SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 207
2
Geografia
Geografia
«VOLUM E 2 | ENSIN O MÉDIO»
IGOR MOREIRA
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor no núcleo de pós-graduação da Faculdade Porto-Alegrense (Fapa-RS).
1a
edição
Curitiba, 2016
Vivá Geografia - Volume 2
© 2016 - Igor Moreira
Direitos de publicação
© 2016 Editora Positivo Ltda.
Direção de programas de governo e governança editorial Márcia Takeuchi
Gerência editorial Sandra Cristina Fernandez
Supervisão editorial Cláudia Carvalho Neves
Coordenação editorial e edição Jaqueline Paiva Cesar
Edição Flávia Garcia Penna, Angélica Campos Nakamura
Elaboração de conteúdo Angélica Campos Nakamura, Dirceu Franco, Elizabeth Auricchio
Leitura crítica Júlio César Suzuki
Autoria Igor Moreira. Reformulação dos originais de Igor Moreira e Elizabeth Auricchio
Assistência editorial Emilia Yamada, Karina Miquelini
Revisão Kátia Scaff Marques (superv.), Maya Indra Souarthes Oliveira,
Edilene Rodrigues
Supervisão de arte Juliano de Arruda Fernandes
Edição de arte Alexandre Francisco da Silva Pereira, Juliana Medeiros de Albuquerque
Capa Megalodesign
Projeto gráfico Pedro Gentile com ilustrações de Daniel Cabral
Editoração eletrônica Muiraquitã Editoração Gráfica
Supervisão de iconografia Janine Perucci
Iconografia Tassiane Tokarski, Jéssica Miara
Produção gráfica Danilo Marques da Silva
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
M838 Moreira, Igor.
Vivá : geografia : volume 2 : ensino médio / Igor Moreira – Curitiba: Positivo, 2016.
: il. (Coleção Vivá)
1. Geografia. 2. Ensino médio – Currículos. I. Título.
CDD 373.33
ISBN 978-85-467-0712-6 (Livro do estudante)
ISBN 978-85-467-0713-3 (Manual do professor)
1ª edição
2016
Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.
R. Major Heitor Guimarães, 174
80440-120 – Curitiba – PR
Fale com a gente: 0800 723 6868
Site: www.editorapositivo.com.br
Impressão e acabamento:
Gráfica Posigraf S.A.
R. Senador Accioly Filho, 500
81310-000 – Curitiba – PR
E-mail: posigraf@positivo.com.br
Apresentação
Caro estudante:
Vivemos num mundo cada vez mais complexo em todas as áreas: relações internacionais, ciência,
tecnologia, economia. Hoje, um acontecimento particular se inscreve numa teia de relações de alcance
globalizado. Estamos na era do conhecimento, usado de modo intensivo em todas as esferas sociais,
seja na escola, seja no trabalho, seja na convivência cotidiana.
Como decifrar uma atualidade tão múltipla e em constante transformação? Como saber o que é
mundo e como ele fu186nciona? Como formar alunos-cidadãos conscientes, capazes de atuar no
presente e construir o futuro?
O objetivo desta coleção é contribuir com referências essenciais para que você possa ampliar seus
conhecimentos geográficos, compreendendo as transformações do espaço geográfico como produto
das relações socioeconômicas, culturais e de poder.
Este segundo volume da coleção se inicia com estudos sobre região e regionalização,
indispensáveis ao entendimento da dinâmica de formação e construção do território nacional, bem como
sobre a inserção do país no sistema internacional; aborda os elementos físicos integrantes na
construção do espaço brasileiro, os aspectos sociais e culturais, e, finalmente, os circuitos brasileiros de
produção, circulação e consumo.
O autor.
Conheça seu livro
< imagem >
Abertura de unidade
Apresenta uma imagem ampla, relacionada com os assuntos que serão estudados na unidade. Contém um texto introdutório e algumas
questões para você refletir.
< imagem >
Abertura de capítulo
Os capítulos começam com uma imagem e um texto introdutório sobre os principais assuntos que serão abordados.
< imagem >
Ampliando o conhecimento
Apresenta infográficos que ampliam alguns temas relacionados aos conteúdos estudados ao longo dos capítulos.
< imagem >
Pensando bem
Propõe atividades para você checar o que aprendeu, retomar os conteúdos estudados e aprofundar seus conhecimentos.
< imagem >
Para saber mais
Oferece informações complementares e interessantes sobre um conteúdo estudado no capítulo.
< imagem >
Conexões
Possibilita o aprofundamento de seus conhecimentos por meio de textos relacionados aos temas estudados no capítulo.
Texto & contexto
Traz questões para serem respondidas no caderno. Elas incentivam a interpretação de textos, fotografias, mapas, tabelas e gráficos.
< imagem >
Para ler, pesquisar e assistir
Apresenta sugestões de livros, sites e filmes sobre os assuntos estudados.
Glossário
Apresenta o significado de palavras e expressões de difícil compreensão.
< imagem >
Desafios & debates
Contém atividades diferenciadas para pesquisa, reflexão e debate sobre um tema.
< imagem >
Projeto
No final do volume, há um projeto que valoriza práticas de pesquisa associadas ao conhecimento geográfico e suas relações com outras
áreas do saber.
< imagem >
Índice remissivo
No final do volume, você encontra uma relação de conceitos, categorias e termos importantes para a Geografia e as res pectivas páginas
em que as ocorrências são mais significativas.
Ícone
Interdisciplinaridade
Indica atividades e propostas interdisciplinares, para que você possa estudá-las de modo integrado com as demais áreas.
Sumário
Unidade
1
Brasil: um país no mundo
CAPÍTULO 1
Construção e integração do território 10
Um país-continente...................................................... 11
Dimensões territoriais ................................................. 12
A construção de um país ............................................ 13
Do “arquipélago” ao continente ............................... 19
Desconcentração espacial ......................................... 22
Cone xões .................................................................... 23
Pe nsa ndo be m .......................................................... 24
Desafi os & debates ................................................. 26
CAPÍTULO 2
Regionalização e planejamento ..... 27
O que é regionalizar? .................................................. 28
Regiões do IBGE .......................................................... 28
Regiões geoeconômicas .............................................30
Os “quatro Brasis”....................................................... 34
IDH e regionalização do Brasil .................................. 35
Ampliando o conhecim ento – Síntese das
regiões do IBGE ........................................................... 36
A estrutura centro-periferia ....................................... 50
Cone xões .................................................................... 51
Pe nsa ndo be m ......................................................... 52
Desafi os & debates ................................................. 54
CAPÍTULO 3
O Brasil no sistema internacional .... 55
Economia global: breve histórico ............................ 56
Transformações recentes do Estado brasileiro .... 57
Investimentos externos no Brasil............................. 65
Cone xões .................................................................... 71
Pe nsa ndo be m ......................................................... 72
Desafi os & debates ................................................. 74
< imagem >
FOTO S PÚBLICA S/A G Ê NC IA BRASIL/M A RC E LO CAMA RG O
Unidade
2
Brasil: paisagens naturais e ação da sociedade
CAPÍTULO 4
Geologia, relevo e águas do Brasil 78
Arcabouço geológico brasileiro ............................... 79
Subsolo brasileiro: recursos minerais .................... 80
Formas do relevo brasileiro....................................... 84
Águas do Brasil ............................................................ 88
Cone xões .................................................................... 97
Pe nsa ndo be m ......................................................... 98
Desafi os & debates ............................................... 100
CAPÍTULO 5
Clima, solo e paisagens vegetais do Brasil 101
Tempo e clima............................................................. 102
Dinâmica das massas de ar no Brasil ................... 102
Biomas do Brasil ........................................................ 108
Formações vegetais do Brasil................................. 109
Extrativismo vegetal no Brasil ................................ 115
Em defesa dos biomas.............................................. 118
Domínios morfoclimáticos: a paisagem
natural em conjunto................................................... 121
Cone xões .................................................................. 125
Pe nsa ndo be m ....................................................... 126
Desafi os & debates ............................................... 128
Unidade 3
Brasil: sociedade e cultura
CAPÍTULO 6
Dinâmica populacional ......................... 132
Quantos somos? Onde vivemos? .......................... 133
Ampliando o conhecim ento – Crescimento
da população............................................................... 134
Idades e gênero .......................................................... 136
Atividades da população .......................................... 141
Um país de desigualdades ....................................... 144
Uma população em movimento .............................. 146
Cone xões .................................................................. 155
Pe nsa ndo be m ....................................................... 156
Desafi os & debates ............................................... 158
CAPÍTULO 7
Um país multicultural ...............................159
Formação étnica do Brasil ....................................... 160
Cultura .......................................................................... 164
Noção de patrimônio ................................................. 165
Patrimônios brasileiros ............................................. 166
Outras manifestações culturais .............................. 175
Geografia dos sabores brasileiros.............................. 178
Cone xões .................................................................. 181
Pe nsa ndo be m ....................................................... 182
Desafi os & debates ............................................... 184
Unidade
4
Brasil: trabalho, circuitos de produção
e urbanização
CAPÍTULO 8
Espaço agropecuário brasileiro ....188
Modernização da agropecuária ............................... 189
Estrutura fundiária ..................................................... 203
Cone xões .................................................................. 211
Pe nsa ndo be m ....................................................... 212
Desafi os & debates ............................................... 214
< IMAGE M >
Pulsar Imagens/Gerson Gerloff
< IMAGE M >
PULSA R IMAGE N S/E DS O N SATO
CAPÍTULO 9
Espaço industrial brasileiro e matriz energética 215
Café e indústria........................................................... 216
Papel do Estado ......................................................... 217
Multinacionais e concentração industrial ............. 217
Estrutura industrial brasileira .................................. 222
Trabalho na indústria ................................................ 227
Fontes de energia, indústria e consumo .............. 228
Produção de energia elétrica no Brasil ................. 237
Matriz energética brasileira ...................................... 238
Cone xões .................................................................. 239
Pe nsa ndo be m ....................................................... 240
Desafi os & debates ............................................... 242
CAPÍTULO 10
Espaço urbano brasileiro ................... 243
Rumo às cidades........................................................ 244
Metropolização ........................................................... 246
Brasil: um país urbano.............................................. 251
Cone xões .................................................................. 257
Pe nsa ndo be m ....................................................... 258
Desafi os & debates ............................................... 260
Projeto: M ul her e tra balho ................................. 262
Índice re mis sivo ..................................................... 267
Referê ncias bibliográficas ................................. 270
UMIDADE
1
Brasil: um país no mundo
A Geografia e a História revelam que o Brasil já foi bem diferente daquele que observamos nos
mapas atuais. Explorado economicamente desde o século XVI, o território brasileiro foi forjado
com base no modelo colonial de exportação. Subordinação de populações locais, apropriação de
espaços e exploração de recursos naturais são características desse modelo.
Como você verá nesta unidade, foi somente no fim do século XIX que o espaço brasileiro deixou de
apresentar uma economia fragmentada, voltada para o exterior, para se constituir em um espaço
integrado.
Mas como se deu a ocupação econômica e a expansão territorial do Brasil? Será que o país
ainda revela diferenças regionais? Ao longo desta unidade, você vai refletir sobre essas
questões, sobre o espaço geográfico brasileiro e suas múltiplas paisagens.
< imagem >
Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Gilberto Ferrez
No século XIX, o principal produto das exportações brasileiras era o café. A secagem dos grãos é a primeira etapa de seu processamento. Nesse período,
a secagem era feita de modo natural, por meio da ação do sol. Na foto, mulheres e homens escravizados trabalham no processamento do café na região do
Vale do Paraíba, Rio de Janeiro (RJ), 1882.
Um primeiro olhar


As grandes façanhas históricas brasileiras foram a conquista de um território continental e a construção de uma
população que ultrapassa os
150 milhões. Nenhum desses feitos foi gratuito. Portugal, que viveu mil anos na
obsessão de fronteira, temeroso de ser engolido pela Espanha, aqui, desde a primeira hora, tratou de marcar e
alargar as bases de suas posses territoriais. Plantou fortalezas a mil léguas de qualquer outro povoador. [...]
RIBEIRO, Darcy . O povo brasileiro: a f ormação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 149.
▸ Converse com os colegas e o professor sobre a ocupação econômica e a expansão do território brasileiro.
▸ Em sua opinião, como é a participação brasileira nos fluxos da economia global?
▸ De acordo com Darcy Ribeiro, a conquista de um território continental foi uma grande façanha histórica do Brasil. A que
se deve esse fato?
capítulo 1
< IMAGEM >
Nasa
Imagem de satélite mostrando parte do território da América do Sul à noite, em 2012.A linha amarela contínua destaca os limites
do Brasil.
Você sabe que o Brasil é um dos países mais extensos do mundo e que, por isso, tem grandes diferenças regionais,
bem como acentuadas desigualdades sociais. Não obstante, é também um país em desenvolvimento, que faz parte dos
chamados países emergentes, os quais apresentam crescente participação e importância nos intercâmbios
internacionais.
Como o presente sempre tem raízes no passado, conhecer o Brasil de hoje implica saber como se deu sua
construção ao longo da história. Por isso, é importante compreender que a ocupação do atual território brasileiro
ocorreu de modo desigual no tempo e no espaço. Assim, torna-se relevante entender o significado da exploração de
certos produtos, como o açúcar, o ouro e o café, na história e na geografia brasileiras; bem como o papel decisivo da
industrialização na atual configuração do espaço nacional.
Este capítulo trata dessa temática, cujo estudo representa uma contribuição inicial para a compreensão do Brasil
de hoje, país com grandes desafios a serem vencidos, mas com imensas possibilidades de vir a ser uma grande
nação, com menos desigualdades e melhores condições de vida para todo o seu povo.
Um país-continente
Com mais de 8 514 876 km², o Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial, ocupando 1,66% da
superfície total da Terra (cerca de 6% das terras emersas do globo). Confira, no mapa abaixo, a dimensão e a
localização geográfica do Brasil em relação aos quatro países maiores que ele: Rússia, Canadá, Estados Unidos e
China.
Mundo: países mais extensos
< mapa >
Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 34.
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
A expressão “país-continente” deve-se a uma comparação entre as áreas do Brasil e da Austrália, a qual praticamente
engloba o menor dos continentes, a Oceania, com aproximadamente 7,7 milhões de quilômetros quadrados. Na
verdade, outras comparações também podem ser feitas. Para você ter uma ideia, a área de pelo menos vinte países
europeus poderia ”caber” no território brasileiro e a área de pelo menos nove deles poderia ”caber” na área da
Amazônia brasileira.
A dimensão continental do território brasileiro também pode ser observada nas distâncias que
separam os pontos extremos e na grande extensão do litoral. Observe o mapa ao lado.
O Brasil ocupa 47% do território da América do Sul e está localizado em sua porção centro-oriental. Ele faz
fronteira com quase todos os países sul-americanos, exceto Chile e Equador. São 15 719 km de fronteira terrestre
com nove países vizinhos e um departamento ultramarino francês (Guiana Francesa), e 7 367 km de fronteira marítima,
totalizando 23 086 km de extensão.
Brasil:pontos extremos
< mapa >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 91.
PUL S A R IMAG E N S / R I C A R D O AZ OU R Y
Dimensões territoriais
Observando o mapa a seguir, você pode retomar alguns aspectos relacionados à posição geográfica e à
extensão territorial do Brasil.
Note que a linha do equador atravessa o território brasileiro em sua porção norte, passando pela cidade de
Macapá, capital do estado do Amapá (veja a foto ao lado). O trópico de Capricórnio, por sua vez, atravessa a
cidade de São Paulo, o norte do estado do Paraná e o sul do estado do Mato Grosso do Sul. Observe também que
o Brasil está localizado a oeste do meridiano de Greenwich.
< imagem >
Monumento Marco Zero do equador, em Macapá (AP), em 2013.
Posição geográfica do Brasil no mundo
MAP A S : JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A / A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: Adaptado de SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed.
São Paulo: Ática, 2013. p. 10 e 110.
Desse modo, podemos concluir que:
▸ a quase totalidade do território brasileiro (93%) situa-se ao sul da linha do equador, ou seja, no hemisfério sul,
também chamado austral ou meridional;
▸ o território brasileiro está totalmente situado no hemisfério ocidental, ou oeste;
▸ a maior parte das terras brasileiras está localizada entre os trópicos, onde predominam climas quentes;
▸ apenas o sul do país faz parte da zona temperada, com climas mais amenos.
Texto & contexto
1. Ao comparar a extensão territorial do Brasil com a de outros países do mundo, o que chama a sua atenção?
2. O lugar onde você mora localiza-se próximo à linha do equador?
3. Em qual zona climática localiza-se o estado onde você vive?
A construção de um país
Como qualquer país do mundo, o Brasil também tem uma história. Ela nos mostra que o território que hoje
compreende o país em que vivemos foi formado durante um longo processo de ocupação iniciado pela Coroa
portuguesa no século XVI. Indígenas, portugueses, africanos, alemães, italianos, japoneses e tantos outros povos
participaram desse processo que, como você sabe, sempre esteve ligado a questões econômicas.
Comparando o território atual do país com a área inicial da colonização portuguesa na América no século XVI,
delimitada pelo Tratado de Tordesilhas, conclui-se que aquela área praticamente triplicou, pois nem chegava perto dos
atuais 8,5 milhões de quilômetros quadrados.
Estruturado a partir do modelo colonial de exploração, somente no fim do século XIX o espaço brasileiro deixou de
apresentar uma economia fragmentada, dividida em ilhas de exportação, para se constituir em um espaço integrado,
com uma dinâmica interna que liga as diversas regiões e envolve os vários setores da economia.
A seguir, veja alguns dos principais aspectos desse longo e complexo processo histórico.
Instituto Socioambiental(ISA)
<http://www.socioambiental.org>. Acesso em: 9 set. 2015.
Fundado em 1994, o objetivo principal do ISA é defender bens e direitos sociais e coletivos, como o meio ambiente, o patrimônio culturale os
direitos humanos. Também dedica especialatenção para os povos tradicionais, como os indígenas e quilombolas.
Povos nativos
A produção do espaço brasileiro começou muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Embora não
fizessem a menor ideia de que, posteriormente, fariam parte do Brasil e de muitos outros países, milhares de povos
nativos habitavam a América do Sul.
Não há consenso entre os estudiosos sobre o número exato de indígenas que habitavam o território antes da
chegada dos portugueses. Há estimativas de que havia cerca de 5 milhões de nativos.
Agrupados em comunidades espalhadas pelo imenso território, eles eram Tupinambá, Cariba, Tucano, Tupi-Guarani
e tantos outros. Viviam em relativa harmonia com a natureza, retirando dela o necessário para sua sobrevivência, sem
causar grandes impactos ao meio ambiente.
Escravizados e quase eliminados pelos brancos durante praticamente trezentos anos, em 2010 restavam cerca de
817 mil indígenas no Brasil, de acordo com o IBGE, concentrados, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste.
Segundo o instituto, cerca de 315 mil indígenas viviam em áreas urbanas e 502 mil, em áreas rurais. Ainda existem
alguns grupos que vivem isolados, ou seja, que não estabelecem contato com o restante da sociedade brasileira,
como os Korubo.
Observe, no mapa ao lado, a distribuição original dos indígenas (de acordo com as famílias linguísticas) em
território brasileiro e a localização de grupos remanescentes.
Brasil:distribuição original dos indígenas de acordo com as famílias linguísticas
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 125.
Para saber mais
Índios se preparam para resistir a despejo na zona norte [do município] de São Paulo
Cidade de várias culturas, São Paulo preservou pouco espaço para a mais antiga delas. Confinados na menor
terra indígena do Brasil, cerca de 700 guaranis lutam para ampliar seu território no entorno do pico do Jaraguá, na
zona norte de São Paulo.
A ofensiva se intensificou no ano passado [2014], quando algumas famílias deixaram a congestionada comunidade
à beira da Estrada Turística do Jaraguá, de 5,2 hectares, para ocupar uma propriedade privada de 72 hectares [...].
O grupo, liderado pelo cacique Ari Martim, 74, é a ponta de lança da estratégia para pressionar o governo federal a
regularizar 532 hectares de uso tradicional guarani, segundo estudo antropológico reconhecido pela Funai (Fundação
Nacional do Índio) em abril de 2013. [...]
Os guaranis reclamam que a regularização está parada há dois anos [...].
Do lado dos guaranis, a promessa é de “resistir com vidas”: “A demarcação que nós pedimos é muito pouco perto
de tudo que os brancos tomaram de nós, e não podemos abrir mão de nem mais um palmo de terra”, afirmam, em
carta aberta publicada na sexta-feira [24/04/2015] [...].
MAISONNAVE, Fabiano. Índios se preparam para resistir a despejo na zona norte de São Paulo.
Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 abr. 2015. Cotidiano, p. C6.
Ocupaçãodo território
Com a chegada dos colonizadores, iniciou-se uma nova etapa na história da ocupação e do povoamento do
território. Como você deve ter estudado nas aulas de História, a ocupação do território que hoje compreende o Brasil
começou, efetivamente, em 1530, já que até então os portugueses, mais interessados nos lucros obtidos no comércio
com as Índias, limitaram-se a explorar o pau-brasil.
Para garantir a posse das terras, por decisão de dom João III, rei de Portugal, o território foi dividido em porções
chamadas de capitanias hereditárias. Conquistar, explorar, povoar e comercializar os produtos encontrados nas
terras eram tarefas dos donatários, que detinham todos os poderes sobre suas capitanias.
O conjunto de mapas a seguir mostra que, nos primeiros tempos do século XVI, o território da colônia que
pertencia a Portugal era bem diferente do Brasil da atualidade.
Brasil:capitanias hereditárias (1534-1536)
< mapa >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: CINTRA, Jorge Pimentel. Reconstruindo o mapa das capitanias hereditárias. Anais do Museu Paulista. São Paulo, v. 21, n. 2, p. 39, jul.-dez. 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/
pdf /anaismp/v21n2/a02v21n2.pdf>. Acesso em: 6 nov . 2015.
Duas viagens ao Brasil
Hans Staden. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008.
Em 1549 e 1550, o viajante alemão Hans Staden veio à recente colônia descoberta,o Brasil. Na segunda vez, acabou presopelos portuguesese
capturado pelos Tamoio, um grupo indígena. A partir daí, ele relata suas aventurascoma visão de umeuropeu da época, contando tudo que viu e
vivenciou nessasnovasterras.
No mapa ao lado,destaque para as capitanias hereditárias e o meridiano do tratado de Tordesilhas,que demarcava as terras que
pertenciam a Portugal;todas as terras a oeste de Tordesilhas pertenciam à Espanha.
No tempo do açúcar
Durante o século XVI, o cultivo da cana‑de-açúcar foi a grande fonte de riqueza produzida pela colônia portuguesa
na América. Praticada em grandes propriedades de terra (latifúndios) com o emprego do trabalho escravo, a
monocultura da cana teve, sem dúvida, um papel fundamental nos primeiros tempos da ocupação e do povoamento
do território que hoje compreende o Brasil.
Cultivada em vários pontos do território, a cana-de-açúcar obteve bons resultados no Nordeste, mais precisamente
na Zona da Mata, onde o clima quente e úmido e o solo massapé favoreceram o rendimento das lavouras.
Com o desenvolvimento da economia canavieira, a Coroa portuguesa passou a obter lucros com a colônia, que se
integrou ao comércio mundial da época, constituindo, pela primeira vez na história, um verdadeiro espaço mundial.
Observe, no mapa abaixo, a localização das principais vilas, das áreas de cultivo de cana-de-açúcar e das áreas
de pecuária, durante o século XVI.
Como indicado no mapa, a ocupação do território do Brasil privilegiou o litoral, fato que deixou marca na atual
forma de organização do espaço brasileiro, como você verá no decorrer deste livro.
< imagem >
FR AN S POST / C O L E Ç Ã O PAR T I C U L A R , AMS T E R D Ã
Era nos engenhos que a cana-de-açúcar era processada para a fabricação do açúcar e de derivados,como o melaço.POST,
Frans.Engenho.1661.Óleo sobre madeira.Dimensões:47,7 cm × 71,3 cm.
América portuguesa:extensão territorial,povoamento e economia (século XVI)
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE,
1991. p. 20.
Expansão e diversificação econômica
Foi somente durante o século XVII que o interior da colônia começou a ser explorado de forma mais intensa. A
partir desse século, incentivados pela Coroa portuguesa, bandeirantes paulistas realizaram longas expedições à
procura de ouro, pedras preciosas e indígenas que seriam escravizados.
Numerosos pequenos povoados, que atualmente são importantes municípios paulistas, foram fundados pelos
bandeirantes ou originaram vilas nos caminhos abertos por eles: Iporanga, Santana do Parnaíba, Taubaté, São
Carlos, etc.
Os bandeirantes também foram os primeiros a povoar os atuais estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
No mapa abaixo, observe que os bandeirantes chegaram à Amazônia e ao nordeste do território. Em suas longas
viagens pelo interior, missionários e bandeirantes foram além da linha do Tratado de Tordesilhas, avançando sobre
terras povoadas por indígenas e que pertenciam à Espanha. O resultado desse longo processo histórico foi a
ampliação do espaço brasileiro tanto para o oeste como para o sul.
Ainda no século XVII, os portugueses desenvolveram no Brasil outras atividades econômicas que, embora com
menor expressão que o cultivo da cana-de-açúcar, também tiveram papel importante na construção do território. Veja
algumas:
▸ a cultura do fumo, em alguns pontos do litoral nordestino, sobretudo nas proximidades de Salvador, na área do
Recôncavo Baiano;
▸ a criação de gado no Nordeste, que ultrapassou em muito os limites da região de Salvador, estendendo-se
principalmente ao longo do rio São Francisco;
▸ a busca de drogas do sertão (cravo, canela, castanha, cacau, madeira, etc.), que, juntamente com as atividades
dos missionários, deu início à ocupação da Amazônia;
▸ a pecuária, que, a partir da região de São Paulo, ultrapassou a fronteira portuguesa, seguindo para o sul.
Nas andanças em busca de ouro e indígenas para aprisionar, os bandeirantes chegaram a lugares distantes e
expandiram as fronteiras das terras da América que pertenciam a Portugal. A exploração econômica do interior não
implicou necessariamente a formação de cidades e vilas. Elas continuaram surgindo ao longo do litoral.
Brasil:economia no século XVII
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE,
1991. p. 24 e 28.
No tempo do ouro
Ouro! Ouro! Encontraram ouro! No fim do século XVII, as notícias sobre a descoberta de ouro em Minas
Gerais provocaram um grande alvoroço. Milhares de pessoas de vários lugares da colônia, e até mesmo vindas
de Portugal, deslocaram-se para a região das minas. Com uma espécie de ”febre do ouro”, a região foi
rapidamente povoada.
Ao contrário da sociedade açucareira, tipicamente rural, a atividade mineradora possibilitou a formação de
numerosos povoados e vilas, como Sabará, Mariana, Vila Rica, Congonhas do Campo, entre outros. Uma nova
civilização urbana se formava com numerosas atividades comerciais e desenvolvimento cultural. Nas vilas mineiras
desse período, arquitetos, pintores, escultores, músicos e poetas produziram obras importantes, que fazem parte do
patrimônio cultural brasileiro.
No século XVIII, com a mineração, o centro político e econômico da colônia deslocou-
-se do Nordeste para o Centro-Sul, e a capital foi transferida de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro.
Durante todo o século XVII e o XVIII, os portugueses e espanhóis continuaram disputando os territórios em
conflitos e guerras. Em resumo, o atual território brasileiro foi se configurando lentamente, como consequência das
atividades econômicas coloniais, da expansão do cristianismo pela atuação de religiosos e em função de tratados
diplomáticos assinados entre Portugal, Espanha e outros países da América espanhola.
Observe, no mapa a seguir, a grande expansão do povoamento da colônia durante o século XVIII, sobretudo nas
principais áreas de exploração de ouro: Minas Gerais e a porção central do território.
Brasil:economia no século XVIII
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fontes: Adaptado de ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1991. p. 34; ARRUDA, José Jobson de A.
Atlas histórico básico.
São Paulo: Ática, 1994. p. 38.
Com a mineração e o crescimento da população, aumentaram as necessidades de carne e couro. A pecuária expandiu-se nas áreas que atualmente representam o
Centro-Oeste. A cultura do algodão f oi introduzida no Norte-Nordeste v isando abastecer as nascentes indústrias têxteis europeias. Apesar da decadência, a cultura
da cana no Nordeste não f oi abandonada e continuou tendo importância nas exportações coloniais.
O café e o início da integração
O espaço brasileiro, na forma como o conhecemos atualmente, foi forjado a partir do período da independência
política do país, no início do século XIX. Nessa época, uma nova riqueza agrícola começava a despontar: o café.
Das primeiras plantações no Rio de Janeiro, os cafezais expandiram-se para Minas Gerais e, mais tarde, para São
Paulo. Por volta de 1830, o café já era o principal produto exportado pelo Brasil, e, em 1840, o país tornou-se o maior
produtor mundial.
A economia cafeeira fez do Sudeste um mercado crescente para produtos vindos do Rio Grande do Sul, de Minas
Gerais e do Nordeste em geral. Criou-se, assim, uma rede comercial articulada, marcada pela ampliação das
relações de dependência entre as regiões do país.
Com o avanço do cultivo e o aumento de sua produção, o café tornou-se o elemento essencial para a posterior
integração territorial, portanto, para a formação de um espaço nacional integrado.
Além do café, outros produtos continuavam a ser exportados na mesma época, principalmente o açúcar e o
algodão.
Ainda no século XIX, o cacau no sul da Bahia e a exploração da borracha na Amazônia também faziam parte da
economia brasileira. A chamada economia da borracha teve grande importância, pois, entre outras coisas, atraiu
milhares de nordestinos para a região, fato que contribuiu para acelerar o povoamento do norte do país. No início do
século XX, a borracha era o segundo produto mais importante nas exportações brasileiras.
O sul do país continuava voltado sobretudo para a pecuária, única atividade articulada à economia do restante do país.
Os bovinos eram fornecidos para a zona de mineração, e o charque, para o Rio de Janeiro e São Paulo. Já as áreas de
criação do Sertão e do Vale do São Francisco abasteciam a Zona da Mata açucareira.
Observe o mapa abaixo.
Charque: tipo de carne salgada, típico da região Sul do Brasil. É preparado de modo similar ao da carne-seca.
Brasil:um arquipélago econômico no século XIX
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: Adaptado de ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1991. p. 38.
O café: uma moeda forte para o país São Paulo: Folha de S.Paulo, 2012. (Coleção Folha fotos antigasdo Brasil; v. 16).
O volume, que faz parteda coleção Folha fotosantigas, trazfotoshistóricasdasfazendasde café, dos negros escravizadosque começarama trabalhar
nessas plantaçõese foramsubstituídos pelosimigranteseuropeus, do processamento e tambémda venda do café. As fotossão acompanhadaspor
textos breves, que explicame contextualizamesse momento do Brasil.
Texto & contexto
1. Retome o texto das páginas 16 e 17 e explique o papel dos bandeirantes no povoamento do interior da América do Sul entre
os séculos XVII e XVIII.
2. Compare o mapa desta página com o da página 17. Procure identificar as diferenças e as s emelhanças entre eles.
3. Qual foi a importância do café para a ocupação do território brasileiro no século XIX?
4. Qual foi o papel da borracha para o povoamento da Amazônia? Explique.
Do “arquipélago” ao continente
Como estudamos anteriormente, até as primeiras décadas do século XX, o espaço geográfico brasileiro era
formado por diversas áreas independentes, que não mantinham ligações estreitas entre si. Nessas áreas, a maior
parte da produção econômica destinava-se, prioritariamente, à exportação, e não ao mercado interno.
Quase todas as áreas tiveram um período de esplendor, que ocorria quando seu principal produto alcançava
grande destaque no mercado internacional. Foi assim com a cana-de-açúcar do litoral nordestino nos séculos XVI e
XVII; o algodão do Maranhão e o ouro de Minas Gerais no século XVIII; a borracha da Amazônia no fim do século
XIX e início do século XX; o café do Vale do Paraíba no fim do século XIX e do estado de São Paulo nas primeiras
décadas do século XX.
Uma área economicamente menos expressiva como o sul da Bahia, com a produção de cacau, também tinha a
sua produção destinada ao mercado externo. Por outro lado, a pecuária desenvolvida no Sertão nordestino e no Vale
do São Francisco voltava-se para o comércio interno, abastecendo de couro principalmente a Zona da Mata
açucareira. A Campanha Gaúcha, por sua vez, era grande fornecedora de bovinos para a zona de mineração e de
charque para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Além das áreas citadas acima, o território brasileiro constituía-se de enormes extensões de terras pouquíssimo
povoadas pelo interior afora, nas quais predominavam paisagens naturais e povos nativos. As estradas geralmente
ligavam as zonas produtoras aos portos de embarque das mercadorias, e eram poucas as vias de interligação interna
no país. As fronteiras econômicas e demográficas estavam muito aquém das fronteiras políticas do Brasil, pois a
economia e a imensa maioria da população restringiam-se à fachada oriental do território. Assim, não havia uma
articulação entre as diversas áreas produtivas.
Por essas razões, não havia um espaço geográfico integrado, ou seja, um verdadeiro espaço nacional. Daí dizer-
se que o Brasil se assemelhava a um arquipélago, composto de diversas áreas isoladas, como se fossem ilhas
dentro do imenso território.
Essa desarticulação territorial se modificou ao longo do tempo, especialmente a partir da queda pela procura dos
produtos de exportação no mercado internacional. Esse fato praticamente obrigava os produtores, antes
independentes, a voltar suas atividades para as vendas no mercado interno. Em cada área de produção o processo
se deu de uma maneira diferente e teve um desfecho próprio, caracterizando-se pelo esvaziamento, pela retração ou
pelo declínio da atividade produtiva principal.
Um exemplo de declínio de área produtiva foi o que aconteceu com a exploração de ouro nas regiões de Goiás e
Mato Grosso. Outro exemplo foi o declínio ocorrido nas áreas de produção de borracha no norte do país (leia o boxe
Para saber mais na próxima página).
No segundo caso (retração), a atividade produtiva não desapareceu, mas se retraiu, deixando de ocupar o papel
principal na organização socioeconômica da região. Um exemplo de retração foi o que ocorreu na área de mineração
de Minas Gerais, em que a população acabou se dispersando para as áreas rurais ou mesmo para outras regiões do
país. Nessas áreas, a economia de mercado sustentada por essa atividade principal foi quase totalmente substituída
por atividades de subsistência.
Em certas áreas, a atividade produtiva se retraiu, mas continuou a sustentar a economia. Um exemplo é a Zona da
Mata nordestina (veja a foto abaixo), onde o açúcar continuou a ser produzido para exportação, embora adaptado à
forte concorrência de novas zonas produtoras, muito mais competitivas internacionalmente.
No terceiro caso (substituição), a atividade produtiva principal foi substituída por outra, como ocorreu com o
desenvolvimento da industrialização na região Sudeste do país.
< imagem >
PUL S A R IMAG E N S / R U B E N S CHAV E S
Lavoura de cana-de-açúcar em Itambé (PE), 2015.Atualmente, a paisagem da Zona da Mata nordestina ainda é marcada pela
presença dos canaviais, destacando-se por sua indústria sucroalcooleira,isto é,de produção de açúcar e álcool.
Para saber mais
Patrimônio abandonado na selva
[...] O tempo, as ruínas e o descaso com o patrimônio da história quase inacreditável parece tão trivial quanto o
cheiro acre das mangas caídas perto do campo de futebol, na parte alta da vila, onde garotos jogam bola e gritam
emulando nomes de jogadores dos times do distante Sudeste do país. Surreal, fantástico e outros adjetivos para
hiperbolizar as sensações não dão conta de descrever o que é o empreendimento de Henry Ford – um dos pais do
automóvel e criador do pilar do capitalismo: o fordismo – no Centro-Oeste do Pará, no final da década de 1920.
Ford, o homem que dá nome à empresa, construiu uma cidade com a arquitetura [...] típica do interior dos Estados
Unidos, à margem do Tapajós. Trouxe trabalhadores dos EUA, de outros países da América e de diversas regiões do
Brasil, tentou criar uma plantação de seringueiras para abastecer suas fábricas de borracha, mas fracassou. Fez um
acordo com o governo brasileiro e, em 1945, foi indenizado e abandonou o local que carrega até hoje seu nome.
Setenta anos depois da saída da Ford, esse pedaço de história está completamente abandonado. Do hospital, que
foi o maior da região Norte do Brasil e o primeiro a realizar um transplante de pele no país, só restam algumas
paredes, um aspecto macabro de abandono e o mato crescendo entre as brechas do concreto. As casas construídas
para os trabalhadores foram modificadas, tiveram detalhes de madeira trocados por paredes de tijolo e até uma praça
[...] foi edificada, alterando a paisagem bem na entrada da vila [...].
As cinco casas que compunham a Vila Americana, dispostas em uma alameda de mangueiras e com hidrantes
ianques vermelhos nas calçadas, abrigavam a diretoria da empresa e eram a esperança da Prefeitura de Aveiro e do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para tombar a vila. Porém, quatro casas estão ocupadas
por colonos. Da quinta residência só restam ruínas. [...]
“O Iphan tem clareza de que apenas tombar não adianta, pois não há ninguém que possa fazer a gestão do local”,
afirma a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa Lima. Já se passaram mais de cinco anos desde que foi
cogitada a possibilidade do tombamento de Fordlândia, que pertence ao município de Aveiro. Porém, após a decisão
ser tomada, as casas da Vila Americana foram ocupadas. [...]
Fordlândia foi construída pelo idealismo de Henry Ford e depois vendida ao governo brasileiro. Entre as décadas
de 1950 e meados de 1980, funcionaram no local instalações do Ministério da Agricultura, com fazendas de diversas
raças de gado. As casas foram habitadas por funcionários do ministério e a maioria segue com as famílias desses
funcionários, já aposentados e que continuam na região. Com a desativação da operação, o local ficou abandonado.
As pessoas ocupam as terras, mesmo sem ter a documentação, e com o passar dos anos tentam conquistar a posse.
[...]
CAMARGOS, Daniel. Patrimônio abandonado na selv a. Estado de Minas, [s.d.]. Disponív el em: <http://www.em.com.br/especiais/fordlandia/>. Acesso em: 2 dez. 2015.
< imagem >
Kino.com.br/Haroldo Palo Jr.
Vista do rio Tapajós e de construções abandonadas,ao fundo,em Fordlândia,Aveiro (PA), 2011.
Indústria e integração
Como você viu anteriormente, a economia cafeeira do fim do século XIX contribuiu para a posterior integração
do território nacional, que ocorreu mais adiante, com a industrialização. O dinamismo dessa atividade
econômica e a extrema especialização produtiva fizeram do Sudeste um mercado crescente para produtos do
Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e do Nordeste. Criou-se, assim, uma rede comercial articulada que ampliou
as relações de dependência inter-regionais.
Quando a produção cafeeira sofreu um declínio, no início do século XX, o mercado interno, sobretudo do estado
de São Paulo, já era forte o suficiente para continuar atraindo a produção de outras regiões. Além da imigração, o
estado apresentava grande crescimento populacional e altos índices de urbanização.
O crescente mercado interno e o capital gerado pelo comércio do café incentivaram a diversificação da produção
local, e as atividades fabris em expansão serviram para estimular o intercâmbio comercial.
Cada vez mais a região Sudeste apresentava as condições necessárias para sustentar um processo de
industrialização. A partir do Sudeste, mais especificamente do estado de São Paulo, começou a estruturar -se a
formação de um mercado interno de âmbito nacional. As demais regiões brasileiras articulavam -se à zona de
maior dinamismo econômico do país pela venda de determinadas matérias-primas e alimentos, mas sobretudo
como compradoras de produtos industrializados. A partir de então, estruturou -se no país a chamada divisão
inter-regional do trabalho.
Cabe ressaltar a participação do governo federal em todo esse processo, desde a expansão da economia cafeeira
até o desenvolvimento industrial. Por meio de investimentos de recursos públicos e políticas de imigração, as
decisões do governo brasileiro desse período acabaram favorecendo a concentração espacial da atividade
econômica do país na região Sudeste.
Mauá, o imperador e o rei
Direção de Sérgio Rezende. Brasil: Riofilme, 1999.132 minutos.
Na localidade de Arroio Grande, Rio Grande do Sul, vivia IrineuEvangelistade Sousa, o futurobarão e visconde de Mauá. Coma morte do pai, mudou-se
para o Rio de Janeiro, onde foitrabalharno armazémdo tio. Anosdepois, foicontratadopara trabalhar comRichardCarruthers,umescocêsque vivia no
Brasil. Como passar do tempo,Irineu construiu a primeiraindústria brasileira.
Ministério da Integração Nacional
<http://www.mi.gov.br>. Acesso em: 9 set. 2015.
O Ministério da Integração Nacional tem como competência a formulação e condução de políticas, planos e programas de desenvolvimento
regional, entre outros. Na página da internet, é possívelacessar mais informações a respeito do que está em andamento, além de haver uma
centralde conteúdo com áudios, vídeos, publicações, etc.
< imagem >
ACE R V O INST I T U T O MOR E I R A SAL L E S / F O T Ó G R A F O DE SC O N H E C I D O
Vista panorâmica do bairro do Brás,em São Paulo (SP), em 1910. No início do século XX, o Brás se tornou um dos bairros
industriais mais importantes da cidade. Grande parte da mão de obra empregada nas indústrias era formada por trabalhadores
imigrantes,notadamente italianos.
Desconcentração espacial
A partir das décadas de 1950 e 1960, a industrialização brasileira tomou novos rumos, com o investimento na
chamada indústria pesada e a instalação de multinacionais no país.
Indústria pesada: ligada principalmente aos ramos siderúrgico, metalúrgico, petroquímicoe de cimento.Tambémchamada de indústria de bens de produção ou
indústria de base, é aquela que produz matéria-prima paraoutras indústrias (comomáquinas, peças, etc.).
Capital produtivo: de modo geral,corresponde ao capital aplicado diretamente na produção, principalmenteem empresas industriais oudo agronegócio; é
essencial para o crescimento da economia e a geraçãode empregos.
Nesse período, os produtos industrializados eram distribuídos e comercializados em regiões cada vez mais distantes
de São Paulo, ampliando, assim, os circuitos comerciais e estimulando o processo de urbanização. A produção
industrial começou a se desconcentrar, instalando-se em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife,
Fortaleza e Belém, sobretudo no fim da década de 1960. Essas cidades, capitais administrativas de seus estados,
tornaram-se metrópoles nacionais, em virtude de exercerem funções de importância administrativa e econômica no
espaço geográfico brasileiro. Nos locais onde o capital industrial se estabeleceu, condições favoráveis à instalação de
novas empresas – pequenas e médias –
foram criadas. Também nesse momento a atuação do governo federal foi fundamental, pois ele contribuiu para atrair o
capital estrangeiro para a região Sudeste com incentivos fiscais e com a criação de uma rede de transportes que
interligava as diversas regiões. Essas medidas facilitaram o acesso de pessoas e de mercadorias de todo o país ao
centro econômico que se consolidou de maneira relativamente rápida: o eixo São Paulo-Rio de Janeiro.
Ainda a partir da década de 1960, o governo federal implantou políticas regionais de desenvolvimento, sobretudo
na Amazônia e no Nordeste.
A criação das Superintendências de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene, 1959), da Amazônia (Sudam, 1966),
do Centro-Oeste (Sudeco, 1967) e a própria construção de Brasília tiveram por objetivo promover a integração.
Transferida para o Centro-Oeste, a capital serviria de elo entre o centro econômico do país e o Norte.
Nas décadas de 1980 e 1990, depois da grande expansão da economia brasileira ocorrida na primeira metade
dos anos 1970 – o chamado “milagre econômico” –, o processo de desconcentração espacial das atividades
produtivas acelerou-se. Desde então, outras regiões passaram a atrair cada vez mais o capital produtivo, e as
economias regionais mais atrasadas ganharam posição em relação ao Sudeste.
Como consequência da integração do mercado nacional, muitas empresas tiveram de se adequar às novas formas de
concorrência, adotando medidas como redução de custos, encontrando outras áreas para instalação de fábricas,
disputando consumidores, etc.
Nos últimos anos, o ritmo de desconcentração espacial diminuiu, embora novas atividades tenham se desenvolvido
em regiões interioranas, com a inclusão de algumas áreas entre as frações de espaço mais produtivas do país. No
entanto, a formação de um espaço nacional já estava completa. Como mostra o mapa ao lado, o Brasil já se constituía
em um espaço geográfico integrado, composto de um centro e de diversas áreas a ele ligadas com maior ou menor
intensidade.
Brasil:integração do espaço geográfico (2013)
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 144.
Conexões
Conhecer um país em sua totalidade inclui o exame de seu território e de sua configuração espacial. No caso do
Brasil, como se deu a formação histórica do território? Qual é a importância da dimensão territorial do país na
atualidade? E no passado? Leia o texto abaixo para descobrir.
“Gigante pela própria natureza”
Esse verso do Hino Nacional pode referendar a dimensão territorial do Brasil, de 8 514 876 km² [...]. Ao contrário
do que ocorreu na América Espanhola, que após as lutas pela independência se partiu em diversos Estados
nacionais, o Brasil manteve a integridade do antigo território colonial português.
Ainda na atualidade, o continente apresenta amplas extensões territoriais de densidades populacionais muito
baixas, assim como muitos centros populacionais fracamente conectados entre si. No século XIX, tal quadro,
muito mais acentuado, influiu para o surgimento de movimentos centrífugos, regionalistas, que impediram a
realização do sonho de Bolívar: fazer da América do Sul Espanhola um único país independente. Soma-se a esse
quadro, de tendência fragmentária, o fato de que nas Américas, como um todo, não se apresentaram previamente
“nações fundadoras” dos seus países. Implantados, os Estados independentes passaram a construir as suas
nações, com as populações presentes e provenientes de diversas origens, incluindo os imigrantes que
continuavam chegando e dos quais se aceitava a naturalização. Aos filhos dos imigrantes nascidos na América,
ao contrário do que ocorria na Europa, era assegurada de imediato a plena cidadania. Por todos esses fatos, há
quem diga que “na América, a geografia toma o lugar da história”. [...]
No passado, a dimensão do Brasil não alcançou a importância política que hoje apresenta. No início de sua
expansão, o capitalismo industrial se instalou na Europa ocidental, em países hoje considerados pequenos, como a
Bélgica, ou de porte médio, como a França. Promovia o adensamento populacional desses países e a integração
espacial interna de cada um por meio dos transportes e comunicações. Apertados uns contra os outros, os países
europeus procuraram espaços transoceânicos, ampliando impérios, no que foram seguidos, depois, pelo Japão. Até
meados do século XX, o sistema capitalista mundial apresentou um quadro em que algumas metrópoles dominantes
comandavam imensos impérios coloniais. [...]
As grandes distâncias e os grandes vazios entre os centros de povoamento, obstáculos para a maior integração,
contribuíram para dificultar a industrialização dos países de grande extensão, entre os quais se incluía o Brasil. No
caso brasileiro, o atraso do desenvolvimento em relação aos países centrais foi motivo para pequenas ironias
utilizando expressões do Hino Nacional, como “deitado eternamente”. O fato é que, do mesmo modo como nas
histórias para crianças os príncipes sempre vencem os gigantes, no passado os grandes países eram considerados
mais fracos, e propícios a serem dominados por países menores. [...]
O quadro geopolítico acima mudou totalmente. O primeiro passo foi a ascensão dos Estados Unidos à condição de
uma economia nacional capitalista avançada e de dimensão continental. O processo foi montado sobre o contínuo
progresso tecnológico, compressor do tempo/espaço, e sobre o constante influxo de capitais e imigrantes. [...]
GEIGER, Pedro. As formas do espaço brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. p. 12-17.
Responda no caderno
1. De acordo com o texto, qual é a principal diferença entre a América Espanhola e a América Portuguesa em se tratando da
configuração territorial após a Independência?
2. Que fatores contribuíram para dificultar a industrialização de países de grande extensão como o Brasil?
3. Por que, no passado,os “grandes países” eram considerados mais fracos?
Pensando Bem
Responda no caderno
1. Desde o início da colonização do Brasil, muitos indígenas foramdizimados. Com isso,grande parte de sua cultura,seus hábito s e
sua língua se perdeu. Leia a notícia a seguir.
Índios lutam para salvar 2 línguas da extinção no interior
“Ithók rerre nógam”. As três palavras da língua crenaque poderiam ser traduzidas para: “A língua ainda resiste”.
Na tribo Vanuíre, em Arco-Íris, no oeste paulista, 200 indígenas de duas etnias tentam manter a tradição viva. Por lá,
os idiomas kaingang e crenaque estão em processo avançado de extinção. Em toda a tribo, apenas três índios
idosos são falantes fluentes dos dialetos. [...]
Em 1500, especialistas estimam que havia 1 175 línguas no país. Hoje, são cerca de 180 dialetos vivos, mas todos
em risco de extinção [...].
Embora fluente, o trio preferiu deixar os idiomas em silêncio. Por anos, tiveram medo de repassá-los às novas
gerações. “Isso foi provocado por uma política de Estado. O SPI [Serviço de Proteção ao Índio, atual Funai] proibia as
populações de falarem suas línguas. A coerção era a principal arma. Os índios chegavam a ser presos se ousassem
se comunicar na língua materna”, conta o arqueólogo Robson Rodrigues.
MACIEL, Edgar. Índios lutam para salv ar 2 línguas da extinção no interior. Estado de S. Paulo, 15 mar. 2015, p. A30. Metrópole.
a) Por que os indígenas eram proibidos de se comunicar em sua língua materna?
b) Por que é importante preservar a língua original de um povo?
2. Leia o texto abaixo. Depois, responda às questões propostas.
São Paulo e a desconcentração industrial
O processo de desconcentração industrial no estado de São Paulo, iniciado na década de 1970, alterou
profundamente seu mapa e território: a mancha metropolitana da capital se expandiu em direção ao Vale do Paraíba,
Sorocaba e às regiões de Campinas e Ribeirão Preto, conglomerados urbanos especializados se formaram ao longo
de uma densa malha rodoviária e as cidades médias assumiram a liderança do mercado em seu entorno. “O interior
não é mais um espaço plano. Tem ‘relevo’ econômico”, afirma Eliseu Savério Sposito, do Departamento de Geografia
da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente. À
frente de um grupo de pesquisadores, Sposito coordenou um projeto que mapeou o movimento e as características
do processo de desconcentração da indústria no estado. Eles constataram, por exemplo, que muitas empresas
deslocaram fábricas para o interior, mas mantiveram a sede, assim como o seu board, na cidade de São Paulo.[...]
IZIQUE, Claudia. O relev o econômico do interior. Pesquisa Fapesp, n. 197, p. 72-73, jul. 2012. Disponív el em: <http://rev istapesquisa.fapesp.br/wp-
content/uploads/2012/07/Pesquisa_197-24.pdf >.
Acesso em: 10 set. 2015.
São Paulo:expansão da indústria
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: HERVÉ, Théry ; MELO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2008. p. 157.
a) Qual é o significado da expressão relevo econômico no texto?
b) Que relação pode ser estabelecida entre a distribuição das empresas e os eixos de transporte no estado de
São Paulo?
3. Observe o gráfico ao lado e responda às questões a seguir.
a) Qual é a região do Brasil com maior participação no PIB? E a região com a menor?
b) Apesarda diminuição da participação do Sudeste no PIB ao longo dos anos retratados,é possíveldizer que não existe mais
concentração espacial da economia no Brasil? Justifique.
Brasil:participação das grandes regiões no PIB (1970-2012)
< mapa >
EDI Ç Ã O DE ART E / A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fontes: IPEA. Desconcentração industrial no Brasil 2008; IBGE. Brasil em números 2008; IBGE. Contas regionais do Brasil 2012. Disponív el em:
<http://biblioteca.ibge.gov .br/visualizacao/liv ros/liv89103.pdf >. Acesso em: 9 set. 2015.
4. Enem (2014)
< imagem >
ENE M / R E P R O D U Ç Ã O
Fon-Fon!, ano IV, n. 36, 3 set. 1910. Disponív el em:
<objdigital.bn.br>.
Acesso em: 4 abr. 2014.
A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação da rede telefônica no Brasil, indica que esta
a) permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel.
b) ampliaria o contato entre a diversidade de povos indígenas.
c) faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais distintos.
d) restringiria a sua área de atendimento aos estados do norte do país.
e) possibilitaria a integração das diferentes regiões do território nacional.
5. Enem (2014) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se segue.A
produção,que se encontrava em altos níveis, teria que seguircrescendo,pois os produtores haviam continuado a expandir as
plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da
depressão,como reflexo das grandes plantações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior
para financiar a retenção de novos estoques,pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depressão,e o
crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi o(a)
a) atração de empresas estrangeiras.
b) reformulação do sistema fundiário.
c) incremento da mão de obra imigrante.
d) desenvolvimento de política industrial.
e) financiamento de pequenos agricultores.
Desafios & Debates
Em grupo
Por meio da análise de documentos cartográficos antigos podemos conhecer o passado e, assim, compreender
melhor o presente. Mapas antigos da América do Sul retratam, por exemplo, a visão que os colonizadores europeus
tinham das terras que hoje formam o Brasil. Ao comparar, por exemplo, o mapa abaixo com o mapa da América do
Sul da página 11 você vai notar, dentre outras coisas, que o mapa antigo não era tão preciso como o atual; por isso,
as dimensões e o contorno aparecem bastante diferentes.
Descobrir pistas sobre o passado do Brasil com o apoio do mapa ao lado é o desafio desta atividade. Por meio
dela você vai poder ampliar seus conhecimentos sobre o território onde vive. Para começar, analise o mapa com
atenção e, depois, faça o que se pede.
< imagem >
Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores
Detalhe do planisfério de Pierre Descellier (1546), manuscrito colorido em pergaminho. O texto que acompanha o
original foi redigido em latim.
1. Que elementos do mapa mais chamaram a atenção do grupo? Que título vocês dariam ao mapa?
2. De acordo com o mapa, que visão os colonizadores europeus tinham, no século XVI, dos nativos e das terras da atual América
do Sul?
3. Ao examinar o mapa, o que vocês diriam sobre seu contorno? Na resposta,consideremas atuais dimensões e fronteiras da
América do Sul e do território brasileiro.
Em debate
Leia o texto abaixo.
Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena dos seus ganhos, em ouro e glórias. Para os
índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver. Este foi o encontro fatal que ali se dera. Ao
longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tal qual eram, a selvageria
e a civilização. Suas concepções, não só diferentes mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se
chocaram cruamente. Os navegantes, barbudos, hirsutos [com cabelos longos], fedentos, escalavrados de feridas de
escorbuto, olhavam o que parecia ser a inocência e a beleza encarnadas. Os índios, esplêndidos de vigor e de
beleza, viam, ainda mais pasmos, aqueles seres que saíam do mar.


RIBEIRO, Darcy . O povo brasileiro: a f ormação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995. (contracapa).
Com base no texto e sob orientação do professor,forme uma roda de conversa na sala e discuta com os colegas a seguinte quest ão:
Atualmente, é possível conviver com as diferenças culturais presentes na sociedade e no território brasileiro?
2
Regionalização e planejamento
< imagem >
Pulsar Imagens/Palê Zuppani
Em países com históricas desigualdades sociais,como o Brasil,o desenvolvimento geralmente realça as duas faces de um
mesmo processo,visíveis nas paisagens.Isso ocorre em muitas cidades do país,como em Florianópolis (SC).Na foto, de 2014,
veem-se,em primeiro plano,moradias de população de baixa renda e, ao fundo, na orla litorânea livre de afloramentos rochosos,
modernos edifícios destinados a ocupantes de renda média e alta.
Você já sabe que o espaço em que vivemos é constituído por elementos naturais e por elementos humanos ou
sociais. Todos esses elementos variam de um lugar para outro e, por isso, o espaço geográfico é muito diverso. É
possível, portanto, regionalizar, ou seja, formar conjuntos espaciais, cada um com determinadas características
(quanto ao relevo, ao clima, às atividades econômicas, à densidade da população, etc.). Esses conjuntos espaciais
podem ser chamados de regiões geográficas.
Como você viu no capítulo anterior, o Brasil é frequentemente chamado de país-continente. Pelos mesmos
motivos, o país apresenta consideráveis diferenças internas. Além das desigualdades populacionais e sociais, há
grandes contrastes na paisagem natural e nas formas de ocupação do espaço. Ao lado de uma área quente e
úmida, como a Amazônia e o litoral, há áreas quentes e secas, como o Sertão nordestino; não muito distante das
áreas industrializadas e urbanizadas do estado de São Paulo, encontram-se grandes áreas rurais nos estados de
Goiás e Mato Grosso. No decorrer deste capítulo, vamos conhecer um pouco melhor as características regionais
brasileiras.
O que é regionalizar?
A tarefa de organizar o território brasileiro em conjuntos espaciais não é fácil. Quais são os limites das áreas
economicamente mais importantes? E onde começa ou termina a periferia imediata, contígua ao centro econômico
com o qual tem ligações de toda ordem?
Na raiz das dificuldades de regionalizar o espaço brasileiro está a opção pelos critérios a serem adotados. Que
elementos ou características do espaço devem ser considerados na delimitação regional? Os elementos econômicos
e sociais são, sem dúvida, os mais importantes e adequados. O Brasil, porém, também possui áreas onde as
paisagens naturais não foram muito modificadas pela ação humana. Além disso, no âmbito da economia e da
sociedade, que aspectos servem de base para fazer a divisão do território? E como é possível medi-los com
precisão?
As respostas a essas interrogações não são simples e dependem das posturas políticas e teóricas de quem
propõe os critérios para a regionalização. Veja a seguir algumas formas de regionalizar o espaço brasileiro, cada uma
com determinados critérios.
Regiões do IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão ligado ao governo federal, tem como uma de suas
atribuições elaborar divisões regionais do território brasileiro com a finalidade básica de agrupar e viabilizar dados
estatísticos.
No início da década de 1940, o IBGE propôs a primeira divisão regional oficial do território nacional. Nessa
ocasião, a proposta do órgão era a de comparar dados estatísticos relacionados a agrupamentos estáveis, que
seriam as regiões. Na época, essa proposta foi criticada por vários estudiosos, porque, segundo eles, dava mais
importância aos critérios de localização do que às características econômicas, físicas e sociais das áreas que
agrupava. Observe essa divisão no primeiro mapa abaixo.
Em 1945, o IBGE elaborou uma nova divisão regional do Brasil tendo como critério o quadro físico do território.
Essa divisão baseou-se no conceito de região natural. Observe-a no segundo mapa.
Atlas geográficoescolar
IBGE. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012.
Apresenta planisférios temáticos do mundo e variados mapas do Brasil. Uma boa fonte de dados e informações commapas temáticos que
regionalizam o Brasil e o mundo sob variados temas e perspectivas.
Brasil:divisão regional (1940)
< mapa >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: Elaborado com base em IBGE. Ev olução da div isão territorial. Disponív el em:
<f tp://geof tp.ibge.gov.br/organizacao_territorial/div isao_territorial/ev olucao_da_div isao_territorial_do_brasil_1872_2010/ev olucao_da_div isao_territorial_mapas.pdf >.
Acesso em: 3 dez. 2015.
Brasil:divisão regional (1945)
< mapa >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar: ensino f undamental – do 6o
ao 9o
ano.
Rio de Janeiro, 2010. p. 11.
Graças ao processo de transformação do espaço brasileiro impulsionado pelo desenvolvimento industrial, o
IBGE elaborou, em 1968, uma nova divisão regional do território. A nova regionalização baseou-se tanto nas
semelhanças físicas das paisagens como nas características econômicas e sociais do espaço. Nessa divisão, a
região Leste deixou de existir, os estados da Bahia e de Sergipe foram agregados à região Nordeste, e a região
Sudeste passou a ser formada por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Essa nova divisão
regional baseou-se no conceito de região homogênea.
Em 1988, o IBGE criou a divisão regional do Brasil que vigora atualmente e é considerada oficial. Observe-a no
mapa ao lado. Essa divisão é a mais utilizada em livros, revistas, jornais e na mídia em geral, pois os dados
estatísticos do IBGE consideram essas cinco grandes regiões.
Brasil:divisão regional atual
< imagem >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: Adaptado de IBGE.
Atlas geográfico escolar. 6. ed.
Rio de Janeiro, 2012. p. 94.
Para saber mais
Críticas à divisão regional do IBGE
Com base no conceito de macrorregiões, isto é, grandes conjuntos espaciais definidos segundo uma
combinação de características econômicas, naturais e demográficas, a divisão regional proposta pelo IBGE
recebeu inúmeros questionamentos. Os críticos afirmam que a atual divisão se baseia nos limites dos estados
brasileiros e que nem sempre as divisas entre eles são adequadas para delimitar os conjuntos espaciais.
Assim, o critério de homogeneidade adotado pelo IBGE tem sido questionado por vários estudiosos, uma vez que
as características regionais não acompanham necessariamente o traçado dos estados. Tamanhas são as diferenças
no interior de uma mesma região que, nos últimos anos, várias propostas para a criação de novos estados e
territórios têm surgido. Entre elas, destaca-se a criação dos estados de Araguaia (norte de Mato Grosso), Carajás e
Tapajós (a serem desmembrados do Pará). Os novos territórios seriam: Alto Solimões, Rio Negro e Juruá
(desmembrados do Amazonas). Observa-se que a maioria das propostas – cercadas dos mais diferentes interesses
econômicos e político-estratégicos – refere-se ao desmembramento da região Norte do país.
Ainda segundo alguns estudiosos, a divisão atual elaborada pelo IBGE contém algumas distorções, por exemplo:
• o limite entre as regiões Sul e Sudeste não deveria ser traçado na divisa entre São Paulo e Paraná. Se a divisão
fosse mais rigorosa, a porção setentrional do estado do Paraná deveria pertencer à região Sudeste, pois a
paisagem não se modifica na linha exata da divisa;
• no limite com a Bahia, o estado de Minas Gerais apresenta características mais semelhantes ao Sertão nordestino
do que ao Sudeste, região da qual ele faz parte.
Regiões geoeconômicas
Outra divisão do Brasil em espaços regionais foi apresentada por Pedro Pinchas Geiger (1923-) em 1967. Esse
geógrafo propôs três grandes complexos regionais, sem considerar as divisas dos estados. Para defini-los, Pinchas
Geiger utilizou como critérios a formação histórica do Brasil e seus aspectos econômicos.
Segundo alguns geógrafos, embora os complexos regionais contem com inúmeras diversidades locais, eles
também possuem características comuns que são eficazes para entender as ligações e a interdependência entre as
diversas porções do território brasileiro. Observe a localização dos três grandes complexos regionais no mapa ao
lado e, a seguir, conheça algumas características de cada um deles.
Brasil:regiões geoeconômicas
< mapa >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: Rev ista Brasileira de Geograf ia, Rio de Janeiro, v .31,
nº 1, p.5-25, Jan./Mar. 1969. Disponív el em: http://biblioteca.ibge.gov .br/visualizacao/periodicos/115/rbg_1969_v 31_n1.pdf . Acesso em: 29 jun. 2017.
Nordeste
Além de todos os estados que compõem a região Nordeste segundo a classificação oficial do IBGE, esse espaço
regional abrange o extremo norte do estado de Minas Gerais. Reúne aproximadamente 30% da população brasileira
e, desde o processo de integração econômica, destacou-se por ser uma zona de refluxo demográfico, que fornece
mão de obra às outras regiões do país.
O Nordeste é a região onde mais nitidamente se percebem os traços da colonização, pois foi a primeira região de
povoamento europeu e a principal área econômica do Brasil colonial durante quase três séculos.
A partir de 1959, as políticas regionais de desenvolvimento, com incentivos fiscais e investimentos realizados pelo
governo federal, criaram formas de integração do Nordeste ao restante do país.
A desconcentração, que teve início no fim da década de 1960, intensificou-se a partir da década de 1980,
graças à iniciativa privada. No século atual, destacam-se a instalação de um polo automotivo junto a Salvador e a
consolidação da indústria de bens intermediários: setor químico, particularmente em Recife; setor petroquímico na
Bahia, com o Polo Petroquímico de Camaçari; e indústrias tradicionais de produtos têxteis e alimentícios, como a
indústria açucareira. Fortaleza, Recife (Grande Recife) e Salvador (Centro Industrial de Aratu), como metrópoles
nacionais, concentram as principais atividades produtivas da região. Nos últimos anos, foram construídos dois
grandes portos: o de Suape, em Pernambuco, e o do Pecém, no Ceará.
O setor agropecuário, tradicionalmente composto pelos latifúndios canavieiros da Zona da Mata, pela
policultura do Agreste e pela pecuária extensiva do Sertão, iniciou seu processo de modernização sobretudo no
fim da década de 1980. Atualmente, destacam-se a produção de grãos no oeste baiano e a agricultura irrigada
do vale médio do rio São Francisco (Bahia e Pernambuco).
< imagem >
iStockphoto/rmnunes
Em algumas capitais nordestinas,como Salvador,Recife e São Luís,existem igrejas e sobrados erguidos no período da
colonização.Na foto, rua do centro histórico de Salvador (BA), em 2015.
Para saber mais
Ferrovia Transnordestina
A Ferrovia Transnordestina, que terá 1 753 km de extensão, irá ligar o interior dos estados do Ceará, Pernambuco
e Piauí aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). O trajeto da ferrovia irá percorrer 81 municípios dos três estados. O
objetivo do projeto é aumentar a competitividade da produção agrícola, além de permitir a exploração das jazidas
minerais do interior do Nordeste, já que contará com uma moderna logística que vai unir uma linha férrea de alto
desempenho e portos de calado profundo que podem receber navios de grande porte.
Para a construção da ferrovia Transnordestina, serão usados 3,2 milhões de dormentes e 290 mil toneladas de
trilhos. Em toda a região Nordeste, 5 945 pessoas trabalham em obras da ferrovia.
A ferrovia deverá ser concluída em 2017. A Transnordestina terá capacidade para transportar até 30 milhões de
toneladas por ano, com destaque para minério de ferro, grãos (soja, farelo de soja, milho, algodão) e gipsita (gesso
agrícola que tem aplicação como corretivo do solo e como gesso industrial). A ferrovia estimulará investimentos em
outros setores, como o de combustíveis, fertilizantes, além de ser uma nova opção para o escoamento da produção
do polo de fruticultura irrigada de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Outra característica importante desse sistema logístico é a localização estratégica dos portos de Pecém (CE) e
Suape (PE) em relação ao mercado europeu, um dos principais destinos da soja brasileira.
O empreendimento surgiu como uma proposta articuladora do desenvolvimento regional do Nordeste, com a
redução dos custos de transportes dos produtos provenientes dos polos industriais, minerais e de agronegócios
existentes na região.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Ferrovias: mais um lote da f errov ia Transnordestina recebe ordem de serv iço. Disponív el em:
<http://www.transportes.gov .br/ultimas-noticias/3225-mais-um-lote-da-f errov ia-transnordestina-recebe-ordem-de-serv i%C3%A7o2.html>.
Acesso em: 2 mar. 2016.
Ferrovia Transnordestina:localização
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: REVISTA Ferrov iária. Nov o reajuste para Transnordestina.
Disponív el em: <http://www.rev istaf erroviaria.com.br/ index.asp?InCdEditoria= 2&InCdMateria=14680>. Acesso em: 8 dez. 2015.
Amazônia
A Amazônia brasileira abrange mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, que representam cerca de 47% da
superfície do país. Em 1953, o governo criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia
(SPVEA), definindo por lei os limites da sua área de atuação – a Amazônia Legal. Em 1966, foi criada a
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para atuar na mesma área da SPVEA, que deixou de
existir. Em 2001, a Sudam foi extinta, mas foi recriada em 2007. A Amazônia Legal inclui todos os estados da região
Norte, mais a porção norte do estado de Mato Grosso e o oeste do Maranhão.
A integração da Amazônia ao centro econômico do país ocorreu em virtude de uma forte intervenção dos
sucessivos governos com a criação da Sudam, do Banco da Amazônia (Basa) e da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa).
A Zona Franca foi criada em 1967 com o objetivo de incentivar a industrialização da cidade e de sua área adjacente,
além de ampliar seu mercado de trabalho. Trata-se de uma área de livre-comércio, na qual não são cobrados impostos
de importação sobre os produtos comprados do exterior (observe a foto abaixo). Além de contribuir para o
desenvolvimento do comércio local, a isenção alfandegária favoreceu a formação de um expressivo distrito industrial
junto à capital do Amazonas. A maioria das indústrias, contudo, é apenas montadora de produtos.
As estratégias de ocupação da Amazônia envolveram projetos militares preocupados com a identificação das
riquezas minerais e a segurança nacional, por exemplo, com o controle das fronteiras. Com o objetivo de
ocupar e anexar definitivamente a região ao restante do país, o governo implementou, a partir dos anos 1970,
grandes projetos rodoviários, ao mesmo tempo que desenvolveu políticas de atração de migrantes.
Entre as grandes rodovias federais construídas, as principais foram a Transamazônica, que cruza a região de leste
a oeste e a interliga ao Nordeste; a Cuiabá-Santarém e a Brasília-Acre, as quais, com o asfaltamento da já existente
Belém-Brasília, conectaram a Amazônia ao centro econômico do país.
Além das políticas regionais, outro fator importante para o desenvolvimento de atividades produtivas da
Amazônia foram os investimentos de grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros interessados nas
atividades de extração mineral – ferro, manganês, bauxita, ouro, etc. A preocupação dos governos em explorar
as matérias-primas para a siderurgia e a metalurgia do alumínio também estava relacionada com a necessidade
de aumentar as exportações para pagar a dívida externa do país.
< imagem >
Pulsar Imagens/Rubens Chaves
A criação da Zona Franca de Manaus, favorecida pela isenção de impostos,atraiu grande contingente populacional,levando a
capital amazonense a ter hoje mais de 2 milhões de habitantes.Na foto, vista aérea de fábrica na Zona Franca de Manaus (AM)
em 2014.
Centro-Sul
A região Centro-Sul compreende o sul de Mato Grosso, Goiás, o sul de Tocantins, a maior parte de Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Trata-se do complexo regional mais importante do Brasil, pois engloba o centro econômico do país, bem como
as áreas ligadas a ele. Concentra mais de 60% da população brasileira, o principal parque industrial, a mais
moderna produção agropecuária, as maiores redes ferroviária e rodoviária, as principais universidades e centros
de pesquisa científica de ponta.
Além de reunir a maioria das áreas metropolitanas do país, como as de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo
Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, e outras menores, é no Centro-‑Sul que se localiza a capital federal, Brasília.
Como você viu no capítulo anterior, foi no interior desse complexo regional que teve início o processo de
desconcentração econômica do país, especialmente da atividade industrial, a partir de São Paulo.
Outras sub-regiões também se integraram a partir do desenvolvimento de complexos agroindustriais – soja,
laranja, carne e cana-de-açúcar –, particularmente o Oeste paulista. Também houve ampliação da diversificação
industrial de Minas Gerais e Espírito Santo (indústrias de bens de produção).
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul deixaram de ter uma estrutura produtiva fundamentada particularmente
na agropecuária e passaram a desenvolver também diferentes ramos industriais, como indústrias de bens de capital
(implementos agrícolas, máquinas), indústrias de bens de consumo não duráveis, indústrias de madeira, couro e
calçados.
O dinamismo industrial do Centro-Sul continuou associado ao desenvolvimento de complexos agroindustriais,
destacando-se a produção granjeira e a de grãos e carnes, diretamente vinculadas às indústrias de bens de consumo
não duráveis. Localizam-se na região alguns dos mais importantes abatedouros de gado e frigoríficos do país. A
proximidade geográfica do Centro-Sul com os países do Mercosul é um dos fatores que beneficiam as atividades
produtivas e a exportação.
Na porção centro-oeste desse grande espaço regional, a disponibilidade de terras, os incentivos fiscais e
financeiros , além da crescente atração exercida pela capital do país, contribuíram para a expansão da fronteira
agrícola. A moderna produção agropecuária (soja, milho, carne) destina-se, principalmente, ao comércio externo.
A integração de transportes rodofluviais no conjunto da hidrovia Tietê-
-Paraná também tem possibilitado ao Centro-Sul ampliar diversas atividades produtivas e gerar mudanças
significativas na ocupação do espaço e na rede de comunicação. Observe a foto ao lado.
< imagem >
PUL S A R IMAG E N S / T H O M A Z VIT A NET O
A hidrovia Tietê-Paraná integra um grande sistema de transporte multimodal,pois é interligada às malhas rodoviária e ferroviária.
Constitui um importante corredor de exportação,pelo qual é escoada boa parte da produção nacional destinada a países do
Mercosul.Na foto, de 2013, vista de embarcação transportando grãos pela hidrovia Tietê-Paraná nas proximidades do município
de Barbosa (SP).
Os “quatro Brasis”
De acordo com os geógrafos Milton Santos e Ana Clara Torres Ribeiro, o espaço brasileiro pode ser dividido em
quatro regiões: a Amazônia, o Centro-Oeste, o Nordeste e a região Concentrada, que abrange Minas Gerais, São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Essa divisão considera o grau de acumulação de ciência, tecnologia e informação no território nacional e as
heranças do passado. Ela também considera a localização dos centros de decisões políticas, a robotização das
indústrias e a tecnologia aplicada ao setor agropecuário, a existência de numerosas instituições de pesquisa e a
localização das sedes de instituições financeiras ligadas ao mercado global. Sendo assim, a região Concentrada
possui os setores econômicos mais avançados do país. Observe-a no mapa a seguir.
Atlas nacionaldo Brasil Milton Santos
IBGE. Rio de Janeiro, 2010.
Atlas com diversos mapas temáticos do Brasil. Nele você vaiencontrar tanto mapas sobre aspectos físicos do país como mapas s obre economia,
diversidade culturale qualidade de vida da população. É uma interessante fonte de pesquisa que vai ajudar você a compreender melhor o país
onde vivemos.
Brasil:quatro Brasis
< mapa >
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura.
O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio
de Janeiro: Record, 2001.
Texto & contexto
1. Que mudanças ocorreramna regionalização do Brasil desde a criação do IBGE? Que critérios as nortearam?
2. Identifique uma das críticas feitas à atual divisão regional elaborada pelo IBGE. Você concorda com essa crítica? Justifique.
3. Que inovação a divisão em regiões geoeconômicas trouxe para a regionalização do Brasil? Comente-a.
4. Na regionalização geoeconômica, quais são os critérios utilizados para agrupar as áreas que pertencem ao Nordeste, à
Amazônia e ao Centro-Sul?
5. Como é a divisão regional proposta por Milton Santos e Ana Clara Torres Ribeiro? Que critérios eles utilizaram?
IDH e regionalização do Brasil
Com o término da Guerra Fria, o fim do socialismo, os altos índices de desemprego e o aumento da miséria social
em inúmeros países, a visão dos estudiosos e da população sobre o conceito de desenvolvimento se transformou
bastante. De acordo com o novo enfoque, o desenvolvimento de um país não pode ser medido somente levando em
conta a expansão de sua base produtiva.
A realização de uma série de fóruns internacionais ao longo da década de 1990 apontou importantes perspectivas
sociais, políticas, culturais e ambientais para o desenvolvimento interno das nações e para as relações
internacionais.
Assim, desde os anos 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) tem utilizado um
conceito de desenvolvimento baseado em um indicador expresso numericamente: o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH). Esse índice varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, mais elevado é o desenvolvimento.
Esse conceito de desenvolvimento passou a ter como referencial o poder de consumo
das pessoas e o seu acesso à educação e à saúde. Em outras palavras, o desenvolvimento humano inclui tudo
aquilo que possibilita aos cidadãos a ampliação da participação na vida econômica, política e cultural do país em que
vivem.
Com base nesses novos paradigmas, o Pnud, em conjunto com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), publica relatórios sobre o desenvolvimento humano do Brasil desde 1996. Eles apontam para outra
estruturação do espaço brasileiro que não se baseia somente nos critérios administrativos ou de integração
econômica como fonte de regionalização. Aquilo que se pode chamar de “nova regionalização” parte de diferentes
dimensões do desenvolvimento humano, como a expectativa de vida, a escolaridade e a renda.
O IDH, originalmente criado para classificar países, no Brasil tem sido calculado para cada município – o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Com base nesse índice, é possível classificar o desenvolvimento
humano brasileiro por estado e por região. Observe o mapa ao lado, que regionaliza o Brasil utilizando o IDHM como
critério.
Atlas do desenvolvimento humano no Brasil
Atlas com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de todos os municípios brasileiros, unidades da federação e regiões
metropolitanas. Além dos índices do IDHM, há outros indicadores de educação, renda, trabalho, habitação e demografia.
Versão digital disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013>. Acessoem: 23 set. 2015.
Brasil:regionalização com base no IDHM (2010)
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: ATLAS do Desenv olv imento Humano no Brasil. Ranking – todos os estados (2010). Disponív el em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/ranking>. Acesso em:
21 set. 2015.
Ampliando o conhecimento
Infográfico: alex argozino/Arquivo da editora
Fonte do mapa: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio deJaneiro, 2012. p. 95.
Fonte dos dados: IBGE. Área territorial brasileira. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/cartografia/default_territ_area.shtm>. Acesso em: 6 maio2016/Sinopse doCenso Demográfico 2010.
Os gráficos desta página foram elaborados com base em: 1. MAGALHÃES, João Carlos. Emancipação político-administrativa demunicípios no Brasil. IPEA. Disponível em:
<http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Capitulo1_30.pdf>. Acesso em: 12abr. 2016; 2. IBGE. Contas Regionais do Brasil 2002/Contas Regionais doBrasil 2012/Séries
histórias e estatísticas/Tábuas abreviadas de mortalidade por sexo e idade – 2010/Sinopse do CensoDemográfico 2010.
Região Sudeste
A região Sudeste do Brasil é formada pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito
Santo. Ela abrange pouco mais de 10% do território nacional e abriga cerca de 40% da população brasileira. A
supremacia econômica do Sudeste no conjunto do Brasil se baseia no aproveitamento mais intensivo do território
com a maior concentração de capitais e de tecnologia do país. Boa parte das lavouras comerciais brasileiras mais
importantes situa-se na região, como as do café, do algodão, da cana-de-açúcar, da laranja (veja foto ao lado) e
da banana. Também a pecuária de corte e a leiteira são desenvolvidas de maneira intensiva.
Um dos fatores que sustentaram o desenvolvimento industrial do Sudeste foi a existência de uma grande área
de mineração, com destaque para a extração de ferro e manganês no Quadrilátero Ferrífero, área localizada no
centro-leste do estado de Minas Gerais.
Por abrigar o maior parque industrial da América Latina, o Sudeste ocupa posição hegemônica em relação às
demais regiões do país, condição que faz de São Paulo a grande metrópole nacional e do Rio de Janeiro uma
metrópole nacional, ambas com área de influência por todo o território brasileiro.
É no Sudeste que se localizam os dois principais portos nacionais: o de Santos (SP) e o do Rio de Janeiro (RJ),
além dos portos de São Sebastião (SP) e de Vitória (ES).
Apesar de haver certa integração entre os estados do Sudeste, as características econômicas de cada um
determinam significativas desigualdades intrarregionais. Quando se fala em Sudeste, em geral considera-se o
chamado Sudeste geoeconômico, o que exclui a zona semiárida do norte de Minas Gerais e inclui o norte do Paraná
(área de Londrina e Maringá), um prolongamento do Oeste paulista.
< imagem >
PUL S A R IMAG E N S / JO Ã O PR UD E N T E
Na região Sudeste, há grandes lavouras comerciais, como essa de laranja em Santo Antônio de Posse (SP). Foto de 2014.
Desigualdades internas no Sudeste
Mesmo reduzindo nas últimas décadas sua importância relativa no país, em face do maior crescimento de outros
estados, São Paulo permanece como o grande motor da economia nacional, respondendo por mais de 30% do PIB
brasileiro e de 55% da riqueza do Sudeste.
O estado do Rio de Janeiro, embora não tenha mais a relevância que teve no passado, detém o segundo PIB entre
os estados brasileiros, contribuindo com mais de 10% da riqueza nacional e de 20% da produção regional. Destaca-
se pela indústria de petróleo, gás natural, química, metalúrgica, automobilística e construção naval. Recentemente,
foi implantado na Baixada Fluminense um complexo petroquímico (Comperj), constituindo no país mais um polo
indutor do desenvolvimento industrial de derivados de petróleo. No entanto, a atividade agropecuária fluminense
enfrenta problemas por causa da pequena disponibilidade de terras, da topografia irregular, da má qualidade dos
solos e do alto preço das terras. Uma área de destaque é o norte do estado, com expressiva produção de cana-de-
açúcar.
A participação de Minas Gerais na produção industrial e agropecuária teve um aumento significativo nos
últimos anos. Esse foi o estado da região que mais se beneficiou com a desconcentração econômica de São
Paulo. Desde a década de 1970, a presença de recursos minerais tem atraído investimentos na área de
indústrias de bens intermediários, indústrias mecânicas, de material elétrico e de transporte.
A presença de montadoras de automóveis incentivou o desenvolvimento da indústria de autopeças.
Paralelamente, as indústrias tradicionais, têxteis e alimentares modernizaram-se.
No setor agropecuário, a participação do estado na produção nacional também aumentou, destacando-se a
produção de café no sul e de grãos na área do cerrado. Os índices de produção mais baixos estão no norte do
estado, no chamado Vale do Jequitinhonha, região com indicadores econômicos e sociais que a aproximam
mais do Nordeste do que do Sudeste.
O estado que apresenta menor participação na economia regional e nacional é o Espírito Santo, onde as
indústrias de bens intermediários – aço e celulose –, bem como a cafeicultura no norte do estado, estão
voltadas diretamente para o mercado internacional.
< imagem >
FOL H A P R E S S/ M A R C I O BRI GA T T O
Montadora de automóveis em Juiz de Fora (MG), em 2012.
Descentralização das atividades produtivas
De 1970 até o fim do século XX, a participação relativa do estado de São Paulo na produção industrial brasileira
caiu de 57% para 43% em virtude da redução da atividade na região metropolitana e, principalmente, do
desenvolvimento da atividade fabril em outros estados. Em 2012, o estado era responsável por 36% dessa produção.
Por outro lado, houve grande expansão de indústrias no interior paulista, facilitada pela densa rede rodoviária.
Observe, no mapa a seguir, o eixo rodoviário formado pela Anhanguera e pela Castelo Branco, importante para a
interligação de diferentes áreas do estado. A rodovia Fernão Dias faz a ligação entre os espaços econômicos paulista
e mineiro, e a rodovia Régis Bittencourt (BR-116) faz a ligação de São Paulo com o sul do país.
São Paulo:grandes eixos rodoviários (2012)
< mapa >
JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 146.
Vale ressaltar que o processo de desconcentração das atividades produtivas perdeu fôlego já a partir do fim da
década de 1990, não porque outras regiões tenham deixado de crescer, mas por causa da recuperação econômica
da região metropolitana.
Historicamente, o maior crescimento econômico da região metropolitana de São Paulo ocorreu a partir da
incorporação das cidades industriais do ABC, juntamente com Osasco e Guarulhos.
Considerando a concentração demográfica, financeira e tecnológica, a disponibilidade de recursos humanos
qualificados e os indicadores de renda da população, os economistas concluíram que, apesar do desenvolvimento que
ocorre no interior paulista, com destaque para a área de Campinas, é na região metropolitana de São Paulo que estão
as condições mais favoráveis para o capital. Contudo, diante dos preços dos imóveis e graças às facilidades de
comunicação, muitas empresas de grande porte instalam suas unidades produtivas no interior, mas mantêm sua sede
administrativa junto à capital paulista.
Quanto à produção agropecuária, ela é extremamente modernizada e atrelada a grandes complexos
agroindustriais, como é o caso da laranja e da cana. Entre as unidades federativas, São Paulo e Minas Gerais
respondem por grande parte das exportações brasileiras. Também é importante destacar a posição de São Paulo no
Mercosul, sendo esse estado um componente fundamental no eixo de integração com Montevidéu e Buenos Aires. A
pauta das exportações entre os países do Mercosul, principalmente na linha de produções industrializadas, teve um
salto de 2,5 bilhões de dólares em 1991 para mais de 20 bilhões de dólares em 2014 (dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Vale destacar, no entanto, que a maior parte desse intercâmbio corresponde a comércio intragrupos, ou seja,
realizado entre unidades que, embora localizadas em países diferentes, pertencem aos mesmos conglomerados
multinacionais. Esse fenômeno é característico dos tempos atuais e denota uma das vantagens da formação de
blocos para os agentes da globalização econômica – as multinacionais. Apesar disso, o incremento do comércio
entre os países do Mercosul traz múltiplos benefícios, particularmente para os estados do Sudeste e parte do Centro-
Oeste do país.
Grande parte das exportações da Argentina é feita para São Paulo, destacando -se o trigo, os produtos
alimentícios, os automóveis e as autopeças. Por outro lado, isso garante a São Paulo uma grande penetração
na área do Mercosul. Além das trocas comerciais, os investimentos são importantes nesse mercado regional.
< imagem >
©WI K I M E D I A COM M O N S / L E A N D R O R. M. DE MAR C O
Vista de parte da cidade de Campinas (SP), em 2012. Por abrigar um grande número de empresas de alta tecnolo gia, Campinas é conhecida como o Vale
do Silício brasileiro.
< imagem >
PUL S A R IMAG E N S / P A U L O FRI D M A N
Colheita mecanizada de cana-de-açúcar no município de Cerqueira César (SP), em 2014.
Texto & contexto
1. Identifique algumas desigualdades internas existentes na região Sudeste e comente cada uma delas.
2. Explique a redução da participação de São Paulo na produção industrial do Brasil, pois caiu de 57% para 36% entre 1970 e
2012. Se necessário,realize uma pesquisa na internet.
3. Enumere alguns fatores responsáveis pela retomada do crescimento industrial em São Paulo, inclusive a região metropolitana
da capital, após um período de desconcentração fabril.
Região Sul
Formada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a região Sul abrange cerca de 6,8% do território
brasileiro, onde vivem 14,3% da população do país.
A ocupação do Sul teve início com a criação de gado para a produção de charque e de couro, mas só se
efetivou com a imigração europeia no século XIX. Italianos, alemães e eslavos foram alguns dos imigrantes
europeus que introduziram novas formas de aproveitamento econômico do espaço regional, como a pequena
propriedade, o policultivo, a associação agricultura-pecuária e a exploração direta da terra. Juntamente com
uma enorme bagagem cultural relativamente bem preservada, os imigrantes mantiveram a unidade familiar,
fazendo com que a região viesse a se tornar um dos esteios agrícolas do país.
Na região Sul, a produção agropecuária é muito diversificada: soja e trigo, plantados no planalto; arroz e lã, no Rio
Grande do Sul, estado responsável por quase toda a produção nacional dessa fibra; couro e carne, milho, feijão,
batata, fumo e outros produtos.
< imagem >
PUL S A R IMAG E N S / G E R S O N GER L O F F
Colheita mecanizada de arroz em Santa Maria (RS), 2013. No Rio Grande do Sul, a rizicultura (ou orizicultura), altamente produtiva, tem grande
destaque na agricultura nacional.
< imagem >
PUL S A R IMAG E N S / D E L F I M MAR T I N S
Colheita mecanizada de trigo em Nova Fátima (PR), 2015.
Apesar desse desempenho, entre as décadas de 1970 e 1990 a participação do Sul na produção agropecuária do
país reduziu em quase 50%: em 2012, a região contribuiu com 23,5% do total nacional. Algumas das causas desse
declínio foram o fim da expansão da fronteira agrícola nos três estados e a incorporação de novas terras às áreas
agrícolas das regiões Centro-Oeste e Norte. Apenas Santa Catarina aumentou sua participação relativa na produção
agropecuária nacional. O abate automatizado de frangos faz desse estado um importante exportador de aves.
A região Sul também se beneficiou do processo de desconcentração econômica em virtude da proximidade com
o Sudeste e da criação de uma significativa rede de transportes e comunicações. Em função da presença de
carvão em certas áreas dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nas últimas décadas do século XX a
região articulou-se às indústrias siderúrgicas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre 1970 e 2013,
segundo o IBGE, a participação da região no total da produção industrial brasileira subiu de 11% para 20%.
No Paraná, o principal parque industrial localiza-se em torno da capital, Curitiba, onde se destacam, além das
tradicionais indústrias alimentícias e madeireiras, as indústrias químicas, de material elétrico, de transporte e
automobilística.
Em Santa Catarina, a produção industrial também se diversificou bastante a partir dos anos 1990. A indústria
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2
Geografia volume 2

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 1 - geografia 1
Aula 1 - geografia 1Aula 1 - geografia 1
Aula 1 - geografia 1Palloma Luana
 
geografia-3-ano-medio.docx
geografia-3-ano-medio.docxgeografia-3-ano-medio.docx
geografia-3-ano-medio.docxAmanda Morato
 
Os meios de orientação - 6º Ano (2016)
Os meios de orientação - 6º Ano (2016)Os meios de orientação - 6º Ano (2016)
Os meios de orientação - 6º Ano (2016)Nefer19
 
MATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdf
MATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdfMATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdf
MATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdfLuis Paulo C Carvalho
 
Ciclos economicos brasil
Ciclos economicos brasilCiclos economicos brasil
Ciclos economicos brasilThiago Tavares
 
7o ano-historia28170710
7o ano-historia281707107o ano-historia28170710
7o ano-historia28170710Nivea Neves
 
Avaliação de geografia territorialidade e paisagem
Avaliação de geografia territorialidade e paisagemAvaliação de geografia territorialidade e paisagem
Avaliação de geografia territorialidade e paisagemAtividades Diversas Cláudia
 
Atividade avaliativa sobre o filme Mãos Talentosas
Atividade avaliativa sobre o filme Mãos TalentosasAtividade avaliativa sobre o filme Mãos Talentosas
Atividade avaliativa sobre o filme Mãos TalentosasAlex Santos
 
Avaliação geografia
Avaliação geografia Avaliação geografia
Avaliação geografia Isa ...
 
ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES - OCLÉ...
ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES  - OCLÉ...ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES  - OCLÉ...
ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES - OCLÉ...EEMAS
 
Avaliação de geografia 6º ano - 1º bimestre
Avaliação de geografia 6º ano - 1º bimestreAvaliação de geografia 6º ano - 1º bimestre
Avaliação de geografia 6º ano - 1º bimestrePriscila Silva Andrade
 
Eletricidade - Texto e atividade de Ciências
Eletricidade   - Texto e atividade de CiênciasEletricidade   - Texto e atividade de Ciências
Eletricidade - Texto e atividade de CiênciasMary Alvarenga
 
Prova coordenada geografica- 1 ano
Prova   coordenada geografica- 1 anoProva   coordenada geografica- 1 ano
Prova coordenada geografica- 1 anoKilna Moura
 

Mais procurados (20)

Aula 1 - geografia 1
Aula 1 - geografia 1Aula 1 - geografia 1
Aula 1 - geografia 1
 
geografia-3-ano-medio.docx
geografia-3-ano-medio.docxgeografia-3-ano-medio.docx
geografia-3-ano-medio.docx
 
Os meios de orientação - 6º Ano (2016)
Os meios de orientação - 6º Ano (2016)Os meios de orientação - 6º Ano (2016)
Os meios de orientação - 6º Ano (2016)
 
Caça palavras maias
Caça palavras maiasCaça palavras maias
Caça palavras maias
 
MATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdf
MATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdfMATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdf
MATERIAL-DO-EDUCADOR-AULAS-DE-ESTUDO-ORIENTADO.pdf
 
Avaliação 6º ano geografia
Avaliação 6º ano   geografiaAvaliação 6º ano   geografia
Avaliação 6º ano geografia
 
Resumo 7º ano geografia
Resumo 7º ano geografiaResumo 7º ano geografia
Resumo 7º ano geografia
 
Ciclos economicos brasil
Ciclos economicos brasilCiclos economicos brasil
Ciclos economicos brasil
 
7o ano-historia28170710
7o ano-historia281707107o ano-historia28170710
7o ano-historia28170710
 
Movimentos da terra rotação
Movimentos da terra rotaçãoMovimentos da terra rotação
Movimentos da terra rotação
 
Avaliação de geografia territorialidade e paisagem
Avaliação de geografia territorialidade e paisagemAvaliação de geografia territorialidade e paisagem
Avaliação de geografia territorialidade e paisagem
 
Territorio e territorialidade
Territorio e territorialidadeTerritorio e territorialidade
Territorio e territorialidade
 
Atividade avaliativa sobre o filme Mãos Talentosas
Atividade avaliativa sobre o filme Mãos TalentosasAtividade avaliativa sobre o filme Mãos Talentosas
Atividade avaliativa sobre o filme Mãos Talentosas
 
Segunda Guerra Mundial
Segunda Guerra MundialSegunda Guerra Mundial
Segunda Guerra Mundial
 
Avaliação geografia
Avaliação geografia Avaliação geografia
Avaliação geografia
 
ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES - OCLÉ...
ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES  - OCLÉ...ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES  - OCLÉ...
ELETIVA GEOGRAFIA EM FOTOS - UM OLHAR, UM CLICK E MULTIPLAS REFLEXOES - OCLÉ...
 
Cartografia 1º ano
Cartografia 1º anoCartografia 1º ano
Cartografia 1º ano
 
Avaliação de geografia 6º ano - 1º bimestre
Avaliação de geografia 6º ano - 1º bimestreAvaliação de geografia 6º ano - 1º bimestre
Avaliação de geografia 6º ano - 1º bimestre
 
Eletricidade - Texto e atividade de Ciências
Eletricidade   - Texto e atividade de CiênciasEletricidade   - Texto e atividade de Ciências
Eletricidade - Texto e atividade de Ciências
 
Prova coordenada geografica- 1 ano
Prova   coordenada geografica- 1 anoProva   coordenada geografica- 1 ano
Prova coordenada geografica- 1 ano
 

Semelhante a Geografia volume 2

GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdf
GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdfGEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdf
GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdfdudamaiaf
 
1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf
1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf
1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdfLuzimaryAmorim1
 
Geografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdf
Geografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdfGeografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdf
Geografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdfLgia17
 
PNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdf
PNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdfPNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdf
PNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdfAriadne Costa
 
Educacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdf
Educacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdfEducacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdf
Educacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdfFabinBarreto2
 
6º a.edinaldo geo-pdf
6º a.edinaldo geo-pdf6º a.edinaldo geo-pdf
6º a.edinaldo geo-pdfFatima Moraes
 
LIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdf
LIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdfLIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdf
LIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdfIsis Bugia
 
Inspire ciencias-mp-6 divulgacao
Inspire ciencias-mp-6 divulgacaoInspire ciencias-mp-6 divulgacao
Inspire ciencias-mp-6 divulgacaoRoberto Moura
 
Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...
Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...
Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...Resgate Cambuí
 
ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...
ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...
ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...CianeSilva4
 
Dissertacao modernidade reflexivagiddens
Dissertacao modernidade reflexivagiddensDissertacao modernidade reflexivagiddens
Dissertacao modernidade reflexivagiddensJoão Manuel
 
Plano de trabalho 2017 geo
Plano de trabalho  2017  geoPlano de trabalho  2017  geo
Plano de trabalho 2017 geoFlavia Blanco
 
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdfEDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdfSimoneHelenDrumond
 
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdfEDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdfSimoneHelenDrumond
 
EaD_Filosofia_Ética.pdf
EaD_Filosofia_Ética.pdfEaD_Filosofia_Ética.pdf
EaD_Filosofia_Ética.pdfMarcioPrimac1
 

Semelhante a Geografia volume 2 (20)

GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdf
GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdfGEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdf
GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdf
 
1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf
1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf
1. Livro Conexões com a Historia 3. Ano (PDF) (1).pdf
 
Geografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdf
Geografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdfGeografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdf
Geografia - Geral e do Brasil - V1-2016.pdf
 
PNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdf
PNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdfPNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdf
PNLD2020_Telaris_Historia_7ano_MP.pdf
 
Educacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdf
Educacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdfEducacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdf
Educacao_Contemporanea_vol26GFHGFHFGHGFHGFHFGHFGFGH.pdf
 
LIVRO -ESCOLHIDO -PROFESSOR.pdf
LIVRO -ESCOLHIDO -PROFESSOR.pdfLIVRO -ESCOLHIDO -PROFESSOR.pdf
LIVRO -ESCOLHIDO -PROFESSOR.pdf
 
6º a.edinaldo geo-pdf
6º a.edinaldo geo-pdf6º a.edinaldo geo-pdf
6º a.edinaldo geo-pdf
 
8° ANO - CIENCIAS.pdf
8° ANO - CIENCIAS.pdf8° ANO - CIENCIAS.pdf
8° ANO - CIENCIAS.pdf
 
LIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdf
LIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdfLIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdf
LIVRO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EBOOK.pdf
 
Inspire ciencias-mp-6 divulgacao
Inspire ciencias-mp-6 divulgacaoInspire ciencias-mp-6 divulgacao
Inspire ciencias-mp-6 divulgacao
 
Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...
Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...
Contextualização da arborização urbana no brasil sob a prespectiva da gestão ...
 
ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...
ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...
ROTA CHS 720 - A HUMANIDADE E A NATUREZA RELAÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM FUTURO...
 
Dissertacao modernidade reflexivagiddens
Dissertacao modernidade reflexivagiddensDissertacao modernidade reflexivagiddens
Dissertacao modernidade reflexivagiddens
 
Univconhecimento
UnivconhecimentoUnivconhecimento
Univconhecimento
 
Plano de trabalho 2017 geo
Plano de trabalho  2017  geoPlano de trabalho  2017  geo
Plano de trabalho 2017 geo
 
Caderno de orientações didáticas geografia
Caderno de orientações didáticas   geografiaCaderno de orientações didáticas   geografia
Caderno de orientações didáticas geografia
 
O blog
O blogO blog
O blog
 
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdfEDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
 
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdfEDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO_volume 2.pdf
 
EaD_Filosofia_Ética.pdf
EaD_Filosofia_Ética.pdfEaD_Filosofia_Ética.pdf
EaD_Filosofia_Ética.pdf
 

Geografia volume 2

  • 1. 2 Geografia Geografia «VOLUM E 2 | ENSIN O MÉDIO» IGOR MOREIRA Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor no núcleo de pós-graduação da Faculdade Porto-Alegrense (Fapa-RS). 1a edição Curitiba, 2016 Vivá Geografia - Volume 2 © 2016 - Igor Moreira Direitos de publicação © 2016 Editora Positivo Ltda. Direção de programas de governo e governança editorial Márcia Takeuchi Gerência editorial Sandra Cristina Fernandez Supervisão editorial Cláudia Carvalho Neves Coordenação editorial e edição Jaqueline Paiva Cesar Edição Flávia Garcia Penna, Angélica Campos Nakamura Elaboração de conteúdo Angélica Campos Nakamura, Dirceu Franco, Elizabeth Auricchio Leitura crítica Júlio César Suzuki Autoria Igor Moreira. Reformulação dos originais de Igor Moreira e Elizabeth Auricchio Assistência editorial Emilia Yamada, Karina Miquelini Revisão Kátia Scaff Marques (superv.), Maya Indra Souarthes Oliveira, Edilene Rodrigues Supervisão de arte Juliano de Arruda Fernandes Edição de arte Alexandre Francisco da Silva Pereira, Juliana Medeiros de Albuquerque Capa Megalodesign Projeto gráfico Pedro Gentile com ilustrações de Daniel Cabral
  • 2. Editoração eletrônica Muiraquitã Editoração Gráfica Supervisão de iconografia Janine Perucci Iconografia Tassiane Tokarski, Jéssica Miara Produção gráfica Danilo Marques da Silva Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil) M838 Moreira, Igor. Vivá : geografia : volume 2 : ensino médio / Igor Moreira – Curitiba: Positivo, 2016. : il. (Coleção Vivá) 1. Geografia. 2. Ensino médio – Currículos. I. Título. CDD 373.33 ISBN 978-85-467-0712-6 (Livro do estudante) ISBN 978-85-467-0713-3 (Manual do professor) 1ª edição 2016 Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda. R. Major Heitor Guimarães, 174 80440-120 – Curitiba – PR Fale com a gente: 0800 723 6868 Site: www.editorapositivo.com.br Impressão e acabamento: Gráfica Posigraf S.A. R. Senador Accioly Filho, 500 81310-000 – Curitiba – PR E-mail: posigraf@positivo.com.br Apresentação Caro estudante: Vivemos num mundo cada vez mais complexo em todas as áreas: relações internacionais, ciência, tecnologia, economia. Hoje, um acontecimento particular se inscreve numa teia de relações de alcance globalizado. Estamos na era do conhecimento, usado de modo intensivo em todas as esferas sociais, seja na escola, seja no trabalho, seja na convivência cotidiana. Como decifrar uma atualidade tão múltipla e em constante transformação? Como saber o que é mundo e como ele fu186nciona? Como formar alunos-cidadãos conscientes, capazes de atuar no presente e construir o futuro? O objetivo desta coleção é contribuir com referências essenciais para que você possa ampliar seus conhecimentos geográficos, compreendendo as transformações do espaço geográfico como produto das relações socioeconômicas, culturais e de poder. Este segundo volume da coleção se inicia com estudos sobre região e regionalização, indispensáveis ao entendimento da dinâmica de formação e construção do território nacional, bem como sobre a inserção do país no sistema internacional; aborda os elementos físicos integrantes na construção do espaço brasileiro, os aspectos sociais e culturais, e, finalmente, os circuitos brasileiros de produção, circulação e consumo. O autor.
  • 3. Conheça seu livro < imagem > Abertura de unidade Apresenta uma imagem ampla, relacionada com os assuntos que serão estudados na unidade. Contém um texto introdutório e algumas questões para você refletir. < imagem > Abertura de capítulo Os capítulos começam com uma imagem e um texto introdutório sobre os principais assuntos que serão abordados. < imagem > Ampliando o conhecimento Apresenta infográficos que ampliam alguns temas relacionados aos conteúdos estudados ao longo dos capítulos. < imagem > Pensando bem Propõe atividades para você checar o que aprendeu, retomar os conteúdos estudados e aprofundar seus conhecimentos. < imagem > Para saber mais Oferece informações complementares e interessantes sobre um conteúdo estudado no capítulo. < imagem > Conexões Possibilita o aprofundamento de seus conhecimentos por meio de textos relacionados aos temas estudados no capítulo. Texto & contexto Traz questões para serem respondidas no caderno. Elas incentivam a interpretação de textos, fotografias, mapas, tabelas e gráficos. < imagem > Para ler, pesquisar e assistir Apresenta sugestões de livros, sites e filmes sobre os assuntos estudados. Glossário Apresenta o significado de palavras e expressões de difícil compreensão. < imagem > Desafios & debates Contém atividades diferenciadas para pesquisa, reflexão e debate sobre um tema. < imagem > Projeto No final do volume, há um projeto que valoriza práticas de pesquisa associadas ao conhecimento geográfico e suas relações com outras áreas do saber. < imagem > Índice remissivo No final do volume, você encontra uma relação de conceitos, categorias e termos importantes para a Geografia e as res pectivas páginas em que as ocorrências são mais significativas. Ícone
  • 4. Interdisciplinaridade Indica atividades e propostas interdisciplinares, para que você possa estudá-las de modo integrado com as demais áreas. Sumário Unidade 1 Brasil: um país no mundo CAPÍTULO 1 Construção e integração do território 10 Um país-continente...................................................... 11 Dimensões territoriais ................................................. 12 A construção de um país ............................................ 13 Do “arquipélago” ao continente ............................... 19 Desconcentração espacial ......................................... 22 Cone xões .................................................................... 23 Pe nsa ndo be m .......................................................... 24 Desafi os & debates ................................................. 26 CAPÍTULO 2 Regionalização e planejamento ..... 27 O que é regionalizar? .................................................. 28 Regiões do IBGE .......................................................... 28 Regiões geoeconômicas .............................................30 Os “quatro Brasis”....................................................... 34 IDH e regionalização do Brasil .................................. 35 Ampliando o conhecim ento – Síntese das regiões do IBGE ........................................................... 36 A estrutura centro-periferia ....................................... 50 Cone xões .................................................................... 51 Pe nsa ndo be m ......................................................... 52 Desafi os & debates ................................................. 54 CAPÍTULO 3 O Brasil no sistema internacional .... 55 Economia global: breve histórico ............................ 56 Transformações recentes do Estado brasileiro .... 57 Investimentos externos no Brasil............................. 65 Cone xões .................................................................... 71 Pe nsa ndo be m ......................................................... 72 Desafi os & debates ................................................. 74 < imagem > FOTO S PÚBLICA S/A G Ê NC IA BRASIL/M A RC E LO CAMA RG O Unidade 2
  • 5. Brasil: paisagens naturais e ação da sociedade CAPÍTULO 4 Geologia, relevo e águas do Brasil 78 Arcabouço geológico brasileiro ............................... 79 Subsolo brasileiro: recursos minerais .................... 80 Formas do relevo brasileiro....................................... 84 Águas do Brasil ............................................................ 88 Cone xões .................................................................... 97 Pe nsa ndo be m ......................................................... 98 Desafi os & debates ............................................... 100 CAPÍTULO 5 Clima, solo e paisagens vegetais do Brasil 101 Tempo e clima............................................................. 102 Dinâmica das massas de ar no Brasil ................... 102 Biomas do Brasil ........................................................ 108 Formações vegetais do Brasil................................. 109 Extrativismo vegetal no Brasil ................................ 115 Em defesa dos biomas.............................................. 118 Domínios morfoclimáticos: a paisagem natural em conjunto................................................... 121 Cone xões .................................................................. 125 Pe nsa ndo be m ....................................................... 126 Desafi os & debates ............................................... 128 Unidade 3 Brasil: sociedade e cultura CAPÍTULO 6 Dinâmica populacional ......................... 132 Quantos somos? Onde vivemos? .......................... 133 Ampliando o conhecim ento – Crescimento da população............................................................... 134 Idades e gênero .......................................................... 136 Atividades da população .......................................... 141 Um país de desigualdades ....................................... 144 Uma população em movimento .............................. 146 Cone xões .................................................................. 155 Pe nsa ndo be m ....................................................... 156 Desafi os & debates ............................................... 158 CAPÍTULO 7 Um país multicultural ...............................159 Formação étnica do Brasil ....................................... 160 Cultura .......................................................................... 164 Noção de patrimônio ................................................. 165 Patrimônios brasileiros ............................................. 166 Outras manifestações culturais .............................. 175 Geografia dos sabores brasileiros.............................. 178 Cone xões .................................................................. 181 Pe nsa ndo be m ....................................................... 182 Desafi os & debates ............................................... 184
  • 6. Unidade 4 Brasil: trabalho, circuitos de produção e urbanização CAPÍTULO 8 Espaço agropecuário brasileiro ....188 Modernização da agropecuária ............................... 189 Estrutura fundiária ..................................................... 203 Cone xões .................................................................. 211 Pe nsa ndo be m ....................................................... 212 Desafi os & debates ............................................... 214 < IMAGE M > Pulsar Imagens/Gerson Gerloff < IMAGE M > PULSA R IMAGE N S/E DS O N SATO CAPÍTULO 9 Espaço industrial brasileiro e matriz energética 215 Café e indústria........................................................... 216 Papel do Estado ......................................................... 217 Multinacionais e concentração industrial ............. 217 Estrutura industrial brasileira .................................. 222 Trabalho na indústria ................................................ 227 Fontes de energia, indústria e consumo .............. 228 Produção de energia elétrica no Brasil ................. 237 Matriz energética brasileira ...................................... 238 Cone xões .................................................................. 239 Pe nsa ndo be m ....................................................... 240 Desafi os & debates ............................................... 242 CAPÍTULO 10 Espaço urbano brasileiro ................... 243 Rumo às cidades........................................................ 244 Metropolização ........................................................... 246 Brasil: um país urbano.............................................. 251 Cone xões .................................................................. 257 Pe nsa ndo be m ....................................................... 258 Desafi os & debates ............................................... 260 Projeto: M ul her e tra balho ................................. 262 Índice re mis sivo ..................................................... 267 Referê ncias bibliográficas ................................. 270 UMIDADE
  • 7. 1 Brasil: um país no mundo A Geografia e a História revelam que o Brasil já foi bem diferente daquele que observamos nos mapas atuais. Explorado economicamente desde o século XVI, o território brasileiro foi forjado com base no modelo colonial de exportação. Subordinação de populações locais, apropriação de espaços e exploração de recursos naturais são características desse modelo. Como você verá nesta unidade, foi somente no fim do século XIX que o espaço brasileiro deixou de apresentar uma economia fragmentada, voltada para o exterior, para se constituir em um espaço integrado. Mas como se deu a ocupação econômica e a expansão territorial do Brasil? Será que o país ainda revela diferenças regionais? Ao longo desta unidade, você vai refletir sobre essas questões, sobre o espaço geográfico brasileiro e suas múltiplas paisagens. < imagem > Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Gilberto Ferrez No século XIX, o principal produto das exportações brasileiras era o café. A secagem dos grãos é a primeira etapa de seu processamento. Nesse período, a secagem era feita de modo natural, por meio da ação do sol. Na foto, mulheres e homens escravizados trabalham no processamento do café na região do Vale do Paraíba, Rio de Janeiro (RJ), 1882. Um primeiro olhar 

As grandes façanhas históricas brasileiras foram a conquista de um território continental e a construção de uma população que ultrapassa os
150 milhões. Nenhum desses feitos foi gratuito. Portugal, que viveu mil anos na obsessão de fronteira, temeroso de ser engolido pela Espanha, aqui, desde a primeira hora, tratou de marcar e alargar as bases de suas posses territoriais. Plantou fortalezas a mil léguas de qualquer outro povoador. [...] RIBEIRO, Darcy . O povo brasileiro: a f ormação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 149. ▸ Converse com os colegas e o professor sobre a ocupação econômica e a expansão do território brasileiro. ▸ Em sua opinião, como é a participação brasileira nos fluxos da economia global? ▸ De acordo com Darcy Ribeiro, a conquista de um território continental foi uma grande façanha histórica do Brasil. A que se deve esse fato?
  • 8. capítulo 1 < IMAGEM > Nasa Imagem de satélite mostrando parte do território da América do Sul à noite, em 2012.A linha amarela contínua destaca os limites do Brasil. Você sabe que o Brasil é um dos países mais extensos do mundo e que, por isso, tem grandes diferenças regionais, bem como acentuadas desigualdades sociais. Não obstante, é também um país em desenvolvimento, que faz parte dos chamados países emergentes, os quais apresentam crescente participação e importância nos intercâmbios internacionais. Como o presente sempre tem raízes no passado, conhecer o Brasil de hoje implica saber como se deu sua construção ao longo da história. Por isso, é importante compreender que a ocupação do atual território brasileiro ocorreu de modo desigual no tempo e no espaço. Assim, torna-se relevante entender o significado da exploração de certos produtos, como o açúcar, o ouro e o café, na história e na geografia brasileiras; bem como o papel decisivo da industrialização na atual configuração do espaço nacional. Este capítulo trata dessa temática, cujo estudo representa uma contribuição inicial para a compreensão do Brasil de hoje, país com grandes desafios a serem vencidos, mas com imensas possibilidades de vir a ser uma grande nação, com menos desigualdades e melhores condições de vida para todo o seu povo. Um país-continente Com mais de 8 514 876 km², o Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial, ocupando 1,66% da superfície total da Terra (cerca de 6% das terras emersas do globo). Confira, no mapa abaixo, a dimensão e a localização geográfica do Brasil em relação aos quatro países maiores que ele: Rússia, Canadá, Estados Unidos e China. Mundo: países mais extensos < mapa > Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 34. João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora A expressão “país-continente” deve-se a uma comparação entre as áreas do Brasil e da Austrália, a qual praticamente engloba o menor dos continentes, a Oceania, com aproximadamente 7,7 milhões de quilômetros quadrados. Na verdade, outras comparações também podem ser feitas. Para você ter uma ideia, a área de pelo menos vinte países europeus poderia ”caber” no território brasileiro e a área de pelo menos nove deles poderia ”caber” na área da Amazônia brasileira. A dimensão continental do território brasileiro também pode ser observada nas distâncias que separam os pontos extremos e na grande extensão do litoral. Observe o mapa ao lado. O Brasil ocupa 47% do território da América do Sul e está localizado em sua porção centro-oriental. Ele faz fronteira com quase todos os países sul-americanos, exceto Chile e Equador. São 15 719 km de fronteira terrestre com nove países vizinhos e um departamento ultramarino francês (Guiana Francesa), e 7 367 km de fronteira marítima, totalizando 23 086 km de extensão. Brasil:pontos extremos < mapa > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 91. PUL S A R IMAG E N S / R I C A R D O AZ OU R Y Dimensões territoriais
  • 9. Observando o mapa a seguir, você pode retomar alguns aspectos relacionados à posição geográfica e à extensão territorial do Brasil. Note que a linha do equador atravessa o território brasileiro em sua porção norte, passando pela cidade de Macapá, capital do estado do Amapá (veja a foto ao lado). O trópico de Capricórnio, por sua vez, atravessa a cidade de São Paulo, o norte do estado do Paraná e o sul do estado do Mato Grosso do Sul. Observe também que o Brasil está localizado a oeste do meridiano de Greenwich. < imagem > Monumento Marco Zero do equador, em Macapá (AP), em 2013. Posição geográfica do Brasil no mundo MAP A S : JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A / A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: Adaptado de SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 10 e 110. Desse modo, podemos concluir que: ▸ a quase totalidade do território brasileiro (93%) situa-se ao sul da linha do equador, ou seja, no hemisfério sul, também chamado austral ou meridional; ▸ o território brasileiro está totalmente situado no hemisfério ocidental, ou oeste; ▸ a maior parte das terras brasileiras está localizada entre os trópicos, onde predominam climas quentes; ▸ apenas o sul do país faz parte da zona temperada, com climas mais amenos. Texto & contexto 1. Ao comparar a extensão territorial do Brasil com a de outros países do mundo, o que chama a sua atenção? 2. O lugar onde você mora localiza-se próximo à linha do equador? 3. Em qual zona climática localiza-se o estado onde você vive? A construção de um país Como qualquer país do mundo, o Brasil também tem uma história. Ela nos mostra que o território que hoje compreende o país em que vivemos foi formado durante um longo processo de ocupação iniciado pela Coroa portuguesa no século XVI. Indígenas, portugueses, africanos, alemães, italianos, japoneses e tantos outros povos participaram desse processo que, como você sabe, sempre esteve ligado a questões econômicas. Comparando o território atual do país com a área inicial da colonização portuguesa na América no século XVI, delimitada pelo Tratado de Tordesilhas, conclui-se que aquela área praticamente triplicou, pois nem chegava perto dos atuais 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Estruturado a partir do modelo colonial de exploração, somente no fim do século XIX o espaço brasileiro deixou de apresentar uma economia fragmentada, dividida em ilhas de exportação, para se constituir em um espaço integrado, com uma dinâmica interna que liga as diversas regiões e envolve os vários setores da economia. A seguir, veja alguns dos principais aspectos desse longo e complexo processo histórico. Instituto Socioambiental(ISA) <http://www.socioambiental.org>. Acesso em: 9 set. 2015. Fundado em 1994, o objetivo principal do ISA é defender bens e direitos sociais e coletivos, como o meio ambiente, o patrimônio culturale os direitos humanos. Também dedica especialatenção para os povos tradicionais, como os indígenas e quilombolas. Povos nativos A produção do espaço brasileiro começou muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Embora não fizessem a menor ideia de que, posteriormente, fariam parte do Brasil e de muitos outros países, milhares de povos nativos habitavam a América do Sul. Não há consenso entre os estudiosos sobre o número exato de indígenas que habitavam o território antes da chegada dos portugueses. Há estimativas de que havia cerca de 5 milhões de nativos.
  • 10. Agrupados em comunidades espalhadas pelo imenso território, eles eram Tupinambá, Cariba, Tucano, Tupi-Guarani e tantos outros. Viviam em relativa harmonia com a natureza, retirando dela o necessário para sua sobrevivência, sem causar grandes impactos ao meio ambiente. Escravizados e quase eliminados pelos brancos durante praticamente trezentos anos, em 2010 restavam cerca de 817 mil indígenas no Brasil, de acordo com o IBGE, concentrados, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste. Segundo o instituto, cerca de 315 mil indígenas viviam em áreas urbanas e 502 mil, em áreas rurais. Ainda existem alguns grupos que vivem isolados, ou seja, que não estabelecem contato com o restante da sociedade brasileira, como os Korubo. Observe, no mapa ao lado, a distribuição original dos indígenas (de acordo com as famílias linguísticas) em território brasileiro e a localização de grupos remanescentes. Brasil:distribuição original dos indígenas de acordo com as famílias linguísticas < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 125. Para saber mais Índios se preparam para resistir a despejo na zona norte [do município] de São Paulo Cidade de várias culturas, São Paulo preservou pouco espaço para a mais antiga delas. Confinados na menor terra indígena do Brasil, cerca de 700 guaranis lutam para ampliar seu território no entorno do pico do Jaraguá, na zona norte de São Paulo. A ofensiva se intensificou no ano passado [2014], quando algumas famílias deixaram a congestionada comunidade à beira da Estrada Turística do Jaraguá, de 5,2 hectares, para ocupar uma propriedade privada de 72 hectares [...]. O grupo, liderado pelo cacique Ari Martim, 74, é a ponta de lança da estratégia para pressionar o governo federal a regularizar 532 hectares de uso tradicional guarani, segundo estudo antropológico reconhecido pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em abril de 2013. [...] Os guaranis reclamam que a regularização está parada há dois anos [...]. Do lado dos guaranis, a promessa é de “resistir com vidas”: “A demarcação que nós pedimos é muito pouco perto de tudo que os brancos tomaram de nós, e não podemos abrir mão de nem mais um palmo de terra”, afirmam, em carta aberta publicada na sexta-feira [24/04/2015] [...]. MAISONNAVE, Fabiano. Índios se preparam para resistir a despejo na zona norte de São Paulo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 abr. 2015. Cotidiano, p. C6. Ocupaçãodo território Com a chegada dos colonizadores, iniciou-se uma nova etapa na história da ocupação e do povoamento do território. Como você deve ter estudado nas aulas de História, a ocupação do território que hoje compreende o Brasil começou, efetivamente, em 1530, já que até então os portugueses, mais interessados nos lucros obtidos no comércio com as Índias, limitaram-se a explorar o pau-brasil. Para garantir a posse das terras, por decisão de dom João III, rei de Portugal, o território foi dividido em porções chamadas de capitanias hereditárias. Conquistar, explorar, povoar e comercializar os produtos encontrados nas terras eram tarefas dos donatários, que detinham todos os poderes sobre suas capitanias. O conjunto de mapas a seguir mostra que, nos primeiros tempos do século XVI, o território da colônia que pertencia a Portugal era bem diferente do Brasil da atualidade. Brasil:capitanias hereditárias (1534-1536) < mapa > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora Fonte: CINTRA, Jorge Pimentel. Reconstruindo o mapa das capitanias hereditárias. Anais do Museu Paulista. São Paulo, v. 21, n. 2, p. 39, jul.-dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf /anaismp/v21n2/a02v21n2.pdf>. Acesso em: 6 nov . 2015. Duas viagens ao Brasil Hans Staden. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008. Em 1549 e 1550, o viajante alemão Hans Staden veio à recente colônia descoberta,o Brasil. Na segunda vez, acabou presopelos portuguesese capturado pelos Tamoio, um grupo indígena. A partir daí, ele relata suas aventurascoma visão de umeuropeu da época, contando tudo que viu e vivenciou nessasnovasterras.
  • 11. No mapa ao lado,destaque para as capitanias hereditárias e o meridiano do tratado de Tordesilhas,que demarcava as terras que pertenciam a Portugal;todas as terras a oeste de Tordesilhas pertenciam à Espanha. No tempo do açúcar Durante o século XVI, o cultivo da cana‑de-açúcar foi a grande fonte de riqueza produzida pela colônia portuguesa na América. Praticada em grandes propriedades de terra (latifúndios) com o emprego do trabalho escravo, a monocultura da cana teve, sem dúvida, um papel fundamental nos primeiros tempos da ocupação e do povoamento do território que hoje compreende o Brasil. Cultivada em vários pontos do território, a cana-de-açúcar obteve bons resultados no Nordeste, mais precisamente na Zona da Mata, onde o clima quente e úmido e o solo massapé favoreceram o rendimento das lavouras. Com o desenvolvimento da economia canavieira, a Coroa portuguesa passou a obter lucros com a colônia, que se integrou ao comércio mundial da época, constituindo, pela primeira vez na história, um verdadeiro espaço mundial. Observe, no mapa abaixo, a localização das principais vilas, das áreas de cultivo de cana-de-açúcar e das áreas de pecuária, durante o século XVI. Como indicado no mapa, a ocupação do território do Brasil privilegiou o litoral, fato que deixou marca na atual forma de organização do espaço brasileiro, como você verá no decorrer deste livro. < imagem > FR AN S POST / C O L E Ç Ã O PAR T I C U L A R , AMS T E R D Ã Era nos engenhos que a cana-de-açúcar era processada para a fabricação do açúcar e de derivados,como o melaço.POST, Frans.Engenho.1661.Óleo sobre madeira.Dimensões:47,7 cm × 71,3 cm. América portuguesa:extensão territorial,povoamento e economia (século XVI) < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1991. p. 20. Expansão e diversificação econômica Foi somente durante o século XVII que o interior da colônia começou a ser explorado de forma mais intensa. A partir desse século, incentivados pela Coroa portuguesa, bandeirantes paulistas realizaram longas expedições à procura de ouro, pedras preciosas e indígenas que seriam escravizados. Numerosos pequenos povoados, que atualmente são importantes municípios paulistas, foram fundados pelos bandeirantes ou originaram vilas nos caminhos abertos por eles: Iporanga, Santana do Parnaíba, Taubaté, São Carlos, etc. Os bandeirantes também foram os primeiros a povoar os atuais estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. No mapa abaixo, observe que os bandeirantes chegaram à Amazônia e ao nordeste do território. Em suas longas viagens pelo interior, missionários e bandeirantes foram além da linha do Tratado de Tordesilhas, avançando sobre terras povoadas por indígenas e que pertenciam à Espanha. O resultado desse longo processo histórico foi a ampliação do espaço brasileiro tanto para o oeste como para o sul. Ainda no século XVII, os portugueses desenvolveram no Brasil outras atividades econômicas que, embora com menor expressão que o cultivo da cana-de-açúcar, também tiveram papel importante na construção do território. Veja algumas: ▸ a cultura do fumo, em alguns pontos do litoral nordestino, sobretudo nas proximidades de Salvador, na área do Recôncavo Baiano; ▸ a criação de gado no Nordeste, que ultrapassou em muito os limites da região de Salvador, estendendo-se principalmente ao longo do rio São Francisco; ▸ a busca de drogas do sertão (cravo, canela, castanha, cacau, madeira, etc.), que, juntamente com as atividades dos missionários, deu início à ocupação da Amazônia; ▸ a pecuária, que, a partir da região de São Paulo, ultrapassou a fronteira portuguesa, seguindo para o sul. Nas andanças em busca de ouro e indígenas para aprisionar, os bandeirantes chegaram a lugares distantes e expandiram as fronteiras das terras da América que pertenciam a Portugal. A exploração econômica do interior não implicou necessariamente a formação de cidades e vilas. Elas continuaram surgindo ao longo do litoral. Brasil:economia no século XVII
  • 12. < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1991. p. 24 e 28. No tempo do ouro Ouro! Ouro! Encontraram ouro! No fim do século XVII, as notícias sobre a descoberta de ouro em Minas Gerais provocaram um grande alvoroço. Milhares de pessoas de vários lugares da colônia, e até mesmo vindas de Portugal, deslocaram-se para a região das minas. Com uma espécie de ”febre do ouro”, a região foi rapidamente povoada. Ao contrário da sociedade açucareira, tipicamente rural, a atividade mineradora possibilitou a formação de numerosos povoados e vilas, como Sabará, Mariana, Vila Rica, Congonhas do Campo, entre outros. Uma nova civilização urbana se formava com numerosas atividades comerciais e desenvolvimento cultural. Nas vilas mineiras desse período, arquitetos, pintores, escultores, músicos e poetas produziram obras importantes, que fazem parte do patrimônio cultural brasileiro. No século XVIII, com a mineração, o centro político e econômico da colônia deslocou- -se do Nordeste para o Centro-Sul, e a capital foi transferida de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro. Durante todo o século XVII e o XVIII, os portugueses e espanhóis continuaram disputando os territórios em conflitos e guerras. Em resumo, o atual território brasileiro foi se configurando lentamente, como consequência das atividades econômicas coloniais, da expansão do cristianismo pela atuação de religiosos e em função de tratados diplomáticos assinados entre Portugal, Espanha e outros países da América espanhola. Observe, no mapa a seguir, a grande expansão do povoamento da colônia durante o século XVIII, sobretudo nas principais áreas de exploração de ouro: Minas Gerais e a porção central do território. Brasil:economia no século XVIII < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fontes: Adaptado de ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1991. p. 34; ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1994. p. 38. Com a mineração e o crescimento da população, aumentaram as necessidades de carne e couro. A pecuária expandiu-se nas áreas que atualmente representam o Centro-Oeste. A cultura do algodão f oi introduzida no Norte-Nordeste v isando abastecer as nascentes indústrias têxteis europeias. Apesar da decadência, a cultura da cana no Nordeste não f oi abandonada e continuou tendo importância nas exportações coloniais. O café e o início da integração O espaço brasileiro, na forma como o conhecemos atualmente, foi forjado a partir do período da independência política do país, no início do século XIX. Nessa época, uma nova riqueza agrícola começava a despontar: o café. Das primeiras plantações no Rio de Janeiro, os cafezais expandiram-se para Minas Gerais e, mais tarde, para São Paulo. Por volta de 1830, o café já era o principal produto exportado pelo Brasil, e, em 1840, o país tornou-se o maior produtor mundial. A economia cafeeira fez do Sudeste um mercado crescente para produtos vindos do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e do Nordeste em geral. Criou-se, assim, uma rede comercial articulada, marcada pela ampliação das relações de dependência entre as regiões do país. Com o avanço do cultivo e o aumento de sua produção, o café tornou-se o elemento essencial para a posterior integração territorial, portanto, para a formação de um espaço nacional integrado. Além do café, outros produtos continuavam a ser exportados na mesma época, principalmente o açúcar e o algodão. Ainda no século XIX, o cacau no sul da Bahia e a exploração da borracha na Amazônia também faziam parte da economia brasileira. A chamada economia da borracha teve grande importância, pois, entre outras coisas, atraiu milhares de nordestinos para a região, fato que contribuiu para acelerar o povoamento do norte do país. No início do século XX, a borracha era o segundo produto mais importante nas exportações brasileiras. O sul do país continuava voltado sobretudo para a pecuária, única atividade articulada à economia do restante do país. Os bovinos eram fornecidos para a zona de mineração, e o charque, para o Rio de Janeiro e São Paulo. Já as áreas de criação do Sertão e do Vale do São Francisco abasteciam a Zona da Mata açucareira. Observe o mapa abaixo. Charque: tipo de carne salgada, típico da região Sul do Brasil. É preparado de modo similar ao da carne-seca.
  • 13. Brasil:um arquipélago econômico no século XIX < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: Adaptado de ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1991. p. 38. O café: uma moeda forte para o país São Paulo: Folha de S.Paulo, 2012. (Coleção Folha fotos antigasdo Brasil; v. 16). O volume, que faz parteda coleção Folha fotosantigas, trazfotoshistóricasdasfazendasde café, dos negros escravizadosque começarama trabalhar nessas plantaçõese foramsubstituídos pelosimigranteseuropeus, do processamento e tambémda venda do café. As fotossão acompanhadaspor textos breves, que explicame contextualizamesse momento do Brasil. Texto & contexto 1. Retome o texto das páginas 16 e 17 e explique o papel dos bandeirantes no povoamento do interior da América do Sul entre os séculos XVII e XVIII. 2. Compare o mapa desta página com o da página 17. Procure identificar as diferenças e as s emelhanças entre eles. 3. Qual foi a importância do café para a ocupação do território brasileiro no século XIX? 4. Qual foi o papel da borracha para o povoamento da Amazônia? Explique. Do “arquipélago” ao continente Como estudamos anteriormente, até as primeiras décadas do século XX, o espaço geográfico brasileiro era formado por diversas áreas independentes, que não mantinham ligações estreitas entre si. Nessas áreas, a maior parte da produção econômica destinava-se, prioritariamente, à exportação, e não ao mercado interno. Quase todas as áreas tiveram um período de esplendor, que ocorria quando seu principal produto alcançava grande destaque no mercado internacional. Foi assim com a cana-de-açúcar do litoral nordestino nos séculos XVI e XVII; o algodão do Maranhão e o ouro de Minas Gerais no século XVIII; a borracha da Amazônia no fim do século XIX e início do século XX; o café do Vale do Paraíba no fim do século XIX e do estado de São Paulo nas primeiras décadas do século XX. Uma área economicamente menos expressiva como o sul da Bahia, com a produção de cacau, também tinha a sua produção destinada ao mercado externo. Por outro lado, a pecuária desenvolvida no Sertão nordestino e no Vale do São Francisco voltava-se para o comércio interno, abastecendo de couro principalmente a Zona da Mata açucareira. A Campanha Gaúcha, por sua vez, era grande fornecedora de bovinos para a zona de mineração e de charque para o Rio de Janeiro e São Paulo. Além das áreas citadas acima, o território brasileiro constituía-se de enormes extensões de terras pouquíssimo povoadas pelo interior afora, nas quais predominavam paisagens naturais e povos nativos. As estradas geralmente ligavam as zonas produtoras aos portos de embarque das mercadorias, e eram poucas as vias de interligação interna no país. As fronteiras econômicas e demográficas estavam muito aquém das fronteiras políticas do Brasil, pois a economia e a imensa maioria da população restringiam-se à fachada oriental do território. Assim, não havia uma articulação entre as diversas áreas produtivas. Por essas razões, não havia um espaço geográfico integrado, ou seja, um verdadeiro espaço nacional. Daí dizer- se que o Brasil se assemelhava a um arquipélago, composto de diversas áreas isoladas, como se fossem ilhas dentro do imenso território. Essa desarticulação territorial se modificou ao longo do tempo, especialmente a partir da queda pela procura dos produtos de exportação no mercado internacional. Esse fato praticamente obrigava os produtores, antes independentes, a voltar suas atividades para as vendas no mercado interno. Em cada área de produção o processo se deu de uma maneira diferente e teve um desfecho próprio, caracterizando-se pelo esvaziamento, pela retração ou pelo declínio da atividade produtiva principal. Um exemplo de declínio de área produtiva foi o que aconteceu com a exploração de ouro nas regiões de Goiás e Mato Grosso. Outro exemplo foi o declínio ocorrido nas áreas de produção de borracha no norte do país (leia o boxe Para saber mais na próxima página). No segundo caso (retração), a atividade produtiva não desapareceu, mas se retraiu, deixando de ocupar o papel principal na organização socioeconômica da região. Um exemplo de retração foi o que ocorreu na área de mineração de Minas Gerais, em que a população acabou se dispersando para as áreas rurais ou mesmo para outras regiões do país. Nessas áreas, a economia de mercado sustentada por essa atividade principal foi quase totalmente substituída por atividades de subsistência. Em certas áreas, a atividade produtiva se retraiu, mas continuou a sustentar a economia. Um exemplo é a Zona da Mata nordestina (veja a foto abaixo), onde o açúcar continuou a ser produzido para exportação, embora adaptado à
  • 14. forte concorrência de novas zonas produtoras, muito mais competitivas internacionalmente. No terceiro caso (substituição), a atividade produtiva principal foi substituída por outra, como ocorreu com o desenvolvimento da industrialização na região Sudeste do país. < imagem > PUL S A R IMAG E N S / R U B E N S CHAV E S Lavoura de cana-de-açúcar em Itambé (PE), 2015.Atualmente, a paisagem da Zona da Mata nordestina ainda é marcada pela presença dos canaviais, destacando-se por sua indústria sucroalcooleira,isto é,de produção de açúcar e álcool. Para saber mais Patrimônio abandonado na selva [...] O tempo, as ruínas e o descaso com o patrimônio da história quase inacreditável parece tão trivial quanto o cheiro acre das mangas caídas perto do campo de futebol, na parte alta da vila, onde garotos jogam bola e gritam emulando nomes de jogadores dos times do distante Sudeste do país. Surreal, fantástico e outros adjetivos para hiperbolizar as sensações não dão conta de descrever o que é o empreendimento de Henry Ford – um dos pais do automóvel e criador do pilar do capitalismo: o fordismo – no Centro-Oeste do Pará, no final da década de 1920. Ford, o homem que dá nome à empresa, construiu uma cidade com a arquitetura [...] típica do interior dos Estados Unidos, à margem do Tapajós. Trouxe trabalhadores dos EUA, de outros países da América e de diversas regiões do Brasil, tentou criar uma plantação de seringueiras para abastecer suas fábricas de borracha, mas fracassou. Fez um acordo com o governo brasileiro e, em 1945, foi indenizado e abandonou o local que carrega até hoje seu nome. Setenta anos depois da saída da Ford, esse pedaço de história está completamente abandonado. Do hospital, que foi o maior da região Norte do Brasil e o primeiro a realizar um transplante de pele no país, só restam algumas paredes, um aspecto macabro de abandono e o mato crescendo entre as brechas do concreto. As casas construídas para os trabalhadores foram modificadas, tiveram detalhes de madeira trocados por paredes de tijolo e até uma praça [...] foi edificada, alterando a paisagem bem na entrada da vila [...]. As cinco casas que compunham a Vila Americana, dispostas em uma alameda de mangueiras e com hidrantes ianques vermelhos nas calçadas, abrigavam a diretoria da empresa e eram a esperança da Prefeitura de Aveiro e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para tombar a vila. Porém, quatro casas estão ocupadas por colonos. Da quinta residência só restam ruínas. [...] “O Iphan tem clareza de que apenas tombar não adianta, pois não há ninguém que possa fazer a gestão do local”, afirma a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa Lima. Já se passaram mais de cinco anos desde que foi cogitada a possibilidade do tombamento de Fordlândia, que pertence ao município de Aveiro. Porém, após a decisão ser tomada, as casas da Vila Americana foram ocupadas. [...] Fordlândia foi construída pelo idealismo de Henry Ford e depois vendida ao governo brasileiro. Entre as décadas de 1950 e meados de 1980, funcionaram no local instalações do Ministério da Agricultura, com fazendas de diversas raças de gado. As casas foram habitadas por funcionários do ministério e a maioria segue com as famílias desses funcionários, já aposentados e que continuam na região. Com a desativação da operação, o local ficou abandonado. As pessoas ocupam as terras, mesmo sem ter a documentação, e com o passar dos anos tentam conquistar a posse. [...] CAMARGOS, Daniel. Patrimônio abandonado na selv a. Estado de Minas, [s.d.]. Disponív el em: <http://www.em.com.br/especiais/fordlandia/>. Acesso em: 2 dez. 2015. < imagem > Kino.com.br/Haroldo Palo Jr. Vista do rio Tapajós e de construções abandonadas,ao fundo,em Fordlândia,Aveiro (PA), 2011. Indústria e integração Como você viu anteriormente, a economia cafeeira do fim do século XIX contribuiu para a posterior integração do território nacional, que ocorreu mais adiante, com a industrialização. O dinamismo dessa atividade econômica e a extrema especialização produtiva fizeram do Sudeste um mercado crescente para produtos do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e do Nordeste. Criou-se, assim, uma rede comercial articulada que ampliou as relações de dependência inter-regionais. Quando a produção cafeeira sofreu um declínio, no início do século XX, o mercado interno, sobretudo do estado de São Paulo, já era forte o suficiente para continuar atraindo a produção de outras regiões. Além da imigração, o estado apresentava grande crescimento populacional e altos índices de urbanização. O crescente mercado interno e o capital gerado pelo comércio do café incentivaram a diversificação da produção local, e as atividades fabris em expansão serviram para estimular o intercâmbio comercial.
  • 15. Cada vez mais a região Sudeste apresentava as condições necessárias para sustentar um processo de industrialização. A partir do Sudeste, mais especificamente do estado de São Paulo, começou a estruturar -se a formação de um mercado interno de âmbito nacional. As demais regiões brasileiras articulavam -se à zona de maior dinamismo econômico do país pela venda de determinadas matérias-primas e alimentos, mas sobretudo como compradoras de produtos industrializados. A partir de então, estruturou -se no país a chamada divisão inter-regional do trabalho. Cabe ressaltar a participação do governo federal em todo esse processo, desde a expansão da economia cafeeira até o desenvolvimento industrial. Por meio de investimentos de recursos públicos e políticas de imigração, as decisões do governo brasileiro desse período acabaram favorecendo a concentração espacial da atividade econômica do país na região Sudeste. Mauá, o imperador e o rei Direção de Sérgio Rezende. Brasil: Riofilme, 1999.132 minutos. Na localidade de Arroio Grande, Rio Grande do Sul, vivia IrineuEvangelistade Sousa, o futurobarão e visconde de Mauá. Coma morte do pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foitrabalharno armazémdo tio. Anosdepois, foicontratadopara trabalhar comRichardCarruthers,umescocêsque vivia no Brasil. Como passar do tempo,Irineu construiu a primeiraindústria brasileira. Ministério da Integração Nacional <http://www.mi.gov.br>. Acesso em: 9 set. 2015. O Ministério da Integração Nacional tem como competência a formulação e condução de políticas, planos e programas de desenvolvimento regional, entre outros. Na página da internet, é possívelacessar mais informações a respeito do que está em andamento, além de haver uma centralde conteúdo com áudios, vídeos, publicações, etc. < imagem > ACE R V O INST I T U T O MOR E I R A SAL L E S / F O T Ó G R A F O DE SC O N H E C I D O Vista panorâmica do bairro do Brás,em São Paulo (SP), em 1910. No início do século XX, o Brás se tornou um dos bairros industriais mais importantes da cidade. Grande parte da mão de obra empregada nas indústrias era formada por trabalhadores imigrantes,notadamente italianos. Desconcentração espacial A partir das décadas de 1950 e 1960, a industrialização brasileira tomou novos rumos, com o investimento na chamada indústria pesada e a instalação de multinacionais no país. Indústria pesada: ligada principalmente aos ramos siderúrgico, metalúrgico, petroquímicoe de cimento.Tambémchamada de indústria de bens de produção ou indústria de base, é aquela que produz matéria-prima paraoutras indústrias (comomáquinas, peças, etc.). Capital produtivo: de modo geral,corresponde ao capital aplicado diretamente na produção, principalmenteem empresas industriais oudo agronegócio; é essencial para o crescimento da economia e a geraçãode empregos. Nesse período, os produtos industrializados eram distribuídos e comercializados em regiões cada vez mais distantes de São Paulo, ampliando, assim, os circuitos comerciais e estimulando o processo de urbanização. A produção industrial começou a se desconcentrar, instalando-se em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, sobretudo no fim da década de 1960. Essas cidades, capitais administrativas de seus estados, tornaram-se metrópoles nacionais, em virtude de exercerem funções de importância administrativa e econômica no espaço geográfico brasileiro. Nos locais onde o capital industrial se estabeleceu, condições favoráveis à instalação de novas empresas – pequenas e médias – foram criadas. Também nesse momento a atuação do governo federal foi fundamental, pois ele contribuiu para atrair o capital estrangeiro para a região Sudeste com incentivos fiscais e com a criação de uma rede de transportes que interligava as diversas regiões. Essas medidas facilitaram o acesso de pessoas e de mercadorias de todo o país ao centro econômico que se consolidou de maneira relativamente rápida: o eixo São Paulo-Rio de Janeiro. Ainda a partir da década de 1960, o governo federal implantou políticas regionais de desenvolvimento, sobretudo na Amazônia e no Nordeste. A criação das Superintendências de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene, 1959), da Amazônia (Sudam, 1966), do Centro-Oeste (Sudeco, 1967) e a própria construção de Brasília tiveram por objetivo promover a integração. Transferida para o Centro-Oeste, a capital serviria de elo entre o centro econômico do país e o Norte. Nas décadas de 1980 e 1990, depois da grande expansão da economia brasileira ocorrida na primeira metade dos anos 1970 – o chamado “milagre econômico” –, o processo de desconcentração espacial das atividades produtivas acelerou-se. Desde então, outras regiões passaram a atrair cada vez mais o capital produtivo, e as economias regionais mais atrasadas ganharam posição em relação ao Sudeste.
  • 16. Como consequência da integração do mercado nacional, muitas empresas tiveram de se adequar às novas formas de concorrência, adotando medidas como redução de custos, encontrando outras áreas para instalação de fábricas, disputando consumidores, etc. Nos últimos anos, o ritmo de desconcentração espacial diminuiu, embora novas atividades tenham se desenvolvido em regiões interioranas, com a inclusão de algumas áreas entre as frações de espaço mais produtivas do país. No entanto, a formação de um espaço nacional já estava completa. Como mostra o mapa ao lado, o Brasil já se constituía em um espaço geográfico integrado, composto de um centro e de diversas áreas a ele ligadas com maior ou menor intensidade. Brasil:integração do espaço geográfico (2013) < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 144. Conexões Conhecer um país em sua totalidade inclui o exame de seu território e de sua configuração espacial. No caso do Brasil, como se deu a formação histórica do território? Qual é a importância da dimensão territorial do país na atualidade? E no passado? Leia o texto abaixo para descobrir. “Gigante pela própria natureza” Esse verso do Hino Nacional pode referendar a dimensão territorial do Brasil, de 8 514 876 km² [...]. Ao contrário do que ocorreu na América Espanhola, que após as lutas pela independência se partiu em diversos Estados nacionais, o Brasil manteve a integridade do antigo território colonial português. Ainda na atualidade, o continente apresenta amplas extensões territoriais de densidades populacionais muito baixas, assim como muitos centros populacionais fracamente conectados entre si. No século XIX, tal quadro, muito mais acentuado, influiu para o surgimento de movimentos centrífugos, regionalistas, que impediram a realização do sonho de Bolívar: fazer da América do Sul Espanhola um único país independente. Soma-se a esse quadro, de tendência fragmentária, o fato de que nas Américas, como um todo, não se apresentaram previamente “nações fundadoras” dos seus países. Implantados, os Estados independentes passaram a construir as suas nações, com as populações presentes e provenientes de diversas origens, incluindo os imigrantes que continuavam chegando e dos quais se aceitava a naturalização. Aos filhos dos imigrantes nascidos na América, ao contrário do que ocorria na Europa, era assegurada de imediato a plena cidadania. Por todos esses fatos, há quem diga que “na América, a geografia toma o lugar da história”. [...] No passado, a dimensão do Brasil não alcançou a importância política que hoje apresenta. No início de sua expansão, o capitalismo industrial se instalou na Europa ocidental, em países hoje considerados pequenos, como a Bélgica, ou de porte médio, como a França. Promovia o adensamento populacional desses países e a integração espacial interna de cada um por meio dos transportes e comunicações. Apertados uns contra os outros, os países europeus procuraram espaços transoceânicos, ampliando impérios, no que foram seguidos, depois, pelo Japão. Até meados do século XX, o sistema capitalista mundial apresentou um quadro em que algumas metrópoles dominantes comandavam imensos impérios coloniais. [...] As grandes distâncias e os grandes vazios entre os centros de povoamento, obstáculos para a maior integração, contribuíram para dificultar a industrialização dos países de grande extensão, entre os quais se incluía o Brasil. No caso brasileiro, o atraso do desenvolvimento em relação aos países centrais foi motivo para pequenas ironias utilizando expressões do Hino Nacional, como “deitado eternamente”. O fato é que, do mesmo modo como nas histórias para crianças os príncipes sempre vencem os gigantes, no passado os grandes países eram considerados mais fracos, e propícios a serem dominados por países menores. [...] O quadro geopolítico acima mudou totalmente. O primeiro passo foi a ascensão dos Estados Unidos à condição de uma economia nacional capitalista avançada e de dimensão continental. O processo foi montado sobre o contínuo progresso tecnológico, compressor do tempo/espaço, e sobre o constante influxo de capitais e imigrantes. [...] GEIGER, Pedro. As formas do espaço brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. p. 12-17. Responda no caderno 1. De acordo com o texto, qual é a principal diferença entre a América Espanhola e a América Portuguesa em se tratando da configuração territorial após a Independência? 2. Que fatores contribuíram para dificultar a industrialização de países de grande extensão como o Brasil? 3. Por que, no passado,os “grandes países” eram considerados mais fracos?
  • 17. Pensando Bem Responda no caderno 1. Desde o início da colonização do Brasil, muitos indígenas foramdizimados. Com isso,grande parte de sua cultura,seus hábito s e sua língua se perdeu. Leia a notícia a seguir. Índios lutam para salvar 2 línguas da extinção no interior “Ithók rerre nógam”. As três palavras da língua crenaque poderiam ser traduzidas para: “A língua ainda resiste”. Na tribo Vanuíre, em Arco-Íris, no oeste paulista, 200 indígenas de duas etnias tentam manter a tradição viva. Por lá, os idiomas kaingang e crenaque estão em processo avançado de extinção. Em toda a tribo, apenas três índios idosos são falantes fluentes dos dialetos. [...] Em 1500, especialistas estimam que havia 1 175 línguas no país. Hoje, são cerca de 180 dialetos vivos, mas todos em risco de extinção [...]. Embora fluente, o trio preferiu deixar os idiomas em silêncio. Por anos, tiveram medo de repassá-los às novas gerações. “Isso foi provocado por uma política de Estado. O SPI [Serviço de Proteção ao Índio, atual Funai] proibia as populações de falarem suas línguas. A coerção era a principal arma. Os índios chegavam a ser presos se ousassem se comunicar na língua materna”, conta o arqueólogo Robson Rodrigues. MACIEL, Edgar. Índios lutam para salv ar 2 línguas da extinção no interior. Estado de S. Paulo, 15 mar. 2015, p. A30. Metrópole. a) Por que os indígenas eram proibidos de se comunicar em sua língua materna? b) Por que é importante preservar a língua original de um povo? 2. Leia o texto abaixo. Depois, responda às questões propostas. São Paulo e a desconcentração industrial O processo de desconcentração industrial no estado de São Paulo, iniciado na década de 1970, alterou profundamente seu mapa e território: a mancha metropolitana da capital se expandiu em direção ao Vale do Paraíba, Sorocaba e às regiões de Campinas e Ribeirão Preto, conglomerados urbanos especializados se formaram ao longo de uma densa malha rodoviária e as cidades médias assumiram a liderança do mercado em seu entorno. “O interior não é mais um espaço plano. Tem ‘relevo’ econômico”, afirma Eliseu Savério Sposito, do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente. À frente de um grupo de pesquisadores, Sposito coordenou um projeto que mapeou o movimento e as características do processo de desconcentração da indústria no estado. Eles constataram, por exemplo, que muitas empresas deslocaram fábricas para o interior, mas mantiveram a sede, assim como o seu board, na cidade de São Paulo.[...] IZIQUE, Claudia. O relev o econômico do interior. Pesquisa Fapesp, n. 197, p. 72-73, jul. 2012. Disponív el em: <http://rev istapesquisa.fapesp.br/wp- content/uploads/2012/07/Pesquisa_197-24.pdf >. Acesso em: 10 set. 2015. São Paulo:expansão da indústria < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: HERVÉ, Théry ; MELO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2008. p. 157. a) Qual é o significado da expressão relevo econômico no texto? b) Que relação pode ser estabelecida entre a distribuição das empresas e os eixos de transporte no estado de São Paulo? 3. Observe o gráfico ao lado e responda às questões a seguir. a) Qual é a região do Brasil com maior participação no PIB? E a região com a menor? b) Apesarda diminuição da participação do Sudeste no PIB ao longo dos anos retratados,é possíveldizer que não existe mais concentração espacial da economia no Brasil? Justifique. Brasil:participação das grandes regiões no PIB (1970-2012) < mapa > EDI Ç Ã O DE ART E / A R Q U I V O DA EDI T O R A
  • 18. Fontes: IPEA. Desconcentração industrial no Brasil 2008; IBGE. Brasil em números 2008; IBGE. Contas regionais do Brasil 2012. Disponív el em: <http://biblioteca.ibge.gov .br/visualizacao/liv ros/liv89103.pdf >. Acesso em: 9 set. 2015. 4. Enem (2014) < imagem > ENE M / R E P R O D U Ç Ã O Fon-Fon!, ano IV, n. 36, 3 set. 1910. Disponív el em: <objdigital.bn.br>. Acesso em: 4 abr. 2014. A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação da rede telefônica no Brasil, indica que esta a) permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel. b) ampliaria o contato entre a diversidade de povos indígenas. c) faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais distintos. d) restringiria a sua área de atendimento aos estados do norte do país. e) possibilitaria a integração das diferentes regiões do território nacional. 5. Enem (2014) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se segue.A produção,que se encontrava em altos níveis, teria que seguircrescendo,pois os produtores haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão,como reflexo das grandes plantações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos estoques,pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depressão,e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado). Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi o(a) a) atração de empresas estrangeiras. b) reformulação do sistema fundiário. c) incremento da mão de obra imigrante. d) desenvolvimento de política industrial. e) financiamento de pequenos agricultores. Desafios & Debates Em grupo Por meio da análise de documentos cartográficos antigos podemos conhecer o passado e, assim, compreender melhor o presente. Mapas antigos da América do Sul retratam, por exemplo, a visão que os colonizadores europeus tinham das terras que hoje formam o Brasil. Ao comparar, por exemplo, o mapa abaixo com o mapa da América do Sul da página 11 você vai notar, dentre outras coisas, que o mapa antigo não era tão preciso como o atual; por isso, as dimensões e o contorno aparecem bastante diferentes. Descobrir pistas sobre o passado do Brasil com o apoio do mapa ao lado é o desafio desta atividade. Por meio dela você vai poder ampliar seus conhecimentos sobre o território onde vive. Para começar, analise o mapa com atenção e, depois, faça o que se pede. < imagem > Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores Detalhe do planisfério de Pierre Descellier (1546), manuscrito colorido em pergaminho. O texto que acompanha o original foi redigido em latim. 1. Que elementos do mapa mais chamaram a atenção do grupo? Que título vocês dariam ao mapa?
  • 19. 2. De acordo com o mapa, que visão os colonizadores europeus tinham, no século XVI, dos nativos e das terras da atual América do Sul? 3. Ao examinar o mapa, o que vocês diriam sobre seu contorno? Na resposta,consideremas atuais dimensões e fronteiras da América do Sul e do território brasileiro. Em debate Leia o texto abaixo. Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena dos seus ganhos, em ouro e glórias. Para os índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver. Este foi o encontro fatal que ali se dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tal qual eram, a selvageria e a civilização. Suas concepções, não só diferentes mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Os navegantes, barbudos, hirsutos [com cabelos longos], fedentos, escalavrados de feridas de escorbuto, olhavam o que parecia ser a inocência e a beleza encarnadas. Os índios, esplêndidos de vigor e de beleza, viam, ainda mais pasmos, aqueles seres que saíam do mar.

 RIBEIRO, Darcy . O povo brasileiro: a f ormação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995. (contracapa). Com base no texto e sob orientação do professor,forme uma roda de conversa na sala e discuta com os colegas a seguinte quest ão: Atualmente, é possível conviver com as diferenças culturais presentes na sociedade e no território brasileiro? 2 Regionalização e planejamento < imagem > Pulsar Imagens/Palê Zuppani Em países com históricas desigualdades sociais,como o Brasil,o desenvolvimento geralmente realça as duas faces de um mesmo processo,visíveis nas paisagens.Isso ocorre em muitas cidades do país,como em Florianópolis (SC).Na foto, de 2014, veem-se,em primeiro plano,moradias de população de baixa renda e, ao fundo, na orla litorânea livre de afloramentos rochosos, modernos edifícios destinados a ocupantes de renda média e alta. Você já sabe que o espaço em que vivemos é constituído por elementos naturais e por elementos humanos ou sociais. Todos esses elementos variam de um lugar para outro e, por isso, o espaço geográfico é muito diverso. É possível, portanto, regionalizar, ou seja, formar conjuntos espaciais, cada um com determinadas características (quanto ao relevo, ao clima, às atividades econômicas, à densidade da população, etc.). Esses conjuntos espaciais podem ser chamados de regiões geográficas. Como você viu no capítulo anterior, o Brasil é frequentemente chamado de país-continente. Pelos mesmos motivos, o país apresenta consideráveis diferenças internas. Além das desigualdades populacionais e sociais, há grandes contrastes na paisagem natural e nas formas de ocupação do espaço. Ao lado de uma área quente e úmida, como a Amazônia e o litoral, há áreas quentes e secas, como o Sertão nordestino; não muito distante das áreas industrializadas e urbanizadas do estado de São Paulo, encontram-se grandes áreas rurais nos estados de Goiás e Mato Grosso. No decorrer deste capítulo, vamos conhecer um pouco melhor as características regionais brasileiras.
  • 20. O que é regionalizar? A tarefa de organizar o território brasileiro em conjuntos espaciais não é fácil. Quais são os limites das áreas economicamente mais importantes? E onde começa ou termina a periferia imediata, contígua ao centro econômico com o qual tem ligações de toda ordem? Na raiz das dificuldades de regionalizar o espaço brasileiro está a opção pelos critérios a serem adotados. Que elementos ou características do espaço devem ser considerados na delimitação regional? Os elementos econômicos e sociais são, sem dúvida, os mais importantes e adequados. O Brasil, porém, também possui áreas onde as paisagens naturais não foram muito modificadas pela ação humana. Além disso, no âmbito da economia e da sociedade, que aspectos servem de base para fazer a divisão do território? E como é possível medi-los com precisão? As respostas a essas interrogações não são simples e dependem das posturas políticas e teóricas de quem propõe os critérios para a regionalização. Veja a seguir algumas formas de regionalizar o espaço brasileiro, cada uma com determinados critérios. Regiões do IBGE O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão ligado ao governo federal, tem como uma de suas atribuições elaborar divisões regionais do território brasileiro com a finalidade básica de agrupar e viabilizar dados estatísticos. No início da década de 1940, o IBGE propôs a primeira divisão regional oficial do território nacional. Nessa ocasião, a proposta do órgão era a de comparar dados estatísticos relacionados a agrupamentos estáveis, que seriam as regiões. Na época, essa proposta foi criticada por vários estudiosos, porque, segundo eles, dava mais importância aos critérios de localização do que às características econômicas, físicas e sociais das áreas que agrupava. Observe essa divisão no primeiro mapa abaixo. Em 1945, o IBGE elaborou uma nova divisão regional do Brasil tendo como critério o quadro físico do território. Essa divisão baseou-se no conceito de região natural. Observe-a no segundo mapa. Atlas geográficoescolar IBGE. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. Apresenta planisférios temáticos do mundo e variados mapas do Brasil. Uma boa fonte de dados e informações commapas temáticos que regionalizam o Brasil e o mundo sob variados temas e perspectivas. Brasil:divisão regional (1940) < mapa > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora Fonte: Elaborado com base em IBGE. Ev olução da div isão territorial. Disponív el em: <f tp://geof tp.ibge.gov.br/organizacao_territorial/div isao_territorial/ev olucao_da_div isao_territorial_do_brasil_1872_2010/ev olucao_da_div isao_territorial_mapas.pdf >. Acesso em: 3 dez. 2015. Brasil:divisão regional (1945) < mapa > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar: ensino f undamental – do 6o ao 9o ano. Rio de Janeiro, 2010. p. 11. Graças ao processo de transformação do espaço brasileiro impulsionado pelo desenvolvimento industrial, o IBGE elaborou, em 1968, uma nova divisão regional do território. A nova regionalização baseou-se tanto nas semelhanças físicas das paisagens como nas características econômicas e sociais do espaço. Nessa divisão, a região Leste deixou de existir, os estados da Bahia e de Sergipe foram agregados à região Nordeste, e a região Sudeste passou a ser formada por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Essa nova divisão regional baseou-se no conceito de região homogênea. Em 1988, o IBGE criou a divisão regional do Brasil que vigora atualmente e é considerada oficial. Observe-a no mapa ao lado. Essa divisão é a mais utilizada em livros, revistas, jornais e na mídia em geral, pois os dados estatísticos do IBGE consideram essas cinco grandes regiões. Brasil:divisão regional atual < imagem > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
  • 21. Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 94. Para saber mais Críticas à divisão regional do IBGE Com base no conceito de macrorregiões, isto é, grandes conjuntos espaciais definidos segundo uma combinação de características econômicas, naturais e demográficas, a divisão regional proposta pelo IBGE recebeu inúmeros questionamentos. Os críticos afirmam que a atual divisão se baseia nos limites dos estados brasileiros e que nem sempre as divisas entre eles são adequadas para delimitar os conjuntos espaciais. Assim, o critério de homogeneidade adotado pelo IBGE tem sido questionado por vários estudiosos, uma vez que as características regionais não acompanham necessariamente o traçado dos estados. Tamanhas são as diferenças no interior de uma mesma região que, nos últimos anos, várias propostas para a criação de novos estados e territórios têm surgido. Entre elas, destaca-se a criação dos estados de Araguaia (norte de Mato Grosso), Carajás e Tapajós (a serem desmembrados do Pará). Os novos territórios seriam: Alto Solimões, Rio Negro e Juruá (desmembrados do Amazonas). Observa-se que a maioria das propostas – cercadas dos mais diferentes interesses econômicos e político-estratégicos – refere-se ao desmembramento da região Norte do país. Ainda segundo alguns estudiosos, a divisão atual elaborada pelo IBGE contém algumas distorções, por exemplo: • o limite entre as regiões Sul e Sudeste não deveria ser traçado na divisa entre São Paulo e Paraná. Se a divisão fosse mais rigorosa, a porção setentrional do estado do Paraná deveria pertencer à região Sudeste, pois a paisagem não se modifica na linha exata da divisa; • no limite com a Bahia, o estado de Minas Gerais apresenta características mais semelhantes ao Sertão nordestino do que ao Sudeste, região da qual ele faz parte. Regiões geoeconômicas Outra divisão do Brasil em espaços regionais foi apresentada por Pedro Pinchas Geiger (1923-) em 1967. Esse geógrafo propôs três grandes complexos regionais, sem considerar as divisas dos estados. Para defini-los, Pinchas Geiger utilizou como critérios a formação histórica do Brasil e seus aspectos econômicos. Segundo alguns geógrafos, embora os complexos regionais contem com inúmeras diversidades locais, eles também possuem características comuns que são eficazes para entender as ligações e a interdependência entre as diversas porções do território brasileiro. Observe a localização dos três grandes complexos regionais no mapa ao lado e, a seguir, conheça algumas características de cada um deles. Brasil:regiões geoeconômicas < mapa > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora Fonte: Rev ista Brasileira de Geograf ia, Rio de Janeiro, v .31, nº 1, p.5-25, Jan./Mar. 1969. Disponív el em: http://biblioteca.ibge.gov .br/visualizacao/periodicos/115/rbg_1969_v 31_n1.pdf . Acesso em: 29 jun. 2017. Nordeste Além de todos os estados que compõem a região Nordeste segundo a classificação oficial do IBGE, esse espaço regional abrange o extremo norte do estado de Minas Gerais. Reúne aproximadamente 30% da população brasileira e, desde o processo de integração econômica, destacou-se por ser uma zona de refluxo demográfico, que fornece mão de obra às outras regiões do país. O Nordeste é a região onde mais nitidamente se percebem os traços da colonização, pois foi a primeira região de povoamento europeu e a principal área econômica do Brasil colonial durante quase três séculos. A partir de 1959, as políticas regionais de desenvolvimento, com incentivos fiscais e investimentos realizados pelo governo federal, criaram formas de integração do Nordeste ao restante do país. A desconcentração, que teve início no fim da década de 1960, intensificou-se a partir da década de 1980, graças à iniciativa privada. No século atual, destacam-se a instalação de um polo automotivo junto a Salvador e a consolidação da indústria de bens intermediários: setor químico, particularmente em Recife; setor petroquímico na Bahia, com o Polo Petroquímico de Camaçari; e indústrias tradicionais de produtos têxteis e alimentícios, como a indústria açucareira. Fortaleza, Recife (Grande Recife) e Salvador (Centro Industrial de Aratu), como metrópoles nacionais, concentram as principais atividades produtivas da região. Nos últimos anos, foram construídos dois grandes portos: o de Suape, em Pernambuco, e o do Pecém, no Ceará. O setor agropecuário, tradicionalmente composto pelos latifúndios canavieiros da Zona da Mata, pela
  • 22. policultura do Agreste e pela pecuária extensiva do Sertão, iniciou seu processo de modernização sobretudo no fim da década de 1980. Atualmente, destacam-se a produção de grãos no oeste baiano e a agricultura irrigada do vale médio do rio São Francisco (Bahia e Pernambuco). < imagem > iStockphoto/rmnunes Em algumas capitais nordestinas,como Salvador,Recife e São Luís,existem igrejas e sobrados erguidos no período da colonização.Na foto, rua do centro histórico de Salvador (BA), em 2015. Para saber mais Ferrovia Transnordestina A Ferrovia Transnordestina, que terá 1 753 km de extensão, irá ligar o interior dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). O trajeto da ferrovia irá percorrer 81 municípios dos três estados. O objetivo do projeto é aumentar a competitividade da produção agrícola, além de permitir a exploração das jazidas minerais do interior do Nordeste, já que contará com uma moderna logística que vai unir uma linha férrea de alto desempenho e portos de calado profundo que podem receber navios de grande porte. Para a construção da ferrovia Transnordestina, serão usados 3,2 milhões de dormentes e 290 mil toneladas de trilhos. Em toda a região Nordeste, 5 945 pessoas trabalham em obras da ferrovia. A ferrovia deverá ser concluída em 2017. A Transnordestina terá capacidade para transportar até 30 milhões de toneladas por ano, com destaque para minério de ferro, grãos (soja, farelo de soja, milho, algodão) e gipsita (gesso agrícola que tem aplicação como corretivo do solo e como gesso industrial). A ferrovia estimulará investimentos em outros setores, como o de combustíveis, fertilizantes, além de ser uma nova opção para o escoamento da produção do polo de fruticultura irrigada de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Outra característica importante desse sistema logístico é a localização estratégica dos portos de Pecém (CE) e Suape (PE) em relação ao mercado europeu, um dos principais destinos da soja brasileira. O empreendimento surgiu como uma proposta articuladora do desenvolvimento regional do Nordeste, com a redução dos custos de transportes dos produtos provenientes dos polos industriais, minerais e de agronegócios existentes na região. BRASIL. Ministério dos Transportes. Ferrovias: mais um lote da f errov ia Transnordestina recebe ordem de serv iço. Disponív el em: <http://www.transportes.gov .br/ultimas-noticias/3225-mais-um-lote-da-f errov ia-transnordestina-recebe-ordem-de-serv i%C3%A7o2.html>. Acesso em: 2 mar. 2016. Ferrovia Transnordestina:localização < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: REVISTA Ferrov iária. Nov o reajuste para Transnordestina. Disponív el em: <http://www.rev istaf erroviaria.com.br/ index.asp?InCdEditoria= 2&InCdMateria=14680>. Acesso em: 8 dez. 2015. Amazônia A Amazônia brasileira abrange mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, que representam cerca de 47% da superfície do país. Em 1953, o governo criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), definindo por lei os limites da sua área de atuação – a Amazônia Legal. Em 1966, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para atuar na mesma área da SPVEA, que deixou de existir. Em 2001, a Sudam foi extinta, mas foi recriada em 2007. A Amazônia Legal inclui todos os estados da região Norte, mais a porção norte do estado de Mato Grosso e o oeste do Maranhão. A integração da Amazônia ao centro econômico do país ocorreu em virtude de uma forte intervenção dos sucessivos governos com a criação da Sudam, do Banco da Amazônia (Basa) e da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). A Zona Franca foi criada em 1967 com o objetivo de incentivar a industrialização da cidade e de sua área adjacente, além de ampliar seu mercado de trabalho. Trata-se de uma área de livre-comércio, na qual não são cobrados impostos de importação sobre os produtos comprados do exterior (observe a foto abaixo). Além de contribuir para o desenvolvimento do comércio local, a isenção alfandegária favoreceu a formação de um expressivo distrito industrial junto à capital do Amazonas. A maioria das indústrias, contudo, é apenas montadora de produtos. As estratégias de ocupação da Amazônia envolveram projetos militares preocupados com a identificação das riquezas minerais e a segurança nacional, por exemplo, com o controle das fronteiras. Com o objetivo de ocupar e anexar definitivamente a região ao restante do país, o governo implementou, a partir dos anos 1970,
  • 23. grandes projetos rodoviários, ao mesmo tempo que desenvolveu políticas de atração de migrantes. Entre as grandes rodovias federais construídas, as principais foram a Transamazônica, que cruza a região de leste a oeste e a interliga ao Nordeste; a Cuiabá-Santarém e a Brasília-Acre, as quais, com o asfaltamento da já existente Belém-Brasília, conectaram a Amazônia ao centro econômico do país. Além das políticas regionais, outro fator importante para o desenvolvimento de atividades produtivas da Amazônia foram os investimentos de grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros interessados nas atividades de extração mineral – ferro, manganês, bauxita, ouro, etc. A preocupação dos governos em explorar as matérias-primas para a siderurgia e a metalurgia do alumínio também estava relacionada com a necessidade de aumentar as exportações para pagar a dívida externa do país. < imagem > Pulsar Imagens/Rubens Chaves A criação da Zona Franca de Manaus, favorecida pela isenção de impostos,atraiu grande contingente populacional,levando a capital amazonense a ter hoje mais de 2 milhões de habitantes.Na foto, vista aérea de fábrica na Zona Franca de Manaus (AM) em 2014. Centro-Sul A região Centro-Sul compreende o sul de Mato Grosso, Goiás, o sul de Tocantins, a maior parte de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Trata-se do complexo regional mais importante do Brasil, pois engloba o centro econômico do país, bem como as áreas ligadas a ele. Concentra mais de 60% da população brasileira, o principal parque industrial, a mais moderna produção agropecuária, as maiores redes ferroviária e rodoviária, as principais universidades e centros de pesquisa científica de ponta. Além de reunir a maioria das áreas metropolitanas do país, como as de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, e outras menores, é no Centro-‑Sul que se localiza a capital federal, Brasília. Como você viu no capítulo anterior, foi no interior desse complexo regional que teve início o processo de desconcentração econômica do país, especialmente da atividade industrial, a partir de São Paulo. Outras sub-regiões também se integraram a partir do desenvolvimento de complexos agroindustriais – soja, laranja, carne e cana-de-açúcar –, particularmente o Oeste paulista. Também houve ampliação da diversificação industrial de Minas Gerais e Espírito Santo (indústrias de bens de produção). Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul deixaram de ter uma estrutura produtiva fundamentada particularmente na agropecuária e passaram a desenvolver também diferentes ramos industriais, como indústrias de bens de capital (implementos agrícolas, máquinas), indústrias de bens de consumo não duráveis, indústrias de madeira, couro e calçados. O dinamismo industrial do Centro-Sul continuou associado ao desenvolvimento de complexos agroindustriais, destacando-se a produção granjeira e a de grãos e carnes, diretamente vinculadas às indústrias de bens de consumo não duráveis. Localizam-se na região alguns dos mais importantes abatedouros de gado e frigoríficos do país. A proximidade geográfica do Centro-Sul com os países do Mercosul é um dos fatores que beneficiam as atividades produtivas e a exportação. Na porção centro-oeste desse grande espaço regional, a disponibilidade de terras, os incentivos fiscais e financeiros , além da crescente atração exercida pela capital do país, contribuíram para a expansão da fronteira agrícola. A moderna produção agropecuária (soja, milho, carne) destina-se, principalmente, ao comércio externo. A integração de transportes rodofluviais no conjunto da hidrovia Tietê- -Paraná também tem possibilitado ao Centro-Sul ampliar diversas atividades produtivas e gerar mudanças significativas na ocupação do espaço e na rede de comunicação. Observe a foto ao lado. < imagem > PUL S A R IMAG E N S / T H O M A Z VIT A NET O A hidrovia Tietê-Paraná integra um grande sistema de transporte multimodal,pois é interligada às malhas rodoviária e ferroviária. Constitui um importante corredor de exportação,pelo qual é escoada boa parte da produção nacional destinada a países do Mercosul.Na foto, de 2013, vista de embarcação transportando grãos pela hidrovia Tietê-Paraná nas proximidades do município de Barbosa (SP). Os “quatro Brasis”
  • 24. De acordo com os geógrafos Milton Santos e Ana Clara Torres Ribeiro, o espaço brasileiro pode ser dividido em quatro regiões: a Amazônia, o Centro-Oeste, o Nordeste e a região Concentrada, que abrange Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essa divisão considera o grau de acumulação de ciência, tecnologia e informação no território nacional e as heranças do passado. Ela também considera a localização dos centros de decisões políticas, a robotização das indústrias e a tecnologia aplicada ao setor agropecuário, a existência de numerosas instituições de pesquisa e a localização das sedes de instituições financeiras ligadas ao mercado global. Sendo assim, a região Concentrada possui os setores econômicos mais avançados do país. Observe-a no mapa a seguir. Atlas nacionaldo Brasil Milton Santos IBGE. Rio de Janeiro, 2010. Atlas com diversos mapas temáticos do Brasil. Nele você vaiencontrar tanto mapas sobre aspectos físicos do país como mapas s obre economia, diversidade culturale qualidade de vida da população. É uma interessante fonte de pesquisa que vai ajudar você a compreender melhor o país onde vivemos. Brasil:quatro Brasis < mapa > João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora Fonte: SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. Texto & contexto 1. Que mudanças ocorreramna regionalização do Brasil desde a criação do IBGE? Que critérios as nortearam? 2. Identifique uma das críticas feitas à atual divisão regional elaborada pelo IBGE. Você concorda com essa crítica? Justifique. 3. Que inovação a divisão em regiões geoeconômicas trouxe para a regionalização do Brasil? Comente-a. 4. Na regionalização geoeconômica, quais são os critérios utilizados para agrupar as áreas que pertencem ao Nordeste, à Amazônia e ao Centro-Sul? 5. Como é a divisão regional proposta por Milton Santos e Ana Clara Torres Ribeiro? Que critérios eles utilizaram? IDH e regionalização do Brasil Com o término da Guerra Fria, o fim do socialismo, os altos índices de desemprego e o aumento da miséria social em inúmeros países, a visão dos estudiosos e da população sobre o conceito de desenvolvimento se transformou bastante. De acordo com o novo enfoque, o desenvolvimento de um país não pode ser medido somente levando em conta a expansão de sua base produtiva. A realização de uma série de fóruns internacionais ao longo da década de 1990 apontou importantes perspectivas sociais, políticas, culturais e ambientais para o desenvolvimento interno das nações e para as relações internacionais. Assim, desde os anos 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) tem utilizado um conceito de desenvolvimento baseado em um indicador expresso numericamente: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Esse índice varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, mais elevado é o desenvolvimento. Esse conceito de desenvolvimento passou a ter como referencial o poder de consumo das pessoas e o seu acesso à educação e à saúde. Em outras palavras, o desenvolvimento humano inclui tudo aquilo que possibilita aos cidadãos a ampliação da participação na vida econômica, política e cultural do país em que vivem. Com base nesses novos paradigmas, o Pnud, em conjunto com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publica relatórios sobre o desenvolvimento humano do Brasil desde 1996. Eles apontam para outra estruturação do espaço brasileiro que não se baseia somente nos critérios administrativos ou de integração econômica como fonte de regionalização. Aquilo que se pode chamar de “nova regionalização” parte de diferentes dimensões do desenvolvimento humano, como a expectativa de vida, a escolaridade e a renda. O IDH, originalmente criado para classificar países, no Brasil tem sido calculado para cada município – o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Com base nesse índice, é possível classificar o desenvolvimento humano brasileiro por estado e por região. Observe o mapa ao lado, que regionaliza o Brasil utilizando o IDHM como
  • 25. critério. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil Atlas com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de todos os municípios brasileiros, unidades da federação e regiões metropolitanas. Além dos índices do IDHM, há outros indicadores de educação, renda, trabalho, habitação e demografia. Versão digital disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013>. Acessoem: 23 set. 2015. Brasil:regionalização com base no IDHM (2010) < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: ATLAS do Desenv olv imento Humano no Brasil. Ranking – todos os estados (2010). Disponív el em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/ranking>. Acesso em: 21 set. 2015. Ampliando o conhecimento Infográfico: alex argozino/Arquivo da editora Fonte do mapa: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio deJaneiro, 2012. p. 95. Fonte dos dados: IBGE. Área territorial brasileira. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/ geociencias/cartografia/default_territ_area.shtm>. Acesso em: 6 maio2016/Sinopse doCenso Demográfico 2010. Os gráficos desta página foram elaborados com base em: 1. MAGALHÃES, João Carlos. Emancipação político-administrativa demunicípios no Brasil. IPEA. Disponível em: <http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Capitulo1_30.pdf>. Acesso em: 12abr. 2016; 2. IBGE. Contas Regionais do Brasil 2002/Contas Regionais doBrasil 2012/Séries histórias e estatísticas/Tábuas abreviadas de mortalidade por sexo e idade – 2010/Sinopse do CensoDemográfico 2010. Região Sudeste A região Sudeste do Brasil é formada pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ela abrange pouco mais de 10% do território nacional e abriga cerca de 40% da população brasileira. A supremacia econômica do Sudeste no conjunto do Brasil se baseia no aproveitamento mais intensivo do território com a maior concentração de capitais e de tecnologia do país. Boa parte das lavouras comerciais brasileiras mais importantes situa-se na região, como as do café, do algodão, da cana-de-açúcar, da laranja (veja foto ao lado) e da banana. Também a pecuária de corte e a leiteira são desenvolvidas de maneira intensiva. Um dos fatores que sustentaram o desenvolvimento industrial do Sudeste foi a existência de uma grande área de mineração, com destaque para a extração de ferro e manganês no Quadrilátero Ferrífero, área localizada no centro-leste do estado de Minas Gerais. Por abrigar o maior parque industrial da América Latina, o Sudeste ocupa posição hegemônica em relação às demais regiões do país, condição que faz de São Paulo a grande metrópole nacional e do Rio de Janeiro uma metrópole nacional, ambas com área de influência por todo o território brasileiro. É no Sudeste que se localizam os dois principais portos nacionais: o de Santos (SP) e o do Rio de Janeiro (RJ), além dos portos de São Sebastião (SP) e de Vitória (ES). Apesar de haver certa integração entre os estados do Sudeste, as características econômicas de cada um determinam significativas desigualdades intrarregionais. Quando se fala em Sudeste, em geral considera-se o chamado Sudeste geoeconômico, o que exclui a zona semiárida do norte de Minas Gerais e inclui o norte do Paraná (área de Londrina e Maringá), um prolongamento do Oeste paulista. < imagem > PUL S A R IMAG E N S / JO Ã O PR UD E N T E Na região Sudeste, há grandes lavouras comerciais, como essa de laranja em Santo Antônio de Posse (SP). Foto de 2014. Desigualdades internas no Sudeste Mesmo reduzindo nas últimas décadas sua importância relativa no país, em face do maior crescimento de outros estados, São Paulo permanece como o grande motor da economia nacional, respondendo por mais de 30% do PIB brasileiro e de 55% da riqueza do Sudeste. O estado do Rio de Janeiro, embora não tenha mais a relevância que teve no passado, detém o segundo PIB entre os estados brasileiros, contribuindo com mais de 10% da riqueza nacional e de 20% da produção regional. Destaca- se pela indústria de petróleo, gás natural, química, metalúrgica, automobilística e construção naval. Recentemente, foi implantado na Baixada Fluminense um complexo petroquímico (Comperj), constituindo no país mais um polo indutor do desenvolvimento industrial de derivados de petróleo. No entanto, a atividade agropecuária fluminense enfrenta problemas por causa da pequena disponibilidade de terras, da topografia irregular, da má qualidade dos solos e do alto preço das terras. Uma área de destaque é o norte do estado, com expressiva produção de cana-de-
  • 26. açúcar. A participação de Minas Gerais na produção industrial e agropecuária teve um aumento significativo nos últimos anos. Esse foi o estado da região que mais se beneficiou com a desconcentração econômica de São Paulo. Desde a década de 1970, a presença de recursos minerais tem atraído investimentos na área de indústrias de bens intermediários, indústrias mecânicas, de material elétrico e de transporte. A presença de montadoras de automóveis incentivou o desenvolvimento da indústria de autopeças. Paralelamente, as indústrias tradicionais, têxteis e alimentares modernizaram-se. No setor agropecuário, a participação do estado na produção nacional também aumentou, destacando-se a produção de café no sul e de grãos na área do cerrado. Os índices de produção mais baixos estão no norte do estado, no chamado Vale do Jequitinhonha, região com indicadores econômicos e sociais que a aproximam mais do Nordeste do que do Sudeste. O estado que apresenta menor participação na economia regional e nacional é o Espírito Santo, onde as indústrias de bens intermediários – aço e celulose –, bem como a cafeicultura no norte do estado, estão voltadas diretamente para o mercado internacional. < imagem > FOL H A P R E S S/ M A R C I O BRI GA T T O Montadora de automóveis em Juiz de Fora (MG), em 2012. Descentralização das atividades produtivas De 1970 até o fim do século XX, a participação relativa do estado de São Paulo na produção industrial brasileira caiu de 57% para 43% em virtude da redução da atividade na região metropolitana e, principalmente, do desenvolvimento da atividade fabril em outros estados. Em 2012, o estado era responsável por 36% dessa produção. Por outro lado, houve grande expansão de indústrias no interior paulista, facilitada pela densa rede rodoviária. Observe, no mapa a seguir, o eixo rodoviário formado pela Anhanguera e pela Castelo Branco, importante para a interligação de diferentes áreas do estado. A rodovia Fernão Dias faz a ligação entre os espaços econômicos paulista e mineiro, e a rodovia Régis Bittencourt (BR-116) faz a ligação de São Paulo com o sul do país. São Paulo:grandes eixos rodoviários (2012) < mapa > JOÃO MI GU E L A. MOR E I R A/ A R Q U I V O DA EDI T O R A Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 146. Vale ressaltar que o processo de desconcentração das atividades produtivas perdeu fôlego já a partir do fim da década de 1990, não porque outras regiões tenham deixado de crescer, mas por causa da recuperação econômica da região metropolitana. Historicamente, o maior crescimento econômico da região metropolitana de São Paulo ocorreu a partir da incorporação das cidades industriais do ABC, juntamente com Osasco e Guarulhos. Considerando a concentração demográfica, financeira e tecnológica, a disponibilidade de recursos humanos qualificados e os indicadores de renda da população, os economistas concluíram que, apesar do desenvolvimento que ocorre no interior paulista, com destaque para a área de Campinas, é na região metropolitana de São Paulo que estão as condições mais favoráveis para o capital. Contudo, diante dos preços dos imóveis e graças às facilidades de comunicação, muitas empresas de grande porte instalam suas unidades produtivas no interior, mas mantêm sua sede administrativa junto à capital paulista. Quanto à produção agropecuária, ela é extremamente modernizada e atrelada a grandes complexos agroindustriais, como é o caso da laranja e da cana. Entre as unidades federativas, São Paulo e Minas Gerais respondem por grande parte das exportações brasileiras. Também é importante destacar a posição de São Paulo no Mercosul, sendo esse estado um componente fundamental no eixo de integração com Montevidéu e Buenos Aires. A pauta das exportações entre os países do Mercosul, principalmente na linha de produções industrializadas, teve um salto de 2,5 bilhões de dólares em 1991 para mais de 20 bilhões de dólares em 2014 (dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Vale destacar, no entanto, que a maior parte desse intercâmbio corresponde a comércio intragrupos, ou seja, realizado entre unidades que, embora localizadas em países diferentes, pertencem aos mesmos conglomerados multinacionais. Esse fenômeno é característico dos tempos atuais e denota uma das vantagens da formação de blocos para os agentes da globalização econômica – as multinacionais. Apesar disso, o incremento do comércio
  • 27. entre os países do Mercosul traz múltiplos benefícios, particularmente para os estados do Sudeste e parte do Centro- Oeste do país. Grande parte das exportações da Argentina é feita para São Paulo, destacando -se o trigo, os produtos alimentícios, os automóveis e as autopeças. Por outro lado, isso garante a São Paulo uma grande penetração na área do Mercosul. Além das trocas comerciais, os investimentos são importantes nesse mercado regional. < imagem > ©WI K I M E D I A COM M O N S / L E A N D R O R. M. DE MAR C O Vista de parte da cidade de Campinas (SP), em 2012. Por abrigar um grande número de empresas de alta tecnolo gia, Campinas é conhecida como o Vale do Silício brasileiro. < imagem > PUL S A R IMAG E N S / P A U L O FRI D M A N Colheita mecanizada de cana-de-açúcar no município de Cerqueira César (SP), em 2014. Texto & contexto 1. Identifique algumas desigualdades internas existentes na região Sudeste e comente cada uma delas. 2. Explique a redução da participação de São Paulo na produção industrial do Brasil, pois caiu de 57% para 36% entre 1970 e 2012. Se necessário,realize uma pesquisa na internet. 3. Enumere alguns fatores responsáveis pela retomada do crescimento industrial em São Paulo, inclusive a região metropolitana da capital, após um período de desconcentração fabril. Região Sul Formada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a região Sul abrange cerca de 6,8% do território brasileiro, onde vivem 14,3% da população do país. A ocupação do Sul teve início com a criação de gado para a produção de charque e de couro, mas só se efetivou com a imigração europeia no século XIX. Italianos, alemães e eslavos foram alguns dos imigrantes europeus que introduziram novas formas de aproveitamento econômico do espaço regional, como a pequena propriedade, o policultivo, a associação agricultura-pecuária e a exploração direta da terra. Juntamente com uma enorme bagagem cultural relativamente bem preservada, os imigrantes mantiveram a unidade familiar, fazendo com que a região viesse a se tornar um dos esteios agrícolas do país. Na região Sul, a produção agropecuária é muito diversificada: soja e trigo, plantados no planalto; arroz e lã, no Rio Grande do Sul, estado responsável por quase toda a produção nacional dessa fibra; couro e carne, milho, feijão, batata, fumo e outros produtos. < imagem > PUL S A R IMAG E N S / G E R S O N GER L O F F Colheita mecanizada de arroz em Santa Maria (RS), 2013. No Rio Grande do Sul, a rizicultura (ou orizicultura), altamente produtiva, tem grande destaque na agricultura nacional. < imagem > PUL S A R IMAG E N S / D E L F I M MAR T I N S Colheita mecanizada de trigo em Nova Fátima (PR), 2015. Apesar desse desempenho, entre as décadas de 1970 e 1990 a participação do Sul na produção agropecuária do país reduziu em quase 50%: em 2012, a região contribuiu com 23,5% do total nacional. Algumas das causas desse declínio foram o fim da expansão da fronteira agrícola nos três estados e a incorporação de novas terras às áreas agrícolas das regiões Centro-Oeste e Norte. Apenas Santa Catarina aumentou sua participação relativa na produção agropecuária nacional. O abate automatizado de frangos faz desse estado um importante exportador de aves. A região Sul também se beneficiou do processo de desconcentração econômica em virtude da proximidade com o Sudeste e da criação de uma significativa rede de transportes e comunicações. Em função da presença de carvão em certas áreas dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nas últimas décadas do século XX a região articulou-se às indústrias siderúrgicas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre 1970 e 2013, segundo o IBGE, a participação da região no total da produção industrial brasileira subiu de 11% para 20%. No Paraná, o principal parque industrial localiza-se em torno da capital, Curitiba, onde se destacam, além das tradicionais indústrias alimentícias e madeireiras, as indústrias químicas, de material elétrico, de transporte e automobilística. Em Santa Catarina, a produção industrial também se diversificou bastante a partir dos anos 1990. A indústria