Este poema descreve vários ofícios tradicionais de Lisboa que já não existem mais, como o aguadeiro, o alfaiate, o barbeiro, o engraxador, o pescador e o coveiro, através de pequenas citações que refletem as atividades e falas típicas de cada um.
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
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1. Olhai, senhores, esta Lisboa d'outras eras...Olhai, senhores, esta Lisboa d'outras eras...
... ... ...... ... ...
Das festas, das seculares procissões,Das festas, das seculares procissões,
Dos populares pregões matinaisDos populares pregões matinais
Que já não voltam mais!Que já não voltam mais!
7. A CRIADA DE SERVIR
“Adeus ò terra, adeus linda xerra do Sol a brilhar...”
8. O ENGRAXADOR
Sentado na banqueta, pano nas mãos, curvado sobre o sapato
do freguês, concentrado e absorto, como se nada no mundo
fosse capaz de o fazer levantar a cabeça.
10. O MOÇO DE FRETES
“Com passinhos curtos, anda dobrado como se tivesse dores de bexiga.
A cara e os olhos são vermelhos, ensopados em sangue. Carrega tudo
aos ombros com uma complicação de cordéis...”
in “Aparição”
11. O LIMPA-CHAMINÉS
“Muitas vezes parece que o diabo bate à nossa porta, mas é
simplesmente o limpa-chaminés”
Christian Hebbel
12. A MODISTA
“...muito valorizada entre os anos 30 e 40. Ela fazia o trabalho que hoje
faz o estilista e tinha um status maior que a costureira. Ser modista era
chique”...
13. O PADEIRO
Olha o padeiro entregando o pão
De casa em casa entregando o pão
Menos naquela, aquela, aquela, aquela não
Pois quem se arrisca a cair no alçapão?
14. O PESCADOR
Rede que volta vazia
Traz tristeza ao pescador
Que apesar da arrelia
Leva em frente o seu labor
17. A VENDEDEIRA DE GALINHAS
“Ó fre g ue sa, e ssa até te m o vinho s”
18. O VENDEDOR DE CASTANHAS
“São quentes e boooas”
Ao canto do Outono,à esquina do
Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio
Ary dos Santos
28. “Olhó carapau fresquiiiinho!”
A VARINA
É varina, usa chinela,
Tem movimentos de gata;
Na canastra, a caravela,
No coração, a fragata.
David Mourão-Ferreira
30. O CALCETEIRO
De cócoras, em linha, os calceteiros, / Com lentidão, terrosos e
grosseiros, /Calçam de lado a lado a longa rua.
Cesário Verde
31. O CALISTA
“Ó Sôr Hilário, está aqui uma unha quase encravada...”
32. O CARTEIRO
Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou
Com um carta na mão.
Ante surpresa tão rude,
Nem sei como pude
Chegar ao portão.
“...quanta verdade tristonha a mentira risonha
que uma carta nos traz...”
Pablo Neruda