1. O documento descreve rituais de desapego e união conjugal de Pacha Lea e William.
2. Inclui um ritual de desapego entre Pacha Lea e sua mãe, Atsuko, para permitir um distanciamento energético equilibrado antes da união conjugal.
3. Descreve também o ritual de união conjugal de Pacha Lea e William, enfatizando a harmonia com os princípios da Pachamama e os ciclos cósmicos.
3. PACHA
TUPANANCHISKAMA PACHA
RITUAIS DE DESAPEGO E DE UNIÃO CONJUGAL DE PACHA LEA E WILLIAM
Até que os fluidos dos AJAYOS (energéticos) da vida nos encontrem de novo na Mãe Terra
5. PACHA
O princípio supremo é a PACHA, o princípio sem princípio é a ciência étnica da cosmovisão originária
andina e todos os seus equivalentes que se identifiquem com o movimento e a receptividade, com o
tempo e o espaço, com a Terra fértil e a criatividade.
2. Pacha compreende a ciência étnica energética da “totalidade”, a qual não pode ser expressado em
palavras, mas pode-se senti-la. Abrange a UNIÃO de todos os elementos energéticos existentes que as
Pessoas Paisagens (Pp) podem apreciar mediante seus pensamentos, sua sensitividade, instintividade,
cognitividade, intuitividade, inspiração, consciência, etc.
3. Na ciência étnica de Pacha, cinco esferas interagem e fluem energeticamente:
a) Pachakamak é o fluido energético na Terra sobre um céu azul sem mancha. É a transcendência
energética que se acha relacionada ao todo. O verdadeiro início é o próprio fim, é o merecimento que a
prática traz. Essas forças energéticas eternamente dinamizam o total da vida e fluem em todos os seres
animados e inanimados.
6. b). Pachamama, Mãe Terra, é o poder primordial do feminino maternal, a transcendência energética para
a vida material. A Koa representa a natureza, a erva que se queima em devoção à Mãe Terra.
Relaciona-se com o mundo dos sentidos e com todas forças físicas materiais. São as forças
energéticas físicas palpáveis, as quais percebemos através do tato. Essas práticas que foram transmitidas
de uma geração para outra durante milhares de anos permite-nos transcender a materialidade e atingir a
Pachamama, cultivando a boca de fogo, a boca da água e da vida.
c). Pachankamachaña, a vida psicossocial
Refere-se à vida psicossocial que compartilha o movimento e a receptividade, o tempo e o
espaço, na organização da terra e do mundo andino para que a vida e a produção agrícola sejam
possíveis pela associação aos ciclos da Lua.
Da confluência energética da Pachankamachaña emana uma quarta esfera: Pachankiri;
7. d). Pachankiri, a consciência e a política da vida real:
Refere-se aos níveis de consciência das Pessoas Paisagens: uns conscientes de sua própria
realidade política, outros conscientes de sua capacidade e de sua qualidade dentro da política
psicossocial andina, independente de qualquer relatividade natural, tradicional e social.
As (os) andinas (os) se permitem perceber como parte de um microcosmos fluente, finito, que por
sua vez não é mais que um reflexo do macrocosmos, do infinito. A Lei da existência consciente andina
consiste na aspiração máxima da harmonia e do equilíbrio entre as Pessoas Paisagens no macrocosmos
e no microcosmos.
Daqui derivam as três leis andinas milenares: Ama Kella, Ama Sua, Ama LLulla
Ama Kella: não sejas preguiçosa (o) consigo mesma (o);
Ama Sua: não roubes tuas fantasias, tuas realizações;
Ama Llulla: não mintas a si mesma (o).
Hallallay, Hallallay, pela vida ...
8. Representações:
dos cinco AJAYOS (energias) de PACHA sincronizam-se, equilibram-se, inter-relacionam-se e
fluem de maneira conjunta.
1ª. Pachamama: Mãe Terra, a ENERGIA maternal, que nos faz germinar e nos alimenta - metal (Tío);
2ª. Pachakamak: a vida energética – fogo;
3ª. Pachakamachaña- a vida e a relação social – vento;
4ª. Pachankiri- a política psicossocial – água;
5ª. Pachakana- a bipolaridade e a complementariedade do TU’Y, positivo, e do PU’Y, negativo, do cosmos
e da Mãe Terra, Pachamama.
9. PACHAMAMA
Até que os fluidos dos
AJAYOS (energéticos) da
vida nos encontrem
de novo na
Mãe Terra.
10. Pachamama, Mãe Terra,
a ENERGIA maternal, que
nos faz germinar e nos
alimenta.
Não há ventre mais
Energético que os fluidos dos
AJAYOS e das WAK’AS
energéticas da
Pachamama.
A Pachamama e os oito céus, a Wiphala ou a Laphaqay
11. PACHAMAMA
Mãe Terra
Mãe Natureza, Fértil e Criativa
Todas as tradições da Pachamama mantem-se vigentes até hoje nas comunidades
andinas do Kollasuyo, Estado Plurinacional de Bolívia.
A PACHAMAMA é um cântaro de
água e de alimentos:
após ter bebido e comido dela, o
passamos a boca seguinte para
5. aliviar a sua sede e sua fome.
12. A PACHAMAMA é uma boca de fogo:
quando nascemos, acende-se o fogo da vida.
Essa energia primordial e potencial recepciona a
realidade do movimento, do nascimento,
10. dando início ao nosso fluir na Mãe Terra.
A PACHAMAMA é uma boca d’água:
terminado o nosso ciclo, chega o
momento da água e do sal preto.
A Mãe Terra não estará satisfeita até que venha o
15. momento de se alimentar pelo oco da nossa mão.
Levamos o fardo do mundo
sobre nossas costas e cabeças, quando
chegamos ao fundo da Mãe Terra.
A PACHAMAMA é paciente, ela se dispõe a nos
20. purificar, um a um, se purificam os ovos
13. podres da galinha que sempre apestam.
Não há terra mais vasta que o
VENTRE da PACHAMAMA,
resplandecente em eterna
25. energia, faz-nos renascer como a
erva verde para continuar sobre o
fluir energético de nossos ancestrais.
Assim, todos os fatos e os princípios da
Pachamama que foram compreendidos
30. fluirão numa natureza verdadeira.
Hallallay, hulla, hulla aos Povos Originários, Tairapé
15. TUPANANCHISKAMA
PACHAMAMA
O ritual da Pachamama é
compreendido como um
valor energético para uso próprio,
no cultivo, na germinação e na
alimentação
energética da vida, siwayru.
16. TUPANANCHISKAMA PACHAMAMA
Ritual da Pachamama e a sua relação com o
valor energético para uso próprio
Wari - Wira - Koa - Runa - Wuan Sáwa
LqqT’, energia - fogo – erva – pessoa paisagem– na ocasião da União Conjugal
Todos viemos através da PACHAMAMA, Mãe Terra, fértil e criativa, do
poder primordial do feminino maternal, da germinação, do movimento, da
receptividade, do alimento, do tempo e do espaço;
18. Todos somos tartarugas do mesmo chão, tempo e espaço;
todos somos peixes do mesmo mar;
todos somos plantas da mesma terra fértil e criativa;
todos somos pessoas paisagens da mesma floresta;
assim, todos retornaremos à Pachamama.
Todas as terças e sextas-feiras deve-se Koar (queimar as ervas) para nutrir-se de energia e não
ficar doente, prevenindo-se para a próxima Lua e estação do ano. Assim, deveríamos nos renovar junto
com a natureza verdadeira da Mãe Terra para não nos lamentarmos.
2. Prevenir-nos é criar condições apropriadas para um evento energético, social e material, através do
ritual da Koa e de Luqiqamam T’ink’u, é algo que se deseja que aconteça e suceda com grande
sentimento, entusiasmo, força energética e coragem como, por exemplo, alcançar uma União ou o Enlace
Matrimonial.
19. A Cha’lla para a Pachamama é um evento-alegria que se realiza em honra a Ishpalla
para cultivar a energia dos alimentos e dos remédios, fortalecendo e
vitalizando com energia a todos que os consumirem.
20. 3. Assim, os rituais da PACHAMAMA são efetuados para todas as atividades sociais, produtivas,
alimentares, etc., proporcionando condições físicas energéticas adequadas para o crescimento das
Pessoas Paisagens e das plantas.
4. Igualmente, deveríamos alimentara a Pachamama com o ritual da Koa e outros elementos, para que ela
contribua, criando condições energéticas ótimas para ARAR e cultivar a terra fértil para a colheita dos
nossos alimentos.
5. ISHPALLA e a Koa, cerimônia energética de queima das folhas e de outros elementos para a
fertilização e cultivo da Pachamama manifesta na matéria, a fim de obter e colher nossos alimentos.
6. A Cha’lla para a Pachamama é um evento-alegria que se realiza em honra a Ishpalla para cultivar a
energia dos alimentos e dos remédios, fortalecendo e vitalizando com energia a todos que os
consumirem.
7. A Pachamama desperta a admiração de quem segue a tradição do Kollasuyo, Estado Plurinacional de
Bolívia, a qual recria condições energéticas e materiais adequadas para uma união equilibrada entre o
sobrenatural e o natural, através dos ritmos lunares e dos ciclos cósmicos milenares.
Hulla, hulla, agradecer a Pachamama
21. Desapego Energético da Mãe d’Água Atsuko e da Pacha Lea, Jaxy Pya’Hu
(Lua Nova, nome primordial)
22. 1ª Parte
TUPANANCHISKAMA
RITUAL DE DESAPEGO
Desapego Energético da Mãe d’Água Atsuko e da
Pacha Lea, Jaxy Pya’Hu (Lua Nova, nome primordial)
A Mãe d’Água é como um rio. Ela
nunca para de fluir até alcançar em
plenitude o desapego energético.
As relações simbólicas do desapego
5. levam a uma adesão equilibrada e
23. harmoniosa para uma futura união conjugal.
A Mãe d’Umbigo é o centro energético da
Mãe d’Água Atsuko, onde não existirão conflitos.
A Mãe d’Água foi o calor, o movimento, a
10. receptividade, o tempo, o espaço e a
fertilidade criativa de Pacha Lea.
O que a Mãe d’Água viu e vê por estar sentada,
a filha não percebe por estar fluindo o
mistério energético da vida. Mas para a
15. mãe Atsuko e a Pacha Lea, o desapego
24. chega montado sobre uma tartaruga,
lembrando outros tempos em que o
desapego energético era solenidade, em
que as meninas-mulheres eram jovens e
animadas eram as Mães d’Umbigo e as Mães d’Água.
Comemorar e lembrar a Mãe d’Umbigo, o centro energético da Mãe d’Água, faz parte e sempre
será parte da Pacha Lea, a qual sempre permanecerá no íntimo, no centro energético da mama’e, onde
não existirão e não existem conflitos energéticos.
2. O diálogo misterioso de desapego entre a mãe Atsuko e Pacha Lea colocam à disposição a
compreensão entre ambas partes para a aceitação de um distanciamento energético equilibrado e
harmonioso num todo.
3. Quando o desapego se realiza no ‘centro energético da Mãe d’Umbigo’, não coexistirão conflitos de
opressão, de tristeza, de dor. Mas existirá muito regozijo ou ALEGRIA.
26. CERIMONIAL DO RITUAL DE DESAPEGO
*Entanha em Anhangatu
Canto, coaxar, em língua guarany
*Eikoporã Pya’
(seu coração está bem?)
*Aikoporã Pya’
(meu coração está bem )
YAKUÁ-A-PARÁ
(Cuia -instrumento- que retém a água da chuva)
Hai, hai, ye, ye… Ya, ya . HE, he...
27. Entanha do Desapego:
Pete’i: nada está distante de nós, nem as estrelas;
Mokõi Y’Sy: tudo vem de ti, mama’e;
Mbapy Y’Sy: tudo volta (retorna) para ti, mama’e;
Yrundy Y’Sy: todas as forças criadoras estão em ti, mama’e;
Pete’ipó Y’Sy: o TODO sempre estará em ti, mama’e.
Nhapuã Japoraí Pacha
Ao levantar, vamos cantar ao movimento
Entanha de Pacha Lea
(música instrumental)
Xe Py’a Nhe’e ~ (Luqiqaman Tink’u)
Entrega da Wiphala e do Py’a, tambor (simbolizando o coração e o nascimento)
28. Juntemos nossos corações para
que a riqueza que adquirimos pelo
nosso esforço não se
evapore como a névoa,
.
Dois corações, Pya’, com
sentimento de consideração para
dizer: estamos agradecidos
Mãe Terra, Pachamama.
29. 2ª Parte
CHICA URU ARUMA
UNIÃO CONJUGAL
Unir o fio do meio-dia e o
fio da meia-noite
NAIRJHAPACHATA
União da ordem cósmica
Wari - Wira - Qoa - Runa - Wuan Sawa
LqqT’, energia - fogo – erva – pessoa paisagem – na União Conjugal
30. O MOVIMENTO DOS OITO CÉUS, A LAPHAQAY, NA PACHAMAMA
1ª. A UNIÃO chega como um relâmpago para os amantes e desejemos que se
distanciem igual a uma tartaruga;
2ª. Que nunca decline a noite e o dia para os amantes;
3ª. Na UNIÃO, não se oculta entre os amantes a nudez das palavras durante a noite ou
durante o dia;
4ª. os sentimentos e o prazer são as riquezas e os enfeites da UNIÃO CONJUGAL;
5ª. sigam o fluir do rio e não esperem ficar sedentos;
6ª. não se pode obter confiança um do outro, se não se pode sonhar e nem fantasiar;
7ª. façam de seu mundo aves que possam voar através de seus sentimentos e de seus
sonhos através dos oito céus, a Wiphala ou a Laphaqay;
8ª. A Lua Nova, Jaxy Pya’Hu, e a Kuarasy, Mãe Sol, sempre os iluminarão junto ao rio
que flui para o mar…
31. TROCA DE ALIANÇAS
O ACORDO É UMA GAROA QUE FLUI COMO
UM RIO SERENO, COMO GOTAS DE ORVALHO
QUE CHEGAM ATÉ O MAR
(beber água de coco)
ALLIN ZUMAJ YAYAKUNA PACHA LEA ~ WILLIAM
Bons e formosos pensamentos para Pacha Lea ~ William
Jallallay, jallallay, jallallay
32. Nascemos Phawary, livres, para
alçar voo, e Phawantaj, livres
queremos continuar ...
MARA WATA
A Ciência Étnica e a Medicina
Tradicional do Kollasuyo
Lua Nova, Jaxy Pya’Hu, 25 de
|setembro do Ano Novo Andino e
Amazônico - ano 5533.
Jallallay, jallallay, jallallay,
kollasuyo, Bolívia
Mallku Chanez Willka Kallawaya