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Conexões
com a História
Alexandre Alves
Letícia Fagundes de Oliveira
Ensino Médio
Componente curricular:
história
3
manual do
professor
Alexandre Alves
Mestre e doutor em Ciências (área: História Econômica) pela
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Professor de História no Ensino Superior.
Letícia Fagundes de Oliveira
Mestre em Ciências (área: História Social) pela Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Professora de História no Ensino Superior.
Componente curricular: história
Conexões
com a História
3
Ensino Médio
3a
edição
São Paulo, 2016
MANUAL DO PROFESSOR
1 3 5 7 9 10 8 6 4 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Alves, Alexandre
Conexões com a história / Alexandre Alves,
Letícia Fagundes de Oliveira. — 3. ed. —
São Paulo: Moderna, 2016.
Obra em 3 v.
“Componente curricular: História”
Bibliografia.
1. História (Ensino médio) I. Oliveira, Letícia
Fagundes de. II. Título.
16-00529 CDD-907
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino médio 907
Coordenação editorial: Ana Claudia Fernandes
Edição de texto: Maurício Madi, Cynthia Liz Yosimoto, Bruno Cardoso Silva,
Audrey Ribas Camargo, Maria Clara Antonelli, Thais Regina Videira
Preparação de originais: Denise Ceron, Mônica Reis
Assistência editorial: Rosa Chadu Dalbem
Gerência de design e produção gráfica: Sandra Botelho de Carvalho Homma
Coordenação de produção: Everson de Paula
Suporte administrativo editorial: Maria de Lourdes Rodrigues (Coord.)
Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite
Projeto gráfico: Marta Cerqueira Leite, Otávio dos Santos, Rafael Mazzari
Capa: Mariza de Souza Porto
Foto: Veículo leve sobre trilhos em Le Mans, França, 2015.
© McPhoto/Blickwinkel/Keystone
Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho
Edição de arte: Ana Carlota Rigon
Editoração eletrônica: Ana Carlota Rigon
Edição de infografia: Luiz Iria, Priscilla Boffo, Otávio Cohen
Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero
Revisão: Ana Cortazzo, Bárbara Arruda, Cárita Negromonte, Denise de Almeida, Luicy
Oliveira, Maristela S. Carrasco, Renato Bacci
Coordenação de pesquisa iconográfica: Luciano Baneza Gabarron
Pesquisa iconográfica: Vanessa Manna, Aline Chiarelli, Daniela Chahín Baraúna
Coordenação de bureau: Américo Jesus
Tratamento de imagens: Marina M. Buzzinaro, Rubens M. Rodrigues
Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Fabio N. Precendo,
Hélio P
. de Souza Filho, Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa
Coordenação de produção industrial: Viviane Pavani
Impressão e acabamento:
Apresentação
Caros alunos e professor
No mundo em que vivemos a inovação permanente se tornou a regra, e técnicas,
conceitos e processos rapidamente se tornam superados e obsoletos. Nesse
mundo tão acelerado, em mutação contínua, qual será o papel da história?
Tudo o que ocorre hoje é resultado de acontecimentos e ações situados no
passado. Cada sociedade humana se apropria de seu passado de modo distinto.
Nas sociedades modernas, desenvolveu-se uma maneira crítica e cientificamente
informada de interpretar o passado que convencionamos chamar história. O estudo
da história não fornece lições morais ou planos de ação, porque cada época tem
os próprios desafios e peculiaridades. Mas, sem a história, a compreensão de nosso
tempo seria rasa e limitada.
Ao mostrar as relações entre as experiências das gerações passadas e o
presente, no qual vivemos e atuamos, a disciplina história contribui para construir
um futuro melhor para todos. Quando perdemos o vínculo com nosso passado ou
criamos representações distorcidas e ilusórias sobre ele, torna-se mais difícil tomar
decisões conscientes.
Por isso, nesta terceira edição, mantemos a proposta de uma obra moderna
e atualizada que contribua para a formação de indivíduos críticos, atuantes e
comprometidos com a edificação de uma sociedade mais igualitária, tolerante
e sustentável. O trabalho com conceitos, diferentes gêneros textuais e imagens
revela as distintas perspectivas pelas quais o passado pode ser interpretado,
trazendo para a sala de aula a riqueza e a complexidade dos processos históricos.
Além disso, criamos novas seções e elaboramos materiais complementares que
os ajudarão a desenvolver habilidades e competências que serão avaliadas pelo
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – um desafio inevitável para quem está
concluindo o ensino médio e pretende continuar seus estudos.
Assim, esperamos que vocês possam utilizar este livro com prazer, tornando o
aprendizado da história uma experiência significativa e estimulante.
Bom estudo!
Organização do livro
Este volume está dividido em doze capítulos, agrupados em
quatro unidades. Veja como se organiza cada unidade deste livro.
A abertura de
unidade introduz
o assunto de
forma motivadora,
relacionando os
conteúdos que serão
estudados com
temas do presente.
Na linha do tempo são
destacados os principais
eventos do período
tratado na unidade.
Na seção Controvérsias são apresentados
textos com pontos de vista diferentes a
respeito do mesmo assunto, exemplificando
a complexidade do processo de
construção do conhecimento histórico.
A seção Analisar um
documento histórico
apresenta orientações
para o exame detalhado de
documentos relacionados ao
tema estudado no capítulo.
Na abertura de capítulo, os objetivos
e as palavras-chave dão uma visão
geral do que será estudado. O texto
introdutório problematiza o conteúdo
do capítulo, estabelecendo relações
entre o passado e o presente.
Os Infográficos ampliam o estudo de
alguns temas por meio de uma linguagem
gráfico-visual atraente e dinâmica.
Ao final de cada
unidade, a seção
Simulando o
Enem apresenta
questões inéditas
elaboradas de
acordo com as
especificações
do exame para
avaliação do
conhecimento
e preparação
para a prova.
Ao final de cada capítulo, na
seção Atividades são propostas
questões de avaliação,
ampliação e reflexão sobre
os conteúdos estudados.
Na seção Enem sem
mistérios é apresentada
a resolução detalhada de
uma questão do Enem
relacionada ao tema da
unidade para a familiarização
com o formato do exame.
A seção
Explorando
outras fontes
apresenta roteiros
de trabalho com
músicas, filmes,
sites e livros que
se relacionam
com o tema
da unidade,
ampliando e
tornando o estudo
mais dinâmico
e estimulante.
Conceitos históricos
Expõe os principais
conceitos da disciplina,
contextualizando-os
historicamente.
Questões contemporâneas
Apresenta questões da
atualidade relacionadas
ao tema desenvolvido.
DOC.
Propõe a análise de um
documento (imagem, mapa,
texto) relacionado ao tema
do capítulo estudado.
Ao final do livro, a
seção Praticando:
Enem e vestibulares
traz questões
atuais do Enem
e de vestibulares
de todo o país.
Ao longo dos capítulos,
boxes complementares
auxiliam o estudo dos temas.
Sumário
UNIDADE I UM MUNDO EM CRISE
Capítulo 1 A Segunda Revolução Industrial
e o imperialismo 12
1.1 Industrialização e imperialismo ........... 13
As novas tecnologias, 13 • O impacto das
novas tecnologias no cotidiano, 14
• A cultura de massa, 15
1.2 As transformações no capitalismo ...... 16
A formação dos oligopólios, 16
• O crescimento populacional, 16 • A crise
capitalista de 1873 e seus efeitos, 17
1.3 A expansão imperialista europeia
na Ásia e na África ................................. 18
O colonialismo do século XIX, 18
• A dominação britânica na Índia, 19
• O imperialismo na China, 20 • O Japão e
a Era Meiji, 21 • A corrida pelo domínio da
África, 22 • A Conferência de Berlim, 23
❚ Controvérsias
• Os motivos do imperialismo, 24
1.4 Arte, ciência e ideologia na
Belle Époque ............................................ 25
A era do progresso e do otimismo, 25
• A revolução das vanguardas artísticas, 26
• Diálogos com a arte africana, 27
• A antropologia entre o racismo e a
ciência, 28
❚ Atividades .............................................. 29
Capítulo 2 A Primeira Guerra Mundial 30
2.1 A marcha para a guerra ......................... 31
Os antecedentes da guerra, 31 • Imperialismo
e nacionalismo, 31 • A formação de alianças e
a corrida armamentista, 32 • O pan-eslavismo
e a crise nos Bálcãs, 32
2.2 Eclode o conflito mundial ..................... 33
O estopim da guerra, 33 • O apoio da
população civil, 33 • A guerra de
trincheiras, 34 • A entrada dos Estados
Unidos e o fim da guerra, 36
2.3 A tecnologia da destruição ................... 37
A ciência e a tecnologia a serviço da morte, 37
• A indústria e a guerra, 38 • O esforço de
guerra, 39
2.4 O armistício e os resultados
da guerra .................................................. 40
A paz dos vencedores, 40 • O pessimismo do
pós-guerra, 41
❚ Analisar um documento histórico
• Cartas do front, 42
❚ Atividades .............................................. 43
Capítulo 3 A Revolução Mexicana e
a Revolução Russa 44
3.1 A Revolução Mexicana .......................... 45
México: um país com muitos conflitos, 45
• A ditadura de Porfirio Díaz, 45 • O governo
de Madero, 46 • O governo de Carranza, 47
3.2 A Revolução Russa ................................. 48
A Rússia: palco de uma revolução, 48
• Primeiro ato: a Revolução de 1905, 49
• A Rússia e a Primeira Guerra Mundial, 49
• Segundo ato: a Revolução de Fevereiro, 50
• Terceiro ato: a Revolução de Outubro, 51
• A guerra civil, 51
❚ Controvérsias
• A ditadura do proletariado ou a ditadura
de poucos?, 52
3.3 O Estado socialista ................................. 53
A Nova Política Econômica, 53 • As diferenças
ideológicas, 54 • A ditadura stalinista, 54
❚ Atividades .............................................. 55
Capítulo 4 A Primeira República no Brasil 56
4.1 Cidadania e exclusão social
na Primeira República ............................ 57
A República da Espada (1889-1894), 57
• A Constituição de 1891, 57 • O
encilhamento, 58 • A consolidação do
regime, 58 • A República Oligárquica, 59
4.2 Mudanças socioeconômicas
no Brasil republicano ............................. 60
A primazia do setor cafeeiro, 60 • A economia
da borracha, 61 • O desenvolvimento
industrial, 61 • As reformas urbanas, 62
• As epidemias e os avanços na medicina, 63
• A Revolta da Vacina, 63
❚ Infográfico
• O legado de Oswaldo Cruz, 64
❚ Analisar um documento histórico
• Fotografia e modernidade, 66
4.3 Messianismo e cangaço ......................... 67
Os excluídos da modernidade, 67 • Antônio
Conselheiro e o Arraial de Canudos, 67
• Violência e cangaço, 68 • A Guerra do
Contestado, 69
4.4 Movimentos urbanos .............................. 70
A formação da classe operária no Brasil, 70
• Anarquismo e anarcossindicalismo, 71
• O comunismo e a fundação do PCB, 71
• O tenentismo, 71 • A inovação da arte no
Brasil, 73
❚ Atividades .............................................. 74
❚ Enem sem mistérios .............................. 75
❚ Simulando o Enem ................................. 76
❚ Explorando outras fontes ..................... 79
UNIDADE II TOTALITARISMO E AUTORITARISMO:
A CAMINHO DA GUERRA TOTAL
Capítulo 5 A ascensão do totalitarismo 82
5.1 A ascensão do fascismo ........................ 83
Totalitarismo e autoritarismo, 83
• A onda revolucionária após a guerra, 84
• A contrarrevolução e a ascensão do
fascismo, 85 • A ideologia fascista, 85
• A crise econômica e social na Alemanha, 86
• A ideologia nazista, 87
5.2 A crise econômica mundial .................. 88
A quebra da Bolsa de Nova York, 88 • A crise
de 1929 e seus efeitos, 88 • O descrédito na
democracia, 89
5.3 O totalitarismo nazista .......................... 90
A ascensão do Partido Nazista, 90
• A estrutura do Estado alemão, 90
• Perseguição e eugenia, 91
5.4 O totalitarismo na União Soviética ...... 92
O regime stalinista, 92 • O sistema
educacional stalinista, 93 • A coletivização
forçada da terra, 93 • A industrialização
soviética, 93
❚ Controvérsias
• O uso do conceito de totalitarismo, 94
5.5 Autoritarismo na Península Ibérica ..... 95
A Guerra Civil Espanhola, 95 • O salazarismo
em Portugal, 96
❚ Atividades .............................................. 97
Capítulo 6 Vargas e o Estado Novo
no Brasil 98
6.1 A crise do liberalismo no Brasil ............ 99
O Brasil e a crise de 1929, 99 • A Revolução
de 1930, 100 • A Revolução
Constitucionalista de 1932, 101
❚ Controvérsias
• 1930: golpe ou revolução?, 102
6.2 O Governo Constitucional
(1934-1937) ......................................... 103
A Constituição de 1934, 103 • Os
integralistas, 103 • A Intentona Comunista
e o Plano Cohen, 104
6.3 O Estado Novo ....................................... 105
O golpe de 1937, 105 • A política econômica,
106 • A valorização do trabalho, 107
6.4 Cotidiano e cultura .............................. 108
Educação no Estado Novo, 108 • Cinédia e
Atlântida, 108 • A era de ouro do rádio, 109
6.5 O fim do Estado Novo .......................... 110
A participação do Brasil na Segunda
Guerra Mundial, 110 • A derrocada do
Estado Novo, 111
❚ Atividades ............................................ 112
Capítulo 7 A Segunda Guerra Mundial 113
7.1 Rumo à guerra total ............................. 114
O período entreguerras, 114 • A invasão da
Polônia e o início da guerra, 115
7.2 A guerra no Pacífico ............................ 117
A entrada dos Estados Unidos na guerra, 117
• O Japão e os Estados Unidos na guerra, 118
7.3 A guerra na União Soviética ............... 119
O espaço vital e a Operação Barbarossa, 119
• Uma guerra bem mais longa do que o
previsto, 120
❚ Controvérsias
• Holocausto: a política de extermínio
dos judeus, 121
7.4 A contraofensiva dos Aliados ............. 122
A resistência contra o nazifascismo, 122
• A política alemã de confiscos e trabalhos
forçados, 123 • O Dia D e a libertação da
França, 123 • A vitória dos Aliados, 124
SUMÁRIO
7.5 Guerra e tecnologia ............................. 125
As armas de destruição em massa, 125
❚ Atividades ............................................ 127
❚ Enem sem mistérios ............................ 128
❚ Simulando o Enem ............................... 129
❚ Explorando outras fontes ................... 133
UNIDADE III A GUERRA FRIA E O CONFLITO
DE IDEOLOGIAS
Capítulo 8 A Guerra Fria e a
descolonização da África
e da Ásia 136
8.1 A Guerra Fria ......................................... 137
Depois das guerras, a Guerra Fria, 137
• A criação da ONU, 137 • O mundo dividido,
138 • A reconstrução capitalista, 139
• O Estado de bem-estar social, 139
• A corrida armamentista e espacial, 140
• Espionagem e perseguição, 141 • A Otan
e o Pacto de Varsóvia, 141 • Movimentos de
contestação, 142
8.2 Os conflitos da Guerra Fria ................. 143
A Revolução Chinesa, 143 • O Grande Salto
para a Frente, 144 • A Guerra da Coreia, 145
• A Guerra do Vietnã, 145 • A Revolução
Cubana, 146 • A Crise dos Mísseis, 147
❚ Analisar um documento histórico
• A política nuclear durante a Guerra
Fria, 148
A criação do Estado de Israel, 149
❚ Infográfico
• Jerusalém: cultuada e disputada, 150
8.3 Os movimentos de descolonização
e a independência dos países
de língua árabe ..................................... 152
Os sentidos da descolonização, 152 • Guerra
Fria e descolonização, 152 • O Egito e o
nacionalismo árabe, 153 • O caso argelino, 154
8.4 A África Subsaariana e
o apartheid ............................................ 155
O pan-africanismo, 155 • Angola e a guerra
civil, 156 • O apartheid na África do Sul, 158
• A guerra civil em Ruanda, 159
8.5 A independência da Índia e
da Indonésia .......................................... 160
A independência da Índia, 160
• A independência da Indonésia, 161
❚ Atividades ............................................ 162
Capítulo 9 Do populismo às ditaduras
militares 163
9.1 O Brasil depois do Estado Novo ......... 164
Populismo e política de massas, 164
• O governo Dutra, 165 • Vargas novamente
no poder, 166
9.2 Os anos JK .............................................. 167
A sucessão de Vargas, 167 • O Plano de
Metas, 167 • O outro lado do crescimento, 168
9.3 Os antecedentes do golpe
de 1964 .................................................. 169
O breve governo de Jânio Quadros, 169
• O governo de Jango, 170
❚ Controvérsias
• O conceito de populismo, 171
9.4 A ditadura militar no Brasil ................. 172
O golpe militar, 172 • Castello Branco: a
primeira fase do regime, 173 • AI-5: a dura
face do regime, 173 • Contestações ao
regime, 174 • Os anos do governo Médici, 175
• O governo Geisel, 176 • A abertura: lenta,
gradual e segura, 177 • Diretas Já!, 178
9.5 Argentina: do populismo à
ditadura militar ..................................... 179
Da grandeza à crise, 179 • O governo
de Perón, 180 • A ditadura militar na
Argentina, 181 • A Operação Condor e as
Comissões da Verdade, 182
9.6 O golpe militar no Chile ...................... 183
Chile: da democracia ao golpe, 183
• O golpe militar de 1973, 184 • A ditadura
de Pinochet, 185
❚ Atividades ............................................ 186
❚ Enem sem mistérios ............................ 187
❚ Simulando o Enem ............................... 188
❚ Explorando outras fontes ................... 191
UNIDADE IV O MUNDO GLOBALIZADO
Capítulo 10 O colapso do socialismo
no Leste Europeu 194
10.1 A crise e o fim do sistema
soviético ....................................................... 195
O sistema político da União Soviética, 195
• As reformas de Mikhail Gorbachev, 196
• A política externa e interna, 197 • O fim da
União Soviética, 197
❚ Controvérsias
• As reformas de Gorbachev e o colapso
do sistema soviético, 198
10.2 A desagregação do bloco
socialista ...................................................... 199
Aberturas políticas, 199 • Polônia, 199
• Hungria, 200 • Alemanha Oriental, 200
• Bulgária, 201 • Romênia, 201
• Tchecoslováquia, 202
10.3 A Europa Oriental depois
do socialismo ............................................ 203
Crise no antigo bloco soviético, 203
• Os conflitos étnicos, 204
❚ Atividades ............................................ 205
Capítulo 11 O Brasil contemporâneo 206
11.1 A Nova República ..................................... 207
A transição democrática, 207 • O governo
Sarney, 207 • A Constituição cidadã, 208
❚ Analisar um documento histórico
• Constituição e direito às terras
indígenas, 209
11.2 O povo nas urnas: eleições
diretas para presidente .......................... 210
A eleição e o governo de Fernando Collor, 210
• A crise política e a renúncia de Collor, 211
11.3 De FHC a Dilma Rousseff ....................... 212
O primeiro mandato de FHC, 212 • A reeleição
de FHC, 212 • O primeiro mandato de
Lula, 213 • A reeleição de Lula, 214
• O primeiro mandato de Dilma Rousseff, 214
• O segundo mandato de Dilma Rousseff, 215
11.4 Desafios do Brasil contemporâneo ..... 216
Os indígenas no Brasil atual, 216
• A afirmação da cultura afro-brasileira, 217
• O Brasil no contexto internacional, 218
❚ Atividades ............................................ 220
Capítulo 12 Perspectivas do mundo
globalizado 221
12.1 O capitalismo global ................................ 222
Globalização e integração econômica, 222
• As políticas econômicas neoliberais, 223
• A desindustrialização, 224
12.2 Efeitos sociais do processo
de globalização ......................................... 225
A organização das empresas e do
trabalho, 225
❚ Infográfico
• A fábrica global, 226
Desemprego e precarização do trabalho, 228
• Globalização e pobreza, 229 • Crime
globalizado, 230 • Êxodo rural e urbanização
descontrolada, 230
12.3 A revolução tecnológica e
as mudanças nas relações
humanas ....................................................... 231
A tecnologia e a transformação da
sociedade, 231 • As novas tecnologias de
informação e comunicação, 232
12.4 Guerra e terrorismo em um
mundo instável .......................................... 234
A guerra no mundo contemporâneo, 234
• Os ataques terroristas de 11 de setembro, 235
• A guerra contra o terror, 235
12.5 O problema ecológico e a ameaça da
catástrofe climática ................................. 237
A relação entre humanidade e natureza, 237
• Industrialização e degradação ambiental, 237
• O aquecimento global, 238
❚ Analisar um documento histórico
• O desenvolvimento sustentável, 239
❚ Atividades ............................................ 240
❚ Enem sem mistérios ............................ 241
❚ Simulando o Enem ............................... 242
❚ Explorando outras fontes ................... 245
Praticando: Enem e vestibulares ................... 246
Gabarito e sugestões de respostas:
Enem e vestibulares .......................................... 262
Referências bibliográficas ............................... 264
O mundo em mapas ........................................... 268
Capítulos
I
UNIDADE
1 A Segunda Revolução
Industrial e o
imperialismo, 12
2 A Primeira Guerra
Mundial, 30
3 A Revolução Mexicana
e a Revolução
Russa, 44
4 A Primeira República no
Brasil, 56
Um mundo
em crise
Tecnologia e guerra
Quando você ouve falar em guerra, que cenas vêm à sua
mente? Ataques com bombardeiros (como os aviões F-16 desta
imagem), submarinos e armas químicas são comuns nos grandes
conflitos internacionais, como podemos ver em noticiários,
filmes, jogos e histórias em quadrinhos.
Da Belle Époque aos anos 1920 Esta linha do tempo não foi organizada em escala temporal.
1859
Perfuração do
primeiro poço
de petróleo, nos
Estados Unidos.
1868
Início da
Era Meiji,
no Japão.
1876
Patenteamento do
primeiro telefone por
Alexander Graham
Bell e Elisha Gray.
1884-1885
Realização da
Conferência
de Berlim.
1889
Proclamação
da república
no Brasil.
1891
Promulgação da
primeira Constituição
republicana no Brasil.
1895
Apresentação do
cinematógrafo pelos
irmãos Auguste e
Louis Lumière.
intS
kaLninS/ReuteRS/LatinStock
10
Questões
1. Em sua opinião, existe relação entre o texto e a imagem destas páginas?
Justifique.
2. Cite exemplos de avanços científicos apropriados e aprimorados pela
indústria bélica que atualmente são utilizados para outros fins.
3. O que você sabe sobre a Segunda Revolução Industrial e o imperialismo,
ambos citados no texto? Troque informações com os colegas.
Registre em seu caderno.
Aviões F-16, das Forças Armadas
dos Estados Unidos, estacionados
na base aérea de Amari, Estônia.
Foto de 2015. O treinamento
militar nessa região se iniciou
em razão do temor de os russos
invadirem os países bálticos.
Você sabia que esse modo de fazer guerra
que conhecemos hoje foi desenvolvido durante
a Primeira Guerra Mundial, um conflito interna-
cional sem precedentes na história que ceifou
milhões de vidas?
O uso de aviões, por exemplo, transformou a
dinâmica dos combates. Os bombardeios, des-
critos pelo escritor alemão Ernst Jünger como
“tempestades de aço”, podiam atingir os soldados
em qualquer lugar e a qualquer momento.
Esse grande conflito foi deflagrado em um
período de expansão do capitalismo, disputas
por novos mercados e intenso desenvolvimento
científico e tecnológico no continente europeu,
o cenário da guerra.
As inovações da chamada Segunda Revolução
Industrial impulsionaram o desenvolvimento tec-
nológico e científico e o crescimento econômico
das potências europeias, que buscaram ampliar
seus domínios, mercados e áreas de influência no
processo conhecido como imperialismo.
Nesta unidade estudaremos essas transfor-
mações e outros temas sobre a transição do sécu-
lo XIX para o XX.
1896-1897
Guerra de
Canudos.
1904
Revolta
da Vacina.
1910
Início da Revolução
Mexicana. Revolta
da Chibata.
1914
Início da
Primeira Guerra
Mundial.
1917
Revolução Russa.
Greve geral em
São Paulo.
1919
Tratado de
Versalhes.
1924
Morte de Lênin
e ascensão de
Stalin na União
Soviética.
11
OBJETIVOS
• Relacionar o desenvolvi-
mento do capitalismo com
a expansão imperialista
na segunda metade do sé-
culo XIX.
• Avaliarosefeitosdastrans-
formações tecnológicas no
cotidiano dos povos oci-
dentais.
• Explicar as razões políti-
cas e econômicas que con-
duziram ao colonialismo
nos territórios africanos e
asiáticos.
• Identificar os efeitos do im-
perialismo nas ciências e
nas artes.
PALAVRAS-CHAVE
• Segunda Revolução
Industrial
• Capitalismo financeiro
• Imperialismo
• Belle Époque
A Segunda Revolução
Industrial e o imperialismo
CAPÍTUL
O
1
A partilha do globo
Entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, os
governos dos países europeus industrializados mobilizaram recursos
econômicos, tecnológicos e militares para subjugar outros povos,
que ficaram submetidos à exploração colonial. Esse fenômeno ficou
conhecido como imperialismo. Houve uma partilha do globo terrestre
entre as nações imperialistas, que procuravam obter mão de obra e
matérias-primas baratas em suas respectivas colônias, além de um
mercado consumidor para seus produtos industrializados.
Aqueles que eram favoráveis à dominação colonial acreditavam
ser um dever do branco europeu levar a “civilização” aos povos sub-
jugados, considerados “bárbaros”. Apesar de os governos imperialis-
tas terem implantado alguma infraestrutura em suas colônias, como
estradas, portos, ferrovias e hospitais, a maioria da população das
regiões colonizadas não se beneficiou desse processo. Em vez disso,
em muitas dessas regiões a presença europeia destruiu a produção
local e desorganizou sociedades tradicionais, provocando efeitos
negativos que podem ser observados ainda hoje.
Os povos colonizados, contudo, não se mantiveram como vítimas
passivas do imperialismo predatório. Eles se mobilizaram contra a
dominação por meio de rebeliões armadas ou da resistência não
violenta. A riqueza e a diversidade cultural desses povos inspiraram
a renovação da arte europeia, contribuindo para a onda de inovação
estética que deu origem ao movimento cultural e artístico conhecido
como modernismo.
Locomotiva a vapor da Lagos
Railway, em Gana, colônia britânica.
Foto de 1909. Na época, a maior
potência imperialista foi o Império
Britânico. Em 1900, um quarto da
superfície do globo era dominada
direta ou indiretamente por ele.
BRIDGEMAN
IMAGES/KEYSTONE
BRASIL
–
COLEÇÃO
EMPIRE
AND
COMMONWEALTH
DO
MUSEU
E
GALERIA
DE
BRISTOL
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19
de
fevereiro
de
1998.
Industrialização e imperialismo
1.1
Extração de petróleo na
Pensilvânia, Estados Unidos. Foto de
1859. A obtenção de petróleo na
Pensilvânia foi considerada pelos
norte-americanos o marco inicial
da moderna indústria petrolífera.
As novas tecnologias
Na segunda metade do século XIX, sucessivas inovações tecnológicas
possibilitaram o desenvolvimento de novas indústrias e estimularam pes-
quisas e invenções.
Após se intensificar na Grã-Bretanha, na França, na Bélgica, na Holanda
e no norte da Alemanha, a Revolução Industrial atingiu os países nórdicos,
a Rússia, o norte da Itália e algumas regiões da Espanha. Fora da Europa, a
industrialização ocorreu nos Estados Unidos e no Japão.
As mudanças econômicas, sociais e políticas desse período, conhecido
como Segunda Revolução Industrial, tiveram como base duas novas fontes
de energia: a eletricidade e o petróleo.
• A geração de eletricidade tornou-se possível com a invenção do dínamo,
na segunda metade do século XIX. Utilizada inicialmente na iluminação
pública, a eletricidade foi, a partir da década de 1880, substituindo gra-
dualmente a energia a vapor nas fábricas.
• O petróleo começou a ser utilizado como fonte geradora de energia a
partir de 1859, nos Estados Unidos. A princípio, seus derivados foram
empregados na iluminação; posteriormente, passaram a movimentar as
máquinas nas fábricas e, a partir de 1870, tornaram-se combustível para
os meios de transporte.
As inovações tecnológicas do período impulsionaram outros inventos.
No setor elétrico, destacam-se a invenção do telefone, do telégrafo e do
rádio. A indústria química foi aprimorada com a produção de fertilizantes,
artigos sintéticos, explosivos e medicamentos. A siderurgia foi revolucionada
por um novo processo de fabricação do aço, o que permitiu produzi-lo em
maior quantidade e a preços mais baixos.
iNVENÇÕES dA SEGUNdA rEVOlUÇÃO iNdUStriAl
invenção Atribuída a país/ano
Máquina de costura Elias Howe Estados Unidos/1846
Lâmpada incandescente Thomas Edison Estados Unidos/1854
Motor de combustão interna Nikolaus Otto Alemanha/1866
Dínamo Werner Siemens Alemanha/1866
Máquina de escrever Christopher Sholes e Carlos Glidden Estados Unidos/1867
Telefone Alexander Graham Bell e Elisha Gray Estados Unidos/1876
Processamento de aço Sidney Gilchrist Thomas Grã-Bretanha/1877
Automóvel Gottlieb Daimler e Karl Benz Alemanha/1884
Turbina a vapor Charles Algernon Parsons Grã-Bretanha/1890
Motor a diesel Rudolf Diesel Alemanha/1897
Dirigível Ferdinand von Zeppelin Alemanha/1900
Dínamo: gerador que transforma
energia mecânica em elétrica.
Fontes: CHALINE, Eric. 50 máquinas
que mudaram o rumo da história. Rio
de Janeiro: Sextante, 2014; DUARTE,
Marcelo. O livro das invenções. São
Paulo: Companhia das Letras, 1997.
aLbuM/akg-iMageS/LatinStock
13
13
Os avanços na industrialização atingiram também os campos, resultando em um grande aumento da produção agrícola.
O primeiro poço moderno de extração
de petróleo foi perfurado no território
do atual Azerbaijão, por volta de 1850.
É, portanto, anterior à experiência
norte-americana.
O impacto das novas
tecnologias no cotidiano
Durante o século XIX, a enorme quantidade de
descobertas científicas e de inovações tecnológicas
transformou o cotidiano e gerou novas formas de ver
o mundo e os seres humanos. Setores das sociedades
industrializadas, como a burguesia, mostravam-se
otimistas e passaram a depositar uma fé inabalável
na capacidade da ciência e da técnica. Atividades
consideradas impossíveis, como voar, comunicar-se
a distância e movimentar-se em alta velocidade,
tornaram-se reais com a invenção do avião, do te-
lefone e do automóvel. Os inventos, cada vez mais
sofisticados, difundiram-se e tornaram-se parte do
dia a dia das pessoas.
Os benefícios da industrialização, porém, não
atingiram todos os habitantes da Europa, muito
menos todos os países dos demais continentes. A
fome e os surtos epidêmicos continuaram sendo
graves problemas nas áreas menos desenvolvidas
do continente europeu, como a Rússia, e do restan-
te do mundo.
Os novos meios de comunicação
O primeiro telefone foi patenteado por Alexander
Graham Bell e Elisha Gray, em 1876, e apresentado,
no mesmo ano, na Exposição Universal da Filadélfia.
Em razão do sucesso obtido, o inventor norte-ameri-
cano fundou uma empresa para comercializar o apa-
A expansão da telefonia
O Brasil foi um dos primeiros países a adotar a telefonia. O imperador Dom
Pedro II, sempre disposto a conhecer as novidades tecnológicas vindas da Europa
e dos Estados Unidos, conheceu o telefone na Exposição Universal da Filadélfia,
em 1876, e, no ano seguinte, instalou a primeira central telefônica no Rio de
Janeiro. A difusão dessa tecnologia, contudo, demorou décadas para acontecer.
Em muitos países, esse processo foi desi-
gual, sendo mais abrangente nas nações
mais desenvolvidas e industrializadas. Nos
Estados Unidos, por volta de 1900, havia
um telefone para cada grupo de 60 pes-
soas. A Suécia vinha em segundo lugar,
com um aparelho para cada 215 pessoas.
Na França, uma em cada 1.216 pessoas
possuía um telefone, e, na Rússia, uma em
cada 6.958. Antes da invenção da comu-
tação mecanizada, as ligações eram rece-
bidas e transmitidas pelas telefonistas. A
profissão de telefonista era tipicamente
feminina na época.
Mulheres trabalhando em uma central telefônica
na Baixada Santista, início do século XX.
Fundação Arquivo e Memória de Santos.
relho. Diferentemente do telégrafo, que transmitia
apenas sinais, o telefone possibilitava a transmissão
da voz humana. Levou algum tempo, porém, para que
essa tecnologia se tornasse acessível à maioria das
pessoas. O sistema de discagem foi disponibilizado
apenas em 1896, e a comutação mecanizada só se
difundiu no final da década de 1920.
Datam do início do século XX as primeiras tenta-
tivas de radiodifusão. Em 1901, o italiano Guglielmo
Marconi fez a primeira transmissão de mensagens a
distância por meio de ondas de rádio. Na década de
1910, foram feitas as primeiras transmissões de som,
resultantes de diversos aperfeiçoamentos do sistema.
Foram, então, iniciados os programas diários de notí-
cias, palestras, peças de teatro e até sermões de igreja
transmitidos pelo rádio. Pouco tempo depois, foram
inventados os aparelhos receptores equipados com
válvula termiônica, por meio da qual eram captados
com fidelidade os sinais de rádio emitidos pelas es-
tações transmissoras. Na mesma época, descobriu-se
que as válvulas também possibilitavam a transmissão
de imagens. As transmissões televisivas começaram
na Grã-Bretanha em 1927 e só chegaram ao Brasil
em 1950, com a inauguração da primeira emissora
brasileira, a TV Tupi.
Comutação mecanizada: sistema que possibilitava realizar
chamadas telefônicas sem a intermediação de telefonistas.
Termiônico: fenômeno que manifesta a emissão de elétrons
por causa do calor.
RepRodução
–
Fundação
aRquivo
e
MeMóRia
de
SantoS
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Código
Penal
e
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9.610
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1998.
14
O cinematógrafo dos
irmãos Lumière
“Em 1o
de novembro de
1895, dois meses antes
da famosa apresentação do
cinematógrafo Lumiè-
re, os irmãos Max e Emil
Skladanowsky fizeram
uma exibição de 15 minu-
tos do bioscópio, seu sis-
tema de projeção de filmes,
[...] em Berlim. Auguste e
Louis Lumière, apesar de
não terem sido os primeiros
na corrida, foram os que
ficaram mais famosos. Eram
negociantes experientes,
que souberam tornar seu
invento conhecido no mun-
do todo e fazer do cinema
uma atividade lucrativa,
vendendo câmeras e fil-
mes. A família Lumière era,
então, a maior produtora
europeia de placas fotográ-
ficas, e o marketing fazia
parte de suas práticas.”
COSTA, Flávia Cesarino.
Primeiro cinema. In:
MASCARELLO, Fernando (Org.).
História do cinema mundial.
Campinas: Papirus, 2006. p. 19.
A cultura de massa
Os hábitos de consumo dos trabalhadores das grandes cidades também
mudaram nesse período. A produção em massa e a relativa melhora nas
condições de vida da classe operária possibilitaram a expansão do consumo
de bens e de serviços voltados para o lazer, levando ao fenômeno conhecido
como cultura de massa.
As pessoas preenchiam o tempo livre com os meios de comunicação de
massa, como os jornais diários, o cinema e o rádio. Esses meios de comuni-
cação eram utilizados para impulsionar a venda de produtos industrializados
por meio da propaganda.
O mais popular meio de comunicação de massa da época foi, sem
dúvida, o cinema. Em 1895, os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière
apresentaram em Paris o cinematógrafo, um projetor que rodava peque-
nos filmes com duração de um minuto. Logo as casas de espetáculos de
grandes cidades, como Berlim, Londres e Paris, começaram a exibir filmes
para vários espectadores. Naquela época, os filmes eram mudos. Por isso,
a trilha sonora era tocada ao vivo por pianistas.
Aproximadamente vinte anos antes de o cinema exibir as primeiras
imagens em movimento, foi inventado o fonógrafo, aparelho capaz de
gravar e reproduzir sons. O objetivo dos inventores desse equipamen-
to era principalmente gravar a voz humana. A princípio o aparelho foi
utilizado para fins científicos: etnólogos, linguistas, antropólogos e fol-
cloristas o usavam para registrar a pronúncia das palavras por falantes
de várias línguas.
A partir do final do século XIX, o fonógrafo foi sendo substituído por
outra invenção: o gramofone [doc. 1]. Esse aparelho reproduzia apenas sons
previamente gravados e, em vez do cilindro de cera do fonógrafo, continha
um disco plano para armazená-los. Com o gramofone e o disco, tornou-
-se possível criar muitas cópias do mesmo registro sonoro e estabelecer a
indústria fonográfica.
O gramofone no Brasil
“O exame do primeiro catálogo [de discos] editado
no Brasil [...] mostra que a indústria fonográfica brasi-
leira nasceu de uma experiência inovadora, mas não
exclusivamente voltada para a produção e gravação
musical. [...] Para criar o hábito nas pessoas de con-
sumir música gravada, [...] [a Casa Edison] precisou
investir na importação e divulgação de fonógrafos e
gramofones em seus catálogos. A presença de textos
introdutórios e explicativos sobre arte fonográfica e a
funcionalidade dos aparelhos assinala que, juntamente
com a necessidade de formação de um cast de artistas e
de contar com uma quantidade considerável de títulos
para comercialização, foi preciso difundir, explicar e
criar o hábito nas pessoas para o uso das novidades
tecnológicas de reprodução musical.”
GONÇALVES, Eduardo. A Casa Edison e a formação do
mercado fonográfico no Rio de Janeiro no final do século XIX
e início do século XX. Desigualdade & Diversidade, n. 9,
ago./dez. 2011. p. 106. Disponível em <http://desigualdade
diversidade.soc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.
htm?infoid=159&sid=18>. Acesso em 1o
mar. 2016.
DOC. 1
Questões
1. Que dificuldades as primeiras gravadoras encontraram
ao introduzir os gramofones no Brasil?
2. O desenvolvimento tecnológico ainda interfere no
hábito de ouvir música? Justifique sua resposta.
Registre em seu caderno.
Anúncio de gramofone da Casa Edison, 1915.
Dialogando com a SOCIOLOGIA
aceRvo
do
JoRnaL
o
eStado
de
S.
pauLo
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As respostas deste doc. estão no Suplemento para o professor.
1.2 As transformações no capitalismo
A formação dos oligopólios
DuranteaPrimeiraRevoluçãoIndustrial,ainiciativa
individualtinhaumpapeldecisivonafundaçãoenaex-
pansãodeempreendimentoscomerciaisouindustriais.
Fábricas de tecidos ou de calçados, por demandar
menos investimentos de capitais, podiam ser insta-
ladas e crescer com recursos do próprio empresário.
Na Segunda Revolução Industrial, isso deixou de ser a
norma. Em razão da complexidade e do alto custo das
novas atividades econômicas, como as desenvolvidas
em usinas hidrelétricas e em companhias petrolíferas,
era necessário grande aporte de capitais, que dificil-
mente podia ser obtido com recursos individuais.
A dificuldade de sustentar os novos investimentos
com capital particular criou um cenário privilegiado
para a atuação dos bancos e das instituições financei-
ras, que passaram a investir na indústria, no comércio,
na agricultura e na mineração e a controlar essas
atividades por meio de empréstimos. Muitos bancos
passaram a participar dos negócios das empresas
como acionistas. Formava-se assim o capitalismo
financeiro, resultante da fusão do capital bancário
com o gerado nos demais setores da economia.
As crescentes inovações tecnológicas do período
e a necessidade de ampliar a produção e conquis-
tar novos mercados impuseram dificuldades para a
atuação de pequenos e médios empresários. Muitas
empresas, sem capital suficiente para enfrentar a
concorrência ou as crises econômicas do final do
século XIX, associavam-se, formando oligopólios,
pequenos grupos de empresas poderosas que con-
trolavam determinado ramo da produção.
O primeiro modelo de associação empresarial foi o
truste,formadopelafusãodeváriasempresasdomes-
mosetor,interessadasemcontrolarpreços,produçãoe
mercado. Muitas empresas, ainda, estabeleciam acor-
dos para controlar preços e combater os concorren-
tes. Esse modelo de associação era o cartel. Criou-se
tambéma holding,tipodeorganizaçãoeconômicaque
detém o controle acionário de um grupo de empresas
subsidiárias do mesmo ramo ou de ramos diferentes.
A formação dos oligopólios resultou numa grande
concentração de capital, pois um número reduzido de
empresascontrolavaosprincipaissetoresdaeconomia,
comooautomobilístico,odamineraçãoeoferroviário,
podendo reduzir custos na fabricação dos produtos
por meio dos chamados ganhos de escala e ditar ao
mercado o preço de determinadas mercadorias.
O crescimento populacional
O avanço da industrialização impulsionou o cres-
cimento populacional nas grandes cidades. Até 1850,
Londres, Paris e Constantinopla eram as únicas cida-
des europeias com mais de 500 mil habitantes. Em
1900, pelo menos nove cidades europeias abrigavam
mais de 1 milhão de habitantes, entre elas Londres e
Manchester, na Grã-Bretanha, Paris, na França, São Pe-
tersburgo e Moscou, na Rússia, e Berlim, na Alemanha.
Uma das principais causas do crescimento das
cidades foi o êxodo rural. Nos campos, as dificuldades
econômicas e a crescente mecanização reduziram a
quantidade de braços necessários à lavoura, forçando
os camponeses a migrar para as cidades. Ao mesmo
tempo, as inovações técnicas na agricultura aumenta-
ram a produção e baratearam o preço dos alimentos.
Ocrescimentopopulacionaltambémpodeseratri-
buído ao desenvolvimento da medicina e da indústria
farmacêutica,quetornoupossívelocombatededoen-
ças anteriormente fatais, como o tifo e a tuberculose.
Nessa área, merecem destaque o aperfeiçoamento
das vacinas, no final do século XIX, e a descoberta da
penicilina, o primeiro antibiótico, em 1928.
Charge do século XIX criticando a influência dos
trustes sobre os políticos norte-americanos.
keYStone
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As empresas familiares continuaram existindo após o advento
do capitalismo financeiro, mas o capital concentrou-se nas
mãos das chamadas sociedades anônimas.
Estados
Unidos
Argentina Brasil Austrália
0
5
10
15
20
25
30
35
Países de destino
A GrANdE EMiGrAÇÃO EUrOpEiA (1800-1930)
(EM MilhÕES)
Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jacques. Atlas
histórico: da Pré-história aos nossos dias. Lisboa: Círculo de
Leitores, 1990. p. 227.
A crise capitalista de 1873
e seus efeitos
A economia capitalista é constituída por ciclos
econômicos, nos quais, muitas vezes, um período de
expansão é seguido por um de retração. Nos piores
casos, a retração pode se tornar uma depressão,
levando ao declínio da atividade econômica por
determinado tempo.
O aumento acelerado da produção, impulsio-
nado pelos avanços técnicos, gerou uma gran-
de depressão, que se estendeu de 1873 a 1896.
Essa desaceleração econômica caracterizou-se pe-
la queda generalizada dos preços e dos lucros e
pela falência de muitas empresas. A principal mar-
ca dessa crise econômica foi a superprodução de
mercadorias, ou seja, o sistema entrou em colapso
devido à abundância de produtos, e não em razão
de sua falta.
Uma das medidas adotadas pelas empresas
para combater os efeitos da crise econômica foi
criar mecanismos de associação com outras em-
presas do mesmo ramo para fixar preços e dividir
o mercado. Governos de alguns países, como Itália
e Alemanha, recorreram a medidas protecionis-
tas para preservar a produção nacional. A livre
concorrência, que marcou a Primeira Revolução
Industrial, dava lugar aos oligopólios e ao prote-
cionismo alfandegário.
Outra medida adotada pelos países industria-
lizados foi sair em busca de novos mercados, em
geral na África e na Ásia, onde pudessem vender
seus produtos e aplicar os capitais excedentes na
Europa. Em 1885, o ministro francês Jules Ferry
chegou a afirmar: “o que falta às nossas indústrias,
o que lhes falta cada vez mais, são mercados”.
Além de mercados consumidores, as potências
industriais europeias aumentaram a procura por
matérias-primas, acirrando a disputa por produtos
provenientes da América Latina, da África e da
Ásia. Com o aumento da população europeia, foram
necessárias novas terras para absorver a mão de
obra excedente, o que gerou o maior movimento
migratório da história. Entre 1815 e 1915, cerca
de 35 milhões de pessoas deixaram a Europa para
tentar uma nova vida em outros continentes, prin-
cipalmente na América.
As tensões sociais se intensificavam. Nos cam-
pos, as dificuldades ocasionadas pela crise eco-
nômica e a crescente mecanização reduziam os
braços necessários à lavoura, gerando tensões
sociais. No meio urbano, as pressões da classe
operária cada dia mais numerosa e organizada
levavam os governos europeus a ver a exploração
colonial como uma saída para afastar a ameaça de
uma revolução social.
A respeito dos conflitos sociais agravados com a
Segunda Revolução Industrial, Cecil Rhodes, explo-
rador britânico da região do Cabo, na África do Sul,
afirmou em 1895:
“Ontem estive no East-End londrino (bairro
operário) e assisti a uma assembleia de desem-
pregados. Ao ouvir ali discursos exaltados cuja
nota dominante era: pão!, pão!, e ao refletir,
de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido,
convenci-me, mais do que nunca, da impor-
tância do imperialismo... A ideia que acalento
representa a solução do problema social: para
salvar os 40 milhões de habitantes do Reino
Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os
políticos coloniais, devemos apoderar-nos de
novos territórios; para eles enviaremos o ex-
cedente de população e neles encontraremos
novos mercados para os produtos das nossas
fábricas e das nossas minas.”
Cecil Rhodes [1895]. In: LÊNIN, Vladimir. O imperialismo:
etapa superior do capitalismo. São Paulo: FE/Unicamp,
2011. p. 204. (Navegando publicações)
FeRnando
JoSÉ
FeRReiRa
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17
A expansão imperialista europeia
na Ásia e na África
1.3
O colonialismo do século XIX
Convencionou-se chamar imperialismo o processo de expansão das
grandes potências industrializadas em busca de colônias e áreas para ex-
plorar economicamente, impulsionado pelos interesses do capital financeiro
e dos grandes oligopólios. O resultado dessa expansão imperialista foi a
partilha de quase toda a África entre os Estados europeus, a ocupação de
vastos territórios da Ásia e a subordinação de países da América Latina aos
interesses econômicos europeus e norte-americanos.
A dominação imperialista apresentou, em cada região, características
específicas, de acordo com os interesses das grandes potências e as re-
lações que estas estabeleceram com as elites dirigentes locais. Podemos
identificar os seguintes tipos de dominação imperialista nos territórios da
América Latina, da África e da Ásia.
• Áreas de domínio econômico. Países independentes que não sofriam
dominação política direta, mas eram explorados economicamente e per-
suadidos a tomar medidas que beneficiavam as potências imperialistas
(caso do Brasil e de outros países da América Latina).
• Áreas de protetorado. Domínios coloniais tratados como aliados, onde
eram mantidos os quadros dirigentes locais, que eram subordinados a
uma autoridade europeia presente (caso da Índia).
• Áreas de colonização direta. Dominadas militar, política e economica-
mente, com a presença no local de quadros dirigentes europeus (diversas
regiões da África).
• Áreas de influência. Territórios em que os dirigentes locais eram
mantidos, mas obrigados a assinar tratados que garantiam vantagens
econômicas e jurídicas à potência estrangeira. Os cidadãos do país do-
minador residentes nos territórios dominados estavam sujeitos às leis
do país de origem.
Nessas áreas de dominação, a busca do lucro
não era apenas meta das empresas privadas, mas
se converteu numa política nacional seguida
pelos Estados europeus, financiada com fundos
públicos e apoiada em aparelhos administrativos
e políticos criados para esse fim.
Realizando grandes investimentos de capital,
os europeus fomentaram a produção de gêneros
agrícolas e a extração de recursos de origem
animal, mineral e vegetal. Das savanas africanas,
por exemplo, os conquistadores extraíam peles,
plumas e marfim. Na África do Sul, destacava-
-se a extração de diamantes e ouro. Nas áreas
de florestas e savanas, os europeus exploravam,
por exemplo, noz-de-cola, borracha e palmeiras.
Também impulsionaram o cultivo de cacau, café,
cana-de-açúcar e amendoim.
Charge satirizando a partilha da
China pelos governos da Grã-
-Bretanha, Alemanha, Rússia, França
e Japão, publicada no Le Petit
Journal, em 1898.
Imperialismo
O termo “imperialismo” começou a ser empregado
no início do século XX para designar a etapa do desen-
volvimento do capitalismo inaugurada com a Segunda
Revolução Industrial, a partir de 1860. Em sua essência,
trata-se da fase do capital monopolista e financeiro em
que poderosos grupos empresariais, situados nas nações
mais ricas, promoveram a fusão do capital industrial e
bancário, e passaram a controlar a economia nacional
e a promover uma grande concentração de capital. A
crescente ameaça do imperialismo norte-americano
e japonês impulsionou os grandes grupos econômicos
europeus a iniciar uma nova partilha colonial, em busca
de mercados fornecedores de matérias-primas, fontes de
energia e locais para investir capitais excedentes na
Europa. O processo de expansão imperialista foi dirigido
pelos Estados nacionais, o que explica o uso das expres-
sões “Império Britânico”, “Império Francês”, entre outras.
RepRodução
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coLeção
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TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
EQUADOR
120° L
0°
TRÓPICO DE CÂNCER
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
Á S I A
MONGÓLIA
COREIA
CHINA
TIBETE
JAPÃO
AFEGANISTÃO
CINGAPURA
SUMATRA
A U S T R Á L I A
ARÁBIA
Formosa
ÍNDIA
FILIPINAS
(EUA)
NOVA ZELÂNDIA
CEILÃO
SAKALINA
PÉRSIA
BIRMÂNIA
SIÃO
INDOCHINA
M A L Á S I A
O C E A N I A
Hong Kong
(GB)
Macau
Kiaut-Cheu
(ALE)
Wai-Hai-Wei
(GB)
Porto Artur
(JAP)
Kuang-Tcheu
(FRA)
GOA
SARAWAK
BORNÉU
JAVA
TIMOR
Is. Salomão
(GB)
Is. Gilbert
(GB)
Célebes
Nova Caledônia
(FRA)
TASMÂNIA
NOVA GUINÉ
Áden
(GB) Socotra
(GB)
Chandernagor
Yanaon
(FRA)
Pondicherry
(FRA)
Karikal
(FRA)
Mahé
(FRA)
Damão
(POR)
Diu
(POR)
Grã-Bretanha (GB)
França (FRA)
Alemanha (ALE)
Holanda (HOL)
Portugal (POR)
Japão (JAP)
Potências dominadoras
A dominação britânica na Índia
No final do século XVIII, havia na Índia diversos principados sujeitos
à administração da Companhia Britânica das Índias Orientais. Uma das
medidas tomadas por essa organização comercial foi substituir, no mer-
cado europeu, os tecidos indianos (musselinas) pelos ingleses, feitos
de algodão e mais baratos, o que enfraqueceu a tradicional produção
têxtil indiana.
Em meados do século XIX, os ingleses dominavam quase todo o território
da Índia, ficando a outra parte constituída de principados dependentes dos
britânicos por meio de tratados subsidiários e de pequenas possessões de
outros países europeus, como Portugal e França. Os tratados subsidiários
restringiam a autonomia dos príncipes indianos, impedindo-os, por exemplo,
de controlar o território e declarar guerra, ao mesmo tempo que assegura-
vam maior poder de decisão aos ingleses.
A dominação britânica na Índia promoveu a destruição das comunidades
tradicionais locais, que combinavam a pequena produção agrícola com a
produção artesanal. De exportadores de tecidos, os indianos se transforma-
ram em fornecedores de matérias-primas e especiarias e importadores de
tecidos ingleses. Além disso, a população indiana foi submetida aos altos
impostos cobrados pelos britânicos e a relações de comércio desiguais
com o colonizador.
A política inglesa ajudou a enriquecer alguns poucos comerciantes
locais, mas resultou na miséria da maior parte da população indiana.
Como consequência, entre 1857 e 1858 ocorreu a Revolta dos Cipaios,
organizada pelos soldados coloniais indianos. Após reprimir a revolta, o
governo britânico dissolveu a companhia de comércio e assumiu direta-
mente o comando da sua colônia indiana. Depois disso, outros territórios
asiáticos foram incorporados ao Império Britânico: Birmânia (1866) e
Malásia (1874).
Revolta dos Cipaios
“Em 1857, teve início na
Índia a rebelião que ficou
conhecida como Revolta
dos Cipaios, iniciada por
soldados nacionalistas hin-
dus. O objetivo da revolta
era dar um fim à domina-
ção britânica no país. Os
rebeldes assumiram o con-
trole da cidade de Délhi
e receberam o apoio de
príncipes locais.
[...] A rebelião se es-
tendeu até o ano seguinte,
mas acabou sendo sufoca-
da pelo Exército britânico,
que se utilizou de canhões
e metralhadoras.
A revolta foi um divisor
de águas na história da pre-
sença britânica na Índia:
para evitar novas rebeliões,
as autoridades britânicas
aumentaram ainda mais
o controle sobre o territó-
rio indiano. O governador-
-geral passou a represen-
tar diretamente os interes-
ses da Coroa britânica na
Índia, assumindo o título
de vice-rei. Em 1876, a rai-
nhaVitória foi proclamada
imperatriz da Índia. Como
os britânicos, os indianos
passaram a ser súditos da
rainha Vitória.”
VILELA, Túlio. Índia: domínio
inglês na Índia mostra
dois aspectos do colonialismo.
UOL, 27 jun. 2007. Disponível
em <http://educacao.uol.com.br/
disciplinas/historia/india-dominio-
ingles-na-india-mostra-dois-
aspectos-do-colonialismo.htm>.
Acesso em 15 mar. 2016.
A dOMiNAÇÃO iMpEriAliStA NA ÁSiA (iNÍciO dO SÉcUlO XX)
Fonte: PARKER, Geoffrey. Atlas Verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997. p. 113.
A França conquistou a Indochina
em 1862 e, no ano seguinte,
anexou a Conchinchina e o
Camboja. Entre 1863 e 1893,
foram incorporados ao domínio
francês Vietnã e Laos. Por sua vez,
os holandeses, em parceria com os
ingleses, dominaram a Indonésia,
estabelecendo no local uma das
bases mais importantes de uma
grande companhia petrolífera
ativa ainda atualmente.
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Rebelião dos boxers (1900-1901),
charge de W. Lehmann-Schramm.
Na imagem, os cães do senhor da
guerra atacam o Império Chinês.
Os animais representam
os governos das potências
imperialistas. Destaca-se, do lado
direito, uma ossada representando
a devastação de Transvaal, região
da atual África do Sul.
O imperialismo na China
Grã-Bretanha, França, Alemanha e Estados Unidos dire-
cionaram seus esforços de dominação também para a Ásia
Oriental, em especial para a China, país muito populoso e
rico em recursos naturais. A China tinha como vassalos vários
de seus vizinhos, como Vietnã, Birmânia, Coreia, Mongólia
e Tibete, o que atraía os interesses dos países imperialistas.
As grandes potências, no entanto, encontravam dificuldades
para estabelecer seus empreendimentos na China, pois o go-
verno imperial exercia um poder centralizado, que impunha
empecilhos à entrada estrangeira.
Na primeira metade do século XIX, entretanto, uma
relativa e crescente autonomia das províncias favoreceu a
entrada gradual de estrangeiros que já investiam no comér-
cio com a China. Os ingleses, por exemplo, compravam chá
dos chineses, mas não conseguiam vender para eles nenhum
produto em semelhante proporção. O ópio, mercadoria de
grande aceitação entre os chineses, foi a solução para melhorar a balança
comercial inglesa.
As Guerras do Ópio
Produzido na Índia e na Birmânia, o ópio foi introduzido na China ilegal-
mente por comerciantes ingleses e norte-americanos. A Companhia Britâni-
ca das Índias Orientais passou a ter exclusividade nesse rentável comércio,
mas, como a população ficou viciada, em 1838 as autoridades chinesas
proibiram a venda e o consumo da droga e, no ano seguinte, promoveram
a queima de 20 mil caixas do produto na província de Cantão, ato que foi
considerado uma afronta pelos britânicos. O fato deu início às Guerras do
Ópio (1839-1842 e 1856-1860).
Em 1840, o governo britânico enviou à China uma esquadra formada
por potentes e modernos navios de guerra, que destruíram rapidamente
as embarcações chinesas e bombardearam a cidade de Nanquim. Diante
da ofensiva britânica, a China rendeu-se e assinou, em 1842, o Tratado de
Nanquim, que impunha condições de comércio extremamente desfavoráveis
para os chineses, como a abertura de cinco portos aos produtos britânicos. O
tratado também previa a transferência da ilha de Hong Kong para o controle
britânico, território que passou a funcionar como o principal entreposto
ocidental na região. Em 1856, o governo chinês tentou novamente com-
bater a dominação britânica, mas foi derrotado após quatro anos de luta,
quando Pequim foi saqueada por forças ocidentais.
Ópio: suco espesso extraído da
papoula, planta muito cultivada
na Ásia. Utilizado como matéria-
-prima para a fabricação de vários
medicamentos, o ópio também é
usado na composição de drogas,
como a heroína, que levam facil-
mente à dependência e, em muitos
casos, à morte.
O levante dos boxers
O enfraquecimento do poder imperial chinês e a dominação estrangeira
levaram à criação de várias sociedades secretas, muitas delas com o obje-
tivo de restaurar a soberania do país. A principal foi a Sociedade dos Punhos
Harmoniosos e Justiceiros, criada em 1898 na região de Shandong.
Essa sociedade combatia principalmente as missões religiosas e os chineses
convertidos, e em pouco tempo recebeu a adesão de milhares de indivíduos, a
maior parte camponeses pobres. Em 1900, os boxers, como foram chamados pelos
ocidentais, marcharam sobre Pequim e Tianjin, matando estrangeiros. O governo
imperial apoiou a rebelião, declarando guerra às potências ocidentais. A rebelião
foi contida por tropas britânicas, francesas, norte-americanas, russas e japonesas.
W.
LehMann-SchRaMM
–
coLeção
paRticuLaR
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Da esquerda para a direita, os cães
representam os governos da Itália, da
Alemanha, do Japão, da Rússia, da
França e da Grã-Bretanha. Na frente,
o cão menor é uma representação
do governo da Holanda e o
cachorro de cartola olhando a cena é
o governo dos Estados Unidos, assim
simbolizado porque teve ação indireta
na exploração imperialista.
DOC. 2
Questão
O que a gravura de Yoshitora Utagawa revela sobre
o comportamento japonês diante do estrangeiro em
meados do século XIX? Justifique.
Registre em seu caderno.
Detalhe de gravura japonesa de
Yoshitora Utagawa representando
franceses no Japão (1861). Biblioteca do
Congresso, Washington, Estados Unidos.
O Japão e a Era Meiji
Do século XII até meados do XIX, o poder no Japão
era controlado por poderosas famílias de proprie-
tários rurais. Em um sistema político semelhante ao
feudalismo europeu, o imperador ainda era consi-
derado o soberano; entretanto, era o xogum (chefe
militar) quem de fato comandava o país. Durante o
xogunato, o Japão permaneceu relativamente isolado
do restante do mundo, mantendo algumas relações
comerciais com os holandeses.
Em 1853, os norte-americanos enviaram ao Japão
a Esquadra Negra do comodoro Perry, que forçou a
abertura dos portos japoneses ao comércio com os
Estados Unidos. Desde então, o Japão procurou evitar
a dominação externa fortalecendo o poder imperial.
Assim, a partir de 1868, com o fim do xogunato, o
Japão iniciou a chamada Era Meiji (governo escla-
recido), período marcado por reformas econômicas
e sociais.
Com financiamentos externos, foram construídas
estradasdeferroegrandesindústriassiderúrgicasede
tecelagem, e a imprensa, o serviço postal e o telégrafo
foram implementados. Após a incorporação de novas
tecnologias, a agricultura e a indústria se desenvolve-
ram, transformando o Japão em uma potência.
As reformas na economia foram acompanhadas
de mudanças na sociedade. O sistema feudal foi
abolido, permitiu-se o casamento entre indivíduos
de camadas sociais diferentes e o serviço militar
obrigatório foi instituído. Os antigos proprietá-
rios rurais passaram a investir na industrialização,
transformando-se na camada social dominante do
moderno Estado japonês.
O Japão, contudo, não deixou de manter sua iden-
tidade cultural [doc. 2], na qual a educação era um
fator primordial. Por isso, o ensino primário tornou-se
obrigatório para todos os japoneses. Além disso, mui-
tos jovens foram enviados ao exterior para estudar, e
o número de instituições escolares no país aumentou.
Gravura japonesa
representando uma
fábrica (século XIX).
As reformas da Era
Meiji permitiram a
rápida industrialização
do Japão.
Erich
LEssing/ALbum/LAtinstock
–
coLEção
pArticuLAr
YoshitorA
utAgAwA
–
bibLiotEcA
do
congrEsso,
wAshington
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A gravura de Yoshitora Utagawa representa um casal de
franceses, provavelmente recém-chegados ao Japão. O
artista procura representar a vestimenta ocidental utilizando
os filtros estilísticos da arte de seu país. Dessa forma,
os gestos e os traços físicos remetem à arte japonesa e
demonstram o quanto era difícil, para os habitantes desse
país, assimilar estilos diferentes.
“Mapa cor-de-rosa” (1885),
gravura de J. Palhares. Esse mapa
revela as pretensões de Portugal
sobre o continente africano no
século XIX. Biblioteca Nacional de
Portugal, Lisboa.
Gravura de Denis Dighton representando a derrota dos guerreiros ashantis pelo Exército britânico em julho de 1824. Museu Nacional
de Armas, Londres. A imagem se refere à primeira de uma série de batalhas que culminaram com a dominação britânica do território
da então Costa do Ouro, atual Gana, no final do século XIX.
A corrida pelo domínio
da África
A partir de 1870, intensificou-se a corrida pelo domínio
de vastos territórios da África, e, no início do século XX, a
maior parte do continente estava ocupada pelas potências
europeias. Em 1876, apenas 10% do território africano es-
tava sujeito à dominação colonial; em 1900, essa proporção
alcançava 90,4%.
Em razão de interesses políticos e econômicos, os
territórios africanos eram cobiçados pelas principais na-
ções europeias, que investiam em expedições de estudo e
ocupação. Um exemplo disso foi a iniciativa do rei belga
Leopoldo II, em 1876, de apossar-se da Bacia do Congo,
região dez vezes maior que a Bélgica, mantendo-a como
domínio pessoal.
Para obter o reconhecimento internacional dessa posse,
Leopoldo II financiou expedições e conferências de geógrafos e viajantes,
como a Conferência Internacional de Bruxelas, ocorrida em setembro de
1876. Após essa conferência, o rei belga fundou a Associação Internacional
Africana, tornando-se seu presidente, e o Comitê de Estudos do Alto Con-
go, que contou com a participação de empresários ingleses e holandeses.
Portugal também se dedicou a obter o reconhecimento internacional
de seus domínios na África, como mostra o famoso “Mapa cor-de-rosa”,
publicado em 1885. Nele evidencia-se a pretensão do Império Português
de unir os territórios de Angola e Moçambique.
A França empenhou-se igualmente na obtenção do controle da Tunísia,
do Marrocos e de parte do Congo. O Egito, após um curto período de do-
minação francesa, foi ocupado pela Grã-Bretanha em 1882 e passou a ser
um protetorado britânico. Na África do Sul, os ingleses tiveram de enfrentar
a presença de colonos holandeses, conhecidos como bôeres, que estavam
na região desde a segunda metade do século XVII. O principal objetivo da
Grã-Bretanha era criar um império contínuo na África, unindo a cidade do
Cabo, na África do Sul, ao Cairo, no Egito.
J.
PALHARES
–
BIBLIOTECA
NACIONAL
DE
PORTUGAL,
LISBOA
DENIS
DIGHTON
-
MUSEU
NACIONAL
DE
ARMAS,
LONDRES
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DOC. 3
Questão
De acordo com o mapa, qual nação euro-
peia possuía o maior número de territó-
rios no continente africano e qual delas
tinha o menor número de possessões?
Registre em seu caderno.
20° L
EQUADOR
Portugal
Grã-Bretanha
França
Espanha
Itália
Bélgica
Alemanha
Territórios
independentes
Domínios europeus
MARROCOS
TUNÍSIA
SAARA
ESPANHOL
ARGÉLIA
LÍBIA
EGITO
TOGO
ETIÓPIA
GÂMBIA ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA
SUDÃO
ANGLO-EGÍPCIO
ERITREIA
SOMÁLIA FRANCESA
SOMÁLIA
BRITÂNICA
SOMÁLIA
ITALIANA
GUINÉ
PORTUGUESA
SERRA
LEOA
LIBÉRIA COSTA
DO OURO
NIGÉRIA
CAMARÕES
ÁFRICA
EQUATORIAL
FRANCESA
GUINÉ ESPANHOLA
ÁFRICA
EQUATORIAL
FRANCESA
CONGO
BELGA
ÁFRICA
ORIENTAL
BRITÂNICA
UGANDA
ÁFRICA
ORIENTAL
ALEMÃ
ANGOLA
NIASSALÂNDIA
ZANZIBAR
BECHUANALÂNDIA
ÁFRICA
DO SUDOESTE
ALEMÃ
(NAMÍBIA)
RODÉSIA
DO NORTE
RODÉSIA
DO SUL
UNIÃO
SUL-AFRICANA
SUAZILÂNDIA
MADAGASCAR
MOÇAMBIQUE
BASUTOLÂNDIA
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
MAR
MEDITERRÂNEO
0°
A pArtilhA dA ÁfricA
A Conferência de Berlim
Com o objetivo de solucionar os conflitos im-
perialistas e organizar a dominação da África pelas
grandes potências, realizou-se, entre novembro de
1884 e fevereiro de 1885, a Conferência de Berlim,
da qual participaram França, Bélgica, Grã-Bretanha,
Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Rússia, Estados
Unidos, Dinamarca, Suécia, Noruega, Países Baixos,
Áustria-Hungria e Turquia. Representantes desses
países celebraram um acordo que ficou conheci-
do como Partilha da África [doc. 3], no qual organi-
zaram a corrida para conquistar os poucos territórios
ainda livres do continente africano.
O princípio geral acordado em Berlim reconhecia
a área de influência das potências estrangeiras em
território africano e legitimava as conquistas que
poderiam ser feitas na zona que cabia a cada uma
delas. Isso significava que, por exemplo, uma vez
estabelecida na costa norte do Atlântico, a potência
poderia, a partir daí, avançar em direção ao interior.
O resultado foi a ampliação, na África, dos impérios
coloniais da Grã-Bretanha, da França e de Portugal
e a definição de uma fatia da partilha colonial para
a Alemanha, a Itália e a Bélgica.
Nesse processo de divisão dos territórios entre
as nações europeias, não foram levadas em consi-
deração as formas de organização tradicionais dos
africanos nem suas especificidades linguísticas e
culturais. Muitas vezes, a partilha agrupou etnias his-
toricamente rivais e separou outras com elementos
de identidade cultural comuns.
Os movimentos africanos de resistência à domi-
nação europeia não puderam, pelo menos em curto
prazo, conter o avanço imperialista. No saldo da
partilha, apenas a Libéria e a Etiópia ficaram livres
do domínio europeu.
“Apesar da vitória dos europeus no processo
de conquista e ocupação dos territórios do con-
tinente africano, os movimentos de resistência
africanos têm tido, nos últimos anos, destaque
como objeto de estudo. Essas pesquisas tendem
a revelar a importância das diferentes formas
de resistência africana, desde o protesto social
cotidiano até a articulação de movimentos de
grande alcance.”
ISAACMAN, A.; VANSINA, J. Iniciativas e resistência africanas
na África Central, 1880-1914. In: BOAHEN, A. Adu. (Coord.).
História geral da África: a África sob dominação colonial,
1880-1935. São Paulo: Ática/Unesco, 1985. p. 195. v. 7.
Fonte: PARKER, Geoffrey. Atlas
Verbo de história universal. Lisboa:
Verbo, 1997. p. 112-113.
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23
A resposta deste doc. está no Suplemento para
o professor.
Controvérsias Os motivos do imperialismo
l Questões
1. Identifique o posicionamento apre-
sentado em cada texto a respeito das
motivações do imperialismo.
2. Quais são os argumentos apresenta-
dos nos textos para justificar as teses
apresentadas?
3. Na sua opinião, qual é a importância da
discussão sobre as práticas imperialistas
do passado?
Registre em seu caderno.
O conceito de imperialismo é alvo de muitas discus-
sões entre os historiadores. Os que adotam a interpre-
tação tradicional veem como causas do imperialismo as
transformações econômicas do capitalismo, que teriam
levado à formação de monopólios e à concorrência entre
potências pelos mercados coloniais. Defensores de outras
interpretações consideram os aspectos políticos, culturais
e institucionais para demonstrar que a economia não
teria sido a principal nem a mais importante motivação
da corrida imperialista. Os dois textos a seguir ilustram
essas posições.
Texto 1
“O conjunto de práticas que constitui o im-
perialismo começou a ganhar coerência a partir
do fim do século XIX na Europa ocidental, com
a concorrência entre as economias capitalistas
[...]. Foi o momento do surgimento do capitalismo
monopolista, em que a livre concorrência entre
diferentes empresas gerou concentração da pro-
dução nas mãos das mais bem-sucedidas, levando
à formação de monopólio. [...] O imperialismo
promoveu disputas por fontes de matérias-primas
entre trustes e cartéis que, já tendo dominado o
mercado interno em seus países de origem, pre-
cisavam se expandir para além de suas fronteiras,
defrontando-se com cartéis e trustes de países
concorrentes. Nesse momento, a classe deten-
tora da produção capitalista passou a rejeitar as
fronteiras nacionais como barreira à expansão
econômica, transformando o crescimento eco-
nômico em expansão territorial.”
SILVA, Kalina V.; SILVA, Maciel H. Dicionário de
conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2013.
p. 218-219.
Texto 2
“Não há provas válidas de que a conquista colonial
como tal tenha tido muita relação com o nível de
emprego ou com os rendimentos reais da maioria dos
operários dos países metropolitanos, e a ideia de que a
emigração para as colônias propiciaria uma válvula de
escape aos países superpovoados foi pouco mais que
uma fantasia demagógica. [...] Muito mais relevante era
a conhecida prática de oferecer aos eleitores a glória,
muito mais que reformas onerosas: e o que há de mais
glorioso que conquistas de territórios exóticos e raças
de pele escura, sobretudo quando normalmente era
barato dominá-las? De forma mais geral, o imperialismo
encorajou as massas, e sobretudo as potencialmente
descontentes, a se identificarem ao Estado e à nação
imperiais, outorgando assim, inconscientemente, ao
sistema político e social representado por esse Estado,
justificação e legitimidade.”
HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 105.
Membros da primeira missão
do explorador francês
Savorgan de Brazza, no
Congo. Foto de 1900.
coLLection
RogeR-vioLLet/aFp
24
Arte, ciência e ideologia
na Belle Époque
1.4
O Cinematógrafo Lumière (1896),
cartaz publicitário de Brispot.
Museu Carnavalet, Paris, França.
A era do progresso e do otimismo
Em tempos de aceleração das mudanças tecnológicas, muitas pessoas
acabam alimentando a crença (ilusória) de que a tecnologia solucionará
todos os problemas da humanidade e a conduzirá a um mundo de paz e
prosperidade.
Um desses períodos foi o da virada do século XIX para o século XX: a cha-
mada Belle Époque (do francês, “Bela Época”), vivenciada tanto na Europa
quanto fora dela, como no Brasil. No mundo que se constituía, as cidades
cresciam de maneira incessante, fornecendo condições para a formação das
chamadas massas urbanas, principalmente na Europa de finais do século XIX.
A difusão das mudanças promovidas na Belle Époque foi facilitada
pelo grande desenvolvimento dos meios de comunicação. A ampliação
das publicações literárias, dos jornais e do público leitor, a diminuição do
tempo de deslocamento entre as cidades em virtude da expansão da rede
ferroviária e os avanços técnicos colaboraram para o clima de entusiasmo e
de otimismo quanto à capacidade humana para criar e superar obstáculos.
As exposições universais
As exposições universais eram a vitrine da Belle Époque. Nelas, celebra-
vam-se a cultura e o progresso tecnológico, considerados as principais con-
quistas do “homem civilizado”. Invenções, engenhocas e artefatos de diversas
partes do mundo eram exibidos em pavilhões para milhares de espectadores.
Na exposição de 1889, comemorando o centenário da Revolução Francesa,
foi inaugurada a Torre Eiffel. Na exposição de 1900 construiu-se um palácio
monumental iluminado por 12 mil lâmpadas, onde foram expostos inventos
de todos os tipos. Numa tela gigante, eram exibidos filmes de Louis Lumière,
mostrando a grande novidade do momento: o cinematógrafo.
Construção de uma fonte próximo à
Torre Eiffel na montagem da Exposição
Universal de 1889, em Paris, França. A
Torre Eiffel foi edificada como arco de
entrada do evento. Por causa de seu
sucesso, a estrutura foi mantida e hoje
é o principal cartão-postal de Paris.
h.
bRiSpot
–
MuSeu
caRnavaLet,
paRiS
bRidgeMan
iMageS/keYStone
bRaSiL
–
coLeção
paRticuLaR
25
As exposições universais eram
grandes feiras que reuniam diversos
expositores dos setores industrial,
agrícola, educacional, artístico e de
insumos. As nações participantes
buscavam propagandear o seu
desenvolvimento tecnológico e
promover o comércio. A primeira foi
realizada em Londres, em 1851. No
século XX, as exposições universais
assumiram um caráter mais cultural
do que comercial e ainda hoje
continuam a ocorrer. A Itália sediou o
evento em 2015.
A revolução das vanguardas artísticas
Até o século XIX, o espaço da arte estava reservado a instituições espe-
cializadas, como museus, salas de concerto, galerias e academias. O público
era formado por uma pequena elite econômica e letrada que dispunha de
tempo para as atividades culturais. O gosto burguês tornou-se hegemôni-
co e apenas as obras consideradas de acordo com os conceitos estéticos
burgueses eram valorizadas. Assim, artistas inovadores como Vincent van
Gogh (1853-1890), Paul Gauguin (1848-1903) e Paul Cézanne (1839-
-1906), hoje universalmente reconhecidos, foram rejeitados em sua época
por não se enquadrarem nas convenções da arte burguesa e, muitas vezes,
por contradizerem os valores morais da época.
No início do século XX, alguns pintores, escultores, músicos, arqui-
tetos e dramaturgos começaram a questionar as técnicas e os modelos
de produção vigentes nas academias de arte. Chamada de vanguarda,
essa geração de artistas acreditava que a função da arte moderna era
expressar novas experiências em um mundo cada vez mais moldado
pela tecnologia.
A velocidade dos carros e de outros meios de transporte, a fragmentação
do espaço, a aglomeração da multidão, o som repetitivo das ferramentas
e das máquinas da construção civil e das fábricas, todas essas situações
presentes nas grandes cidades alteraram a percepção humana e passaram
a ser cotidianas, inspirando os artistas.
Vanguarda: de origem militar, o
termo designa o batalhão que vai
à frente dos demais (o primeiro a
chegar e, geralmente, o primeiro
a ser abatido). Indica pioneirismo.
Um pintor considerado maldito
Quando vivo, o artista holandês Vincent van Gogh conseguiu vender apenas um qua-
dro. As tintas, telas e demais materiais que ele utilizava para pintar eram financiados por
seu irmão, Theo. Precursor da arte moderna, Van Gogh teve uma vida conturbada, mar-
cada por crises de depressão, por tratamentos psiquiátricos, pela mutilação de uma das
orelhas e pelo suicídio aos 37 anos. Atualmente suas telas são vendidas por milhões de
dólares nos leilões de arte.
Oliveiras (1889),
pintura de Vincent
van Gogh. Instituto de
Arte de Mineápolis,
Estados Unidos.
Dialogando com a ARTE
VINCENT
VAN
GOGH
–
INSTITUTO
DE
ARTE
DE
MINEÁPOLIS
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Reprodução
proibida.
Art.
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do
Código
Penal
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Lei
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Os vanguardistas das artes viam-se
como o batalhão de frente nas lutas
contra o conformismo, a tradição e o
culto ao passado.
Pesquisas recentes
puseram em dúvida a tese
de que Vincent van Gogh
teria cometido suicídio.
Para Seven Naifeh e
Gregory White, autores do
livro Van Gogh: a vida, o
artista teria sido atingido
por disparos acidentais.
NAIFEH, Seven; WHITE,
Gregory. Van Gogh: a vida.
São Paulo: Companhia das
Letras, 2012.
Dialogando com a ARTE
Diálogos com a arte africana
Durante muito tempo, a produção artística africana foi excluída da his-
tória da arte, pois, de acordo com o pensamento racista predominante na
Europa do século XIX e início do XX, a arte africana era primitiva, produzida
por povos “bárbaros” e “inferiores”.
Nas primeiras décadas do século XX, contudo, a pintura realista passou
por uma crise na Europa. Muitos artistas desejavam transformar e romper
com a arte acadêmica. Dessa maneira, o contato com artefatos africanos,
levados pelos viajantes e exploradores que haviam visitado a África, possi-
bilitou aos artistas europeus um novo olhar sobre a arte.
Alguns artistas, como o poeta Guillaume Apollinaire e os pintores Henri
Matisse e Pablo Picasso, encantados com essas peças, reconheceram as
obras africanas como objeto de admiração e fonte de inspiração [doc. 4].
“Durante a revolução na arte [...], a admiração pela escultura negra
foi, na verdade, um dos fatores que reuniram artistas mais jovens das
mais diversas tendências. Tais objetos podiam ser adquiridos em lojas de
antiguidades por muito pouco dinheiro, e, assim, algumas máscaras tribais
vindas da África substituíram as reproduções do Apolo de Belvedere que
tinham adornado os estúdios dos artistas acadêmicos.”
GOMBRICH, Ernst. A história da arte. Rio de Janeiro:
LTC, 1999. p. 562-563.
Em geral, as peças de arte africana eram compradas ou trocadas por
pesquisadores, geógrafos e etnógrafos, roubadas ou pilhadas por agentes
coloniais ou produzidas por africanos com o objetivo de comercializá-las
com os europeus. Levadas para a Europa, as peças passavam a compor os
acervos de museus ou eram vendidas em antiquários.
DOC. 4
Questão
Relacione o imperialismo europeu na África com obras produzidas pela vanguarda artística europeia.
Registre em seu caderno.
1. Retrato de Madame Yvonne Landsberg (1914), Henri Matisse. Observe
que os traços do rosto da personagem se assemelham aos de máscaras
africanas e o restante do corpo foi desenhado acompanhando esses traços.
2. Máscara Gueledé (c. século XIX), cultura iorubá, Nigéria. 3. Busto de uma
mulher (1907), um estudo de Pablo Picasso.
1 3
2
©
SUCCESSION
H.
MATISSE/AUTVIS,
BRASIL,
2016
–
MUSEU
DE
ARTE
DA
FILADÉLFIA
WERNER
FORMAN
ARCHIVE/GLOW
IMAGES
–
GALERIA
ENTWISTLE,
LONDRES
©
SUCCESSION
PABLO
PICASSO/AUTVIS,
BRASIL,
2016
–
MUSEU
PICASSO,
PARIS
27
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Penal
e
Lei
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de
19
de
fevereiro
de
1998.
As peças africanas eram levadas para
a Europa para compor os acervos
de museus, como o do Museu
Etnográfico de Berlim, na Alemanha.
Esse museu abriga um dos maiores
e mais importantes acervos de arte
africana do mundo, com 75 mil
peças, entre máscaras, esculturas
figurativas, joias de marfim e ouro,
apoios para a nuca e pentes.
A resposta deste doc. está no Suplemento para o professor.
Indivíduos da etnia Pauxiana, Manaus
(AM). Foto de 1895. O grupo indígena
Pauxiana, do ramo linguístico caribe,
foi extinto no início do século XX. A
antropologia cultural reconheceu a
importância, a diversidade e a riqueza
dos povos indígenas e de outras
sociedades tradicionais.
A antropologia entre o racismo e
a ciência
O processo de conquista e dominação da África e da Ásia pelas potên-
cias europeias foi sustentado por explicações ideológicas que ocultavam
os interesses econômicos imediatos. Assim, muitos cientistas do século XIX
aproveitaram a teoria da evolução das espécies, criada por Charles Darwin,
para formular o chamado darwinismo social.
Seguindo o mesmo princípio elaborado por Darwin para explicar a
evolução das espécies na natureza, os darwinistas sociais defendiam
a ideia de que as sociedades se modificavam e evoluíam ao longo do
tempo. Segundo essa visão, cada povo se encontrava num estágio de evo-
lução, que podia ir do “selvagem bárbaro”, o mais baixo, até o “civilizado”,
o mais elevado. Também distorcendo a teoria de Darwin, inventou-se o
conceito de raça como categoria biológica e difundiu-se a ideologia da
superioridade racial e da existência de diferenças psicológicas, morais e
intelectuais entre as raças.
O racismo foi utilizado para justificar a expansão imperialista eu-
ropeia, pois propagava a ideia da superioridade da “raça branca” em
relação aos outros povos. Além disso, partindo do princípio de que as
sociedades tradicionais da África, da Ásia e da América viviam num es-
tágio primitivo da história humana, os evolucionistas sociais defendiam
a suposta missão dos europeus de levar a “civilização” aos “bárbaros”
e “selvagens”.
O racismo de aparência científica foi desmoralizado e refutado pelos
estudos de antropologia cultural, desenvolvidos no final do século XIX. Os
trabalhos de Franz Boas (1858-1942) e Marcel Mauss (1872-1950), entre
outros, mostraram que todos os seres humanos interagem com o mundo da
mesma maneira, por meio de complexos sistemas simbólicos, não haven-
do apenas uma forma correta, ou “civilizada”, de viver. As conclusões da
antropologia cultural foram, posteriormente, confirmadas pelos estudos
da genética humana: os seres humanos não podem ser divididos em raças,
pois todas as pessoas, não importando de que etnia ou cultura provenham,
partilham o mesmo genoma e, portanto, apresentam as mesmas capaci-
dades e potencialidades.
Grafia dos nomes dos
povos indígenas
Nos livros desta coleção,
os nomes dos povos indíge-
nas do Brasil foram escritos
de acordo com a Convenção
para a grafia dos nomes tri-
bais, aprovada na 1a
Reunião
Brasileira de Antropologia,
em 1953:
• com inicial maiúscula,
quando usados como
substantivos, sendo op-
cional quando usados
como adjetivos;
• sem flexão de número
ou gênero.
Legado
cientÍFico
de
theodoR
koch-gRÜnbeRg/coLeção
etnogRÁFica
da
univeRSidade
phiLippS
de
MaRbuRg,
aLeManha
Dialogando com a SOCIOLOGIA
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fevereiro
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1998.
ATIVIDADE
S
Registre em seu caderno.
Revendo o capítulo
1 Sobre a Segunda Revolução Industrial, responda:
a) Quais foram as novas fontes de energia utilizadas?
Que impactos socioeconômicos o uso delas causou?
b) Identifique algumas das tecnologias que, com o
tempo, difundiram-se pelos continentes, interli-
gando a economia das áreas mais pobres à econo-
mia dos países capitalistas centrais. Quais foram
as consequências desse processo?
2 Em relação ao imperialismo, classifique as sentenças
como verdadeiras ou falsas.
a) A África e a Ásia foram submetidas a um tipo
específico de colonização cuja característica foi
a dominação militar, política e econômica.
b) A dominação britânica na Índia provocou a desarti-
culação econômica das comunidades tradicionais.
Os indianos foram convertidos em fornecedores de
matérias-primas e importadores de tecidos ingleses.
c) O Tratado de Nanquim, celebrado entre a China e o
governo britânico em 1842, pôs fim às Guerras do
Ópio e equalizou o comércio entre ambos os países.
d) A Conferência de Berlim afirmou a partilha do con-
tinente africano entre as nações europeias, man-
tendo separadas etnias historicamente rivais e
agrupando as que mantinham tradições comuns.
e) O imperialismo resultou da combinação de interes-
ses das empresas de capital privado e das nações
europeias, que viam nesse processo uma oportu-
nidade para controlar e expandir sua economia.
Aplicando
3 O médico Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) foi
um dos representantes do darwinismo social no Brasil.
Leia a seguir o trecho de um texto escrito por ele e
responda às questões.
“Os extraordinários progressos da civilização europeia
entregaram aos brancos o domínio do mundo, as suas
maravilhosas aplicações industriais suprimiram a distância
e o tempo. Impossível conceder, pois, aos negros, como
em geral aos povos fracos e retardatários, lazeres e de-
longas para uma aquisição muito lenta e remota da sua
emancipação social. [...] A geral desaparição do índio
em toda a América, a lenta e gradual sujeição dos povos
negros à administração inteligente e exploradora dos povos
brancos, tem sido a resposta prática a essas divagações
[...]. O que importa ao Brasil determinar é o quanto de
inferioridade lhe advém da dificuldade de civilizar-se por
parte da população negra que possui e se de todo fica
essa inferioridade compensada pelo mestiçamento [...].”
RODRIGUES, Raimundo Nina. Os africanos no Brasil.
Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais,
2010. p. 290-291. Disponível em <http://books.scielo.
org/id/mmtct/10>. Acesso em 4 abr. 2016.
a) Quais são as ideias defendidas por Nina Rodrigues?
De que forma elas se relacionam ao darwinismo
social?
b) Por que o racismo ainda persiste? Quais são os
efeitos dessa prática e como podemos superá-la?
4 Observe a charge e responda às questões.
Albert
robidA
–
Coleção
pArtiCulAr
A linha de bonde no Louvre (1883), charge
de Albert Robida.
a) Que elementos da Belle Époque estão presentes na
charge?
b) Qual é a crítica expressa pela charge?
c) Você concorda com o ponto de vista do chargista?
Justifique.
Debatendo/Pesquisando
5 Desde a primeira projeção do cinematógrafo, no final do
século XIX, até as exibições contemporâneas, o cinema
tornou-se um importante veículo de comunicação de
massa. Theodor Adorno e Max Horkheimer, em 1947,
teceram críticas à evolução desse modelo de entrete-
nimento. Leia o texto a seguir e responda às questões.
“Os desocupados das metrópoles encontram amenida-
de no verão e calor no inverno nas salas de temperatura
regulada. Por outro lado, mesmo ao nível do existente,
o sistema inflado pela indústria dos divertimentos não
torna, de fato, mais humana a vida para os homens. A
ideia [...] de utilizar plenamente as capacidades [técni-
cas] existentes para o consumo estético de massa, faz
parte do sistema econômico que se recusa a utilizar
suas capacidades quando se trata de eliminar a fome.”
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Indústria cultural: o
iluminismo como mistificação de massas. In: ADORNO, Theodor.
Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p. 21.
a) Qual é a crítica feita no texto à indústria do cinema?
b) Você concorda com a ideia de que o cinema pode dis-
tanciar o espectador da realidade? De que forma isso
aconteceria? Debata essas questões com os colegas.
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29
OBJETIVOS
• Compreender o contexto
político europeu que le-
vou à eclosão da Primei-
ra Guerra Mundial.
• Contextualizar a relação
entre o desenvolvimento
tecnológico e a guerra.
• Explicar as principais mu-
dançasqueaPrimeiraGuer-
ra Mundial promoveu no
cenário europeu.
• Refletir sobre o significado
da guerra e sobre as suas
consequências.
PALAVRAS-CHAVE
• Nacionalismo
• Corrida armamentista
• Pan-eslavismo
• Guerra de trincheiras
• Tratado de Versalhes
A Primeira Guerra Mundial
CAPÍTUL
O
2
O horror da guerra
No final do século XV, o pensador Nicolau Maquiavel disse que os
líderes decidem quando uma guerra começa, mas não podem decidir
quando acaba. Os dirigentes que iniciaram, em 1914, o conflito que
viria a ser conhecido como a Primeira Guerra Mundial, ou a “Grande
Guerra”, acreditavam que seria um conflito curto. Contudo, durou
quatro anos, ceifou aproximadamente 17 milhões de vidas e quase
arruinou a economia da maioria dos países envolvidos.
A Primeira Guerra Mundial é o exemplo mais antigo do que se
pode chamar de “guerra total”, em que todos os recursos econômicos,
industriais e humanos dos países envolvidos são mobilizados com
um único objetivo: vencer o inimigo. Calcula-se que, dos aproxima-
damente 65 milhões de homens que participaram da guerra, cerca
de 10 milhões foram mortos nos campos de batalha e 21,2 milhões
ficaram feridos. Entre os civis, 6,6 milhões morreram atingidos por
bombardeios, pela fome ou por doenças.
Experiência sem precedentes na história humana, a Primeira Guerra
Mundial traumatizou toda uma geração de indivíduos. Foi paradoxal
o fato de esse conflito ter ocorrido num período de grande inovação
científica e tecnológica, principalmente na Europa, o palco da guerra.
Vista dos túmulos de soldados que combateram na Batalha de
Verdun. Memorial do Forte Douaumont, Verdun, França, 2014. Essa
batalha, ocorrida entre fevereiro e dezembro de 1916, foi a mais
longa e sangrenta da Primeira Guerra Mundial, tendo resultado em
cerca de 1 milhão de mortos e meio milhão de feridos.
uWe
Zucchi/dpA
picture
ALLiAnce/AFp
30
A marcha para a guerra
2.1
Os antecedentes da guerra
No início do século XX, a Europa vivia um período de otimismo e ino-
vações, conhecido como Belle Époque. O rápido avanço tecnológico, o
crescimento dos centros urbanos e os lucros do imperialismo garantiram
décadas de paz e prosperidade a países como Grã-Bretanha, França e
Alemanha. Esse clima de euforia, no entanto, encerrou-se com a eclosão
de um conflito regional na Península Balcânica que acabou envolvendo as
potências imperialistas europeias e causando milhões de mortes.
Uma série de fatores explica a complexidade e a emergência da Primei-
ra Guerra Mundial, como a crescente concorrência política e econômica
entre as potências europeias, o acirramento de sentimentos nacionalistas
e, por fim, a composição de alianças militares por meio da assinatura de
tratados diplomáticos.
Imperialismo e nacionalismo
No século XIX, Grã-Bretanha e Alemanha alimentaram uma intensa ri-
validade nos campos político e econômico. A Grã-Bretanha era a principal
potência industrial e comercial da época e contava com extensas colônias
na África e na Ásia. Essa supremacia econômica, porém, começou a perder
espaço para a indústria alemã.
A Alemanha, mesmo tendo ficado para trás na corrida imperialista, prin-
cipalmente por ter se consolidado como Estado nacional tardiamente, havia
se desenvolvido muito rápido e, em 1900, já superava em alguns setores
a poderosa indústria britânica. Essa situação gerou uma grande rivalidade
entre os dois países.
A França, por sua vez, havia tempos esperava por uma guerra contra a
Alemanha. A derrota humilhante na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871)
ainda estava na memória dos franceses, que esperavam reaver os territó-
rios da Alsácia e da Lorena, ricos em minérios. Dessa maneira, a disputa
comercial e os interesses imperialistas estavam entre os principais fatores
para a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo que as potências europeias disputavam territórios
coloniais, um forte nacionalismo crescia entre a população desses países.
Os governos e a imprensa mobilizavam a população por meio de apelos
patrióticos, difundindo a crença na superioridade de seu povo e da nação
sobre seus rivais.
“[...] Pode-se falar de uma verdadeira religião da pátria, inculcada pela
escola laica (por volta de 1880, as crianças aprendiam a manejar armas,
usando espingardas de madeira, desde a escola primária), e ensinada
também nas instituições religiosas. O nacionalismo é um ‘valor’ partilhado
tanto pela direita quanto pela esquerda [...].”
VINCENT, Gérard. Guerras ditas, guerras silenciadas e o enigma identitário.
In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard (Orgs.). História da vida privada: da Primeira
Guerra aos nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 208. v. 5.
Representação de enlace amoroso
entre uma mulher alsaciana e um
soldado francês em cartão-postal
de 1907. A tradução do texto em
francês é: “Troquemos um beijo em
frente a esta fronteira. Seja valente,
bravo e forte: em você, a Alsácia
deposita suas esperanças!”. O texto
e a imagem transmitem a ideia da
Alsácia, perdida para os alemães
após a Guerra Franco-Prussiana,
como um território que deveria ser
retomado pela França.
imAgem
cedidA
peLo
proF.
dr.
mArco
A.
stAncik
31
A formação de alianças e a
corrida armamentista
O longo período de paz da Belle Époque foi repleto de alianças milita-
res. Em 1882, a Alemanha, consciente de sua rivalidade com a França e a
Grã-Bretanha, estabeleceu um acordo com a Áustria-Hungria e a Itália, for-
mando a Tríplice Aliança. França e Grã-Bretanha, apesar de rivais históricas,
juntaram-se à Rússia e formaram, entre 1893 e 1897, a Tríplice Entente
(conhecida como aliados), com o objetivo de deter o avanço alemão.
A disputa entre as nações europeias também se manifestou na forma de
uma corrida armamentista. O processo de desenvolvimento da indústria
de guerra caracterizou-se pelo crescente investimento do Estado na pro-
dução de armamentos cada vez mais eficientes e destrutivos.
Nos anos que antecederam a deflagração do conflito, as grandes po-
tências preparavam-se para a guerra aperfeiçoando os transportes e as
comunicações, e ampliando a produção bélica e o recrutamento militar. Por
causa do aumento extraordinário dos armamentos e do clima de tensão que
se criou na Europa, esse período foi chamado de paz armada.
O pan-eslavismo e a crise nos Bálcãs
A região dos Bálcãs, na Europa Central, era uma zona de instabilidade e
de conflitos desde que o poder do Império Otomano começou a declinar,
em 1870. Com o esfacelamento do império, os grupos étnicos que viviam
na região (sérvios, búlgaros e romenos, principalmente) começaram a se
organizar para formar novos Estados. A Sérvia, com população de origem
eslava, tornou-se independente do Império Otomano em 1878 e logo in-
vestiu em uma campanha nacionalista pela construção da Grande Sérvia,
reunindo croatas, bósnios e eslovenos.
O nacionalismo sérvio apoiava-se no pan-eslavismo promovido pela
Rússia, que pregava a união da grande “família eslava” da Europa Oriental.
Os objetivos expansionistas da Sérvia chocavam-se, no
entanto, com as ambições territoriais do Império Aus-
tro-Húngaro, que desde 1908 havia anexado a Bós-
nia e a Herzegovina. Constituído por diferentes
minorias étnicas, o Império Austro-Húngaro via
com preocupação o crescente nacionalis-
mo sérvio nos Bálcãs, que significava uma
ameaça concreta a sua unidade territorial.
Disputa pelo domínio
dos mares
Em 1914, a Grã-Bretanha
liderava a corrida naval e
mantinha seu tradicional
predomínio sobre os ma-
res. A Alemanha, além de
possuir o Exército mais po-
deroso do mundo, passou
a investir na construção de
uma Marinha que pudesse
rivalizar com a britânica.
O PODER NAVAL
ALEMÃO E INGLÊS
EM 1914
Nação Tripulação
Maiores
navios
Grã-
-Bretanha
209.000 29
Alemanha 79.000 17
Fonte: FERGUSON, Niall.
O horror da guerra: uma
provocativa análise da
Primeira Guerra Mundial. São
Paulo: Planeta, 1999. p. 85.
Manifestação em Belgrado, na
Sérvia, organizada pelo Partido
Radical Sérvio em defesa de Ratko
Mladic, ex-general sérvio acusado
de comandar o massacre de cerca
de 8 mil muçulmanos durante a
Guerra da Bósnia (1992-1995).
Foto de 2011. O ultranacionalismo
sérvio continua sendo
motivo de grandes
conflitos étnicos na
região dos Bálcãs.
srdJAn
stevAnovic/
getty
imAges
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184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
19
de
fevereiro
de
1998.
Estava claro para os governos dos países europeus que haveria uma guerra, e, por isso, todos procuraram precaver-se por meio dos
acordos militares citados neste texto.
Se possível, discuta com os alunos a
produção, a aquisição, a acumulação
e o uso de equipamentos militares em
nossos dias, assim como a importância
desse comércio para a política
internacional. Lembre os alunos de que
os principais clientes da indústria bélica
são os governos.
Eclode o conflito mundial
2.2
O estopim da guerra
O evento que desencadeou a Primeira Guerra Mundial foi um atentado na
cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, em 28 de junho de 1914. Nesse dia, o
arquiduque Francisco Ferdinando – herdeiro do Império Austro-Húngaro – e
sua esposa foram mortos a tiros por um integrante de um grupo nacionalista
sérvio. O objetivo do ataque era deflagrar uma revolução contra o Império
Austro-Húngaro, mas acabou gerando consequências mais graves.
O assassinato aumentou a tensão entre a Áustria-Hungria e a Sérvia, que
entraram em guerra no mês seguinte. A partir de então, as declarações de
guerra se seguiram. A Rússia, aliada da Sérvia, começou a movimentar sua
máquina de guerra. Em resposta aos russos, a Alemanha declarou guerra à
Sérvia, à Rússia e à França.
Os alemães deslocaram o eixo do conflito para a Frente Ocidental, invadin-
do a Bélgica, país neutro, com o objetivo de chegar à França. Com o avanço
alemão, a Grã-Bretanha entrou no conflito. Só a Itália permaneceu neutra,
aguardando o resultado dos acontecimentos para se posicionar: seu maior
interesse era conquistar territórios ao norte e colônias na África. Em 1915,
porém,aItália,quetinhaumacordocomaAlemanha,mudoudeladoealiou-se
aos britânicos e franceses na Tríplice Entente, em troca de ganhos territoriais.
O apoio da população civil
Um dos aspectos mais surpreendentes da Primeira Guerra foi o envolvi-
mento patriótico da população civil, que se engajou ativamente no conflito,
acreditando que a guerra possibilitaria a conquista da glória e uma expe-
riência de vida intensa: apoiá-la era uma questão de lealdade à pátria. O
sentimento de patriotismo e o orgulho de defender a nação eram criações
da ideologia nacionalista, sem a qual teria sido impossível o engajamento
voluntário da população.
Desde 1871, a Alemanha, por exemplo, conseguira mobilizar cerca de
1 milhão de homens, todos treinados em tempos de paz. Já o comando
militar britânico apelava para o alistamento voluntário – mais de 1 milhão
de pessoas se alistaram em 1914. Esse número de voluntários, entretanto,
oscilava constantemente. Em razão disso, em 1916, foi implantado no país
o serviço militar obrigatório para todos os homens entre 18 e 41 anos.
Frente Ocidental: local de bata-
lhas entre os exércitos inimigos.
Compreendia, de maneira geral,
as regiões da Bélgica e de Luxem-
burgo e o norte da França.
Soldados alemães partindo de Berlim
para a frente de batalha, 1914.
No início do conflito, era comum
ver cenas como a da foto, em que
pessoas proferiam mensagens de
incentivo à guerra e apoiavam os
homens que se alistavam.
Capa da revista London Opinion,
de 1914, com os dizeres: “Seu
país precisa de você”. Biblioteca
do Congresso, Washington,
Estados Unidos. Essa imagem de
capa tornou-se a mais famosa
da campanha britânica de
convocação para o Exército.
reprodução
–
bibLiotecA
do
congresso,
WAshington
bridgemAn
imAges/keystone
brAsiL
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História e sociedade no século XX
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  • 1. Conexões com a História Alexandre Alves Letícia Fagundes de Oliveira Ensino Médio Componente curricular: história 3 manual do professor
  • 2.
  • 3. Alexandre Alves Mestre e doutor em Ciências (área: História Econômica) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Professor de História no Ensino Superior. Letícia Fagundes de Oliveira Mestre em Ciências (área: História Social) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Professora de História no Ensino Superior. Componente curricular: história Conexões com a História 3 Ensino Médio 3a edição São Paulo, 2016 MANUAL DO PROFESSOR
  • 4. 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 – Belenzinho São Paulo – SP – Brasil – CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2016 Impresso no Brasil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP , Brasil) Alves, Alexandre Conexões com a história / Alexandre Alves, Letícia Fagundes de Oliveira. — 3. ed. — São Paulo: Moderna, 2016. Obra em 3 v. “Componente curricular: História” Bibliografia. 1. História (Ensino médio) I. Oliveira, Letícia Fagundes de. II. Título. 16-00529 CDD-907 Índices para catálogo sistemático: 1. História : Ensino médio 907 Coordenação editorial: Ana Claudia Fernandes Edição de texto: Maurício Madi, Cynthia Liz Yosimoto, Bruno Cardoso Silva, Audrey Ribas Camargo, Maria Clara Antonelli, Thais Regina Videira Preparação de originais: Denise Ceron, Mônica Reis Assistência editorial: Rosa Chadu Dalbem Gerência de design e produção gráfica: Sandra Botelho de Carvalho Homma Coordenação de produção: Everson de Paula Suporte administrativo editorial: Maria de Lourdes Rodrigues (Coord.) Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite Projeto gráfico: Marta Cerqueira Leite, Otávio dos Santos, Rafael Mazzari Capa: Mariza de Souza Porto Foto: Veículo leve sobre trilhos em Le Mans, França, 2015. © McPhoto/Blickwinkel/Keystone Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Ana Carlota Rigon Editoração eletrônica: Ana Carlota Rigon Edição de infografia: Luiz Iria, Priscilla Boffo, Otávio Cohen Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero Revisão: Ana Cortazzo, Bárbara Arruda, Cárita Negromonte, Denise de Almeida, Luicy Oliveira, Maristela S. Carrasco, Renato Bacci Coordenação de pesquisa iconográfica: Luciano Baneza Gabarron Pesquisa iconográfica: Vanessa Manna, Aline Chiarelli, Daniela Chahín Baraúna Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Marina M. Buzzinaro, Rubens M. Rodrigues Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Fabio N. Precendo, Hélio P . de Souza Filho, Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa Coordenação de produção industrial: Viviane Pavani Impressão e acabamento:
  • 5. Apresentação Caros alunos e professor No mundo em que vivemos a inovação permanente se tornou a regra, e técnicas, conceitos e processos rapidamente se tornam superados e obsoletos. Nesse mundo tão acelerado, em mutação contínua, qual será o papel da história? Tudo o que ocorre hoje é resultado de acontecimentos e ações situados no passado. Cada sociedade humana se apropria de seu passado de modo distinto. Nas sociedades modernas, desenvolveu-se uma maneira crítica e cientificamente informada de interpretar o passado que convencionamos chamar história. O estudo da história não fornece lições morais ou planos de ação, porque cada época tem os próprios desafios e peculiaridades. Mas, sem a história, a compreensão de nosso tempo seria rasa e limitada. Ao mostrar as relações entre as experiências das gerações passadas e o presente, no qual vivemos e atuamos, a disciplina história contribui para construir um futuro melhor para todos. Quando perdemos o vínculo com nosso passado ou criamos representações distorcidas e ilusórias sobre ele, torna-se mais difícil tomar decisões conscientes. Por isso, nesta terceira edição, mantemos a proposta de uma obra moderna e atualizada que contribua para a formação de indivíduos críticos, atuantes e comprometidos com a edificação de uma sociedade mais igualitária, tolerante e sustentável. O trabalho com conceitos, diferentes gêneros textuais e imagens revela as distintas perspectivas pelas quais o passado pode ser interpretado, trazendo para a sala de aula a riqueza e a complexidade dos processos históricos. Além disso, criamos novas seções e elaboramos materiais complementares que os ajudarão a desenvolver habilidades e competências que serão avaliadas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – um desafio inevitável para quem está concluindo o ensino médio e pretende continuar seus estudos. Assim, esperamos que vocês possam utilizar este livro com prazer, tornando o aprendizado da história uma experiência significativa e estimulante. Bom estudo!
  • 6. Organização do livro Este volume está dividido em doze capítulos, agrupados em quatro unidades. Veja como se organiza cada unidade deste livro. A abertura de unidade introduz o assunto de forma motivadora, relacionando os conteúdos que serão estudados com temas do presente. Na linha do tempo são destacados os principais eventos do período tratado na unidade. Na seção Controvérsias são apresentados textos com pontos de vista diferentes a respeito do mesmo assunto, exemplificando a complexidade do processo de construção do conhecimento histórico. A seção Analisar um documento histórico apresenta orientações para o exame detalhado de documentos relacionados ao tema estudado no capítulo. Na abertura de capítulo, os objetivos e as palavras-chave dão uma visão geral do que será estudado. O texto introdutório problematiza o conteúdo do capítulo, estabelecendo relações entre o passado e o presente. Os Infográficos ampliam o estudo de alguns temas por meio de uma linguagem gráfico-visual atraente e dinâmica.
  • 7. Ao final de cada unidade, a seção Simulando o Enem apresenta questões inéditas elaboradas de acordo com as especificações do exame para avaliação do conhecimento e preparação para a prova. Ao final de cada capítulo, na seção Atividades são propostas questões de avaliação, ampliação e reflexão sobre os conteúdos estudados. Na seção Enem sem mistérios é apresentada a resolução detalhada de uma questão do Enem relacionada ao tema da unidade para a familiarização com o formato do exame. A seção Explorando outras fontes apresenta roteiros de trabalho com músicas, filmes, sites e livros que se relacionam com o tema da unidade, ampliando e tornando o estudo mais dinâmico e estimulante. Conceitos históricos Expõe os principais conceitos da disciplina, contextualizando-os historicamente. Questões contemporâneas Apresenta questões da atualidade relacionadas ao tema desenvolvido. DOC. Propõe a análise de um documento (imagem, mapa, texto) relacionado ao tema do capítulo estudado. Ao final do livro, a seção Praticando: Enem e vestibulares traz questões atuais do Enem e de vestibulares de todo o país. Ao longo dos capítulos, boxes complementares auxiliam o estudo dos temas.
  • 8. Sumário UNIDADE I UM MUNDO EM CRISE Capítulo 1 A Segunda Revolução Industrial e o imperialismo 12 1.1 Industrialização e imperialismo ........... 13 As novas tecnologias, 13 • O impacto das novas tecnologias no cotidiano, 14 • A cultura de massa, 15 1.2 As transformações no capitalismo ...... 16 A formação dos oligopólios, 16 • O crescimento populacional, 16 • A crise capitalista de 1873 e seus efeitos, 17 1.3 A expansão imperialista europeia na Ásia e na África ................................. 18 O colonialismo do século XIX, 18 • A dominação britânica na Índia, 19 • O imperialismo na China, 20 • O Japão e a Era Meiji, 21 • A corrida pelo domínio da África, 22 • A Conferência de Berlim, 23 ❚ Controvérsias • Os motivos do imperialismo, 24 1.4 Arte, ciência e ideologia na Belle Époque ............................................ 25 A era do progresso e do otimismo, 25 • A revolução das vanguardas artísticas, 26 • Diálogos com a arte africana, 27 • A antropologia entre o racismo e a ciência, 28 ❚ Atividades .............................................. 29 Capítulo 2 A Primeira Guerra Mundial 30 2.1 A marcha para a guerra ......................... 31 Os antecedentes da guerra, 31 • Imperialismo e nacionalismo, 31 • A formação de alianças e a corrida armamentista, 32 • O pan-eslavismo e a crise nos Bálcãs, 32 2.2 Eclode o conflito mundial ..................... 33 O estopim da guerra, 33 • O apoio da população civil, 33 • A guerra de trincheiras, 34 • A entrada dos Estados Unidos e o fim da guerra, 36 2.3 A tecnologia da destruição ................... 37 A ciência e a tecnologia a serviço da morte, 37 • A indústria e a guerra, 38 • O esforço de guerra, 39 2.4 O armistício e os resultados da guerra .................................................. 40 A paz dos vencedores, 40 • O pessimismo do pós-guerra, 41 ❚ Analisar um documento histórico • Cartas do front, 42 ❚ Atividades .............................................. 43 Capítulo 3 A Revolução Mexicana e a Revolução Russa 44 3.1 A Revolução Mexicana .......................... 45 México: um país com muitos conflitos, 45 • A ditadura de Porfirio Díaz, 45 • O governo de Madero, 46 • O governo de Carranza, 47 3.2 A Revolução Russa ................................. 48 A Rússia: palco de uma revolução, 48 • Primeiro ato: a Revolução de 1905, 49 • A Rússia e a Primeira Guerra Mundial, 49 • Segundo ato: a Revolução de Fevereiro, 50 • Terceiro ato: a Revolução de Outubro, 51 • A guerra civil, 51 ❚ Controvérsias • A ditadura do proletariado ou a ditadura de poucos?, 52 3.3 O Estado socialista ................................. 53 A Nova Política Econômica, 53 • As diferenças ideológicas, 54 • A ditadura stalinista, 54 ❚ Atividades .............................................. 55 Capítulo 4 A Primeira República no Brasil 56 4.1 Cidadania e exclusão social na Primeira República ............................ 57 A República da Espada (1889-1894), 57 • A Constituição de 1891, 57 • O encilhamento, 58 • A consolidação do regime, 58 • A República Oligárquica, 59 4.2 Mudanças socioeconômicas no Brasil republicano ............................. 60 A primazia do setor cafeeiro, 60 • A economia da borracha, 61 • O desenvolvimento industrial, 61 • As reformas urbanas, 62 • As epidemias e os avanços na medicina, 63 • A Revolta da Vacina, 63 ❚ Infográfico • O legado de Oswaldo Cruz, 64 ❚ Analisar um documento histórico • Fotografia e modernidade, 66
  • 9. 4.3 Messianismo e cangaço ......................... 67 Os excluídos da modernidade, 67 • Antônio Conselheiro e o Arraial de Canudos, 67 • Violência e cangaço, 68 • A Guerra do Contestado, 69 4.4 Movimentos urbanos .............................. 70 A formação da classe operária no Brasil, 70 • Anarquismo e anarcossindicalismo, 71 • O comunismo e a fundação do PCB, 71 • O tenentismo, 71 • A inovação da arte no Brasil, 73 ❚ Atividades .............................................. 74 ❚ Enem sem mistérios .............................. 75 ❚ Simulando o Enem ................................. 76 ❚ Explorando outras fontes ..................... 79 UNIDADE II TOTALITARISMO E AUTORITARISMO: A CAMINHO DA GUERRA TOTAL Capítulo 5 A ascensão do totalitarismo 82 5.1 A ascensão do fascismo ........................ 83 Totalitarismo e autoritarismo, 83 • A onda revolucionária após a guerra, 84 • A contrarrevolução e a ascensão do fascismo, 85 • A ideologia fascista, 85 • A crise econômica e social na Alemanha, 86 • A ideologia nazista, 87 5.2 A crise econômica mundial .................. 88 A quebra da Bolsa de Nova York, 88 • A crise de 1929 e seus efeitos, 88 • O descrédito na democracia, 89 5.3 O totalitarismo nazista .......................... 90 A ascensão do Partido Nazista, 90 • A estrutura do Estado alemão, 90 • Perseguição e eugenia, 91 5.4 O totalitarismo na União Soviética ...... 92 O regime stalinista, 92 • O sistema educacional stalinista, 93 • A coletivização forçada da terra, 93 • A industrialização soviética, 93 ❚ Controvérsias • O uso do conceito de totalitarismo, 94 5.5 Autoritarismo na Península Ibérica ..... 95 A Guerra Civil Espanhola, 95 • O salazarismo em Portugal, 96 ❚ Atividades .............................................. 97 Capítulo 6 Vargas e o Estado Novo no Brasil 98 6.1 A crise do liberalismo no Brasil ............ 99 O Brasil e a crise de 1929, 99 • A Revolução de 1930, 100 • A Revolução Constitucionalista de 1932, 101 ❚ Controvérsias • 1930: golpe ou revolução?, 102 6.2 O Governo Constitucional (1934-1937) ......................................... 103 A Constituição de 1934, 103 • Os integralistas, 103 • A Intentona Comunista e o Plano Cohen, 104 6.3 O Estado Novo ....................................... 105 O golpe de 1937, 105 • A política econômica, 106 • A valorização do trabalho, 107 6.4 Cotidiano e cultura .............................. 108 Educação no Estado Novo, 108 • Cinédia e Atlântida, 108 • A era de ouro do rádio, 109 6.5 O fim do Estado Novo .......................... 110 A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, 110 • A derrocada do Estado Novo, 111 ❚ Atividades ............................................ 112 Capítulo 7 A Segunda Guerra Mundial 113 7.1 Rumo à guerra total ............................. 114 O período entreguerras, 114 • A invasão da Polônia e o início da guerra, 115 7.2 A guerra no Pacífico ............................ 117 A entrada dos Estados Unidos na guerra, 117 • O Japão e os Estados Unidos na guerra, 118 7.3 A guerra na União Soviética ............... 119 O espaço vital e a Operação Barbarossa, 119 • Uma guerra bem mais longa do que o previsto, 120 ❚ Controvérsias • Holocausto: a política de extermínio dos judeus, 121 7.4 A contraofensiva dos Aliados ............. 122 A resistência contra o nazifascismo, 122 • A política alemã de confiscos e trabalhos forçados, 123 • O Dia D e a libertação da França, 123 • A vitória dos Aliados, 124
  • 10. SUMÁRIO 7.5 Guerra e tecnologia ............................. 125 As armas de destruição em massa, 125 ❚ Atividades ............................................ 127 ❚ Enem sem mistérios ............................ 128 ❚ Simulando o Enem ............................... 129 ❚ Explorando outras fontes ................... 133 UNIDADE III A GUERRA FRIA E O CONFLITO DE IDEOLOGIAS Capítulo 8 A Guerra Fria e a descolonização da África e da Ásia 136 8.1 A Guerra Fria ......................................... 137 Depois das guerras, a Guerra Fria, 137 • A criação da ONU, 137 • O mundo dividido, 138 • A reconstrução capitalista, 139 • O Estado de bem-estar social, 139 • A corrida armamentista e espacial, 140 • Espionagem e perseguição, 141 • A Otan e o Pacto de Varsóvia, 141 • Movimentos de contestação, 142 8.2 Os conflitos da Guerra Fria ................. 143 A Revolução Chinesa, 143 • O Grande Salto para a Frente, 144 • A Guerra da Coreia, 145 • A Guerra do Vietnã, 145 • A Revolução Cubana, 146 • A Crise dos Mísseis, 147 ❚ Analisar um documento histórico • A política nuclear durante a Guerra Fria, 148 A criação do Estado de Israel, 149 ❚ Infográfico • Jerusalém: cultuada e disputada, 150 8.3 Os movimentos de descolonização e a independência dos países de língua árabe ..................................... 152 Os sentidos da descolonização, 152 • Guerra Fria e descolonização, 152 • O Egito e o nacionalismo árabe, 153 • O caso argelino, 154 8.4 A África Subsaariana e o apartheid ............................................ 155 O pan-africanismo, 155 • Angola e a guerra civil, 156 • O apartheid na África do Sul, 158 • A guerra civil em Ruanda, 159 8.5 A independência da Índia e da Indonésia .......................................... 160 A independência da Índia, 160 • A independência da Indonésia, 161 ❚ Atividades ............................................ 162 Capítulo 9 Do populismo às ditaduras militares 163 9.1 O Brasil depois do Estado Novo ......... 164 Populismo e política de massas, 164 • O governo Dutra, 165 • Vargas novamente no poder, 166 9.2 Os anos JK .............................................. 167 A sucessão de Vargas, 167 • O Plano de Metas, 167 • O outro lado do crescimento, 168 9.3 Os antecedentes do golpe de 1964 .................................................. 169 O breve governo de Jânio Quadros, 169 • O governo de Jango, 170 ❚ Controvérsias • O conceito de populismo, 171 9.4 A ditadura militar no Brasil ................. 172 O golpe militar, 172 • Castello Branco: a primeira fase do regime, 173 • AI-5: a dura face do regime, 173 • Contestações ao regime, 174 • Os anos do governo Médici, 175 • O governo Geisel, 176 • A abertura: lenta, gradual e segura, 177 • Diretas Já!, 178 9.5 Argentina: do populismo à ditadura militar ..................................... 179 Da grandeza à crise, 179 • O governo de Perón, 180 • A ditadura militar na Argentina, 181 • A Operação Condor e as Comissões da Verdade, 182 9.6 O golpe militar no Chile ...................... 183 Chile: da democracia ao golpe, 183 • O golpe militar de 1973, 184 • A ditadura de Pinochet, 185 ❚ Atividades ............................................ 186 ❚ Enem sem mistérios ............................ 187 ❚ Simulando o Enem ............................... 188 ❚ Explorando outras fontes ................... 191 UNIDADE IV O MUNDO GLOBALIZADO Capítulo 10 O colapso do socialismo no Leste Europeu 194 10.1 A crise e o fim do sistema soviético ....................................................... 195 O sistema político da União Soviética, 195 • As reformas de Mikhail Gorbachev, 196 • A política externa e interna, 197 • O fim da União Soviética, 197 ❚ Controvérsias • As reformas de Gorbachev e o colapso do sistema soviético, 198
  • 11. 10.2 A desagregação do bloco socialista ...................................................... 199 Aberturas políticas, 199 • Polônia, 199 • Hungria, 200 • Alemanha Oriental, 200 • Bulgária, 201 • Romênia, 201 • Tchecoslováquia, 202 10.3 A Europa Oriental depois do socialismo ............................................ 203 Crise no antigo bloco soviético, 203 • Os conflitos étnicos, 204 ❚ Atividades ............................................ 205 Capítulo 11 O Brasil contemporâneo 206 11.1 A Nova República ..................................... 207 A transição democrática, 207 • O governo Sarney, 207 • A Constituição cidadã, 208 ❚ Analisar um documento histórico • Constituição e direito às terras indígenas, 209 11.2 O povo nas urnas: eleições diretas para presidente .......................... 210 A eleição e o governo de Fernando Collor, 210 • A crise política e a renúncia de Collor, 211 11.3 De FHC a Dilma Rousseff ....................... 212 O primeiro mandato de FHC, 212 • A reeleição de FHC, 212 • O primeiro mandato de Lula, 213 • A reeleição de Lula, 214 • O primeiro mandato de Dilma Rousseff, 214 • O segundo mandato de Dilma Rousseff, 215 11.4 Desafios do Brasil contemporâneo ..... 216 Os indígenas no Brasil atual, 216 • A afirmação da cultura afro-brasileira, 217 • O Brasil no contexto internacional, 218 ❚ Atividades ............................................ 220 Capítulo 12 Perspectivas do mundo globalizado 221 12.1 O capitalismo global ................................ 222 Globalização e integração econômica, 222 • As políticas econômicas neoliberais, 223 • A desindustrialização, 224 12.2 Efeitos sociais do processo de globalização ......................................... 225 A organização das empresas e do trabalho, 225 ❚ Infográfico • A fábrica global, 226 Desemprego e precarização do trabalho, 228 • Globalização e pobreza, 229 • Crime globalizado, 230 • Êxodo rural e urbanização descontrolada, 230 12.3 A revolução tecnológica e as mudanças nas relações humanas ....................................................... 231 A tecnologia e a transformação da sociedade, 231 • As novas tecnologias de informação e comunicação, 232 12.4 Guerra e terrorismo em um mundo instável .......................................... 234 A guerra no mundo contemporâneo, 234 • Os ataques terroristas de 11 de setembro, 235 • A guerra contra o terror, 235 12.5 O problema ecológico e a ameaça da catástrofe climática ................................. 237 A relação entre humanidade e natureza, 237 • Industrialização e degradação ambiental, 237 • O aquecimento global, 238 ❚ Analisar um documento histórico • O desenvolvimento sustentável, 239 ❚ Atividades ............................................ 240 ❚ Enem sem mistérios ............................ 241 ❚ Simulando o Enem ............................... 242 ❚ Explorando outras fontes ................... 245 Praticando: Enem e vestibulares ................... 246 Gabarito e sugestões de respostas: Enem e vestibulares .......................................... 262 Referências bibliográficas ............................... 264 O mundo em mapas ........................................... 268
  • 12. Capítulos I UNIDADE 1 A Segunda Revolução Industrial e o imperialismo, 12 2 A Primeira Guerra Mundial, 30 3 A Revolução Mexicana e a Revolução Russa, 44 4 A Primeira República no Brasil, 56 Um mundo em crise Tecnologia e guerra Quando você ouve falar em guerra, que cenas vêm à sua mente? Ataques com bombardeiros (como os aviões F-16 desta imagem), submarinos e armas químicas são comuns nos grandes conflitos internacionais, como podemos ver em noticiários, filmes, jogos e histórias em quadrinhos. Da Belle Époque aos anos 1920 Esta linha do tempo não foi organizada em escala temporal. 1859 Perfuração do primeiro poço de petróleo, nos Estados Unidos. 1868 Início da Era Meiji, no Japão. 1876 Patenteamento do primeiro telefone por Alexander Graham Bell e Elisha Gray. 1884-1885 Realização da Conferência de Berlim. 1889 Proclamação da república no Brasil. 1891 Promulgação da primeira Constituição republicana no Brasil. 1895 Apresentação do cinematógrafo pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. intS kaLninS/ReuteRS/LatinStock 10
  • 13. Questões 1. Em sua opinião, existe relação entre o texto e a imagem destas páginas? Justifique. 2. Cite exemplos de avanços científicos apropriados e aprimorados pela indústria bélica que atualmente são utilizados para outros fins. 3. O que você sabe sobre a Segunda Revolução Industrial e o imperialismo, ambos citados no texto? Troque informações com os colegas. Registre em seu caderno. Aviões F-16, das Forças Armadas dos Estados Unidos, estacionados na base aérea de Amari, Estônia. Foto de 2015. O treinamento militar nessa região se iniciou em razão do temor de os russos invadirem os países bálticos. Você sabia que esse modo de fazer guerra que conhecemos hoje foi desenvolvido durante a Primeira Guerra Mundial, um conflito interna- cional sem precedentes na história que ceifou milhões de vidas? O uso de aviões, por exemplo, transformou a dinâmica dos combates. Os bombardeios, des- critos pelo escritor alemão Ernst Jünger como “tempestades de aço”, podiam atingir os soldados em qualquer lugar e a qualquer momento. Esse grande conflito foi deflagrado em um período de expansão do capitalismo, disputas por novos mercados e intenso desenvolvimento científico e tecnológico no continente europeu, o cenário da guerra. As inovações da chamada Segunda Revolução Industrial impulsionaram o desenvolvimento tec- nológico e científico e o crescimento econômico das potências europeias, que buscaram ampliar seus domínios, mercados e áreas de influência no processo conhecido como imperialismo. Nesta unidade estudaremos essas transfor- mações e outros temas sobre a transição do sécu- lo XIX para o XX. 1896-1897 Guerra de Canudos. 1904 Revolta da Vacina. 1910 Início da Revolução Mexicana. Revolta da Chibata. 1914 Início da Primeira Guerra Mundial. 1917 Revolução Russa. Greve geral em São Paulo. 1919 Tratado de Versalhes. 1924 Morte de Lênin e ascensão de Stalin na União Soviética. 11
  • 14. OBJETIVOS • Relacionar o desenvolvi- mento do capitalismo com a expansão imperialista na segunda metade do sé- culo XIX. • Avaliarosefeitosdastrans- formações tecnológicas no cotidiano dos povos oci- dentais. • Explicar as razões políti- cas e econômicas que con- duziram ao colonialismo nos territórios africanos e asiáticos. • Identificar os efeitos do im- perialismo nas ciências e nas artes. PALAVRAS-CHAVE • Segunda Revolução Industrial • Capitalismo financeiro • Imperialismo • Belle Époque A Segunda Revolução Industrial e o imperialismo CAPÍTUL O 1 A partilha do globo Entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, os governos dos países europeus industrializados mobilizaram recursos econômicos, tecnológicos e militares para subjugar outros povos, que ficaram submetidos à exploração colonial. Esse fenômeno ficou conhecido como imperialismo. Houve uma partilha do globo terrestre entre as nações imperialistas, que procuravam obter mão de obra e matérias-primas baratas em suas respectivas colônias, além de um mercado consumidor para seus produtos industrializados. Aqueles que eram favoráveis à dominação colonial acreditavam ser um dever do branco europeu levar a “civilização” aos povos sub- jugados, considerados “bárbaros”. Apesar de os governos imperialis- tas terem implantado alguma infraestrutura em suas colônias, como estradas, portos, ferrovias e hospitais, a maioria da população das regiões colonizadas não se beneficiou desse processo. Em vez disso, em muitas dessas regiões a presença europeia destruiu a produção local e desorganizou sociedades tradicionais, provocando efeitos negativos que podem ser observados ainda hoje. Os povos colonizados, contudo, não se mantiveram como vítimas passivas do imperialismo predatório. Eles se mobilizaram contra a dominação por meio de rebeliões armadas ou da resistência não violenta. A riqueza e a diversidade cultural desses povos inspiraram a renovação da arte europeia, contribuindo para a onda de inovação estética que deu origem ao movimento cultural e artístico conhecido como modernismo. Locomotiva a vapor da Lagos Railway, em Gana, colônia britânica. Foto de 1909. Na época, a maior potência imperialista foi o Império Britânico. Em 1900, um quarto da superfície do globo era dominada direta ou indiretamente por ele. BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL – COLEÇÃO EMPIRE AND COMMONWEALTH DO MUSEU E GALERIA DE BRISTOL 12 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 15. Industrialização e imperialismo 1.1 Extração de petróleo na Pensilvânia, Estados Unidos. Foto de 1859. A obtenção de petróleo na Pensilvânia foi considerada pelos norte-americanos o marco inicial da moderna indústria petrolífera. As novas tecnologias Na segunda metade do século XIX, sucessivas inovações tecnológicas possibilitaram o desenvolvimento de novas indústrias e estimularam pes- quisas e invenções. Após se intensificar na Grã-Bretanha, na França, na Bélgica, na Holanda e no norte da Alemanha, a Revolução Industrial atingiu os países nórdicos, a Rússia, o norte da Itália e algumas regiões da Espanha. Fora da Europa, a industrialização ocorreu nos Estados Unidos e no Japão. As mudanças econômicas, sociais e políticas desse período, conhecido como Segunda Revolução Industrial, tiveram como base duas novas fontes de energia: a eletricidade e o petróleo. • A geração de eletricidade tornou-se possível com a invenção do dínamo, na segunda metade do século XIX. Utilizada inicialmente na iluminação pública, a eletricidade foi, a partir da década de 1880, substituindo gra- dualmente a energia a vapor nas fábricas. • O petróleo começou a ser utilizado como fonte geradora de energia a partir de 1859, nos Estados Unidos. A princípio, seus derivados foram empregados na iluminação; posteriormente, passaram a movimentar as máquinas nas fábricas e, a partir de 1870, tornaram-se combustível para os meios de transporte. As inovações tecnológicas do período impulsionaram outros inventos. No setor elétrico, destacam-se a invenção do telefone, do telégrafo e do rádio. A indústria química foi aprimorada com a produção de fertilizantes, artigos sintéticos, explosivos e medicamentos. A siderurgia foi revolucionada por um novo processo de fabricação do aço, o que permitiu produzi-lo em maior quantidade e a preços mais baixos. iNVENÇÕES dA SEGUNdA rEVOlUÇÃO iNdUStriAl invenção Atribuída a país/ano Máquina de costura Elias Howe Estados Unidos/1846 Lâmpada incandescente Thomas Edison Estados Unidos/1854 Motor de combustão interna Nikolaus Otto Alemanha/1866 Dínamo Werner Siemens Alemanha/1866 Máquina de escrever Christopher Sholes e Carlos Glidden Estados Unidos/1867 Telefone Alexander Graham Bell e Elisha Gray Estados Unidos/1876 Processamento de aço Sidney Gilchrist Thomas Grã-Bretanha/1877 Automóvel Gottlieb Daimler e Karl Benz Alemanha/1884 Turbina a vapor Charles Algernon Parsons Grã-Bretanha/1890 Motor a diesel Rudolf Diesel Alemanha/1897 Dirigível Ferdinand von Zeppelin Alemanha/1900 Dínamo: gerador que transforma energia mecânica em elétrica. Fontes: CHALINE, Eric. 50 máquinas que mudaram o rumo da história. Rio de Janeiro: Sextante, 2014; DUARTE, Marcelo. O livro das invenções. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. aLbuM/akg-iMageS/LatinStock 13 13 Os avanços na industrialização atingiram também os campos, resultando em um grande aumento da produção agrícola. O primeiro poço moderno de extração de petróleo foi perfurado no território do atual Azerbaijão, por volta de 1850. É, portanto, anterior à experiência norte-americana.
  • 16. O impacto das novas tecnologias no cotidiano Durante o século XIX, a enorme quantidade de descobertas científicas e de inovações tecnológicas transformou o cotidiano e gerou novas formas de ver o mundo e os seres humanos. Setores das sociedades industrializadas, como a burguesia, mostravam-se otimistas e passaram a depositar uma fé inabalável na capacidade da ciência e da técnica. Atividades consideradas impossíveis, como voar, comunicar-se a distância e movimentar-se em alta velocidade, tornaram-se reais com a invenção do avião, do te- lefone e do automóvel. Os inventos, cada vez mais sofisticados, difundiram-se e tornaram-se parte do dia a dia das pessoas. Os benefícios da industrialização, porém, não atingiram todos os habitantes da Europa, muito menos todos os países dos demais continentes. A fome e os surtos epidêmicos continuaram sendo graves problemas nas áreas menos desenvolvidas do continente europeu, como a Rússia, e do restan- te do mundo. Os novos meios de comunicação O primeiro telefone foi patenteado por Alexander Graham Bell e Elisha Gray, em 1876, e apresentado, no mesmo ano, na Exposição Universal da Filadélfia. Em razão do sucesso obtido, o inventor norte-ameri- cano fundou uma empresa para comercializar o apa- A expansão da telefonia O Brasil foi um dos primeiros países a adotar a telefonia. O imperador Dom Pedro II, sempre disposto a conhecer as novidades tecnológicas vindas da Europa e dos Estados Unidos, conheceu o telefone na Exposição Universal da Filadélfia, em 1876, e, no ano seguinte, instalou a primeira central telefônica no Rio de Janeiro. A difusão dessa tecnologia, contudo, demorou décadas para acontecer. Em muitos países, esse processo foi desi- gual, sendo mais abrangente nas nações mais desenvolvidas e industrializadas. Nos Estados Unidos, por volta de 1900, havia um telefone para cada grupo de 60 pes- soas. A Suécia vinha em segundo lugar, com um aparelho para cada 215 pessoas. Na França, uma em cada 1.216 pessoas possuía um telefone, e, na Rússia, uma em cada 6.958. Antes da invenção da comu- tação mecanizada, as ligações eram rece- bidas e transmitidas pelas telefonistas. A profissão de telefonista era tipicamente feminina na época. Mulheres trabalhando em uma central telefônica na Baixada Santista, início do século XX. Fundação Arquivo e Memória de Santos. relho. Diferentemente do telégrafo, que transmitia apenas sinais, o telefone possibilitava a transmissão da voz humana. Levou algum tempo, porém, para que essa tecnologia se tornasse acessível à maioria das pessoas. O sistema de discagem foi disponibilizado apenas em 1896, e a comutação mecanizada só se difundiu no final da década de 1920. Datam do início do século XX as primeiras tenta- tivas de radiodifusão. Em 1901, o italiano Guglielmo Marconi fez a primeira transmissão de mensagens a distância por meio de ondas de rádio. Na década de 1910, foram feitas as primeiras transmissões de som, resultantes de diversos aperfeiçoamentos do sistema. Foram, então, iniciados os programas diários de notí- cias, palestras, peças de teatro e até sermões de igreja transmitidos pelo rádio. Pouco tempo depois, foram inventados os aparelhos receptores equipados com válvula termiônica, por meio da qual eram captados com fidelidade os sinais de rádio emitidos pelas es- tações transmissoras. Na mesma época, descobriu-se que as válvulas também possibilitavam a transmissão de imagens. As transmissões televisivas começaram na Grã-Bretanha em 1927 e só chegaram ao Brasil em 1950, com a inauguração da primeira emissora brasileira, a TV Tupi. Comutação mecanizada: sistema que possibilitava realizar chamadas telefônicas sem a intermediação de telefonistas. Termiônico: fenômeno que manifesta a emissão de elétrons por causa do calor. RepRodução – Fundação aRquivo e MeMóRia de SantoS Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 14
  • 17. O cinematógrafo dos irmãos Lumière “Em 1o de novembro de 1895, dois meses antes da famosa apresentação do cinematógrafo Lumiè- re, os irmãos Max e Emil Skladanowsky fizeram uma exibição de 15 minu- tos do bioscópio, seu sis- tema de projeção de filmes, [...] em Berlim. Auguste e Louis Lumière, apesar de não terem sido os primeiros na corrida, foram os que ficaram mais famosos. Eram negociantes experientes, que souberam tornar seu invento conhecido no mun- do todo e fazer do cinema uma atividade lucrativa, vendendo câmeras e fil- mes. A família Lumière era, então, a maior produtora europeia de placas fotográ- ficas, e o marketing fazia parte de suas práticas.” COSTA, Flávia Cesarino. Primeiro cinema. In: MASCARELLO, Fernando (Org.). História do cinema mundial. Campinas: Papirus, 2006. p. 19. A cultura de massa Os hábitos de consumo dos trabalhadores das grandes cidades também mudaram nesse período. A produção em massa e a relativa melhora nas condições de vida da classe operária possibilitaram a expansão do consumo de bens e de serviços voltados para o lazer, levando ao fenômeno conhecido como cultura de massa. As pessoas preenchiam o tempo livre com os meios de comunicação de massa, como os jornais diários, o cinema e o rádio. Esses meios de comuni- cação eram utilizados para impulsionar a venda de produtos industrializados por meio da propaganda. O mais popular meio de comunicação de massa da época foi, sem dúvida, o cinema. Em 1895, os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière apresentaram em Paris o cinematógrafo, um projetor que rodava peque- nos filmes com duração de um minuto. Logo as casas de espetáculos de grandes cidades, como Berlim, Londres e Paris, começaram a exibir filmes para vários espectadores. Naquela época, os filmes eram mudos. Por isso, a trilha sonora era tocada ao vivo por pianistas. Aproximadamente vinte anos antes de o cinema exibir as primeiras imagens em movimento, foi inventado o fonógrafo, aparelho capaz de gravar e reproduzir sons. O objetivo dos inventores desse equipamen- to era principalmente gravar a voz humana. A princípio o aparelho foi utilizado para fins científicos: etnólogos, linguistas, antropólogos e fol- cloristas o usavam para registrar a pronúncia das palavras por falantes de várias línguas. A partir do final do século XIX, o fonógrafo foi sendo substituído por outra invenção: o gramofone [doc. 1]. Esse aparelho reproduzia apenas sons previamente gravados e, em vez do cilindro de cera do fonógrafo, continha um disco plano para armazená-los. Com o gramofone e o disco, tornou- -se possível criar muitas cópias do mesmo registro sonoro e estabelecer a indústria fonográfica. O gramofone no Brasil “O exame do primeiro catálogo [de discos] editado no Brasil [...] mostra que a indústria fonográfica brasi- leira nasceu de uma experiência inovadora, mas não exclusivamente voltada para a produção e gravação musical. [...] Para criar o hábito nas pessoas de con- sumir música gravada, [...] [a Casa Edison] precisou investir na importação e divulgação de fonógrafos e gramofones em seus catálogos. A presença de textos introdutórios e explicativos sobre arte fonográfica e a funcionalidade dos aparelhos assinala que, juntamente com a necessidade de formação de um cast de artistas e de contar com uma quantidade considerável de títulos para comercialização, foi preciso difundir, explicar e criar o hábito nas pessoas para o uso das novidades tecnológicas de reprodução musical.” GONÇALVES, Eduardo. A Casa Edison e a formação do mercado fonográfico no Rio de Janeiro no final do século XIX e início do século XX. Desigualdade & Diversidade, n. 9, ago./dez. 2011. p. 106. Disponível em <http://desigualdade diversidade.soc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start. htm?infoid=159&sid=18>. Acesso em 1o mar. 2016. DOC. 1 Questões 1. Que dificuldades as primeiras gravadoras encontraram ao introduzir os gramofones no Brasil? 2. O desenvolvimento tecnológico ainda interfere no hábito de ouvir música? Justifique sua resposta. Registre em seu caderno. Anúncio de gramofone da Casa Edison, 1915. Dialogando com a SOCIOLOGIA aceRvo do JoRnaL o eStado de S. pauLo 15 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. As respostas deste doc. estão no Suplemento para o professor.
  • 18. 1.2 As transformações no capitalismo A formação dos oligopólios DuranteaPrimeiraRevoluçãoIndustrial,ainiciativa individualtinhaumpapeldecisivonafundaçãoenaex- pansãodeempreendimentoscomerciaisouindustriais. Fábricas de tecidos ou de calçados, por demandar menos investimentos de capitais, podiam ser insta- ladas e crescer com recursos do próprio empresário. Na Segunda Revolução Industrial, isso deixou de ser a norma. Em razão da complexidade e do alto custo das novas atividades econômicas, como as desenvolvidas em usinas hidrelétricas e em companhias petrolíferas, era necessário grande aporte de capitais, que dificil- mente podia ser obtido com recursos individuais. A dificuldade de sustentar os novos investimentos com capital particular criou um cenário privilegiado para a atuação dos bancos e das instituições financei- ras, que passaram a investir na indústria, no comércio, na agricultura e na mineração e a controlar essas atividades por meio de empréstimos. Muitos bancos passaram a participar dos negócios das empresas como acionistas. Formava-se assim o capitalismo financeiro, resultante da fusão do capital bancário com o gerado nos demais setores da economia. As crescentes inovações tecnológicas do período e a necessidade de ampliar a produção e conquis- tar novos mercados impuseram dificuldades para a atuação de pequenos e médios empresários. Muitas empresas, sem capital suficiente para enfrentar a concorrência ou as crises econômicas do final do século XIX, associavam-se, formando oligopólios, pequenos grupos de empresas poderosas que con- trolavam determinado ramo da produção. O primeiro modelo de associação empresarial foi o truste,formadopelafusãodeváriasempresasdomes- mosetor,interessadasemcontrolarpreços,produçãoe mercado. Muitas empresas, ainda, estabeleciam acor- dos para controlar preços e combater os concorren- tes. Esse modelo de associação era o cartel. Criou-se tambéma holding,tipodeorganizaçãoeconômicaque detém o controle acionário de um grupo de empresas subsidiárias do mesmo ramo ou de ramos diferentes. A formação dos oligopólios resultou numa grande concentração de capital, pois um número reduzido de empresascontrolavaosprincipaissetoresdaeconomia, comooautomobilístico,odamineraçãoeoferroviário, podendo reduzir custos na fabricação dos produtos por meio dos chamados ganhos de escala e ditar ao mercado o preço de determinadas mercadorias. O crescimento populacional O avanço da industrialização impulsionou o cres- cimento populacional nas grandes cidades. Até 1850, Londres, Paris e Constantinopla eram as únicas cida- des europeias com mais de 500 mil habitantes. Em 1900, pelo menos nove cidades europeias abrigavam mais de 1 milhão de habitantes, entre elas Londres e Manchester, na Grã-Bretanha, Paris, na França, São Pe- tersburgo e Moscou, na Rússia, e Berlim, na Alemanha. Uma das principais causas do crescimento das cidades foi o êxodo rural. Nos campos, as dificuldades econômicas e a crescente mecanização reduziram a quantidade de braços necessários à lavoura, forçando os camponeses a migrar para as cidades. Ao mesmo tempo, as inovações técnicas na agricultura aumenta- ram a produção e baratearam o preço dos alimentos. Ocrescimentopopulacionaltambémpodeseratri- buído ao desenvolvimento da medicina e da indústria farmacêutica,quetornoupossívelocombatededoen- ças anteriormente fatais, como o tifo e a tuberculose. Nessa área, merecem destaque o aperfeiçoamento das vacinas, no final do século XIX, e a descoberta da penicilina, o primeiro antibiótico, em 1928. Charge do século XIX criticando a influência dos trustes sobre os políticos norte-americanos. keYStone bRaSiL 16 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. As empresas familiares continuaram existindo após o advento do capitalismo financeiro, mas o capital concentrou-se nas mãos das chamadas sociedades anônimas.
  • 19. Estados Unidos Argentina Brasil Austrália 0 5 10 15 20 25 30 35 Países de destino A GrANdE EMiGrAÇÃO EUrOpEiA (1800-1930) (EM MilhÕES) Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jacques. Atlas histórico: da Pré-história aos nossos dias. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. p. 227. A crise capitalista de 1873 e seus efeitos A economia capitalista é constituída por ciclos econômicos, nos quais, muitas vezes, um período de expansão é seguido por um de retração. Nos piores casos, a retração pode se tornar uma depressão, levando ao declínio da atividade econômica por determinado tempo. O aumento acelerado da produção, impulsio- nado pelos avanços técnicos, gerou uma gran- de depressão, que se estendeu de 1873 a 1896. Essa desaceleração econômica caracterizou-se pe- la queda generalizada dos preços e dos lucros e pela falência de muitas empresas. A principal mar- ca dessa crise econômica foi a superprodução de mercadorias, ou seja, o sistema entrou em colapso devido à abundância de produtos, e não em razão de sua falta. Uma das medidas adotadas pelas empresas para combater os efeitos da crise econômica foi criar mecanismos de associação com outras em- presas do mesmo ramo para fixar preços e dividir o mercado. Governos de alguns países, como Itália e Alemanha, recorreram a medidas protecionis- tas para preservar a produção nacional. A livre concorrência, que marcou a Primeira Revolução Industrial, dava lugar aos oligopólios e ao prote- cionismo alfandegário. Outra medida adotada pelos países industria- lizados foi sair em busca de novos mercados, em geral na África e na Ásia, onde pudessem vender seus produtos e aplicar os capitais excedentes na Europa. Em 1885, o ministro francês Jules Ferry chegou a afirmar: “o que falta às nossas indústrias, o que lhes falta cada vez mais, são mercados”. Além de mercados consumidores, as potências industriais europeias aumentaram a procura por matérias-primas, acirrando a disputa por produtos provenientes da América Latina, da África e da Ásia. Com o aumento da população europeia, foram necessárias novas terras para absorver a mão de obra excedente, o que gerou o maior movimento migratório da história. Entre 1815 e 1915, cerca de 35 milhões de pessoas deixaram a Europa para tentar uma nova vida em outros continentes, prin- cipalmente na América. As tensões sociais se intensificavam. Nos cam- pos, as dificuldades ocasionadas pela crise eco- nômica e a crescente mecanização reduziam os braços necessários à lavoura, gerando tensões sociais. No meio urbano, as pressões da classe operária cada dia mais numerosa e organizada levavam os governos europeus a ver a exploração colonial como uma saída para afastar a ameaça de uma revolução social. A respeito dos conflitos sociais agravados com a Segunda Revolução Industrial, Cecil Rhodes, explo- rador britânico da região do Cabo, na África do Sul, afirmou em 1895: “Ontem estive no East-End londrino (bairro operário) e assisti a uma assembleia de desem- pregados. Ao ouvir ali discursos exaltados cuja nota dominante era: pão!, pão!, e ao refletir, de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido, convenci-me, mais do que nunca, da impor- tância do imperialismo... A ideia que acalento representa a solução do problema social: para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os políticos coloniais, devemos apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o ex- cedente de população e neles encontraremos novos mercados para os produtos das nossas fábricas e das nossas minas.” Cecil Rhodes [1895]. In: LÊNIN, Vladimir. O imperialismo: etapa superior do capitalismo. São Paulo: FE/Unicamp, 2011. p. 204. (Navegando publicações) FeRnando JoSÉ FeRReiRa Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 17
  • 20. A expansão imperialista europeia na Ásia e na África 1.3 O colonialismo do século XIX Convencionou-se chamar imperialismo o processo de expansão das grandes potências industrializadas em busca de colônias e áreas para ex- plorar economicamente, impulsionado pelos interesses do capital financeiro e dos grandes oligopólios. O resultado dessa expansão imperialista foi a partilha de quase toda a África entre os Estados europeus, a ocupação de vastos territórios da Ásia e a subordinação de países da América Latina aos interesses econômicos europeus e norte-americanos. A dominação imperialista apresentou, em cada região, características específicas, de acordo com os interesses das grandes potências e as re- lações que estas estabeleceram com as elites dirigentes locais. Podemos identificar os seguintes tipos de dominação imperialista nos territórios da América Latina, da África e da Ásia. • Áreas de domínio econômico. Países independentes que não sofriam dominação política direta, mas eram explorados economicamente e per- suadidos a tomar medidas que beneficiavam as potências imperialistas (caso do Brasil e de outros países da América Latina). • Áreas de protetorado. Domínios coloniais tratados como aliados, onde eram mantidos os quadros dirigentes locais, que eram subordinados a uma autoridade europeia presente (caso da Índia). • Áreas de colonização direta. Dominadas militar, política e economica- mente, com a presença no local de quadros dirigentes europeus (diversas regiões da África). • Áreas de influência. Territórios em que os dirigentes locais eram mantidos, mas obrigados a assinar tratados que garantiam vantagens econômicas e jurídicas à potência estrangeira. Os cidadãos do país do- minador residentes nos territórios dominados estavam sujeitos às leis do país de origem. Nessas áreas de dominação, a busca do lucro não era apenas meta das empresas privadas, mas se converteu numa política nacional seguida pelos Estados europeus, financiada com fundos públicos e apoiada em aparelhos administrativos e políticos criados para esse fim. Realizando grandes investimentos de capital, os europeus fomentaram a produção de gêneros agrícolas e a extração de recursos de origem animal, mineral e vegetal. Das savanas africanas, por exemplo, os conquistadores extraíam peles, plumas e marfim. Na África do Sul, destacava- -se a extração de diamantes e ouro. Nas áreas de florestas e savanas, os europeus exploravam, por exemplo, noz-de-cola, borracha e palmeiras. Também impulsionaram o cultivo de cacau, café, cana-de-açúcar e amendoim. Charge satirizando a partilha da China pelos governos da Grã- -Bretanha, Alemanha, Rússia, França e Japão, publicada no Le Petit Journal, em 1898. Imperialismo O termo “imperialismo” começou a ser empregado no início do século XX para designar a etapa do desen- volvimento do capitalismo inaugurada com a Segunda Revolução Industrial, a partir de 1860. Em sua essência, trata-se da fase do capital monopolista e financeiro em que poderosos grupos empresariais, situados nas nações mais ricas, promoveram a fusão do capital industrial e bancário, e passaram a controlar a economia nacional e a promover uma grande concentração de capital. A crescente ameaça do imperialismo norte-americano e japonês impulsionou os grandes grupos econômicos europeus a iniciar uma nova partilha colonial, em busca de mercados fornecedores de matérias-primas, fontes de energia e locais para investir capitais excedentes na Europa. O processo de expansão imperialista foi dirigido pelos Estados nacionais, o que explica o uso das expres- sões “Império Britânico”, “Império Francês”, entre outras. RepRodução – coLeção paRticuLaR 18 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 21. TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO EQUADOR 120° L 0° TRÓPICO DE CÂNCER OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO Á S I A MONGÓLIA COREIA CHINA TIBETE JAPÃO AFEGANISTÃO CINGAPURA SUMATRA A U S T R Á L I A ARÁBIA Formosa ÍNDIA FILIPINAS (EUA) NOVA ZELÂNDIA CEILÃO SAKALINA PÉRSIA BIRMÂNIA SIÃO INDOCHINA M A L Á S I A O C E A N I A Hong Kong (GB) Macau Kiaut-Cheu (ALE) Wai-Hai-Wei (GB) Porto Artur (JAP) Kuang-Tcheu (FRA) GOA SARAWAK BORNÉU JAVA TIMOR Is. Salomão (GB) Is. Gilbert (GB) Célebes Nova Caledônia (FRA) TASMÂNIA NOVA GUINÉ Áden (GB) Socotra (GB) Chandernagor Yanaon (FRA) Pondicherry (FRA) Karikal (FRA) Mahé (FRA) Damão (POR) Diu (POR) Grã-Bretanha (GB) França (FRA) Alemanha (ALE) Holanda (HOL) Portugal (POR) Japão (JAP) Potências dominadoras A dominação britânica na Índia No final do século XVIII, havia na Índia diversos principados sujeitos à administração da Companhia Britânica das Índias Orientais. Uma das medidas tomadas por essa organização comercial foi substituir, no mer- cado europeu, os tecidos indianos (musselinas) pelos ingleses, feitos de algodão e mais baratos, o que enfraqueceu a tradicional produção têxtil indiana. Em meados do século XIX, os ingleses dominavam quase todo o território da Índia, ficando a outra parte constituída de principados dependentes dos britânicos por meio de tratados subsidiários e de pequenas possessões de outros países europeus, como Portugal e França. Os tratados subsidiários restringiam a autonomia dos príncipes indianos, impedindo-os, por exemplo, de controlar o território e declarar guerra, ao mesmo tempo que assegura- vam maior poder de decisão aos ingleses. A dominação britânica na Índia promoveu a destruição das comunidades tradicionais locais, que combinavam a pequena produção agrícola com a produção artesanal. De exportadores de tecidos, os indianos se transforma- ram em fornecedores de matérias-primas e especiarias e importadores de tecidos ingleses. Além disso, a população indiana foi submetida aos altos impostos cobrados pelos britânicos e a relações de comércio desiguais com o colonizador. A política inglesa ajudou a enriquecer alguns poucos comerciantes locais, mas resultou na miséria da maior parte da população indiana. Como consequência, entre 1857 e 1858 ocorreu a Revolta dos Cipaios, organizada pelos soldados coloniais indianos. Após reprimir a revolta, o governo britânico dissolveu a companhia de comércio e assumiu direta- mente o comando da sua colônia indiana. Depois disso, outros territórios asiáticos foram incorporados ao Império Britânico: Birmânia (1866) e Malásia (1874). Revolta dos Cipaios “Em 1857, teve início na Índia a rebelião que ficou conhecida como Revolta dos Cipaios, iniciada por soldados nacionalistas hin- dus. O objetivo da revolta era dar um fim à domina- ção britânica no país. Os rebeldes assumiram o con- trole da cidade de Délhi e receberam o apoio de príncipes locais. [...] A rebelião se es- tendeu até o ano seguinte, mas acabou sendo sufoca- da pelo Exército britânico, que se utilizou de canhões e metralhadoras. A revolta foi um divisor de águas na história da pre- sença britânica na Índia: para evitar novas rebeliões, as autoridades britânicas aumentaram ainda mais o controle sobre o territó- rio indiano. O governador- -geral passou a represen- tar diretamente os interes- ses da Coroa britânica na Índia, assumindo o título de vice-rei. Em 1876, a rai- nhaVitória foi proclamada imperatriz da Índia. Como os britânicos, os indianos passaram a ser súditos da rainha Vitória.” VILELA, Túlio. Índia: domínio inglês na Índia mostra dois aspectos do colonialismo. UOL, 27 jun. 2007. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/ disciplinas/historia/india-dominio- ingles-na-india-mostra-dois- aspectos-do-colonialismo.htm>. Acesso em 15 mar. 2016. A dOMiNAÇÃO iMpEriAliStA NA ÁSiA (iNÍciO dO SÉcUlO XX) Fonte: PARKER, Geoffrey. Atlas Verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997. p. 113. A França conquistou a Indochina em 1862 e, no ano seguinte, anexou a Conchinchina e o Camboja. Entre 1863 e 1893, foram incorporados ao domínio francês Vietnã e Laos. Por sua vez, os holandeses, em parceria com os ingleses, dominaram a Indonésia, estabelecendo no local uma das bases mais importantes de uma grande companhia petrolífera ativa ainda atualmente. andeRSon de andRade piMenteL 1.450 km 19 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 22. Rebelião dos boxers (1900-1901), charge de W. Lehmann-Schramm. Na imagem, os cães do senhor da guerra atacam o Império Chinês. Os animais representam os governos das potências imperialistas. Destaca-se, do lado direito, uma ossada representando a devastação de Transvaal, região da atual África do Sul. O imperialismo na China Grã-Bretanha, França, Alemanha e Estados Unidos dire- cionaram seus esforços de dominação também para a Ásia Oriental, em especial para a China, país muito populoso e rico em recursos naturais. A China tinha como vassalos vários de seus vizinhos, como Vietnã, Birmânia, Coreia, Mongólia e Tibete, o que atraía os interesses dos países imperialistas. As grandes potências, no entanto, encontravam dificuldades para estabelecer seus empreendimentos na China, pois o go- verno imperial exercia um poder centralizado, que impunha empecilhos à entrada estrangeira. Na primeira metade do século XIX, entretanto, uma relativa e crescente autonomia das províncias favoreceu a entrada gradual de estrangeiros que já investiam no comér- cio com a China. Os ingleses, por exemplo, compravam chá dos chineses, mas não conseguiam vender para eles nenhum produto em semelhante proporção. O ópio, mercadoria de grande aceitação entre os chineses, foi a solução para melhorar a balança comercial inglesa. As Guerras do Ópio Produzido na Índia e na Birmânia, o ópio foi introduzido na China ilegal- mente por comerciantes ingleses e norte-americanos. A Companhia Britâni- ca das Índias Orientais passou a ter exclusividade nesse rentável comércio, mas, como a população ficou viciada, em 1838 as autoridades chinesas proibiram a venda e o consumo da droga e, no ano seguinte, promoveram a queima de 20 mil caixas do produto na província de Cantão, ato que foi considerado uma afronta pelos britânicos. O fato deu início às Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860). Em 1840, o governo britânico enviou à China uma esquadra formada por potentes e modernos navios de guerra, que destruíram rapidamente as embarcações chinesas e bombardearam a cidade de Nanquim. Diante da ofensiva britânica, a China rendeu-se e assinou, em 1842, o Tratado de Nanquim, que impunha condições de comércio extremamente desfavoráveis para os chineses, como a abertura de cinco portos aos produtos britânicos. O tratado também previa a transferência da ilha de Hong Kong para o controle britânico, território que passou a funcionar como o principal entreposto ocidental na região. Em 1856, o governo chinês tentou novamente com- bater a dominação britânica, mas foi derrotado após quatro anos de luta, quando Pequim foi saqueada por forças ocidentais. Ópio: suco espesso extraído da papoula, planta muito cultivada na Ásia. Utilizado como matéria- -prima para a fabricação de vários medicamentos, o ópio também é usado na composição de drogas, como a heroína, que levam facil- mente à dependência e, em muitos casos, à morte. O levante dos boxers O enfraquecimento do poder imperial chinês e a dominação estrangeira levaram à criação de várias sociedades secretas, muitas delas com o obje- tivo de restaurar a soberania do país. A principal foi a Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros, criada em 1898 na região de Shandong. Essa sociedade combatia principalmente as missões religiosas e os chineses convertidos, e em pouco tempo recebeu a adesão de milhares de indivíduos, a maior parte camponeses pobres. Em 1900, os boxers, como foram chamados pelos ocidentais, marcharam sobre Pequim e Tianjin, matando estrangeiros. O governo imperial apoiou a rebelião, declarando guerra às potências ocidentais. A rebelião foi contida por tropas britânicas, francesas, norte-americanas, russas e japonesas. W. LehMann-SchRaMM – coLeção paRticuLaR 20 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Da esquerda para a direita, os cães representam os governos da Itália, da Alemanha, do Japão, da Rússia, da França e da Grã-Bretanha. Na frente, o cão menor é uma representação do governo da Holanda e o cachorro de cartola olhando a cena é o governo dos Estados Unidos, assim simbolizado porque teve ação indireta na exploração imperialista.
  • 23. DOC. 2 Questão O que a gravura de Yoshitora Utagawa revela sobre o comportamento japonês diante do estrangeiro em meados do século XIX? Justifique. Registre em seu caderno. Detalhe de gravura japonesa de Yoshitora Utagawa representando franceses no Japão (1861). Biblioteca do Congresso, Washington, Estados Unidos. O Japão e a Era Meiji Do século XII até meados do XIX, o poder no Japão era controlado por poderosas famílias de proprie- tários rurais. Em um sistema político semelhante ao feudalismo europeu, o imperador ainda era consi- derado o soberano; entretanto, era o xogum (chefe militar) quem de fato comandava o país. Durante o xogunato, o Japão permaneceu relativamente isolado do restante do mundo, mantendo algumas relações comerciais com os holandeses. Em 1853, os norte-americanos enviaram ao Japão a Esquadra Negra do comodoro Perry, que forçou a abertura dos portos japoneses ao comércio com os Estados Unidos. Desde então, o Japão procurou evitar a dominação externa fortalecendo o poder imperial. Assim, a partir de 1868, com o fim do xogunato, o Japão iniciou a chamada Era Meiji (governo escla- recido), período marcado por reformas econômicas e sociais. Com financiamentos externos, foram construídas estradasdeferroegrandesindústriassiderúrgicasede tecelagem, e a imprensa, o serviço postal e o telégrafo foram implementados. Após a incorporação de novas tecnologias, a agricultura e a indústria se desenvolve- ram, transformando o Japão em uma potência. As reformas na economia foram acompanhadas de mudanças na sociedade. O sistema feudal foi abolido, permitiu-se o casamento entre indivíduos de camadas sociais diferentes e o serviço militar obrigatório foi instituído. Os antigos proprietá- rios rurais passaram a investir na industrialização, transformando-se na camada social dominante do moderno Estado japonês. O Japão, contudo, não deixou de manter sua iden- tidade cultural [doc. 2], na qual a educação era um fator primordial. Por isso, o ensino primário tornou-se obrigatório para todos os japoneses. Além disso, mui- tos jovens foram enviados ao exterior para estudar, e o número de instituições escolares no país aumentou. Gravura japonesa representando uma fábrica (século XIX). As reformas da Era Meiji permitiram a rápida industrialização do Japão. Erich LEssing/ALbum/LAtinstock – coLEção pArticuLAr YoshitorA utAgAwA – bibLiotEcA do congrEsso, wAshington Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 21 A gravura de Yoshitora Utagawa representa um casal de franceses, provavelmente recém-chegados ao Japão. O artista procura representar a vestimenta ocidental utilizando os filtros estilísticos da arte de seu país. Dessa forma, os gestos e os traços físicos remetem à arte japonesa e demonstram o quanto era difícil, para os habitantes desse país, assimilar estilos diferentes.
  • 24. “Mapa cor-de-rosa” (1885), gravura de J. Palhares. Esse mapa revela as pretensões de Portugal sobre o continente africano no século XIX. Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. Gravura de Denis Dighton representando a derrota dos guerreiros ashantis pelo Exército britânico em julho de 1824. Museu Nacional de Armas, Londres. A imagem se refere à primeira de uma série de batalhas que culminaram com a dominação britânica do território da então Costa do Ouro, atual Gana, no final do século XIX. A corrida pelo domínio da África A partir de 1870, intensificou-se a corrida pelo domínio de vastos territórios da África, e, no início do século XX, a maior parte do continente estava ocupada pelas potências europeias. Em 1876, apenas 10% do território africano es- tava sujeito à dominação colonial; em 1900, essa proporção alcançava 90,4%. Em razão de interesses políticos e econômicos, os territórios africanos eram cobiçados pelas principais na- ções europeias, que investiam em expedições de estudo e ocupação. Um exemplo disso foi a iniciativa do rei belga Leopoldo II, em 1876, de apossar-se da Bacia do Congo, região dez vezes maior que a Bélgica, mantendo-a como domínio pessoal. Para obter o reconhecimento internacional dessa posse, Leopoldo II financiou expedições e conferências de geógrafos e viajantes, como a Conferência Internacional de Bruxelas, ocorrida em setembro de 1876. Após essa conferência, o rei belga fundou a Associação Internacional Africana, tornando-se seu presidente, e o Comitê de Estudos do Alto Con- go, que contou com a participação de empresários ingleses e holandeses. Portugal também se dedicou a obter o reconhecimento internacional de seus domínios na África, como mostra o famoso “Mapa cor-de-rosa”, publicado em 1885. Nele evidencia-se a pretensão do Império Português de unir os territórios de Angola e Moçambique. A França empenhou-se igualmente na obtenção do controle da Tunísia, do Marrocos e de parte do Congo. O Egito, após um curto período de do- minação francesa, foi ocupado pela Grã-Bretanha em 1882 e passou a ser um protetorado britânico. Na África do Sul, os ingleses tiveram de enfrentar a presença de colonos holandeses, conhecidos como bôeres, que estavam na região desde a segunda metade do século XVII. O principal objetivo da Grã-Bretanha era criar um império contínuo na África, unindo a cidade do Cabo, na África do Sul, ao Cairo, no Egito. J. PALHARES – BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL, LISBOA DENIS DIGHTON - MUSEU NACIONAL DE ARMAS, LONDRES 22 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 25. DOC. 3 Questão De acordo com o mapa, qual nação euro- peia possuía o maior número de territó- rios no continente africano e qual delas tinha o menor número de possessões? Registre em seu caderno. 20° L EQUADOR Portugal Grã-Bretanha França Espanha Itália Bélgica Alemanha Territórios independentes Domínios europeus MARROCOS TUNÍSIA SAARA ESPANHOL ARGÉLIA LÍBIA EGITO TOGO ETIÓPIA GÂMBIA ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA SUDÃO ANGLO-EGÍPCIO ERITREIA SOMÁLIA FRANCESA SOMÁLIA BRITÂNICA SOMÁLIA ITALIANA GUINÉ PORTUGUESA SERRA LEOA LIBÉRIA COSTA DO OURO NIGÉRIA CAMARÕES ÁFRICA EQUATORIAL FRANCESA GUINÉ ESPANHOLA ÁFRICA EQUATORIAL FRANCESA CONGO BELGA ÁFRICA ORIENTAL BRITÂNICA UGANDA ÁFRICA ORIENTAL ALEMÃ ANGOLA NIASSALÂNDIA ZANZIBAR BECHUANALÂNDIA ÁFRICA DO SUDOESTE ALEMÃ (NAMÍBIA) RODÉSIA DO NORTE RODÉSIA DO SUL UNIÃO SUL-AFRICANA SUAZILÂNDIA MADAGASCAR MOÇAMBIQUE BASUTOLÂNDIA OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO MAR MEDITERRÂNEO 0° A pArtilhA dA ÁfricA A Conferência de Berlim Com o objetivo de solucionar os conflitos im- perialistas e organizar a dominação da África pelas grandes potências, realizou-se, entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, a Conferência de Berlim, da qual participaram França, Bélgica, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Dinamarca, Suécia, Noruega, Países Baixos, Áustria-Hungria e Turquia. Representantes desses países celebraram um acordo que ficou conheci- do como Partilha da África [doc. 3], no qual organi- zaram a corrida para conquistar os poucos territórios ainda livres do continente africano. O princípio geral acordado em Berlim reconhecia a área de influência das potências estrangeiras em território africano e legitimava as conquistas que poderiam ser feitas na zona que cabia a cada uma delas. Isso significava que, por exemplo, uma vez estabelecida na costa norte do Atlântico, a potência poderia, a partir daí, avançar em direção ao interior. O resultado foi a ampliação, na África, dos impérios coloniais da Grã-Bretanha, da França e de Portugal e a definição de uma fatia da partilha colonial para a Alemanha, a Itália e a Bélgica. Nesse processo de divisão dos territórios entre as nações europeias, não foram levadas em consi- deração as formas de organização tradicionais dos africanos nem suas especificidades linguísticas e culturais. Muitas vezes, a partilha agrupou etnias his- toricamente rivais e separou outras com elementos de identidade cultural comuns. Os movimentos africanos de resistência à domi- nação europeia não puderam, pelo menos em curto prazo, conter o avanço imperialista. No saldo da partilha, apenas a Libéria e a Etiópia ficaram livres do domínio europeu. “Apesar da vitória dos europeus no processo de conquista e ocupação dos territórios do con- tinente africano, os movimentos de resistência africanos têm tido, nos últimos anos, destaque como objeto de estudo. Essas pesquisas tendem a revelar a importância das diferentes formas de resistência africana, desde o protesto social cotidiano até a articulação de movimentos de grande alcance.” ISAACMAN, A.; VANSINA, J. Iniciativas e resistência africanas na África Central, 1880-1914. In: BOAHEN, A. Adu. (Coord.). História geral da África: a África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo: Ática/Unesco, 1985. p. 195. v. 7. Fonte: PARKER, Geoffrey. Atlas Verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997. p. 112-113. 880 km andeRSon de andRade piMenteL Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 23 A resposta deste doc. está no Suplemento para o professor.
  • 26. Controvérsias Os motivos do imperialismo l Questões 1. Identifique o posicionamento apre- sentado em cada texto a respeito das motivações do imperialismo. 2. Quais são os argumentos apresenta- dos nos textos para justificar as teses apresentadas? 3. Na sua opinião, qual é a importância da discussão sobre as práticas imperialistas do passado? Registre em seu caderno. O conceito de imperialismo é alvo de muitas discus- sões entre os historiadores. Os que adotam a interpre- tação tradicional veem como causas do imperialismo as transformações econômicas do capitalismo, que teriam levado à formação de monopólios e à concorrência entre potências pelos mercados coloniais. Defensores de outras interpretações consideram os aspectos políticos, culturais e institucionais para demonstrar que a economia não teria sido a principal nem a mais importante motivação da corrida imperialista. Os dois textos a seguir ilustram essas posições. Texto 1 “O conjunto de práticas que constitui o im- perialismo começou a ganhar coerência a partir do fim do século XIX na Europa ocidental, com a concorrência entre as economias capitalistas [...]. Foi o momento do surgimento do capitalismo monopolista, em que a livre concorrência entre diferentes empresas gerou concentração da pro- dução nas mãos das mais bem-sucedidas, levando à formação de monopólio. [...] O imperialismo promoveu disputas por fontes de matérias-primas entre trustes e cartéis que, já tendo dominado o mercado interno em seus países de origem, pre- cisavam se expandir para além de suas fronteiras, defrontando-se com cartéis e trustes de países concorrentes. Nesse momento, a classe deten- tora da produção capitalista passou a rejeitar as fronteiras nacionais como barreira à expansão econômica, transformando o crescimento eco- nômico em expansão territorial.” SILVA, Kalina V.; SILVA, Maciel H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2013. p. 218-219. Texto 2 “Não há provas válidas de que a conquista colonial como tal tenha tido muita relação com o nível de emprego ou com os rendimentos reais da maioria dos operários dos países metropolitanos, e a ideia de que a emigração para as colônias propiciaria uma válvula de escape aos países superpovoados foi pouco mais que uma fantasia demagógica. [...] Muito mais relevante era a conhecida prática de oferecer aos eleitores a glória, muito mais que reformas onerosas: e o que há de mais glorioso que conquistas de territórios exóticos e raças de pele escura, sobretudo quando normalmente era barato dominá-las? De forma mais geral, o imperialismo encorajou as massas, e sobretudo as potencialmente descontentes, a se identificarem ao Estado e à nação imperiais, outorgando assim, inconscientemente, ao sistema político e social representado por esse Estado, justificação e legitimidade.” HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 105. Membros da primeira missão do explorador francês Savorgan de Brazza, no Congo. Foto de 1900. coLLection RogeR-vioLLet/aFp 24
  • 27. Arte, ciência e ideologia na Belle Époque 1.4 O Cinematógrafo Lumière (1896), cartaz publicitário de Brispot. Museu Carnavalet, Paris, França. A era do progresso e do otimismo Em tempos de aceleração das mudanças tecnológicas, muitas pessoas acabam alimentando a crença (ilusória) de que a tecnologia solucionará todos os problemas da humanidade e a conduzirá a um mundo de paz e prosperidade. Um desses períodos foi o da virada do século XIX para o século XX: a cha- mada Belle Époque (do francês, “Bela Época”), vivenciada tanto na Europa quanto fora dela, como no Brasil. No mundo que se constituía, as cidades cresciam de maneira incessante, fornecendo condições para a formação das chamadas massas urbanas, principalmente na Europa de finais do século XIX. A difusão das mudanças promovidas na Belle Époque foi facilitada pelo grande desenvolvimento dos meios de comunicação. A ampliação das publicações literárias, dos jornais e do público leitor, a diminuição do tempo de deslocamento entre as cidades em virtude da expansão da rede ferroviária e os avanços técnicos colaboraram para o clima de entusiasmo e de otimismo quanto à capacidade humana para criar e superar obstáculos. As exposições universais As exposições universais eram a vitrine da Belle Époque. Nelas, celebra- vam-se a cultura e o progresso tecnológico, considerados as principais con- quistas do “homem civilizado”. Invenções, engenhocas e artefatos de diversas partes do mundo eram exibidos em pavilhões para milhares de espectadores. Na exposição de 1889, comemorando o centenário da Revolução Francesa, foi inaugurada a Torre Eiffel. Na exposição de 1900 construiu-se um palácio monumental iluminado por 12 mil lâmpadas, onde foram expostos inventos de todos os tipos. Numa tela gigante, eram exibidos filmes de Louis Lumière, mostrando a grande novidade do momento: o cinematógrafo. Construção de uma fonte próximo à Torre Eiffel na montagem da Exposição Universal de 1889, em Paris, França. A Torre Eiffel foi edificada como arco de entrada do evento. Por causa de seu sucesso, a estrutura foi mantida e hoje é o principal cartão-postal de Paris. h. bRiSpot – MuSeu caRnavaLet, paRiS bRidgeMan iMageS/keYStone bRaSiL – coLeção paRticuLaR 25 As exposições universais eram grandes feiras que reuniam diversos expositores dos setores industrial, agrícola, educacional, artístico e de insumos. As nações participantes buscavam propagandear o seu desenvolvimento tecnológico e promover o comércio. A primeira foi realizada em Londres, em 1851. No século XX, as exposições universais assumiram um caráter mais cultural do que comercial e ainda hoje continuam a ocorrer. A Itália sediou o evento em 2015.
  • 28. A revolução das vanguardas artísticas Até o século XIX, o espaço da arte estava reservado a instituições espe- cializadas, como museus, salas de concerto, galerias e academias. O público era formado por uma pequena elite econômica e letrada que dispunha de tempo para as atividades culturais. O gosto burguês tornou-se hegemôni- co e apenas as obras consideradas de acordo com os conceitos estéticos burgueses eram valorizadas. Assim, artistas inovadores como Vincent van Gogh (1853-1890), Paul Gauguin (1848-1903) e Paul Cézanne (1839- -1906), hoje universalmente reconhecidos, foram rejeitados em sua época por não se enquadrarem nas convenções da arte burguesa e, muitas vezes, por contradizerem os valores morais da época. No início do século XX, alguns pintores, escultores, músicos, arqui- tetos e dramaturgos começaram a questionar as técnicas e os modelos de produção vigentes nas academias de arte. Chamada de vanguarda, essa geração de artistas acreditava que a função da arte moderna era expressar novas experiências em um mundo cada vez mais moldado pela tecnologia. A velocidade dos carros e de outros meios de transporte, a fragmentação do espaço, a aglomeração da multidão, o som repetitivo das ferramentas e das máquinas da construção civil e das fábricas, todas essas situações presentes nas grandes cidades alteraram a percepção humana e passaram a ser cotidianas, inspirando os artistas. Vanguarda: de origem militar, o termo designa o batalhão que vai à frente dos demais (o primeiro a chegar e, geralmente, o primeiro a ser abatido). Indica pioneirismo. Um pintor considerado maldito Quando vivo, o artista holandês Vincent van Gogh conseguiu vender apenas um qua- dro. As tintas, telas e demais materiais que ele utilizava para pintar eram financiados por seu irmão, Theo. Precursor da arte moderna, Van Gogh teve uma vida conturbada, mar- cada por crises de depressão, por tratamentos psiquiátricos, pela mutilação de uma das orelhas e pelo suicídio aos 37 anos. Atualmente suas telas são vendidas por milhões de dólares nos leilões de arte. Oliveiras (1889), pintura de Vincent van Gogh. Instituto de Arte de Mineápolis, Estados Unidos. Dialogando com a ARTE VINCENT VAN GOGH – INSTITUTO DE ARTE DE MINEÁPOLIS 26 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Os vanguardistas das artes viam-se como o batalhão de frente nas lutas contra o conformismo, a tradição e o culto ao passado. Pesquisas recentes puseram em dúvida a tese de que Vincent van Gogh teria cometido suicídio. Para Seven Naifeh e Gregory White, autores do livro Van Gogh: a vida, o artista teria sido atingido por disparos acidentais. NAIFEH, Seven; WHITE, Gregory. Van Gogh: a vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
  • 29. Dialogando com a ARTE Diálogos com a arte africana Durante muito tempo, a produção artística africana foi excluída da his- tória da arte, pois, de acordo com o pensamento racista predominante na Europa do século XIX e início do XX, a arte africana era primitiva, produzida por povos “bárbaros” e “inferiores”. Nas primeiras décadas do século XX, contudo, a pintura realista passou por uma crise na Europa. Muitos artistas desejavam transformar e romper com a arte acadêmica. Dessa maneira, o contato com artefatos africanos, levados pelos viajantes e exploradores que haviam visitado a África, possi- bilitou aos artistas europeus um novo olhar sobre a arte. Alguns artistas, como o poeta Guillaume Apollinaire e os pintores Henri Matisse e Pablo Picasso, encantados com essas peças, reconheceram as obras africanas como objeto de admiração e fonte de inspiração [doc. 4]. “Durante a revolução na arte [...], a admiração pela escultura negra foi, na verdade, um dos fatores que reuniram artistas mais jovens das mais diversas tendências. Tais objetos podiam ser adquiridos em lojas de antiguidades por muito pouco dinheiro, e, assim, algumas máscaras tribais vindas da África substituíram as reproduções do Apolo de Belvedere que tinham adornado os estúdios dos artistas acadêmicos.” GOMBRICH, Ernst. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999. p. 562-563. Em geral, as peças de arte africana eram compradas ou trocadas por pesquisadores, geógrafos e etnógrafos, roubadas ou pilhadas por agentes coloniais ou produzidas por africanos com o objetivo de comercializá-las com os europeus. Levadas para a Europa, as peças passavam a compor os acervos de museus ou eram vendidas em antiquários. DOC. 4 Questão Relacione o imperialismo europeu na África com obras produzidas pela vanguarda artística europeia. Registre em seu caderno. 1. Retrato de Madame Yvonne Landsberg (1914), Henri Matisse. Observe que os traços do rosto da personagem se assemelham aos de máscaras africanas e o restante do corpo foi desenhado acompanhando esses traços. 2. Máscara Gueledé (c. século XIX), cultura iorubá, Nigéria. 3. Busto de uma mulher (1907), um estudo de Pablo Picasso. 1 3 2 © SUCCESSION H. MATISSE/AUTVIS, BRASIL, 2016 – MUSEU DE ARTE DA FILADÉLFIA WERNER FORMAN ARCHIVE/GLOW IMAGES – GALERIA ENTWISTLE, LONDRES © SUCCESSION PABLO PICASSO/AUTVIS, BRASIL, 2016 – MUSEU PICASSO, PARIS 27 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. As peças africanas eram levadas para a Europa para compor os acervos de museus, como o do Museu Etnográfico de Berlim, na Alemanha. Esse museu abriga um dos maiores e mais importantes acervos de arte africana do mundo, com 75 mil peças, entre máscaras, esculturas figurativas, joias de marfim e ouro, apoios para a nuca e pentes. A resposta deste doc. está no Suplemento para o professor.
  • 30. Indivíduos da etnia Pauxiana, Manaus (AM). Foto de 1895. O grupo indígena Pauxiana, do ramo linguístico caribe, foi extinto no início do século XX. A antropologia cultural reconheceu a importância, a diversidade e a riqueza dos povos indígenas e de outras sociedades tradicionais. A antropologia entre o racismo e a ciência O processo de conquista e dominação da África e da Ásia pelas potên- cias europeias foi sustentado por explicações ideológicas que ocultavam os interesses econômicos imediatos. Assim, muitos cientistas do século XIX aproveitaram a teoria da evolução das espécies, criada por Charles Darwin, para formular o chamado darwinismo social. Seguindo o mesmo princípio elaborado por Darwin para explicar a evolução das espécies na natureza, os darwinistas sociais defendiam a ideia de que as sociedades se modificavam e evoluíam ao longo do tempo. Segundo essa visão, cada povo se encontrava num estágio de evo- lução, que podia ir do “selvagem bárbaro”, o mais baixo, até o “civilizado”, o mais elevado. Também distorcendo a teoria de Darwin, inventou-se o conceito de raça como categoria biológica e difundiu-se a ideologia da superioridade racial e da existência de diferenças psicológicas, morais e intelectuais entre as raças. O racismo foi utilizado para justificar a expansão imperialista eu- ropeia, pois propagava a ideia da superioridade da “raça branca” em relação aos outros povos. Além disso, partindo do princípio de que as sociedades tradicionais da África, da Ásia e da América viviam num es- tágio primitivo da história humana, os evolucionistas sociais defendiam a suposta missão dos europeus de levar a “civilização” aos “bárbaros” e “selvagens”. O racismo de aparência científica foi desmoralizado e refutado pelos estudos de antropologia cultural, desenvolvidos no final do século XIX. Os trabalhos de Franz Boas (1858-1942) e Marcel Mauss (1872-1950), entre outros, mostraram que todos os seres humanos interagem com o mundo da mesma maneira, por meio de complexos sistemas simbólicos, não haven- do apenas uma forma correta, ou “civilizada”, de viver. As conclusões da antropologia cultural foram, posteriormente, confirmadas pelos estudos da genética humana: os seres humanos não podem ser divididos em raças, pois todas as pessoas, não importando de que etnia ou cultura provenham, partilham o mesmo genoma e, portanto, apresentam as mesmas capaci- dades e potencialidades. Grafia dos nomes dos povos indígenas Nos livros desta coleção, os nomes dos povos indíge- nas do Brasil foram escritos de acordo com a Convenção para a grafia dos nomes tri- bais, aprovada na 1a Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953: • com inicial maiúscula, quando usados como substantivos, sendo op- cional quando usados como adjetivos; • sem flexão de número ou gênero. Legado cientÍFico de theodoR koch-gRÜnbeRg/coLeção etnogRÁFica da univeRSidade phiLippS de MaRbuRg, aLeManha Dialogando com a SOCIOLOGIA 28 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 31. ATIVIDADE S Registre em seu caderno. Revendo o capítulo 1 Sobre a Segunda Revolução Industrial, responda: a) Quais foram as novas fontes de energia utilizadas? Que impactos socioeconômicos o uso delas causou? b) Identifique algumas das tecnologias que, com o tempo, difundiram-se pelos continentes, interli- gando a economia das áreas mais pobres à econo- mia dos países capitalistas centrais. Quais foram as consequências desse processo? 2 Em relação ao imperialismo, classifique as sentenças como verdadeiras ou falsas. a) A África e a Ásia foram submetidas a um tipo específico de colonização cuja característica foi a dominação militar, política e econômica. b) A dominação britânica na Índia provocou a desarti- culação econômica das comunidades tradicionais. Os indianos foram convertidos em fornecedores de matérias-primas e importadores de tecidos ingleses. c) O Tratado de Nanquim, celebrado entre a China e o governo britânico em 1842, pôs fim às Guerras do Ópio e equalizou o comércio entre ambos os países. d) A Conferência de Berlim afirmou a partilha do con- tinente africano entre as nações europeias, man- tendo separadas etnias historicamente rivais e agrupando as que mantinham tradições comuns. e) O imperialismo resultou da combinação de interes- ses das empresas de capital privado e das nações europeias, que viam nesse processo uma oportu- nidade para controlar e expandir sua economia. Aplicando 3 O médico Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) foi um dos representantes do darwinismo social no Brasil. Leia a seguir o trecho de um texto escrito por ele e responda às questões. “Os extraordinários progressos da civilização europeia entregaram aos brancos o domínio do mundo, as suas maravilhosas aplicações industriais suprimiram a distância e o tempo. Impossível conceder, pois, aos negros, como em geral aos povos fracos e retardatários, lazeres e de- longas para uma aquisição muito lenta e remota da sua emancipação social. [...] A geral desaparição do índio em toda a América, a lenta e gradual sujeição dos povos negros à administração inteligente e exploradora dos povos brancos, tem sido a resposta prática a essas divagações [...]. O que importa ao Brasil determinar é o quanto de inferioridade lhe advém da dificuldade de civilizar-se por parte da população negra que possui e se de todo fica essa inferioridade compensada pelo mestiçamento [...].” RODRIGUES, Raimundo Nina. Os africanos no Brasil. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. p. 290-291. Disponível em <http://books.scielo. org/id/mmtct/10>. Acesso em 4 abr. 2016. a) Quais são as ideias defendidas por Nina Rodrigues? De que forma elas se relacionam ao darwinismo social? b) Por que o racismo ainda persiste? Quais são os efeitos dessa prática e como podemos superá-la? 4 Observe a charge e responda às questões. Albert robidA – Coleção pArtiCulAr A linha de bonde no Louvre (1883), charge de Albert Robida. a) Que elementos da Belle Époque estão presentes na charge? b) Qual é a crítica expressa pela charge? c) Você concorda com o ponto de vista do chargista? Justifique. Debatendo/Pesquisando 5 Desde a primeira projeção do cinematógrafo, no final do século XIX, até as exibições contemporâneas, o cinema tornou-se um importante veículo de comunicação de massa. Theodor Adorno e Max Horkheimer, em 1947, teceram críticas à evolução desse modelo de entrete- nimento. Leia o texto a seguir e responda às questões. “Os desocupados das metrópoles encontram amenida- de no verão e calor no inverno nas salas de temperatura regulada. Por outro lado, mesmo ao nível do existente, o sistema inflado pela indústria dos divertimentos não torna, de fato, mais humana a vida para os homens. A ideia [...] de utilizar plenamente as capacidades [técni- cas] existentes para o consumo estético de massa, faz parte do sistema econômico que se recusa a utilizar suas capacidades quando se trata de eliminar a fome.” ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas. In: ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p. 21. a) Qual é a crítica feita no texto à indústria do cinema? b) Você concorda com a ideia de que o cinema pode dis- tanciar o espectador da realidade? De que forma isso aconteceria? Debata essas questões com os colegas. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 29
  • 32. OBJETIVOS • Compreender o contexto político europeu que le- vou à eclosão da Primei- ra Guerra Mundial. • Contextualizar a relação entre o desenvolvimento tecnológico e a guerra. • Explicar as principais mu- dançasqueaPrimeiraGuer- ra Mundial promoveu no cenário europeu. • Refletir sobre o significado da guerra e sobre as suas consequências. PALAVRAS-CHAVE • Nacionalismo • Corrida armamentista • Pan-eslavismo • Guerra de trincheiras • Tratado de Versalhes A Primeira Guerra Mundial CAPÍTUL O 2 O horror da guerra No final do século XV, o pensador Nicolau Maquiavel disse que os líderes decidem quando uma guerra começa, mas não podem decidir quando acaba. Os dirigentes que iniciaram, em 1914, o conflito que viria a ser conhecido como a Primeira Guerra Mundial, ou a “Grande Guerra”, acreditavam que seria um conflito curto. Contudo, durou quatro anos, ceifou aproximadamente 17 milhões de vidas e quase arruinou a economia da maioria dos países envolvidos. A Primeira Guerra Mundial é o exemplo mais antigo do que se pode chamar de “guerra total”, em que todos os recursos econômicos, industriais e humanos dos países envolvidos são mobilizados com um único objetivo: vencer o inimigo. Calcula-se que, dos aproxima- damente 65 milhões de homens que participaram da guerra, cerca de 10 milhões foram mortos nos campos de batalha e 21,2 milhões ficaram feridos. Entre os civis, 6,6 milhões morreram atingidos por bombardeios, pela fome ou por doenças. Experiência sem precedentes na história humana, a Primeira Guerra Mundial traumatizou toda uma geração de indivíduos. Foi paradoxal o fato de esse conflito ter ocorrido num período de grande inovação científica e tecnológica, principalmente na Europa, o palco da guerra. Vista dos túmulos de soldados que combateram na Batalha de Verdun. Memorial do Forte Douaumont, Verdun, França, 2014. Essa batalha, ocorrida entre fevereiro e dezembro de 1916, foi a mais longa e sangrenta da Primeira Guerra Mundial, tendo resultado em cerca de 1 milhão de mortos e meio milhão de feridos. uWe Zucchi/dpA picture ALLiAnce/AFp 30
  • 33. A marcha para a guerra 2.1 Os antecedentes da guerra No início do século XX, a Europa vivia um período de otimismo e ino- vações, conhecido como Belle Époque. O rápido avanço tecnológico, o crescimento dos centros urbanos e os lucros do imperialismo garantiram décadas de paz e prosperidade a países como Grã-Bretanha, França e Alemanha. Esse clima de euforia, no entanto, encerrou-se com a eclosão de um conflito regional na Península Balcânica que acabou envolvendo as potências imperialistas europeias e causando milhões de mortes. Uma série de fatores explica a complexidade e a emergência da Primei- ra Guerra Mundial, como a crescente concorrência política e econômica entre as potências europeias, o acirramento de sentimentos nacionalistas e, por fim, a composição de alianças militares por meio da assinatura de tratados diplomáticos. Imperialismo e nacionalismo No século XIX, Grã-Bretanha e Alemanha alimentaram uma intensa ri- validade nos campos político e econômico. A Grã-Bretanha era a principal potência industrial e comercial da época e contava com extensas colônias na África e na Ásia. Essa supremacia econômica, porém, começou a perder espaço para a indústria alemã. A Alemanha, mesmo tendo ficado para trás na corrida imperialista, prin- cipalmente por ter se consolidado como Estado nacional tardiamente, havia se desenvolvido muito rápido e, em 1900, já superava em alguns setores a poderosa indústria britânica. Essa situação gerou uma grande rivalidade entre os dois países. A França, por sua vez, havia tempos esperava por uma guerra contra a Alemanha. A derrota humilhante na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) ainda estava na memória dos franceses, que esperavam reaver os territó- rios da Alsácia e da Lorena, ricos em minérios. Dessa maneira, a disputa comercial e os interesses imperialistas estavam entre os principais fatores para a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Ao mesmo tempo que as potências europeias disputavam territórios coloniais, um forte nacionalismo crescia entre a população desses países. Os governos e a imprensa mobilizavam a população por meio de apelos patrióticos, difundindo a crença na superioridade de seu povo e da nação sobre seus rivais. “[...] Pode-se falar de uma verdadeira religião da pátria, inculcada pela escola laica (por volta de 1880, as crianças aprendiam a manejar armas, usando espingardas de madeira, desde a escola primária), e ensinada também nas instituições religiosas. O nacionalismo é um ‘valor’ partilhado tanto pela direita quanto pela esquerda [...].” VINCENT, Gérard. Guerras ditas, guerras silenciadas e o enigma identitário. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard (Orgs.). História da vida privada: da Primeira Guerra aos nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 208. v. 5. Representação de enlace amoroso entre uma mulher alsaciana e um soldado francês em cartão-postal de 1907. A tradução do texto em francês é: “Troquemos um beijo em frente a esta fronteira. Seja valente, bravo e forte: em você, a Alsácia deposita suas esperanças!”. O texto e a imagem transmitem a ideia da Alsácia, perdida para os alemães após a Guerra Franco-Prussiana, como um território que deveria ser retomado pela França. imAgem cedidA peLo proF. dr. mArco A. stAncik 31
  • 34. A formação de alianças e a corrida armamentista O longo período de paz da Belle Époque foi repleto de alianças milita- res. Em 1882, a Alemanha, consciente de sua rivalidade com a França e a Grã-Bretanha, estabeleceu um acordo com a Áustria-Hungria e a Itália, for- mando a Tríplice Aliança. França e Grã-Bretanha, apesar de rivais históricas, juntaram-se à Rússia e formaram, entre 1893 e 1897, a Tríplice Entente (conhecida como aliados), com o objetivo de deter o avanço alemão. A disputa entre as nações europeias também se manifestou na forma de uma corrida armamentista. O processo de desenvolvimento da indústria de guerra caracterizou-se pelo crescente investimento do Estado na pro- dução de armamentos cada vez mais eficientes e destrutivos. Nos anos que antecederam a deflagração do conflito, as grandes po- tências preparavam-se para a guerra aperfeiçoando os transportes e as comunicações, e ampliando a produção bélica e o recrutamento militar. Por causa do aumento extraordinário dos armamentos e do clima de tensão que se criou na Europa, esse período foi chamado de paz armada. O pan-eslavismo e a crise nos Bálcãs A região dos Bálcãs, na Europa Central, era uma zona de instabilidade e de conflitos desde que o poder do Império Otomano começou a declinar, em 1870. Com o esfacelamento do império, os grupos étnicos que viviam na região (sérvios, búlgaros e romenos, principalmente) começaram a se organizar para formar novos Estados. A Sérvia, com população de origem eslava, tornou-se independente do Império Otomano em 1878 e logo in- vestiu em uma campanha nacionalista pela construção da Grande Sérvia, reunindo croatas, bósnios e eslovenos. O nacionalismo sérvio apoiava-se no pan-eslavismo promovido pela Rússia, que pregava a união da grande “família eslava” da Europa Oriental. Os objetivos expansionistas da Sérvia chocavam-se, no entanto, com as ambições territoriais do Império Aus- tro-Húngaro, que desde 1908 havia anexado a Bós- nia e a Herzegovina. Constituído por diferentes minorias étnicas, o Império Austro-Húngaro via com preocupação o crescente nacionalis- mo sérvio nos Bálcãs, que significava uma ameaça concreta a sua unidade territorial. Disputa pelo domínio dos mares Em 1914, a Grã-Bretanha liderava a corrida naval e mantinha seu tradicional predomínio sobre os ma- res. A Alemanha, além de possuir o Exército mais po- deroso do mundo, passou a investir na construção de uma Marinha que pudesse rivalizar com a britânica. O PODER NAVAL ALEMÃO E INGLÊS EM 1914 Nação Tripulação Maiores navios Grã- -Bretanha 209.000 29 Alemanha 79.000 17 Fonte: FERGUSON, Niall. O horror da guerra: uma provocativa análise da Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Planeta, 1999. p. 85. Manifestação em Belgrado, na Sérvia, organizada pelo Partido Radical Sérvio em defesa de Ratko Mladic, ex-general sérvio acusado de comandar o massacre de cerca de 8 mil muçulmanos durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). Foto de 2011. O ultranacionalismo sérvio continua sendo motivo de grandes conflitos étnicos na região dos Bálcãs. srdJAn stevAnovic/ getty imAges 32 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Estava claro para os governos dos países europeus que haveria uma guerra, e, por isso, todos procuraram precaver-se por meio dos acordos militares citados neste texto. Se possível, discuta com os alunos a produção, a aquisição, a acumulação e o uso de equipamentos militares em nossos dias, assim como a importância desse comércio para a política internacional. Lembre os alunos de que os principais clientes da indústria bélica são os governos.
  • 35. Eclode o conflito mundial 2.2 O estopim da guerra O evento que desencadeou a Primeira Guerra Mundial foi um atentado na cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, em 28 de junho de 1914. Nesse dia, o arquiduque Francisco Ferdinando – herdeiro do Império Austro-Húngaro – e sua esposa foram mortos a tiros por um integrante de um grupo nacionalista sérvio. O objetivo do ataque era deflagrar uma revolução contra o Império Austro-Húngaro, mas acabou gerando consequências mais graves. O assassinato aumentou a tensão entre a Áustria-Hungria e a Sérvia, que entraram em guerra no mês seguinte. A partir de então, as declarações de guerra se seguiram. A Rússia, aliada da Sérvia, começou a movimentar sua máquina de guerra. Em resposta aos russos, a Alemanha declarou guerra à Sérvia, à Rússia e à França. Os alemães deslocaram o eixo do conflito para a Frente Ocidental, invadin- do a Bélgica, país neutro, com o objetivo de chegar à França. Com o avanço alemão, a Grã-Bretanha entrou no conflito. Só a Itália permaneceu neutra, aguardando o resultado dos acontecimentos para se posicionar: seu maior interesse era conquistar territórios ao norte e colônias na África. Em 1915, porém,aItália,quetinhaumacordocomaAlemanha,mudoudeladoealiou-se aos britânicos e franceses na Tríplice Entente, em troca de ganhos territoriais. O apoio da população civil Um dos aspectos mais surpreendentes da Primeira Guerra foi o envolvi- mento patriótico da população civil, que se engajou ativamente no conflito, acreditando que a guerra possibilitaria a conquista da glória e uma expe- riência de vida intensa: apoiá-la era uma questão de lealdade à pátria. O sentimento de patriotismo e o orgulho de defender a nação eram criações da ideologia nacionalista, sem a qual teria sido impossível o engajamento voluntário da população. Desde 1871, a Alemanha, por exemplo, conseguira mobilizar cerca de 1 milhão de homens, todos treinados em tempos de paz. Já o comando militar britânico apelava para o alistamento voluntário – mais de 1 milhão de pessoas se alistaram em 1914. Esse número de voluntários, entretanto, oscilava constantemente. Em razão disso, em 1916, foi implantado no país o serviço militar obrigatório para todos os homens entre 18 e 41 anos. Frente Ocidental: local de bata- lhas entre os exércitos inimigos. Compreendia, de maneira geral, as regiões da Bélgica e de Luxem- burgo e o norte da França. Soldados alemães partindo de Berlim para a frente de batalha, 1914. No início do conflito, era comum ver cenas como a da foto, em que pessoas proferiam mensagens de incentivo à guerra e apoiavam os homens que se alistavam. Capa da revista London Opinion, de 1914, com os dizeres: “Seu país precisa de você”. Biblioteca do Congresso, Washington, Estados Unidos. Essa imagem de capa tornou-se a mais famosa da campanha britânica de convocação para o Exército. reprodução – bibLiotecA do congresso, WAshington bridgemAn imAges/keystone brAsiL 33 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.