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Habilitação Profissional Plena Técnico em Eletrônica
Eletrônica Industrial – 4º Ano
Apostila sobre Motores de Indução Trifásicos
Prof. Ariovaldo Ghirardello
Motor de indução trifásico
O motor de indução trifásico (figura 1) é composto fundamentalmente de duas partes:
estator e rotor.
Figura 1
Estator
• Carcaça ( 1 ) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro
fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas.
• Núcleo de chapas ( 2 ) - as chapas são de aço magnético, tratatas termicamente
para reduzir ao mínimo as perdas no ferro.
• Enrolamento trifásico ( 8 ) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase,
formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação.
Rotor
• Eixo ( 7 ) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado
termicamente para evitar problemas como empenamento e fadiga.
• Núcleo de chapas ( 3 ) - as chapas possuem as mesmas características das chapas
do estator.
• Barras e anéis de curto-circuito ( 12 ) - são de alumínio injetado sob pressão numa
única peça.
Outras partes do motor de indução trifásico:
• Tampa ( 4 )
• Ventilador ( 5 )
• Tampa defletora ( 6 )
• Caixa de ligação ( 9 )
• Terminais ( 10 )
• Rolamentos ( 11 )
2
O foco desta apostila é o motor de gaiola , cujo rotor é constituído de um conjunto de
barras não isoladas e interligadas por anéis de curto-circuito. O que caracteriza o motor
de indução é que só o estator é ligado à rede de alimentação. O rotor não é alimentado
externamente e as correntes que circulam nele, são induzidas eletromagneticamente pelo
estator, donde o seu nome de motor de indução.
Princípio de funcionamento - campo girante
Quando uma bobina é percorrida por uma corrente elétrica, é criado um campo
magnético dirigido conforme o eixo da bobina e de valor proporcional à corrente.
Figura 2.a Figura 2.b Figura 2.c
a) Na figura 2.a é indicado um enrolamento monofásico atravessado por uma
corrente I, e o campo H é criado por ela; o enrolamento é constituído de um par de pólos
(um pólo norte e um pólo sul ), cujos efeitos se somam para estabelecer o campo H. O
fluxo magnético atravessa o rotor entre os dois pólos e se fecha através do núcleo do
estator.
Se a corrente I é alternada, o campo H também é, e o seu valor a cada instante será
representando pelo mesmo gráfico da figura 2.c, inclusive invertendo o sentido em cada
meio ciclo.
O campo H é pulsante pois, sua intensidade varia proporcionalmente à corrente,
sempre na mesma direção norte-sul.
b) Na figura 2.b é indicado um enrolamento trifásico , que é formado por três
monofásicos espaçados entre si de 120o
. Se este enrolamento for alimentado por um
sistema trifásico, as correntes I1, I2 I3 criarão, do mesmo modo, os seus próprios campos
magnéticos H1, H2 e H3. Estes campos são espaçados entre si de 120o
. Além disso, como
são proporcionais às respectivas correntes, serão defasados no tempo, também de 120o
entre si e podem ser representandos por um gráfico igual ao da figura 3. O campo total
H resultante, a cada instante, será igual à soma gráfica dos três campos H1, H2 e H3
naquele instante.
Figura 3
3
Na figura 4, representamos esta soma gráfica para seis instantes sucessivos.
Figura 4
No instante ( 1 ), a figura 3, mostra que o campo H1 é máximo e os campos H2 e H3 são
negativos e de mesmo valor, iguais a 0,5. Os três campos são representados na figura 4 (
1 ), parte superior, levando em conta que o campo negativo é representado por uma seta
de sentido oposto ao que seria normal; o campo resultante (soma gráfica) é mostrado na
parte inferior da figura 4 ( 1 ), tendo a mesma direção do enrolamento da fase 1.
Repetindo a construção para os pontos 2, 3, 4, 5 e 6 da figura 3, observa-se que o campo
resultante H tem intensidade constante , porém sua direção vai girando , completando
uma volta no fim de um ciclo. Assim, quando um enrolamento trifásico é alimentado
por correntes trifásicas, cria-se um campo girante , como se houvesse um único par de
pólos girantes, de intensidade constante. Este campo girante, criado pelo enrolamento
trifásico do estator, induz tensões nas barras do rotor (linhas de fluxo cortam as barras
do rotor) as quais geram correntes, e conseqüentemente, um campo no rotor, de
polaridade oposta à do campo girante. Como campos opostos se atraem e como o campo
do estator (campo girante) é rotativo, o rotor tende a acompanhar a rotação deste campo.
Desenvolve-se então, no rotor, um conjugado motor que faz com que ele gire,
acionando a carga.
Velocidade síncrona ( ns )
A velocidade síncrona do motor é definida pela velocidade de rotação do campo girante,
a qual depende do número de pólos (2p) do motor e da freqüência (f) da rede, em hertz.
Os enrolamentos podem ser construídos com um ou mais pares de pólos, que se
distribuem alternadamente (um norte e um sul ) ao longo da periferia do núcleo
magnético. O campo girante percorre um par de pólos (p) a cada ciclo. Assim, como o
enrolamento tem pólos ou p pares de pólos, a velocidade do campo será:
Exemplos:
a) Qual a rotação síncrona de um motor de 6 pólos, 50Hz?
4
b) Motor de 12 pólos, 60Hz?
Note que o número de pólos do motor terá que ser sempre par, para formar os pares de
pólos. Para as freqüências e polaridades usuais, as velocidades síncronas são:
Para motores de dois pólos, o campo percorre uma volta a cada ciclo. Assim, os graus
elétricos equivalem aos graus mecânicos. Para motores com mais de dois pólos, teremos
de acordo com o número de pólos, um giro geométrico menor, sendo inversamente
proporcional a 360o
em dois pólos.
Por exemplo: Para um motor de seis pólos teremos, em um ciclo completo, um giro do
campo de 360o
x 2/6 = 120o
geométricos. Isto equivale, logicamente, a 1/3 da
velocidade em dois pólos. Conclui-se, assim, que:
Graus geométricos = Graus mecânicos x p
Escorregamento ( s )
Se o motor gira a uma velocidade diferente da velocidade síncrona, ou seja, diferente da
velocidade do campo girante, o enrolamento do rotor corta as linhas de força
magnética do campo e, pelas leis do eletromagnetismo, circularão nele corrente
induzidas.
Quanto maior a carga, maior terá que ser o conjugado necessário para acioná-la. Para
obter o conjugado, terá que ser maior a diferença de velocidade para que as correntes
induzidas e os campos produzidos sejam maiores.
Portanto, à medida que a carga aumenta cai a rotação do motor. Quando a carga é zero
(motor em vazio) o rotor girará praticamente com a rotação síncrona. A diferença entre
a velocidade do motor n e a velocidade síncrona ns chama-se escorregamento s, que
pode ser expresso em rpm, como fração da velocidade síncrona, ou como porcentagem
desta
5
Para um dado escorregamento s(%), a velocidade do motor será, portanto
Exemplo: Qual o escorregamento de um motor de 6 pólos, 50Hz, se sua velocidade é de
960 rpm?
Velocidade nominal
É a velocidade (rpm) do motor funcionando à potência nominal, sob tensão e freqüência
nominais. Conforme foi visto no item anterior (escorregamento), depende do
escorregamento e da velocidade síncrona.

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Apostila sobre motores de indução trifásicos i

  • 1. 1 Habilitação Profissional Plena Técnico em Eletrônica Eletrônica Industrial – 4º Ano Apostila sobre Motores de Indução Trifásicos Prof. Ariovaldo Ghirardello Motor de indução trifásico O motor de indução trifásico (figura 1) é composto fundamentalmente de duas partes: estator e rotor. Figura 1 Estator • Carcaça ( 1 ) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas. • Núcleo de chapas ( 2 ) - as chapas são de aço magnético, tratatas termicamente para reduzir ao mínimo as perdas no ferro. • Enrolamento trifásico ( 8 ) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação. Rotor • Eixo ( 7 ) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado termicamente para evitar problemas como empenamento e fadiga. • Núcleo de chapas ( 3 ) - as chapas possuem as mesmas características das chapas do estator. • Barras e anéis de curto-circuito ( 12 ) - são de alumínio injetado sob pressão numa única peça. Outras partes do motor de indução trifásico: • Tampa ( 4 ) • Ventilador ( 5 ) • Tampa defletora ( 6 ) • Caixa de ligação ( 9 ) • Terminais ( 10 ) • Rolamentos ( 11 )
  • 2. 2 O foco desta apostila é o motor de gaiola , cujo rotor é constituído de um conjunto de barras não isoladas e interligadas por anéis de curto-circuito. O que caracteriza o motor de indução é que só o estator é ligado à rede de alimentação. O rotor não é alimentado externamente e as correntes que circulam nele, são induzidas eletromagneticamente pelo estator, donde o seu nome de motor de indução. Princípio de funcionamento - campo girante Quando uma bobina é percorrida por uma corrente elétrica, é criado um campo magnético dirigido conforme o eixo da bobina e de valor proporcional à corrente. Figura 2.a Figura 2.b Figura 2.c a) Na figura 2.a é indicado um enrolamento monofásico atravessado por uma corrente I, e o campo H é criado por ela; o enrolamento é constituído de um par de pólos (um pólo norte e um pólo sul ), cujos efeitos se somam para estabelecer o campo H. O fluxo magnético atravessa o rotor entre os dois pólos e se fecha através do núcleo do estator. Se a corrente I é alternada, o campo H também é, e o seu valor a cada instante será representando pelo mesmo gráfico da figura 2.c, inclusive invertendo o sentido em cada meio ciclo. O campo H é pulsante pois, sua intensidade varia proporcionalmente à corrente, sempre na mesma direção norte-sul. b) Na figura 2.b é indicado um enrolamento trifásico , que é formado por três monofásicos espaçados entre si de 120o . Se este enrolamento for alimentado por um sistema trifásico, as correntes I1, I2 I3 criarão, do mesmo modo, os seus próprios campos magnéticos H1, H2 e H3. Estes campos são espaçados entre si de 120o . Além disso, como são proporcionais às respectivas correntes, serão defasados no tempo, também de 120o entre si e podem ser representandos por um gráfico igual ao da figura 3. O campo total H resultante, a cada instante, será igual à soma gráfica dos três campos H1, H2 e H3 naquele instante. Figura 3
  • 3. 3 Na figura 4, representamos esta soma gráfica para seis instantes sucessivos. Figura 4 No instante ( 1 ), a figura 3, mostra que o campo H1 é máximo e os campos H2 e H3 são negativos e de mesmo valor, iguais a 0,5. Os três campos são representados na figura 4 ( 1 ), parte superior, levando em conta que o campo negativo é representado por uma seta de sentido oposto ao que seria normal; o campo resultante (soma gráfica) é mostrado na parte inferior da figura 4 ( 1 ), tendo a mesma direção do enrolamento da fase 1. Repetindo a construção para os pontos 2, 3, 4, 5 e 6 da figura 3, observa-se que o campo resultante H tem intensidade constante , porém sua direção vai girando , completando uma volta no fim de um ciclo. Assim, quando um enrolamento trifásico é alimentado por correntes trifásicas, cria-se um campo girante , como se houvesse um único par de pólos girantes, de intensidade constante. Este campo girante, criado pelo enrolamento trifásico do estator, induz tensões nas barras do rotor (linhas de fluxo cortam as barras do rotor) as quais geram correntes, e conseqüentemente, um campo no rotor, de polaridade oposta à do campo girante. Como campos opostos se atraem e como o campo do estator (campo girante) é rotativo, o rotor tende a acompanhar a rotação deste campo. Desenvolve-se então, no rotor, um conjugado motor que faz com que ele gire, acionando a carga. Velocidade síncrona ( ns ) A velocidade síncrona do motor é definida pela velocidade de rotação do campo girante, a qual depende do número de pólos (2p) do motor e da freqüência (f) da rede, em hertz. Os enrolamentos podem ser construídos com um ou mais pares de pólos, que se distribuem alternadamente (um norte e um sul ) ao longo da periferia do núcleo magnético. O campo girante percorre um par de pólos (p) a cada ciclo. Assim, como o enrolamento tem pólos ou p pares de pólos, a velocidade do campo será: Exemplos: a) Qual a rotação síncrona de um motor de 6 pólos, 50Hz?
  • 4. 4 b) Motor de 12 pólos, 60Hz? Note que o número de pólos do motor terá que ser sempre par, para formar os pares de pólos. Para as freqüências e polaridades usuais, as velocidades síncronas são: Para motores de dois pólos, o campo percorre uma volta a cada ciclo. Assim, os graus elétricos equivalem aos graus mecânicos. Para motores com mais de dois pólos, teremos de acordo com o número de pólos, um giro geométrico menor, sendo inversamente proporcional a 360o em dois pólos. Por exemplo: Para um motor de seis pólos teremos, em um ciclo completo, um giro do campo de 360o x 2/6 = 120o geométricos. Isto equivale, logicamente, a 1/3 da velocidade em dois pólos. Conclui-se, assim, que: Graus geométricos = Graus mecânicos x p Escorregamento ( s ) Se o motor gira a uma velocidade diferente da velocidade síncrona, ou seja, diferente da velocidade do campo girante, o enrolamento do rotor corta as linhas de força magnética do campo e, pelas leis do eletromagnetismo, circularão nele corrente induzidas. Quanto maior a carga, maior terá que ser o conjugado necessário para acioná-la. Para obter o conjugado, terá que ser maior a diferença de velocidade para que as correntes induzidas e os campos produzidos sejam maiores. Portanto, à medida que a carga aumenta cai a rotação do motor. Quando a carga é zero (motor em vazio) o rotor girará praticamente com a rotação síncrona. A diferença entre a velocidade do motor n e a velocidade síncrona ns chama-se escorregamento s, que pode ser expresso em rpm, como fração da velocidade síncrona, ou como porcentagem desta
  • 5. 5 Para um dado escorregamento s(%), a velocidade do motor será, portanto Exemplo: Qual o escorregamento de um motor de 6 pólos, 50Hz, se sua velocidade é de 960 rpm? Velocidade nominal É a velocidade (rpm) do motor funcionando à potência nominal, sob tensão e freqüência nominais. Conforme foi visto no item anterior (escorregamento), depende do escorregamento e da velocidade síncrona.