SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 51
Baixar para ler offline
9 788577 171316
ISBN 857717131-0
ISBN 978-85-7717-131-6
FETICVERGS
FETICVERGS
Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil
2011
FETICVERGS
©Feevale – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou
por qualquer meio. A violação dos direitos do autor (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Campus I: Av. Dr. Maurício Cardoso, 510 – CEP 93510-250 – Hamburgo Velho – Novo Hamburgo – RS
Campus II: RS 239, 2755 – CEP 93352-000 – Vila Nova – Novo Hamburgo – RS
Fone: (51) 3586.8800 – Homepage: www.feevale.br
Universidade Feevale
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Inajara Vargas Ramos
EDITORA FEEVALE
Coordenador: Celso Eduardo Stark
Analista de Editoração: Maurício Barth
Auxiliar de Editoração: Gislaine A. M. Monteiro
Rafael de Ávila
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Celso Eduardo Stark
REVISÃO TEXTUAL
Lovani Volmer
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Universidade Feevale – RS/Brasil
4
Bibliotecário Responsável: Susana Fernandes Pfarrius Ladeira - CRB 10/1484
Cartilha de ergonomia na indústria calçadista: diretrizes para segurança e saúde do
trabalhador / ABICALÇADOS ; FETICVERGS; Ministério do Trabalho e Emprego. – Novo
Hamburgo: Feevale, 2011.
96 p. ; il. ; 21 cm.
Inclui anexo e bibliografia.
ISBN 978-85-7717-131-6
1. Trabalhadores – Saúde e higiene. 2. Promoção da saúde dos empregados. 3.
Ergonomia – Indústria calçadista. I. Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. II.
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul.
CDU 331.45
Mais Qualidade de Vida para as Pessoas.
Mais Produtividade para as Empresas.
5
FETICVERGS
6
Agradecimentos
Angela Machado
Débora Cristina Bühler
Enio Klein
Eurico Döhr
Gisele Garcez
Jacinta Sidegum Renner
João Nadir Pires
Lázaro Reinaldi
Luiz Fernando Osório Junior
Paulo Antonio Barros Oliveira
Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo
Renan José Machado de Souza
A. Grings S A - Piccadilly
Paquetá Calçados Ltda
Universidade Feevale
Colaboradores
Caroline Monalisa Santos
Elisabete Böes
Kelli Prado
Rogério Gustavo Dreyer
7
8
À
exemplo da Cartilha de Segurança de Máquinas e
Equipamentos da Indústria de Calçados, lançada em
outubro do ano passado, em parceria com a
ABRAMEQ, Federação dos Trabalhadores na Indústria do
Calçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul e
Ministério do Trabalho e Emprego, a Cartilha de Ergonomia é
um novo marco no tratamento deste assunto importante: a
segurança e a saúde do trabalhador.
Após um exaustivo trabalho do grupo montado pela
ABICALÇADOS para discutir aspectos ergonômicos,
formatou-se um início de lapidação da obra.
Com a instituição da Comissão Tripartite Paritária, a obra
tomou o formato que estamos apresentando hoje, fruto
igualmente de exaustivas reuniões de debate e discussão de
seu conteúdo.
A filosofia da Comissão Tripartite foi despir-se de
tendências que desvirtuassem o conteúdo da cartilha. O norte
sempre foi o atendimento da produtividade dentro de limites
que assegurassem o bem-estar, a realização profissional, o
chamamento à responsabilidade de ambas as partes
(empregadores e empregados) e a proximidade maior possível
daquilo que tecnicamente se considere o ideal.
Enfim, fruto deste trabalho e deste comportamento ético,
entrega-se ao público esta Cartilha de Ergonomia na Indústria
do Calçados, com o primado de que sirva como base sólida na
consecução dos objetivos que justificaram a sua confecção.
9
10
A
preocupação com a saúde dos trabalhadores é que
levou a nossa Federação a participar desde o início
deste trabalho. Daí a importância da Ergonomia, que
representa um esforço de detectar possíveis riscos à saúde do
trabalhador e buscar soluções.
A ergonomia trata das relações entre a máquina e o
homem dentro de seu ambiente de trabalho, tendo como
finalidade o bem-estar, a saúde e o bom rendimento do
trabalhador. Desta forma, uma cartilha que aborde o tema
serve de base de sustentação para que o trabalhador conheça
um pouco mais os problemas que pode enfrentar e onde
buscar auxílio.
A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado
e do Vestuário do Rio Grande do Sul (Feticvergs), que
congrega 23 sindicatos espalhados pelo Estado, entende a
importância da prevenção da saúde do trabalhador, pois dela
depende o desenvolvimento financeiro gaúcho. Apoiar uma
publicação como esta faz parte da luta empreendida pela
Feticvergs.
11
FETICVERGS
12
APRESENTAÇÃO
expressão ergonomia, derivada do grego (trabalho) e
(regras/leis naturais), aparece em artigo científico em
1857. Contudo, somente com a fundação na Inglaterra da
, no início da década de 1950,
passou a ser conhecida mundialmente.
A Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943, de forma
intuitiva já adotava preceitos ergonômicos quando referia que
para se evitar a fadiga era obrigatória a disposição de assentos
ajustáveis à altura do indivíduo e função exercida.
Com a edição da Portaria 3.214/78 regulamentando a
seção relativa à prevenção da fadiga surge a Norma
Regulamentadora 17 – Ergonomia, contemplando
disposições para levantamento, transporte e descarga de
materiais, utilização de bancadas e mesas, escrivaninhas,
painéis e assentos ajustáveis. Em 1990 tal Norma sofreu
alteração inovando ao não restringir a ergonomia à postura e
mobiliário, incluindo questões relacionadas à organização do
trabalho no processo de adaptação da atividade laboral.
A indústria calçadista, por seu caráter manufatureiro, tem
potencial significativo para o surgimento de doenças
osteomusculares, sendo que a partir de meados dos anos 90,
com a adoção parcial e mal adaptada de um sistema de
produção japonês, implementou procedimentos inadequados
em relação à postura de trabalho dos empregados.
A partir de 1998, quando da lotação de Auditores-Fiscais
da área de Saúde e Segurança do Trabalho na Gerência
Regional do Trabalho e Emprego de Novo Hamburgo, o tema
ergonomia se mostrou recorrente, quer em ações fiscais de
rotinas, quer em atividades educativa-preventivas,
materializadas nas Campanhas Nacionais de Prevenção de
ergo
nomos
Ergonomics Research Society
A
13
Acidentes do Trabalho (CANPATs) e Seminários, além de outros
projetos.
Decorrida mais de uma década foram retomados os
contatos com representantes dos empregadores e dos
trabalhadores da indústria calçadista, resultando na
constituição da “Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na
Indústria calçadista”.
Como resultado deste trabalho, após diversas reuniões
técnicas, foi produzida a presente Cartilha, com intuito de
orientar boas práticas ergonômicas, focando especialmente as
posturas recomendadas considerando as atividades
peculiares da produção. Além disso, aborda assuntos
relacionados ao mobiliário dos postos de trabalho,
levantamento, transporte e descarga individual de materiais,
condições ambientais e organização do trabalho, sem a
pretensão de exaurir o assunto.
Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araujo
Auditor-Fiscal do Trabalho
Chefe do Setor de Inspeção do Trabalho
Gerência Regional do Trabalho
e Emprego de Novo Hamburgo/SRTE-RS/MTE
14
SUMÁRIO
POSTURAS DE TRABALHO
MOBILIÁRIO DOS POSTOS DE TRABALHO
LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA
INDIVIDUAL DE MATERIAIS
CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
REFERÊNCIAS
ORGANIZAÇÃO GERAL DA CARTILHA
ANEXO
A EXPERIÊNCIA DA MULTIFUNCIONALIDADE
15
16
POSTURAS
DE TRABALHO
17
A
Abicalçados, em parceria com o Ministério do
Trabalho e Emprego e Representantes Sindicais dos
Trabalhadores, vem atuando, desde setembro de
2009, através da composição de uma equipe constituída de
profissionais de ergonomia, medicina, engenharia e
segurança do trabalho, para discutir e buscar soluções nas
questões relacionadas à ergonomia na indústria calçadista.
No entanto, devido à amplitude e abrangência do tema, fez-se
necessário abordar os assuntos considerando certa ordem de
prioridade. Nesse sentido, o grupo optou por focar
inicialmente o tema posturas de trabalho, com o objetivo de
esclarecer a melhor postura a ser adotada de acordo com as
características das atividades de trabalho.
Tendo em vista que a saúde, segurança e qualidade de vida
no trabalho são os focos de discussão do grupo tripartite,
apresentam-se os principais problemas e posturas prejudiciais
nos postos de trabalho. Os movimentos que podem trazer
complicações à saúde, principalmente quando repetidos
muitas vezes, são: movimentos rotacionais de tronco, as
flexões para frente e para os lados, os movimentos de extensão
(esticar a coluna para trás), ficar muito tempo parado, sentado
ou posicionado do mesmo modo e lugar (postura estática),
seja com uma parte do corpo ou com o corpo todo.
Durante as atividades de trabalho, diversas posturas
podem ser adotadas, no entanto, as posturas comumente
utilizadas são sentada ou em pé durante toda a jornada,
configurando a postura estática, que é extremamente
prejudicial à saúde. Na contrapartida da postura estática
(sempre em pé ou sempre sentado), de acordo com Grandjean
(1998), está a alternância postural (ora sentada, ora em pé).
Nesse caso, deve-se considerar a necessidade natural do
organismo de troca de movimentos e posicionamento quando
o corpo assim o solicitar e as características da atividade
(OLIVER e MEDDLEDITCH, 1998). Os sinais para solicitação
de troca de postura são emitidos e sentidos pelo corpo através
de sensações de dor, desconforto, cansaço, formigamento,
entre outros.
18
Em termos biomecânicos, quando um trabalhador
permanece em pé por tempo prolongado, necessita requisitar
a força de aproximadamente 650 músculos de todo o corpo
humano, os quais passam a realizar trabalho muscular
estático, fazendo força para o corpo equilibrar-se contra a
ação da gravidade. Nesse caso, há de se considerar o exposto
na Nota Técnica 060/2001, que corrobora o que foi
explicitado: “Trabalhar sentado permite maior controle dos
movimentos porque o esforço para manter o equilíbrio
postural é reduzido”. Os músculos tendem a fatigar da
segunda para a terceira hora na manutenção da mesma
postura. Nesse caso, a força (energia) gasta pelos músculos
para manutenção da postura poderia e deveria ser gasta para
a realização da atividade de trabalho, fatigando menos o
trabalhador e, sem dúvida, resultando em melhor rendimento.
No que se refere aos trabalhos realizados na posição
sentada, Iida (2005) considera que se encontra menor
trabalho muscular quando as costas estão apoiadas sobre o
encosto da cadeira, a cabeça está alinhada com a coluna e
quando os pés tocam o chão (se não, é necessário utilizar
apoio para os pés). Quando esse posicionamento não é
possível, é necessário ter orientações para reorganização do
posto de trabalho de forma que permita o posicionamento
adequado.
Ao se discutir posturas de trabalho, é imprescindível
considerar a visão da ergonomia, que está fundamentada em
adaptar o trabalho ao homem e não o homem ao trabalho. A
ergonomia é uma ciência multidisciplinar que visa o conforto,
bem-estar e saúde do trabalhador e, em consequência, o
incremento produtivo. Um dos enfoques dessa ciência é a
prevenção da fadiga muscular, que pode se instalar em função
da postura estática prolongada, tanto em pé quanto sentada,
embora a postura sentada seja bem menos lesiva do que a em
pé, uma vez que exige menor atividade e esforço muscular.
Do ponto de vista ortopédico e fisiológico, de acordo com
Iida (2005), é altamente recomendável um local de trabalho
que alterne o trabalho sentado com uma postura de pé. Uma
A ergonomia é
uma ciência
multidisciplinar que
busca o conforto,
bem estar e a saúde
do trabalhador e, em
conseqüência, o
incremento
produtivo.
19
postura sentada prolongada é realmente muito menos
comprometida com trabalho estático do que a postura de pé,
embora também seja prejudicial em longo prazo, pois
poderão surgir complicações de fadiga, que, pela alternância
com o trabalho em pé, tornam-se menos críticas.
Embora a questão postural seja apenas um dos inúmeros
aspectos que devem ser discutidos e abordados em
ergonomia, este foi o foco prioritário estabelecido pelo grupo
técnico multidisciplinar convidado pela Abicalçados. Em
diversas reuniões realizadas na sede da entidade durante o
ano de 2009, discutiu-se atividade por atividade de cada setor,
considerando, inclusive, a grande diversidade de modelos que
circulam a cada estação.
De acordo com cada modelo de sapato, existem alguns
aspectos (detalhes) específicos que requerem, em determinada
operação, um equipamento, máquina e/ou posto de trabalho
diferenciado ou adaptado. Essa situação, por sua vez, implica
que, em determinados períodos do ano, conforme a estação
climática e/ou tendo como fator determinante a moda, sejam
exercidas algumas atividades, que, em outros momentos,
estão dispensadas do processo. Pode-se citar, como exemplo,
a diferença entre a fabricação da sandália, que é aberta, da do
sapato, que é fechado. Na sandália aberta (de dedo) não se
utiliza a atividade de apontar bico; já no sapato fechado,
geralmente se utiliza.
Antes de aprofundar as questões relacionadas às posturas
de trabalho, há que se compreender o processo de fabricação
do calçado quanto ao modo de produção predominante, a
divisão por setores e as características das atividades. O
trabalho na indústria calçadista divide-se em quatro setores
principais, dependendo do porte da empresa. Os setores
apresentam-se na seguinte sequência no processo, de acordo
com as características de fabricação: almoxarifado, corte,
costura (preparação e costura), montagem (montagem e
acabamento) e expedição. Em cada setor são realizadas
Posturas de trabalho na indústria calçadista
De acordo com cada
modelo de sapato
existem alguns
aspectos (detalhes)
específicos que
requerem, em
determinada
operação, um
equipamento,
máquina e/ou posto
de trabalho
diferenciado ou
adaptado.
20
atividades com características distintas, embora algumas
sejam comuns a todo o processo, o que exige posturas de
trabalho também diferenciadas, de acordo com as atividades.
Para exemplificar a relação da postura com as
características da atividade, de acordo com a Nota Técnica –
NT 060/2001 do Ministério do Trabalho e Emprego, a postura
em pé é justificada quando a tarefa exige deslocamentos
contínuos, manipulação de cargas com peso maior ou igual a
4,5 kg, alcances amplos frequentes (para cima, para frente ou
para baixo), operações frequentes em vários locais de trabalho
fisicamente separados ou aplicação de forças para baixo.
Assim sendo, fica evidente que os fatores que determinam a
melhor postura a ser adotada em determinado posto de
trabalho são as características da atividade exercida. Portanto,
antes de discutir a postura de trabalho, há de se caracterizar os
componentes da atividade.
Nesse contexto, ainda a título de exemplo, as atividades de
elaboração do calçado de modo geral, de acordo com
Renner, Oliveira e Bühler (2004), têm como características a
utilização de motricidade fina (mãos e dedos), em função da
configuração do produto que é de pequeno porte, e, conforme
demanda e de acordo com a moda, tem inserido pequenos
detalhes, como costuras, enfeites, fivelas e fechos, que
acabam por exigir esforço físico, envolvendo principalmente
mãos e dedos. Em todas essas atividades, o posto de trabalho
deve ser organizado para que o trabalhador possa exercer sua
tarefa com postura alternada.
A seguir são apresentados alguns aspectos específicos do
trabalho de cada setor da indústria calçadista.
ALMOXARIFADO E EXPEDIÇÃO: no setor de almoxarifado e
expedição, as atividades caracterizam-se por deslocamentos
frequentes, o que implica realizar o trabalho predominantemente
na posição em pé, exceto em alguns postos de revisão e/ou em
postos informatizados, como escrita fiscal e de faturista, em que a
postura poderá ser sentada ou alternada.
21
SETOR DE CORTE: neste setor, a maioria das atividades
apresenta grande movimentação de membros superiores,
assim como a própria configuração das máquinas requer a
postura em pé, especialmente os balancins “jacaré” e os
balancins ponte. No entanto, existe um grupo de atividades
que pode ser realizada em postura alternada, como as que têm
características de revisão e/ou pequenos ajustes nas peças:
colocar zíper manual, cortar e amarrar peça manual, talonar ,
chanfrar, assim como as atividades de revisão. Salienta-se que
nas atividades em que não é possível que ocorra a alternância
postural – o que pode ocorrer em função da própria
configuração da máquina, obrigando o trabalhador a atuar
na posição em pé – uma das alternativas é a implantação da
alternância de funções . Nesse caso, o trabalhador deverá
realizar mais de uma atividade, ora na postura em pé, ora na
postura sentada, sendo a postura fator determinante da troca,
embora as características da atividade determinem a postura
ideal em cada tarefa.
1
2
1.
2.
Agrupar peças
Observar as questões: salário e as determinações dos programas PPRA,
PCMSO, a compatibilidade com a função a exercer.
22
Exemplo de atividade realizada na postura em pé: cortar
com balancim hidráulico
Figura 1: atividade realizada na postura em pé por ter
deslocamentos freqüentes
Fonte: Abicalçados
23
Exemplo de alternância postural em pé/sentado na
atividade de colocar zíper manual.
Figuras 2 e 3: exemplo de alternância postural
em pé/sentado no setor de corte
Fonte: Abicalçados
SETOR DE COSTURA : neste setor, que tem inclusas as
atividades de preparação e costura, as principais
características são o envolvimento de motricidade fina,
acuidade visual e, ainda, quando acionadas, máquinas – o
acionamento de pedal. Esses aspectos, quando presentes no
3
3.
Pesponto.
24
trabalho, requerem a postura sentada. No entanto, se o posto
de trabalho for bem configurado e adaptado, a atividade
poderá ser realizada em postura alternada – o que é o mais
indicado em termos biomecânicos. Assim sendo, levando em
consideração as características das atividades, todas poderão
ser realizadas na postura alternada, exceto as que exigem
deslocamento frequente, tais como: abastecer esteira e operar
máquina de conformar.
Exemplo de alternância postural em pé sentado na
atividade de rebater
Figuras 4 e 5: exemplo de alternância postural
em pé/sentado no setor de costura
Fonte: Abicalçados
25
SETOR DE MONTAGEM:neste setor, as atividades
caracterizam-se pelo uso de maquinário e atividades com
elementos biomecânicos diversificados, sendo que ocorre a
predominância da postura em pé, em função dos alcances e
grande movimentação impostos, tanto pela atividade quanto
pela conformação das máquinas. Em alguns casos, tem-se a
presença do uso de força muscular durante a realização da
tarefa, o que, de acordo com a Nota Técnica 060/2001, limita
a posição sentada. Neste setor, para melhor caracterizar a
postura ideal em cada atividade, apresentam-se as atividades
em quatro principais grupos e a justificativa para a indicação
da postura:
a) :
atividades de abastecimento, encaixotar, colar etiquetas,
separar formas, entre outras.
Na Nota Técnica 060/2001, encontram-se descritas as
tarefas que são desenvolvidas com deslocamentos frequentes
e/ou contínuos que podem ser realizados na postura em pé,
configurando as características dessas atividades.
Atividades com deslocamentos frequentes (em pé)
Figura 6: Tarefa de encaixotar
Fonte: Abicalçados
26
b)
: apontar bico, operar calceira, montagem,
conformar, grampear, fixar palmilha, pregar salto, rebater,
centrar sola, entre outras.
De acordo com a Nota Técnica 060/2001, as tarefas que
exigem alcances amplos e frequentes para cima, para frente
ou para baixo podem ser realizadas em pé. No entanto, deve-
se tentar reduzir a amplitude destes alcances para que se possa
trabalhar sentado.
Exemplo de atividade de montar manual, a qual exige
movimentação de membros superiores e é realizada na
postura em pé.
Atividades com ampla movimentação de membros
superiores (em pé)
Figura 7: atividade de montar manual na postura em pé
Fonte: Abicalçados
27
c) : tirar
rugas, montar traseiro, rebaixar planta, polir cabedal
(principalmente se precisar de aspecto “queimado”), entre
outras.
Na Nota Técnica 060/2001, encontra-se a orientação
para a tarefa que exige a aplicação de forças para baixo,
como em empacotamento, em que a postura em pé é
permitida – como é o caso das características destas
atividades.
Atividades com uso de força muscular (em pé)
Figura 8: Exemplo de atividade
com uso de força muscular
Fonte: Abicalçados
28
d)
: aplicação de e adesivos de modo geral,
arrancar grampos e pregos, lavar e limpar solados, marcar
palmilha, montar caixas, perfurar/pregar e preparar manual,
atividades de colagem/passar brilho/ e creme em
geral e revisão. Considerando a Nota Técnica 060/2001,
todas as atividades que têm envolvimento de motricidade fina
poderão ser realizadas na postura alternada.
Por fim, ao confrontar as características das atividades
realizadas na indústria calçadista e o que está disposto na
Nota Técnica 060/2001, ressalta-se que a postura de
trabalho adotada deve ocorrer em função da atividade
desenvolvida, das exigências da tarefa (visuais, emprego de
forças, precisão dos movimentos etc.), dos espaços de
trabalho, da ligação do trabalhador com máquinas e
equipamentos de trabalho, como, por exemplo, o
acionamento de comandos. As amplitudes de movimentos dos
segmentos corporais, como os braços e a cabeça, assim como
as exigências da tarefa em termos visuais, de peso ou esforços
influenciam na posição do tronco e no esforço postural, tanto
no trabalho sentado como no trabalho em pé.
Atividades com motricidade fina e pouca movimentação
(alternado) halogen
praimer
29
30
Exemplo de atividade de rebaixar planta que normalmente
é realizada na postura em pé, mas em função de a atividade
exigir pouco deslocamento (o que configura como postura
estática) foi testado e aprovado pelos trabalhadores a
alternância postural em pé/sentado.
Figuras 9 e 10: Exemplo de alternância postural com uso de equipamento
Fonte: Abicalçados
Exemplo de alternância postural em pé/sentado na
atividade de aplicar adesivo que se caracteriza por
motricidade fina e com pouca movimentação
Figuras 11 e 12: Exemplo de alternância postural
na atividade de aplicar adesivo
Fonte: Abicalçados
31
32
MOBILIÁRIO
DOS POSTOS
DE TRABALHO
33
C
om relação às atividades de trabalho da indústria
calçadista que devem ser realizadas na postura
alternada, que são a maioria, os requisitos para
adequação dos postos de trabalho devem seguir os seguintes
aspectos:
a) : as
atividades realizadas em bancadas e mesas, que, na indústria
calçadista, de modo geral, envolvem motricidade fina e
acuidade visual, devem ocorrer na postura alternada. Estas
atividades são as de preparação, aplicação de adesivos,
revisão de qualidade, lavar e limpar solados, marcar palmilha,
fazer bucha, fechar caixinha, entre outras.
Seguem alguns exemplos de atividades em que se realiza a
alternância de postura em pé/sentado nos setores de corte,
costura e montagem.
Quanto às atividades de trabalho alternado
Figura 13: No setor de montagem, atividades de pregar altura
Fonte: Abicalçados
34
b) : os
postos de trabalho para estas atividades devem ser
configurados para a alternância postural, sendo que a altura
da bancada/mesa (observar que deve ser utilizado apoio de
pés – item d) é projetada para a postura em pé. A cadeira, no
entanto, deve ter regulagens que permitam a flexibilidade de
ajustes conforme as diversidades antropométricas da
população e acompanhar a altura da bancada. De acordo
com Iida (2005), no caso de bancada fixa, é melhor
dimensioná-la pelo trabalhador mais alto e providenciar um
estrado, que pode ter altura de até 20 cm, para o trabalhador
mais baixo. Esse estrado pode ter uma altura diferente para
cada trabalhador, ajustando-se às suas dimensões
antropométricas; se ele mudar de bancada, poderá carregá-lo
para o novo local. Assim, as alturas dos postos de trabalho
podem ser ajustadas individualmente, a custos reduzidos.
Outra medida possível de ser adotada é que a bancada
(principalmente as de pequenas dimensões) seja provida de
dispositivo para regulagem de altura, que pode ser adequada
conforme a altura do
trabalhador. Importante
observar, no entanto, que
a regulagem deve ser de
fácil manuseio, sem
implicar na necessidade
de chamar a manutenção
mecânica para fazê-lo.
Quanto à configuração dos postos de trabalho
Figura 14: Exemplo de
utilização de estrado
Fonte: Abicalçados
35
Exemplo de máquina de rebaixar planta (lixa) com
regulagem de altura
Regulagem de altura
Figura 15: Máquina com regulagem de altura
Fonte: Abicalçados
c) :
tendo em vista que a maioria das atividades da indústria
calçadista envolve acuidade visual em função de o produto ter
pequenas dimensões, estes requisitos tendem a ser
determinantes para a saúde do trabalhador, assim como na
boa performance para o trabalho. Em algumas atividades,
como costura, chanfro, virar fita à máquina, dividir o couro
(máquinas de dividir), entre outras que têm o ponto de
realização da tarefa fixo (agulha da costura, navalhas e vira),
devem ter o ponto de visualização considerado ótimo, situado
na metade da linha do olho (campo visual) e o cotovelo fletido
Quanto aos alcances, visualização e acionamentos
4
4. Facas.
36
a 90º. Essa situação é bem caracterizada pelas máquinas de
costura de coluna, pois o ponto de visão está situado
exatamente entre esses dois parâmetros.
Linha dos olhos
Ponto de visão
Cotovelos
Figura 16: Máquina de costura (alcances e visualização)
Fonte: Abicalçados
Figuras 17 e 18: Exemplos de posto de trabalho de costura
com máquina de coluna na postura em pé e sentada
Fonte: Abicalçados
37
Outro exemplo para organizar a alternância de postura é
adaptar as máquinas para postura em pé e disponibilizar
cadeiras altas (com haste de incursão para regulagem da
altura do assento em torno de 78 cm) e disponibilizar apoio de
pés, que pode estar fixo à máquina ou apoiado no chão.
Figuras 19 e 20: Máquinas de costura
adaptadas para postura em pé/sentado
Fonte: Abicalçados
Tanto na postura sentada quanto na postura em pé, o
trabalhador deve ter liberdade para apoiar ou não os
cotovelos durante a atividade de costurar. Em termos de
prevenção dos sintomas de fadiga muscular, orienta-se que
modificar a postura é o mais adequado, no entanto, devem ser
disponibilizadas “almofadinhas” para apoiar os cotovelos,
evitando, assim, a compressão dessa região. Nas figuras 15 e
16, visualiza-se o trabalhador costurando sem realizar o apoio
dos cotovelos, enquanto na figura 18 os cotovelos estão
apoiados.
38
Figuras 21 e 22: O trabalhador deve ter liberdade
de usar ou não um apoio (almofadinha) para cotovelos
na mesa a fim de evitar a compressão da região
Fonte: Abicalçados
As alavancas devem estar ao alcance do trabalhador, sem
que ele tenha necessidade de erguer os ombros acima de 90º,
sendo que o ideal é que os ombros e os braços estejam o mais
próximo possível do corpo. Dessa forma, evita-se o trabalho
muscular estático, que pode induzir a fadiga muscular. As
figuras abaixo, de acordo com Chaffin .(2001), indicam os
alcances e limites para as situações descritas.
et al
Figura 23: A figura indica
o limite máximo de alcance
dos braços, considerando que
o ideal é a flexão próxima a 90º
Fonte: Chaffin et al. (2001)
Figura 24: A figura indica
o limite entre a extensão dos
braços e a elevação frontal,
sendo que o ideal é a
proximidade do cotovelo em 90º
Fonte: Chaffin et al. (2001)
39
Exemplifica-se a situação acima descrita na atividade de
cortar com balancim hidráulico, em que o trabalhador utiliza
cavalete, posicionado ao lado do balancim, para apoiar as
peles de couro facilitando o alcance. Dessa forma, mantém a
postura neutra da coluna vertebral (sem curvar nem torcer) e os
membros superiores podem ser mantidos próximos ao corpo,
facilitando a atividade de trabalho.
Figura 25: Alcance facilitado pelo uso
de cavalete no balancim hidráulico
Fonte: Abicalçados
Outra medida que facilita a atividade de cortar é
disponibilizar bancadas laterais ao equipamento, como, por
exemplo, para posicionar navalhas, o que elimina os
movimentos de rotação de coluna que o trabalhador realiza
para alcançar a bancada, quando a mesma está posicionada
atrás do equipamento.
Figura 26: Uso de bancadas laterais
para posicionar navalhas no balancim ponte
Fonte: Abicalçados
40
No setor de montagem na etapa de desenformar, deve-se
observar a altura da esteira de retorno das formas e do
formeiro. Abaixo seguem dois exemplos adotados para
guardar as formas e que proporcionam postura adequada do
trabalhador.
Figuras 27 e 28: Exemplo de formeiro circular posicionado
ao lado do posto de desenformar
Fonte: Abicalçados
Figuras 29, 30 e 31: Trabalhador retira forma,
posiciona em uma caixa e transporta até o formeiro
Fonte: Abicalçados
41
Deve-se utilizar com maior frequência as prateleiras,
posicionadas na área de alcance, evitando movimentos
amplos de membros superiores e de coluna.
Segue exemplo de prateleiras para armazenar caixas no
setor de corte. Nesse caso, os materiais mais utilizados estão
posicionados na linha de alcance (acesso facilitado).
Figura 32: Prateleira que permite fácil acesso às caixas
Fonte: Abicalçados
d) : da mesma forma que a cadeira
deve ser flexível para acomodar a maioria dos trabalhadores
(com regulagens), deve ser utilizado um apoio de pés que
tenha regulagem de altura para contemplar a diversidade de
altura dos trabalhadores e permitir que fiquem acomodados
de forma confortável durante o exercício do seu trabalho.
Quanto ao apoio de pés
42
Segue exemplo de postos de trabalho configurados para
alternância postural e apoio de pés:
Figura 33: Uso de apoio de pés
na bancada de preparação
Fonte: Abicalçados
Figura 34: Uso de apoio
de pés fixo na esteira
Fonte: Abicalçados
e)
: de acordo com a Nota Técnica 060/2001, as
cadeiras devem oferecer estabilidade de encosto. O assento
de trabalho ideal deve ser determinado em função da
atividade desenvolvida, das condições ambientais de trabalho
e, principalmente, da opinião dos usuários. A NR 17 prevê a
altura do posto de trabalho ajustável à altura do trabalhador.
Nesse caso, salienta-se que se a cadeira e o apoio de pés são
ajustáveis, não há necessidade de a mesa/bancada ser
ajustável. Os ajustes devem ser facilitados de modo a permitir
que o trabalhador tenha autonomia e facilidade para as
adaptações.
Quanto às características da cadeira e seleção do
assento
A cadeira deve ter regulagem para:
1. altura do assento;
2. aproximação do encosto;
3. altura do encosto.
Figura 35: Regulagens necessárias para o assento
Fonte: Abicalçados
43
f) :
os dois tipos de pedais mais utilizados nas atividades de
trabalho na indústria calçadista são o mecânico e o "bolha".
Em experimento realizado por Renner (2002), com o objetivo
de elucidar qual a melhor postura na indústria calçadista, ficou
evidente que, independentemente do tipo de pedal utilizado,
este deve permitir um bom posicionado dos pés e pernas para
promover o conforto necessário na postura alternada. Seguem
exemplos dos dois tipos de pedal mais utilizados e a forma de
utilização.
Quanto aos postos de trabalho com utilização de pedais
Figura 36: Cadeira adaptada (pé mais curto)
para aproximar do pedal mecânico
Fonte: Abicalçados
Figuras 37, 38 e 39: apoio de pés e utilização
do pedal protegido na posição sentada e em pé
Fonte: Abicalçados
44
Figura 40: Corte manual
Fonte: Abicalçados
g)
: algumas atividades da indústria calçadista,
principalmente as do setor de corte e de montagem não
permitem a postura alternada em função das suas
características e/ou da configuração da máquina. A principal
atividade no setor de corte que precisa ser realizada em pé é o
corte, tanto manual como mecânico (balancim de braço móvel
e balancim ponte).
Quanto às atividades de trabalho que devem ser
executadas em pé
No setor de montagem, a possibilidade de troca é
facilitada, pois existem diversas operações que podem ser
executadas na postura alternada, embora haja predominância
de máquinas e atividades que impõem postura em pé. Nesse
caso, conforme previsto no texto relacionado a posturas de
trabalho, a troca de funções deve ocorrer de modo a facilitar
alternância de características das atividades, as quais se
dividem em três grupos: atividades com ampla movimentação
de membros superiores (em pé); atividades com uso de força
muscular (em pé); atividades com motricidade fina e pouca
movimentação (alternado).
45
46
LEVANTAMENTO,
TRANSPORTE
E DESCARGA
INDIVIDUAL
DE MATERIAIS
47
D
e acordo com a NR 17, torna-se importante expor
alguns conceitos relativos ao manuseio e transporte
de cargas: a) o transporte manual de cargas designa
todo transporte no qual o peso da carga é suportado
inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o
levantamento e a deposição da carga; b) transporte manual
regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira
contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o
transporte manual de cargas.
O manuseio e transporte de cargas tende a ter diversas
variáveis que corroboram para acentuar ou minimizar os
problemas que podem decorrer da atividade. Nesse sentido, é
importante que a relação entre o peso do objeto e as
condições em que ele é transportado, elevado ou manuseado
seja avaliada de forma quantitativa. Para compreender o grau
de relevância ou de implicações na saúde do trabalhador, o
(NIOSH)
– Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional
desenvolveu uma avaliação específica que propõe que as
tarefas de manuseio de cargas possam ser avaliadas de
acordo com as seguintes variáveis:
1) peso do objeto manuseado;
2) posição da carga em relação ao corpo - medida tanto
no ponto inicial quanto no final do levantamento, em termos
de coordenadas horizontal e vertical;
3) frequência de levantamento;
4) período ou duração - tempo total do levantamento;
5) possibilidade de preensão ou pega.
Conforme Chaffin (2001), através da aplicação da
Equação de NIOSH, identificam-se os limites de levantamento
de cargas. Esse processo de avaliação quantitativa do
manuseio de cargas é essencial na determinação da estratégia
de prevenção a ser adotada e possibilita estabelecer uma base
sólida no planejamento das intervenções mais eficazes para
que o controle seja alcançado.
Embora as atividades da indústria calçadista não se
caracterizem de forma expressiva pelo manuseio e transporte
de carga, e, sim, pela motricidade fina, algumas atividades
envolvem levantamento, transporte e descarga de materiais,
principalmente nos setores de almoxarifado, de pré-fabricado
National Institute for Occupational Safety and Health
et al.
48
e de expedição. Nos demais setores produtivos, como corte,
costura e montagem, também ocorre manuseio de cargas, no
entanto com menor frequência e menor grau de risco. Assim
sendo, o processo de avaliação quantitativa do manuseio de
cargas, através da aplicação da Equação de NIOSH, pode,
pois, auxiliar na determinação de qual característica específica
da tarefa deve sofrer intervenção.
: é o setor responsável pelo
recebimento e distribuição de materiais para os setores
(matéria-prima, insumos e componentes). De acordo com
Grandjean (1988), a OIT preconizou que, caixas e sacarias
com peso superior a 23 kg, para serem transportadas, devem
ter o auxílio de algum dispositivo de transporte, como
carrinhos, esteira transportadora, entre outros. Quanto ao uso
de carrinhos, destaca-se a importância de pisos adequados,
evitando desníveis ou piso solto. Outra consideração é quanto
à dimensão das rodas, ou seja, quanto maior o diâmetro da
roda, menor o esforço físico realizado pelo trabalhador. É
importante, ainda, ter o cuidado de não associar ao manuseio
e transporte posturas críticas, como flexão e extensão de
coluna e/ou movimentos de rotação, pois são fatores
potencializadores de riscos para a saúde.
Exemplo de uso de carrinho para transportar rolos.
SETOR DE ALMOXARIFADO
Figura 41: Carrinho para transportar rolos
Fonte: Abicalçados
49
SETOR DE CORTE: neste setor, as atividades de manuseio
e transporte de carga encontram-se presentes somente na
distribuição do material, disponibilizado em caixas plásticas
que comportam aproximadamente de 20 a 40 Kg. Para
transporte desse material para as linhas ou células de
produção, há necessidade de um dispositivo auxiliar, que pode
ser um carrinho. Nesse sentido, é importante observar o
número máximo de quatro caixas sobrepostas a serem
transportadas sobre o carrinho, com a finalidade de permitir a
boa visualização e garantir estabilidade.
5
Figura 42: Carrinho para transporte de caixas
Fonte: Abicalçados
5.
Dimensões: 30,5 cm de altura, 36 cm de largura e 54,5 cm de comprimento.
50
SETOR DE COSTURA: no setor de costura, há maior
necessidade de manuseio e transporte quando o trabalho é
realizado em células, uma vez que o material, geralmente, é
transportado de uma célula a outra em caixas. Quando o
trabalho é realizado em linha (com ou sem esteira
transportadora), essa questão é amenizada, pois o transporte
do material é feito pela própria esteira. De qualquer modo,
independentemente de as atividades do setor de costura serem
realizadas em células ou linhas de produção, apenas as
atividades de abastecimento (fase inicial do processo) têm
implícito manuseio e transporte, que pode ser facilmente
solucionado com o uso de dispositivos auxiliares de transporte.
: no que diz respeito ao manuseio
e transporte de carga, as atividades no setor de montagem
assemelham-se às da costura. No entanto, a etapa de
encaixotamento, a última do processo, apresenta manuseio de
carga, que, embora seja mínima (entre 7 e 10 Kg –
dependendo do modelo do calçado), o modo de transportar
torna-se relevante como fator de risco. Nesse caso, os
deslocamentos com carga devem ter a menor distância
possível, ser realizados com o auxílio de dispositivos e, ainda,
os trabalhadores devem ser orientados para carregar poucas
ou somente uma caixa de cada vez.
: as caixas, que comportam
aproximadamente 12 caixinhas de sapato, não apresentam
maior risco em função do peso unitário ou mesmo quando
agregada mais de uma caixa em um único transporte. No
entanto, o maior cuidado deve estar focado na forma como
ocorre o abastecimento do caminhão para posterior
distribuição para as lojas; deve ser determinada ao
trabalhador a quantidade de caixas transportadas/
manuseadas, para que não exceda a carga possível de ser
suportada sem prejuízo musculo-esquelético. A partir dessa
etapa, a carga é transportada até o caminhão com o uso de
carrinhos, quando se deve ter cuidado com a nivelação do
piso (saída da fábrica) e a altura do caminhão. Se houver
necessidade de colocação de rampa para facilitar o
abastecimento do caminhão, está deve ter uma inclinação
entre 5% e 8% (Pontos de Verificação Ergonômica - OIT), não
SETOR DE MONTAGEM
SETOR DE EXPEDIÇÃO
51
superior, evitando, assim, a sobrecarga física ao trabalhador.
Outra medida que pode facilitar o manuseio de cargas é
realizá-lo em dupla.
: as atividades realizadas no
setor de manutenção mecânica tendem a ter implícito o
manuseio de carga no transporte e/ou manuseio de
máquinas, assim como do material de apoio, como
ferramentas que são carregadas aos setores onde é realizada a
manutenção. Esse material deve ser carregado em carrinhos,
facilitando o transporte. O manuseio de máquinas e
equipamentos pesados (acima de 23 kg), por sua vez, deve ser
realizado através de equipamentos facilitadores, como
empilhadeira elétrica ou manual.
Quando não é possível transportar a carga de outra forma
que não seja manualmente, deve-se ter o cuidado de preservar
ao máximo a estrutura física do trabalhador. Nesse caso, os
cuidados posturais mais importantes são: pegar a carga
simetricamente, evitando ao máximo qualquer torção da
coluna lombar e qualquer rotação lateral do tronco;
aproximar a carga do corpo e elevá-la o mais próximo possível
do corpo; evitar movimentos bruscos.
MANUTENÇÃO MECÂNICA
Figura 43: Carrinho para transporte de máquinas
Fonte: Abicalçados
52
Considerações sobre a Equação de NIOSH
Tendo em vista que estabelecer o peso ideal a ser
manuseado é complexo, pois devem ser consideradas
algumas variáveis, como peso, frequência, postura adotada e
condições de "pega", expõem-se exemplos de resultados de
aplicação da Equação de NIOSH no setor calçadista.
A mesma carga (peso) manuseada pode ter resultados
diferentes de acordo com as características e das variáveis
envolvidas na tarefa. Assim sendo, ressalta-se que a discussão
da Equação de NIOSH no contexto descrito não tem como
objetivo explicar o uso da ferramenta, mas utilizá-la como
referência, exemplificando que é possível quantificar a carga
recomendada para cada atividade de trabalho, considerando
peso da carga, postura, distâncias/alavancas, entre outros. O
objetivo, outrossim, é demonstrar que quanto mais adequado
for o posto de trabalho menor será a sobrecarga, prevenindo,
assim, danos à saúde dos trabalhadores.
Situação
Quando o trabalhador transfere carga/peso que está
sobre o carrinho para o corrugado, ocorre a postura crítica de
flexão de coluna.
não recomendada
Figura 44: Situação não recomendada
Fonte: Abicalçados
53
Situação
Quando o trabalhador utiliza uma bancada para apoiar o
corrugado, elimina a postura crítica, obtendo um
posicionamento neutro da coluna vertebral.
recomendada
Figura 45: Situação recomendada
Fonte: Abicalçados
De acordo com Guimarães (2004), ao descrever sobre o
método NIOSH para o levantamento de peso, diz que é
necessário criar condições favoráveis para realizar as
atividades, eliminando disfunções que advém do trabalho,
tendo como parâmetro os princípios da fisiologia e da
biomecânica. Pesquisas sobre levantamento de peso
concluíram que a carga máxima tolerável na posição agachada
é de 15 Kg, na posição flexionada, de 18 Kg e, nas melhores
condições, de 23 Kg, considerando as seguintes variáveis:
- a altura inicial da carga antes de ser transportada deve
ser de cerca de 75 cm, de forma que o trabalhador não se
curve;
- uma altura mínima de 40 cm, mesmo que o trabalhador
se curve, ainda é mais favorável do que se a carga estiver rente
ao solo;
54
- a carga deve estar próxima do corpo;
- a carga deve ter alças para encaixe das mãos;
- a carga deve estar posicionada de modo que evite
rotações (giros) da coluna;
- a frequência do levantamento não deve ser superior a um
por minuto.
Seguem exemplos para facilitar o manuseio de cargas de
acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego –
Fundacentro (2001).
Figuras 46 e 47: Exemplos para facilitar o manuseio de cargas
Fonte: Pontos de Verificação Ergonômica
55
Exemplos de facilitações durante o manuseio de carga.
Figuras 48 e 49: Exemplos de facilitações durante o manuseio de cargas
Fonte: Pontos de Verificação Ergonômica
56
CONDIÇÕES
AMBIENTAIS
DE TRABALHO
57
A
s condições ambientais de trabalho dizem respeito ao
meio (local) em que as atividades dos trabalhadores
são desenvolvidas.
Tais condições quando não controladas (adequadas)
podem afetar a saúde (doença), a integridade física (acidente),
o conforto e o desempenho do trabalhador.
A Norma Regulamentadora Nº 9 – PROGRAMA DE
PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS define os riscos
ambientais como “os agentes físicos, químicos e biológicos
existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição,
são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.”
Na indústria calçadista, de maneira geral e de forma mais
evidente, verifica-se a presença de agentes físicos (ruído e
vibração) e químicos (especialmente vapores orgânicos). Além
disso, em razão das peculiaridades de cada estabelecimento,
podem ocorrer riscos de outras naturezas.
A identificação (antecipação ou reconhecimento),
avaliação e a adoção de medidas de controle dos riscos
ambientais (quando ultrapassados os limites de tolerância
ou o nível de ação ) constituem etapas do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais, cuja elaboração e
implementação é obrigatória por todos os empregadores e
instituições que admitam trabalhadores como empregados,
independentemente da quantidade.
6
7
8
6.
7.
8.
É fundamental considerar o conhecimento e a percepção que os
trabalhadores têm dos riscos ambientais e dos processos de trabalho
Concentrações dos agentes químicos ou intensidade dos agentes físicos
presentes no ambiente de trabalho sob as quais os trabalhadores podem ficar
expostos durante a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos a sua saúde.
Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações
preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a
agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição, sendo: a) para
agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional
considerados de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1 da NR-15; e b)
para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério
estabelecido na NR-15, Anexo I, item 6.
58
Entretanto, mesmo que o agente encontre-se abaixo dos
limites de tolerância ou esteja controlado, representa fator que
contribui para a ocorrência de acidente de trabalho (por
exemplo, ruído que não permita a compreensão de
informações/instruções), causa dano à saúde indiretamente
(por exemplo, alteração de pressão arterial devido ao calor), e
afeta as condições de conforto (sensação de muito calor, por
exemplo) nos locais de trabalho e reduz a produtividade.
Assim, do ponto de vista ergonômico, as medidas de
controle para eliminar ou atenuar riscos ambientais devem
observar também as condições de conforto e estarem
adequadas às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
O Artigo 176 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT),
em seu parágrafo único, estabelece que os locais de trabalho
deverão ter ventilação natural (ilustrada abaixo) compatível
com o serviço realizado, sendo a ventilação artificial
obrigatória sempre que a natural não preencha as condições
de conforto térmico.
Conforto Térmico
Figura 50: Exemplo de ventilação natural por ação dos ventos
Fonte: Manual de Conforto Térmico (FROTA & SCHIFFER, 1995.)
59
A ventilação natural é obtida através do posicionamento
adequado das aberturas do prédio (portas, janelas, exaustores
naturais) e a artificial através da instalação de sistemas de
ventilação/exaustão ou sistemas de ar condicionado. Tanto a
ventilação natural quanto a artificial propiciam conforto
térmico.
Para Álvaro César Ruas (1999), conforto térmico pode ser
definido como a sensação de bem-estar experimentada por
uma pessoa como resultado da combinação satisfatória da
temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura
do ambiente e velocidade relativa do ar com a atividade
desenvolvida e com a vestimenta utilizada pelas pessoas .
É evidente que as sensações são subjetivas, ou seja,
determinado ambiente pode ser confortável termicamente
para uma pessoa, frio para outra ou quente para uma terceira.
Portanto, é possível concluir como condições ambientais de
conforto térmico as que propiciam bem-estar ao maior
número possível de pessoas.
O aspecto do conforto térmico é de suma importância, pois
as perturbações no conforto podem ocasionar alterações
funcionais. O calor excessivo conduz ao cansaço, à
sonolência, reduz a prontidão de resposta e aumenta a
probabilidade de falhas. Já o frio, implica na necessidade de
aumento de atividade (para regulação térmica), o que também
reduz a atenção e a concentração no trabalho.
Nesse sentido, destaca Grandjean (1998): “a garantia de
um clima confortável no ambiente é, assim, um pré-requisito
necessário para a manutenção do bem-estar e para a
capacidade de produção total.”
O artigo 178 da CLT estabelece que as condições de
conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas de
acordo com os parâmetros fixados pelo Ministério do Trabalho
9
9.
Para a NBR 16401-2:2008 a sensação de conforto térmico deve alcançar
80% ou mais de pessoas.
O aspecto
do conforto térmico
é de suma importância,
pois as perturbações
no conforto podem
ocasionar alterações
funcionais.
60
e Emprego, os quais foram traçados apenas para
determinadas e restritas situações , contempladas na NR-17,
conforme transcrito a seguir:
As disposições do item 17.5.2 e seus subitens são
aplicáveis aos setores de modelagem, desenvolvimento
produto e setores administrativos das fábricas de calçados.
10
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas
atividades que exijam solicitação intelectual e atenção
constantes, tais como: salas de controle, laboratórios,
escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos,
dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de
conforto:
a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR
10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), norma
brasileira registrada no INMETRO;
b) índice de temperatura efetiva entre 20 C (vinte) e 23 C
(vinte e três graus centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por
cento.
17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características
definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam
equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na
NBR 10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), o
nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65
dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não
superior a 60 dB.
17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem
ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído
determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis
na altura do tórax do trabalhador.
11 o o
10.
11.
Incluindo parâmetros para conforto acústico.
Correlação entre as sensações de conforto e as condições de temperatura,
umidade e velocidade do ar.
61
A temperatura efetiva é avaliada através de ábacos, como
o da figura a seguir:
Figura 51: Diagrama de temperaturas efetivas, mostrando a zona de
maior conforto térmico para o organismo (LEHMANN, 1960)
FONTE: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
62
Para o setor de produção, os níveis de ruído devem ser
avaliados e controlados conforme a NR-9. Havendo fontes de
calor, procede-se à avaliação da sobrecarga térmica, também
conforme a Norma Regulamentadora.
Dependendo da região do país e da época do ano, o
desconforto térmico está presente, com sensações de calor e
frio, as quais devem ser consideradas e avaliadas.
Na falta de uma normalização específica para conforto
térmico em ambientes industriais, pode-se considerar como
referência técnica para se manter os locais de trabalho dentro
de parâmetros de conforto os valores estabelecidos pela NBR
1640102:2008 apresentados na Tabela 1
12
TABELA 1 – Parâmetros de Conforto
Temperatura
Operativa13
(o
C)
Umidade
relativa (%)
Velocidade média
do ar (m/s)
Verão
22,5 a 25,5 65
,20 ou 0,25
23,0 a 26,0 35
Inverno
21,0 a 23,5 60
0,15 ou 0,20
21,5 a 24,0 30
Ações visando ao conforto térmico podem ser incluídas nas
metas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais .
A iluminação do ambiente de trabalho geralmente é
renegada a segundo plano, não tomando a importância que
representa na segurança e saúde do trabalhador, uma vez que
14
Iluminação
12.
13.
14.
Esta NBR especifica os parâmetros do ambiente interno que proporcionam
conforto térmico aos ocupantes de recintos providos de ar condicionado.
Temperatura uniforme de um ambiente imaginário, no qual uma pessoa
trocaria a mesma quantidade de calor por radiação e convecção que no
ambiente não uniforme real.
Recomenda-se a leitura de CONFORTO TÉRMICO NOS AMBIENTES DE
TRABALHOS e AVALIAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO, CONTRIBUIÇÃO À
APLICAÇÃO PRÁTICA DE NORMAS INTERNACIONAIS, ambos de Álvaro
Cesar Ruas, publicados pela FUNDACENTRO.
63
atinge as esferas da produtividade, bem-estar e representa
fatores desencadeantes de fadiga visual e acidentes.
Segundo Iida (2002, p. 258.),
A NR-17, no item 17.5.3, estabelece que em todos os
locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural
ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da
atividade:
: É a iluminação feita pela luz solar através de
vidraças, portas, janelas, telhas de vidro, etc.
: É a iluminação feita através de lâmpadas
elétricas, que podem ser fluorescentes, incandescentes, de
mercúrio, etc. Pode ser geral ou suplementar.
Geral: Ilumina todo o local de trabalho, não objetivando
uma única operação. Está geralmente afastada dos
trabalhadores, como é o caso das lâmpadas ou
luminárias colocadas no teto.
[...] a fadiga visual é provocada principalmente pelo
esgotamento dos pequenos músculos ligados ao globo
ocular, responsáveis pela movimentação, fixação e
focalização dos olhos. Raramente referem-se à dificuldade
de percepção. A fadiga visual provoca tensão e desconforto.
Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e a
freqüência de piscar vai aumentando. Muitas vezes a
imagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau mais
avançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça,
náuseas, depressão e irritabilidade emocional.
Natural
Artificial
Figura 52: Iluminação Geral
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
64
Suplementar ou localizada: Concentra maior intensidade
de iluminamento sobre a tarefa, enquanto o
ambiente geral recebe menos luz, da ordem de
50% da primeira.
Combinada: A iluminação geral é complementada com
focos de luz localizados sobre a tarefa, com
intensidade de 3 a 10 vezes superior ao ambiente
geral.
Figura 54: Iluminação Combinada
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
Figura 53: Iluminação Localizada
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
A iluminação combinada é recomendada quando a tarefa
exige iluminamento local acima de 1.000 lux ; quando a
tarefa exige luz dirigida para discriminar certas formas, texturas
15
15.
2
Lux: fluxo luminoso uniformemente distribuído que atinge uma superfície de
área igual a 1 m .
65
ou defeitos ou quando existem obstáculos físicos que
dificultam a propagação da iluminação geral.
Através de um projeto adequado, tem-se melhor
aproveitamento da luz natural, possibilitando economia de
energia (luz) elétrica. Contudo, essa luz pode ocasionar
desconforto térmico, com aumento da temperatura ambiente,
em razão do calor radiante, fator a ser relevado no projeto.
Além disso, as características da atividade desenvolvida
são primordiais para a definição do tipo de iluminação e dos
níveis de iluminamento apropriados. Por isso, devem ser
consideradas todas as variáveis existentes no ambiente, sendo
o número adequado de luminárias e a correta distribuição dos
elementos fundamentais no atingimento do nível satisfatório
de iluminamento, de forma que a iluminação geral seja
uniformemente distribuída e difusa.
A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e
instalada de forma a evitar ofuscamento , reflexos incômodos,
sombras e contrastes excessivos.
Esse ponto é bem abordado por dois especialistas em
ergonomia: Etienne Grandjean (1998) e Iida (2005) que, com
clareza didática, traçam algumas recomendações, as quais
transcrevemos:
16
17
,
- no campo visual de uma pessoa trabalhando não deve
encontrar-se nenhum corpo luminoso. A visão direta do
corpo luminoso durante o trabalho deve ser evitada através
de todos os meios;
- todas as luminárias devem ter quebra-luz, que devem ser
dosadas de forma que a densidade luminosa média das
instalações seja menor que 0,3 sb na iluminação geral e
menor que 0,2 sb na iluminação do local de trabalho;
18
19
16.
17.
18.
19. 2
Quando um objeto é menos brilhante que o fundo.
Diferença de brilho entre a figura observada e o fundo.
Medida da claridade de superfícies.
1 siltb (sb) = 10.000 Candela/m (Candela (cd) unidade de intensidade
luminosa).
Através de um projeto
adequado, tem-se
melhor aproveitamento
da luz natural,
possibilitando
economia de energia
(luz) elétrica.
66
- o ângulo entre a direção horizontal da visão e olho-
luminária deve ser maior que 30 . Se, em um ambiente
grande, um ângulo de menos de 30 é inevitável, as
luminárias deve ter quebra luzes eficazes (Figura 51);
- um número maior de luminárias com pequenas
densidades luminosas é melhor do que poucas luminárias
com grande densidades;
- para evitar ofuscamentos por reflexos, o ambiente de
trabalho deve ser ordenado para luminárias (ou as
luminárias para o ambiente de trabalho) de tal forma que as
mais frequentes direções de visão não encontrem a luz
refletida, e que os reflexos – mesmo que não ultrapassando o
limite de contraste de 1:10 – não entrem nunca no campo
visual;
- deveria desistir-se definitivamente do uso de quaisquer
materiais ou cores refletoras em máquinas, aparelhos,
superfícies de mesas, quadros de controle e outros, para
evitar reflexos de qualquer espécie;
- as janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas, de
formatos mais altos na vertical, são mais eficazes para uma
penetração mais profunda da luz;
- a distância da janela e do posto de trabalho não deve ser
superior ao dobro da altura da janela, para o
aproveitamento da luz natural, conforme visualizado na
Figura 56;
- para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, ao
invés de um único; b) proteger os focos com luminárias ou
anteparos, colocando um obstáculo entre a fonte e os olhos;
c) aumentar o nível de iluminação ambiental em torno da
fonte de ofuscamento, para diminuir o brilho; d) colocar as
fontes de luz o mais longe possível da linha de visão; e) evitar
superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies
difusoras;
- para postos de trabalho onde se exigem maiores precisões
providenciar um foco de luz adicional, que pode ter um
brilho de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente em geral;
- usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies,
para reduzir a absorção da luz;
- a luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar
o efeito estroboscópico em motores ou peças em
movimento (se houver coincidência com a ciclagem de 60
hertz podem produzir imagem estática), havendo risco de
acidentes.
o
o
20
20.
Ilusão de movimento: objetos animados mostram-se como se estivessem em
repouso ou em movimento muito lento.
67
Figura 55: Posição das luminárias para evitar ofuscamento e reflexos
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
Figura 56: Perfil de propagação da luz natural que penetra
pelas janela (HOPKINSON e COLLINS, 1970)
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados
nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias
estabelecidos na NBR 5413 (Iluminamento). Conforme essa
Norma, nas indústrias de calçados, a iluminância (em lux) por
tipo de atividade (valores médios em serviço) deve ser seguir o
que indica a tabela 2.
TABELA 2 – Iluminâncias em lux, por tipo de atividade
Atividade (1) (2) (3)
Riscagem de modelos, cortes, costuras,
formação de pares e classificação
750 1000 1500
Pregação com tachas, colocação de
solas, pregueação, colocação de formas,
colocação de vira, enrijecimento,
limpeza, tingimento e polimento
750 1000 1500
68
O valor mais baixo (1) pode ser usado quando as
refletâncias ou contrastes são relativamente altos; e/ou
quando a velocidade e/ou precisão não são importantes; e/ou
quando a tarefa é executada ocasionalmente.
O valor intermediário (2) deve ser utilizado em todos os casos.
O valor mais alto (3) deve ser utilizado quando a tarefa se
apresenta com refletâncias e contrastes bastantes baixos;
e/ou quando erros são de difícil correção; e/ou quando o
trabalho visual é crítico; e/ou quando alta produtividade ou
precisão são de grande importância; e/ou quando a
capacidade visual do observador está abaixo da média.
Os valores apresentados na tabela 2 devem ser utilizados
na iluminação geral dos ambientes, sendo conveniente, para
definição mais efetiva dos níveis de iluminamento e
recomendação de iluminação suplementar, observar as
características das tarefas realizadas (velocidade, precisão,
entre outras), da população (idade do trabalhador, etc.) e do
ambiente (refletância do fundo da tarefa), aplicando-se a
tabela 1 – Iluminância por classe de tarefas visuais da NBR-
5413:1992.
A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem
17.5.3.3 da NR-17 deve ser feita no campo de trabalho em
que se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com
fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em
função do ângulo de incidência.
Figura 57: Exemplo de luxímetro
Fonte: www.cescon.com.br
69
Quando não puder ser definido o campo de trabalho, este
será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros)
do piso. Além disso, importante salientar que as medições e o
projeto de iluminação devem ser realizados por profissional
legalmente habilitado.
Recomenda-se consulta à NBR 5382:1985 – Verificação
de iluminância de interiores – para a avaliação (verificação)
dos níveis de iluminamento.
Importante destacar, ainda, que para a qualidade da
iluminação faz-se necessária a permanente manutenção do
sistema, com a substituição de lâmpadas queimadas/
danificadas e limpeza destas e das luminárias.
21
21.
Esta norma fixa o modo pelo qual se faz a verificação da iluminância de
interiores de áreas retangulares, através da iluminância média sobre um plano
horizontal, proveniente da iluminação geral.
70
ORGANIZAÇÃO
DO TRABALHO
71
A
organização do trabalho deve ser adequada às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à
natureza do trabalho a ser executado. De acordo com
o NR 17 e o Manual de Aplicação da NR 17 (2004), do
Ministério do Trabalho e Emprego, devem ser levados em
conta alguns aspectos, conforme segue:
a) Quanto às normas de produção, é importante que o
trabalhador tenha acesso às normas, descritas ou não,
para que ele possa ter tranquilidade em realizar a
tarefa. A clareza da descrição permite o entendimento
das rotinas de trabalho, auxiliando na condução do
processo industrial e da realização do trabalho, tanto
individual quanto coletivo. Ainda estão incluídas
questões relativas aos horários de trabalho, à
qualidade desejada do produto, inclusive mobiliário e
equipamentos disponíveis. Nesse sentido, as normas
operacionais devem ser coerentes com a capacidade
de produção dos trabalhadores, de modo a não induzir
a doenças e acidentes de trabalho. Há que se ter um
equilíbrio entre demanda e possibilidade de realização,
adaptando as condições de trabalho às características
do trabalhador.
b) Quanto ao modo operatório (jeito/forma individual de
realizar o trabalho), é importante que o trabalhador,
para que possa manter a saúde e a qualidade de vida
no trabalho, tenha o seu modo operatório respeitado,
pois dessa forma tende a ter melhor performance
produtiva, assim como a preservação da sua saúde. Há
de se observar que os gestos e posturas de trabalho não
sejam impostos, dando liberdade para que o
trabalhador execute sua tarefa de acordo com o seu
jeito particular de realizá-la.
72
c) Quanto à exigência de tempo, é importante salientar
que o tempo para realização da tarefa é influenciado
por fatores individuais, pois a capacidade produtiva
pode variar de acordo com o momento do dia, do mês e
de acordo com questões particulares. Considerando
esses fatores, torna-se crítico o trabalho com
remuneração por peça produzida, pois existe uma
tendência de o trabalhador sentir-se estimulado e,
assim, superar a sua própria capacidade produtiva,
colocando em risco a sua saúde e segurança. Outro
aspecto que deve ser considerado é a sobrecarga
muscular e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados
ao Trabalho (DORT), que podem ocorrer quando a
demanda de trabalho excede a capacidade do
trabalhador para alcançar as metas de produção
estabelecidas. assim sendo, as avaliações das metas
devem ser coletivas, levando em consideração a
capacidade do grupo, e não a individual.
d) Quanto à determinação do conteúdo de tempo, há de
se ter a tarefa prescrita (determinada pela empresa),
mas considerando também os elementos da tarefa não
prescritos. Esses elementos acabam por fazer a
diferença no resultado final do trabalho, ou seja,
podem vir a conferir maior e melhor qualidade ao
produto, pois cada um tem a sua maneira de realizar o
seu trabalho, independentemente do tempo pré-
determinado pela organização.
e) Quanto ao ritmo de trabalho, um fator determinante
dessa variável na indústria calçadista é o estudo de
tempos e movimentos, que devem ser propostos de
acordo com as possibilidades do trabalhador e/ou de
um grupo de trabalhadores. Independentemente de a
empresa calçadista trabalhar com linhas de produção,
utilizando esteiras transportadoras ou não, esse ritmo
pode ser respeitado desde que a velocidade seja
programada, levando em conta as variáveis
complexidade e característica do modelo produzido.
73
f) Quanto ao conteúdo das tarefas, há de se considerar o
valor que o trabalhador atribui à sua função. Nesse
sentido, tarefas de baixa complexidade, como aplicar
adesivo, riscar, agrupar peças, abastecer, recolher
peças, entre outras, são consideradas de fácil
realização, sendo que a presença humana ocupa
posição principal no processo produtivo e, por isso, a
opinião do trabalhador na melhoria de métodos e
processos é de extrema relevância. Quando o
trabalhador tem a possibilidade de sugerir melhorias,
mais motivado e envolvido na atividade ele se torna,
agregando valor ao seu trabalho e à organização.
74
ANEXO
A EXPERIÊNCIA
DA MULTIFUNCIONALIDADE
75
A
organização do trabalho na indústria calçadista, que é
indústria manufatureira, é baseada na realização de
uma única tarefa, ou seja, é do tipo de trabalho
tradicional, que tem como características as especializações
em tarefas e funções e a repetitividade dos movimentos –
caracterização clássica da figura do trabalhador
superespecializado, que tem o domínio e o conhecimento de
uma única operação do processo. É o chamado trabalho
unifuncional.
A repetitividade, cabe destacar, está relacionada com o
tempo em que uma tarefa é realizada e seu grau é definido
pela frequência de repetição e pela duração do trabalho.
Silverstein (1986) define como repetitivo o ciclo executado
mais de duas vezes por minuto, enquanto Louhevaara (1998)
considera trabalho muscular repetitivo aquele que aciona o
músculo mais que 30 vezes por minuto. Este autor destaca,
ainda, que para um operador inexperiente o ritmo de trabalho
será mais lento, sendo que a diferença de ritmo será
proporcional ao nível de treinamento e de habilidade
necessários para a execução da tarefa.
Quanto ao ritmo de trabalho, conforme Iida (2005), este é
determinado pelo tempo-padrão, ou seja, o tempo necessário
para um operador experiente executar a tarefa utilizando o
método padrão, incluindo a tolerância de espera do processo
e de fadiga.
A repetitividade, assim sendo, tem relação estreita com a
superespecialização e a fragmentação do processo, que
podem implicar em problemas tanto para a saúde do
trabalhador quanto para os resultados da empresa. Nesse
sentido, o surgimento de implicações fisiológicas causadas
pelo trabalho repetitivo (sempre igual ao longo da jornada)
tende a sobrecarregar partes específicas do corpo, e que afeta
músculos, tendões, articulações, podendo levar a LER/DORT
(Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho). A consequência da repetitividade
quase sempre implica em custos relacionados a afastamento
temporário ou permanente do trabalho, diminuição da
76
produtividade, podendo gerar retrabalho e/ou refugo. Um
indivíduo com dor/desconforto dificilmente produzirá com a
mesma destreza e qualidade do que se estivesse sem dor.
O primeiro sinal de alerta de uma possível LER/DORT é a
fadiga muscular, podendo ser entendida como o desequilíbrio
reversível entre a exigência e a capacidade de recuperação do
organismo, e uma degradação qualitativa do trabalho (IIDA,
2005). A fadiga apresenta sinais, como a redução da
capacidade muscular, redução da força produzida, redução
da habilidade e da precisão. Nos casos mais críticos, pode
ocorrer dor severa localizada, contratura muscular e até
exaustão (Guimarães, 2002). Em decorrência disso, a
empresa acaba tendo custos variados com serviços de
medicina, fisioterapia, afastamento do trabalho temporário ou
permanente, redução de produtividade e da qualidade do
produto.
Nesse sentido, a melhor atuação sempre será através de
medidas preventivas, fazendo-se necessário trabalhar em
conjunto com a equipe técnica, chefias e, principalmente, com
os trabalhadores. Programar variações de postura, diversificar
ou ampliar o conjunto de tarefas, atividades ou funções são
entendidas como medidas estratégicas de prevenção.
Sampaio (1993) conceitua a ampliação no conjunto de tarefas
que incorpora outras especialidades profissionais não
pertencentes, originalmente ao empregado, como
multifuncionalidade. No entanto, isso implica em um processo
lento e gradual, e não poderá ser realizado com êxito sem a
criação de uma consciência geral na empresa sobre as
vantagens e desvantagens, pois exige mudanças na
organização funcional do trabalho, na cultura da empresa,
treinamento e capacitação dos trabalhadores, de modo a se
evitar perdas no processo e produto.
Assim, faz-se necessário o estudo das necessidades da
operação e da capacidade das pessoas e máquinas, assim
como o desenvolvimento de tarefas que resultem em melhor
aproveitamento dos fatores relevantes (Hendrick & Moore,
1980), ou seja, o projeto de trabalho, definindo como o
77
trabalho deve ser arranjado e dimensionado para ser eficiente.
O conceito de projeto do trabalho, do ponto de vista
ergonômico, considera o posto como uma “vestimenta” bem
adaptada, em que o operador possa realizar o trabalho com
conforto, eficiência e segurança (Iida, 2005). De forma mais
abrangente, o projeto do trabalho é a tecnologia, conteúdo do
cargo, extensão do cargo, estrutura da organização, fluxo de
informação e comunicação, estilo de gestão, nível de
qualificação, tempos do trabalho e suas recompensas (SPUR,
SPECHT & HERTER, 1994).
A proposta de multifuncionalidade sob o ponto de vista da
ergonomia surge como um recurso para o incremento
produtivo e a manutenção da saúde do trabalhador.
Nesse sentido, a multifuncionalidade traz consigo
elementos motivacionais, decorrentes principalmente da
quebra da monotonia, além do estímulo proporcionado pelo
aprendizado de novas funções, tornando o trabalhador mais
qualificado para o mercado de trabalho.
No entanto, há vários fatores inibidores da
multifuncionalidade que devem ser analisados antes de se
iniciar o processo de adaptação do sistema de trabalho
unifuncional em multifuncional. De acordo com Santini e
Gomes (1999), alguns fatores identificados são:
- inadequação da organização funcional do trabalho
(atividades não correspondentes às funções especificadas na
Carteira de Trabalho);
- dificuldade no controle do uso de EPI´s;
- cultura do trabalho individualista;
- diversidade de processos e materiais utilizados (torna o
treinamento mais exigente);
- fragilidade do treinamento técnico operacional;
- espectro limitado de conhecimento dos profissionais dos
cargos de chefia.
78
Na análise desses autores, a adaptação passa por uma
fase inicial de investimentos e, portanto, torna-se importante
um estudo para apurar sua a viabilidade econômica:
- análise do organograma da empresa;
- graus de risco presentes no ambiente de trabalho;
- amplitude dos processos de produção;
- diversidade de matérias-primas utilizadas;
- estrutura do treinamento interno da empresa;
- habilidades da chefia para questões interdisciplinares.
Após essa análise, é importante a designação de uma
equipe multidisciplinar para organizar as ações do projeto,
composta por administradores, direção/gerência, chefia de
produção, engenheiros, equipe de saúde, recursos humanos,
etc.
Renner (2007) destaca, ainda, alguns cuidados e
estratégias para que a implantação de um sistema
multifuncional obtenha sucesso:
a) os trabalhadores devem ser qualificados para, no
mínimo, 4 funções, pois o ideal é que possam trocar de
operação 4 vezes por dia. Esse processo de troca pode
iniciar com a troca a cada dia, para, após, passar a ser
a cada turno e, posteriormente, quando já qualificado e
com a destreza e habilidade necessária, trocar 4 vezes
por dia. A justificativa para esse tempo de troca é que
entre a segunda e a terceira hora realizando a mesma
tarefa, o corpo tende a entrar em processo de fadiga;
b) é preciso o cuidado de não expor o trabalhador a riscos
ocupacionais para não implicar em lesões e
adoecimentos;
c) há de se alocar o trabalhador multifuncional em
determinadas faixas de salário, prevenindo futuros
passivos trabalhistas;
d) torna-se necessário que a multifunção seja acompanhada
por um processo de gestão, ou seja, é fundamental
discutir metas, realizar planos de ação, considerar as
lideranças naturais, fazer reuniões com envolvimento dos
trabalhadores;
79
e) há de se considerar que, embora raros, poderá haver
trabalhadores que preferem permanecer realizando a
mesma operação. As razões podem ser as mais diversas
e devem ser respeitadas, desde que não ocorra prejuízo
para a sua saúde e qualidade de vida.
Por fim, considera-se que um projeto multifuncional bem
realizado deve trazer os seguintes benefícios:
- aumentar a flexibilidade da equipe;
- melhorar a satisfação do empregado;
- aumentar o comprometimento e a motivação, assim
como a autonomia;
- aumentar o nível de aspiração dos trabalhadores;
- reduzir o absenteísmo;
- enriquecer o trabalho, através da maior tomada de
decisões;
- ampliar o conhecimento, a responsabilidade e o controle
sobre o trabalho;
- reduzir o refugo e o retrabalho;
- incrementar a produção e melhorar a qualidade do
produto.
80
REFERÊNCIAS
81
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HENDRICK, Thomas, MOORE, Franklin G.
Production/Operations Management. 8.ed. Illinois: Richard
Darwin, 1980.
SPUR, G., SPECHT, D., HERTER, J. Job. In: KARWOWSKI,
Waldemar, SALVENDY, Gavriel. Design of work and
development of personnel in advanced manufacturing. 1.ed.
Norcross: Society of Manufacturing Engineers, 1994. p.1-
40.
SANTINI, Berenice, GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Sugestões
para transformação de sistemas de trabalho unifuncionais
em multifuncionais. http://www.abepro.org.br/biblioteca/
ENEGEP1999_A0004.PDF
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Instalação de ar-condicionado – Sistemas centrais e
unitários – Parte 2: Parâmetros de conforto térmico: NBR
16401-2. Rio de Janeiro, 2008,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Iluminância de interiores: NBR5413. Rio de Janeiro, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Verficação de iluminância de interiores: NBR 5382. Rio de
Janeiro, 1985.
BARBARA A SILVERSTEIN, L J FINE, T J ARMSTRONG, Hand
wrist cumulative trauma disorders in industry. British Journal
of Industrial Medicine 43:779-784,1986.
CHAFFIN, DON B. et al. Biomecânica Ocupacional. Belo
Horizonte: Ergo, 2001.
FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de
conforto térmico: arquitetura e urbanismo. 2 Edição. São
Paulo: Studio Nobel, 1995
a
82
GRANDJEAN, Etienne – MANUAL DE ERGONOMIA,
Adaptando o Trabalho ao Homem, 5.ª Edição, Bookmann,
1998;
GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Programa de Pós Graduação em
Engenharia de Produção, Porto Alegre, RS, 2002.
GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia de Produto Volume 1, 5º
edição. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção,
Porto Alegre, RS, 2004.
IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. 2°Ed. São
Paulo: Blucher, 2005.
IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e produção. São Paulo:
Blucher, 1 reimpressão, 1992.
LOUHEVAARA, Veikko. Assessing phisical work load. In:
KARWOWSKI, Waldemar, SALVENDY, Gavriel. Ergonomics in
manufacturing. 1.ed. Norcross: Society of Manufacturing
Engineers, 1998.
Ministério do Trabalho e Emprego – Fundacentro. Pontos de
Verificação Ergonômica. São Paulo,2001.
MANUAIS DE LEGISLAÇÃO – Segurança e Medicina do
Trabalho. 54ª edição, São Paulo: Atlas S.A, 2004.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – Manual de
Aplicação da Norma Regulamentadora N° 17. Brasília,
2002.
NIOSH – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPACIONAL
SAFETY AND HEALTH. The new NIOSH manual lifiting
equation, 1996.
OLIVER J., MIDDLEDITCH A . Anatomia funcional da coluna
vertebral. Rio de Janeiro, RJ, Revinter. 1998.
a
IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e produção. São Paulo:
Asisc, 8 reimpressão, 2002.
a
83
RENNER, Jacinta S. Projetação de um novo sistema de
concepção do trabalho no setor calçadista sob a ótica do
sistema sócio técnico, Porto Alegre, Tese de Doutorado em
Engenharia de Produção, UFRGS, 2007.
RENNER, J. S.; OLIVEIRA, A. B.; BÜHLER, D. C. Implantação
de ações ergonômicas em micro empresas de fabricação de
componentes de: o caso de Parobé, RS. Anais do XII
Congresso Brasileiro de Ergonomia – ABERGO, Fortaleza,
Ceará, 2004.
RENNER, Jacinta S. Custos Posturais nos Posicionamentos
Em Pé, Em Pé/Sentado e Sentado nos Postos de Trabalho do
Setor Costura na Indústria Calçadista. Porto Alegre,
Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
RUAS, Álvaro César. Conforto térmico nos ambientes de
trabalho. São Paulo, FUNDACENTRO, 1999.
RUAS, Álvaro César. Avaliação de conforto térmico –
Contribuição à aplicação prática das normas internacionais.
São Paulo, FUNDACENTRO, 2001.
WELLS ASTETE, Martin; GIAMPAOLI, Eduardo; ZIDAN, Leila
Nadim. Riscos físicos. São Paulo, FUNDACENTRO, 1989.
84 85
FETICVERGS
86
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PORTARIA/GAB/SRTE/RS/Nº 120,
DE 27 DE OUTUBRO DE 2010
Institui Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria
Calçadista.
O Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado
do Rio Grande do Sul Substituto, no exercício do cargo de
Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio
Grande do Sul, no uso de suas atribuições legais e:
Considerando o trabalho desenvolvido, nos últimos anos,
referente aos aspectos de segurança de máquinas, que abordaram
questões relativas à Ergonomia, resolve:
Artigo 1º - Instituir, no âmbito desta Regional, a Comissão
Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria Calçadista, composta
por representantes da Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego no Estado do Rio Grande do Sul, da Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados – ABICALÇADOS e dos Sindicatos dos
Trabalhadores da Indústria de Calçados.
Artigo 2º - A Comissão será composta da seguinte forma:
Representantes da Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego no Rio Grande do Sul:
- Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo;
- Luis Carlos Rossi Bernardes; e
- Paulo Antônio Barros Oliveira.
Representantes da bancada dos trabalhadores:
- João Nadir Pires;
- Roberto Müller; e
- Elário Becker
Representantes da bancada dos empregadores:
- Rogério Gustavo Dreyer;
- Gisele de Morais Garcez; e
- Jacinta Sidegum Renner.
87
Artigo 3º - para a consecução dos seus objetivos, a Comissão
terá as seguintes atribuições:
a) Discutir sobre assuntos relativos às condições de trabalho
no âmbito da ergonomia na indústria de fabricação de calçados;
b) Analisar e propor condições ergonômicas de trabalho para
a indústria de fabricação de calçados;
c) Propor ações coletivas de capacitação, informação e
divulgação sobre o tema.
Artigo 4º - A Seção de Segurança e Saúde no Trabalho
(SEGUR), a ABICALÇADOS e os Sindicatos de Trabalhadores
componentes da Comissão prestarão o apoio técnico e
administrativo necessário ao funcionamento da Comissão.
Artigo 5º - As deliberações da Comissão serão tomadas por
consenso entre seus membros.
Parágrafo único – Nos mesmos termos das Comissões
Tripartites Nacionais, na ausência de consenso, caberá à Seção de
Segurança e saúde no Trabalho (SEGUR) decidir sobre as questões
controversas.
Artigo 6º - A referida Comissão poderá elaborar Regimento
Interno.
Artigo 7º - esta Portaria entra em vigor na data de sua
publicação.
LUIZ FELIPE BRANDÃO DE MELLO
Superintende Regional do Trabalho e Emprego no RS -
Substituto
88
PRESIDENTA DA
REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL
MINISTRO DO
TRABALHO E EMPREGO
SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO
DO TRABALHO
DIRETOR DO DEPARTAMENTO
DE FISCALIZAÇÃO
DO TRABALHO - DEFIT
DIRETOR DO DEPARTAMENTO
DE SEGURANÇA E SAÚDE
NO TRABALHO - DSST
SUPERINTENDENTE REGIONAL
DO TRABALHO E EMPREGO
NO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SU
Dilma Rousseff
Carlos Lupi
Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque
Leonardo Soares de Oliveira
Rinaldo Marinho Costa Lima
l Heron de Oliveira
Av. Mauá, 1013 – Centro
Porto Alegre – RS
CEP 90010-110
Fone: (51) 3213-2800
www.mte.gov.br
PRESIDENTE DO CONSELHO
DELIBERATIVO NACIONAL Roberto Simões
DIRETOR PRESIDENTE Luiz Barretto
DIRETOR-TÉCNICO Carlos Alberto dos Santos
DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO
E FINANÇAS José Claudio dos Santos
GERENTE UNIDADE
ATENDIMENTO COLETIVO
- INDÚSTRIA Kelly Cristina V. de Pinho Sanches
COORDENAÇÃO NACIONAL
DA CADEIA PRODUTIVA
DE COURO E CALÇADOS Anna Patrícia Teixeira Barbosa
Juliana Ferreira Borges
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SGAS Quadra 605 - Conjunto A
Brasília DF
CEP 70.200-645
(61) 3348-7282 / 3348-7374
www.sebrae.com.br
89
PRESIDENTE
VICE-PRESIDENTES
DIRETORES
MILTON CARDOSO
CAETANO BIANCO NETTO
JOSÉ CARLOS BRIGAGÃO DO COUTO
JÚNIOR CESAR SILVA
LUIZ RAUL ALEIXO BARCELOS
MARCO LOURENÇO MÜLLER
MARCIO UTSCH
PAULO GRINGS
PAULO SCHEFFER
RAUL KLEIN
RICARDO WIRTH
WAGNER AECIO POLI
ABDALA JAMIL ABDALA
ALDO FURLANETTO
ANDERSON BIRMANN
ANTONIO TAVARES AZEVEDO DE BRITTO
CARLOS MESTRINER
CESAR MINETTO
DONATO LEMKE
EGON GEWEHR
ELIAS SAAD RACHED NETO
GILBERTO HENRICH
GILDO LEMKE
JOÃO CARLOS WILBERT
JOSÉ CUNHA DE MORAES
LEONILDO DAL PONTE
MARCO TAVARES
PEDRO GRENDENE BARTELLE
ROBERTO ARGENTA
ROMEU LEHNEN
SAMIR NAKAD
SÉRGIO MURADÁS
URIAS CINTRA
WERNER MÜLLER
FRANCISCO SANTOS
90
CONSELHO FISCAL
DIRETORES EXECUTIVOS
ADÃO OSCAR WOLF
WERNER ARTHUR MÜLLER JR
ABICALÇADOS
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
Rua Aluízio de Azevedo, 60 - Vila Nova
Novo Hamburgo / RS
(51) 3594.7011
www.abicalcados.com.br
ALAOR JESUS MARTINS
ERNANI REUTER
LUIZ CARLOS TROTT
PAULO ROBERTO KONRATH
HEITOR KLEIN
ROGÉRIO DREYER
91
Diretoria Efetiva
Presidente: Alvaro Davi Boessio
1º Vice Presidente: João Nadir Pires
2º Vice Presidente: João Ricardo Schaab
Secretário: Nelson Gross
2º Secretário: Roberto Muller
Tesoureiro: Nilvion Barreto Schroeder
2º Tesoureiro: Álvaro José Guilherme Da Cruz
Diretor Social: José Carlos Markeviski
Diretor De Patrimônio: Jandir Zaccaria
Diretor De Divulgação Norberto Beck
Diretora da Mulher: Elvira Bervian Graebim
Suplentes da Diretoria Valdir Raimundo Ramos
Juvelino Angelo De Bortoli
Silvio Antonio Kirsch
Gaspar De Mello Nehering
Arlito Klein
Eurico Dörr
Mareli Hennika
Delmar Land
Marlene Amaral da Silva
Davi Batista Rodrigues da Silveira
92
FETICVERGS
Conselho Fiscal Efetivos Elário Enio Becker
Paulo César Da Silveira Santos
José Leocir Conceição
Conselho Fiscal Suplentes Aloí Teles Moreira
Clenir Maria dos santos
Jair Eloi Brito da Silveira
Delegados Representantes
Efetivos Almir D´avila Pereira
João Nadir Pires
Delegados Representantes
Suplentes João Henrique Vitorazzi
Nilvion Barreto Schroeder
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do
Vestuário do Rio Grande do Sul
Rua Dr.Flores, 307 - Centro
Porto Alegre / RS
(51) 3227.5175
93
94
PRESIDENTE DA ASPEUR Argemi Machado de Oliveira
REITOR DA
UNIVERSIDADE FEEVALE Ramon Fernando da Cunha
PRÓ-REITORA DE ENSINO Inajara Vargas Ramos
PRÓ-REITOR DE PESQUISA
E INOVAÇÃO João Alcione Sganderla Figueiredo
PRÓ-REITOR DE
PLANEJAMENTO
E ADMINISTRAÇÃO Alexandre Zeni
PRÓ-REITORA
DE EXTENSÃO E
ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Gladis Luisa Baptista
Maria Cristina Bohnenberger
Cesar Augusto Teixeira
Luis André Ribas Werlang
Cristina Ennes da Silva
· Escola de Aplicação
Cecília Monaco da Silva
DIRETORA DO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS
SOCIAIS APLICADAS
DIRETOR DO INSTITUTO
DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR DO INSTITUTO
DE CIÊNCIAS EXATAS
E TECNOLÓGICAS
DIRETORA DO INSTITUTO
DE CIÊNCIAS HUMANAS,
LETRAS E ARTES
DIRETORA DA ESCOLA DE
EDUCAÇÃO BÁSICA FEEVALE
– ESCOLA DE APLICAÇÃO
95
96
A diagramação e produção gráfica deste livro foi realizada pela Editora Feevale.
Fontes utilizadas: Futura Lt BT e . Tiragem: 4.000 exemplares.
Futura Md BT
CARTILHA ERGONOMIA.pdf

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a CARTILHA ERGONOMIA.pdf

Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...
Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...
Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...Diego Proton
 
Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01
Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01
Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01Thais Barreto
 
Trabalho de ergonomia
Trabalho de ergonomiaTrabalho de ergonomia
Trabalho de ergonomiaTiago Campos
 
Cetao news 10
Cetao news 10Cetao news 10
Cetao news 10CETAO
 
Principios de higiene e segurança no trabalho
Principios de higiene e segurança no trabalhoPrincipios de higiene e segurança no trabalho
Principios de higiene e segurança no trabalhoNajara Queiroz Cardoso
 
Conceito de ergonomia
Conceito de ergonomiaConceito de ergonomia
Conceito de ergonomiaCELOBUT
 
Boa ergonomia boa_economia
Boa ergonomia boa_economiaBoa ergonomia boa_economia
Boa ergonomia boa_economiaAriel Orlei
 
Nr 36 manual-nr_36_compilado
Nr 36 manual-nr_36_compiladoNr 36 manual-nr_36_compilado
Nr 36 manual-nr_36_compiladoAlexandrePoffo1
 
12 Nocoes ergonomia Construção Civil
12 Nocoes ergonomia Construção Civil12 Nocoes ergonomia Construção Civil
12 Nocoes ergonomia Construção CivilRenata Gontijo
 
Ler dort norma tecnica avaliacao
Ler dort norma tecnica avaliacaoLer dort norma tecnica avaliacao
Ler dort norma tecnica avaliacaoadrianomedico
 
bloqueio de caminhao (1).docx
bloqueio de caminhao (1).docxbloqueio de caminhao (1).docx
bloqueio de caminhao (1).docxCarla Aparecida
 
Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749
Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749
Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749Rogerio Catanese
 

Semelhante a CARTILHA ERGONOMIA.pdf (20)

Rt setor motofrete
Rt setor motofreteRt setor motofrete
Rt setor motofrete
 
Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...
Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...
Trabalho sentado riscos ergonomicos para profissionais de bibliotecas arquivo...
 
Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01
Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01
Agestodaseguranadotrabalhocomofontedequalidadedevida 120925031647-phpapp01
 
Slide 1
Slide 1Slide 1
Slide 1
 
Trabalho de ergonomia
Trabalho de ergonomiaTrabalho de ergonomia
Trabalho de ergonomia
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Cetao news 10
Cetao news 10Cetao news 10
Cetao news 10
 
Principios de higiene e segurança no trabalho
Principios de higiene e segurança no trabalhoPrincipios de higiene e segurança no trabalho
Principios de higiene e segurança no trabalho
 
Conceito de ergonomia
Conceito de ergonomiaConceito de ergonomia
Conceito de ergonomia
 
Oms trabalho saudavel
Oms trabalho saudavelOms trabalho saudavel
Oms trabalho saudavel
 
Motoristas posturas
Motoristas posturasMotoristas posturas
Motoristas posturas
 
4871 13190-1-pb
4871 13190-1-pb4871 13190-1-pb
4871 13190-1-pb
 
Boa ergonomia boa_economia
Boa ergonomia boa_economiaBoa ergonomia boa_economia
Boa ergonomia boa_economia
 
Nr 36 manual-nr_36_compilado
Nr 36 manual-nr_36_compiladoNr 36 manual-nr_36_compilado
Nr 36 manual-nr_36_compilado
 
Posturas nos cuidados corporais
Posturas nos cuidados corporaisPosturas nos cuidados corporais
Posturas nos cuidados corporais
 
12 Nocoes ergonomia Construção Civil
12 Nocoes ergonomia Construção Civil12 Nocoes ergonomia Construção Civil
12 Nocoes ergonomia Construção Civil
 
Ler dort norma tecnica avaliacao
Ler dort norma tecnica avaliacaoLer dort norma tecnica avaliacao
Ler dort norma tecnica avaliacao
 
bloqueio de caminhao (1).docx
bloqueio de caminhao (1).docxbloqueio de caminhao (1).docx
bloqueio de caminhao (1).docx
 
Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749
Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749
Dissert.juarez tripartismo-ind.constr 20140613171749
 

Mais de MarciaDelaneSilva

TRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptx
TRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptxTRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptx
TRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptxMarciaDelaneSilva
 
biomecanica_ocupacional (1).pdf
biomecanica_ocupacional (1).pdfbiomecanica_ocupacional (1).pdf
biomecanica_ocupacional (1).pdfMarciaDelaneSilva
 
AULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdf
AULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdfAULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdf
AULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdfMarciaDelaneSilva
 
Material Apoio para Elaboração da APR.doc
Material Apoio para Elaboração da APR.docMaterial Apoio para Elaboração da APR.doc
Material Apoio para Elaboração da APR.docMarciaDelaneSilva
 
Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdf
Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdfAnálise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdf
Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdfMarciaDelaneSilva
 
Disciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdf
Disciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdfDisciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdf
Disciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdfMarciaDelaneSilva
 
Lista Exercicio Aula de Campo (1).pdf
Lista Exercicio Aula de Campo (1).pdfLista Exercicio Aula de Campo (1).pdf
Lista Exercicio Aula de Campo (1).pdfMarciaDelaneSilva
 
toxicologia texto 3 2018.pdf
toxicologia texto 3 2018.pdftoxicologia texto 3 2018.pdf
toxicologia texto 3 2018.pdfMarciaDelaneSilva
 
Agentes Físicos - UEMA 1.pptx
Agentes Físicos - UEMA 1.pptxAgentes Físicos - UEMA 1.pptx
Agentes Físicos - UEMA 1.pptxMarciaDelaneSilva
 
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdfalema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdfMarciaDelaneSilva
 
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdfalema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdfMarciaDelaneSilva
 

Mais de MarciaDelaneSilva (18)

ESCREVENDO MANUSCRITO.pdf
ESCREVENDO MANUSCRITO.pdfESCREVENDO MANUSCRITO.pdf
ESCREVENDO MANUSCRITO.pdf
 
TRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptx
TRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptxTRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptx
TRABALHO DE PLANIFICAÇÃO.pptx
 
biomecanica_ocupacional (1).pdf
biomecanica_ocupacional (1).pdfbiomecanica_ocupacional (1).pdf
biomecanica_ocupacional (1).pdf
 
AULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdf
AULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdfAULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdf
AULA 01 - SISTEMA OPERACIONAL.pdf
 
Material Apoio para Elaboração da APR.doc
Material Apoio para Elaboração da APR.docMaterial Apoio para Elaboração da APR.doc
Material Apoio para Elaboração da APR.doc
 
Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdf
Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdfAnálise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdf
Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP)_DNV.pdf
 
Disciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdf
Disciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdfDisciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdf
Disciplina_Gerenciamento de Riscos_Prof.FabioArruda_1ªparte.pdf
 
ERGONOMIA_AULA4.pdf
ERGONOMIA_AULA4.pdfERGONOMIA_AULA4.pdf
ERGONOMIA_AULA4.pdf
 
ERGONOMIA_AULA3.pdf
ERGONOMIA_AULA3.pdfERGONOMIA_AULA3.pdf
ERGONOMIA_AULA3.pdf
 
Lista Exercicio Aula de Campo (1).pdf
Lista Exercicio Aula de Campo (1).pdfLista Exercicio Aula de Campo (1).pdf
Lista Exercicio Aula de Campo (1).pdf
 
toxicologia texto 3 2018.pdf
toxicologia texto 3 2018.pdftoxicologia texto 3 2018.pdf
toxicologia texto 3 2018.pdf
 
Agentes Físicos - UEMA 1.pptx
Agentes Físicos - UEMA 1.pptxAgentes Físicos - UEMA 1.pptx
Agentes Físicos - UEMA 1.pptx
 
Apostila Ergonomia (1).pdf
Apostila Ergonomia (1).pdfApostila Ergonomia (1).pdf
Apostila Ergonomia (1).pdf
 
ERGONOMIA_AULA2.pdf
ERGONOMIA_AULA2.pdfERGONOMIA_AULA2.pdf
ERGONOMIA_AULA2.pdf
 
ERGONOMIA_AULA1.pdf
ERGONOMIA_AULA1.pdfERGONOMIA_AULA1.pdf
ERGONOMIA_AULA1.pdf
 
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdfalema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_02.pdf
 
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdfalema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdf
alema_-_assistente_legislativo_-_agente_legislativo_-_prova_tipo_01.pdf
 
matematica_11 - 6 ano.pdf
matematica_11 - 6 ano.pdfmatematica_11 - 6 ano.pdf
matematica_11 - 6 ano.pdf
 

CARTILHA ERGONOMIA.pdf

  • 1. 9 788577 171316 ISBN 857717131-0 ISBN 978-85-7717-131-6 FETICVERGS FETICVERGS
  • 2.
  • 3. Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil 2011 FETICVERGS
  • 4. ©Feevale – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos do autor (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Campus I: Av. Dr. Maurício Cardoso, 510 – CEP 93510-250 – Hamburgo Velho – Novo Hamburgo – RS Campus II: RS 239, 2755 – CEP 93352-000 – Vila Nova – Novo Hamburgo – RS Fone: (51) 3586.8800 – Homepage: www.feevale.br Universidade Feevale COORDENAÇÃO EDITORIAL Inajara Vargas Ramos EDITORA FEEVALE Coordenador: Celso Eduardo Stark Analista de Editoração: Maurício Barth Auxiliar de Editoração: Gislaine A. M. Monteiro Rafael de Ávila EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Celso Eduardo Stark REVISÃO TEXTUAL Lovani Volmer Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Universidade Feevale – RS/Brasil 4 Bibliotecário Responsável: Susana Fernandes Pfarrius Ladeira - CRB 10/1484 Cartilha de ergonomia na indústria calçadista: diretrizes para segurança e saúde do trabalhador / ABICALÇADOS ; FETICVERGS; Ministério do Trabalho e Emprego. – Novo Hamburgo: Feevale, 2011. 96 p. ; il. ; 21 cm. Inclui anexo e bibliografia. ISBN 978-85-7717-131-6 1. Trabalhadores – Saúde e higiene. 2. Promoção da saúde dos empregados. 3. Ergonomia – Indústria calçadista. I. Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. II. Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul. CDU 331.45 Mais Qualidade de Vida para as Pessoas. Mais Produtividade para as Empresas. 5 FETICVERGS
  • 5. 6 Agradecimentos Angela Machado Débora Cristina Bühler Enio Klein Eurico Döhr Gisele Garcez Jacinta Sidegum Renner João Nadir Pires Lázaro Reinaldi Luiz Fernando Osório Junior Paulo Antonio Barros Oliveira Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo Renan José Machado de Souza A. Grings S A - Piccadilly Paquetá Calçados Ltda Universidade Feevale Colaboradores Caroline Monalisa Santos Elisabete Böes Kelli Prado Rogério Gustavo Dreyer 7
  • 6. 8 À exemplo da Cartilha de Segurança de Máquinas e Equipamentos da Indústria de Calçados, lançada em outubro do ano passado, em parceria com a ABRAMEQ, Federação dos Trabalhadores na Indústria do Calçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul e Ministério do Trabalho e Emprego, a Cartilha de Ergonomia é um novo marco no tratamento deste assunto importante: a segurança e a saúde do trabalhador. Após um exaustivo trabalho do grupo montado pela ABICALÇADOS para discutir aspectos ergonômicos, formatou-se um início de lapidação da obra. Com a instituição da Comissão Tripartite Paritária, a obra tomou o formato que estamos apresentando hoje, fruto igualmente de exaustivas reuniões de debate e discussão de seu conteúdo. A filosofia da Comissão Tripartite foi despir-se de tendências que desvirtuassem o conteúdo da cartilha. O norte sempre foi o atendimento da produtividade dentro de limites que assegurassem o bem-estar, a realização profissional, o chamamento à responsabilidade de ambas as partes (empregadores e empregados) e a proximidade maior possível daquilo que tecnicamente se considere o ideal. Enfim, fruto deste trabalho e deste comportamento ético, entrega-se ao público esta Cartilha de Ergonomia na Indústria do Calçados, com o primado de que sirva como base sólida na consecução dos objetivos que justificaram a sua confecção. 9
  • 7. 10 A preocupação com a saúde dos trabalhadores é que levou a nossa Federação a participar desde o início deste trabalho. Daí a importância da Ergonomia, que representa um esforço de detectar possíveis riscos à saúde do trabalhador e buscar soluções. A ergonomia trata das relações entre a máquina e o homem dentro de seu ambiente de trabalho, tendo como finalidade o bem-estar, a saúde e o bom rendimento do trabalhador. Desta forma, uma cartilha que aborde o tema serve de base de sustentação para que o trabalhador conheça um pouco mais os problemas que pode enfrentar e onde buscar auxílio. A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul (Feticvergs), que congrega 23 sindicatos espalhados pelo Estado, entende a importância da prevenção da saúde do trabalhador, pois dela depende o desenvolvimento financeiro gaúcho. Apoiar uma publicação como esta faz parte da luta empreendida pela Feticvergs. 11 FETICVERGS
  • 8. 12 APRESENTAÇÃO expressão ergonomia, derivada do grego (trabalho) e (regras/leis naturais), aparece em artigo científico em 1857. Contudo, somente com a fundação na Inglaterra da , no início da década de 1950, passou a ser conhecida mundialmente. A Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943, de forma intuitiva já adotava preceitos ergonômicos quando referia que para se evitar a fadiga era obrigatória a disposição de assentos ajustáveis à altura do indivíduo e função exercida. Com a edição da Portaria 3.214/78 regulamentando a seção relativa à prevenção da fadiga surge a Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia, contemplando disposições para levantamento, transporte e descarga de materiais, utilização de bancadas e mesas, escrivaninhas, painéis e assentos ajustáveis. Em 1990 tal Norma sofreu alteração inovando ao não restringir a ergonomia à postura e mobiliário, incluindo questões relacionadas à organização do trabalho no processo de adaptação da atividade laboral. A indústria calçadista, por seu caráter manufatureiro, tem potencial significativo para o surgimento de doenças osteomusculares, sendo que a partir de meados dos anos 90, com a adoção parcial e mal adaptada de um sistema de produção japonês, implementou procedimentos inadequados em relação à postura de trabalho dos empregados. A partir de 1998, quando da lotação de Auditores-Fiscais da área de Saúde e Segurança do Trabalho na Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Novo Hamburgo, o tema ergonomia se mostrou recorrente, quer em ações fiscais de rotinas, quer em atividades educativa-preventivas, materializadas nas Campanhas Nacionais de Prevenção de ergo nomos Ergonomics Research Society A 13
  • 9. Acidentes do Trabalho (CANPATs) e Seminários, além de outros projetos. Decorrida mais de uma década foram retomados os contatos com representantes dos empregadores e dos trabalhadores da indústria calçadista, resultando na constituição da “Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria calçadista”. Como resultado deste trabalho, após diversas reuniões técnicas, foi produzida a presente Cartilha, com intuito de orientar boas práticas ergonômicas, focando especialmente as posturas recomendadas considerando as atividades peculiares da produção. Além disso, aborda assuntos relacionados ao mobiliário dos postos de trabalho, levantamento, transporte e descarga individual de materiais, condições ambientais e organização do trabalho, sem a pretensão de exaurir o assunto. Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araujo Auditor-Fiscal do Trabalho Chefe do Setor de Inspeção do Trabalho Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Novo Hamburgo/SRTE-RS/MTE 14 SUMÁRIO POSTURAS DE TRABALHO MOBILIÁRIO DOS POSTOS DE TRABALHO LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA INDIVIDUAL DE MATERIAIS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO REFERÊNCIAS ORGANIZAÇÃO GERAL DA CARTILHA ANEXO A EXPERIÊNCIA DA MULTIFUNCIONALIDADE 15
  • 11. A Abicalçados, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego e Representantes Sindicais dos Trabalhadores, vem atuando, desde setembro de 2009, através da composição de uma equipe constituída de profissionais de ergonomia, medicina, engenharia e segurança do trabalho, para discutir e buscar soluções nas questões relacionadas à ergonomia na indústria calçadista. No entanto, devido à amplitude e abrangência do tema, fez-se necessário abordar os assuntos considerando certa ordem de prioridade. Nesse sentido, o grupo optou por focar inicialmente o tema posturas de trabalho, com o objetivo de esclarecer a melhor postura a ser adotada de acordo com as características das atividades de trabalho. Tendo em vista que a saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho são os focos de discussão do grupo tripartite, apresentam-se os principais problemas e posturas prejudiciais nos postos de trabalho. Os movimentos que podem trazer complicações à saúde, principalmente quando repetidos muitas vezes, são: movimentos rotacionais de tronco, as flexões para frente e para os lados, os movimentos de extensão (esticar a coluna para trás), ficar muito tempo parado, sentado ou posicionado do mesmo modo e lugar (postura estática), seja com uma parte do corpo ou com o corpo todo. Durante as atividades de trabalho, diversas posturas podem ser adotadas, no entanto, as posturas comumente utilizadas são sentada ou em pé durante toda a jornada, configurando a postura estática, que é extremamente prejudicial à saúde. Na contrapartida da postura estática (sempre em pé ou sempre sentado), de acordo com Grandjean (1998), está a alternância postural (ora sentada, ora em pé). Nesse caso, deve-se considerar a necessidade natural do organismo de troca de movimentos e posicionamento quando o corpo assim o solicitar e as características da atividade (OLIVER e MEDDLEDITCH, 1998). Os sinais para solicitação de troca de postura são emitidos e sentidos pelo corpo através de sensações de dor, desconforto, cansaço, formigamento, entre outros. 18 Em termos biomecânicos, quando um trabalhador permanece em pé por tempo prolongado, necessita requisitar a força de aproximadamente 650 músculos de todo o corpo humano, os quais passam a realizar trabalho muscular estático, fazendo força para o corpo equilibrar-se contra a ação da gravidade. Nesse caso, há de se considerar o exposto na Nota Técnica 060/2001, que corrobora o que foi explicitado: “Trabalhar sentado permite maior controle dos movimentos porque o esforço para manter o equilíbrio postural é reduzido”. Os músculos tendem a fatigar da segunda para a terceira hora na manutenção da mesma postura. Nesse caso, a força (energia) gasta pelos músculos para manutenção da postura poderia e deveria ser gasta para a realização da atividade de trabalho, fatigando menos o trabalhador e, sem dúvida, resultando em melhor rendimento. No que se refere aos trabalhos realizados na posição sentada, Iida (2005) considera que se encontra menor trabalho muscular quando as costas estão apoiadas sobre o encosto da cadeira, a cabeça está alinhada com a coluna e quando os pés tocam o chão (se não, é necessário utilizar apoio para os pés). Quando esse posicionamento não é possível, é necessário ter orientações para reorganização do posto de trabalho de forma que permita o posicionamento adequado. Ao se discutir posturas de trabalho, é imprescindível considerar a visão da ergonomia, que está fundamentada em adaptar o trabalho ao homem e não o homem ao trabalho. A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que visa o conforto, bem-estar e saúde do trabalhador e, em consequência, o incremento produtivo. Um dos enfoques dessa ciência é a prevenção da fadiga muscular, que pode se instalar em função da postura estática prolongada, tanto em pé quanto sentada, embora a postura sentada seja bem menos lesiva do que a em pé, uma vez que exige menor atividade e esforço muscular. Do ponto de vista ortopédico e fisiológico, de acordo com Iida (2005), é altamente recomendável um local de trabalho que alterne o trabalho sentado com uma postura de pé. Uma A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que busca o conforto, bem estar e a saúde do trabalhador e, em conseqüência, o incremento produtivo. 19
  • 12. postura sentada prolongada é realmente muito menos comprometida com trabalho estático do que a postura de pé, embora também seja prejudicial em longo prazo, pois poderão surgir complicações de fadiga, que, pela alternância com o trabalho em pé, tornam-se menos críticas. Embora a questão postural seja apenas um dos inúmeros aspectos que devem ser discutidos e abordados em ergonomia, este foi o foco prioritário estabelecido pelo grupo técnico multidisciplinar convidado pela Abicalçados. Em diversas reuniões realizadas na sede da entidade durante o ano de 2009, discutiu-se atividade por atividade de cada setor, considerando, inclusive, a grande diversidade de modelos que circulam a cada estação. De acordo com cada modelo de sapato, existem alguns aspectos (detalhes) específicos que requerem, em determinada operação, um equipamento, máquina e/ou posto de trabalho diferenciado ou adaptado. Essa situação, por sua vez, implica que, em determinados períodos do ano, conforme a estação climática e/ou tendo como fator determinante a moda, sejam exercidas algumas atividades, que, em outros momentos, estão dispensadas do processo. Pode-se citar, como exemplo, a diferença entre a fabricação da sandália, que é aberta, da do sapato, que é fechado. Na sandália aberta (de dedo) não se utiliza a atividade de apontar bico; já no sapato fechado, geralmente se utiliza. Antes de aprofundar as questões relacionadas às posturas de trabalho, há que se compreender o processo de fabricação do calçado quanto ao modo de produção predominante, a divisão por setores e as características das atividades. O trabalho na indústria calçadista divide-se em quatro setores principais, dependendo do porte da empresa. Os setores apresentam-se na seguinte sequência no processo, de acordo com as características de fabricação: almoxarifado, corte, costura (preparação e costura), montagem (montagem e acabamento) e expedição. Em cada setor são realizadas Posturas de trabalho na indústria calçadista De acordo com cada modelo de sapato existem alguns aspectos (detalhes) específicos que requerem, em determinada operação, um equipamento, máquina e/ou posto de trabalho diferenciado ou adaptado. 20 atividades com características distintas, embora algumas sejam comuns a todo o processo, o que exige posturas de trabalho também diferenciadas, de acordo com as atividades. Para exemplificar a relação da postura com as características da atividade, de acordo com a Nota Técnica – NT 060/2001 do Ministério do Trabalho e Emprego, a postura em pé é justificada quando a tarefa exige deslocamentos contínuos, manipulação de cargas com peso maior ou igual a 4,5 kg, alcances amplos frequentes (para cima, para frente ou para baixo), operações frequentes em vários locais de trabalho fisicamente separados ou aplicação de forças para baixo. Assim sendo, fica evidente que os fatores que determinam a melhor postura a ser adotada em determinado posto de trabalho são as características da atividade exercida. Portanto, antes de discutir a postura de trabalho, há de se caracterizar os componentes da atividade. Nesse contexto, ainda a título de exemplo, as atividades de elaboração do calçado de modo geral, de acordo com Renner, Oliveira e Bühler (2004), têm como características a utilização de motricidade fina (mãos e dedos), em função da configuração do produto que é de pequeno porte, e, conforme demanda e de acordo com a moda, tem inserido pequenos detalhes, como costuras, enfeites, fivelas e fechos, que acabam por exigir esforço físico, envolvendo principalmente mãos e dedos. Em todas essas atividades, o posto de trabalho deve ser organizado para que o trabalhador possa exercer sua tarefa com postura alternada. A seguir são apresentados alguns aspectos específicos do trabalho de cada setor da indústria calçadista. ALMOXARIFADO E EXPEDIÇÃO: no setor de almoxarifado e expedição, as atividades caracterizam-se por deslocamentos frequentes, o que implica realizar o trabalho predominantemente na posição em pé, exceto em alguns postos de revisão e/ou em postos informatizados, como escrita fiscal e de faturista, em que a postura poderá ser sentada ou alternada. 21
  • 13. SETOR DE CORTE: neste setor, a maioria das atividades apresenta grande movimentação de membros superiores, assim como a própria configuração das máquinas requer a postura em pé, especialmente os balancins “jacaré” e os balancins ponte. No entanto, existe um grupo de atividades que pode ser realizada em postura alternada, como as que têm características de revisão e/ou pequenos ajustes nas peças: colocar zíper manual, cortar e amarrar peça manual, talonar , chanfrar, assim como as atividades de revisão. Salienta-se que nas atividades em que não é possível que ocorra a alternância postural – o que pode ocorrer em função da própria configuração da máquina, obrigando o trabalhador a atuar na posição em pé – uma das alternativas é a implantação da alternância de funções . Nesse caso, o trabalhador deverá realizar mais de uma atividade, ora na postura em pé, ora na postura sentada, sendo a postura fator determinante da troca, embora as características da atividade determinem a postura ideal em cada tarefa. 1 2 1. 2. Agrupar peças Observar as questões: salário e as determinações dos programas PPRA, PCMSO, a compatibilidade com a função a exercer. 22 Exemplo de atividade realizada na postura em pé: cortar com balancim hidráulico Figura 1: atividade realizada na postura em pé por ter deslocamentos freqüentes Fonte: Abicalçados 23
  • 14. Exemplo de alternância postural em pé/sentado na atividade de colocar zíper manual. Figuras 2 e 3: exemplo de alternância postural em pé/sentado no setor de corte Fonte: Abicalçados SETOR DE COSTURA : neste setor, que tem inclusas as atividades de preparação e costura, as principais características são o envolvimento de motricidade fina, acuidade visual e, ainda, quando acionadas, máquinas – o acionamento de pedal. Esses aspectos, quando presentes no 3 3. Pesponto. 24 trabalho, requerem a postura sentada. No entanto, se o posto de trabalho for bem configurado e adaptado, a atividade poderá ser realizada em postura alternada – o que é o mais indicado em termos biomecânicos. Assim sendo, levando em consideração as características das atividades, todas poderão ser realizadas na postura alternada, exceto as que exigem deslocamento frequente, tais como: abastecer esteira e operar máquina de conformar. Exemplo de alternância postural em pé sentado na atividade de rebater Figuras 4 e 5: exemplo de alternância postural em pé/sentado no setor de costura Fonte: Abicalçados 25
  • 15. SETOR DE MONTAGEM:neste setor, as atividades caracterizam-se pelo uso de maquinário e atividades com elementos biomecânicos diversificados, sendo que ocorre a predominância da postura em pé, em função dos alcances e grande movimentação impostos, tanto pela atividade quanto pela conformação das máquinas. Em alguns casos, tem-se a presença do uso de força muscular durante a realização da tarefa, o que, de acordo com a Nota Técnica 060/2001, limita a posição sentada. Neste setor, para melhor caracterizar a postura ideal em cada atividade, apresentam-se as atividades em quatro principais grupos e a justificativa para a indicação da postura: a) : atividades de abastecimento, encaixotar, colar etiquetas, separar formas, entre outras. Na Nota Técnica 060/2001, encontram-se descritas as tarefas que são desenvolvidas com deslocamentos frequentes e/ou contínuos que podem ser realizados na postura em pé, configurando as características dessas atividades. Atividades com deslocamentos frequentes (em pé) Figura 6: Tarefa de encaixotar Fonte: Abicalçados 26 b) : apontar bico, operar calceira, montagem, conformar, grampear, fixar palmilha, pregar salto, rebater, centrar sola, entre outras. De acordo com a Nota Técnica 060/2001, as tarefas que exigem alcances amplos e frequentes para cima, para frente ou para baixo podem ser realizadas em pé. No entanto, deve- se tentar reduzir a amplitude destes alcances para que se possa trabalhar sentado. Exemplo de atividade de montar manual, a qual exige movimentação de membros superiores e é realizada na postura em pé. Atividades com ampla movimentação de membros superiores (em pé) Figura 7: atividade de montar manual na postura em pé Fonte: Abicalçados 27
  • 16. c) : tirar rugas, montar traseiro, rebaixar planta, polir cabedal (principalmente se precisar de aspecto “queimado”), entre outras. Na Nota Técnica 060/2001, encontra-se a orientação para a tarefa que exige a aplicação de forças para baixo, como em empacotamento, em que a postura em pé é permitida – como é o caso das características destas atividades. Atividades com uso de força muscular (em pé) Figura 8: Exemplo de atividade com uso de força muscular Fonte: Abicalçados 28 d) : aplicação de e adesivos de modo geral, arrancar grampos e pregos, lavar e limpar solados, marcar palmilha, montar caixas, perfurar/pregar e preparar manual, atividades de colagem/passar brilho/ e creme em geral e revisão. Considerando a Nota Técnica 060/2001, todas as atividades que têm envolvimento de motricidade fina poderão ser realizadas na postura alternada. Por fim, ao confrontar as características das atividades realizadas na indústria calçadista e o que está disposto na Nota Técnica 060/2001, ressalta-se que a postura de trabalho adotada deve ocorrer em função da atividade desenvolvida, das exigências da tarefa (visuais, emprego de forças, precisão dos movimentos etc.), dos espaços de trabalho, da ligação do trabalhador com máquinas e equipamentos de trabalho, como, por exemplo, o acionamento de comandos. As amplitudes de movimentos dos segmentos corporais, como os braços e a cabeça, assim como as exigências da tarefa em termos visuais, de peso ou esforços influenciam na posição do tronco e no esforço postural, tanto no trabalho sentado como no trabalho em pé. Atividades com motricidade fina e pouca movimentação (alternado) halogen praimer 29
  • 17. 30 Exemplo de atividade de rebaixar planta que normalmente é realizada na postura em pé, mas em função de a atividade exigir pouco deslocamento (o que configura como postura estática) foi testado e aprovado pelos trabalhadores a alternância postural em pé/sentado. Figuras 9 e 10: Exemplo de alternância postural com uso de equipamento Fonte: Abicalçados Exemplo de alternância postural em pé/sentado na atividade de aplicar adesivo que se caracteriza por motricidade fina e com pouca movimentação Figuras 11 e 12: Exemplo de alternância postural na atividade de aplicar adesivo Fonte: Abicalçados 31
  • 19. C om relação às atividades de trabalho da indústria calçadista que devem ser realizadas na postura alternada, que são a maioria, os requisitos para adequação dos postos de trabalho devem seguir os seguintes aspectos: a) : as atividades realizadas em bancadas e mesas, que, na indústria calçadista, de modo geral, envolvem motricidade fina e acuidade visual, devem ocorrer na postura alternada. Estas atividades são as de preparação, aplicação de adesivos, revisão de qualidade, lavar e limpar solados, marcar palmilha, fazer bucha, fechar caixinha, entre outras. Seguem alguns exemplos de atividades em que se realiza a alternância de postura em pé/sentado nos setores de corte, costura e montagem. Quanto às atividades de trabalho alternado Figura 13: No setor de montagem, atividades de pregar altura Fonte: Abicalçados 34 b) : os postos de trabalho para estas atividades devem ser configurados para a alternância postural, sendo que a altura da bancada/mesa (observar que deve ser utilizado apoio de pés – item d) é projetada para a postura em pé. A cadeira, no entanto, deve ter regulagens que permitam a flexibilidade de ajustes conforme as diversidades antropométricas da população e acompanhar a altura da bancada. De acordo com Iida (2005), no caso de bancada fixa, é melhor dimensioná-la pelo trabalhador mais alto e providenciar um estrado, que pode ter altura de até 20 cm, para o trabalhador mais baixo. Esse estrado pode ter uma altura diferente para cada trabalhador, ajustando-se às suas dimensões antropométricas; se ele mudar de bancada, poderá carregá-lo para o novo local. Assim, as alturas dos postos de trabalho podem ser ajustadas individualmente, a custos reduzidos. Outra medida possível de ser adotada é que a bancada (principalmente as de pequenas dimensões) seja provida de dispositivo para regulagem de altura, que pode ser adequada conforme a altura do trabalhador. Importante observar, no entanto, que a regulagem deve ser de fácil manuseio, sem implicar na necessidade de chamar a manutenção mecânica para fazê-lo. Quanto à configuração dos postos de trabalho Figura 14: Exemplo de utilização de estrado Fonte: Abicalçados 35
  • 20. Exemplo de máquina de rebaixar planta (lixa) com regulagem de altura Regulagem de altura Figura 15: Máquina com regulagem de altura Fonte: Abicalçados c) : tendo em vista que a maioria das atividades da indústria calçadista envolve acuidade visual em função de o produto ter pequenas dimensões, estes requisitos tendem a ser determinantes para a saúde do trabalhador, assim como na boa performance para o trabalho. Em algumas atividades, como costura, chanfro, virar fita à máquina, dividir o couro (máquinas de dividir), entre outras que têm o ponto de realização da tarefa fixo (agulha da costura, navalhas e vira), devem ter o ponto de visualização considerado ótimo, situado na metade da linha do olho (campo visual) e o cotovelo fletido Quanto aos alcances, visualização e acionamentos 4 4. Facas. 36 a 90º. Essa situação é bem caracterizada pelas máquinas de costura de coluna, pois o ponto de visão está situado exatamente entre esses dois parâmetros. Linha dos olhos Ponto de visão Cotovelos Figura 16: Máquina de costura (alcances e visualização) Fonte: Abicalçados Figuras 17 e 18: Exemplos de posto de trabalho de costura com máquina de coluna na postura em pé e sentada Fonte: Abicalçados 37
  • 21. Outro exemplo para organizar a alternância de postura é adaptar as máquinas para postura em pé e disponibilizar cadeiras altas (com haste de incursão para regulagem da altura do assento em torno de 78 cm) e disponibilizar apoio de pés, que pode estar fixo à máquina ou apoiado no chão. Figuras 19 e 20: Máquinas de costura adaptadas para postura em pé/sentado Fonte: Abicalçados Tanto na postura sentada quanto na postura em pé, o trabalhador deve ter liberdade para apoiar ou não os cotovelos durante a atividade de costurar. Em termos de prevenção dos sintomas de fadiga muscular, orienta-se que modificar a postura é o mais adequado, no entanto, devem ser disponibilizadas “almofadinhas” para apoiar os cotovelos, evitando, assim, a compressão dessa região. Nas figuras 15 e 16, visualiza-se o trabalhador costurando sem realizar o apoio dos cotovelos, enquanto na figura 18 os cotovelos estão apoiados. 38 Figuras 21 e 22: O trabalhador deve ter liberdade de usar ou não um apoio (almofadinha) para cotovelos na mesa a fim de evitar a compressão da região Fonte: Abicalçados As alavancas devem estar ao alcance do trabalhador, sem que ele tenha necessidade de erguer os ombros acima de 90º, sendo que o ideal é que os ombros e os braços estejam o mais próximo possível do corpo. Dessa forma, evita-se o trabalho muscular estático, que pode induzir a fadiga muscular. As figuras abaixo, de acordo com Chaffin .(2001), indicam os alcances e limites para as situações descritas. et al Figura 23: A figura indica o limite máximo de alcance dos braços, considerando que o ideal é a flexão próxima a 90º Fonte: Chaffin et al. (2001) Figura 24: A figura indica o limite entre a extensão dos braços e a elevação frontal, sendo que o ideal é a proximidade do cotovelo em 90º Fonte: Chaffin et al. (2001) 39
  • 22. Exemplifica-se a situação acima descrita na atividade de cortar com balancim hidráulico, em que o trabalhador utiliza cavalete, posicionado ao lado do balancim, para apoiar as peles de couro facilitando o alcance. Dessa forma, mantém a postura neutra da coluna vertebral (sem curvar nem torcer) e os membros superiores podem ser mantidos próximos ao corpo, facilitando a atividade de trabalho. Figura 25: Alcance facilitado pelo uso de cavalete no balancim hidráulico Fonte: Abicalçados Outra medida que facilita a atividade de cortar é disponibilizar bancadas laterais ao equipamento, como, por exemplo, para posicionar navalhas, o que elimina os movimentos de rotação de coluna que o trabalhador realiza para alcançar a bancada, quando a mesma está posicionada atrás do equipamento. Figura 26: Uso de bancadas laterais para posicionar navalhas no balancim ponte Fonte: Abicalçados 40 No setor de montagem na etapa de desenformar, deve-se observar a altura da esteira de retorno das formas e do formeiro. Abaixo seguem dois exemplos adotados para guardar as formas e que proporcionam postura adequada do trabalhador. Figuras 27 e 28: Exemplo de formeiro circular posicionado ao lado do posto de desenformar Fonte: Abicalçados Figuras 29, 30 e 31: Trabalhador retira forma, posiciona em uma caixa e transporta até o formeiro Fonte: Abicalçados 41
  • 23. Deve-se utilizar com maior frequência as prateleiras, posicionadas na área de alcance, evitando movimentos amplos de membros superiores e de coluna. Segue exemplo de prateleiras para armazenar caixas no setor de corte. Nesse caso, os materiais mais utilizados estão posicionados na linha de alcance (acesso facilitado). Figura 32: Prateleira que permite fácil acesso às caixas Fonte: Abicalçados d) : da mesma forma que a cadeira deve ser flexível para acomodar a maioria dos trabalhadores (com regulagens), deve ser utilizado um apoio de pés que tenha regulagem de altura para contemplar a diversidade de altura dos trabalhadores e permitir que fiquem acomodados de forma confortável durante o exercício do seu trabalho. Quanto ao apoio de pés 42 Segue exemplo de postos de trabalho configurados para alternância postural e apoio de pés: Figura 33: Uso de apoio de pés na bancada de preparação Fonte: Abicalçados Figura 34: Uso de apoio de pés fixo na esteira Fonte: Abicalçados e) : de acordo com a Nota Técnica 060/2001, as cadeiras devem oferecer estabilidade de encosto. O assento de trabalho ideal deve ser determinado em função da atividade desenvolvida, das condições ambientais de trabalho e, principalmente, da opinião dos usuários. A NR 17 prevê a altura do posto de trabalho ajustável à altura do trabalhador. Nesse caso, salienta-se que se a cadeira e o apoio de pés são ajustáveis, não há necessidade de a mesa/bancada ser ajustável. Os ajustes devem ser facilitados de modo a permitir que o trabalhador tenha autonomia e facilidade para as adaptações. Quanto às características da cadeira e seleção do assento A cadeira deve ter regulagem para: 1. altura do assento; 2. aproximação do encosto; 3. altura do encosto. Figura 35: Regulagens necessárias para o assento Fonte: Abicalçados 43
  • 24. f) : os dois tipos de pedais mais utilizados nas atividades de trabalho na indústria calçadista são o mecânico e o "bolha". Em experimento realizado por Renner (2002), com o objetivo de elucidar qual a melhor postura na indústria calçadista, ficou evidente que, independentemente do tipo de pedal utilizado, este deve permitir um bom posicionado dos pés e pernas para promover o conforto necessário na postura alternada. Seguem exemplos dos dois tipos de pedal mais utilizados e a forma de utilização. Quanto aos postos de trabalho com utilização de pedais Figura 36: Cadeira adaptada (pé mais curto) para aproximar do pedal mecânico Fonte: Abicalçados Figuras 37, 38 e 39: apoio de pés e utilização do pedal protegido na posição sentada e em pé Fonte: Abicalçados 44 Figura 40: Corte manual Fonte: Abicalçados g) : algumas atividades da indústria calçadista, principalmente as do setor de corte e de montagem não permitem a postura alternada em função das suas características e/ou da configuração da máquina. A principal atividade no setor de corte que precisa ser realizada em pé é o corte, tanto manual como mecânico (balancim de braço móvel e balancim ponte). Quanto às atividades de trabalho que devem ser executadas em pé No setor de montagem, a possibilidade de troca é facilitada, pois existem diversas operações que podem ser executadas na postura alternada, embora haja predominância de máquinas e atividades que impõem postura em pé. Nesse caso, conforme previsto no texto relacionado a posturas de trabalho, a troca de funções deve ocorrer de modo a facilitar alternância de características das atividades, as quais se dividem em três grupos: atividades com ampla movimentação de membros superiores (em pé); atividades com uso de força muscular (em pé); atividades com motricidade fina e pouca movimentação (alternado). 45
  • 26. D e acordo com a NR 17, torna-se importante expor alguns conceitos relativos ao manuseio e transporte de cargas: a) o transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga; b) transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. O manuseio e transporte de cargas tende a ter diversas variáveis que corroboram para acentuar ou minimizar os problemas que podem decorrer da atividade. Nesse sentido, é importante que a relação entre o peso do objeto e as condições em que ele é transportado, elevado ou manuseado seja avaliada de forma quantitativa. Para compreender o grau de relevância ou de implicações na saúde do trabalhador, o (NIOSH) – Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional desenvolveu uma avaliação específica que propõe que as tarefas de manuseio de cargas possam ser avaliadas de acordo com as seguintes variáveis: 1) peso do objeto manuseado; 2) posição da carga em relação ao corpo - medida tanto no ponto inicial quanto no final do levantamento, em termos de coordenadas horizontal e vertical; 3) frequência de levantamento; 4) período ou duração - tempo total do levantamento; 5) possibilidade de preensão ou pega. Conforme Chaffin (2001), através da aplicação da Equação de NIOSH, identificam-se os limites de levantamento de cargas. Esse processo de avaliação quantitativa do manuseio de cargas é essencial na determinação da estratégia de prevenção a ser adotada e possibilita estabelecer uma base sólida no planejamento das intervenções mais eficazes para que o controle seja alcançado. Embora as atividades da indústria calçadista não se caracterizem de forma expressiva pelo manuseio e transporte de carga, e, sim, pela motricidade fina, algumas atividades envolvem levantamento, transporte e descarga de materiais, principalmente nos setores de almoxarifado, de pré-fabricado National Institute for Occupational Safety and Health et al. 48 e de expedição. Nos demais setores produtivos, como corte, costura e montagem, também ocorre manuseio de cargas, no entanto com menor frequência e menor grau de risco. Assim sendo, o processo de avaliação quantitativa do manuseio de cargas, através da aplicação da Equação de NIOSH, pode, pois, auxiliar na determinação de qual característica específica da tarefa deve sofrer intervenção. : é o setor responsável pelo recebimento e distribuição de materiais para os setores (matéria-prima, insumos e componentes). De acordo com Grandjean (1988), a OIT preconizou que, caixas e sacarias com peso superior a 23 kg, para serem transportadas, devem ter o auxílio de algum dispositivo de transporte, como carrinhos, esteira transportadora, entre outros. Quanto ao uso de carrinhos, destaca-se a importância de pisos adequados, evitando desníveis ou piso solto. Outra consideração é quanto à dimensão das rodas, ou seja, quanto maior o diâmetro da roda, menor o esforço físico realizado pelo trabalhador. É importante, ainda, ter o cuidado de não associar ao manuseio e transporte posturas críticas, como flexão e extensão de coluna e/ou movimentos de rotação, pois são fatores potencializadores de riscos para a saúde. Exemplo de uso de carrinho para transportar rolos. SETOR DE ALMOXARIFADO Figura 41: Carrinho para transportar rolos Fonte: Abicalçados 49
  • 27. SETOR DE CORTE: neste setor, as atividades de manuseio e transporte de carga encontram-se presentes somente na distribuição do material, disponibilizado em caixas plásticas que comportam aproximadamente de 20 a 40 Kg. Para transporte desse material para as linhas ou células de produção, há necessidade de um dispositivo auxiliar, que pode ser um carrinho. Nesse sentido, é importante observar o número máximo de quatro caixas sobrepostas a serem transportadas sobre o carrinho, com a finalidade de permitir a boa visualização e garantir estabilidade. 5 Figura 42: Carrinho para transporte de caixas Fonte: Abicalçados 5. Dimensões: 30,5 cm de altura, 36 cm de largura e 54,5 cm de comprimento. 50 SETOR DE COSTURA: no setor de costura, há maior necessidade de manuseio e transporte quando o trabalho é realizado em células, uma vez que o material, geralmente, é transportado de uma célula a outra em caixas. Quando o trabalho é realizado em linha (com ou sem esteira transportadora), essa questão é amenizada, pois o transporte do material é feito pela própria esteira. De qualquer modo, independentemente de as atividades do setor de costura serem realizadas em células ou linhas de produção, apenas as atividades de abastecimento (fase inicial do processo) têm implícito manuseio e transporte, que pode ser facilmente solucionado com o uso de dispositivos auxiliares de transporte. : no que diz respeito ao manuseio e transporte de carga, as atividades no setor de montagem assemelham-se às da costura. No entanto, a etapa de encaixotamento, a última do processo, apresenta manuseio de carga, que, embora seja mínima (entre 7 e 10 Kg – dependendo do modelo do calçado), o modo de transportar torna-se relevante como fator de risco. Nesse caso, os deslocamentos com carga devem ter a menor distância possível, ser realizados com o auxílio de dispositivos e, ainda, os trabalhadores devem ser orientados para carregar poucas ou somente uma caixa de cada vez. : as caixas, que comportam aproximadamente 12 caixinhas de sapato, não apresentam maior risco em função do peso unitário ou mesmo quando agregada mais de uma caixa em um único transporte. No entanto, o maior cuidado deve estar focado na forma como ocorre o abastecimento do caminhão para posterior distribuição para as lojas; deve ser determinada ao trabalhador a quantidade de caixas transportadas/ manuseadas, para que não exceda a carga possível de ser suportada sem prejuízo musculo-esquelético. A partir dessa etapa, a carga é transportada até o caminhão com o uso de carrinhos, quando se deve ter cuidado com a nivelação do piso (saída da fábrica) e a altura do caminhão. Se houver necessidade de colocação de rampa para facilitar o abastecimento do caminhão, está deve ter uma inclinação entre 5% e 8% (Pontos de Verificação Ergonômica - OIT), não SETOR DE MONTAGEM SETOR DE EXPEDIÇÃO 51
  • 28. superior, evitando, assim, a sobrecarga física ao trabalhador. Outra medida que pode facilitar o manuseio de cargas é realizá-lo em dupla. : as atividades realizadas no setor de manutenção mecânica tendem a ter implícito o manuseio de carga no transporte e/ou manuseio de máquinas, assim como do material de apoio, como ferramentas que são carregadas aos setores onde é realizada a manutenção. Esse material deve ser carregado em carrinhos, facilitando o transporte. O manuseio de máquinas e equipamentos pesados (acima de 23 kg), por sua vez, deve ser realizado através de equipamentos facilitadores, como empilhadeira elétrica ou manual. Quando não é possível transportar a carga de outra forma que não seja manualmente, deve-se ter o cuidado de preservar ao máximo a estrutura física do trabalhador. Nesse caso, os cuidados posturais mais importantes são: pegar a carga simetricamente, evitando ao máximo qualquer torção da coluna lombar e qualquer rotação lateral do tronco; aproximar a carga do corpo e elevá-la o mais próximo possível do corpo; evitar movimentos bruscos. MANUTENÇÃO MECÂNICA Figura 43: Carrinho para transporte de máquinas Fonte: Abicalçados 52 Considerações sobre a Equação de NIOSH Tendo em vista que estabelecer o peso ideal a ser manuseado é complexo, pois devem ser consideradas algumas variáveis, como peso, frequência, postura adotada e condições de "pega", expõem-se exemplos de resultados de aplicação da Equação de NIOSH no setor calçadista. A mesma carga (peso) manuseada pode ter resultados diferentes de acordo com as características e das variáveis envolvidas na tarefa. Assim sendo, ressalta-se que a discussão da Equação de NIOSH no contexto descrito não tem como objetivo explicar o uso da ferramenta, mas utilizá-la como referência, exemplificando que é possível quantificar a carga recomendada para cada atividade de trabalho, considerando peso da carga, postura, distâncias/alavancas, entre outros. O objetivo, outrossim, é demonstrar que quanto mais adequado for o posto de trabalho menor será a sobrecarga, prevenindo, assim, danos à saúde dos trabalhadores. Situação Quando o trabalhador transfere carga/peso que está sobre o carrinho para o corrugado, ocorre a postura crítica de flexão de coluna. não recomendada Figura 44: Situação não recomendada Fonte: Abicalçados 53
  • 29. Situação Quando o trabalhador utiliza uma bancada para apoiar o corrugado, elimina a postura crítica, obtendo um posicionamento neutro da coluna vertebral. recomendada Figura 45: Situação recomendada Fonte: Abicalçados De acordo com Guimarães (2004), ao descrever sobre o método NIOSH para o levantamento de peso, diz que é necessário criar condições favoráveis para realizar as atividades, eliminando disfunções que advém do trabalho, tendo como parâmetro os princípios da fisiologia e da biomecânica. Pesquisas sobre levantamento de peso concluíram que a carga máxima tolerável na posição agachada é de 15 Kg, na posição flexionada, de 18 Kg e, nas melhores condições, de 23 Kg, considerando as seguintes variáveis: - a altura inicial da carga antes de ser transportada deve ser de cerca de 75 cm, de forma que o trabalhador não se curve; - uma altura mínima de 40 cm, mesmo que o trabalhador se curve, ainda é mais favorável do que se a carga estiver rente ao solo; 54 - a carga deve estar próxima do corpo; - a carga deve ter alças para encaixe das mãos; - a carga deve estar posicionada de modo que evite rotações (giros) da coluna; - a frequência do levantamento não deve ser superior a um por minuto. Seguem exemplos para facilitar o manuseio de cargas de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego – Fundacentro (2001). Figuras 46 e 47: Exemplos para facilitar o manuseio de cargas Fonte: Pontos de Verificação Ergonômica 55
  • 30. Exemplos de facilitações durante o manuseio de carga. Figuras 48 e 49: Exemplos de facilitações durante o manuseio de cargas Fonte: Pontos de Verificação Ergonômica 56 CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO 57
  • 31. A s condições ambientais de trabalho dizem respeito ao meio (local) em que as atividades dos trabalhadores são desenvolvidas. Tais condições quando não controladas (adequadas) podem afetar a saúde (doença), a integridade física (acidente), o conforto e o desempenho do trabalhador. A Norma Regulamentadora Nº 9 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS define os riscos ambientais como “os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.” Na indústria calçadista, de maneira geral e de forma mais evidente, verifica-se a presença de agentes físicos (ruído e vibração) e químicos (especialmente vapores orgânicos). Além disso, em razão das peculiaridades de cada estabelecimento, podem ocorrer riscos de outras naturezas. A identificação (antecipação ou reconhecimento), avaliação e a adoção de medidas de controle dos riscos ambientais (quando ultrapassados os limites de tolerância ou o nível de ação ) constituem etapas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, cuja elaboração e implementação é obrigatória por todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, independentemente da quantidade. 6 7 8 6. 7. 8. É fundamental considerar o conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm dos riscos ambientais e dos processos de trabalho Concentrações dos agentes químicos ou intensidade dos agentes físicos presentes no ambiente de trabalho sob as quais os trabalhadores podem ficar expostos durante a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos a sua saúde. Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição, sendo: a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional considerados de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1 da NR-15; e b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na NR-15, Anexo I, item 6. 58 Entretanto, mesmo que o agente encontre-se abaixo dos limites de tolerância ou esteja controlado, representa fator que contribui para a ocorrência de acidente de trabalho (por exemplo, ruído que não permita a compreensão de informações/instruções), causa dano à saúde indiretamente (por exemplo, alteração de pressão arterial devido ao calor), e afeta as condições de conforto (sensação de muito calor, por exemplo) nos locais de trabalho e reduz a produtividade. Assim, do ponto de vista ergonômico, as medidas de controle para eliminar ou atenuar riscos ambientais devem observar também as condições de conforto e estarem adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. O Artigo 176 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), em seu parágrafo único, estabelece que os locais de trabalho deverão ter ventilação natural (ilustrada abaixo) compatível com o serviço realizado, sendo a ventilação artificial obrigatória sempre que a natural não preencha as condições de conforto térmico. Conforto Térmico Figura 50: Exemplo de ventilação natural por ação dos ventos Fonte: Manual de Conforto Térmico (FROTA & SCHIFFER, 1995.) 59
  • 32. A ventilação natural é obtida através do posicionamento adequado das aberturas do prédio (portas, janelas, exaustores naturais) e a artificial através da instalação de sistemas de ventilação/exaustão ou sistemas de ar condicionado. Tanto a ventilação natural quanto a artificial propiciam conforto térmico. Para Álvaro César Ruas (1999), conforto térmico pode ser definido como a sensação de bem-estar experimentada por uma pessoa como resultado da combinação satisfatória da temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura do ambiente e velocidade relativa do ar com a atividade desenvolvida e com a vestimenta utilizada pelas pessoas . É evidente que as sensações são subjetivas, ou seja, determinado ambiente pode ser confortável termicamente para uma pessoa, frio para outra ou quente para uma terceira. Portanto, é possível concluir como condições ambientais de conforto térmico as que propiciam bem-estar ao maior número possível de pessoas. O aspecto do conforto térmico é de suma importância, pois as perturbações no conforto podem ocasionar alterações funcionais. O calor excessivo conduz ao cansaço, à sonolência, reduz a prontidão de resposta e aumenta a probabilidade de falhas. Já o frio, implica na necessidade de aumento de atividade (para regulação térmica), o que também reduz a atenção e a concentração no trabalho. Nesse sentido, destaca Grandjean (1998): “a garantia de um clima confortável no ambiente é, assim, um pré-requisito necessário para a manutenção do bem-estar e para a capacidade de produção total.” O artigo 178 da CLT estabelece que as condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas de acordo com os parâmetros fixados pelo Ministério do Trabalho 9 9. Para a NBR 16401-2:2008 a sensação de conforto térmico deve alcançar 80% ou mais de pessoas. O aspecto do conforto térmico é de suma importância, pois as perturbações no conforto podem ocasionar alterações funcionais. 60 e Emprego, os quais foram traçados apenas para determinadas e restritas situações , contempladas na NR-17, conforme transcrito a seguir: As disposições do item 17.5.2 e seus subitens são aplicáveis aos setores de modelagem, desenvolvimento produto e setores administrativos das fábricas de calçados. 10 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), norma brasileira registrada no INMETRO; b) índice de temperatura efetiva entre 20 C (vinte) e 23 C (vinte e três graus centígrados); c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador. 11 o o 10. 11. Incluindo parâmetros para conforto acústico. Correlação entre as sensações de conforto e as condições de temperatura, umidade e velocidade do ar. 61
  • 33. A temperatura efetiva é avaliada através de ábacos, como o da figura a seguir: Figura 51: Diagrama de temperaturas efetivas, mostrando a zona de maior conforto térmico para o organismo (LEHMANN, 1960) FONTE: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) 62 Para o setor de produção, os níveis de ruído devem ser avaliados e controlados conforme a NR-9. Havendo fontes de calor, procede-se à avaliação da sobrecarga térmica, também conforme a Norma Regulamentadora. Dependendo da região do país e da época do ano, o desconforto térmico está presente, com sensações de calor e frio, as quais devem ser consideradas e avaliadas. Na falta de uma normalização específica para conforto térmico em ambientes industriais, pode-se considerar como referência técnica para se manter os locais de trabalho dentro de parâmetros de conforto os valores estabelecidos pela NBR 1640102:2008 apresentados na Tabela 1 12 TABELA 1 – Parâmetros de Conforto Temperatura Operativa13 (o C) Umidade relativa (%) Velocidade média do ar (m/s) Verão 22,5 a 25,5 65 ,20 ou 0,25 23,0 a 26,0 35 Inverno 21,0 a 23,5 60 0,15 ou 0,20 21,5 a 24,0 30 Ações visando ao conforto térmico podem ser incluídas nas metas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais . A iluminação do ambiente de trabalho geralmente é renegada a segundo plano, não tomando a importância que representa na segurança e saúde do trabalhador, uma vez que 14 Iluminação 12. 13. 14. Esta NBR especifica os parâmetros do ambiente interno que proporcionam conforto térmico aos ocupantes de recintos providos de ar condicionado. Temperatura uniforme de um ambiente imaginário, no qual uma pessoa trocaria a mesma quantidade de calor por radiação e convecção que no ambiente não uniforme real. Recomenda-se a leitura de CONFORTO TÉRMICO NOS AMBIENTES DE TRABALHOS e AVALIAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO, CONTRIBUIÇÃO À APLICAÇÃO PRÁTICA DE NORMAS INTERNACIONAIS, ambos de Álvaro Cesar Ruas, publicados pela FUNDACENTRO. 63
  • 34. atinge as esferas da produtividade, bem-estar e representa fatores desencadeantes de fadiga visual e acidentes. Segundo Iida (2002, p. 258.), A NR-17, no item 17.5.3, estabelece que em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade: : É a iluminação feita pela luz solar através de vidraças, portas, janelas, telhas de vidro, etc. : É a iluminação feita através de lâmpadas elétricas, que podem ser fluorescentes, incandescentes, de mercúrio, etc. Pode ser geral ou suplementar. Geral: Ilumina todo o local de trabalho, não objetivando uma única operação. Está geralmente afastada dos trabalhadores, como é o caso das lâmpadas ou luminárias colocadas no teto. [...] a fadiga visual é provocada principalmente pelo esgotamento dos pequenos músculos ligados ao globo ocular, responsáveis pela movimentação, fixação e focalização dos olhos. Raramente referem-se à dificuldade de percepção. A fadiga visual provoca tensão e desconforto. Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e a freqüência de piscar vai aumentando. Muitas vezes a imagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau mais avançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional. Natural Artificial Figura 52: Iluminação Geral Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) 64 Suplementar ou localizada: Concentra maior intensidade de iluminamento sobre a tarefa, enquanto o ambiente geral recebe menos luz, da ordem de 50% da primeira. Combinada: A iluminação geral é complementada com focos de luz localizados sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao ambiente geral. Figura 54: Iluminação Combinada Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) Figura 53: Iluminação Localizada Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) A iluminação combinada é recomendada quando a tarefa exige iluminamento local acima de 1.000 lux ; quando a tarefa exige luz dirigida para discriminar certas formas, texturas 15 15. 2 Lux: fluxo luminoso uniformemente distribuído que atinge uma superfície de área igual a 1 m . 65
  • 35. ou defeitos ou quando existem obstáculos físicos que dificultam a propagação da iluminação geral. Através de um projeto adequado, tem-se melhor aproveitamento da luz natural, possibilitando economia de energia (luz) elétrica. Contudo, essa luz pode ocasionar desconforto térmico, com aumento da temperatura ambiente, em razão do calor radiante, fator a ser relevado no projeto. Além disso, as características da atividade desenvolvida são primordiais para a definição do tipo de iluminação e dos níveis de iluminamento apropriados. Por isso, devem ser consideradas todas as variáveis existentes no ambiente, sendo o número adequado de luminárias e a correta distribuição dos elementos fundamentais no atingimento do nível satisfatório de iluminamento, de forma que a iluminação geral seja uniformemente distribuída e difusa. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento , reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. Esse ponto é bem abordado por dois especialistas em ergonomia: Etienne Grandjean (1998) e Iida (2005) que, com clareza didática, traçam algumas recomendações, as quais transcrevemos: 16 17 , - no campo visual de uma pessoa trabalhando não deve encontrar-se nenhum corpo luminoso. A visão direta do corpo luminoso durante o trabalho deve ser evitada através de todos os meios; - todas as luminárias devem ter quebra-luz, que devem ser dosadas de forma que a densidade luminosa média das instalações seja menor que 0,3 sb na iluminação geral e menor que 0,2 sb na iluminação do local de trabalho; 18 19 16. 17. 18. 19. 2 Quando um objeto é menos brilhante que o fundo. Diferença de brilho entre a figura observada e o fundo. Medida da claridade de superfícies. 1 siltb (sb) = 10.000 Candela/m (Candela (cd) unidade de intensidade luminosa). Através de um projeto adequado, tem-se melhor aproveitamento da luz natural, possibilitando economia de energia (luz) elétrica. 66 - o ângulo entre a direção horizontal da visão e olho- luminária deve ser maior que 30 . Se, em um ambiente grande, um ângulo de menos de 30 é inevitável, as luminárias deve ter quebra luzes eficazes (Figura 51); - um número maior de luminárias com pequenas densidades luminosas é melhor do que poucas luminárias com grande densidades; - para evitar ofuscamentos por reflexos, o ambiente de trabalho deve ser ordenado para luminárias (ou as luminárias para o ambiente de trabalho) de tal forma que as mais frequentes direções de visão não encontrem a luz refletida, e que os reflexos – mesmo que não ultrapassando o limite de contraste de 1:10 – não entrem nunca no campo visual; - deveria desistir-se definitivamente do uso de quaisquer materiais ou cores refletoras em máquinas, aparelhos, superfícies de mesas, quadros de controle e outros, para evitar reflexos de qualquer espécie; - as janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas, de formatos mais altos na vertical, são mais eficazes para uma penetração mais profunda da luz; - a distância da janela e do posto de trabalho não deve ser superior ao dobro da altura da janela, para o aproveitamento da luz natural, conforme visualizado na Figura 56; - para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, ao invés de um único; b) proteger os focos com luminárias ou anteparos, colocando um obstáculo entre a fonte e os olhos; c) aumentar o nível de iluminação ambiental em torno da fonte de ofuscamento, para diminuir o brilho; d) colocar as fontes de luz o mais longe possível da linha de visão; e) evitar superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies difusoras; - para postos de trabalho onde se exigem maiores precisões providenciar um foco de luz adicional, que pode ter um brilho de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente em geral; - usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies, para reduzir a absorção da luz; - a luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar o efeito estroboscópico em motores ou peças em movimento (se houver coincidência com a ciclagem de 60 hertz podem produzir imagem estática), havendo risco de acidentes. o o 20 20. Ilusão de movimento: objetos animados mostram-se como se estivessem em repouso ou em movimento muito lento. 67
  • 36. Figura 55: Posição das luminárias para evitar ofuscamento e reflexos Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) Figura 56: Perfil de propagação da luz natural que penetra pelas janela (HOPKINSON e COLLINS, 1970) Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413 (Iluminamento). Conforme essa Norma, nas indústrias de calçados, a iluminância (em lux) por tipo de atividade (valores médios em serviço) deve ser seguir o que indica a tabela 2. TABELA 2 – Iluminâncias em lux, por tipo de atividade Atividade (1) (2) (3) Riscagem de modelos, cortes, costuras, formação de pares e classificação 750 1000 1500 Pregação com tachas, colocação de solas, pregueação, colocação de formas, colocação de vira, enrijecimento, limpeza, tingimento e polimento 750 1000 1500 68 O valor mais baixo (1) pode ser usado quando as refletâncias ou contrastes são relativamente altos; e/ou quando a velocidade e/ou precisão não são importantes; e/ou quando a tarefa é executada ocasionalmente. O valor intermediário (2) deve ser utilizado em todos os casos. O valor mais alto (3) deve ser utilizado quando a tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastantes baixos; e/ou quando erros são de difícil correção; e/ou quando o trabalho visual é crítico; e/ou quando alta produtividade ou precisão são de grande importância; e/ou quando a capacidade visual do observador está abaixo da média. Os valores apresentados na tabela 2 devem ser utilizados na iluminação geral dos ambientes, sendo conveniente, para definição mais efetiva dos níveis de iluminamento e recomendação de iluminação suplementar, observar as características das tarefas realizadas (velocidade, precisão, entre outras), da população (idade do trabalhador, etc.) e do ambiente (refletância do fundo da tarefa), aplicando-se a tabela 1 – Iluminância por classe de tarefas visuais da NBR- 5413:1992. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 da NR-17 deve ser feita no campo de trabalho em que se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. Figura 57: Exemplo de luxímetro Fonte: www.cescon.com.br 69
  • 37. Quando não puder ser definido o campo de trabalho, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso. Além disso, importante salientar que as medições e o projeto de iluminação devem ser realizados por profissional legalmente habilitado. Recomenda-se consulta à NBR 5382:1985 – Verificação de iluminância de interiores – para a avaliação (verificação) dos níveis de iluminamento. Importante destacar, ainda, que para a qualidade da iluminação faz-se necessária a permanente manutenção do sistema, com a substituição de lâmpadas queimadas/ danificadas e limpeza destas e das luminárias. 21 21. Esta norma fixa o modo pelo qual se faz a verificação da iluminância de interiores de áreas retangulares, através da iluminância média sobre um plano horizontal, proveniente da iluminação geral. 70 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 71
  • 38. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. De acordo com o NR 17 e o Manual de Aplicação da NR 17 (2004), do Ministério do Trabalho e Emprego, devem ser levados em conta alguns aspectos, conforme segue: a) Quanto às normas de produção, é importante que o trabalhador tenha acesso às normas, descritas ou não, para que ele possa ter tranquilidade em realizar a tarefa. A clareza da descrição permite o entendimento das rotinas de trabalho, auxiliando na condução do processo industrial e da realização do trabalho, tanto individual quanto coletivo. Ainda estão incluídas questões relativas aos horários de trabalho, à qualidade desejada do produto, inclusive mobiliário e equipamentos disponíveis. Nesse sentido, as normas operacionais devem ser coerentes com a capacidade de produção dos trabalhadores, de modo a não induzir a doenças e acidentes de trabalho. Há que se ter um equilíbrio entre demanda e possibilidade de realização, adaptando as condições de trabalho às características do trabalhador. b) Quanto ao modo operatório (jeito/forma individual de realizar o trabalho), é importante que o trabalhador, para que possa manter a saúde e a qualidade de vida no trabalho, tenha o seu modo operatório respeitado, pois dessa forma tende a ter melhor performance produtiva, assim como a preservação da sua saúde. Há de se observar que os gestos e posturas de trabalho não sejam impostos, dando liberdade para que o trabalhador execute sua tarefa de acordo com o seu jeito particular de realizá-la. 72 c) Quanto à exigência de tempo, é importante salientar que o tempo para realização da tarefa é influenciado por fatores individuais, pois a capacidade produtiva pode variar de acordo com o momento do dia, do mês e de acordo com questões particulares. Considerando esses fatores, torna-se crítico o trabalho com remuneração por peça produzida, pois existe uma tendência de o trabalhador sentir-se estimulado e, assim, superar a sua própria capacidade produtiva, colocando em risco a sua saúde e segurança. Outro aspecto que deve ser considerado é a sobrecarga muscular e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que podem ocorrer quando a demanda de trabalho excede a capacidade do trabalhador para alcançar as metas de produção estabelecidas. assim sendo, as avaliações das metas devem ser coletivas, levando em consideração a capacidade do grupo, e não a individual. d) Quanto à determinação do conteúdo de tempo, há de se ter a tarefa prescrita (determinada pela empresa), mas considerando também os elementos da tarefa não prescritos. Esses elementos acabam por fazer a diferença no resultado final do trabalho, ou seja, podem vir a conferir maior e melhor qualidade ao produto, pois cada um tem a sua maneira de realizar o seu trabalho, independentemente do tempo pré- determinado pela organização. e) Quanto ao ritmo de trabalho, um fator determinante dessa variável na indústria calçadista é o estudo de tempos e movimentos, que devem ser propostos de acordo com as possibilidades do trabalhador e/ou de um grupo de trabalhadores. Independentemente de a empresa calçadista trabalhar com linhas de produção, utilizando esteiras transportadoras ou não, esse ritmo pode ser respeitado desde que a velocidade seja programada, levando em conta as variáveis complexidade e característica do modelo produzido. 73
  • 39. f) Quanto ao conteúdo das tarefas, há de se considerar o valor que o trabalhador atribui à sua função. Nesse sentido, tarefas de baixa complexidade, como aplicar adesivo, riscar, agrupar peças, abastecer, recolher peças, entre outras, são consideradas de fácil realização, sendo que a presença humana ocupa posição principal no processo produtivo e, por isso, a opinião do trabalhador na melhoria de métodos e processos é de extrema relevância. Quando o trabalhador tem a possibilidade de sugerir melhorias, mais motivado e envolvido na atividade ele se torna, agregando valor ao seu trabalho e à organização. 74 ANEXO A EXPERIÊNCIA DA MULTIFUNCIONALIDADE 75
  • 40. A organização do trabalho na indústria calçadista, que é indústria manufatureira, é baseada na realização de uma única tarefa, ou seja, é do tipo de trabalho tradicional, que tem como características as especializações em tarefas e funções e a repetitividade dos movimentos – caracterização clássica da figura do trabalhador superespecializado, que tem o domínio e o conhecimento de uma única operação do processo. É o chamado trabalho unifuncional. A repetitividade, cabe destacar, está relacionada com o tempo em que uma tarefa é realizada e seu grau é definido pela frequência de repetição e pela duração do trabalho. Silverstein (1986) define como repetitivo o ciclo executado mais de duas vezes por minuto, enquanto Louhevaara (1998) considera trabalho muscular repetitivo aquele que aciona o músculo mais que 30 vezes por minuto. Este autor destaca, ainda, que para um operador inexperiente o ritmo de trabalho será mais lento, sendo que a diferença de ritmo será proporcional ao nível de treinamento e de habilidade necessários para a execução da tarefa. Quanto ao ritmo de trabalho, conforme Iida (2005), este é determinado pelo tempo-padrão, ou seja, o tempo necessário para um operador experiente executar a tarefa utilizando o método padrão, incluindo a tolerância de espera do processo e de fadiga. A repetitividade, assim sendo, tem relação estreita com a superespecialização e a fragmentação do processo, que podem implicar em problemas tanto para a saúde do trabalhador quanto para os resultados da empresa. Nesse sentido, o surgimento de implicações fisiológicas causadas pelo trabalho repetitivo (sempre igual ao longo da jornada) tende a sobrecarregar partes específicas do corpo, e que afeta músculos, tendões, articulações, podendo levar a LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). A consequência da repetitividade quase sempre implica em custos relacionados a afastamento temporário ou permanente do trabalho, diminuição da 76 produtividade, podendo gerar retrabalho e/ou refugo. Um indivíduo com dor/desconforto dificilmente produzirá com a mesma destreza e qualidade do que se estivesse sem dor. O primeiro sinal de alerta de uma possível LER/DORT é a fadiga muscular, podendo ser entendida como o desequilíbrio reversível entre a exigência e a capacidade de recuperação do organismo, e uma degradação qualitativa do trabalho (IIDA, 2005). A fadiga apresenta sinais, como a redução da capacidade muscular, redução da força produzida, redução da habilidade e da precisão. Nos casos mais críticos, pode ocorrer dor severa localizada, contratura muscular e até exaustão (Guimarães, 2002). Em decorrência disso, a empresa acaba tendo custos variados com serviços de medicina, fisioterapia, afastamento do trabalho temporário ou permanente, redução de produtividade e da qualidade do produto. Nesse sentido, a melhor atuação sempre será através de medidas preventivas, fazendo-se necessário trabalhar em conjunto com a equipe técnica, chefias e, principalmente, com os trabalhadores. Programar variações de postura, diversificar ou ampliar o conjunto de tarefas, atividades ou funções são entendidas como medidas estratégicas de prevenção. Sampaio (1993) conceitua a ampliação no conjunto de tarefas que incorpora outras especialidades profissionais não pertencentes, originalmente ao empregado, como multifuncionalidade. No entanto, isso implica em um processo lento e gradual, e não poderá ser realizado com êxito sem a criação de uma consciência geral na empresa sobre as vantagens e desvantagens, pois exige mudanças na organização funcional do trabalho, na cultura da empresa, treinamento e capacitação dos trabalhadores, de modo a se evitar perdas no processo e produto. Assim, faz-se necessário o estudo das necessidades da operação e da capacidade das pessoas e máquinas, assim como o desenvolvimento de tarefas que resultem em melhor aproveitamento dos fatores relevantes (Hendrick & Moore, 1980), ou seja, o projeto de trabalho, definindo como o 77
  • 41. trabalho deve ser arranjado e dimensionado para ser eficiente. O conceito de projeto do trabalho, do ponto de vista ergonômico, considera o posto como uma “vestimenta” bem adaptada, em que o operador possa realizar o trabalho com conforto, eficiência e segurança (Iida, 2005). De forma mais abrangente, o projeto do trabalho é a tecnologia, conteúdo do cargo, extensão do cargo, estrutura da organização, fluxo de informação e comunicação, estilo de gestão, nível de qualificação, tempos do trabalho e suas recompensas (SPUR, SPECHT & HERTER, 1994). A proposta de multifuncionalidade sob o ponto de vista da ergonomia surge como um recurso para o incremento produtivo e a manutenção da saúde do trabalhador. Nesse sentido, a multifuncionalidade traz consigo elementos motivacionais, decorrentes principalmente da quebra da monotonia, além do estímulo proporcionado pelo aprendizado de novas funções, tornando o trabalhador mais qualificado para o mercado de trabalho. No entanto, há vários fatores inibidores da multifuncionalidade que devem ser analisados antes de se iniciar o processo de adaptação do sistema de trabalho unifuncional em multifuncional. De acordo com Santini e Gomes (1999), alguns fatores identificados são: - inadequação da organização funcional do trabalho (atividades não correspondentes às funções especificadas na Carteira de Trabalho); - dificuldade no controle do uso de EPI´s; - cultura do trabalho individualista; - diversidade de processos e materiais utilizados (torna o treinamento mais exigente); - fragilidade do treinamento técnico operacional; - espectro limitado de conhecimento dos profissionais dos cargos de chefia. 78 Na análise desses autores, a adaptação passa por uma fase inicial de investimentos e, portanto, torna-se importante um estudo para apurar sua a viabilidade econômica: - análise do organograma da empresa; - graus de risco presentes no ambiente de trabalho; - amplitude dos processos de produção; - diversidade de matérias-primas utilizadas; - estrutura do treinamento interno da empresa; - habilidades da chefia para questões interdisciplinares. Após essa análise, é importante a designação de uma equipe multidisciplinar para organizar as ações do projeto, composta por administradores, direção/gerência, chefia de produção, engenheiros, equipe de saúde, recursos humanos, etc. Renner (2007) destaca, ainda, alguns cuidados e estratégias para que a implantação de um sistema multifuncional obtenha sucesso: a) os trabalhadores devem ser qualificados para, no mínimo, 4 funções, pois o ideal é que possam trocar de operação 4 vezes por dia. Esse processo de troca pode iniciar com a troca a cada dia, para, após, passar a ser a cada turno e, posteriormente, quando já qualificado e com a destreza e habilidade necessária, trocar 4 vezes por dia. A justificativa para esse tempo de troca é que entre a segunda e a terceira hora realizando a mesma tarefa, o corpo tende a entrar em processo de fadiga; b) é preciso o cuidado de não expor o trabalhador a riscos ocupacionais para não implicar em lesões e adoecimentos; c) há de se alocar o trabalhador multifuncional em determinadas faixas de salário, prevenindo futuros passivos trabalhistas; d) torna-se necessário que a multifunção seja acompanhada por um processo de gestão, ou seja, é fundamental discutir metas, realizar planos de ação, considerar as lideranças naturais, fazer reuniões com envolvimento dos trabalhadores; 79
  • 42. e) há de se considerar que, embora raros, poderá haver trabalhadores que preferem permanecer realizando a mesma operação. As razões podem ser as mais diversas e devem ser respeitadas, desde que não ocorra prejuízo para a sua saúde e qualidade de vida. Por fim, considera-se que um projeto multifuncional bem realizado deve trazer os seguintes benefícios: - aumentar a flexibilidade da equipe; - melhorar a satisfação do empregado; - aumentar o comprometimento e a motivação, assim como a autonomia; - aumentar o nível de aspiração dos trabalhadores; - reduzir o absenteísmo; - enriquecer o trabalho, através da maior tomada de decisões; - ampliar o conhecimento, a responsabilidade e o controle sobre o trabalho; - reduzir o refugo e o retrabalho; - incrementar a produção e melhorar a qualidade do produto. 80 REFERÊNCIAS 81
  • 43. REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HENDRICK, Thomas, MOORE, Franklin G. Production/Operations Management. 8.ed. Illinois: Richard Darwin, 1980. SPUR, G., SPECHT, D., HERTER, J. Job. In: KARWOWSKI, Waldemar, SALVENDY, Gavriel. Design of work and development of personnel in advanced manufacturing. 1.ed. Norcross: Society of Manufacturing Engineers, 1994. p.1- 40. SANTINI, Berenice, GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Sugestões para transformação de sistemas de trabalho unifuncionais em multifuncionais. http://www.abepro.org.br/biblioteca/ ENEGEP1999_A0004.PDF ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Instalação de ar-condicionado – Sistemas centrais e unitários – Parte 2: Parâmetros de conforto térmico: NBR 16401-2. Rio de Janeiro, 2008, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Iluminância de interiores: NBR5413. Rio de Janeiro, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Verficação de iluminância de interiores: NBR 5382. Rio de Janeiro, 1985. BARBARA A SILVERSTEIN, L J FINE, T J ARMSTRONG, Hand wrist cumulative trauma disorders in industry. British Journal of Industrial Medicine 43:779-784,1986. CHAFFIN, DON B. et al. Biomecânica Ocupacional. Belo Horizonte: Ergo, 2001. FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de conforto térmico: arquitetura e urbanismo. 2 Edição. São Paulo: Studio Nobel, 1995 a 82 GRANDJEAN, Etienne – MANUAL DE ERGONOMIA, Adaptando o Trabalho ao Homem, 5.ª Edição, Bookmann, 1998; GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Porto Alegre, RS, 2002. GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia de Produto Volume 1, 5º edição. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Porto Alegre, RS, 2004. IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. 2°Ed. São Paulo: Blucher, 2005. IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e produção. São Paulo: Blucher, 1 reimpressão, 1992. LOUHEVAARA, Veikko. Assessing phisical work load. In: KARWOWSKI, Waldemar, SALVENDY, Gavriel. Ergonomics in manufacturing. 1.ed. Norcross: Society of Manufacturing Engineers, 1998. Ministério do Trabalho e Emprego – Fundacentro. Pontos de Verificação Ergonômica. São Paulo,2001. MANUAIS DE LEGISLAÇÃO – Segurança e Medicina do Trabalho. 54ª edição, São Paulo: Atlas S.A, 2004. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora N° 17. Brasília, 2002. NIOSH – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPACIONAL SAFETY AND HEALTH. The new NIOSH manual lifiting equation, 1996. OLIVER J., MIDDLEDITCH A . Anatomia funcional da coluna vertebral. Rio de Janeiro, RJ, Revinter. 1998. a IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e produção. São Paulo: Asisc, 8 reimpressão, 2002. a 83
  • 44. RENNER, Jacinta S. Projetação de um novo sistema de concepção do trabalho no setor calçadista sob a ótica do sistema sócio técnico, Porto Alegre, Tese de Doutorado em Engenharia de Produção, UFRGS, 2007. RENNER, J. S.; OLIVEIRA, A. B.; BÜHLER, D. C. Implantação de ações ergonômicas em micro empresas de fabricação de componentes de: o caso de Parobé, RS. Anais do XII Congresso Brasileiro de Ergonomia – ABERGO, Fortaleza, Ceará, 2004. RENNER, Jacinta S. Custos Posturais nos Posicionamentos Em Pé, Em Pé/Sentado e Sentado nos Postos de Trabalho do Setor Costura na Indústria Calçadista. Porto Alegre, Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002. RUAS, Álvaro César. Conforto térmico nos ambientes de trabalho. São Paulo, FUNDACENTRO, 1999. RUAS, Álvaro César. Avaliação de conforto térmico – Contribuição à aplicação prática das normas internacionais. São Paulo, FUNDACENTRO, 2001. WELLS ASTETE, Martin; GIAMPAOLI, Eduardo; ZIDAN, Leila Nadim. Riscos físicos. São Paulo, FUNDACENTRO, 1989. 84 85 FETICVERGS
  • 45. 86 MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PORTARIA/GAB/SRTE/RS/Nº 120, DE 27 DE OUTUBRO DE 2010 Institui Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria Calçadista. O Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio Grande do Sul Substituto, no exercício do cargo de Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio Grande do Sul, no uso de suas atribuições legais e: Considerando o trabalho desenvolvido, nos últimos anos, referente aos aspectos de segurança de máquinas, que abordaram questões relativas à Ergonomia, resolve: Artigo 1º - Instituir, no âmbito desta Regional, a Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria Calçadista, composta por representantes da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio Grande do Sul, da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – ABICALÇADOS e dos Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria de Calçados. Artigo 2º - A Comissão será composta da seguinte forma: Representantes da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul: - Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo; - Luis Carlos Rossi Bernardes; e - Paulo Antônio Barros Oliveira. Representantes da bancada dos trabalhadores: - João Nadir Pires; - Roberto Müller; e - Elário Becker Representantes da bancada dos empregadores: - Rogério Gustavo Dreyer; - Gisele de Morais Garcez; e - Jacinta Sidegum Renner. 87 Artigo 3º - para a consecução dos seus objetivos, a Comissão terá as seguintes atribuições: a) Discutir sobre assuntos relativos às condições de trabalho no âmbito da ergonomia na indústria de fabricação de calçados; b) Analisar e propor condições ergonômicas de trabalho para a indústria de fabricação de calçados; c) Propor ações coletivas de capacitação, informação e divulgação sobre o tema. Artigo 4º - A Seção de Segurança e Saúde no Trabalho (SEGUR), a ABICALÇADOS e os Sindicatos de Trabalhadores componentes da Comissão prestarão o apoio técnico e administrativo necessário ao funcionamento da Comissão. Artigo 5º - As deliberações da Comissão serão tomadas por consenso entre seus membros. Parágrafo único – Nos mesmos termos das Comissões Tripartites Nacionais, na ausência de consenso, caberá à Seção de Segurança e saúde no Trabalho (SEGUR) decidir sobre as questões controversas. Artigo 6º - A referida Comissão poderá elaborar Regimento Interno. Artigo 7º - esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. LUIZ FELIPE BRANDÃO DE MELLO Superintende Regional do Trabalho e Emprego no RS - Substituto
  • 46. 88 PRESIDENTA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO - DEFIT DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO - DSST SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SU Dilma Rousseff Carlos Lupi Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque Leonardo Soares de Oliveira Rinaldo Marinho Costa Lima l Heron de Oliveira Av. Mauá, 1013 – Centro Porto Alegre – RS CEP 90010-110 Fone: (51) 3213-2800 www.mte.gov.br PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO NACIONAL Roberto Simões DIRETOR PRESIDENTE Luiz Barretto DIRETOR-TÉCNICO Carlos Alberto dos Santos DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS José Claudio dos Santos GERENTE UNIDADE ATENDIMENTO COLETIVO - INDÚSTRIA Kelly Cristina V. de Pinho Sanches COORDENAÇÃO NACIONAL DA CADEIA PRODUTIVA DE COURO E CALÇADOS Anna Patrícia Teixeira Barbosa Juliana Ferreira Borges SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGAS Quadra 605 - Conjunto A Brasília DF CEP 70.200-645 (61) 3348-7282 / 3348-7374 www.sebrae.com.br 89
  • 47. PRESIDENTE VICE-PRESIDENTES DIRETORES MILTON CARDOSO CAETANO BIANCO NETTO JOSÉ CARLOS BRIGAGÃO DO COUTO JÚNIOR CESAR SILVA LUIZ RAUL ALEIXO BARCELOS MARCO LOURENÇO MÜLLER MARCIO UTSCH PAULO GRINGS PAULO SCHEFFER RAUL KLEIN RICARDO WIRTH WAGNER AECIO POLI ABDALA JAMIL ABDALA ALDO FURLANETTO ANDERSON BIRMANN ANTONIO TAVARES AZEVEDO DE BRITTO CARLOS MESTRINER CESAR MINETTO DONATO LEMKE EGON GEWEHR ELIAS SAAD RACHED NETO GILBERTO HENRICH GILDO LEMKE JOÃO CARLOS WILBERT JOSÉ CUNHA DE MORAES LEONILDO DAL PONTE MARCO TAVARES PEDRO GRENDENE BARTELLE ROBERTO ARGENTA ROMEU LEHNEN SAMIR NAKAD SÉRGIO MURADÁS URIAS CINTRA WERNER MÜLLER FRANCISCO SANTOS 90 CONSELHO FISCAL DIRETORES EXECUTIVOS ADÃO OSCAR WOLF WERNER ARTHUR MÜLLER JR ABICALÇADOS Associação Brasileira das Indústrias de Calçados Rua Aluízio de Azevedo, 60 - Vila Nova Novo Hamburgo / RS (51) 3594.7011 www.abicalcados.com.br ALAOR JESUS MARTINS ERNANI REUTER LUIZ CARLOS TROTT PAULO ROBERTO KONRATH HEITOR KLEIN ROGÉRIO DREYER 91
  • 48. Diretoria Efetiva Presidente: Alvaro Davi Boessio 1º Vice Presidente: João Nadir Pires 2º Vice Presidente: João Ricardo Schaab Secretário: Nelson Gross 2º Secretário: Roberto Muller Tesoureiro: Nilvion Barreto Schroeder 2º Tesoureiro: Álvaro José Guilherme Da Cruz Diretor Social: José Carlos Markeviski Diretor De Patrimônio: Jandir Zaccaria Diretor De Divulgação Norberto Beck Diretora da Mulher: Elvira Bervian Graebim Suplentes da Diretoria Valdir Raimundo Ramos Juvelino Angelo De Bortoli Silvio Antonio Kirsch Gaspar De Mello Nehering Arlito Klein Eurico Dörr Mareli Hennika Delmar Land Marlene Amaral da Silva Davi Batista Rodrigues da Silveira 92 FETICVERGS Conselho Fiscal Efetivos Elário Enio Becker Paulo César Da Silveira Santos José Leocir Conceição Conselho Fiscal Suplentes Aloí Teles Moreira Clenir Maria dos santos Jair Eloi Brito da Silveira Delegados Representantes Efetivos Almir D´avila Pereira João Nadir Pires Delegados Representantes Suplentes João Henrique Vitorazzi Nilvion Barreto Schroeder Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul Rua Dr.Flores, 307 - Centro Porto Alegre / RS (51) 3227.5175 93
  • 49. 94 PRESIDENTE DA ASPEUR Argemi Machado de Oliveira REITOR DA UNIVERSIDADE FEEVALE Ramon Fernando da Cunha PRÓ-REITORA DE ENSINO Inajara Vargas Ramos PRÓ-REITOR DE PESQUISA E INOVAÇÃO João Alcione Sganderla Figueiredo PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO Alexandre Zeni PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Gladis Luisa Baptista Maria Cristina Bohnenberger Cesar Augusto Teixeira Luis André Ribas Werlang Cristina Ennes da Silva · Escola de Aplicação Cecília Monaco da Silva DIRETORA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DIRETOR DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DIRETOR DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DIRETORA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DIRETORA DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA FEEVALE – ESCOLA DE APLICAÇÃO 95
  • 50. 96 A diagramação e produção gráfica deste livro foi realizada pela Editora Feevale. Fontes utilizadas: Futura Lt BT e . Tiragem: 4.000 exemplares. Futura Md BT