O documento discute conceitos fundamentais de ergonomia e anatomia humana. Aborda os cinco passos da Análise Ergonômica do Trabalho, incluindo a análise da demanda, tarefa, atividade, diagnóstico e recomendações. Também explica a estrutura e funcionamento do sistema nervoso, músculos, coluna vertebral, visão e metabolismo humanos.
1. ERGONOMIA
Priscila Maria Barbosa Gadelha
Engenheira de Produção Mecânica
Mestra em Logística e Pesquisa Operacional
priscila.mbg@gmail.com
2. ERGONOMIA
• Análise ergonômica do trabalho (AET)
Visa aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir urna situação real
de trabalho. O método AET desdobra-se em cinco etapas:
• Análise da demanda
• Análise da tarefa
• Análise da atividade
• Diagnóstico
• Recomendações
3. ERGONOMIA
Análise da demanda
• Demanda é a descrição de um problema ou urna situação problemática.
• Procura entender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados.
• Delimitar o problema, além de definir outros aspectos, como prazos e custos para a apresentação da
solução
4. ERGONOMIA
Análise da tarefa
• Tarefa é um conjunto de objetivos prescritos, que os trabalhadores
devem cumprir.
• Corresponde a um planejamento do trabalho e pode estar contida
em documentos formais, como a descrição de cargos ou
informalmente são as expectativas gerenciais.
• Esta análise verifica as discrepâncias entre aquilo que é prescrito e o que é executado.
• Os controles gerenciais também não podem basear-se apenas nas tarefas prescritas.
5. ERGONOMIA
Análise da atividade
• Atividade refere-se ao comportamento do trabalhador, na
realização de uma tarefa.
• A maneira como o trabalhador procede para alcançar os objetivos
que lhe foram atribuídos.
• Processo de adaptação e regulação entre os vários fatores envolvidos no trabalho.
6. ERGONOMIA
Análise da atividade
• A atividade é influenciada por fatores internos e externos:
• Fatores internos: localizam-se no próprio trabalhador e são caracterizados pela sua formação, experiência,
idade, sexo, sua disposição momentânea, como motivação, vigilância, sono e fadiga.
• Fatores externos: referem-se às condições em que a atividade é executada.
Classificam-se em três tipos principais: conteúdo do trabalho (objetivos, regras e normas); organização do
trabalho (constituição de equipes, horários, turnos); e meios técnicos (máquinas, equipamentos, arranjo e
dimensionamento do posto de trabalho, iluminamento, ambiente térmico)
8. ERGONOMIA
Diagnóstico
• O diagnóstico procura descobrir as causas que provocam o problema descrito na demanda
• Relaciona-se aos diversos fatores, relacionados ao trabalho e à empresa, que influem na atividade de
trabalho, exemplo:
• Absenteísmos podem ser provocados por gases tóxicos que causam doenças respiratórias.
• Rotatividade pode ser devido ao treinamento insuficiente ou elevada carga de estresse no ambiente.
• Acidentes podem ser causados por pisos escorregadios, sinalizações mal interpretadas e manutenção
deficiente das máquinas.
9. ERGONOMIA
Recomendações
• As recomendações referem-se às providências que deverão ser tomadas para resolver o problema
diagnosticado.
• Devem ser claramente especificadas, descrevendo-se todas as etapas necessárias para resolver o
problema.
• Devem indicar as responsabilidades.
10. ERGONOMIA
Conceitos importantes na elaboração de uma AET
• Cargo (job) é o conjunto de tarefas ou atribuições e responsabilidades a serem exercidas regularmente
por uma pessoa.
• Tarefa (task) geralmente refere-se ao conjunto de atribuições de um cargo.
• Atividade ou Ação é aquilo que o ocupante desse cargo realiza no exercício de sua função.
Tarefa x Atividade:
Embora a AET faça uma diferença conceitual entre tarefa e atividade, na prática, eles podem ter o mesmo
significado.
No entanto, a atividade corresponde a um nível mais detalhado da tarefa.
11. ERGONOMIA
Conceitos importantes na elaboração de uma AET
• Cargo: pedreiro
• Tarefas: construir parede de alvenaria; rebocar parede; assentar azulejos.
• Atividades ou Ações: colocar argamassa; apanhar tijolo; posicionar tijolo; nivelar tijolo; verificar
alinhamento; retirar excesso de argamassa.
13. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Sistema nervoso
• O sistema nervoso é constituído de células nervosas ou neurônios, que são caracterizadas por
irritabilidade (sensibilidade a estímulos) e condutibilidade (condução de sinais elétricos).
• Os sinais são representados pelos impulsos elétricos que se propagam ao longo das fibras nervosas.
• os sinais produzidos por algum estímulo (luz, som, tato, temperatura, acelerações, agentes químicos,
movimentos das articulações) são conduzidos até o sistema nervoso central, onde é interpretado e
processado, gerando uma decisão.
14. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Sinapses
• Conexão entre as células nervosas para formar uma cadeia de transmissão de sinais.
15. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Propriedades da Sinapse:
• Sentido único - Os sinais são sempre conduzidos em um só sentido, entrando pelas dendrites e saindo
pelo axônio. Uma célula pode receber sinais de várias outras, entrando pelas suas dentrites, mas só pode
transmitir para uma única (só tem um axônio).
• Fadiga - Quando utilizadas com muita frequência, as sinapses reduzem a sua capacidade de
transmissão. Estima-se que cada ligação sináptica tenha capacidade de transmitir 10.000 sinais, que
podem esgotar-se em poucos segundos.
16. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Propriedades da Sinapse:
• Efeito residual – Quando o mesmo estímulo repete-se rapidamente, um após o outro, no mesmo canal,
o segundo transmite-se mais facilmente que o primeiro, fazendo supor que os neurônios são capazes de
armazenar informações por alguns minutos, ou por horas, em alguns casos.
• Desenvolvimento – A estimulação repetida e prolongada durante vários dias pode levar a uma
alteração física da sinapse, de modo que ela passa a ser estimulada com mais facilidade. Acredita-se que
isso seja responsável pela memória e a aprendizagem.
17. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Propriedades da Sinapse:
• Acidez – Um aumento do teor alcalino no sangue aumenta a excitabilidade, enquanto o aumento da
acidez tende a diminuir consideravelmente a atividade neuronal.
Por exemplo, a cafeína ajuda a aumentar a excitabilidade neuronal, enquanto os anestésicos a diminuem.
18. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Músculos
Transformam a energia química armazenada no corpo em contrações e, portanto, em movimentos. Isso é
feito pela oxidação de gorduras e hidratos de carbono, numa reação química exotérmica, resultando em
trabalho e calor.
Os músculos do corpo humano classificam-se em três tipos: músculos lisos; músculos do coração; e
músculos estriados ou esqueléticos.
19. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Músculos
Os músculos lisos encontram-se nas paredes dos intestinos, nos vasos sanguíneos, na bexiga, no aparelho
respiratório e em outras vísceras.
Os músculos do coração são diferentes de todos os outros.
Os músculos lisos e do coração não podem ser comandados voluntariamente.
Os músculos estriados estão sob o controle consciente e é através deles que o organismo realiza trabalhos
externos. Portanto, apenas o estudo destes é importante para a ergonomia.
20. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Estrutura microscópica do músculo estriado
• Os músculos estriados são assim chamados porque apresentam estrias, em sua visão microscópica. São
formados de fibras longas e cilíndricas.
• As fibras compõe-se de centenas de elementos delgados paralelos entre si e muito uniformes,
chamados de miofibrilas.
• As miofibrilas, vistas em um microscópio eletrônico com 150.000 vezes de aumento, apresentam
segmentos funcionalmente completos, chamados de sarcômeros.
22. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Estrutura microscópica do músculo estriado
• Os sarcômeros são constituídos de dois tipos de filamentos
de proteínas: um filamento mais grosso, chamado de
miosina e outro mais delgado, que é actina.
É a alternância desses filamentos que produz a imagem de
estrias, quando é vista no microscópio.
23. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Contração Muscular
• Os filamentos de actina deslizam-se para dentro dos
filamentos de miosina.
• Potência máxima de um músculo situa-se entre 3 a 4
kg/cm2 de sua seção.
• As mulheres possuem uma musculatura mais fina que os
homens, assim sua potencia máxima é 70% em relação aos
homens.
24. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Irrigação Sanguínea
• Cada músculo recebe suprimento de oxigênio, glicogênio e
outras substâncias, pelo sistema circulatório.
• Quando um músculo se contrai estrangula as paredes dos
capilares, e o sangue deixa de circular, causando
rapidamente a fadiga muscular.
• A circulação é restabelecida com o relaxamento do
músculo.
25. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Fadiga Muscular
• Fadiga muscular é a redução da força,
provocada pela deficiência da irrigação
sanguínea do músculo.
26. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Aplicação da força
Da maneira análoga às alavancas mecânicas, o corpo trabalha com
três tipos de alavancas, que dependem das posições relativas de
aplicação da força, resistência e apoio.
Alavanca Interfixa: O apoio situa-se entre a força e a resistência.
Um exemplo típico é o tríceps. Esse tipo de alavanca é o mais
adequado para transmitir grande velocidade com pouca força.
27. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Aplicação da força
Alavanca interpotente: A força é aplicada entre o ponto de apoio e
a resistência.
É o caso do bíceps. Esse tipo de alavanca é um dos mais comuns no
corpo. Os músculos inserem-se próximos à articulação e facilitam a
realização de movimentos rápidos e amplos, embora com sacrifício
da força.
28. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Aplicação da força
Alavanca inter-resistente - A resistência situa-se entre o ponto de
apoio e a força.
É o caso dos músculos da face posterior da perna, que se ligam ao
calcanhar e permitem suspender o corpo na ponta dos pés. Esse
tipo de alavanca sacrifica a velocidade para ganhar força.
29. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Coluna Vertebral
A coluna vertebral é uma estrutura óssea constituída de 33
vértebras empilhadas, uma sobre as outras.
• 7 vértebras se localizam no pescoço e se chamam cervicais;
• 12 estão na região do tórax e se chamam torácicas ou dorsais;
• 5 estão na região no abdômen e se chamam lombares;
• 5 estão fundidas e formam o sacro;
• 4 da extremidade inferior são pouco desenvolvidas e constituem o cóccix.
30. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Deformações da Coluna Vertebral
Lordose: Corresponde a um aumento da concavidade posterior da
curvatura na região cervical ou lombar, acompanhado por uma
inclinação dos quadris para frente.
Cifose: É o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para
frente na região torácica, correspondendo ao corcunda.
Escoliose: É um desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente
ou de costas, pende para um dos lados.
31. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Metabolismo
Metabolismo é o estudo dos aspectos energéticos do organismo humano.
Metabolismo Basal: Uma pessoa mesmo em estado de repouso absoluto, consome uma
certa quantidade de energia para o funcionamento de órgãos.
Gastos Médios:
Empregados de escritório: 2 500 kcal/dia. Motorista: 2 800 kcal/dia
Operário executando um trabalho leve: 3 000 kcal/dia. Trabalhadores industriais: entre 2 800 e 4 000 kcal/dia.
Estivadores: 4 500 kcal/dia (esta marca é considerada a máxima exigível, a longo prazo, sem comprometer a saúde).
32. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Metabolismo
Com relação às diferenças entre mulheres e homens, os últimos gastam cerca de 20% a mais
para executar tarefas idênticas
Os aprendizes também gastam mais energia que os trabalhadores experientes.
Os trabalhadores ·experientes aprendem a fazer movimentos que economizam energia,
além de cometerem menos erros.
33. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Metabolismo
Rendimento e Nutrição:
Uma pessoa que precise de 3 600 kcal/dia para um rendimento de 100%, terá esse
rendimento reduzido para 60% se ingerir 2 800 kcal (22% a menos).
Já uma outra pessoa que precisaria de 2 400 kcal/dia para rendimento de 100%, terá esse
mesmo rendimento reduzido a 60% com 2 200 kcal/dia (8% a menos).
34. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Visão
O olho é uma esfera revestida por uma membrana e cheio de líquido, cuja estrutura
assemelha-se a uma câmara fotográfica.
A luz passa através da pupila, que é uma abertura da íris, chega até o cristalino, que é a
lente do olho (que tem seu foco ajustado pela musculatura ciliar). No fundo do olho fica
a retina, que ficam as células fotossensíveis.
Processo de adaptação à claridade: de um a dois minutos.
Adaptação à penumbra: até meia hora.
35. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Visão
Acuidade visual: é a capacidade visual para discriminar pequenos detalhes. Ela depende
de muitos fatores, sendo que os dois mais importantes são o iluminamento e o tempo
de exposição.
Acomodação: é a capacidade de cada olho em focalizar objetos a várias distâncias.
Torna-se possível pela mudança da forma do cristalino.
Convergência: é a capacidade dos dois olhos se moverem coordenadamente, para
focalizar o mesmo objeto.
36. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Visão
Movimentos Sacádicos: Durante a leitura ou exame detalhado de diferentes partes de
um objeto, o olho não se movimenta continuamente, mas aos "pulos", de uma fixação
para outra.
As tarefas visuais, como as inspeções na indústria, são feitas em sucessivos movimentos
sacádicos. Se for necessário inspecionar mais de 4 pontos por segundo, os erros
tenderão a aumentar.
37. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Audição
A função do ouvido é captar e converter as ondas de pressão do ar em sinais elétricos,
que são transmitidas ao cérebro para produzir as sensações sonoras.
O ouvido externo é constituído do pavilhão auditivo (orelha) e do conduto auditivo
externo, que termina na membrana do tímpano. As ondas sonoras provocam vibrações
nessa membrana.
No ouvido médio, o som se transmite através de três ossículos que captam as vibrações
do tímpano e as transmitem a uma outra membrana fina.
38. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Audição
As vibrações sonoras que chegam do ouvido interno convertem-se em pressões
hidráulicas dentro de um órgão chamado cóclea, existem células sensíveis que captam
as diferenças de pressão e as transformam em sinais elétricos.
Um som é caracterizado por três variáveis: frequência, intensidade e duração.
Frequência: é o número de vibrações por segundo e é expressa em hertz (Hz). Sons de
baixa frequência (abaixo de 1 000 Hz) são chamados de graves e aqueles de alta
frequência (acima de 3 000 Hz), de agudos.
39. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Audição
Intensidade: depende da energia das oscilações e é definida em termos de potência por
unidade de área. Convencionou-se medi-las por uma unidade logarítmica chamada
decibel (dB). O ouvido humano é capaz de perceber sons de 20 a 140 dB.
Duração: é medida em segundos. Os sons de curta duração (menos de 0,1 s) dificultam
a percepção e aparentam ser diferentes daqueles de longa duração e acima de 1 s).
As percepções da posição vertical e acelerações do corpo são feitas pelos receptores vestibulares,
que ficam localizados no ouvido interno, mas não tem ligação com o mecanismo de audição.
40. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Outros Sentidos
Do ponto de vista fisiológico, olfato e paladar estão relacionados entre si. O
sabor de um alimento resulta, por exemplo, da combinação do seu cheiro e
paladar.
Os seres humanos são capazes de detectar entre 2 000 a 4 000 odores
diferentes. Por outro lado, apresentam pouca sensibilidade na discriminação
entre diferentes concentrações de odor.
41. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Outros Sentidos
O senso cinestésico fornece informações sobre movimentos de partes do
corpo, sem necessidade de acompanhamento visual.
é importante no trabalho, pois muitos movimentos dos pés e mãos devem ser
feitos sem acompanhamento visual.
42. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Interação entre os órgãos dos sentidos
• ruídos intensos perturbam a concentração e o desempenho visual.
• Paredes avermelhadas provocam sensação de calor.
• o efeito de dois ou mais estímulos não se somam, linearmente.
43. ERGONOMIA
O Organismo Humano
• Questionamentos
• O que se entende por metabolismo basal?
• Por que a subnutrição de um povo é anti-econômica?
• Qual é a importância do senso cinestésico para o trabalho?
• Descreva algum tipo de tarefa que você costuma realizar com frequência. Analise as principais
exigências físicas dessa tarefa, em temos musculares, energéticas e perceptuais.