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As cores da natureza: utilização de corantes naturais no
tingimento de tecidos
Valéria Santos Santana1, Paula Gabriella Caxico de Abreu Souza1, Ana Paula Jasmin
Santana1, Ana Vitória dos Santos2
; Camila Stefane Alves de Melo2
; Camilly Bianca
Meneses Oliveira2
; Fabrício Melo Ramos2
; Gustavo de Oliveira Meneses2
; Joyceane
Neres Silva2
; Laryssa Oliveira Teles2
; Maria Gyslaine de Souza2
; Mariana Almeida de
Jesus2
; Raiany Bispo dos santos2
.
1
Professor do Colégio Estadual Leandro Maciel – Rosário do Catete– SE
2
Estudante do Colégio Estadual Leandro Maciel – Rosário do Catete– SE
Resumo. Os corantes naturais são conhecidos e utilizados no tingimento de tecidos há
muitos anos. Sabe-se que o seu uso foi substituído aos poucos pelos corantes
sintéticos, que são práticos, porém, altamente impactantes ao meio ambiente.
Portanto, o presente projeto foi desenvolvido a partir do uso de materiais simples e de
baixo custo onde corantes naturais foram extraídos e utilizados para tingir tecidos
utilizando vinagre e alúmen de potássio como mordentes. Os discentes utilizaram a
técnica de tie dye para tingir camisas e verificar a eficácia do produto.
1. Introdução
A arte de aplicar cor em tecidos é conhecida há muito tempo. No entanto, a
importância de corantes naturais na obtenção de cores em tecidos desapareceu desde o
advento dos corantes sintéticos, que teve como principais vantagens uma ampla gama de
cores e tonalidades (KANT, 2012). Os corantes sintéticos representam uma boa alternativa e
são viáveis comercialmente. Contudo, agridem o meio ambiente devido à poluição e
prejudicam a saúde humana, principalmente dos trabalhadores por causa dos seus efeitos
tóxicos. Já os corantes naturais derivados da flora e fauna são mais seguros porque são
atóxicos, não carcinogênicos e biodegradáveis, porém, o uso dos mesmos envolve uma série
de dificuldades, pois se apresentam sob diversas formas, reagem de modo diferente às
misturas alcalinas, aos ácidos e aos sais metálicos, resultando em nuances variadas. A
solubilidade também varia tanto na água como em soluções alcalinas ou ácidas.
Apesar de serem muito mais limitados do que os sintéticos, a cor de qualquer corante
natural pode ser facilmente reproduzida através da mistura de corantes sintéticos, mas o
inverso não é possível. Determinadas cores só são obtidas após várias tinturas. Na maioria
delas é necessário a utilização do mordente (que incluem metais pesados) para manter a cor
dos tecidos, pois a maioria deles não possui uma boa interação com a fibra e costumam
desbotar ao longo do tempo. Além disso, eles não são próprios para o tingimento de fibras
sintéticas, ao contrário do algodão que é um tecido mais fácil para os corantes naturais
aderirem. (MELLO, 2013) O tecido tinto tem coloração agradável, possui disponibilidade de
várias fontes naturais, tais como, insetos, fungos e minerais, apesar da reprodução da
tonalidade muitas vezes ser comprometida e apresentar, em muitos casos, baixo índice de
solidez da cor à lavagem (IBRAHIM et al., 2010). A mordentagem melhora a solidez da cor
dos tingimentos e desenvolve diferentes tons com o mesmo corante.
A extração e utilização de corantes naturais, tais como, café, urucum, repolho roxo, açafrão,
feijão preto e folha de couve, no tingimento de tecidos tem por finalidade aproximar os
conteúdos de sala de aula com o dia a dia do aluno, despertar o interesse e gosto pela pesquisa
nas disciplinas de Química, com o estudo dos elementos químicos presentes nas fórmulas dos
compostos naturais, propriedades químicas dos corantes extraídos e métodos de separação;
Artes com a técnica de Tie Dye para tingir camisas e Matemática com proporções de medidas
de volume, massa e temperatura.
2. Materiais e Métodos.
O presente projeto foi realizado por um grupo de 15 alunos da 1ª serie do Ensino Médio
Integral no Colégio Estadual Leandro Maciel do Município de Rosário do Catete-Se.
Para a extração dos corantes foram selecionados materiais fáceis de ser encontrados na
comunidade: beterraba, café, couve, cúrcuma, feijão preto, repolho roxo e urucum (açafroa).
Na extração dos corantes derivados das matérias primas selecionadas, adicionou-se uma
quantidade razoável de água em um recipiente e acrescentou-se o vegetal selecionado (tabela
1), levando-o ao fogo por 20 minutos. Passado esse tempo foi retirado do fogo e filtrado para
separar o extrato do vegetal. Neste momento, o mordente é adicionado ao extrato e misturado
até homogeneizar a solução.
Tabela 1: vegetais utilizados
Para verificar a eficácia do corante foram realizados tingimentos com mordentes diferentes,
alúmen de potássio e vinagre.
Os mordentes foram utilizados nas seguintes proporções: 10 gramas de alúmen de potássio
para cada 100 gramas de tecido e 50 ml de vinagre para cada 100 gramas de tecido. Neste
processo foi utilizado tecido 100% algodão.
O tecido a ser tingido foi deixado de molho por 10 minutos em água fria, (processo
importante para a melhor fixação do corante natural). Após este procedimento retirou-se o
tecido do molho, eliminou-se o excesso de água e acrescentou-o à solução (extrato e
mordente), levando-o ao fogo até observar a redução de água, mexendo sempre que
necessário, com um bastão de vidro para obter um tingimento homogêneo. Feito isso, retira-se
Vegetal Procedimento
Beterraba Em cubos
Café Em pó
Cúrcuma Em pó
Feijão preto Grãos
Folha de couve Em tiras
Repolho roxo Em tiras
Urucum Sementes
o recipiente do fogo deixando-a esfriar a temperatura ambiente. Em seguida, o tecido foi
lavado com bastante água para a retirada do excesso de corante e deixado para secar à sombra.
3. Resultados e discursões.
O extrato de urucum (açafroa) apresentou boa extração. As amostras tingidas com os
mordentes: vinagre e alúmen de potássio tiveram uma boa fixação da cor obtendo um tom
alaranjado, devido à presença da bixina, no entanto a coloração obtida com o mordente
vinagre é mais vibrante. (figura 1).
No tingimento com o extrato da beterraba observamos tonalidades diferentes frente aos dois
mordentes. Na presença do vinagre observamos a coloração rosa intenso que desprende com
facilidade na lavagem, já na presença do alúmen apresentou melhor solidez observando um
tom rosado. As cores características da beterraba conferem as betaninas.(figura 2).
Figura 1: Amostra de tingimento com
extrato açafroa utilizando os mordentes
vinagre e alúmen, respectivamente.
Figura 2: Amostra de tingimento com extrato
beterraba utilizando os mordentes vinagre e
alúmen, respectivamente.
O tingimento com café resultou em tons de marrom sólido, tanto para o vinagre quanto para o
alúmen, porém houve uma melhor fixação da cor com o alúmen. (figura 4).
Observou-se que o corante da cúrcuma foi extraído com facilidade. O tingimento do tecido foi
muito eficiente com os mordentes utilizados, revelando um tom amarelado, característica da
curcumina. Quanto ao mordente, o vinagre revelou um tom amarelo intenso, entretanto, o
alúmen apresentou melhor solidez (figura 5).
Figura 3: Amostra de tingimento com
extrato de café utilizando os mordentes
vinagre e alúmen, respectivamente.
Figura 4: Amostra de tingimento com extrato
de cúrcuma utilizando os mordentes vinagre e
alúmen, respectivamente.
As amostras tingidas com extrato de feijão preto resultaram em tons de azul a lilás,
característica das antocianinas. Com o mordente vinagre, o corante se desprende com
facilidade revelando a cor lilás. Já na presença do alúmen, observou-se solidez, desprendendo
pouco corante na lavagem revelando a cor azul (figura 5).
No tingimento com o extrato da couve obtivemos o tom amarelo claro para os dois mordentes,
porém, o alúmen de potássio revelou um amarelo mais intenso. (figura 6).
Figura 5: Amostra de tingimento com
extrato de feijão preto utilizando os
mordentes vinagre e alúmen,
respectivamente.
Figura 6: Amostra de tingimento com
extrato da couve utilizando os mordentes
vinagre e alúmen, respectivamente.
O extrato de repolho roxo apresentou cores distintas frente aos mordentes utilizados, sendo as
antocianinas, substâncias presentes nesses vegetais, as responsáveis pela mudança da cor na
presença de ácidos de bases. No mordente vinagre, os tecidos tingidos revelaram tons de rosa
a lilás (figura 7), pois possui caráter ácido. Já o alúmen de potássio, por ser um sal, revelou
tons de azul. (figura 8).
Figura 7: Amostra de tingimento com
repolho utilizando o mordente vinagre.
Figura 8: Amostra de tingimento com
repolho utilizando o mordente alúmen.
4. Conclusão
Tendo em vista os aspectos observados no presente estudo, pode-se concluir que tecidos de
algodão podem ser facilmente tintos com o corante natural, utilizando-se ainda, como agentes
fixadores da cor, produtos de baixo impacto na natureza. O uso de vinagre como mordente
nas amostras tintas com cúrcuma, urucum e beterraba proporcionou cores mais vibrantes. Já
com o alúmen de potássio foram observadas cores foscas e melhor solidez. As antocianina,
presente no repolho roxo, confere diferentes tonalidades de cor, de acordo com as condições
intrínseca, como pH. A tonalidade da cor depende muito da quantidade de vegetal utilizada,
pois quanto mais concentrado o extrato obtido maior é a intensidade. O objetivo é dar
continuidade ao trabalho, permitindo que os discentes relacionem os experimentos com a
estrutura química dos materiais, aprofundando o conhecimento sobre o comportamento
químico dos corantes, em diferentes pH e mordentes, colaborando com metas sustentáveis
para o futuro.
4. Referências
DAMASCENO, S. M. B.; SILVA, F. T. F.; FRANCISCO, A. C., Sustentabilidade Do
Processo De Tingimento Do Tecido De Algodão Orgânico. Disponível Em:<
Http://Www.Pg.Utfpr.Edu.Br/Dirppg/Ppgep/Ebook/2010/Congressos/Enegep/20.Pdf> Acesso
em: 15 de agosto de 2018.
MELLO, L.M.R. Vitivinicultura brasileira: Panorama 2012 (Comunicado Técnico). 2013.
Vol. 137. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/%20publica/comunicado/#a2013>
Acesso em: 17 de setembro 2018
IBRAHIM, N. A. et al. A new approach for natural dyeing and functional finishing of cotton
cellulose. Carbohydrate Polymers, v. 82, n. 4, p. 1205–1211, nov. 2010.
KANT, RITA. Textile dyeing industry an environmental hazard. Natural Science, v. 4, n. 1, p.
22–26, 2012.

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  • 1. As cores da natureza: utilização de corantes naturais no tingimento de tecidos Valéria Santos Santana1, Paula Gabriella Caxico de Abreu Souza1, Ana Paula Jasmin Santana1, Ana Vitória dos Santos2 ; Camila Stefane Alves de Melo2 ; Camilly Bianca Meneses Oliveira2 ; Fabrício Melo Ramos2 ; Gustavo de Oliveira Meneses2 ; Joyceane Neres Silva2 ; Laryssa Oliveira Teles2 ; Maria Gyslaine de Souza2 ; Mariana Almeida de Jesus2 ; Raiany Bispo dos santos2 . 1 Professor do Colégio Estadual Leandro Maciel – Rosário do Catete– SE 2 Estudante do Colégio Estadual Leandro Maciel – Rosário do Catete– SE Resumo. Os corantes naturais são conhecidos e utilizados no tingimento de tecidos há muitos anos. Sabe-se que o seu uso foi substituído aos poucos pelos corantes sintéticos, que são práticos, porém, altamente impactantes ao meio ambiente. Portanto, o presente projeto foi desenvolvido a partir do uso de materiais simples e de baixo custo onde corantes naturais foram extraídos e utilizados para tingir tecidos utilizando vinagre e alúmen de potássio como mordentes. Os discentes utilizaram a técnica de tie dye para tingir camisas e verificar a eficácia do produto. 1. Introdução A arte de aplicar cor em tecidos é conhecida há muito tempo. No entanto, a importância de corantes naturais na obtenção de cores em tecidos desapareceu desde o advento dos corantes sintéticos, que teve como principais vantagens uma ampla gama de cores e tonalidades (KANT, 2012). Os corantes sintéticos representam uma boa alternativa e são viáveis comercialmente. Contudo, agridem o meio ambiente devido à poluição e prejudicam a saúde humana, principalmente dos trabalhadores por causa dos seus efeitos tóxicos. Já os corantes naturais derivados da flora e fauna são mais seguros porque são atóxicos, não carcinogênicos e biodegradáveis, porém, o uso dos mesmos envolve uma série de dificuldades, pois se apresentam sob diversas formas, reagem de modo diferente às misturas alcalinas, aos ácidos e aos sais metálicos, resultando em nuances variadas. A solubilidade também varia tanto na água como em soluções alcalinas ou ácidas. Apesar de serem muito mais limitados do que os sintéticos, a cor de qualquer corante natural pode ser facilmente reproduzida através da mistura de corantes sintéticos, mas o inverso não é possível. Determinadas cores só são obtidas após várias tinturas. Na maioria delas é necessário a utilização do mordente (que incluem metais pesados) para manter a cor dos tecidos, pois a maioria deles não possui uma boa interação com a fibra e costumam desbotar ao longo do tempo. Além disso, eles não são próprios para o tingimento de fibras sintéticas, ao contrário do algodão que é um tecido mais fácil para os corantes naturais aderirem. (MELLO, 2013) O tecido tinto tem coloração agradável, possui disponibilidade de várias fontes naturais, tais como, insetos, fungos e minerais, apesar da reprodução da
  • 2. tonalidade muitas vezes ser comprometida e apresentar, em muitos casos, baixo índice de solidez da cor à lavagem (IBRAHIM et al., 2010). A mordentagem melhora a solidez da cor dos tingimentos e desenvolve diferentes tons com o mesmo corante. A extração e utilização de corantes naturais, tais como, café, urucum, repolho roxo, açafrão, feijão preto e folha de couve, no tingimento de tecidos tem por finalidade aproximar os conteúdos de sala de aula com o dia a dia do aluno, despertar o interesse e gosto pela pesquisa nas disciplinas de Química, com o estudo dos elementos químicos presentes nas fórmulas dos compostos naturais, propriedades químicas dos corantes extraídos e métodos de separação; Artes com a técnica de Tie Dye para tingir camisas e Matemática com proporções de medidas de volume, massa e temperatura. 2. Materiais e Métodos. O presente projeto foi realizado por um grupo de 15 alunos da 1ª serie do Ensino Médio Integral no Colégio Estadual Leandro Maciel do Município de Rosário do Catete-Se. Para a extração dos corantes foram selecionados materiais fáceis de ser encontrados na comunidade: beterraba, café, couve, cúrcuma, feijão preto, repolho roxo e urucum (açafroa). Na extração dos corantes derivados das matérias primas selecionadas, adicionou-se uma quantidade razoável de água em um recipiente e acrescentou-se o vegetal selecionado (tabela 1), levando-o ao fogo por 20 minutos. Passado esse tempo foi retirado do fogo e filtrado para separar o extrato do vegetal. Neste momento, o mordente é adicionado ao extrato e misturado até homogeneizar a solução. Tabela 1: vegetais utilizados Para verificar a eficácia do corante foram realizados tingimentos com mordentes diferentes, alúmen de potássio e vinagre. Os mordentes foram utilizados nas seguintes proporções: 10 gramas de alúmen de potássio para cada 100 gramas de tecido e 50 ml de vinagre para cada 100 gramas de tecido. Neste processo foi utilizado tecido 100% algodão. O tecido a ser tingido foi deixado de molho por 10 minutos em água fria, (processo importante para a melhor fixação do corante natural). Após este procedimento retirou-se o tecido do molho, eliminou-se o excesso de água e acrescentou-o à solução (extrato e mordente), levando-o ao fogo até observar a redução de água, mexendo sempre que necessário, com um bastão de vidro para obter um tingimento homogêneo. Feito isso, retira-se Vegetal Procedimento Beterraba Em cubos Café Em pó Cúrcuma Em pó Feijão preto Grãos Folha de couve Em tiras Repolho roxo Em tiras Urucum Sementes
  • 3. o recipiente do fogo deixando-a esfriar a temperatura ambiente. Em seguida, o tecido foi lavado com bastante água para a retirada do excesso de corante e deixado para secar à sombra. 3. Resultados e discursões. O extrato de urucum (açafroa) apresentou boa extração. As amostras tingidas com os mordentes: vinagre e alúmen de potássio tiveram uma boa fixação da cor obtendo um tom alaranjado, devido à presença da bixina, no entanto a coloração obtida com o mordente vinagre é mais vibrante. (figura 1). No tingimento com o extrato da beterraba observamos tonalidades diferentes frente aos dois mordentes. Na presença do vinagre observamos a coloração rosa intenso que desprende com facilidade na lavagem, já na presença do alúmen apresentou melhor solidez observando um tom rosado. As cores características da beterraba conferem as betaninas.(figura 2). Figura 1: Amostra de tingimento com extrato açafroa utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. Figura 2: Amostra de tingimento com extrato beterraba utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. O tingimento com café resultou em tons de marrom sólido, tanto para o vinagre quanto para o alúmen, porém houve uma melhor fixação da cor com o alúmen. (figura 4). Observou-se que o corante da cúrcuma foi extraído com facilidade. O tingimento do tecido foi muito eficiente com os mordentes utilizados, revelando um tom amarelado, característica da curcumina. Quanto ao mordente, o vinagre revelou um tom amarelo intenso, entretanto, o alúmen apresentou melhor solidez (figura 5). Figura 3: Amostra de tingimento com extrato de café utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. Figura 4: Amostra de tingimento com extrato de cúrcuma utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. As amostras tingidas com extrato de feijão preto resultaram em tons de azul a lilás, característica das antocianinas. Com o mordente vinagre, o corante se desprende com facilidade revelando a cor lilás. Já na presença do alúmen, observou-se solidez, desprendendo pouco corante na lavagem revelando a cor azul (figura 5).
  • 4. No tingimento com o extrato da couve obtivemos o tom amarelo claro para os dois mordentes, porém, o alúmen de potássio revelou um amarelo mais intenso. (figura 6). Figura 5: Amostra de tingimento com extrato de feijão preto utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. Figura 6: Amostra de tingimento com extrato da couve utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. O extrato de repolho roxo apresentou cores distintas frente aos mordentes utilizados, sendo as antocianinas, substâncias presentes nesses vegetais, as responsáveis pela mudança da cor na presença de ácidos de bases. No mordente vinagre, os tecidos tingidos revelaram tons de rosa a lilás (figura 7), pois possui caráter ácido. Já o alúmen de potássio, por ser um sal, revelou tons de azul. (figura 8). Figura 7: Amostra de tingimento com repolho utilizando o mordente vinagre. Figura 8: Amostra de tingimento com repolho utilizando o mordente alúmen. 4. Conclusão Tendo em vista os aspectos observados no presente estudo, pode-se concluir que tecidos de algodão podem ser facilmente tintos com o corante natural, utilizando-se ainda, como agentes fixadores da cor, produtos de baixo impacto na natureza. O uso de vinagre como mordente nas amostras tintas com cúrcuma, urucum e beterraba proporcionou cores mais vibrantes. Já com o alúmen de potássio foram observadas cores foscas e melhor solidez. As antocianina, presente no repolho roxo, confere diferentes tonalidades de cor, de acordo com as condições intrínseca, como pH. A tonalidade da cor depende muito da quantidade de vegetal utilizada, pois quanto mais concentrado o extrato obtido maior é a intensidade. O objetivo é dar continuidade ao trabalho, permitindo que os discentes relacionem os experimentos com a estrutura química dos materiais, aprofundando o conhecimento sobre o comportamento químico dos corantes, em diferentes pH e mordentes, colaborando com metas sustentáveis para o futuro. 4. Referências DAMASCENO, S. M. B.; SILVA, F. T. F.; FRANCISCO, A. C., Sustentabilidade Do Processo De Tingimento Do Tecido De Algodão Orgânico. Disponível Em:<
  • 5. Http://Www.Pg.Utfpr.Edu.Br/Dirppg/Ppgep/Ebook/2010/Congressos/Enegep/20.Pdf> Acesso em: 15 de agosto de 2018. MELLO, L.M.R. Vitivinicultura brasileira: Panorama 2012 (Comunicado Técnico). 2013. Vol. 137. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/%20publica/comunicado/#a2013> Acesso em: 17 de setembro 2018 IBRAHIM, N. A. et al. A new approach for natural dyeing and functional finishing of cotton cellulose. Carbohydrate Polymers, v. 82, n. 4, p. 1205–1211, nov. 2010. KANT, RITA. Textile dyeing industry an environmental hazard. Natural Science, v. 4, n. 1, p. 22–26, 2012.