O documento discute como a evolução tecnológica do século XX levou à exploração predatória dos recursos naturais, colocando em risco a vida humana e de outras espécies. A globalização também agravou os riscos ecológicos como o aquecimento global. A sociedade atual é chamada de "sociedade de risco" devido à gestão de riscos incalculáveis em todas as áreas. O atual modelo econômico baseado no consumo e lucro é responsável pela crise ambiental e gera mais desigualdades
1. UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
Centro de Ciências Jurídicas
Curso de Direito
Níkolas D’Avila Evangelista
Sociedade de Risco ou Sociedade Arriscada?
A evolução tecno-científica ocorrida durante o século XX é inegável, e os
benefícios trazidos por ela também. Porém, para consegui-la houve a necessidade de
explorar os recursos naturais existentes no planeta, exploração essa, feita de forma
predatorial devido ao modelo econômico vigente. Como fruto dessa exploração, houve
exaurimento dos recursos naturais e como consequencia o planeta atingiu um patamar
que dificilmente retornará ao estado natural, colocando em risco à vida humana e de
outras espécies (animais e vegetais).
A globalização é um processo de integração entre economia, sociedade, cultura e
política. Tendo a globalização imposto aos países serem menos atentos a questões
ambientais quando tais questões levam a redução tanto da competitividade ecônomica
quanto dos ganhos, agravam-se os riscos ecológicos que ameaçam a sociedade de várias
formas, sendo as mais preocupantes o aquecimento global e o aumento do buraco da
camada de ozônio. Apesar de os princípais países afetados com tal degradação serem os
menos desenvolvidos (tendo em vista que por ter menos recursos econômicos, os
mesmos tem uma maior dificuldade para a recuperação, preservação e educação
ambiental), podemos ver que as sequelas da globalização são amplas, já que por ser um
processo em aberto e essêncialmente contraditório, as suas reais consequências não
podem ser previstas e controladas com facilidade.
A antiga “sociedade industrial” está começando a ser substituida pela “sociedade
de risco”, já que a principal característica da atual ordem global é a gestão de risco. Por
vivemos em uma sociedade de risco que não se limita somente aos riscos ambientais e
de saúde, já que inclui uma série de modificações sociais contemporâneas, modificações
como transformações nos padrões de emprego em um nível cada vez maior de
insegurança trabalhista, inflência nos hábitos de identidade pessoal, uma destruição
gradativa dos padrões familiares tradicionais, assim como uma democratização nos
comportamentos dentro dos relacionamentos pessoais, precisamos repensar e/ou
reinventar a civilização industrial, que está em crise. Hoje os riscos estão presentes em
todos os lugares, antigamente os riscos ocorridos tinham causas estabelecidas e efeitos
conhecidos, porém hoje em dia são incalculáveis e de implicações indeterminadas no
ambiente. As mudanças estão acontecendo de forma veloz e intensa, mudanças essas
que geram situações novas em que ninguém pode controlar, trazendo uma incerteza,
sendo essa uma forte característica da nossa época. Sendo assim, nas modernas
sociedades industriais as origens, consequencias e as características dos riscos se
2. alteraram, sendo que hodiernamente os riscos e os acidentes passaram a estar
claramente dependentes das ações dos indivíduos, assim como das forças sociais,
tecnológicas e econômicas. Temos assim o capitalismo intimamente ligado à expansão
de tais riscos.
Tendo em vista o que já foi supracitado, a atual crise ambiental vivida está
diretamente ligada ao sistema econômico vigente, cujo intuito é somente a acumulação
de riquezas e do lucro, modelo este que também traz a necessidade de lançar
constantemente produtos no mercado, fazendo com que pessoas dependam a cada
momento mais deste sistema, tornando-se assim consumistas exigentes, que descartam o
velho sempre na ânsia de novos produtos aos quais foram fabricados costumeiramente
com o exaurimento de recursos naturais através de uma exploração predativa sem
nenhum critério, desse modo acumulando mais e mais capital, lucrando sobre a natureza
sem a preocupação de ocasionarem a escassez de tais recursos. Além do risco que
acarretam a sociedade, já que não levam em consideração a reflexividade, sendo essa
um ponto importante, já que as futuras gerações sempre sofrem os efeitos das
antepassadas. Como solução para esta devastação desenfreada, o atual modelo
econômico precisa ser revisto e a cultura do consumo refreada, tendo em vista que com
tal modelo de consumo está sendo desencadeando cada vez mais desigualdades sociais
(mais desigualdades do que prosperidade), mais insegurança ao invés progresso, sem
contar com crise ecológica oriunte de tal sociedade de consumo e risco, crise esta citada
incansavelmente ao longo deste texto, assim como uma política recriminadora com
sansões mais contundentes para grandes empresas. Se tal não houver mudança um preço
alto será cobrado: O aquecimento global e uma sensação de tristeza e insatisfação.