaridade e transdisciplinaridade. A intradisciplinaridade‚ entendida, nas ciências da educação, como a relação interna entre a disciplina "mãe" e a disciplina "aplicada". O termo interdisciplinaridade, na educação, já não oferece problema, pois, ao tratar do mesmo objeto de ciência, uma ciência da educação "complementa" outra. Diga-se o mesmo quanto à pluridisciplinaridade. É a natureza do próprio fato/ato educativo, isto é, a sua complexidade, que exige uma explicação e uma compreensão pluridisciplinar. A interdisciplinaridade é uma forma de pensar. Piaget sustentava que a 13
  • 14. interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar à transdisciplinaridade, etapa que não ficaria na interação e reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um estágio onde não haveria mais fronteiras entre as disciplinas. Após a 2ª Guerra Mundial, a interdisciplinaridade aparece como preocupação humanista além da preocupação com as ciências. Desde então, parece que todas as correntes de pensamento se ocuparam com a questão da interdisciplinaridade: 1º - a teologia fenomenológica encontrou nesse conceito uma chave para o diálogo entre igreja e mundo; 2º - o existencialismo, buscando dar às ciências uma "cara humana"; 3º - o neo-positivismo que buscava no interior do positivismo a solução para o problema da unidade das ciências; 4º - o marxismo que buscava uma via diferente para a restauração da unidade entre todo e parte. O projeto de interdisciplinaridade nas ciências passou de uma fase filosófica de definição e explicitação terminológica, na década de 70, para uma segunda fase de discussão do seu lugar nas ciências humanas e na educação, na década de 80. Atualmente, no plano teórico, busca-se fundar a interdisciplinaridade na ética e na antropologia, ao mesmo tempo que, no plano prático, surgem projetos que reivindicam uma visão interdisciplinar. A interdisciplinaridade visa a garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos não seria suficiente. Seria preciso uma atitude e postura interdisciplinar. Atitude de busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade diante do conhecimento. A interdisciplinaridade se desenvolveu em diversos campos e, de certo modo, contraditoriamente, até ela se especializou, caindo na armadilha das ciências que ela queria evitar. Na educação ela teve um desenvolvimento particular. Nos projetos educacionais a interdisciplinaridade se baseia em alguns princípios, entre eles: 1o - Na noção de tempo: o aluno não tem tempo certo para aprender. Não existe data marcada para aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na sala de aula. 14
  • 15. 2º - Na crença de que é o indivíduo que aprende. Então, é preciso ensinar a aprender, a estudar etc. ao indivíduo e não a um coletivo amorfo. Portanto, uma relação direta e pessoal com a aquisição do saber. 3º - Embora apreendido individualmente, o conhecimento é uma totalidade. O todo é formado pelas partes, mas não é apenas a soma das partes. É maior que as partes. 4º - A criança, o jovem e o adulto aprendem quando têm um projeto de vida e o conteúdo do ensino é significativo para eles no interior desse projeto. Aprendemos quando nos envolvemos com emoção e razão no processo de reprodução e criação do conhecimento. A biografia do aluno é, portanto, a base do seu projeto de vida e de aquisição do conhecimento e de atitudes novas. A metodologia do trabalho interdisciplinar implica em: 1º - integração de conteúdos; 2º - passar de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do conhecimento; 3º - superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências; 4º - ensino-aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo de toda a vida. O conceito chegou ao final desse século com a mesma conotação positiva do início do século, isto é, como forma de buscar, nas ciências, um conhecimento integral e totalizante do mundo frente à fragmentação do saber, e na educação, como forma cooperativa de trabalho para substituir procedimentos individualistas. A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo tornou- se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se insere nas experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo e que, na teoria positivista era compartimentada e fragmentada. Articular saber, conhecimento, vivência, escola comunidade, meio-ambiente etc. tornou-se, nos últimos anos, o objetivo da interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um trabalho coletivo e solidário na 15
  • 16. organização da escola. Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser marcado por uma visão geral da educação, num sentido progressista e libertador. A interdisciplinaridade deve ser entendida como conceito correlato ao de autonomia intelectual e moral. Nesse sentido a interdisciplinaridade serve-se mais do construtivismo do que serve a ele. O construtivismo é uma teoria da aprendizagem que entende o conhecimento como fruto da interação entre o sujeito e o meio. Nessa teoria o papel do sujeito é primordial na construção do conhecimento. Portanto, o construtivismo tem tudo a ver com a interdisciplinaridade. A relação entre autonomia intelectual e interdisciplinaridade é imediata. Na teoria do conhecimento de Piaget o sujeito não é alguém que espera que o conhecimento seja transmitido a ele por um ato de benevolência. É o sujeito que aprende através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo. É ele, enquanto sujeito autônomo, que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. 1.2 COMO TRABALHAR COM OS TEMAS TRANSVERSAIS A transversalidade, bem como a transdisciplinaridade, é um princípio teórico do qual decorrem várias conseqüências práticas, tanto nas metodologias de ensino quanto na proposta curricular e pedagógica. A transversalidade aparece hoje como um princípio inovador nos sistemas de ensino de vários países. Contudo, a idéia não é tão nova. Ela remonta aos ideais pedagógicos do início do século, quando se falava em ensino global e do qual trataram famosos educadores. O Método Decroly dos "centros de interesse" partia da idéia da globalização do ensino para romper com a rigidez dos programas escolares. Para ele, existem seis centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudo construídos com base em disciplinas: a) a criança e a família; b) a criança e a escola; c) a criança e o mundo animal; d) a criança e o mundo vegetal; e) a criança e o mundo geográfico; f) a criança e o universo. Os centros de interesse são uma espécie de idéias-força em torno das quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno. O Método dos Projetos parte de problemas reais, do dia-a-dia do aluno. Todas as atividades escolares realizam-se através de projetos, sem necessidade de uma 16
  • 17. organização especial. Originalmente ele chamou de projeto à "tarefa de casa de caráter manual que a criança executava fora da escola. O projeto como método didático era uma atividade intencionada que consistia em os próprios alunos fazerem algo num ambiente natural, por exemplo, construindo uma casinha poderiam aprender geometria, desenho, cálculo, história natural. Classificamos os projetos em quatro grupos: a) de produção, no qual se produzia algo; b) de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo já produzido; c) para resolver um problema e d) para aperfeiçoar uma técnica. Quatro características concorriam para um bom projeto didático: a) uma atividade motivada por meio de uma conseqüente intenção; b) um plano de trabalho, de preferência manual; c) a que implica uma diversidade globalizada de ensino; d) num ambiente natural. O princípio da interdisciplinaridade permitiu um grande avanço na idéia de integração curricular. Mas ainda a idéia central era trabalhar com disciplinas. Na interdisciplinaridade os interesses próprios de cada disciplina são preservados. O princípio da transversalidade e de transdisciplinaridade busca superar o conceito de disciplina. Aqui, busca-se uma intercomunicação entre as disciplinas, tratando efetivamente de um tema/objetivo comum. Assim, não tem sentido trabalhar os temas transversais através de uma nova disciplina, mas através de projetos que integrem as diversas disciplinas. O trabalho nessa nova metodologia de ensino que consiste basicamente no trabalho coletivo e no princípio de que as várias ciências devem contribuir para o estudo de determinados temas que orientam todo o trabalho escolar. Foi respeitada a especificidade de cada área do conhecimento, mas, para superar a fragmentação dos saberes procurou-se estabelecer e compreender a relação entre uma "totalização em construção" a ser perseguida e novas relações de colaboração integrada de diferentes especialistas que trazem a sua contribuição para a análise de determinado tema gerador sugerido pelo estudo da realidade que antecede a construção curricular. 17
  • 18. 1.3 UMA POSTURA INTERDISCIPLINAR A interdisciplinaridade “Do ponto de vista epistemológico, consiste no método de pesquisa e de ensino voltado para a interação em uma disciplina, de duas ou mais disciplinas, num processo que pode ir da simples comunicação de idéias até a integração recíproca de finalidades, objetivos, conceitos, conteúdos, terminologia, metodologia, procedimentos, dados e formas de organiza-los e sistematiza-los no processo de elaboração do conhecimento.” A transdisciplinaridade “É a reunião das contribuições de todas as áreas do conhecimento num processo de elaboração do saber voltado para a compreensão da realidade, a descoberta de potencialidades e alternativas de se atuar sobre ela, tendo em vista transforma-la.” Interdisciplinaridade é um termo que não tem significado único, possuindo diferentes interpretações, mas em todas elas está implícita uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da unidade do pensamento. Desta forma a interdisciplinaridade difere da concepção de pluri ou multidisciplinaridade, as quais apenas justapõe conteúdos. Nesse sentido, não estou me referindo à interdisciplinaridade como uma teoria geral e absoluta do conhecimento, nem a compreendo como uma ciência aplicada, mas sim como o estudo do desenvolvimento de um processo dinâmico, integrador e, sobretudo, dialógico. Concordo com Fazenda, ao caracterizar a interdisciplinaridade "pela intensidade das trocas entre os especialistas e pela integração das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa. Em termos de interdisciplinaridade ter-se-ia uma relação de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de co- propriedade, de interação, que irá possibilitar o diálogo entre os interessados. A interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma mudança de atitude perante o problema do conhecimento, da substituição de uma concepção fragmentária pela unitária do ser humano”. Fazenda. O ponto de partida e de chegada de uma prática interdisciplinar está na ação. Desta forma, através do diálogo que se estabelece entre as disciplinas e entre os sujeitos das ações, a interdisciplinaridade "devolve a identidade às disciplinas, fortalecendo-as" e evidenciando uma mudança de postura na prática pedagógica. Tal 18
  • 19. atitude embasa-se no reconhecimento da 'provisoriedade do conhecimento', no questionamento constante das próprias posições assumidas e dos procedimentos adotados, no respeito à individualidade e na abertura à investigação em busca da totalidade do conhecimento. Não se trata de propor a eliminação de disciplinas, mas sim da criação de movimentos que propiciem o estabelecimento de relações entre as mesmas, tendo como ponto de convergência a ação que se desenvolve num trabalho cooperativo e reflexivo. Assim, alunos e professores sujeitos de sua própria ação - se engajam num processo de investigação, re-descoberta e construção coletiva de conhecimento, que ignora a divisão do conhecimento em disciplinas. Ao compartilhar idéias, ações e reflexões, cada participante é ao mesmo tempo "ator" e "autor" do processo. A partir de todos esses referenciais, é importante que os conteúdos das disciplinas sejam vistos como instrumentos culturais, necessários para que os alunos avancem na formação global e não como fim de si mesmo. A interdisciplinaridade favorecerá que as ações se traduzam na intenção educativa de ampliar a capacidade do aluno de: · expressar-se através de múltiplas linguagens e novas tecnologia; · posicionar-se diante da informação; · interagir, de forma crítica e ativa, com o meio físico e social; Temos então o desafio de assegurar a abordagem global da realidade, através de uma perspectiva holística, transdisciplinar. Onde a valorização é centrada, não no que é transmitido, e sim no que é construído. Assim a prática interdisciplinar nos envolve no processo de aprender a aprender. A postura interdisciplinar incita o pensamento em direção ao enfrentamento de tensões que se criam durante o seu processo de elucidação, o que possibilita a superação de dicotomias tradicionais da visão de mundo mecanicista, tais como: homem-mundo: o homem se revela ao mundo através da linguagem, quer seja ela natural, quer seja artificial, como é o caso da linguagem computacional. Ao formalizar o seu pensamento para outrem, o homem apropria-se da palavra, atribuindo-lhe um significado segundo sua própria experiência, re-elaborando-a e revelando-se ao outro. A manifestação do ser através da linguagem traz subjacente os valores intrínsecos a 19
  • 20. um contexto. Ao mesmo tempo que se expressa o homem toma consciência de si mesmo como um ser singular no mundo, com potencialidades e limitações próprias. A "palavra própria" de cada ser manifesta o sentido que ele dá a si mesmo e ao mundo. Assim, a palavra "está sempre em ato" constituindo "a essência do mundo e a essência do homem”. Todo encontro com o outro supõe um confronto de idéias onde cada qual trás seu testemunho e busca o testemunho do outro. Cada ser é responsável pela introdução de um ponto de descontinuidade, cujas contradições devem ser discutidas e compartilhadas com os demais membros do grupo, buscando um equilíbrio em um novo patamar. Temos então a interdisciplinaridade como um campo aberto para que de uma prática fragmentada por especialidades possamos estabelecer novas competências e habilidades através de um postura pautada em uma visão holística do conhecimento e uma porta aberta para os processos transdisciplinares. “Este ser do mundo e no mundo tem a capacidade de interferir e modificar o seu próprio mundo. "A disjunção sujeito-objeto é um dos aspectos essenciais de um paradigma mais geral de disjunção-redução, pelo qual o pensamento científico ou disjunta realidades inseparáveis sem poder encarar a sua relação, ou identifica-as por redução da realidade mais complexa à realidade menos complexa" Morin. Porém, a atitude interdisciplinar permite o desenvolvimento do sujeito como um todo, de acordo com suas condições, possibilidades e entendimento”. Gusdorf. 20
  • 21. CAPÍTULO II É POSSÍVEL A INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA? Bellini e Ruiz analisam dois pensadores: Jean Piaget e Edgar Morin. Segundo os autores, para Piaget há “interdisciplinaridade quando a solução de um determinado problema é buscada recorrendo-se a diversas disciplinas, ocorrendo reciprocidade capaz de gerar enriquecimento. Na concepção de Edgar Morin podemos entender que “interdisciplinaridade como decorrente de uma atitude intelectual não-simplificadora de abordagem da realidade. Essa atitude implica em admitir que em cada situação existem múltiplas variáveis interferindo simultaneamente”. Os autores analisam os dois pensadores e procuram através da reflexão, discutir as possibilidades e limites do pensamento interdisciplinar no ensino formal. A reflexão sobre a interdisciplinaridade na escola, precisa nascer do pensamento sobre o pensamento que orienta o fazer educacional. Identificando as crenças epistemológicas que orientam o seu fazer e, nesse processo, buscar eliminar os procedimentos destinados a economizar pensamento, nascendo daí, talvez, uma cultura escolar que privilegie o direito de pensar. Nesse sentido, os autores questionam: “É possível a interdisciplinaridade na escola?” Para Ruiz e Bellini é possível, mas o principal problema é a cultura escolar, na qual o educando aprende do mais simples para o mais complexo, com avanços lentos que exigem pouco pensamento. Então é necessário superar essa cultura, ter uma visão mais ampla, e não fragmentada, para isso é preciso que a escola torne-se um espaço de pensamento, acabando com a fragmentação do conhecimento, pois somente assim teremos uma cultura interdisciplinar. 21
  • 22. Como sabemos, os PCNs diferenciam a transversalidade e a interdisciplinaridade. A interdisciplinaridade é definida nos PCNs como a dimensão que questiona a segmentação entre os diferentes campos do conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles, questiona a visão compartimentada da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Já a transversalidade diz respeito a: - à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões da vida real e de sua transformação. Se tomarmos as afirmações de Japiassu, como referências veremos que a interdisciplinaridade consiste em um trabalho comum, tendo em vista a interação de disciplinas científicas, de seus conceitos básicos, dados, metodologias, com base na organização cooperativa e coordenada do ensino. Trata-se do redimensionamento epistemológico das disciplinas científicas e da reformulação total das estruturas pedagógicas de ensino, de forma a possibilitar que as diferentes disciplinas se interajam em um processo de intensiva reflexão. Essa concepção pressupõe educadores imbuídos de um verdadeiro espírito crítico, aberto para a cooperação, o intercâmbio entre as diferentes disciplinas, o constante questionamento ao saber arbitrário e desvinculado da realidade. Por outro lado, exige a prática de pesquisa, a troca e sistematização de idéias, a construção do conhecimento, em um processo de indagação e busca permanente. Mas, acima de tudo, pressupõe a clareza dos fins, a certeza dos objetivos da interdisciplinaridade. À medida que fica claro o seu sentido com a prática que possibilita a escola investir coletivamente na elaboração de conhecimentos significativos, torna-se possível uma nova atitude pedagógica e a luta pela reformulação das estruturas de ensino. Portanto, a transversalidade e a interdisciplinaridade são nesse sentido, modos de trabalhar o conhecimento que visam reintegração de dimensões isoladas uns dos outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, pretendemos conseguir uma visão mais ampla da realidade que, tantas vezes, aparece fragmentada pelos meios de que dispomos para conhecê-la. 22
  • 23. A interdisciplinaridade permite questionar a fragmentação dos diferentes campos de conhecimento. Nessa perspectiva, procuramos tecer os possíveis pontos de convergência entre as várias áreas e a relação epistemológica entre as disciplinas. Com a interdisciplinaridade adquirimos mais conhecimentos dos fenômenos naturais e sociais, que são normalmente complexos e irredutíveis ao conhecimento obtido quando são estudados por meio de uma única disciplina. As interconexões que acontecem nas disciplinas facilitará a compreensão dos conteúdos de uma forma integrada, aprimorando o conhecimento do educando. Existem temas cujo estudo exige uma abordagem particularmente ampla e diversificada, que foram denominados temas transversais que tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São discutidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em relação a intervenção no âmbito social mais amplo quanto a atuação pessoal. São questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo construída e que demandam transformações macro-sociais e também atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões. Estes temas envolvem um aprender sobre a realidade e da realidade, destinando-se também a um intervir para transformá-la. Na verdade, os temas transversais prestam-se de modo muito especial para levar à prática a concepção de formação integral da pessoa. 2.1 COMO FAZER A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE AS DISCIPLINAS Ao referirmos ao ensino de Geografia no final do século XX e início do século XXI, esta vem deixando de ser uma ciência de síntese e vem buscando a interdisciplinaridade com outras ciências sem perder sua identidade. Nesse sentido o Parâmetro Curricular Nacional de Geografia ressalta que ao pretender o estudo das paisagens, territórios, lugares e regiões, o professor poderá exercer uma relação da Geografia com a Literatura, proporcionando um trabalho que provoca interesse e curiosidade sobre a leitura desse espaço. Dessa forma podemos aprender Geografia mediante a leitura de autores brasileiros consagrados cujas obras retratam diferentes 23
  • 24. paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais. Também as produções musicais, a fotografia e até mesmo o cinema são fontes que podem ser utilizadas por professores e alunos para obter informações, comparar, perguntar e inspirar-se para interpretar as paisagens e construir conhecimentos sobre o espaço geográfico. A Geografia ao trabalhar noções e conceitos de natureza e sociedade poderá articulá-los por meio da interdisciplinaridade, pois não é muito correta a separação entre ciências do homem e da natureza, pois o homem, como animal, faz parte da natureza em que vive, lutando permanentemente com ela, transformando-a de acordo com os seus interesses. Nesse sentido cabe um trabalho relacionando Geografia Física e Geografia Humana. Além disso, a Geografia pode articular de forma interdisciplinar com a História e Economia, para tratar de questões ligadas aos processos da formação da divisão internacional do trabalho e da formação dos blocos econômicos. O estudo da espacialização dos problemas ambientais possibilita uma interação com a Biologia, Química, Economia, Ecologia. Nesse sentido percebemos que a Geografia é uma disciplina que tem um caráter interdisciplinar, que a relaciona às demais ciências, pois o espaço é interdisciplinar. Transversalidade O Ministério da Educação e Desporto do Brasil, está promovendo desde 1995 um debate a nível nacional referente aos Parâmetros Curriculares Nacionais, que é uma proposta de conteúdos que referenciem e orientem a estrutura curricular do sistema educacional do país. A maior ênfase desse documento são os ‘Temas transversais’: Ética, Meio Ambiente, Educação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e Consumo. No livro “Temas Transversais em Busca de uma Nova Escola”, encontramos a seguinte definição de temas transversais: Temas transversais são um conjunto de conteúdos educativos e eixos condutores da atividade escolar que, não estando ligados a nenhuma matéria particular, pode se considerar que são comuns a todas, de forma que, mais do que criar novas disciplinas, 24
  • 25. acha-se conveniente que seu tratamento seja transversal num currículo global da escola. Sendo assim, esses temas expressam conceitos e valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo o país, são questões em debate na sociedade atual. Diante desse contexto optou-se por integrá-las no currículo por meio do que se chama transversalidade, ou seja, pretende-se que “esses temas integrem as áreas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas, relacionando-os às questões da atualidade e que sejam orientadores também do convívio escolar”. O que significa trabalhar transversalmente esses temas? 2.2 A INTERDISCIPLINARIDADE E O DESENVOLVIMENTO É através da interdisciplinaridade que alcançaremos um saber mais amplo e menos formatado. A especialização como forma de educação é o que a Sociedade pede: insere o aluno num mundo robotizado. Mas a satisfação com profissionais formados por uma educação mecânica é temporária. O que buscamos é uma educação abrangente, portanto necessitamos de interdisciplinaridade, o saber fragmentado não irá suprir nosso jovem no futuro, é necessário formar indivíduos críticos, aptos a absorver o excesso de informação, além de manter uma educação permanente, uma auto- formação. A escola foi criada para atender o desenvolvimento intelectual, mas a cada dia passa a atender os aspectos culturais, emocionais, sociais e morais do individuo. Como sub-sistema da sociedade, o sistema escolar reflete suas características, principalmente as nocivas, como a desigualdade. Assim o professor acumula mais um papel: amenizar as injustiças sociais. O ambiente da sala de aula não é isolado do mundo, é necessário discutir as desigualdades sociais na escola para que possamos garantir os cidadãos do futuro com a consciência de seus papéis na história. 25
  • 26. Os temas transversais dos novos parâmetros curriculares incluem Ética, Meio ambiente, Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual. Eles expressam conceitos e valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo País, são questões em debate na sociedade através dos quais, o dissenso, o confronto de opiniões se coloca. Através da Ética, o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa, adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, discutindo a moral vigente e tentando compreender os valores presentes na sociedade atual e em que medida eles devem ou podem ser mudados. Através do tema Meio-ambiente o aluno deverá compreender as noções básicas sobre o tema, perceber relações que condicionam a vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar métodos de manejo e conservação ambiental. A Saúde é um direito de todos. Por esse tema o aluno compreenderá que saúde é produzida nas relações com o meio físico e social, identificando fatores de risco aos indivíduos necessitando adotar hábitos de auto-cuidado. A Pluralidade cultural tratará da diversidade do patrimônio cultural brasileiro, reconhecendo a diversidade como um direito dos povos e dos indivíduos e repudiando toda forma de discriminação por raça, classe, crença religiosa e sexo. A orientação sexual, numa perspectiva social, deverá ensinar o aluno a respeitar a diversidade de comportamento relativo à sexualidade, desde que seja garantida a integridade e a dignidade do ser humano, conhecer seu corpo e expressar seus sentimentos, respeitando os seus afetos e do outro.Educação & trabalho. Além desses temas, podem ser desenvolvidos os temas locais, que visam a tratar de conhecimentos vinculados à realidade local. Eles devem ser recolhidos a partir do interesse específico de determinada realidade, podendo ser definidos no âmbito do Estado, Cidade ou Escola. Uma vez feito esse reconhecimento, deve-se dar o mesmo tratamento que outros temas transversais. 26
  • 27. 2.3 AVALIAÇÃO DO TRABALHO APLICADO A Progressão Continuada visa uma nova avaliação, ao tirar o peso desta, promover qualquer tipo de crescimento ao aluno. Abandonam-se as palavras aprovação e reprovação e adota-se o termo progressão. A avaliação é feita por três professores e aprovada ou corrigida pelo Conselho de Classe. O conteúdo avaliado é composto pela Base Nacional de Currículos, além de redação e grau de maturidade e desenvolvimento do aluno. Busca-se contornar com recuperações a deficiência de alunos insuficientes, alterando a relação professor-aluno para que tal professor esteja atento às dificuldades de cada estudante enquanto indivíduo. A autonomia pedagógica de cada escola prevê uma ampla discussão com alunos, pais e conselhos, escolhendo os caminhos para resolver seus problemas concretos. É um projeto recente e polêmico, a maior vitória é a diminuição da evasão escolar. 27
  • 28. CAPÍTULO III O TRABALHO EM EQUIPE E O TRABALHO INTERDISCIPLINAR A teoria do desenvolvimento intelectual de Vygotsky, sustenta que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. Essa teoria, tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio- histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada, histórico-social. O conhecimento que permite o desenvolvimento mental se dá na relação com os outros. Nessa perspectiva o professor constrói sua formação, fortalece e enriquece seu aprendizado. Por isso é importante ver a pessoa do professor e valorizar o saber de sua experiência. Para Nóvoa: “A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando.” O trabalho em equipe e o trabalho interdisciplinar se revelam importantes. Quando as decisões são tomadas em conjunto, desfavorece, de certa forma, a resistência às mudanças e todos passam a ser responsáveis para o sucesso da aprendizagem na escola. O trabalho interdisciplinar evita que os professores conduzam seus trabalhos isoladamente, em diferentes direções, pois a produção de práticas educativas eficazes, surge de uma reflexão da experiência pessoal partilhada entre os colegas. 28
  • 29. O sucesso profissional do professor, o espaço ideal para seu crescimento, sua formação continuada, pode ser também seu local de trabalho. 3.1 A ESCOLA E AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO Uma boa escola caracteriza-se por uma série de fatores que podem ser evidenciados a partir das informações coletadas e analisadas junto a alunos, professores e diretores. Esses fatores distribuem-se em dois eixos centrais. O primeiro diz respeito às condições de vida dos alunos, de suas famílias e de seu contexto social, cultural e econômico. O segundo refere-se à própria escola e pode ser descrito por meio dos professores, diretores, projeto pedagógico, insumos, instalações, estrutura institucional, “clima” da escola e relações intersubjetivas no cotidiano escolar. Aquilo que se refere à escola situa-se dentro das possibilidades de intervenção dos gestores de políticas públicas educacionais. Nesse sentido, a escola passa a ser uma instituição fundamental para promover a eqüidade, bem como proporcionar o desenvolvimento dos saberes básicos, contribuindo para a inclusão social e econômica do cidadão, independente da sua origem social. Portanto, uma boa escola é aquela que permite o aprendizado, com qualidade e para todos. Os fatores extra-escolares dependem de macro políticas que interfiram nas condições das famílias e no combate à exclusão social, estariam fora do âmbito de uma política educacional, muito embora possa haver políticas de combate à pobreza associadas à Educação. O que se pretende destacar são alguns fatores encontrados no âmbito de influência da escola e sobre os quais é possível exercer algum tipo de controle para aumentar a eficácia do seu papel de educação. São questões que devem ganhar visibilidade para auxiliar o direcionamento das políticas para a área, preservando a autonomia da escola. É preciso pensar e implementar políticas públicas que impactem diretamente o cotidiano da escola, onde o aprendizado efetivamente acontece. Vale ressaltar que o clima de aula ou mesmo da escola deve funcionar para a promoção do aprendizado. Os alunos devem ser conduzidos a um bom relacionamento coletivo, produtivo e prazeroso. Os professores devem acreditar em seus alunos. A boa expectativa de aprendizado influencia diretamente nos resultados de sucesso escolar. Além disso, a escola deve operar por meio de um projeto pedagógico, construído 29
  • 30. coletivamente e conduzido cotidianamente de forma a dar sentido objetivo às evoluções alcançadas pela Escola. De maneira geral, uma boa escola deve contar com salas de aula adequadas. Ainda, do ponto de vista das instalações, os estudantes devem ter acesso a biblioteca, laboratórios e quadra para a prática esportiva. Em relação aos professores, além de remuneração condizente, a formação inicial e continuada deve fazer parte da política de recursos humanos. Essa formação não deve restringir-se somente a métodos. O professor precisa dominar, com desenvoltura, o conteúdo da disciplina. Os materiais pedagógicos devem ser adequados e suficientes às necessidades e à quantidade de alunos atendidos, assim como bem manipulados pelos professores na administração das aulas. O diretor precisa ter qualificação específica para gestão escolar. Além de características de liderança, é necessário ter estratégia para a integração efetiva da comunidade ao cotidiano escolar. Precisa estar efetivamente preocupado com o resultado da aprendizagem e essa preocupação manifestar-se na direção da escola, com planejamento e acompanhamento do trabalho docente. Pode- se, inclusive, afirmar que as escolas devem dispor de processos de avaliação permanente dos seus resultados e procedimentos, habituando-se a avaliações externas de aprendizado e auto-avaliações. 3.2 VISÃO INTERATIVA E CONSTRUTIVA Com o avanço da tecnologia os profissionais da educação já podem contar com uma ferramenta de longo alcance e grande eficácia desde que compreendida como um recurso e não como fim último. Falamos sem dúvida da Internet, que pode ser vista como uma nova ferramenta de trabalho para os professores ao mesmo tempo em que se constitui num espaço de discussão das práticas tradicionais e alternativas, possibilitando a interatividade e a intero peratividade no trabalho de profissionais de diversas áreas aplicado à educação. Utilizando o hipertexto, que trabalha com imagens, palavras e sons, é possível garantir a possibilidade de provocar uma visão interativa e construtiva dos processos de ensino e aprendizagem, assim como uma visão ampla das necessidades que podem ser atendidas por um trabalho integrado. 30
  • 31. E foi por meio dela que conseguimos reunir, em torno de um projeto comum, profissionais de diversas áreas que, colocando-se à disposição da comunidade educacional, contribuem sobremodo para a difusão de idéias e criação de conceitos na área da Educação Especial. Significou para o grupo, um importante recurso a ser utilizado na formação continuada de educadores e na mudança de paradigmas dentro do sistema educacional de modo geral e na educação especial de modo particular. "As novas tecnologias não podem servir apenas para transmitir informações, disponibilizar os conhecimentos, mas proporcionar um novo ambiente para se questionar e transformar a escola. A mídia moderna muda as formas do pensar e propicia novas experiências intra e interpessoais, afetando subjetiva e objetivamente as relações espaço temporais e modificando a maneira de conceber e realizar a formação de professores e alunos. Nesse sentido, é oportuno lembrar que as pessoas responsáveis por todas essas modificações, especialmente na área da educação, precisam se conscientizar de que nos últimos anos não foi somente a tecnologia que mudou essencialmente, com os avanços alcançados, mas também a forma de utilizá-la adequadamente. Em uma palavra, o nosso desafio, como educadores não é mais obter meios tecnológicos para desenvolver projetos educativos, mas o de saber utilizá-los. O que importa não é como e nem onde a tecnologia foi criada, mas como está sendo aplicada. Por outro lado é preciso criar cada vez mais motivos para que a tecnologia e a educação se encontrem e integrem seus propósitos e conhecimentos, buscando complementos, uma na outra". Mantoan. Desde 1989 temos procurado desenvolver projetos interdisciplinares envolvendo profissionais de diversas áreas de atuação no sentido de propiciar melhores condições de trabalho e obter avanços nas práticas pedagógicas voltadas para crianças matriculadas em escolas comuns. Atuando em cursos de pós graduação com a disciplina Didática do Ensino Superior, pude observar a dificuldade que os pós-graduandos tem para enxergar a realidade da escola e suas necessidades e principalmente para perceber quais as 31
  • 32. formas de colaboração que poderiam ser prestadas à comunidade a partir de sua atuação profissional. Pensando da mesma maneira um grupo de profissionais da educação, da fonoaudiologia, da informática, do design e da engenharia se reuniram para desenvolver um projeto em parceria que culminou com o nascimento da Universidade sem Fronteiras, voltada para a formação de educadores para o terceiro milênio, dentro da dinâmica de educação permanente e baseada no princípio da autonomia. A idéia inicial era criar um site que servisse de espaço para a discussão de temas educacionais e onde professores das diversas áreas poderiam estar oferecendo suas contribuições para o desenvolvimento de projetos de natureza diferenciada. Nossa intenção inicial era criar um espaço diferenciado onde se pudesse questionar e, se possível, transformar a escola, especialmente a escola fundamental. Pretendíamos que fosse um espaço dinâmico, caracterizado especialmente, pela diversidade de seus elementos e pelo envolvimento institucional na causa da educação básica. 3.3 A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE INTEGRADA COM AS NECESSIDADES Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminada a graduação, o profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da vida. Hoje a realidade é diferente, principalmente para o profissional docente. Este deve estar consciente de que sua formação é permanente, e é integrada no seu dia-a-dia nas escolas. O professor não deve se abster de estudar, o prazer pelo estudo e a leitura deve ser evidente, senão não irá conseguir passar esse gosto para seus alunos“O professor que não aprende com prazer não ensinará com prazer. “ Snyders. São grandes os desafios que o profissional docente enfrenta, mas manter-se atualizado e desenvolver práticas pedagógicas eficientes, são os principais. Nóvoa diz que: “O aprender contínuo é essencial se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”. Para esse estudioso português, a formação continuada se dá de maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de análise. 32
  • 33. A real valorização do magistério precisa ter três alicerces sólidos: boa formação inicial, boa formação continuada e boas condições de trabalho, salário e carreira. A Universidade ocupa um papel essencial, mas não o único, para a formação do professor. Ás universidades cabe o papel de oferecer o potencial físico, humano e pedagógico para a formação acontecer no melhor nível de qualidade. Não é raro encontrarmos profissionais que responsabilizam a instituição pelo desajuste entre as informações recebidas e sua aplicabilidade. A formação só será completa quando esses profissionais se auto produzirem. Nóvoa diz: “Os professores têm de se assumir como produtores da sua profissão”. O desenvolvimento profissional corresponde ao curso superior somado ao conhecimento acumulado ao longo da vida. Uma boa graduação é necessária, mas não basta, é essencial atualizar-se sempre, isso remete a necessidade da formação continuada no processo da atuação profissional, ou seja, há a necessidade da construção do saber, no processo de atuação profissional. A valorização e melhor remuneração que o profissional docente almeja, depende em boa parte de formação e atuação profissional. 33
  • 34. CONCLUSÃO A interdisciplinaridade visa a garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos não seria suficiente. Seria preciso uma atitude e postura interdisciplinar. Atitude de busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade diante do conhecimento. A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo tornou- se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se insere nas experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo e que, na teoria positivista era compartimentada e fragmentada. Articular saber, conhecimento, vivência, escola comunidade, meio-ambiente etc. tornou-se, nos últimos anos, o objetivo da interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um trabalho coletivo e solidário na organização da escola. Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser marcado por uma visão geral da educação, num sentido progressista e libertador. A interdisciplinaridade deve ser entendida como conceito correlato ao de autonomia intelectual e moral. Nesse sentido a interdisciplinaridade serve-se mais do construtivismo do que serve a ele. O construtivismo é uma teoria da aprendizagem que entende o conhecimento como fruto da interação entre o sujeito e o meio. Nessa teoria o papel do sujeito é primordial na construção do conhecimento. Portanto, o construtivismo tem tudo a ver com a interdisciplinaridade. A relação entre autonomia intelectual e interdisciplinaridade é imediata. Na teoria do conhecimento de Piaget o sujeito não é alguém que espera que o conhecimento seja 34
  • 35. transmitido a ele por um ato de benevolência. É o sujeito que aprende através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo. É ele, enquanto sujeito autônomo, que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo, como costumava nos dizer, em Genebra, nosso mestre Piaget. 35
  • 36. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História. Brasília: MEC/SEF, 1998. COMPIANI, M. Geociências no Ensino Fundamental: "formaram as galáxias divididinhas" -alguns exemplos com um estudo sobre o tema ‘a formação do Universo’. Cadernos do IG-UNICAMP, Campinas, v.6, n.2, p.123-157, 1996. JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1976. FAZENDA, Ivani C. (1993). Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria.São Paulo: Loyola. ________________. (1994). Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. Campinas, São Paulo: Papirus. FREIRE, Paulo. (1979). Educação e Mudança. 14ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra. JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1976. MENEZES, Paulo A trama das imagens. São Paulo: EDUSP, 1997, 289p. (série nº 14 -Texto & Arte) 36
  • 37. MORENO, Monserrat. Temas transversais: um ensino voltado para o futuro. In: BUSQUETS Maria Dolors et alii. Temas transversais em educação: bases para uma formação integral. São Paulo, Ática, 1997. OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento Um Processo Sócio- Histórico. Scipione, São Paulo. SP. 1997. SANTAELLA BRAGA, M.L.(1980) Produção de linguagem e ideologia. São Paulo: 2ªed, Cortez Ed, 160p. SCOTT, J. (ed.) Language and science links: classroom implications. Australian Reading Association, 1992, 91p. 37