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Técnica da Tinta Natural
Uma toalha manchada de café,outra de vinho, uma peça de roupa encardida de terra, uma calçadasuja
de amora madura... Na hora do almoço, uma beterraba tinge nosso prato e a salada de repolho roxo fica
cor-de-rosa ao ser molhada comlimão...
Estamos rodeados de elementos coloridos, de Tintas Naturais, que podem ser conseguidas com coisas
simples como as citadas acima ou podem depender de um longo e complicado processo de obtenção.
A natureza oferece matéria-prima abundante para a produção de tintas. Seriam elas duráveis?
Dificilmente. Seriam mais baratas? Na maioria das vezes. Atóxicas? Nem sempre. Porém, apesar de
tantas incertezas, trabalhar com elas é extremamente gratificante.
Portintas naturais entendem-se tintas obtidas da natureza, que, comoas demais, são compostas
basicamente por pigmentos e aglutinantes, possuindo características de opacidade ou transparência.
Tintas naturais transparentes são aquelas semelhantes às anilinas, que se dissolvem na água ou nos
aglutinantes, colorindo-ossem formar pasta. As opacas são formadas por pós que, adicionados aos
aglutinantes, formam massas mais ou menos espessas; são muito estáveis e possuem grande
capacidade de cobertura.
História
Há alguns séculos, o termo "tinta natural" não existia, pois toda tinta provinha da manipulação de
elementos naturais e aquilo era simplesmente "tinta". A distinção entre tinta natural e artificial só viria
a ser feita por volta de 1856 quando se obteveuma tinta feita somente por compostos químicos
manipulados em laboratório.
As primeiras tintas que temos notícias são das pinturas pré-históricas feitas em cavernas (30.000 -
8.000 a.C.). Foram feitas utilizando-se terras coloridas, pó de rochas, carvão vegetal e colas vegetais e
animais. Como as terras e rochas são pigmentos altamente duráveis e as pinturas estavam protegidas
das ações do tempo, elas conservaram-se até hoje.
Cerca de quatro mil anos atrás, havia poucos corantes e estes eram muito caros. Alguns corantes de que
se tem notícia naquela época eram o azul índigo ou anil (retirado da planta Indigofera tinctoria),o
vermelho provinha da raiz da Rubia tintorium, chamada de ruiva dos tintureiros por ser usada pelos
mesmos (na pintura artística, esta corficouconhecida como alizarina), o violeta era obtido a partir de
moluscos (Murex trunculis e Murex brandaris). Este era um corante caro devido à alta quantidade
necessária de moluscos para produzir tinta: dez mil moluscos equivaliam a um grama de cor(por volta
de 1300 d.C., estes moluscos entram em extinção e a corentão passa a ser retirada de um líquen).
Na Índia, o açafrãoda terra (Curcuma longa) era largamente utilizado para produzir a cor amarela dos
mantos dos monges budistas. O açafrãoverdadeiro (Crocus sativus), utilizado no século XIX,também
produz uma coramarela vibrante, mas sua extração é muitíssimo mais complicada, além da corser
fugaz. No açafrãoda terra, a cor é retirada das raízes, e no açafrão verdadeiro, dos estigmas das flores,
sendo necessárias mais de 250.000 flores para se obter meio quilo de açafrão.Portanto, fazer tintas
sempre foi um processo demorado e comcustos altos. Devido a isso, as cores eram símbolo de nobreza:
os ricos usavam cores e os pobres usavam roupas sem tingimento.
No século XIId.C. a pedra lápiz lázuli era utilizada comofonte da corazul ultramar mas seu uso foi
constatado desde 3.000 a.C. em afrescos da Sumária. Como a pedra é semi-preciosa, este era um
pigmento muito caro e difícilde ser encontrado. No fim do século XV,exploradores europeus ganharam
a América e a Índia de onde trouxeram novos pigmentos, como o amarelo indiano. Os incas, maias e
astecas extraíam o carmim de um pequeno inseto (cochonilha) o que é utilizado até hoje como corante
alimentício. Poucodepois, houve o descobrimento do Brasil e a exploração das nossas riquezas. O Pau-
Brasil, fonte de cor vermelha, passou a ser utilizado na Europa como uma grande novidade, embora
aqui fosse muito conhecido pelos indígenas.
Outra tinta utilizada por várias tribos indígenas brasileiras provém do urucum. Entre os índios
brasileiros era denominado uru'ku, cujosignificado é 'vermelho',em referência à cor do revestimento
de suas sementes. Este pigmento era considerado por eles tinta sagrada de rito e magia. O urucum era
usado na pintura dos recém-nascidos e das meninas, (por ocasiões da primeira menstruação), assim
comoem cerimônias nupciais, rituais antropofágicos,de sacrifíciosde prisioneiros, ritos funerários, e
na pintura dos ossos em cerimônias de exumação. Entre os índios, o pó das sementes era considerado
afrodisíaco e um antídoto para o veneno da mandioca.
No século XVII,a pintura a óleo ganha popularidade e as tintas são produzidas manualmente. Nos
ateliês de grandes artistas, sempre havia um auxiliar encarregado de moer e preparar as tintas.
Desde o início do século XIX muitos pigmentos foram ganhando seus equivalentes químicos como, por
exemplo, o azul ultramar. "Devidoao alto custodo Lápis Lázuli, inúmeras pesquisas foram feitas, sendo
descoberto por J.B. Guimet em 1826 e comercializado para os artistas a partir de 1826".
Curiosidade:Oamarelo indiano tinha um processo de extração curioso. Era feito de urina de vacas que
haviam se alimentado apenas com folhas de manga, sem beber água. A essa urina juntava-se um pouco
de terra, esta mistura era esquentada e seca para então depois ser dividida em torrões que eram
vendidos. Como isso era muito penoso para os animais, sua produção foi proibida no início do século
XX.
Em 1856o químico inglêsSirWilliamPerkindescobreo primeiro corante sintético em
laboratório.Apartir desta descoberta, muitas pesquisas foram desenvolvidas e cada vez mais os
corantes artificiais passaram a ocupar o lugar dos naturais. Em 1868 a Alizarina ganha seu equivalente
químico e em 1880 é a vez do azul índigo. Na metade do século XX surgea tinta acrílica.Nos
laboratórios, novas cores continuam a sêr descobertas e criadas, comoas tintas fosforescentes. Na
década de 80 havia 3 milhões de cores disponíveis. Na década de 90, Estados Unidos, França e
Inglaterra proíbem o uso de corantes químicos nas indústrias de alimentos e cosméticos.
Características das Tintas Naturais
A naturezaoferecematériaprima abundanteparaa produção detintas. Algumas delas estão em
nosso jardim (comoas flores e a terra) e acabam passando despercebidas. Ou estão na nossa cozinha:
beterraba, repolho roxo, chás variados (inclusive de caixinha).
Pode-se encontrar diferentes materiais de acordo coma época do ano (flores, frutos, folhas e sementes)
conformeo ciclode germinação das plantas. Das plantas são obtidos pigmentos de várias partez: raiz,
caule, casca, folhas, flores e frutos. Os pigmentos das flores são luminosos (claros e coloridos) porém
muito instáveis e voláteis. Já os da raiz são mais estáveis e duradouros, apesar de menos luminosos. Os
corantes do caule e das folhas encontram-se comointermediários entre esses dois extremos. E os
pigmentos minerais (as terras e pedras) são os mais duradouros. As flores, folhas ou raízes podem ser
usadas frescas ou secas. Geralmente quando secas possuem a cormais concentrada. Daí a seguinte
equivalência, descrita por Eber Lopes Ferreira em seu livro"Corantes naturais da flora brasileira":
1 kg de flor seca = 3,5 kg de flor fresca
1 kg de folha seca = 2,5 kg de folhafresca
1 kg de raiz seca = 1,5 kg de raiz fresca
O pó de alimentos desidratados e moídos (beterraba, espinafre e açafrão, por exemplo) também podem
ser usados na produção de tintas. E as tintas provenientes dos vegetais são líquidas e transparentes. Já
as provenientes dos minérios ou pó de alimentos são densas e opacas.
Pigmento
É o nome comum dado a várias substâncias que dão coloraçãoaos líquidos ou aos tecidos vegetais ou
animais que as contém. Os pigmentos podem ser extraídos da natureza ou produzidos em laboratórios,
sendo responsáveis pela corda tinta. Desde os primórdios da arte, as cores eram compostas por
elementos extraídos do reino animal, vegetal e mineral, fontes inesgotáveis de pigmentos orgânicos e
inorgânicos. Os pigmentosnaturaissão aquelesencontradosnosvegetais,animaiseminerais.
Os pigmentos vegetais, também chamados de corantes, são extraídos de folhas, flores, sementes, cascas,
troncos e raízes, através de diversos processos. Alguns são menos resistentes que os pigmentos
minerais, pois a ação do calor, da umidade, do ar e dos gases da atmosfera causa-lhes modificações.
Destacam-se os carotenóides e a clorofila:os caratenóides são os corantes responsáveis pela coloração
amarela, vermelha e alaranjada das folhas, flores e frutas, caules e raízes; a clorofila,por sua vez,é que
confere a corverde às plantas.
Os pigmentos naturais extraídos de frutas e de elementos vegetais testados e aprovados têm também
aplicação em alimentos, como sucos, doces, sorvetes, molhos. São usados, igualmente, no preparo de
cosméticos, sabonetes, batons, perfumes e em algumas tintas que servem para tingir cabelos. Os
pigmentos minerais mais comuns são os óxidos de ferro e as ocas, variando do amarelo ao vermelho-
arroxeado até o quase-preto, dependendo do maior ou menor grau de oxidade do mineral.
Processos de Obtenção
Tinta é uma mistura de dois elementos: pigmento (oucorante) e aglutinante. O pigmento é o que
conferecorà tinta, e o aglutinanteé o que uneas particulasfazendo atinta aderiràsuperfície.
Existem diferentes aglutinantes e por consequência, diferentes tipos de tinta: óleo,cola, goma, ovo,etc.
As tintas naturais podem ser obtidas por diversos processos abaixo relacionados. Depois de obtido o
pigmento ou o corante, mistura-se o aglutinante.
Pigmentos Líquidos
Cocção:Cozinhara matéria-prima, até que a água adquira sua cor. Podem ser cozidosrepolho roxo,
beterraba, erva-mate, café, casca de uva preta, de jabuticaba e de pinhão, hibisco, rosas, etc. O líquido
coloridopode ser aplicado diretamente no papel, mas um pouquinho de cola lhe dará maior resistência
ao tempo;
Maceração:Consiste em deixar a matéria-prima de molho na água fria, por voltade 12 horas. Este
tempo é estipulado para inverno ou meia estação, no verão deve ser deixado por menos tempo, senão
começaa fermentar. São macerados café,erva-mate, feijãopreto, etc. Usar puro ou com aglutinante;
Infusão:Os elementos são picados e deixados em infusão no álcool até atingirem o seu ponto máximo
de cor,cujo tempo varia (minutos, dias, semanas). Quanto mais tempo em infusão, melhor. Podem ser
colocadosem infusão: pétalas de diversas flores, folhas, raízes, semente de urucum, lascas de madeira,
repolho roxo, beterraba, etc. Algumas infusões (comoas pétalas de rosas) dão líquidos quase incolores,
e sua cor só aparece depois de algum tempo de colocadano papel. Algumas folhas verdes dão cores
alaranjadas. Ocorante obtido pode ser aplicado puro ou com cola. Neste caso, torna-se visguento e para
limpar o pincel deve-se usar álcool, e nunca água;
Fricção:A fricção,comoo próprio nome diz, consiste em friccionarelementos diretamente sobre o
papel. São friccionadas as plantas que contém uma quantidade razoável de água, principalmente pétalas
coloridas. Flores ou folhagens podem ter uma cor por forae outra por dentro;
Liquidificação:Baterem liquidificadorcom água. Folhas verdes (espinafre, rúcula, salsinha),
beterraba, repolho roxo, pétalas de flores, etc. Usar puro ou comaglutinante.
Existem, nas regiões do Brasil, outros vegetais dos quais se extraem cores: o índigo ou anil é extraído
das folhas do anileiro quando maduras; o vermelho do pau-brasil produz uma tinta vermelha muito
usada pelos indígenas para colorir o corpo.
Noutros países do sul da Europa e países do Oriente, a ruiva dos tintureiros (Rubia tinctorum)
desempenhou papel importante comopromotora da corvermelha, sendo muito cultivada na
Antiguidade. Também no Oriente, África do Norte e até na Índia, utiliza-se ainda hoje a hena (Lawsinia
inermis), tinta para colorir os cabelos, processo que consiste na secagem e redução das folhas a pó, que
já ficam prontas para o uso. A partir das fêmeas do inseto cochonilha(Dactylopiuscroccus(Costa)),
colhido de uma espécie de cactus que se desenvolve principalmente no Peru, extrai-se o carmim, uma
cor muito estável. Desde1868,entretanto, com a descobertadoscorantessintéticosderivadosdo
alcatrão da hulha,o interessepelasmatérias-primasnaturaisdiminuiuconsideravelmente.
Pigmentos em pó
Trituração:carvão,giz,cascas de ovos,tijolos, urucum, cafée outros são moídos até serem reduzidos a
um pó muito fino;
Calcinação:ossos,sementes, madeiras são queimados e reduzidos a carvão, o qual, após sofrer
trituração, é reduzido a pó. O carvão também poderá ser usado de forma compacta para grafar;
Peneiramento eDecantação:pedras e tijolos triturados devem passar pelo processo de peneiramento
através de telas ou malha de meias de náilon esticadas. No caso das terras, devem ser peneiradas (para
tirar os grãos maiores, pedrinhas e impurezas) e postas para decantar em água. Escorre-sea água,
utiliza-se a lama de cima e descarta-se a de baixo, que contém os grãos mais grossos. Quanto menor a
partículadepigmento,melhorseupoderde cobertura,pois a tinta ficamais uniforme. O
aglutinante para terra pode ser cola, goma (polvilho, trigo, maisena), ovoou óleo.
Lixação:madeiras comocedro, pessegueiro, canjerana, louro e outras, quando lixadas, são
transformadas em pós muito finos, de diversas cores. Os pós obtidos podem ser usados puros nos
aglutinantes ou em associações entre si;
Imersão:os pós contidos dentro de uma trouxinha de tecidosão submergidos em movimentos
contínuos por várias vezes na água de cincorecipientes, passando de um ao outro. Com isso, os pós
ficam depositados no fundo dos recipientes, então, basta escorrer lentamente a água que estarão
prontos para o uso.
A produção dospigmentosempó permitequese façam três tiposdetêmpera:
1- têmpera-cola: os pigmentos são adicionados às colas sintéticas, compostas de acetato de polivinila,
formando uma tinta resistente;
2 - têmpera-goma: é obtida pela adição dos pigmentos à goma de polvilhoou arábica. É menos
resistente que a têmpera cola;
3 - têmpera-ovo: os pós das terras e das ocas podem ser adicionados à gema ou clara de ovo,resultando
numa tinta de boa consistência que, à medida que seca, adquire brilho, se for com clara, e suave
aveludado, se for comgema.
Peloacréscimo de óleo de linhaça aos pigmentos em pó, é possível obter-se a tinta à óleo, tal como
procediam os pintores renascentistas.
Técnicada Tinta Natural - parte 2
Aglutinantes e Diluentes
Aglutinantes são substâncias que, adicionadas aos pigmetos, unem as partículas formando "liga", a
exemplo de colas, óleos, ceras, resinas; determinam a especificidade das tintas, como têmpera, óleo,
acrílica, aquarela e outras. Podem ser naturais, comoa gema e a clara de ovo,suco de alho, goma da
babosa e polvilho.
No preparo das tintas naturais líquidas, tendo como diluente água, os aglutinantes devem ser incolores -
clara de ovo,cola,goma de polvilho - a fim de que as cores não se alterem.
A gema de ovo,quando usada comoaglutinante, atua como emulsão e dá excelente efeito à mistura de
terras e ocas queimadas. Entretanto, se as terras e as ocas forem usadas no seu estado natural, é
conveniente acrescentar-se umas gotas de fungicida, como o Lysoform,por exemplo, para evitar a
formaçãode bolor. Também é aconselhável a utilização de água fervida sempre que necessário o seu
acréscimo comodiluente.
Para pós de madeira, calcinato de cálcio,fuligem, carvão,cinza, entre outros, pode ser usado qualquer
aglutinante.
O cimento tem boa adaptação quando associado às colas plásticas e a diluente àlcool, não sofrendo o
processo de endurecimento rápido, como ocorrecom a adição de colas à base de água.
De um modo geral, para ter-se a característicade plasticidade da tinta no ponto desejado, basta
observar:
- proporções iguais de pigmento e aglutinante;
- maior quantidade de pigmento e menor de aglutinante;
- maior quantidade de aglutinante e menor de pigmento.
A escolha de uma dessas maneiras de se obter o melhor amálgama, que corresponda à consistência de
tinta desejada, menos consistente ou mais pastosa, depende da finalidade visada.
Diluentes | Diluir um pigmento consiste em diminuir a sua concentraçãoatravés de um líquido
conveniente: água, óleo, álcool.
Reforçar-se o conselho de que, sempre que se acrescentar água para aumentar a diluição da tinta, essa
tenha sido previamente fervida afim de evitar a formaçãode microrganismos.
Os solventes podem ser usados no óleo de linhaça, que, por sua viscosidade, exige um elemento com
maior poder de dissolução da tinta; são apropriados também para a limpeza dos pincéis.
Agentes de Apoio
Fixadores
As tintas de procedência vegetal necessitam do acréscimo de fixadores. Há fixadores naturais, como
limão, vinagre, e químicos, comoo alúmem de potássio, ácidotartárico e bicarbonato de sódio.
As mudanças de tonalidade e até de corpodem ocorrer se forem acrescentados fixadores diferentes à
mesma cor. Como exemplo, cita-se a água colorida do feijão-preto à qual, acrescentando-se pequena
quantidade de alúmem de potássio, torna-se azul; já, com acréscimo de pequena quantidade de ácido
tartárico, ou suco de limão, torna-se carmim.
O suco do limão e o vinagre, além de conservarem e fixarem as tintas, avivam as cores.
O ácido tartárico é relativo ao tártaro e aos seus compostos, principalmente de um ácido que se
encontra nas uvas e nos frutos. Tem suas aplicações em bebidas artificiais espumantes e na fabricação
de balas.
O alúmem de potássio é obtido pela adição de uma soluçãoconcentrada e quente de sulfato de potássio
a uma solução de sulfato de alumínio. Tem numerosas aplicações comomordente na tinturaria e em
curtimento de couros, comoanti-séptico e adstringente na medicina.
O bicarbonato de sódio é usado em bebidas e sais efervescentes e na conservaçãoda manteiga.
Aconselha-se não deixar os fixadores químicos relacionados ao alcance das crianças.
Conservantes
Conservantes são substâncias que preservam as tintas vegetais de sua desintegração. Pode-se usar os
conservantes naturais, comoo limão e o vinagre, não sendo conveniente utilizar os de procedência
industrial visto que podem interferir na cor.
Durabilidade e Conservação
Ao trabalhar com tintas naturais surgem dúvidas quanto à sua durabilidade e conservação. Conforme o
tipo de tinta que estamos trabalhando teremos comportamentos diferentes. São tintas vegetais ou
minerais? Infusões no álcool ou cocções?
Com raras exceções, as tintas vegetais são sensíveis à luz e sempre vão perder um pouco da sua cor. São
instáveis, por isso às vezesconseguimos belíssimas cores de flores e frutos que depois ficam
amarronzadas. Portanto, as pinturas feitas com tintas vegetais são frágeis e não devem ficarexpostas ao
sol. Se não forem tomados os cuidados corretos,pode criar fungos na própria pintura.
Já as tintas de terra não desbotam nunca, mesmo sob um sol forte.Também não apresentam problemas
de conservação,nunca criam fungos, nem na pintura, nem na tinta.
As tintas vegetais de infusão no álcool também podem ser guardadas por tempo indeterminado, já as
cocçõese liquidificações devem ser descartadas após o uso ou guardadas em geladeira por mais alguns
dias. Podem ainda ser congeladas para uma outra ocasião.
Com os tingimentos e a pintura de tecidos, a experiência mostra que as tintas com álcooldesbotam
menos na lavagem em relação àquelas feitas apenas comágua. Já o barbante recebe melhor a tinta do
que o tecidoe aceita tintas feitas por cocção.De qualquer forma alguns cuidados dever ser tomados:
secar a meada/ tecido à sombra e abrindo para arejar. Lavar depois de alguns dias com sal e sabão
neutro (de côco).
Toxicidade
Embora a natureza apresente plantas tóxicas (Copo de leite, Espirradeira, Comigo-Ninguem-Pode), a
tinta natural apresenta menos riscos que a artificial. Na pintura a óleo, por exemplo, as tintas não
devem ser tocadas com as mãos e os solventes são extremamente danosos à saúde, causando sérias
intoxicações e podendo mesmo levar à morte quem os usa de maneira indevida.
Alguns vegetais são nocivos à saúde quando ingeridos ou em contatocom a pele. Exemplos disso são,
entre outros, a folhagem comigo-ninguém-pode (Dieffenbachiapicta (Lodd) Schott), cujaseiva é
venenosa podendo até provocara morte, e o oleandro (Neriun oleander L.), também chamado de
espirradeira, que se caracteriza por possuir flores e folhas altamente tóxicas; também a figueira-do-
inferno (Datura suaveolens (Humb.) Bonpl.), conhecida comotrombeta, e o copo-de-leite
(Zanthedeschia aethiopica Spreng.), cujas folhas possuem um látex que pode causar irritação cutânea.
Recomenda-se, assim, cuidado na seleção dos vegetais, optando-se por aqueles que não oferecem riscos
quando de sua manipulação. Deve-se também ter muito cuidado comas tintas em infusão no álcoolque,
por se tornarem inflamáveis, devem ser mantidas longe do calor e das chamas.
No preparo da tinta a óleo, necessita-se de solvente para diluí-la, o qual é tóxico,podendo causar
irritação aos olhos e vias respiratórias. Assim, recomenda-se cuidado a executar esse processo,
mantendo o ambiente bem ventilado.
Quando os pós são peneirados, deve-se proteger os olhos e narinas para que não sejam absorvidos.
Aconselha-se enfim, trabalhar em ambiente bem iluminado e arejado.
Coleta Seletiva de Materiais
Se formos coletarmateriais da natureza, devemos ter o cuidado de retirar o que já está caido no chão,
procurando não arrastar plantas vivas.Mas se isto for necessário, então devemos cuidar para não
retirar muitas plantas de um mesmo local porque isto pode modificar o ambiente.
Cascas - Aproveite os troncos mortos e jamais arranque cascas de árvores vivas.
Folhas e frutos - Encontramos corantes nas folhas, flores, frutos e sementes. De uma forma geral, coleta-
se antes da floração,pois neste período existe maior concentraçãode corantes.
Líquens - Devem ser raspados de rochas, cercas velhas e troncos de árvores mortas. A coleta deve ser
feita depois da chuva. Retire apenas o essencial e conserveos líquens, pois eles demoram 50 anos para
crescer.
Raízes - A coleta de raízes geralmente leva à morte das plantas. Por isso, devemos cultivá-las. No caso de
utilizarmos plantas nativas, para cada raiz coletada, plante duas plantas em seu lugar. Devemos tomar
muito cuidado para que a raiz não se quebre ao retirá-la, para isto, remova toda a terra que fica em
volta da raiz.
"Dica"
- Recolha apenas uma pequena parte de cada planta de um mesmo local,evitando que a planta se esgote
e permitindo que outros também possam colhê-la.
- Faça uma horta de plantas tintórias, para preservar a natureza.
- Coletar sementes é muito importante. Conserve-as embalandas em plástico em lugar frescoe seco, ou
em geladeira até a época do plantio.
Suportes para uso Pictórico
Suporte é a superfície que recebe a pintura; pode ser preparado com camadas básicas de tinta,
geralmente branca, ou mesmo ser usado em seu estado natural, dependendo do objetivo.
Pedras, paredes, madeiras, metais, tecidos, papéis eram e ainda são usados pelo homem quando ele
deseja manifestar-se plasticamente, marcando indelevelmente sua caminhada cultural e seu processo
de civilização.NaIdade Média, era comum usar-se uma base inerte de gesso (sulfatode cálcio) e giz
(carbonatode cálcio) que, misturados à cola animal, formavamuma base apropriada para receber a
tinta. Atualmente, além dos suportes citados, existem outros produzidos com materiais sintéticos, a
exemplo de plásticos, acetatos, tecidos de fibras, poliéster.
Neste trabalho, testaram-se as tintas naturais sobre quinze diferentes suportes: tela, papel industrial,
papel artesanal, seda, gesso, vidro, madeira, cerâmica, juta, papelão, eucatex, couro,plástico, paredes de
cimento e azulejo. Para a observaçãodo comportamento das tintas sobre os suportes, usou-se como
referencial a padronização, que consiste na aplicação da mesma tinta sobre os suportes a fim de
verificarseu comportamento e prevenir o reaparecimento de problemas.
De acordo comas características e qualidades das superfícies, classificaram-se os suportes quanto ao
uso das tintas líquidas (transparentes) em:
superfícies lisas e impermeáveis: vidro, azulejo, plástico, paredes de cimento, eucatex, nos quais se
intensifica a corpela não-absorção, secando pela evaporação;
superfícies de porosidade média: madeira, tela, gesso, couro,papelão, seda, cerâmica;
superfícies porosas: papel artesanal, papéis industriais de boa gramatura e juta.
As tintas em pó (opacas) podem ser usadas em todos os suportes; quanto às líquidas (transparentes), a
retenção da cor,sua absorção e permanência têm melhores respostas em suportes que apresentam
maior porosidade.
Técnicada Tinta Natural - parte 3
Sistematização
TINTAS TRANSPARENTES
AMARELA
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Abacate brotos cocção água cola limão
Açafrão raízes infusão álcool cola -
Arruda folhas cocção água cola limão
Cravo-de-defunto flores infusão álcool cola -
Flor-do-campo flores cocção água cola vinagre
Girassol pétalas cocção/infusão água/álcool cola vinagre/ -
Laranja cascas cocção/infusão água/álcool cola vinagre/ -
Manduirana raízes infusão álcool cola -
Macela flores cocção água gema limão
Romã cascas infusão álcool cola -
LARANJA
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Cedro tronco infusão álcool cola -
Cosmos flores infusão álcool cola -
Maria-mole flores infusão álcool cola -
Pinheiro nó infusão álcool cola -
Urucum sementes infusão álcool cola -
ROSA
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Amora frutas infusão álcool cola -
Beterraba raízes liquidificação água clara/cola vinagre
Campainha flores cocção/infusão água/álcool cola vinagre/ -
Morango frutas liquidificação - cola limão
Rosa pétalas infusão álcool cola -
Repolho Roxo folhas infusão álcool cola/clara limão
Tomate frutos liquidificação - cola/gema limão
VERMELHO
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Beterraba raízes liquidif./infusão água/álcool gema/cola limão/ -
Jabuticaba cascas cocção água cola limão
Pau-brasil tronco infusão álcool cola bicarbonato
Pinheiro nó infusão álcool cola bicarbonato
CARMIM
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Amora frutas liquidificação água cola limão
Beterraba bulbo liquidificação água cola vinagre
Feijão sementes maceração água clara/cola ácido-tártarico
Jabuticaba cascas cocção/infusão água/álcool cola/cola vinagre/ -
ROXO
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Hibisco flores infusão álcool cola -
Rosa pétalas infusão álcool cola bicarbonato
Uva cascas cocção/infusão água/álcool cola/cola vinagre/ -
AZUL
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Amora frutas cocção/infusão água/álcool cola alúmem
Feijão-preto sementes maceração água clara/cola alúmem
Hibisco flores infusão álcool cola -
Ipoméa flores cocção/infusão água/álcool cola alúmem/ -
Repolho roxo folhas cocção água clara/cola alúmem
Uva cascas cocção água clara/cola alúmem
VERDE
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Abacateiro folhas infusão álcool cola -
Confrei folhas cocção/infusão água/álcool cola limão/ -
Repolho roxo folhas infusão álcool clara/cola bicarbonato
Erva-mate folhas cocção/maceração água clara/cola bicarbonato
Espinafre folhas liquidificação água clara/cola limão
Fel de galinha biles infusão álcool cola -
Malva folhas infusão álcool cola -
MARROM
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Abacate casca/caroço infusão álcool cola bicarbonato
Amoreira tronco infusão álcool cola -
Angico tronco infusão álcool cola -
Barbatimão tronco infusão álcool cola -
Café sementes cocção água cola/clara -
Cajueiro tronco infusão álcool cola bicarbonato
Canjerana tronco infusão álcool cola -
Dedro tronco infusão álcool cola -
Cosmos flores infusão álcool cola bicarbonato
Pinheiro casca interna infusão álcool cola -
PARDO
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador
Beterraba raízes liquidificação água cola bicarbonato
Chá-da-índia folhas cocção água cola bicarbonato
É importante observar que a maturação de alguns elementos vegetais e suas reações nos suportes podem alterar a corprevista.
Alguns pigmentos apresentam cores falsas, tendo alterada a cor original ao secarem, visto que apresentam oxidação na
presença do ar. Entretanto, a maioria corresponde às sugestões apresentadas.
O vermelho pode ser obtido de maneira diferente da indicada, sobrepondo-se a cor laranja do urucum sobre ocarmim da
beterraba.
TINTAS OPACAS
BRANCOS
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Calcinato de cálcio giz peneiramento água cola
Gesso pó peneiramento água cola
Mármore pó peneiramento águá cola
Ocabranca pó
decantação e
peneiramento
água cola/gema/óleo
Ovosbrancos cascas
trituração e
peneiramento
água cola
VERMELHO
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Terra pó
decantação e
peneiramento
água cola/gema/óleo
Tijolo pó
trituração e
peneiramento
água cola
AMARELO
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Tijolo pó
trituração e
peneiramento
água cola
OCRE
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Ocaocre pó
decantação e
peneiramento
água cola/gema/óleo
Madeira ocre pó
lixação e
peneiramento
água cola
VERDE
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Erva-mate pó peneiramento água cola
Ocaverde pó
decantação e
peneiramento
água cola/gema/óleo
CINZA
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Cimento pó peneiramento álcool/água cola
Cinza pó peneiramento água gema
PRETO
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Carvão pó
trituração e
peneiramento
água cola
Fuligem pó peneiramento água cola
Ossos calcinados pó
trituração e
peneiramento
água cola
Terra preta pó peneiramento água cola/gema/óleo
MARROM
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Canjerana serragem peneiramento água cola
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Póde tijolo pó
trituração e
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decantação e
peneiramento
água cola/gema/óleo
ROSA
Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante
Ocarosada pó
decantação e
peneiramento
água cola/gema/óleo
Bibliografia/fonte:
http://arteraiz.vilabol.uol.com.br/tecnica_tintanatural1.htm

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Técnicas de Tintas Naturais: História e Características

  • 1. Técnica da Tinta Natural Uma toalha manchada de café,outra de vinho, uma peça de roupa encardida de terra, uma calçadasuja de amora madura... Na hora do almoço, uma beterraba tinge nosso prato e a salada de repolho roxo fica cor-de-rosa ao ser molhada comlimão... Estamos rodeados de elementos coloridos, de Tintas Naturais, que podem ser conseguidas com coisas simples como as citadas acima ou podem depender de um longo e complicado processo de obtenção. A natureza oferece matéria-prima abundante para a produção de tintas. Seriam elas duráveis? Dificilmente. Seriam mais baratas? Na maioria das vezes. Atóxicas? Nem sempre. Porém, apesar de tantas incertezas, trabalhar com elas é extremamente gratificante. Portintas naturais entendem-se tintas obtidas da natureza, que, comoas demais, são compostas basicamente por pigmentos e aglutinantes, possuindo características de opacidade ou transparência. Tintas naturais transparentes são aquelas semelhantes às anilinas, que se dissolvem na água ou nos aglutinantes, colorindo-ossem formar pasta. As opacas são formadas por pós que, adicionados aos aglutinantes, formam massas mais ou menos espessas; são muito estáveis e possuem grande capacidade de cobertura. História Há alguns séculos, o termo "tinta natural" não existia, pois toda tinta provinha da manipulação de elementos naturais e aquilo era simplesmente "tinta". A distinção entre tinta natural e artificial só viria a ser feita por volta de 1856 quando se obteveuma tinta feita somente por compostos químicos manipulados em laboratório. As primeiras tintas que temos notícias são das pinturas pré-históricas feitas em cavernas (30.000 - 8.000 a.C.). Foram feitas utilizando-se terras coloridas, pó de rochas, carvão vegetal e colas vegetais e animais. Como as terras e rochas são pigmentos altamente duráveis e as pinturas estavam protegidas das ações do tempo, elas conservaram-se até hoje. Cerca de quatro mil anos atrás, havia poucos corantes e estes eram muito caros. Alguns corantes de que se tem notícia naquela época eram o azul índigo ou anil (retirado da planta Indigofera tinctoria),o vermelho provinha da raiz da Rubia tintorium, chamada de ruiva dos tintureiros por ser usada pelos mesmos (na pintura artística, esta corficouconhecida como alizarina), o violeta era obtido a partir de moluscos (Murex trunculis e Murex brandaris). Este era um corante caro devido à alta quantidade necessária de moluscos para produzir tinta: dez mil moluscos equivaliam a um grama de cor(por volta de 1300 d.C., estes moluscos entram em extinção e a corentão passa a ser retirada de um líquen). Na Índia, o açafrãoda terra (Curcuma longa) era largamente utilizado para produzir a cor amarela dos mantos dos monges budistas. O açafrãoverdadeiro (Crocus sativus), utilizado no século XIX,também produz uma coramarela vibrante, mas sua extração é muitíssimo mais complicada, além da corser fugaz. No açafrãoda terra, a cor é retirada das raízes, e no açafrão verdadeiro, dos estigmas das flores, sendo necessárias mais de 250.000 flores para se obter meio quilo de açafrão.Portanto, fazer tintas sempre foi um processo demorado e comcustos altos. Devido a isso, as cores eram símbolo de nobreza: os ricos usavam cores e os pobres usavam roupas sem tingimento.
  • 2. No século XIId.C. a pedra lápiz lázuli era utilizada comofonte da corazul ultramar mas seu uso foi constatado desde 3.000 a.C. em afrescos da Sumária. Como a pedra é semi-preciosa, este era um pigmento muito caro e difícilde ser encontrado. No fim do século XV,exploradores europeus ganharam a América e a Índia de onde trouxeram novos pigmentos, como o amarelo indiano. Os incas, maias e astecas extraíam o carmim de um pequeno inseto (cochonilha) o que é utilizado até hoje como corante alimentício. Poucodepois, houve o descobrimento do Brasil e a exploração das nossas riquezas. O Pau- Brasil, fonte de cor vermelha, passou a ser utilizado na Europa como uma grande novidade, embora aqui fosse muito conhecido pelos indígenas. Outra tinta utilizada por várias tribos indígenas brasileiras provém do urucum. Entre os índios brasileiros era denominado uru'ku, cujosignificado é 'vermelho',em referência à cor do revestimento de suas sementes. Este pigmento era considerado por eles tinta sagrada de rito e magia. O urucum era usado na pintura dos recém-nascidos e das meninas, (por ocasiões da primeira menstruação), assim comoem cerimônias nupciais, rituais antropofágicos,de sacrifíciosde prisioneiros, ritos funerários, e na pintura dos ossos em cerimônias de exumação. Entre os índios, o pó das sementes era considerado afrodisíaco e um antídoto para o veneno da mandioca. No século XVII,a pintura a óleo ganha popularidade e as tintas são produzidas manualmente. Nos ateliês de grandes artistas, sempre havia um auxiliar encarregado de moer e preparar as tintas. Desde o início do século XIX muitos pigmentos foram ganhando seus equivalentes químicos como, por exemplo, o azul ultramar. "Devidoao alto custodo Lápis Lázuli, inúmeras pesquisas foram feitas, sendo descoberto por J.B. Guimet em 1826 e comercializado para os artistas a partir de 1826". Curiosidade:Oamarelo indiano tinha um processo de extração curioso. Era feito de urina de vacas que haviam se alimentado apenas com folhas de manga, sem beber água. A essa urina juntava-se um pouco de terra, esta mistura era esquentada e seca para então depois ser dividida em torrões que eram vendidos. Como isso era muito penoso para os animais, sua produção foi proibida no início do século XX. Em 1856o químico inglêsSirWilliamPerkindescobreo primeiro corante sintético em laboratório.Apartir desta descoberta, muitas pesquisas foram desenvolvidas e cada vez mais os corantes artificiais passaram a ocupar o lugar dos naturais. Em 1868 a Alizarina ganha seu equivalente químico e em 1880 é a vez do azul índigo. Na metade do século XX surgea tinta acrílica.Nos laboratórios, novas cores continuam a sêr descobertas e criadas, comoas tintas fosforescentes. Na década de 80 havia 3 milhões de cores disponíveis. Na década de 90, Estados Unidos, França e Inglaterra proíbem o uso de corantes químicos nas indústrias de alimentos e cosméticos. Características das Tintas Naturais A naturezaoferecematériaprima abundanteparaa produção detintas. Algumas delas estão em nosso jardim (comoas flores e a terra) e acabam passando despercebidas. Ou estão na nossa cozinha: beterraba, repolho roxo, chás variados (inclusive de caixinha). Pode-se encontrar diferentes materiais de acordo coma época do ano (flores, frutos, folhas e sementes) conformeo ciclode germinação das plantas. Das plantas são obtidos pigmentos de várias partez: raiz, caule, casca, folhas, flores e frutos. Os pigmentos das flores são luminosos (claros e coloridos) porém
  • 3. muito instáveis e voláteis. Já os da raiz são mais estáveis e duradouros, apesar de menos luminosos. Os corantes do caule e das folhas encontram-se comointermediários entre esses dois extremos. E os pigmentos minerais (as terras e pedras) são os mais duradouros. As flores, folhas ou raízes podem ser usadas frescas ou secas. Geralmente quando secas possuem a cormais concentrada. Daí a seguinte equivalência, descrita por Eber Lopes Ferreira em seu livro"Corantes naturais da flora brasileira": 1 kg de flor seca = 3,5 kg de flor fresca 1 kg de folha seca = 2,5 kg de folhafresca 1 kg de raiz seca = 1,5 kg de raiz fresca O pó de alimentos desidratados e moídos (beterraba, espinafre e açafrão, por exemplo) também podem ser usados na produção de tintas. E as tintas provenientes dos vegetais são líquidas e transparentes. Já as provenientes dos minérios ou pó de alimentos são densas e opacas. Pigmento É o nome comum dado a várias substâncias que dão coloraçãoaos líquidos ou aos tecidos vegetais ou animais que as contém. Os pigmentos podem ser extraídos da natureza ou produzidos em laboratórios, sendo responsáveis pela corda tinta. Desde os primórdios da arte, as cores eram compostas por elementos extraídos do reino animal, vegetal e mineral, fontes inesgotáveis de pigmentos orgânicos e inorgânicos. Os pigmentosnaturaissão aquelesencontradosnosvegetais,animaiseminerais. Os pigmentos vegetais, também chamados de corantes, são extraídos de folhas, flores, sementes, cascas, troncos e raízes, através de diversos processos. Alguns são menos resistentes que os pigmentos minerais, pois a ação do calor, da umidade, do ar e dos gases da atmosfera causa-lhes modificações. Destacam-se os carotenóides e a clorofila:os caratenóides são os corantes responsáveis pela coloração amarela, vermelha e alaranjada das folhas, flores e frutas, caules e raízes; a clorofila,por sua vez,é que confere a corverde às plantas. Os pigmentos naturais extraídos de frutas e de elementos vegetais testados e aprovados têm também aplicação em alimentos, como sucos, doces, sorvetes, molhos. São usados, igualmente, no preparo de cosméticos, sabonetes, batons, perfumes e em algumas tintas que servem para tingir cabelos. Os pigmentos minerais mais comuns são os óxidos de ferro e as ocas, variando do amarelo ao vermelho- arroxeado até o quase-preto, dependendo do maior ou menor grau de oxidade do mineral. Processos de Obtenção Tinta é uma mistura de dois elementos: pigmento (oucorante) e aglutinante. O pigmento é o que conferecorà tinta, e o aglutinanteé o que uneas particulasfazendo atinta aderiràsuperfície. Existem diferentes aglutinantes e por consequência, diferentes tipos de tinta: óleo,cola, goma, ovo,etc. As tintas naturais podem ser obtidas por diversos processos abaixo relacionados. Depois de obtido o pigmento ou o corante, mistura-se o aglutinante.
  • 4. Pigmentos Líquidos Cocção:Cozinhara matéria-prima, até que a água adquira sua cor. Podem ser cozidosrepolho roxo, beterraba, erva-mate, café, casca de uva preta, de jabuticaba e de pinhão, hibisco, rosas, etc. O líquido coloridopode ser aplicado diretamente no papel, mas um pouquinho de cola lhe dará maior resistência ao tempo; Maceração:Consiste em deixar a matéria-prima de molho na água fria, por voltade 12 horas. Este tempo é estipulado para inverno ou meia estação, no verão deve ser deixado por menos tempo, senão começaa fermentar. São macerados café,erva-mate, feijãopreto, etc. Usar puro ou com aglutinante; Infusão:Os elementos são picados e deixados em infusão no álcool até atingirem o seu ponto máximo de cor,cujo tempo varia (minutos, dias, semanas). Quanto mais tempo em infusão, melhor. Podem ser colocadosem infusão: pétalas de diversas flores, folhas, raízes, semente de urucum, lascas de madeira, repolho roxo, beterraba, etc. Algumas infusões (comoas pétalas de rosas) dão líquidos quase incolores, e sua cor só aparece depois de algum tempo de colocadano papel. Algumas folhas verdes dão cores alaranjadas. Ocorante obtido pode ser aplicado puro ou com cola. Neste caso, torna-se visguento e para limpar o pincel deve-se usar álcool, e nunca água; Fricção:A fricção,comoo próprio nome diz, consiste em friccionarelementos diretamente sobre o papel. São friccionadas as plantas que contém uma quantidade razoável de água, principalmente pétalas coloridas. Flores ou folhagens podem ter uma cor por forae outra por dentro; Liquidificação:Baterem liquidificadorcom água. Folhas verdes (espinafre, rúcula, salsinha), beterraba, repolho roxo, pétalas de flores, etc. Usar puro ou comaglutinante. Existem, nas regiões do Brasil, outros vegetais dos quais se extraem cores: o índigo ou anil é extraído das folhas do anileiro quando maduras; o vermelho do pau-brasil produz uma tinta vermelha muito usada pelos indígenas para colorir o corpo. Noutros países do sul da Europa e países do Oriente, a ruiva dos tintureiros (Rubia tinctorum) desempenhou papel importante comopromotora da corvermelha, sendo muito cultivada na Antiguidade. Também no Oriente, África do Norte e até na Índia, utiliza-se ainda hoje a hena (Lawsinia inermis), tinta para colorir os cabelos, processo que consiste na secagem e redução das folhas a pó, que já ficam prontas para o uso. A partir das fêmeas do inseto cochonilha(Dactylopiuscroccus(Costa)), colhido de uma espécie de cactus que se desenvolve principalmente no Peru, extrai-se o carmim, uma cor muito estável. Desde1868,entretanto, com a descobertadoscorantessintéticosderivadosdo alcatrão da hulha,o interessepelasmatérias-primasnaturaisdiminuiuconsideravelmente. Pigmentos em pó Trituração:carvão,giz,cascas de ovos,tijolos, urucum, cafée outros são moídos até serem reduzidos a um pó muito fino; Calcinação:ossos,sementes, madeiras são queimados e reduzidos a carvão, o qual, após sofrer trituração, é reduzido a pó. O carvão também poderá ser usado de forma compacta para grafar;
  • 5. Peneiramento eDecantação:pedras e tijolos triturados devem passar pelo processo de peneiramento através de telas ou malha de meias de náilon esticadas. No caso das terras, devem ser peneiradas (para tirar os grãos maiores, pedrinhas e impurezas) e postas para decantar em água. Escorre-sea água, utiliza-se a lama de cima e descarta-se a de baixo, que contém os grãos mais grossos. Quanto menor a partículadepigmento,melhorseupoderde cobertura,pois a tinta ficamais uniforme. O aglutinante para terra pode ser cola, goma (polvilho, trigo, maisena), ovoou óleo. Lixação:madeiras comocedro, pessegueiro, canjerana, louro e outras, quando lixadas, são transformadas em pós muito finos, de diversas cores. Os pós obtidos podem ser usados puros nos aglutinantes ou em associações entre si; Imersão:os pós contidos dentro de uma trouxinha de tecidosão submergidos em movimentos contínuos por várias vezes na água de cincorecipientes, passando de um ao outro. Com isso, os pós ficam depositados no fundo dos recipientes, então, basta escorrer lentamente a água que estarão prontos para o uso. A produção dospigmentosempó permitequese façam três tiposdetêmpera: 1- têmpera-cola: os pigmentos são adicionados às colas sintéticas, compostas de acetato de polivinila, formando uma tinta resistente; 2 - têmpera-goma: é obtida pela adição dos pigmentos à goma de polvilhoou arábica. É menos resistente que a têmpera cola; 3 - têmpera-ovo: os pós das terras e das ocas podem ser adicionados à gema ou clara de ovo,resultando numa tinta de boa consistência que, à medida que seca, adquire brilho, se for com clara, e suave aveludado, se for comgema. Peloacréscimo de óleo de linhaça aos pigmentos em pó, é possível obter-se a tinta à óleo, tal como procediam os pintores renascentistas. Técnicada Tinta Natural - parte 2 Aglutinantes e Diluentes Aglutinantes são substâncias que, adicionadas aos pigmetos, unem as partículas formando "liga", a exemplo de colas, óleos, ceras, resinas; determinam a especificidade das tintas, como têmpera, óleo, acrílica, aquarela e outras. Podem ser naturais, comoa gema e a clara de ovo,suco de alho, goma da babosa e polvilho. No preparo das tintas naturais líquidas, tendo como diluente água, os aglutinantes devem ser incolores - clara de ovo,cola,goma de polvilho - a fim de que as cores não se alterem. A gema de ovo,quando usada comoaglutinante, atua como emulsão e dá excelente efeito à mistura de terras e ocas queimadas. Entretanto, se as terras e as ocas forem usadas no seu estado natural, é conveniente acrescentar-se umas gotas de fungicida, como o Lysoform,por exemplo, para evitar a formaçãode bolor. Também é aconselhável a utilização de água fervida sempre que necessário o seu acréscimo comodiluente. Para pós de madeira, calcinato de cálcio,fuligem, carvão,cinza, entre outros, pode ser usado qualquer aglutinante. O cimento tem boa adaptação quando associado às colas plásticas e a diluente àlcool, não sofrendo o processo de endurecimento rápido, como ocorrecom a adição de colas à base de água.
  • 6. De um modo geral, para ter-se a característicade plasticidade da tinta no ponto desejado, basta observar: - proporções iguais de pigmento e aglutinante; - maior quantidade de pigmento e menor de aglutinante; - maior quantidade de aglutinante e menor de pigmento. A escolha de uma dessas maneiras de se obter o melhor amálgama, que corresponda à consistência de tinta desejada, menos consistente ou mais pastosa, depende da finalidade visada. Diluentes | Diluir um pigmento consiste em diminuir a sua concentraçãoatravés de um líquido conveniente: água, óleo, álcool. Reforçar-se o conselho de que, sempre que se acrescentar água para aumentar a diluição da tinta, essa tenha sido previamente fervida afim de evitar a formaçãode microrganismos. Os solventes podem ser usados no óleo de linhaça, que, por sua viscosidade, exige um elemento com maior poder de dissolução da tinta; são apropriados também para a limpeza dos pincéis. Agentes de Apoio Fixadores As tintas de procedência vegetal necessitam do acréscimo de fixadores. Há fixadores naturais, como limão, vinagre, e químicos, comoo alúmem de potássio, ácidotartárico e bicarbonato de sódio. As mudanças de tonalidade e até de corpodem ocorrer se forem acrescentados fixadores diferentes à mesma cor. Como exemplo, cita-se a água colorida do feijão-preto à qual, acrescentando-se pequena quantidade de alúmem de potássio, torna-se azul; já, com acréscimo de pequena quantidade de ácido tartárico, ou suco de limão, torna-se carmim. O suco do limão e o vinagre, além de conservarem e fixarem as tintas, avivam as cores. O ácido tartárico é relativo ao tártaro e aos seus compostos, principalmente de um ácido que se encontra nas uvas e nos frutos. Tem suas aplicações em bebidas artificiais espumantes e na fabricação de balas. O alúmem de potássio é obtido pela adição de uma soluçãoconcentrada e quente de sulfato de potássio a uma solução de sulfato de alumínio. Tem numerosas aplicações comomordente na tinturaria e em curtimento de couros, comoanti-séptico e adstringente na medicina. O bicarbonato de sódio é usado em bebidas e sais efervescentes e na conservaçãoda manteiga. Aconselha-se não deixar os fixadores químicos relacionados ao alcance das crianças. Conservantes Conservantes são substâncias que preservam as tintas vegetais de sua desintegração. Pode-se usar os conservantes naturais, comoo limão e o vinagre, não sendo conveniente utilizar os de procedência industrial visto que podem interferir na cor. Durabilidade e Conservação Ao trabalhar com tintas naturais surgem dúvidas quanto à sua durabilidade e conservação. Conforme o tipo de tinta que estamos trabalhando teremos comportamentos diferentes. São tintas vegetais ou minerais? Infusões no álcool ou cocções? Com raras exceções, as tintas vegetais são sensíveis à luz e sempre vão perder um pouco da sua cor. São instáveis, por isso às vezesconseguimos belíssimas cores de flores e frutos que depois ficam amarronzadas. Portanto, as pinturas feitas com tintas vegetais são frágeis e não devem ficarexpostas ao sol. Se não forem tomados os cuidados corretos,pode criar fungos na própria pintura.
  • 7. Já as tintas de terra não desbotam nunca, mesmo sob um sol forte.Também não apresentam problemas de conservação,nunca criam fungos, nem na pintura, nem na tinta. As tintas vegetais de infusão no álcool também podem ser guardadas por tempo indeterminado, já as cocçõese liquidificações devem ser descartadas após o uso ou guardadas em geladeira por mais alguns dias. Podem ainda ser congeladas para uma outra ocasião. Com os tingimentos e a pintura de tecidos, a experiência mostra que as tintas com álcooldesbotam menos na lavagem em relação àquelas feitas apenas comágua. Já o barbante recebe melhor a tinta do que o tecidoe aceita tintas feitas por cocção.De qualquer forma alguns cuidados dever ser tomados: secar a meada/ tecido à sombra e abrindo para arejar. Lavar depois de alguns dias com sal e sabão neutro (de côco). Toxicidade Embora a natureza apresente plantas tóxicas (Copo de leite, Espirradeira, Comigo-Ninguem-Pode), a tinta natural apresenta menos riscos que a artificial. Na pintura a óleo, por exemplo, as tintas não devem ser tocadas com as mãos e os solventes são extremamente danosos à saúde, causando sérias intoxicações e podendo mesmo levar à morte quem os usa de maneira indevida. Alguns vegetais são nocivos à saúde quando ingeridos ou em contatocom a pele. Exemplos disso são, entre outros, a folhagem comigo-ninguém-pode (Dieffenbachiapicta (Lodd) Schott), cujaseiva é venenosa podendo até provocara morte, e o oleandro (Neriun oleander L.), também chamado de espirradeira, que se caracteriza por possuir flores e folhas altamente tóxicas; também a figueira-do- inferno (Datura suaveolens (Humb.) Bonpl.), conhecida comotrombeta, e o copo-de-leite (Zanthedeschia aethiopica Spreng.), cujas folhas possuem um látex que pode causar irritação cutânea. Recomenda-se, assim, cuidado na seleção dos vegetais, optando-se por aqueles que não oferecem riscos quando de sua manipulação. Deve-se também ter muito cuidado comas tintas em infusão no álcoolque, por se tornarem inflamáveis, devem ser mantidas longe do calor e das chamas. No preparo da tinta a óleo, necessita-se de solvente para diluí-la, o qual é tóxico,podendo causar irritação aos olhos e vias respiratórias. Assim, recomenda-se cuidado a executar esse processo, mantendo o ambiente bem ventilado. Quando os pós são peneirados, deve-se proteger os olhos e narinas para que não sejam absorvidos. Aconselha-se enfim, trabalhar em ambiente bem iluminado e arejado. Coleta Seletiva de Materiais Se formos coletarmateriais da natureza, devemos ter o cuidado de retirar o que já está caido no chão, procurando não arrastar plantas vivas.Mas se isto for necessário, então devemos cuidar para não retirar muitas plantas de um mesmo local porque isto pode modificar o ambiente. Cascas - Aproveite os troncos mortos e jamais arranque cascas de árvores vivas. Folhas e frutos - Encontramos corantes nas folhas, flores, frutos e sementes. De uma forma geral, coleta- se antes da floração,pois neste período existe maior concentraçãode corantes. Líquens - Devem ser raspados de rochas, cercas velhas e troncos de árvores mortas. A coleta deve ser feita depois da chuva. Retire apenas o essencial e conserveos líquens, pois eles demoram 50 anos para crescer. Raízes - A coleta de raízes geralmente leva à morte das plantas. Por isso, devemos cultivá-las. No caso de utilizarmos plantas nativas, para cada raiz coletada, plante duas plantas em seu lugar. Devemos tomar muito cuidado para que a raiz não se quebre ao retirá-la, para isto, remova toda a terra que fica em volta da raiz. "Dica" - Recolha apenas uma pequena parte de cada planta de um mesmo local,evitando que a planta se esgote
  • 8. e permitindo que outros também possam colhê-la. - Faça uma horta de plantas tintórias, para preservar a natureza. - Coletar sementes é muito importante. Conserve-as embalandas em plástico em lugar frescoe seco, ou em geladeira até a época do plantio. Suportes para uso Pictórico Suporte é a superfície que recebe a pintura; pode ser preparado com camadas básicas de tinta, geralmente branca, ou mesmo ser usado em seu estado natural, dependendo do objetivo. Pedras, paredes, madeiras, metais, tecidos, papéis eram e ainda são usados pelo homem quando ele deseja manifestar-se plasticamente, marcando indelevelmente sua caminhada cultural e seu processo de civilização.NaIdade Média, era comum usar-se uma base inerte de gesso (sulfatode cálcio) e giz (carbonatode cálcio) que, misturados à cola animal, formavamuma base apropriada para receber a tinta. Atualmente, além dos suportes citados, existem outros produzidos com materiais sintéticos, a exemplo de plásticos, acetatos, tecidos de fibras, poliéster. Neste trabalho, testaram-se as tintas naturais sobre quinze diferentes suportes: tela, papel industrial, papel artesanal, seda, gesso, vidro, madeira, cerâmica, juta, papelão, eucatex, couro,plástico, paredes de cimento e azulejo. Para a observaçãodo comportamento das tintas sobre os suportes, usou-se como referencial a padronização, que consiste na aplicação da mesma tinta sobre os suportes a fim de verificarseu comportamento e prevenir o reaparecimento de problemas. De acordo comas características e qualidades das superfícies, classificaram-se os suportes quanto ao uso das tintas líquidas (transparentes) em: superfícies lisas e impermeáveis: vidro, azulejo, plástico, paredes de cimento, eucatex, nos quais se intensifica a corpela não-absorção, secando pela evaporação; superfícies de porosidade média: madeira, tela, gesso, couro,papelão, seda, cerâmica; superfícies porosas: papel artesanal, papéis industriais de boa gramatura e juta. As tintas em pó (opacas) podem ser usadas em todos os suportes; quanto às líquidas (transparentes), a retenção da cor,sua absorção e permanência têm melhores respostas em suportes que apresentam maior porosidade. Técnicada Tinta Natural - parte 3 Sistematização TINTAS TRANSPARENTES AMARELA Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Abacate brotos cocção água cola limão Açafrão raízes infusão álcool cola - Arruda folhas cocção água cola limão Cravo-de-defunto flores infusão álcool cola -
  • 9. Flor-do-campo flores cocção água cola vinagre Girassol pétalas cocção/infusão água/álcool cola vinagre/ - Laranja cascas cocção/infusão água/álcool cola vinagre/ - Manduirana raízes infusão álcool cola - Macela flores cocção água gema limão Romã cascas infusão álcool cola - LARANJA Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Cedro tronco infusão álcool cola - Cosmos flores infusão álcool cola - Maria-mole flores infusão álcool cola - Pinheiro nó infusão álcool cola - Urucum sementes infusão álcool cola - ROSA Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Amora frutas infusão álcool cola - Beterraba raízes liquidificação água clara/cola vinagre Campainha flores cocção/infusão água/álcool cola vinagre/ - Morango frutas liquidificação - cola limão Rosa pétalas infusão álcool cola - Repolho Roxo folhas infusão álcool cola/clara limão Tomate frutos liquidificação - cola/gema limão
  • 10. VERMELHO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Beterraba raízes liquidif./infusão água/álcool gema/cola limão/ - Jabuticaba cascas cocção água cola limão Pau-brasil tronco infusão álcool cola bicarbonato Pinheiro nó infusão álcool cola bicarbonato CARMIM Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Amora frutas liquidificação água cola limão Beterraba bulbo liquidificação água cola vinagre Feijão sementes maceração água clara/cola ácido-tártarico Jabuticaba cascas cocção/infusão água/álcool cola/cola vinagre/ - ROXO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Hibisco flores infusão álcool cola - Rosa pétalas infusão álcool cola bicarbonato Uva cascas cocção/infusão água/álcool cola/cola vinagre/ - AZUL Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Amora frutas cocção/infusão água/álcool cola alúmem Feijão-preto sementes maceração água clara/cola alúmem Hibisco flores infusão álcool cola -
  • 11. Ipoméa flores cocção/infusão água/álcool cola alúmem/ - Repolho roxo folhas cocção água clara/cola alúmem Uva cascas cocção água clara/cola alúmem VERDE Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Abacateiro folhas infusão álcool cola - Confrei folhas cocção/infusão água/álcool cola limão/ - Repolho roxo folhas infusão álcool clara/cola bicarbonato Erva-mate folhas cocção/maceração água clara/cola bicarbonato Espinafre folhas liquidificação água clara/cola limão Fel de galinha biles infusão álcool cola - Malva folhas infusão álcool cola - MARROM Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Abacate casca/caroço infusão álcool cola bicarbonato Amoreira tronco infusão álcool cola - Angico tronco infusão álcool cola - Barbatimão tronco infusão álcool cola - Café sementes cocção água cola/clara - Cajueiro tronco infusão álcool cola bicarbonato Canjerana tronco infusão álcool cola - Dedro tronco infusão álcool cola - Cosmos flores infusão álcool cola bicarbonato
  • 12. Pinheiro casca interna infusão álcool cola - PARDO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Fixador Beterraba raízes liquidificação água cola bicarbonato Chá-da-índia folhas cocção água cola bicarbonato É importante observar que a maturação de alguns elementos vegetais e suas reações nos suportes podem alterar a corprevista. Alguns pigmentos apresentam cores falsas, tendo alterada a cor original ao secarem, visto que apresentam oxidação na presença do ar. Entretanto, a maioria corresponde às sugestões apresentadas. O vermelho pode ser obtido de maneira diferente da indicada, sobrepondo-se a cor laranja do urucum sobre ocarmim da beterraba. TINTAS OPACAS BRANCOS Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Calcinato de cálcio giz peneiramento água cola Gesso pó peneiramento água cola Mármore pó peneiramento águá cola Ocabranca pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo Ovosbrancos cascas trituração e peneiramento água cola VERMELHO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Terra pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo Tijolo pó trituração e peneiramento água cola
  • 13. AMARELO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Tijolo pó trituração e peneiramento água cola OCRE Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Ocaocre pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo Madeira ocre pó lixação e peneiramento água cola VERDE Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Erva-mate pó peneiramento água cola Ocaverde pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo CINZA Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Cimento pó peneiramento álcool/água cola Cinza pó peneiramento água gema PRETO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Carvão pó trituração e peneiramento água cola
  • 14. Fuligem pó peneiramento água cola Ossos calcinados pó trituração e peneiramento água cola Terra preta pó peneiramento água cola/gema/óleo MARROM Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Canjerana serragem peneiramento água cola Cedro serragem peneiramento água cola Angico serragem peneiramento água cola Póde tijolo pó trituração e peneiramento água cola Terra pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo ROXO Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Ocaroxa pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo ROSA Procedência Elem. tintórico Processo Diluente Aglutinante Ocarosada pó decantação e peneiramento água cola/gema/óleo Bibliografia/fonte: