SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
1. Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais - PPGCA; 2. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais - PPGCA,
3. Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, Av. Universitária 1105, CEP 88806-000, Criciúma, Santa Catarina, Brasil.
*Autor para correpodência: ismaelcflor@gmail.com
Copyright© mar-abr 2015 do(s) autor(es). Publicado pela ESFA [on line] http://www.naturezaonline.com.br
Flor IC, Silva GT, Harter-Marques Birgit (2015) Ambientes de borda são mais susceptíveis a ataques de insetos
herbívoros em áreas de floresta ombrófila densa? Natureza on line 13 (2): 98-100.
Submetido em: 07/02/2015 Revisado em:18/03/2015 Aceito em:01/04/2015
Ismael C Flor¹,3
*, Gabriela T Silva¹,3
e Birgit Harter-Marques²,3
Ambientes de borda são mais susceptíveis a ataques de insetos herbívoros em
áreas de floresta ombrófila densa?
Are border environments more susceptible to herbivore insect attacks in areas of dense rain forest?
ISSN 1806–7409
Resumo O presente estudo teve como objetivo detectar e comparar
as taxas de herbivoria em quatro áreas diferentes da Floresta
OmbrófilaDensa.Paraolevantamentodastaxasforamestabelecidos
10 pontos na borda e 10 no interior distantes entre si por 10m. Em
cada ponto foram selecionados quatro espécimes com até 2m de
altura que se encontravam mais próximas de cada ponto. Os índices
de herbivoria apresentaram diferenças significativas entre a borda e
o interior em três das quatro áreas florestais. A partir dos resultados
obtidos neste trabalho foi possível concluir que as áreas de borda
são mais atacadas por insetos herbívoros quando comparadas a
ambientes de interior de florestas.
Palavras-chaves: fragmentação, Mata Atlântica, efeito de borda,
interação inseto-planta.
Abstract The current study aimed to detect and compare the
herbivory rates in four different areas of dense rain forest. To
calculate the rates 10 spots were set at the edge and 10 inside the
forest area, distant from each other by 10 meters. At each spot we
selected four specimens with up to 2m in height that were closest
to each spot. The herbivory rates showed significant differences
between the border and the interior in three out of four of the
forest areas. From the results obtained in this study it was possible
to conclude that border areas are more attacked by herbivorous
insects compared to environments inside the forests.
Keywords: fragmentation, Atlantic Rain forest, edge effect, insect-
plant interaction.
Introdução
Kapos (1989) salienta que estudos em florestas temperadas
têm mostrado que as bordas dos fragmentos florestais são muito
diferentes dos ambientes de floresta contínua e que a proporção de
núcleo para a borda de uma reserva florestal podem afetar tanto
a riqueza de espécies e composição de uma comunidade florestal
através de seus efeitos no microambiente.
Segundo Coley (1983), existem diferenças na intensidade
de herbivoria em relação ao ambiente no qual ocorre, sendo
que espécies encontradas na borda seriam mais atacadas que
as espécies encontradas no interior da floresta, pelo fato de
que a distribuição dos herbívoros entre a borda e o interior
dos fragmentos florestas é influenciada, principalmente, por
mudanças nas condições ambientais, na quantidade/qualidade
de recursos e nos seus respectivos inimigos naturais.
Nesse contexto, objetivou-se no presente estudo detectar e
comparar as taxas de herbivoria em diferentes áreas de Floresta
Ombrófila Densa, bem como verificar se existem variações entre as
taxas nos ambientes de borda e interior destas áreas.
Métodos
Área de estudo
O estudo foi realizado em diferentes áreas florestais
pertencentes à Floresta Ombrófila Densa. A primeira área amostrada
(A1) está localizada no município de Araranguá, sul do estado de
Santa Catarina, com cerca de 10ha (29º02’21.05’’S e 49º31’34.14’’W).
A segunda área amostrada (A2) localiza-se no Parque Ecológico
Maracajá, com 112ha de mata em diferentes estágios sucessionais
Flor et al.
Herbivoria em Ambientes de Borda de Floresta Ombrófila Densa
99
ISSN 1806–7409 - http://www.naturezaonline.com.br
(28°52’51’’Se49°27’59’’W).Aterceiraáreaestudada(A3)encontra-se
no entorno do Aterro Sanitário da Empresa SANTEC Resíduos, com
extensão de 3,31ha, situado no município de Içara (28°47’27.08”S
e 49°19’56.77”W). A quarta área florestal (A4) estudada encontra-
se no Parque Estadual da Serra Furada (PESF), com uma área
que abrange cerca de 0,9ha, compreendida entre as coordenadas
28°08’13”S/49°25’17”W.
O clima da região, onde estão localizadas as áreas florestais
é Cfa, segundo sistema de classificação de Köppen, ou seja, clima
subtropical úmido com verão quente (Köppen 1948).
Coleta de dados
As coletas foram realizadas uma única vez no mês de setembro
dosanosde2009e2010.Paraolevantamentodastaxasdeherbivoria
em cada área foram estabelecidos 10 pontos na borda e 10 no
interior, distantes entre si por 10m. Os pontos no interior foram
estabelecidos distantes 100m da borda. Para cada ponto foram
selecionadososquatroespécimesmaispróximos,quepossuíamuma
altura de até 2 m. Foram analisadas 15 folhas por planta, totalizando
60 folhas por ponto e 4800 folhas em todo o estudo.
O percentual de herbivoria de cada folha foi quantificado a
olho nu, de acordo com as seguintes categorias: 0 = sem herbivoria;
1 = até 12,5%; 2 = até 25%; 3 = até 37,5%; 4 = até 50%; 5 = até
62,5%; 6 = 75%; 7 = até 87,5%; 8 = até 100% de superfície foliar
perdida. É importante salientar que a taxa de herbivoria analisada
foi somente a área foliar consumida por insetos mastigadores. Para
cada ponto amostral foi calculado o índice de herbivoria (IH) dado
pela fórmula IH = ∑ (ni x i)/N, onde ni = número de folhas por
categoria; i = categoria de herbivoria (0 – 8) e N = número total
de folhas para cada ponto (Dirzo e Dominguez 1995).
Análise estatística
Para comparar os índices de herbivoria entre as áreas
florestais estudadas foi aplicado o teste de normalidade de
Kolmogorov-Smirnov, posteriormente a análise de variância
ANOVA, seguida do Teste de Tukey (p = 0,05), utilizando o
programa PAST 2.17 (Hammer et al. 2001).
Resultados e discussão
Os índices de herbivoria (IH) totais, somando-se todas as áreas
amostradas,variaramde0,35a2,1,commédiade0,88±0,38(Figura
1). Segundo a análise de variância ANOVA, os índices de herbivoria
do PESF mostraram-se significativamente diferentes das demais áreas
florestais amostradas e os índices de Araranguá, Maracajá e SANTEC
não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 1).
Segundo a análise de variância, as áreas A1, A2 e A3
revelaram diferenças significativas entre o ambiente de borda
e interior, sendo que a taxa de herbivoria se mostrou maior
na borda das áreas estudadas (A1: F[1,18]
= 45,6, p < 0,05,
A2: F[1,18]
= 56,47, p < 0,05 e A3: F[1,18]
= 10,32, p < 0,05).
Os índices de herbivoria da A4, por sua vez, não mostraram
diferenças significativas entre o ambiente de borda e interior
do fragmento florestal estudado (F[1,18]
= 0,0001, p > 0,05).
Este estudo obteve diferenças significativas em relação aos
índices de herbivoria entre a borda e o interior das as áreas florestais
amostradas, excetuando-se a área A4. Uma possível explicação para a
borda desta área não apresentar diferenças significativas em relação
ao interior poderia ser em virtude de que essa, pertence a uma mata
contínua, sendo assim, os fatores microclimáticos não influenciam
as plantas tanto quanto uma borda de fragmento florestal pequeno
e isolado, como no caso das demais áreas (Harper et al. 2005).
Os resultados do presente estudo corroboram o padrão
encontrado em outros trabalhos. Estudos apontam as bordas como
áreas mais expostas às perturbações externas, podendo assim alterar
as condições do microclima local, permitindo maior incidência de
luz, variação na temperatura, umidade do ar e do solo, ocasionando
algum tipo de estresse para as plantas (Murcia 1995).
Segundo Cobb et al. (1997), plantas sob estresse são melhores
fontes de alimento aos herbívoros, devido a menor produção de
compostos secundários, como taninos e terpenos, que são utilizados
como mecanismos de defesa pela planta. A partir dos resultados
obtidos neste trabalho foi possível concluir que as áreas de borda
são mais susceptíveis a ataques por insetos herbívoros quando
comparadas a ambientes de interior de florestas.
Maracajá SANTEC PESF
Araranguá 0,998 0,943 0,002*
Maracajá - 0,978 0,003*
SANTEC - - 0,011*
PESF - - -
*diferença significativa p<0,05.
Tabela 1 Resultados do Teste de Tukey para os índices de herbivoria das
quatros áreas estudadas.
Figura1Índicedeherbivoriaentreabordaeointeriorparacadaáreaestudada.
Flor et al.
Herbivoria em Ambientes de Borda de Floresta Ombrófila Densa
100
ISSN 1806–7409 - http://www.naturezaonline.com.br
Referências
Cobb NS, Mopper S, Gehring CA, Caouette M, Christensen KM, Whitham
TG. (1997) Increased moth herbivory associated with environmental
stressofpinyonpineatlocalandregionallevels.Oecologia109:389-397.
Coley PD (1983) Herbivory and Defensive Characteristics of Tree Species
in a Lowland Tropical Forest. Ecology Monographic 53: 209-234.
DirzoR,DominguezC(1995)Plant-herbivoreinteractionsinMesoamerican
tropical dry forest. In: Bullock SH, Mooney HA, Medina EA (org)
Seasonally Dry Tropical Forests. Cambridge, Cambridge University
Press, pp 304-325.
Hammer O, Harper DAT, Ryan PD (2001) PAST: Palaeontological Statistics
software package for education and data analysis. Palaeontol
Electronica [electronic resource] 4, pp 9.
Harper KA, Macdonald SE, Burton PJ, Chen J, Brosofske KD, Sanders SC,
Euskirchen ES, Roberts D, Esseen PA (2005) Edge influence on forest
structure and composition in fragmented landscapes. Conservation
Biology, 19: 768-782.
Kapos V (1989) Effects of isolation on the water status of forest patches in
the Brazilian Amazon. Journal of Tropical Ecology 5:173-185.
Köppen W (1948) Climatologia. Buenos Aires ,Fondo de Cultura
Econômica.
Murcia C (1995) Edge effects in fragmented forests: implications for
conservation. Tree 10: 58-62.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Ecologia de camponotus sericeiventris no cerrado
Ecologia de camponotus sericeiventris no cerradoEcologia de camponotus sericeiventris no cerrado
Ecologia de camponotus sericeiventris no cerradomarciofdias
 
Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...
Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...
Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...AcessoMacauba
 
Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...
Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...
Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...Sabrina Thamago
 
Interferência do pinus nos campos de cima da serra
Interferência do pinus nos campos de cima da serraInterferência do pinus nos campos de cima da serra
Interferência do pinus nos campos de cima da serraAlexandre Panerai
 
composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea
 composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea
composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzeaOtavio Matos
 
A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...
A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...
A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...Marcos Paulo Machado Thome
 
Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009
Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009
Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009vfalcao
 
DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...
DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...
DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...apaitupararanga
 
Resistencia de plantas a ataques de insetos - Eucalipto
Resistencia de plantas a ataques de insetos - EucaliptoResistencia de plantas a ataques de insetos - Eucalipto
Resistencia de plantas a ataques de insetos - EucaliptoLucas de Jesus
 
Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...
Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...
Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...OZILDO1
 
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbanoComportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbanomarciofdias
 
Manual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJ
Manual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJManual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJ
Manual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJUrialisson Queiroz
 

Mais procurados (20)

Floristica viçosa
Floristica viçosaFloristica viçosa
Floristica viçosa
 
Artigo bioterra v16_n2_05
Artigo bioterra v16_n2_05Artigo bioterra v16_n2_05
Artigo bioterra v16_n2_05
 
Coleta de formigas
Coleta de formigasColeta de formigas
Coleta de formigas
 
A05v22n4
A05v22n4A05v22n4
A05v22n4
 
Comunidade arborea floresta estacional
Comunidade arborea floresta estacionalComunidade arborea floresta estacional
Comunidade arborea floresta estacional
 
Ecologia de camponotus sericeiventris no cerrado
Ecologia de camponotus sericeiventris no cerradoEcologia de camponotus sericeiventris no cerrado
Ecologia de camponotus sericeiventris no cerrado
 
Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...
Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...
Crescimento da macaúba (acrocomia aculeata ( jacq. ) lodd . ex mart.) sob dif...
 
Artigo bioterra v16_n2_08
Artigo bioterra v16_n2_08Artigo bioterra v16_n2_08
Artigo bioterra v16_n2_08
 
Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...
Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...
Demandas para pesquisa: a necessidade de estudos sobre a correlação entre as ...
 
2425 9117-1-pb
2425 9117-1-pb2425 9117-1-pb
2425 9117-1-pb
 
Interferência do pinus nos campos de cima da serra
Interferência do pinus nos campos de cima da serraInterferência do pinus nos campos de cima da serra
Interferência do pinus nos campos de cima da serra
 
2581 8935-1-pb
2581 8935-1-pb2581 8935-1-pb
2581 8935-1-pb
 
composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea
 composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea
composição,estrutura e diversidade das assembléias de peixes em lago de várzea
 
A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...
A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...
A AVIFAUNA EM DUAS ÁREAS DE UMA ZONA RURAL COM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTIC...
 
Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009
Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009
Revista Ciência Hoje, Setembro De 2009
 
DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...
DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...
DIAGNÓSTICO DE QUATRO METODOLOGIAS DE NUCLEAÇÃO IMPLANTADAS EM PASTO ABANDONA...
 
Resistencia de plantas a ataques de insetos - Eucalipto
Resistencia de plantas a ataques de insetos - EucaliptoResistencia de plantas a ataques de insetos - Eucalipto
Resistencia de plantas a ataques de insetos - Eucalipto
 
Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...
Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...
Comparativos de levantamentos fitossociológicos realizados em diferentes área...
 
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbanoComportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
 
Manual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJ
Manual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJManual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJ
Manual Técnico de Restauração de Áreas Degradadas RJ
 

Destaque

Clextra functional listing
Clextra functional listingClextra functional listing
Clextra functional listingEdgevalue
 
Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...
Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...
Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...Michele Soares de Lima
 
Pray flyers set1
Pray flyers set1Pray flyers set1
Pray flyers set1Edgevalue
 
Assessments whitepaper
Assessments whitepaperAssessments whitepaper
Assessments whitepaperEdgevalue
 
Healthcare Whitepaper
Healthcare WhitepaperHealthcare Whitepaper
Healthcare WhitepaperEdgevalue
 
Introduction to Skretch
Introduction to Skretch Introduction to Skretch
Introduction to Skretch Edgevalue
 
At shelf prez final
At shelf prez finalAt shelf prez final
At shelf prez finalJim Selman
 
Antileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plants
Antileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plantsAntileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plants
Antileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plantsMichele Soares de Lima
 
Clextra sme india_it
Clextra sme india_itClextra sme india_it
Clextra sme india_itEdgevalue
 
Football World Cup 2014 Health Advisory from Riskpro
Football World Cup 2014 Health Advisory from RiskproFootball World Cup 2014 Health Advisory from Riskpro
Football World Cup 2014 Health Advisory from RiskproEdgevalue
 
Integrated Security, Safety and Surveillance Solution i3S
Integrated Security, Safety and Surveillance Solution  i3SIntegrated Security, Safety and Surveillance Solution  i3S
Integrated Security, Safety and Surveillance Solution i3SEdgevalue
 
Music international humour collection 2014
Music international humour collection 2014Music international humour collection 2014
Music international humour collection 2014Edgevalue
 
World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...
World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...
World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...Katrina Thornely
 
Os insetos
Os insetosOs insetos
Os insetostati3012
 
Artrópodes
ArtrópodesArtrópodes
Artrópodesletyap
 
2 h. relation & intr-pers skill -ob-23
2  h. relation & intr-pers skill -ob-232  h. relation & intr-pers skill -ob-23
2 h. relation & intr-pers skill -ob-23Hitesh Rochwani
 

Destaque (20)

Clextra functional listing
Clextra functional listingClextra functional listing
Clextra functional listing
 
Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...
Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...
Demography, phenology and sex of calophyllum brasiliense (clusiaceae) trees i...
 
Pray flyers set1
Pray flyers set1Pray flyers set1
Pray flyers set1
 
Assessments whitepaper
Assessments whitepaperAssessments whitepaper
Assessments whitepaper
 
Análise de agrupamentos
Análise de agrupamentosAnálise de agrupamentos
Análise de agrupamentos
 
Healthcare Whitepaper
Healthcare WhitepaperHealthcare Whitepaper
Healthcare Whitepaper
 
Introduction to Skretch
Introduction to Skretch Introduction to Skretch
Introduction to Skretch
 
At shelf prez final
At shelf prez finalAt shelf prez final
At shelf prez final
 
Antileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plants
Antileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plantsAntileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plants
Antileishmanial activity and cytotoxicity of brazilian plants
 
Clextra sme india_it
Clextra sme india_itClextra sme india_it
Clextra sme india_it
 
Bbfc
BbfcBbfc
Bbfc
 
Pantanal 1
Pantanal 1Pantanal 1
Pantanal 1
 
Football World Cup 2014 Health Advisory from Riskpro
Football World Cup 2014 Health Advisory from RiskproFootball World Cup 2014 Health Advisory from Riskpro
Football World Cup 2014 Health Advisory from Riskpro
 
Integrated Security, Safety and Surveillance Solution i3S
Integrated Security, Safety and Surveillance Solution  i3SIntegrated Security, Safety and Surveillance Solution  i3S
Integrated Security, Safety and Surveillance Solution i3S
 
Music international humour collection 2014
Music international humour collection 2014Music international humour collection 2014
Music international humour collection 2014
 
World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...
World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...
World Corporate University Forum - The Challenge of take the Corporate Univer...
 
Os insetos
Os insetosOs insetos
Os insetos
 
Os insetos
Os insetosOs insetos
Os insetos
 
Artrópodes
ArtrópodesArtrópodes
Artrópodes
 
2 h. relation & intr-pers skill -ob-23
2  h. relation & intr-pers skill -ob-232  h. relation & intr-pers skill -ob-23
2 h. relation & intr-pers skill -ob-23
 

Semelhante a Ambientes de borda mais suscetíveis a ataques de insetos em florestas

Apresentação sobre conectividade funcional de abelhas
Apresentação sobre conectividade funcional de abelhasApresentação sobre conectividade funcional de abelhas
Apresentação sobre conectividade funcional de abelhasRafaelFalco22
 
Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...
Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...
Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...Jandresson Soares de Araújo
 
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...Sabrina Thamago
 
Fragmentos Florestais - Ecossistemologia
Fragmentos Florestais - EcossistemologiaFragmentos Florestais - Ecossistemologia
Fragmentos Florestais - EcossistemologiaCarlos Alberto Monteiro
 
Itapua avifauna frugívora_artigo
Itapua avifauna frugívora_artigoItapua avifauna frugívora_artigo
Itapua avifauna frugívora_artigoavisaassociacao
 
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasilJoão Vitor Soares Ramos
 
Itapua restinga avifauva_scherer
Itapua restinga avifauva_schererItapua restinga avifauva_scherer
Itapua restinga avifauva_schereravisaassociacao
 
Modelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalModelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalSilvia Luz
 
Método de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptxMétodo de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptxTatianeKlossoski
 
Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...
Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...
Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...Label-ha
 
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...Écio Diniz
 
Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...
Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...
Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...Ediu Junior
 
Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes orgânicos acumulados ...
Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes  orgânicos acumulados ...Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes  orgânicos acumulados ...
Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes orgânicos acumulados ...Francihele Müller
 
Itapua floresta estacional_kray
Itapua floresta estacional_krayItapua floresta estacional_kray
Itapua floresta estacional_krayavisaassociacao
 

Semelhante a Ambientes de borda mais suscetíveis a ataques de insetos em florestas (20)

Apresentação sobre conectividade funcional de abelhas
Apresentação sobre conectividade funcional de abelhasApresentação sobre conectividade funcional de abelhas
Apresentação sobre conectividade funcional de abelhas
 
Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...
Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...
Relatório biogeografia - Pirâmide de Vegetação em Biogeografia - AO USAR COMO...
 
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO NA SUCESSÃO ECOLÓGICA EM FLOR...
 
Fragmentos Florestais - Ecossistemologia
Fragmentos Florestais - EcossistemologiaFragmentos Florestais - Ecossistemologia
Fragmentos Florestais - Ecossistemologia
 
Artigo_Bioterra_V22_N1_08
Artigo_Bioterra_V22_N1_08Artigo_Bioterra_V22_N1_08
Artigo_Bioterra_V22_N1_08
 
Itapua avifauna frugívora_artigo
Itapua avifauna frugívora_artigoItapua avifauna frugívora_artigo
Itapua avifauna frugívora_artigo
 
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
 
Artigo bioterra v17_n1_04
Artigo bioterra v17_n1_04Artigo bioterra v17_n1_04
Artigo bioterra v17_n1_04
 
Itapua restinga avifauva_scherer
Itapua restinga avifauva_schererItapua restinga avifauva_scherer
Itapua restinga avifauva_scherer
 
33384 166544-1-pb
33384 166544-1-pb33384 166544-1-pb
33384 166544-1-pb
 
Modelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalModelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambiental
 
Biogeografia
BiogeografiaBiogeografia
Biogeografia
 
Método de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptxMétodo de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptx
 
Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...
Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...
Fauna de abelhas associada a plantas de manguezal na região da Baía da Babito...
 
Floristica
FloristicaFloristica
Floristica
 
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
 
Diversidade da familia coleoptera
Diversidade da familia coleopteraDiversidade da familia coleoptera
Diversidade da familia coleoptera
 
Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...
Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...
Efeito de diferentes níveis de sombreamento no crescimento inicial de unha de...
 
Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes orgânicos acumulados ...
Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes  orgânicos acumulados ...Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes  orgânicos acumulados ...
Teores de carbono, nitrogênio e biomassa de horizontes orgânicos acumulados ...
 
Itapua floresta estacional_kray
Itapua floresta estacional_krayItapua floresta estacional_kray
Itapua floresta estacional_kray
 

Ambientes de borda mais suscetíveis a ataques de insetos em florestas

  • 1. 1. Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais - PPGCA; 2. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais - PPGCA, 3. Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, Av. Universitária 1105, CEP 88806-000, Criciúma, Santa Catarina, Brasil. *Autor para correpodência: ismaelcflor@gmail.com Copyright© mar-abr 2015 do(s) autor(es). Publicado pela ESFA [on line] http://www.naturezaonline.com.br Flor IC, Silva GT, Harter-Marques Birgit (2015) Ambientes de borda são mais susceptíveis a ataques de insetos herbívoros em áreas de floresta ombrófila densa? Natureza on line 13 (2): 98-100. Submetido em: 07/02/2015 Revisado em:18/03/2015 Aceito em:01/04/2015 Ismael C Flor¹,3 *, Gabriela T Silva¹,3 e Birgit Harter-Marques²,3 Ambientes de borda são mais susceptíveis a ataques de insetos herbívoros em áreas de floresta ombrófila densa? Are border environments more susceptible to herbivore insect attacks in areas of dense rain forest? ISSN 1806–7409 Resumo O presente estudo teve como objetivo detectar e comparar as taxas de herbivoria em quatro áreas diferentes da Floresta OmbrófilaDensa.Paraolevantamentodastaxasforamestabelecidos 10 pontos na borda e 10 no interior distantes entre si por 10m. Em cada ponto foram selecionados quatro espécimes com até 2m de altura que se encontravam mais próximas de cada ponto. Os índices de herbivoria apresentaram diferenças significativas entre a borda e o interior em três das quatro áreas florestais. A partir dos resultados obtidos neste trabalho foi possível concluir que as áreas de borda são mais atacadas por insetos herbívoros quando comparadas a ambientes de interior de florestas. Palavras-chaves: fragmentação, Mata Atlântica, efeito de borda, interação inseto-planta. Abstract The current study aimed to detect and compare the herbivory rates in four different areas of dense rain forest. To calculate the rates 10 spots were set at the edge and 10 inside the forest area, distant from each other by 10 meters. At each spot we selected four specimens with up to 2m in height that were closest to each spot. The herbivory rates showed significant differences between the border and the interior in three out of four of the forest areas. From the results obtained in this study it was possible to conclude that border areas are more attacked by herbivorous insects compared to environments inside the forests. Keywords: fragmentation, Atlantic Rain forest, edge effect, insect- plant interaction. Introdução Kapos (1989) salienta que estudos em florestas temperadas têm mostrado que as bordas dos fragmentos florestais são muito diferentes dos ambientes de floresta contínua e que a proporção de núcleo para a borda de uma reserva florestal podem afetar tanto a riqueza de espécies e composição de uma comunidade florestal através de seus efeitos no microambiente. Segundo Coley (1983), existem diferenças na intensidade de herbivoria em relação ao ambiente no qual ocorre, sendo que espécies encontradas na borda seriam mais atacadas que as espécies encontradas no interior da floresta, pelo fato de que a distribuição dos herbívoros entre a borda e o interior dos fragmentos florestas é influenciada, principalmente, por mudanças nas condições ambientais, na quantidade/qualidade de recursos e nos seus respectivos inimigos naturais. Nesse contexto, objetivou-se no presente estudo detectar e comparar as taxas de herbivoria em diferentes áreas de Floresta Ombrófila Densa, bem como verificar se existem variações entre as taxas nos ambientes de borda e interior destas áreas. Métodos Área de estudo O estudo foi realizado em diferentes áreas florestais pertencentes à Floresta Ombrófila Densa. A primeira área amostrada (A1) está localizada no município de Araranguá, sul do estado de Santa Catarina, com cerca de 10ha (29º02’21.05’’S e 49º31’34.14’’W). A segunda área amostrada (A2) localiza-se no Parque Ecológico Maracajá, com 112ha de mata em diferentes estágios sucessionais
  • 2. Flor et al. Herbivoria em Ambientes de Borda de Floresta Ombrófila Densa 99 ISSN 1806–7409 - http://www.naturezaonline.com.br (28°52’51’’Se49°27’59’’W).Aterceiraáreaestudada(A3)encontra-se no entorno do Aterro Sanitário da Empresa SANTEC Resíduos, com extensão de 3,31ha, situado no município de Içara (28°47’27.08”S e 49°19’56.77”W). A quarta área florestal (A4) estudada encontra- se no Parque Estadual da Serra Furada (PESF), com uma área que abrange cerca de 0,9ha, compreendida entre as coordenadas 28°08’13”S/49°25’17”W. O clima da região, onde estão localizadas as áreas florestais é Cfa, segundo sistema de classificação de Köppen, ou seja, clima subtropical úmido com verão quente (Köppen 1948). Coleta de dados As coletas foram realizadas uma única vez no mês de setembro dosanosde2009e2010.Paraolevantamentodastaxasdeherbivoria em cada área foram estabelecidos 10 pontos na borda e 10 no interior, distantes entre si por 10m. Os pontos no interior foram estabelecidos distantes 100m da borda. Para cada ponto foram selecionadososquatroespécimesmaispróximos,quepossuíamuma altura de até 2 m. Foram analisadas 15 folhas por planta, totalizando 60 folhas por ponto e 4800 folhas em todo o estudo. O percentual de herbivoria de cada folha foi quantificado a olho nu, de acordo com as seguintes categorias: 0 = sem herbivoria; 1 = até 12,5%; 2 = até 25%; 3 = até 37,5%; 4 = até 50%; 5 = até 62,5%; 6 = 75%; 7 = até 87,5%; 8 = até 100% de superfície foliar perdida. É importante salientar que a taxa de herbivoria analisada foi somente a área foliar consumida por insetos mastigadores. Para cada ponto amostral foi calculado o índice de herbivoria (IH) dado pela fórmula IH = ∑ (ni x i)/N, onde ni = número de folhas por categoria; i = categoria de herbivoria (0 – 8) e N = número total de folhas para cada ponto (Dirzo e Dominguez 1995). Análise estatística Para comparar os índices de herbivoria entre as áreas florestais estudadas foi aplicado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, posteriormente a análise de variância ANOVA, seguida do Teste de Tukey (p = 0,05), utilizando o programa PAST 2.17 (Hammer et al. 2001). Resultados e discussão Os índices de herbivoria (IH) totais, somando-se todas as áreas amostradas,variaramde0,35a2,1,commédiade0,88±0,38(Figura 1). Segundo a análise de variância ANOVA, os índices de herbivoria do PESF mostraram-se significativamente diferentes das demais áreas florestais amostradas e os índices de Araranguá, Maracajá e SANTEC não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 1). Segundo a análise de variância, as áreas A1, A2 e A3 revelaram diferenças significativas entre o ambiente de borda e interior, sendo que a taxa de herbivoria se mostrou maior na borda das áreas estudadas (A1: F[1,18] = 45,6, p < 0,05, A2: F[1,18] = 56,47, p < 0,05 e A3: F[1,18] = 10,32, p < 0,05). Os índices de herbivoria da A4, por sua vez, não mostraram diferenças significativas entre o ambiente de borda e interior do fragmento florestal estudado (F[1,18] = 0,0001, p > 0,05). Este estudo obteve diferenças significativas em relação aos índices de herbivoria entre a borda e o interior das as áreas florestais amostradas, excetuando-se a área A4. Uma possível explicação para a borda desta área não apresentar diferenças significativas em relação ao interior poderia ser em virtude de que essa, pertence a uma mata contínua, sendo assim, os fatores microclimáticos não influenciam as plantas tanto quanto uma borda de fragmento florestal pequeno e isolado, como no caso das demais áreas (Harper et al. 2005). Os resultados do presente estudo corroboram o padrão encontrado em outros trabalhos. Estudos apontam as bordas como áreas mais expostas às perturbações externas, podendo assim alterar as condições do microclima local, permitindo maior incidência de luz, variação na temperatura, umidade do ar e do solo, ocasionando algum tipo de estresse para as plantas (Murcia 1995). Segundo Cobb et al. (1997), plantas sob estresse são melhores fontes de alimento aos herbívoros, devido a menor produção de compostos secundários, como taninos e terpenos, que são utilizados como mecanismos de defesa pela planta. A partir dos resultados obtidos neste trabalho foi possível concluir que as áreas de borda são mais susceptíveis a ataques por insetos herbívoros quando comparadas a ambientes de interior de florestas. Maracajá SANTEC PESF Araranguá 0,998 0,943 0,002* Maracajá - 0,978 0,003* SANTEC - - 0,011* PESF - - - *diferença significativa p<0,05. Tabela 1 Resultados do Teste de Tukey para os índices de herbivoria das quatros áreas estudadas. Figura1Índicedeherbivoriaentreabordaeointeriorparacadaáreaestudada.
  • 3. Flor et al. Herbivoria em Ambientes de Borda de Floresta Ombrófila Densa 100 ISSN 1806–7409 - http://www.naturezaonline.com.br Referências Cobb NS, Mopper S, Gehring CA, Caouette M, Christensen KM, Whitham TG. (1997) Increased moth herbivory associated with environmental stressofpinyonpineatlocalandregionallevels.Oecologia109:389-397. Coley PD (1983) Herbivory and Defensive Characteristics of Tree Species in a Lowland Tropical Forest. Ecology Monographic 53: 209-234. DirzoR,DominguezC(1995)Plant-herbivoreinteractionsinMesoamerican tropical dry forest. In: Bullock SH, Mooney HA, Medina EA (org) Seasonally Dry Tropical Forests. Cambridge, Cambridge University Press, pp 304-325. Hammer O, Harper DAT, Ryan PD (2001) PAST: Palaeontological Statistics software package for education and data analysis. Palaeontol Electronica [electronic resource] 4, pp 9. Harper KA, Macdonald SE, Burton PJ, Chen J, Brosofske KD, Sanders SC, Euskirchen ES, Roberts D, Esseen PA (2005) Edge influence on forest structure and composition in fragmented landscapes. Conservation Biology, 19: 768-782. Kapos V (1989) Effects of isolation on the water status of forest patches in the Brazilian Amazon. Journal of Tropical Ecology 5:173-185. Köppen W (1948) Climatologia. Buenos Aires ,Fondo de Cultura Econômica. Murcia C (1995) Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Tree 10: 58-62.