O documento descreve as origens do povo de Israel, conforme contado na Bíblia. Narra como os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó migraram da Mesopotâmia para Canaã e como o povo de Israel se formou ao longo de 800 anos, estabelecendo sua identidade cultural e religiosa. Explica que a história bíblica foi transmitida oralmente antes de ser registrada e como os israelitas reviviam sua história por meio da fé e da tradição.
3. A Bíblia é o livro mais conhecido do mundo inteiro.
• Levantamentos feito em 2012 apontam que a Bíblia já
pode ser lida em 2544 línguas
• Escrita em pergaminhos, impressas em livros, talhada
em pedras, esculpida nos corações.
• Mesmo assim, continua um livro desconhecido.
• Muita gente a tem em casa, mas não a abre.
4. • Hoje em dia, a Bíblia desperta, cada vez mais, o
interesse do povo cristão. Especialmente nos círculos
bíblicos, onde orienta a reflexão sobre a vida.
• De onde vem a Bíblia?
• Quem a escreveu?
• Quando e por que é um livro tão importante?
• São estas, em geral as primeiras perguntas que surgem.
5. • A Bíblia surge no meio de um povo do Oriente, o Povo de
Israel.
• Este povo cria uma literatura que revela sua história, suas
reflexões, sua sabedoria, sua oração.
• Toda essa literatura é inspirada pela sua fé no Deus que
se revela: “Estou sempre convosco!”
6. Este povo mora perto do Mar
Mediterrâneo, no Oriente Médio.
Inicialmente é um grupo de
migrantes, vindos da
Mesopotâmia, hoje Iraque.
São conhecidos por vários nomes
como veremos a seguir.
7. NOMES DIFERENTES
• Hebreu
• Israel (israelita)
• Judeu e outros
• Também a terra em que conquistam é conhecida com vários nomes
• Retenu
• Canaã
• Terra Prometida
• Reino de Israel
• Reino de Judá
• Terra Santa
• Palestina
• e Estado de Israel (a partir de 1948)
8. ISRAEL ou FILHOS DE ISRAEL
• É o nome que mais aparece na Bíblia (Gn 35,10; 32,28-
29; 46,5)
• Esse nome surgiu com a formação do povo;
• Se compõe de duas palavras: ה ָׁר ָׁש Sará, que significa
“persistir, perseverar, lutar”, e ל ֵא el, “deus” ou divindade
(Gn 32,28-29)
• Traduzindo literalmente: “Deus lutará”
9. O novo nome “Israel” dado a
Jacó caracterizaria não só a vida
dele na luta pela conquista da
bênção, mas a luta de todos os
seus descendentes, os
israelitas, pela bênção da terra,
da descendência e de um grande
nome.
(Gn 28,13-17)
10. O povo de Israel, a partir da
migração de semitas amoritas para
Canaã até o reino davídico, levou
cerca de 800 anos para se
constituir como nação, com seu
território, seus chefes, sua
organização e suas tradições
familiares, culturais, sociais e
religiosas solidificadas.
11. Muitas dificuldades surgem na
reconstituição da história de um
povo, mas nem sempre são
resolvidas. Os motivos são
muitos: distância no tempo, a
língua, os recursos materiais, as
fontes, o lugar social de quem
narra a história, etc.
12. Na história do povo de Israel,
essas dificuldades estão
presentes e muitas vezes
insolúveis.
13. Há diferenças:
• O nome dos povos que integraram cada formação;
• Os lugares onde as histórias aconteceram;
• A língua falada e escrita;
• As tradições culturais e religiosas que os acompanharam.
14. A história da Bíblia teve início mais
ou menos 2.500 anos a.C.
Pouquíssimas pessoas sabiam ler
e escrever naquela época. O
material usado para escrever era
muito raro. O papiro e, mais tarde,
o pergaminho eram usados apenas
por uma elite.
15. A língua hebraica não estava
formada. Foi-se formando
pouco a pouco.
16. Como então conhecer a
história?
Há quem pergunte: Abraão,
Isaac e Jacó existiram
mesmo? Como ter certeza
disso?
17. Esses patriarcas da Bíblia
são acolhidos e venerados
por judeus, cristãos e
muçulmanos. Eles estão na
origem da fé histórica do
povo de Israel.
18. O que sabemos a respeito
deles só nos veio por meio da
Bíblia e das cartas de Mári,
1983 em Tell Hariri. Não
temos outros documentos da
época que possamos
confrontar com a Bíblia.
19. Essas histórias nasceram da
oralidade, os contos se
passavam de pais para filhos, de
geração em geração. Quando
apareceu a escrita do hebraico e
aramaico, esses contos foram
sendo registrados pouco a
pouco, até formarem a Bíblia que
conhecemos hoje.
20. Quando será que o povo da Bíblia começou a
se perguntar:
• Quem são nossos antepassados?
• De que povo nós nascemos?
Essas perguntas não surgiram desde o
início. Surgiram sobretudo quando o povo
não tinha mais reis nem templo e grande
parte estava fora de sua terra. Viviam
como exilados na Babilônia.
21. Naquele tempo um grupo de
estudiosos, a maioria
sacerdotes, teve a
preocupação de escrever e
explicar as origens de seu
povo.
22. Muitos autores da Bíblia, em
épocas diferentes, tentaram
recompor a história do povo
de Israel e dar respostas às
perguntas sobre suas
origens.
23. O grupo de sacerdotes, no
exílio da Babilônia, tentou
responder a essas perguntas na
forma de uma história familiar,
por meio de listas de
genealogias que se encontram
no livro do Gênesis.
25. Não é fácil responder a esta
pergunta. Mas com a ajuda de
estudiosos nós iremos tentar
responder esta pergunta no
decorrer de nossos próximos
encontros.
29. Por causa de sua posição
geográfica, Israel faz parte de
uma região chamada
Crescente Fértil ou Meia-lua
Fértil, junto com o Egito e a
Mesopotâmia.
30. Israel era um corredor de
passagem muito disputado entre
grandes impérios do Egito e da
Mesopotâmia. A região recebeu
o nome de Crescente Fértil por
causa dos grandes rios: Nilo, no
Egito; Tigre e Eufrates, na
Mesopotâmia; e Jordão, em
Israel.
31.
32. Hoje o Crescente Fértil se
estende sobre o Iraque, a Síria,
o Líbano, a Jordânia, o Egito e
o Estado de Israel.
33. Mesopotâmia, a terra dos grandes impérios
• A Mesopotâmia faz parte do continente
chamado Ásia. Desde o ano 3500 a.E.C, a
região Sul, conhecida como Suméria, era
ocupada pelos sumérios. Eles vieram das
montanhas do Norte e se estabeleceram na
região, próximo ao Golfo Pérsico.
34. Ur era a cidade mais
importante, por seu um grande
centro administrativo, religioso,
político e econômico.
35.
36. Durante este período de
domínio, surgiram as
construções em forma de
torres, que tinham no topo um
templo dedicado a uma
divindade.
37. Essas construções se chamavam
zigurat (Os zigurates eram
construções com uma série de
plataformas quadradas,
construídas umas sobre as outras.
À medida que a construção se
elevava, a última plataforma ficava
um pouco menor que a inferior.
39. Talvez se refira a elas a
narrativa da torre de Babel
(Gn 11,1-9).
40. O povo da Bíblia é de origem
semita, seminömades,
cultivadores de cereais nas
estepes e criadores de
rebanhos de pequeno porte
41.
42. Abraão é colocado nesse fluxo
migratório de povos semitas do
alto da Mesopotâmia.
43. O SENHOR disse a Abrão: “Sai da tua
terra, da tua parentela e da casa de teu
pai, para a terra que te mostrarei. Eu farei
de ti um grande povo, eu te abençoarei,
engrandecerei teu nome; sê uma benção!
Gn. 12, 1-2
44. Nasce aqui a HISTÓRIA daqueles que
serão chamados de PATRIARCAS.
Abraão, Isaac e Jacó
e também das MATRIARCAS
Sara, Rebeca e Raquel
46. Os laços da fé são mais fortes
que os laços de sangue. Foram
esses laços que uniram a
histórias de Abraão, Isaac e
Jacó.
47. A importância dada a esses
patriarcas reside em sua
relação excepcional com a
divindade, ligada aos lugares
sagrados.
48. O nome de Abraão está ligado
ao santuário de Siquém (Gn 12,6-
7), na serra de Efraim;
Ao santuário de Betel (Gn 12,8),
e também na serra de Efraim
(Benjamim), e ao santuário de
Mambré, junto de Bersabéia (Gn
13,14-18), na serra de Judá.
49. A tradição sobre Isaac está
ligada ao santuário de
Bersabéia (Gn 26,23-25), ao
sul da montanha de Judá
(tribo de Simeão).
50. A tradição sobre Jacó, ao
santuário de Betel (Gn 28,10-
22), na montanha de Efraim
(tribo de Benjamim).
51.
52. Em cada um desses lugares
Deus aparece ao respectivo
patriarca, assumindo uma
relação de posse, indicada
com a preposição de –
o Deus de Abraão, o Deus de
Isaac e o Deus de Jacó.
53. E nesses mesmos lugares
cada patriarca erige um altar
que posteriormente se
transformará em santuário.
54.
55. Os três patriarcas – Abraão,
Isaac e Jacó – dificilmente
teriam sido apenas invenções
literárias e, por outro lado, é
impossível considerá-los
numa relação de parentesco
como a Bíblia os apresenta.
57. Nele se declara a origem aramaica dos
patriarcas e se insinua o problema do
seminomadismo ao identificá-lo com “um
arameu errante” (Dt 26,5b.)
Em nosso próximo encontro iremos ver
como o povo de Israel revive sua história
a partir de uma experiência de Deus.
58. O povo de Israel revive a historia a
partir de experiências de Deus.
59. O povo de Israel conta sua
história por intermédio de seu
credo histórico, que era uma
espécie de oração, repetida
de geração em geração nas
principais festas e
assembléias religiosas.
(Js 24,2-23)
60. A história é recordada nos
hinos (Sl 105; 106; 135; 136)
que são cantados e rezados.
O contexto é de louvor a
Deus por sua presença e
ação no meio do povo.
61. Cada israelita, em diferentes
épocas e situações, assumiu
essa experiência como se
fosse sua e se identificou
com ela.
62. O modo como os israelitas
contam sua história é
diferente do modo como nós
contamos a nossa. Eles não
separam fé e vida. Na vida
proclamam a fé e na fé
celebram os acontecimentos
da vida. Essa experiência é
que dá sentido à história.
63. Para eles falar de fé era falar
da vida. Nós, com certa
freqüência separamos fé e
vida, passado e presente.
Eles não. Falar de fé era falar
da vida, do passado e do
presente.
64. Para eles não havia dificuldade
em falar de instituições,
costumes e práticas religiosas
do presente e projetá-los para
trás, no passado. Isso acontecia
com freqüência.
65. Em Êxodo, lemos sobre a
escravidão e a libertação, e temos a
impressão que todos os grupos
fizeram a mesma experiência. Mas
não foi assim. Ela foi vivida por um
pequeno grupo, o de Moisés.
Contudo, a experiência desse grupo
se tornou fundamento e confissão
de fé como se tivesse sido vivida
por todos os outros grupos.
66. A dificuldade é determinar o
momento exato em que os
israelitas se constituíram
como um povo, uma nação.
68. A história de Israel é como a de
qualquer outro povo. O que
muda é a maneira de olhar,
interpretar e narrar os
acontecimentos. É o que
chamamos de “releitura”. Ao
narrar um fato longínquo do
passado,Israel o reveste de um
significado.
69. Assim a narração de um fato
que vem responder a uma
necessidade litúrgica e
catequética se torna mais
importante do que o fato em
si, porque o valor está na
celebração e na catequese, e
não no fato em si.
70. Para entrarmos nessa ótica
de leitura da Bíblia, é preciso
fazer uma distinção ente o
que é “exato” e o que é
“verdadeiro”.
71. Exato é tudo o que podemos ver,
tocar, provar concretamente por
meio de fotografia, do microscópio e
de outras formas.
72. Ao passo que verdadeiro é
tudo aquilo que traz vida,
dinamismo e gera o novo na
vida das pessoas e da
sociedade, mesmo não
havendo provas concretas.
73. A reflexão nos permite fazer a
pergunta: “é exato” o modo
como a Bíblia narra, por
exemplo, a criação do mundo
em sete dias, do homem e da
mulher?
74. Não.
Não é exato porque a Bíblia não
é um livro científico. Mas é
verdadeiro o que a Bíblia afirma
sobre a criação do mundo, do
homem e da mulher, porque
narra como o povo de Israel viu
e viveu, mediante seus
antepassados, a sua relação
inicial com Deus.
76. Israel se formou como povo:
• 1- No Egito, fora de Canaã?
• 2- Em Canaã, com os grupos que vieram de fora?
• 3- Em Canaã, com os camponeses oprimidos, que lá?
viviam, e os grupos que vieram de fora?
77. Os textos bíblicos que narram
a grandeza de um povo que
se tornou uma nação forte,
fora de Canaã, têm a
preocupação de mostrar a
grandiosidade da ação de
Deus no meio do povo.
78. O povo da Bíblia não estava
preocupado em provar os fatos.
O que realmente aconteceu e
como ocorreu não entra em
discussão. A Bíblia não tem
como preocupação principal
narrar a história. Ela fala da
experiência que o povo fez com
Deus, como povo escolhido.
79. Ao falar dessa experiência, pode
apontar alguns elementos
históricos, como nomes de
pessoas e de lugares, datas e
acontecimentos, mas o importante
mesmo, para nós, é acolher a
experiência que o povo fez e
registrou desse modo, há mais de 2
mil anos. Foi assim que o povo
releu sua história.
80. E essa leitura é inquestionável
e verdadeira. A convicção de
Israel é o produto final de um
longo processo de elaboração
pelo qual passaram essas
tradições de grande
complexidade, as quais se
fundiram numa única na forma
de uma genealogia.
81. Entre os grupos que
vieram de fora e se
estabeleceram em
Canaã, encontram-se:
82. Os descendentes dos patriarcas
Abraão, Isaac e Jacó. Eram
pastores, seminômades semitas-
arameus que migraram e viviam nas
estepes, entre as montanhas e o
deserto, ou entre os territórios das
cidades-estados, contudo sempre
fora do alcance de seu poder
opressor. Esse grupo é designado
como abraâmico.
83. A história dos patriarcas nos fornece
esclarecimentos sobre o mundo religioso
dos antepassados de Israel.
Eles veneravam o “Deus dos Pais”
84. • A peculiaridade dessas divindades patriarcais, consiste
no fato de não serem caracterizados, como as divindades
Cananéias, pelo local de culto, onde foram veneradas
pela primeira véz. Exemplo:
• El-Betel = Deus de Betel
• Mas pela pessoa, à qual se revelaram pela primeira vez e
que fundou o culto ao referido deus. “Deus de Abraão”.
• A designação de Deus como “pachad itzchak” הפחד
יצחק (שלtemor de Isaque Gn 31,42-53) e “Abir já’
akob” יר ִבֲאבֹקֲַעי (poderoso “protetor” de Jacó Gn
49,24)
85. A religião dos patriarcas, passou por
um processo de evolução
• isso a gente percebe nos nomes dado por eles a Deus:
• El Shaddai – Gn 17,1
• Deus de Abraão
• Deus de Abraão teu pai (Gn 26,24)
• Deus de Isaac (Gn 28,13; 32, 10)
• Deus de meu, teu, vosso pai (Gn 31,5)
• Deus de meu senhor Abraão (Gn 31,42; Ex 3,6)
• O Deus de vossos pais é identificado com Adonai (Ex.
3,13-15), na libertação do povo no Egito.
86. • Historicamente, os patriarcas não conheciam o culto
a יהוה Adonai.
• deve-se deduzir que Adonai é uma compreensão
futura na história dos patriarcas, esse processo de
identificação com Adonai, chega ao resumo da
seguinte forma:
• Adonai é Deus de vossos pais, (Deus de Abraão,
Isaac, Jacó), no final dessa identificação recebe um
novo elemento: Adonai Deus dos hebreus.
87. Características:
• 1o Eram divindades que tinham diversas características,
ex: EL Shadai = Deus da montanha, EL Holam = Deus
da antiguidade.
• 2o O Deus dos patriarcas é o Deus dos pais, são pessoas
que fazem experiência, e não uma força cósmica, porque
o Deus dos pais está ligado a vida do clã.
• 3o O Deus dos pais não está vinculado ao lugar fixo na
natureza, é um Deus nômade, que acompanha, como
divindade o clã, onde quer que este vá.
88. O grupo dos fugitivos do Egito,
designado como mosaico, porque foi
liderado por Moisés, na experiência da
escravidão, do êxodo e da libertação.
Eles se estabeleceram nas regiões
montanhosas de Canaã, por volta de
1250 a.E.C, ao abrigo dos carros de
guerra dos senhores das cidades-
estados.
89. O grupo do Sinai,
designado como sinaítico, formado
por beduínos, pertencia às tribos
nómades do Oriente que viviam no
deserto, ao sul do mar Morto. Eles
vieram de Seir de Edom e se
estabeleceram também nas
estepes e nas regiões
montanhosas de Canaã.
90. • Neste momento da história, o nome dado a Deus já não
era mais “EL” e sim o Deus de Abraão, Isaac e Jacó.
Moisés que teve contato com as tribos do Sinai, que
denominava a Deus como “Adonai”, que significava
(aquele que cai, ou aquele que desce), porque
originalmente era um Deus do relâmpago, da
tempestade, e na forma verbal יהוה significa “Ele é”, no
sentido de existência ativa e eficácia, Moisés passa a
chamar ao Deus de seus Pais (Patriarcas) de
“ADONAI”, reconhecendo nesse Deus, a origem de
todas as coisas. (Ex 3,14)
91. Fuga do Egito e tomada de Canaã
• Esse líder (Moisés), movido pela consciência da
desigualdade em que seu povo se encontrava e pelo
poder de Adonai, começa a despertar nas pessoas o
antigo espírito de igualdade e justiça no qual viviam seus
antepassados, e após um longo trabalho de restabelecer
na consciência do povo, este pensamento, Moisés e
parte desse povo fogem do Egito em direção a Canaã.
92. • Mas este retorno não é fácil, o povo se vê perdido no
deserto, e ainda tem que enfrentar a perseguição do
faraó, e também atravessar o mar vermelho, tudo isso faz
com que a consciência do povo vá amadurecendo, por
fim, às portas de Canaã, este povo é chamado a fazer
Aliança com Adonai, seu Deus no monte Sinai, local onde
se consolida este pacto.
93. • Chegando em Canaã, novamente eles se estabelecem
na região montanhosa à margem da cidade, ali se
encontram com parte da tribo de Abraão que permaneceu
naquela região, e também com tribos que continuaram a
vir da mesopotâmia, com tribos que vieram da região do
Sinai, começando desta forma a ficarem mais
numerosos.
94. Os camponeses nativos de
Canaã, explorados e oprimidos ao
redor das cidades-estados,
inconformados e revoltados,
retiraram-se para as regiões mais
isoladas das estepes e montanhas,
unindo-se aos outros três grupos:
abraâmico, mosaico e sinaítico.
95. À medida que cresciam, se
organizavam e conquistavam
vida própria, foram descendo
pouco a pouco e ocupando as
planícies e cidades, até chegar a
formar um governo próprio e
autónomo
96. • Essas tribos, num movimento lento, vão
invadindo a terra cultivada de Canaã, mas
esta invasão se dá aos poucos, e em alguns
momentos foi necessário o confronto direto e
armado para se conquistar a terra, mas isso
não se deu em todos os casos.
97. • O poder na sociedade Cananéia estava
centrado na mão do rei, e esse poder era
sustentado por leis, e o rei é absoluto, porque
era filho do deus “Baal”, também o poder
sacerdotal estava a serviço do poder real. Os
donos de terra eram os senhores baalins, os
donos do boi.
98. Havia nas planícies muitas
cidades-estados, cujos nomes
são conhecidos por meio dos
escritos que chegavam ao faraó
na cidade de Tell el-Amarna no
Egito. Entre elas estão citadas as
cidades de Meguido, Hasor,
Suném, Jerusalém, Siquém e
muitas outras.
99. A localização de Canaã favoreceu
uma grande diversidade de povos
que se fixaram na região. Servia de
passagem para as caravanas
comerciais e também para os
exércitos nas campanhas militares.
Ligava três continentes: Europa,
Ásia e África
102. • A tomada da terra dos israelitas por volta do século XIII
a.C. não foi um acontecimento isolado. Ela se processou
dentro de um grande movimento chamado de Migração
Aramaica.
• Aproximadamente na mesma época da tomada da terra
dos israelitas e dos outros arameus, ocorreu também a
invasão dos “povos dos mares”, no Oriente Próximo.
103.
104. • No decorrer do Séc. XIII, esses povos dos mares vieram
dos Bálcãs ou da região do Mar Egeu, como parte de
uma migração maior. Parte da migração veio do mar,
passando por Creta (que no AT tem o nome de Cáftor:
Gn. 10, 14; Dt. 2, 23; Am. 9,7), e parte, por terra, através
da Ásia Menor, destruindo a cultura cretense micênica,
bem como o império hitita, percorrendo a costa sírio –
palestinense para o sul, chegando a ameaçar o Egito,
mas depois sendo destruído por ele.
105. “Filisteus”
• Outro grupo,
conhecido no AT como
“filisteus”, radicou-se
ao Oeste da Serra de
Judá. Tornando-se
assim, durante muito
tempo, a mais
perigosa ameaça para
os israelitas.
106. • É importante dizer, que até então, não existia uma liga de
tribos onde já se encontravam as doze tribos formadas e
juntas para dominarem a terra. Este movimento de
tomada da terra, inicialmente se deu por tribos isoladas,
que depois sim se uniram formando uma liga sólida, e
constituindo assim o território de Israel, antigo território de
Canaã.
• O fato que marcou o compromisso dessas tribos numa
vivência em comum aconteceu em um congresso na
cidade de Siquém, ao norte de Canaã, onde Josué
desempenha papel fundamental, pois Moisés já havia
morrido.
107. • JOSUÉ formou um pacto com as tribos, e neste pacto,
todos os participantes foram colocados sobre as
promessas e os compromissos do pacto do Sinai, onde
Josué teve a mesma função de mediador entre Deus e o
povo, tal como aconteceu com Moisés no Sinai. Em
Siquem foi constituída a liga das (12) ? tribos de Israel
ligadas a uma mesma Fé, a constituição desse pacto,
esta em torno da “LEI” (decálogo) onde o tema central
está no mandamento de preservação da vida, “NÃO
MATAR”.
108. A liga Sacral das Doze Tribos
• Durante os dois primeiros séculos após a tomada da
terra, as tribos israelitas estavam ligadas por uma ordem
sacral, e não política. Não constituíam um estado, mas
uma Liga Sacral,. Uma união voluntária e apolítica de 12
(ocasionalmente também de 6) tribos, numa comunhão
cultural com um santuário central. O número de doze (ou
6) deve-se ao fato de que as tribos se revezavam de um
em um ou dois em dois meses na prestação de serviços
no santuário central.
109. • A relação entre as tribos e Adonai e entre as tribos entre
si é caracterizada no AT pelo conceito “Pacto”. Por
“Pacto” entendia-se, no Antigo Oriente, um contrato
solene entre dois parceiros, geralmente desigual,
efetivado através de determinadas cerimônias.
• O fato de que a relação entre uma divindade e uma
comunidade tivesse sido regulamentada nas categorias
de um pacto, de um contrato, como foi o caso em Israel,
é um fenômeno único na história das religiões do Oriente
Próximo.
110. • O conteúdo do Pacto entre Adonai e
Israel pode ser resumido nestas duas
sentenças:
• “Eu serei o vosso Deus – vós sereis o
meu povo” (Dt. 16,16-19; 29,11-12;
Lv.26,12; Jr.31,33).
111. • Com a tomada de Canaã pelos israelitas, eles (Israelitas
e cananeus) passaram a viver lado a lado, e a estrutura
política religiosa e econômica dos cananeus são
adaptadas ao sistema israelita, onde todos participam do
fruto do trabalho da terra, que difere do nível econômico
Cananeu que tinha que usar o fruto do trabalho para
sustentar o rei. O povo de Israel agora começa uma vida
sedentária, e já não vivem como nômades, em tendas,
mas em casas. O centro da organização social é a
fraternidade, a união e a confederação das tribos.
• Os membros dessa comunidade (sociedade) são chamados de (o próximo),
neste sistema há uma defesa do mais pobre, do órfão e da viúva e também
do estrangeiro.
112. Os Recabitas
• A consciência conservadora procura viver a fé mosaica nos moldes da
experiência do deserto, negando o fato novo do encontro com a cultura de
Canaã. Um exemplo dessa consciência vai estar nos recabitas, (grupo que
vivia no deserto e cultuavam Adonai), são apresentados em Jeremias 35,
e eles representam um tipo de consciência conservadora.
• Diante da civilização de Canaã, eles não plantam vinhas, não edificam
casas, logo recusam todo sistema Cananeu. Esses recabitas são
importantes, porque foi a consciência deles que permitiu grandes revoluções
no antigo testamento. Graças a eles, Israel pode conservar sempre a fé viva
em Adonai e a sua fidelidade, passando de geração em geração o conteúdo
dessa fé.
113. A consciência mágica
• A divindade é uma força que pratica o bem, mas por
outro lado, é implacável. Em torno dessa ambigüidade é
que se criam ritos para demonstrar essa força da
divindade. (Em Ex, 4,24-26 a circuncisão de Moisés),
essa história reflete a consciência mágica que na forma
atual é adaptada na história mosaica.
• A circuncisão era um rito de iniciação do casamento, aparece aí a
mentalidade mágica, isto é, a divindade é perigosa, o demônio
persegue o casamento, por isso é preciso afastar a divindade; a
circuncisão é um rito para se defender da divindade maléfica,
espantar os demônios.
114. • E aqui se dá o processo do significado da circuncisão, que
é uma consciência mágica, que vai evoluindo, tornando-se
a expressão da identidade do povo de Israel. Portanto, a
circuncisão agora é ligada a pessoa de Moisés (Ex 4,24-
26), e começa a ser a marca da identidade das tribos
Israelitas.
• Surge também a consciência do Deus terrível (II Sm 6, 1-8)
115. Consciência Sacral
• É a maneira de exprimir o relacionamento com a
divindade, a partir de lugares, pessoas e instituições,
deste ponto, para o povo israelita, OS LUGARES Sacros,
eram os santuários, local onde o povo acreditava que
Deus se manifestava, de maneira que estes locais eram
fonte de salvação.
• O santuário era considerado a ponte entre o céu e a
terra, era o centro do universo. Era a garantia absoluta da
segurança do povo, que pensava que o santuário de
Jerusalém era a grande fortaleza que nunca seria
abalada.
118. A terra é representada como
um grande disco redondo,
colocado em cima das
águas do oceano primitivo, e
debaixo de uma cúpula, a
abóbada celeste chamada
firmamento.
119. Em cima da qual se
encontra água, que através
de pequenos canais, cai na
terra em forma de chuva.
Acima de tudo isso mora
Deus – no céu circundado de
anjos. Fixadas no
firmamento estão o sol, a
lua e as estrelas e outras
luzes menores.
120.
121. Debaixo da terra, ou debaixo
do oceano primitivo, a
imaginação colocava o Xeol
ou mansão dos mortos. Além
de Deus e dos anjos, o
mundo era povoado por
forças malignas que
procuram igualmente
influenciar os humanos.
122.
123. Em tal mundo, milagres e
aparições não são de
estranhar. Nessa visão, a
história não tem seu curso
próprio, mas é determinada
por poderes não terrestres
como é o caso da sedução
do ser humano no paraíso,
perdendo a felicidade
primitiva.
124.
125. Durante muito tempo reinou
a convicção de que a
cosmologia bíblica pertencia
à essência da Revelação e,
portanto, que deveria ser
aceita como a fiel
interpretação da estrutura
do cosmo.
126. Foi essa opinião que levou
os consultores do Santo
oficio em 1616 a declararem
herética a tese de Galileo
Galilei (1564 – 1642) que
afirmava ser o sol centro
imóvel do mundo.
127.
128.
129. Até o início do século XX
houve quem buscasse
provas científicas desejando
provar a exatidão científica
de Gênesis 1.
130. Início e desenvolvimento da monarquia
• A estrutura tribal durou + ou – 200 anos. A partir do ano
1000 a.C. Israel instituiu a monarquia, isto é, almeja um
rei como em outras nações (I Sam 8,5-19) entre criticas e
simpatias, a monarquia perdurará até + ou – 587 a.C.
• Quais as causas que levaram Israel a monarquia?
• 1o O avanço dos Filisteus, que queriam alcançar a
supremacia na Palestina.
131. • 2o A revolução tecnológica, sobretudo da aquisição do
ferro para que o exército possa ser mais eficaz e
constante. A revolução tecnológica na roça, onde o boi
passa a trabalhar com o arado, aumentando a produção
e gerando o excedente.
• 3o a ideologia acumulativa, onde há famílias que vão se
tornando dominantes, ou seja, umas incham, e outras
diminuem.
132. Como surgiu o estado israelita?
• O Estado surge de dentro do clã e da tribo, porque o clã
começa a concentrar poderes em 1o lugar na figura do
chefe (ancião).
• Os conflitos se concentram nas mãos do ancião,
cabendo a ele dar soluções para os conflitos, os Juízes
agora recebem tributos pelos seus serviços, dependendo
do Juiz, recebia mais pelos seus serviços.
133. • Quem tem controle e posse sobre o boi, que agora acelera a
produção, também detêm o poder, já nasce aqui uma questão da
mão de obra escrava, (pessoas empobrecidas que se colocam a
serviço de outras).
• O Estado surge como imposição das invasões, guerras
permanentes; agora é necessário um exercito permanente para
combater os inimigos.
• Além do contrato que garante a sobrevivência do exercito, o
saque também é uma permanente obra na sociedade (pós-
guerra). O general passa a ser o homem chave nesta sociedade,
pois ele passa a ganhar muito para defender a sociedade, e
quem pagar mais, é quem terá os seus serviços.
134. • O templo é fonte de riquezas, o excedente da produção ia
para o templo em forma de ofertas. Por ocasião das
festas entrava muitos cereais e carnes no templo. Circula
o excedente por meio do comércio e do mercadinho, daí
é necessário construir uma rede de templos para estar
ligado a esse comércio.
135. O Ser de Israel = formação
• A formação de Israel é coletiva e democrática, com
interesses voltados para coletividade e democracia. Isso
foi possível porque Israel tinha uma relação especial com
Adonai, que é um Deus Rei, portanto, na concepção de
Israel, eles dependem de Deus e nele confiam
totalmente. Tudo isso é o que chamamos de sustentáculo
da sociedade tribal, e assim permanece até 1000 anos
a.C.
136. O não Ser de Israel
• Formação Feudal e Aristocrata, relação dependente do
rei com o povo (todas as relações dependem do poder
central). A característica de relação com a divindade
passa pela figura do rei, que é filho de Deus e
representante dele aqui na terra. Com isso o povo passa
a viver um paganismo Javista.
• A figura do rei, nasce dentro dessa tensão e dessa
ambiguidade, surgindo posições divergentes diante do
rei. Essa tensão e ambiguidade aparecem quando o rei
tem a tendência de se sobrepor à autoridade religiosa.
137. Posições diante do rei
• 1o Antimonárquica = ideias de manter a velha estrutura
das tribos. (Podemos perceber isso nas Escrituras)
• A figura do rei é ambígua e perigosa. (1Sm 8).
• A única autoridade é a de Adonai (o ideal das tribos).
• Narrativas da Bíblia menos favorável a monarquia (I Sm
8,10. 17-27. cap. 12)
• Dês de o início havia uma oposição à monarquia. Foi um
passo drástico e um rompimento violento, que Samuel
teve que decidir diante do pedido do povo, por meio dos
representantes, os anciãos das tribos (I Sm 8,4ss).
138. • 2o Pró – monárquico
• O rei é o salvador
• O rei dá identidade e assegura a salvação do povo
• É o enviado de Deus para salvar seu povo.
• Narrativas da Bíblia favorável a monarquia (I Sm 3,1-10 +
16; 13,3b. 4b-15)
139. Características da eleição de Saul
• 1o a sua escolha é uma designação profética, Saul foi ungido, o
setor profético designa Saul nos moldes tribais, ele é escolhido
por aclamação popular. (1 Sm 10,1ss).
• 2o esta escolha foi também influenciada pelo fato de Saul
pertencer a uma tribo que ficava no ponto central do território
israelita, e era constantemente ameaçada, que era a tribo de
Benjamim. Dês de o inicio, Saul foi aceito por causa de seus bens
característicos.
• 3o a escolha foi determinada pela classe dos proprietários, (I
Sm 11,6-7), que o aclamaram rei no templo de Uigar, e quando
Saul ouviu tais coisas, o espírito de Adonai caiu sobre ele.
140. Qual a natureza do reinado de Saul
• Ele foi um herói carismático a maneira antiga (como nos
Juízes) com Gideão 8,22ss. Logo, não manifestou
nenhum rompimento violento com o passado.
• Ele foi um rei, um líder ou comandante, isto significa, um
rei ainda não definido.
• Samuel e os anciãos não queriam Saul como rei no
sentido convencional de rei (ditador), mas que fosse um
líder carismático (I Sm 9,15 até 10,16 e 13,14b-15).
141. • O povo, porém, via Saul em sua dignidade de rei, porque
os vizinhos também tinham o seu rei.
• Em Saul a administração continuou como era, Saul não
tinha corte, não tinha harém, e seu palácio era uma
pequena fortaleza. A máquina burocrática ainda não
existia, Saul era rodeado por soldados jovens para
serviços permanentes. (1 Sm,14-52).
• Apesar de tudo, ele foi muito popular, porque
provisoriamente ele manteve afastado Israel dos inimigos
filisteus, dando encorajamento ao “povo” (os donos do
boi)
142. O declínio do reinado de Saul
• As guerras de Saul apresentavam características típicas de uma
guerra santa, no molde tribal: Preparação pelo sacrifício (I Sm
13,9) e consulta a Deus (I Sm 14,18s.36ss); abstinência
(14,24ss); destruição da presa (15,3.8).
• Tensões dentro dessas exigências.
• Necessidade de se esperar para se cumprir essas exigências
(13,8ss e 14,18ss)
• Intervenção do rei em atos cultuais
• A não execução da exigência de eliminar a presa (15,9.20ss)
• Tudo isso gera conflitos entre Saul e Samuel, o guardião das
antigas tradições sacrais, o qual passou a anunciar que Adonai
rejeitara a Saul (I Sm. 15).
143. • Em primeiro lugar, a partir destes conflitos, o reinado de Saul é
um reinado de inveja e ciúmes e desconfiança, e em virtude das
pressões Saul ficou com a mente perturbada.
• Em segundo lugar, Saul vendo que Adonai não lhe respondia
nem mesmo por sonho, consulta a médium de En-Dor que para
sua surpresa anuncia o seu fim. (1 Sm 28)
• Em terceiro lugar, os filisteus avançam aniquilando a maior
parte dos filhos de Saul, e ele próprio foi ferido, e se lançou sobre
sua espada e morreu. Os filisteus levaram consigo a cabeça e as
armas de Saul, como troféu, e afixaram seu corpo e o de seus
filhos no muro de Betel-Sã.
144. O grande reinado de Davi (aproximadamente primeira metade do
Séc. X a.C.)
• Duas vertentes do reinado de Davi
• 1a é aquela que narra Davi como o comandante de Saul,
ou seja, o soldado experimentado que devia muito de sua
reputação a suas tropas que o ajudaram a conquistar o
trono Israelita.
• A-) Davi aparece na corte como tocador de Harpa,
(salmista) mas ele faz carreira como valente de
guerra. (1Sm 16.23).
145. • B-) Davi vai a casa real como chefe de guarda pessoal, e
é chegado de Saul, esta relacionado bem com a filha de
Saul, que se apaixonou por Davi, e esse se torna genro
do rei. Os sacerdotes se relacionam bem com Davi.
• C-) Davi é um camponês bem situado e não um pobretão,
ele vem do grupo dos baalins, que por sua vez é uma
família muito tradicional da cidade de Belém, onde Davi
nasceu. (1Sm 17,12-15)
• D-) A base do conflito Davi, Saul parece que é porque
Davi é pobre, mas na verdade é por causa do sucesso de
Davi na guerra. Saul desconhece Davi como nobre.
146. 2a vertente = Davi é um sujeito errante
• Nesta versão Davi procura refugio com os filisteus (1 Sm
21,10-11ss), e se refugia na caverna onde encontra o seu
futuro (1 Sm 22,1ss), portanto Davi se tornou chefe dos
hebreus pobres, que vivem a margem da sociedade.
• Portanto, o Estado de Davi vai se formar a partir da
caverna, porém Davi mantêm também legitimação
religiosa (23,1ss).
• Os ricos da cidade, os senhores baalins apóiam Davi e Davi
sabia que para ser rei, era preciso o controle da cidade, e Davi
sobretudo, é um soldado do exército, portanto, um soldado dos
proprietários.
147. • O Estado de Davi surge no confronto rico e pobre. No
deserto Davi tenta sobreviver com 400 homens, e é
necessário arrecadar tributos para o sustento (25,18-19),
mas a riqueza maior de Davi vai se dando através do
saque contra os filisteus.
• Davi faz o reinado do controle da cidade com as necessidades
básicas (gente pobre com fome e gente rica com medo),
necessidade de defesa. Davi une estas duas contradições
presentes na sociedade israelita, resolvendo da seguinte forma:
Os saques atendem os pobres e a defesa atende os ricos com
medo; o que não existia no reinado de Saul, mas houve uma
contra posição em oposição do poder profético contra Davi (II Sm
12).
148. • A importância histórica de Davi ultrapassou em muito sua
época. Embora o Grande Reino de Davi já começasse a
decair durante o reinado de seu neto, fato é que a sua
dinastia permaneceu por 4 séculos no trono do Estado de
Judá.
• Seus erros, suas fraquezas e desvios não são omitidos (adultério
com Bete-Seba, o assassínio traiçoeiro de seu marido (II Sm
11,12ss), a condescendência de Davi em relação aos seus filhos
e sua desastrosa indecisão na regulamentação da sucessão). A
tradição de Israel insiste muito em testemunhar que o sucessor
de Davi só foi conseguido, porque “Adonai estava com ele” (1 Sm
18,14; II Sm 5,10;8,6.14).
149. Salomão
• Quando por volta da metade do Séc. X a.C., Salomão
assumiu como herdeiro o Grande Reino de seu Pai Davi,
sua tarefa deveria ter sido fortalecer o reino para fora e
tentar encontrar, no plano interno, uma fórmula de
equilíbrio entre os diversificados elementos que
compunham.
• Em lugar disso, aproveitou os frutos que seu pai tinha
conquistado com tanto esforço.
150. • O período do seu governo caracterizou-se pela pompa, no estilo
dos grandes reis orientais, por grande atividade em construções e
no comércio, por um grande intercâmbio diplomático e pelos
primeiros frutos de uma vida intelectual em Israel.
• Após a morte de seu pai, Salomão livrou-se, inicialmente de seus
inimigos políticos.
• mandou matar seu irmão mais velho Adonias, que reivindicara
para si o trono, seu correligionário Joabe, bem como Simei,
oponente de seu pai.
• O sacerdote Abiatar, que se colocara igualmente ao lado de
Adonias, foi desterrado por Salomão (I Rs.2).
151. • Salomão mandou construir um templo, separado por um muro do
complexo palaciano que já havia construído, e ligado através de
passagens. O templo de Salomão tinha três partes: a ante-sala, o
Santuário e o Santo dos Santos. A construção do templo levou
sete anos.
• Apesar de toda a admiração pelo brilho do reinado de Salomão,
apesar do orgulho com o qual se falava posteriormente da
riqueza de Salomão, também não faltou a crítica ao seu reinado.
• O contraste entre a vida luxuosa na corte e a vida cotidiana da
população tornava-se cada vez maior, e, com isso, já estava
lançado o fundamento para uma evolução posterior negativa.
152. Cisma político e religioso
• Quando Salomão faleceu, no ano de 926 a.C., foi
sucedido pelo seu filho Roboão, aparentemente sem
qualquer dificuldade se tornou rei da cidade de Jerusalém
e de Judá.
153. • No Estado do Sul se impusera, de modo inconteste, a
sucessão real hereditária da Dinastia de Davi.
• No Estado de Israel, porém, a situação era outra. Roboão
foi para siquém, no Norte onde as terras são mais férteis,
onde tem a criação das vacas de Bazam, lá ele pede
apoio para continuar no reinado de seu pai, no entanto,
ele queria ser mais duro que seu pai, e o povo não queria
aceitar isso, e se revoltou contra Roboão, colocando-o
para correr de siquém.
• No seu lugar aclamaram como rei a Jeroboão, filho da
empregada de Salomão, que havia fugido para o Egito após se
rebelar contra Salomão.
154. O grande motivo deste cisma foi o fator
econômico (tributos).
• Embora o Norte tenha
ficado com o melhor
lugar, do ponto de vista
econômico, Roboão no
Sul, fica com o templo de
Jerusalém, onde todos
têm que ir para fazer suas
ofertas, e sacrifícios,
(poder religioso).
155. • Para resolver este problema, Jeroboão constrói uma
Igreja em Siquém, no Norte, e copia o mesmo altar de
Jerusalém, e pela primeira vez Adonai é adorado em
outro templo, desta forma, Jeroboão começa a ficar mau
frente ao povo mais tradicional, que só adorava Adonai
em um único lugar.
• Jeroboão também começa a fazer aliança com outros
povos que exerciam outra religião, e então começa a se
afundar no seu conceito de rei e acaba caindo.
156. • Depois disto, começa-se a ter vários reis no Norte,
escolhidos pelos interesses políticos de alguns grupos, já
no reino do Sul, a situação é mais tranqüila, pois todos
respeitam a descendência da casa de Davi, com isso,
outros reinos vendo a fraqueza do reino do Norte,
começam a arquitetar sua invasão, pois dada sua
posição estratégica entre outros reinos e o Egito, torna-se
necessário ultrapassa-lo para poder dominar o Egito.
157. • Uma vez dominado o reino do Norte, a Síria impõe autos
tributos ao reinado, mas não destrói o reino existente,
que por sua vez, se sujeita a esta imposição para não
morrer e ser destruído. Elias vai contra esta sujeitação do
reino e dominação do povo, mas é Eliseu que esta por
traz da reforma do reinado (852 a.C.). Elias se aproveita
da ausência do rei Jorão e através de Eliseu despachou
um dos filhos dos profetas para os quartéis generais, com
a ordem de ungir Jeú rei, e Ele é ungido rei.
158. • Quando Jorão retorna já é tarde, e ele é morto por Jeú,
que mata também Jesebel, empurrando-a pela janela, e
mata também toda a sua família de Acabe (dinastia de
Onri), e todos os seguidores de baal. Desta forma ele se
sustenta no trono.
159. Dinastia de Jeú:
• Jeú, Joacaz, Joás, Jeroboão II, Zacarias.
• Jeú assumindo o poder, o reino é enfraquecido, e com
isso a Assíria invade o reino, e começa a cobrar tributos
para não ter que destruir o reino, desta forma a dinastia
de Jeú continua a eleger seus reis normalmente, e vive
uma certa paz por algum tempo, pois só era necessário
pagar os tributos para ficar livre da Assíria.
160. • O profeta Amós critica esta aparente paz, pois somente a
classe alta é quem desfruta dela, e os pobres sofrem com
a injustiça social, opressão, corvéia, exploração
impiedosa nas mãos de uma jurisdição corrupta. Daí
nasce o apelo dos profetas mensageiros de Adonai.
• Nesta época, quem governa a Assíria é Salmanassar III.
• Depois do reinado de Zacarias nós temos: Salur,
Manaem, Pecaías, Peca, Oséias.
161. • Com estes novos reis no Norte, a Assíria também ganha um novo
rei que é Tiglate Pileser III. Ele submete todo mundo ao Deus do
seu império que é Assur, e este deveria ocupar lugar central no
templo.
• O rei Peca, querendo se revoltar, busca em Damasco e Judá,
uma aliança contra a Assíria, o rei de Judá não ajudou Israel e
ainda avisou o rei da Assíria sobre o que estavam fazendo.
• Vendo isto, Tiglate Pileser pega as lideranças políticas,
religiosas e populares de Israel e manda para a Assíria, e institui
governantes seus para governarem Israel, e desta forma acaba o
reino de Israel, sobrando ainda o reino do Sul.
162.
163. A reforma de Josias (639/38/609/08)
• Com a decadência do poder assírio, na segunda metade
do Séc. VII a.C., um breve e transitório período de
independência estaria novamente reservado ao Estado
de Judá.
• . Em 640/39 Amon, filho de Manasses, foi assassinado
por um grupo de conspiradores. Para evitar que essa
conspiração tivesse maiores conseqüências, houve uma
intervenção da nobreza de Judá, que elevou a rei Josias,
filho de Amon. O qual então contava com apenas oito
anos de idade.
164. • Assim que alcançou sua maioridade, Josias aproveitou-
se da fraqueza da Assíria para, aos poucos, se afastar de
sua tutela e recuperar a independência de Judá. Nesse
sentido, um passo decisivo foi dado com a expulsão do
culto estatal assírio do santuário de Jerusalém, que os
antecessores de Josias, na sua condição de vassalos da
Assíria, foram obrigados a introduzir.
165. • Josias também afastou os cultos às divindades astrais, que
haviam conseguido infiltrar-se no templo.
• Tudo leva a crer que o livro de Leis encontrado na época de
Josias seja a assim chamada “Lei Deuteronômica”, que forma o
conteúdo central do livro Deuteronômio, quinto livro de Moisés.
• Josias decreta adoração exclusiva a Adonai (Dt.6,4), e que por
seu lado, exige a centralização do culto e a adoração a Adonai
num só templo (Dt.12).
• Josias então, manda que se destruam todos os santuários, que
outrora foram edificados por Salomão, para as divindades de
suas mulheres estrangeiras, também destrói os santuários
existentes na Samaria.
166. • Após a queda de Nínive, em 612, e a morte de Sin-ser-iskun, um
certo Assur-uballit fez-se rei da Assíria. No entanto, em 610 ele
foi expulso pelos babilônicos e citas, que haviam conquistado
Harã. Na tentativa de reconquistar a cidade, Assur-uballit
encontrou o apoio do Faraó Neco, um soberano da 26a dinastia,
que temia a supremacia babilônica e, por isso, dispôs-se a correr
em auxílio da Assíria. Com isso transformou-se num adversário
de Josias. Em Megido Josias opôs-se às forças egípcias, que se
aproximavam com a finalidade de obstruir-lhes o caminho para a
Síria, onde Neco pretendia unir-se a Assur-uballit. Entretanto
Josias fracassou na sua tentativa, o que lhe custou à vida.
167. A curta soberania do Egito sobre a
Palestina – Síria
• A soberania no Egito sobre a Palestina – Síria foi de curta duração. Após
Assur – uballit ter fracassado na tentativa de reconquistar Harã. Os assírios
deixaram em definitivo, de desempenhar um papel importante na política das
grandes potências.
• Babilônios e Medos, que se haviam apossado da sucessão no reino assírio,
conseguiram chegar a um comum acordo.
• Aos medos coube a Ásia Menor Oriental e a região alta do Irã-Armênia. A
Babilônia reteve em seu poder toda a Mesopotâmia e a soberania Palestina
– Síria.
• Isso, por sua vez, levou a uma disputa decisiva entre babilônios e egípcios.
• Sendo que em 605 os babilônios levaram a melhor, ficando com a Palestina
– Síria
168. A invasão Babilônica
• Com a invasão Babilônica a Judá, (605 aC.) o rei
Jeoaquim tornou-se um vassalo de Nabucodonosor,
príncipe herdeiro da Babilônia, e assim permaneceu por
três anos, mas se demite da vassalagem, provavelmente
depois de uma segunda batalha entre o Egito e a
Babilônia no ano de 601 a.C. e que acabou sem
vencedor.
169. • A principio, Nabucodonosor não tomou atitudes decisivas
quanto a Judá. Somente em 598/ 97, após a morte de
Jeoaquim, Nabucodonosor movimentou suas tropas
contra Judá. Sua meta era derrubar do trono Joaquim,
filho e sucessor de Jeoaquim, antes que ele conseguisse
consolidar sua soberania, pois este estava inclinado a
não aceitar o domínio babilônico. Após um breve período
de sítio, Jerusalém é dominada sem oferecer uma
resistência digna de nota.
170. • Para evitar e impedir qualquer tentativa de resistência
contra a Babilônia, Joaquim foi deposto e deportado para
a Babilônia com toda sua família, corte, altos
funcionários, nobreza, trabalhadores especializados
como os construtores de fortificação e militares.
171. • Porém, Nabucodonosor não destrói Judá neste momento,
Ele entronizou um outro filho de Josias, tio de Joaquim,
chamado Matanias. Como sinal de seu direito de dispor
sobre o recém entronizado rei, Nabucodonosor mudou o
nome de Matanias para Zedequias. Tudo isso quer
significar que, a principio, Nabucodonosor não anexou
Judá como província do reino babilônico, mas deixou-a
continuar como estado vassalo com seu próprio rei.
172. • Por alguns anos Zedequias conseguiu manter a
fidelidade de vassalo. Mas não demorou muito para que
grupos do povo influenciassem Zedequias a se levantar
contra Nabucodonosor.
• Zedequias, confiando numa ajuda dos egípcios, rompe
com a condição de vassalo. A resposta de
Nabucodonosor é uma imediata guerra contra Judá, (589
a.C.). Como Judá já não tinha mais um exército, não
ofereceu resistência. Nesta ocasião, as tropas ocuparam
todo o território de Judá, destruíram numerosas
habitações e arrasaram cidades fortificadas.
173. • Nabucodonosor teve de interromper por pouco tempo o sítio de
Jerusalém para repelir um exército egípcio que vinha em socorro
de Zedequias (Jr. 37). Após um ano e meio de sítio, os
babilônicos conseguiram entrar em Jerusalém.
• Zedequias foi capturado, seus filhos foram mortos em sua frente
e logo após vazaram seus olhos.
• Aproximadamente um mês depois da conquista de Jerusalém, os
babilônicos atearam fogo ao palácio real e a outras fortificações,
a Arca da Aliança foi consumida pelo incêndio no templo. Com a
destruição do templo, Nabucodonosor visava arrasar todas as
esperanças que viriam a se basear no templo, o que levaria a
novos levantes.
174.
175. • No ano de 582 a.C. foram exilados o restante da nobreza
para a Babilônia, restando na terra somente classes
inferiores, que eram constituídas de agricultores. Várias
lideranças do povo foram executadas por ordem de
Nabucodonosor. Todas essas medidas foram tomadas
visando, no futuro, impossibilitar qualquer relampejo de
resistência contra a Babilônia.
• Toda esta situação em que se encontrava Judá, já
havia sido previamente alertada pelos profetas Amós e
Oséias.
176. O alerta dos profetas
• Ao chegar ao século VIII a.C., a profecia israelita conta já
com longa história e com nomes famosos: Samuel, Aias,
Nata, Elias, Eliseu, entre os mais importantes. Entretanto,
em meados deste século se produz fenômeno
inteiramente novo e de grande transcendência: aparecem
alguns profetas que nos transmitem a sua mensagem por
escrito. O primeiro deles é Amós, iniciando esta lista que
continua com homens como Oséias, Isaías, Jeremias e
outros.
177. • Uma das coisas mais criticadas por Amós é o luxo da classe alta,
que se observa principalmente nos seus magníficos edifícios bem
como na sua forma de vida. Ataca Amós, como nenhum outro
profeta, os palácios dos ricos, construídos com silhares, cheios
de objetos valiosos; como se isso fosse ainda pouco, esta gente
se permite também ter casa de verão (3,15), e passam o dia de
festa em festa, no meio de toda espécie de comodidades (6,4-6
a). Amós chama a atenção à compaixão solidária para com os
acontecimentos do povo de Deus.
• O sacerdote Amasias, escandalizado de que Amós ataque o rei
Jeroboão e anuncie o exílio do povo, o denuncia, ordena-lhe
guardar silêncio e o expulsa de Israel (7,10-13).
178. • A mensagem de Oséias coincide em parte com a de Amós. Por
exemplo, na denúncia das injustiças e da corrupção
preponderante, bem como na crítica ao culto, pelo que este tem
de superficial e de falso (6,4-6; 5,6; 8, 11. 13). Há, no entanto,
toda uma série de aspectos novos.
• Em primeiro lugar, Oséias condena com grande energia a
idolatria, a qual se manifesta em duas correntes: cultual e política.
A idolatria cultual consiste na adoração de Baal, com os seus
ritos da fertilidade (4,12b-13;7,14b;9,1), e na adoração do bezerro
de ouro, instalado por Jeroboão I no ano de 931, quando o reino
do norte se separou de Judá.
179. • A idolatria, porém, tem para Oséias outra corrente: a política.
Numa época de grandes convulsões, quando está em jogo a
sobrevivência da nação, os israelitas correm o risco de procurar a
salvação fora de Deus, nas alianças com Egito e a Assíria,
grandes potências militares do momento, as quais podem
fornecer cavalos, carros e soldados.
• Então, tanto a Assíria como o Egito deixaram de ser realidades
terrenas; aos olhos de Israel aparecem elas como novos deuses
capazes de salvar.
• O povo vai atrás delas, esquecendo-se de Adonai. Com isso
Israel transgredi novamente o primeiro mandamento.
180.
181. Situação Política e Econômica
• Os Judeus que foram exilados na Babilônia representam
a nata política de sua terra, por isso é que eles foram
escolhidos para a deportação. Esses judeus eram os que
iriam formar o futuro de Israel. Transportados para o
norte da Mesopotâmia, não longe da própria Babilônia,
não ficaram dispersos entre a população local, mas
certamente ficaram em colônias especiais (Ez. 3,15;
Esd.2,59;8,a).
182. • Esses exilados viveram a principio em condições de vida
suportáveis e posteriormente até boas, tanto que boa
parte dos deportados permaneceram na Babilônia
mesmo após a autorização de retorno para Jerusalém
dos persas. Alguns documentos mostram nomes de
alguns judeus, que após alguns anos de exílio, tornaram–
se comerciantes e banqueiros, mas a maioria dos
exilados se sentiam em uma terra que não era a do seu
povo. A situação não era tão severa para os judeus
exilados, mas não podemos negar as dificuldades e as
humilhações que sofreram.
183. • Os exilados não eram livres, mas também não eram
prisioneiros, permitiam-lhes construir casas, dedicar-se à
agricultura (Jr.29,5ss) e naturalmente ganhar o seu
sustento da maneira que pudessem.
• Além desses Judeus levados a força para a Babilônia,
outros deixaram voluntariamente a pátria para buscar
segurança em outra parte. Muitos deles foram para o
Egito.
184. • Com o passar do tempo muitos judeus que entraram no
comércio e na criação de bancos enriqueceram.
• Essa prosperidade econômica dava condições para que
os exilados ficassem a par dos acontecimentos de Israel
e a manter seu vínculo com a sua nação.
185. A consciência do Povo no Exílio
• O futuro pelo qual os exilados esperavam era uma
eventual restauração de sua pátria. Tal esperança nunca
morreu. A comunidade exilada recusava-se a aceitar a
situação como definitiva, pois estavam convencidos de
que esta situação era provisória. E tinham esperança
também porque seus profetas, apesar de todas as suas
condenações contra a nação, continuavam a assegurar a
todos que a intenção de Adonai era a restauração final de
seu povo e esta restauração se daria na Terra Prometida.
186. • A maioria dos exilados desejava nada mais do que o
restabelecimento da nação, de acordo com o padrão
antigo. Outros, entretanto como indica a Civitas Dei de
Ezequiel, estavam fazendo grandiosos planos para a
reconstituição da nação, não de acordo com as linhas
mestras do extinto Estado de Davi, mas seguindo uma
adaptação idealizada do padrão mais antigo da liga tribal.
Era um programa utópico, que pouco correspondia à
realidade, mas influenciava poderosamente na formação
do futuro.
187. • Quando se consumaram os juízos anunciados pelos
profetas, a quem antes não se dava atenção, eles
adquiriram grande autoridade. Suas palavras
contribuíram decisivamente para que se superasse a
crise.
• O caminho para a superação da crise estava traçado a
partir do momento em que se reconheceu na desgraça
um justo juízo de Adonai. Além disso, os profetas se
tornaram elementos orientadores para o futuro. O
fundamento de uma nova esperança estava colocado nas
suas predições de graça.
188. • Oséias soube falar do inesgotável amor de Adonai. Amós e Isaias
falaram sobre a misericórdia de Adonai com quem sobrevivesse e
se dispusesse a voltar. Jeremias não somente anunciou o
rompimento do antigo pacto, mas também prometeu uma nova
aliança. Ezequiel desenvolveu a concepção do novo povo de
Deus e do novo templo, no qual novamente Adonai residiria com
toda a sua glória. Um outro profeta, cujo nome desconhecemos,
falou ao povo através do consolo e promessa de salvação. Este
texto está em forma de adendo ao Livro do Profeta Isaias
chamado de Deuteroisaías.
• Com isso os profetas, cada um em seu período, ajudou na
conscientização do povo de Israel, fazendo com que eles
aprendessem a viver com dignidade e com fé.
189. Situação religiosa
• Com a deportação da classe alta de Judá para uma terra
estrangeira, significou uma terrível crise para o javismo. Porque o
exílio provou ao máximo a religião de Israel. Para entender
melhor se faz necessário lembrar algumas profecias que
afirmavam a duração eterna ao reino davídico na profecia de
Natã. O templo de Jerusalém era a residência de Deus
(IRs.8,13). Com isso havia uma certeza de que Jerusalém era
inconquistável e o templo era indestrutível porque Adonai era a
proteção (Mq. 3,11;Jr.7.4.10). Protegida por estas profecias a
nação ficou segura e esperava confiantemente a poderosa
intervenção de Adonai. Este era o destino da história que se
devia aguardar com toda a certeza.
190. • O Aríete de Nabucodonosor derrubou esta teologia. E os
profetas que a tinham proclamado, mentiram (Lm.2,14).
Nunca mais ela voltaria completamente na forma antiga.
Com isto a veracidade do Deus de Israel foi posta em
dúvida.
• O deus Marduk da Babilônia era mais poderoso do que
Adonai? E foi assim que muitos judeus pensaram no seu
íntimo. Dessa maneira era forte a tentação de deixar a
religião ancestral; pois o deus babilônico parecia ser mais
poderoso que Adonai.
191. • Sendo assim era mais vantajoso adorar o deus vitorioso e visto
que os israelitas possivelmente podiam auferir vantagem dos
seus senhores babilônicos e muitos dos deportados se tornaram
infiéis ao javismo.
• Outros consideraram pelo menos o culto aos deuses babilônicos
como acréscimo a Adonai e erigiram imagens desses deuses em
suas casas (Ez.14,1-11).
• Havia também feiticeiras que empregavam a magia
babilônica, cosiam faixas para os pulsos e faziam véu
para o povo que vinham consulta-las (Ez.13,18).
192.
193. • Mesmo depois da catástrofe, ainda permaneciam válidos
ali os mandamentos e proibições de Adonai, suas
regulamentações e ordenamentos. O desastre os tinha
atingido porque os mandamentos não tinham sido
observados, se finalmente eles fossem obedecidos agora
haveria esperança de libertação.
• Em 539 a.C. o império da Babilônia é derrotado por Ciro
da Pérsia. Ciro lançou um edito no ano 538 a.C,
ordenando a reconstrução do santuário de Jerusalém e a
devolução do inventário do templo, que havia sido
apreendido por Nabucodonosor. Os exilados então
puderam voltar para sua pátria.
194. Durante o Pós-Exílio (Período Persa)
• Em termos internacionais, a
Pérsia, herdou da Babilônia
um potentado gigantesco,
anti-administrativo para o
padrão centralizado de
qualquer época, uma
aberração gerencial como
mostra o MAPA a seguir.
195. • As terras eram longínquas demais, os povos
diversificados demais, as culturas e idiomas também.
Como manter leal ao Império Persa nações tão
diferenciadas e em territórios tão distantes?
• O caminho encontrado pela Pérsia foi de controle através
da tolerância.
• Os imperadores aquemênidas aprenderam com os erros
dos assírios e procuraram nova forma de manter o
controle sobre os povos dominados.
196. • Segundo a Pérsia, a Assíria errara
• deportando demais,
• tributando demais,
• endurecendo demais o governo,
• tornando a população cosmopolita demais,
• enquanto nas regiões distantes o ambiente tornava-se
propício para rebeliões,
• por isso fracassara em manter seu poderio.
197. • A estratégia da Pérsia era mais eficiente e conseguiu
manter os povos sob seu domínio por mais tempo.
• mais equilíbrio,
• menos rebeliões
A Assíria tentou uma anulação de identidade dos povos subjugados
através de programas de massificação, aglomerando culturas
diferentes.
A Pérsia optou por devolver a autonomia, pelo menos
religiosa destes povos, e consequentemente muito da
identidade dos mesmos.
Da Síria ao Egito o aramaico tornou-se língua oficial e mais tarde
substituiu o hebraico como língua popular na Palestina
198. • As províncias passaram a ter governadores autóctones (Próprios
dos lugares), que se reportavam aos chefes das satrapias
(Províncias).
• Os sátrapas reportavam-se ao grande rei do império.
• As satrapias funcionavam como uma espécie de sede
administrativa regional, representante oficial do Império Persa.
• Os governadores das satrapias eram os sátrapas. Eles eram reis
menores.
199. Contexto Econômico do Pós-Exílio
• No panorama internacional a guerra e os cercos militares
tornaram a vida em Judá muito difícil e os povos muito
dependentes economicamente dos países mais ricos.
• Além do trabalho forçado a tributação exauria o país.
• Desde a instituição da monarquia prevalecia na palestina o
sistema tributário como macro gerenciador da economia.
• O tributo é, em suma, uma forma dinâmica onde a minoria
dominante passa a explorar a maioria produtora, dando-se ao
direito de receber uma parte cada vez maior do excedente da
produção.
200. • No sistema tributário as cobranças se davam através de
corvéia (trabalhos forçados), do recrutamento de jovens
para serviços diversos como servos domésticos ou
militares, também em pagamentos em dinheiro ou bens,
feitos pelos camponeses à estrutura centralizadora.
• Lamentações e Obadias informam sobre o que foi a situação
econômica na palestina imediatamente após a deportação. Os
profetas do pós-exílio e Ne 5 sobre o Período Persa.
201. O ressurgimento de Israel e as missões de Esdras e
Neemias
• projeto de reconstrução nacional baseado nos três
pilares: templo, lei e etnia
• Enquanto os autóctones visavam reconstruir a nação através do
templo e do messianismo davídico, os deportados queriam
estabelecer a teocracia como regime político-religioso da nação.
• Um povo que passa por processo de extradição tende a
perder sua nacionalidade, por isso os deportados
estavam muito interessados em manter esta identidade.
202. • A prática de culto no templo e a obediência à lei eram
processos mais fáceis de serem controlados, mas se
havia algo que realmente comprometia a identidade
conquistada à duras penas durante a deportação, era a
mistura étnica.
• Somente no exílio os deportados conseguiram fazer algo
que nem em Judá, durante toda a sua existência, houve
intenção de fazer: estabelecer um controle étnico para
seus descendentes, marcando-os através da circuncisão
e do registro das extensas genealogias que passaram a
vigorar nesta época.
203. • Os deportados chegaram na Palestina tentando reaver os
territórios e propriedades de seus antepassados que
haviam sido extraditados.
• As genealogias não funcionavam apenas como registro
familiar, mas eram fortemente usadas para controle de
propriedade.
• Numa comparação anacrônica, mas apenas para nos dar
uma noção do valor destes documentos, elas deveriam
funcionar como escrituras de imóveis funcionam hoje em
dia.
204. • Esta alternativa de busca de identidade teve sérias limitações,
pois ao preocupar-se com os casos explícitos e omissos da Lei,
acabou negligenciando o indivíduo, as pessoas que eram alvo da
Lei e que por ela deveriam ser protegidas. Tal proposta esqueceu
as necessidades dos homens e mulheres da época,
especialmente dos camponeses e dos pobres.
• Devemos compreender as diferentes missões de Esdras e
Neemias. Eles atuaram juntos em algum momento, embora
Esdras tenha atuado sozinho por algum tempo.
• Neemias atuou primeiro e regressou à Babilônia. Neste meio
tempo, Esdras atuou e no segundo momento da atuação de
Neemias é que eles foram contemporâneos em Judá
205. • O objetivo de Neemias era mobilizar o povo que (já
regressara à Judá) para a reconstrução da cidade de
seus pais, a começar por seus muros.
• Neemias teve necessidade então de realizar uma grande
reforma, esta atacou basicamente quatro aspectos principais:
• "[...] a importância do templo (Ne 13, 4-14), a importância
da lei (Ne 13, 17-19), a importância da ética (Ne 5, 1-13)
e a importância da identidade (Ne 13, 23-27).
206. • Quanto a Esdras, este havia sido designado pelo rei
Artaxerxes para implantar a lei entre os deportados
regressos e os autóctones em Judá.
• Esta lei havia sido autorizada como direito civil para a
província de Judá (Ed 7,11-26). É possível que esta Lei contivesse:
• a) o Pentateuco completo ou quase concluído;
• b) o escrito sacerdotal no Pentateuco;
• c) uma compilação de materiais legais que foram inseridos entre as
narrativas do
• Pentateuco (principalmente o Código da Santidade);
• d) uma forma do Deuteronômio;
• e) uma forma originária do Rolo do Templo de Qumram.
207. • Entendemos, então, que os principais objetivos da
missão de Esdras estavam muito mais relacionados à
questão cultual e legal do que propriamente ao governo e
às relações sociais em Judá do Pós-Exílio.
• "O projeto de reconstrução de Esdras quis recuperar a
identidade do povo voltando a suas raízes históricas e
religiosas"
208. O exclusivismo religioso do período pós-exílio
• Chegamos até aqui com um cenário bastante complexo.
• Uma nação que constrói sua identidade a partir de um projeto
tridimensional.
• Sua base está na centralização do culto no templo
• Na obediência à lei
• Na exclusão de estrangeiros
• Adorar a Adonai como único Deus é o objetivo deste tripé.
• As lideranças pós-exílicas precisaram conferir estabilidade a este
povo que recomeçava. Para isso muitas vezes suas medidas
tiveram que ser um pouco drásticas.
209. • Pelo que já vimos até agora, o exílio contribuiu para que os
deportados se considerassem superiores em espiritualidade e em
ascendência judaica aos judaítas autóctones, mas eles não foram
os únicos formuladores desta teologia de exclusão, eles viveram
seu fechamento, seu acabamento.
• O Exílio parece ter provido motivos para que as lideranças entre
os deportados as enfocasse como nunca antes. O exílio também
serviu para chamar a atenção dos deportados sobre tantas coisas
que a lei previa que o povo cumprisse e que nem após a reforma
josiânica houve tamanho esforço para que tais preceitos fossem
colocados em prática. De fato, o exílio mexeu com os judaítas e
este povo nunca mais foi o mesmo depois disto.
210. O período helenístico (332 – 65 a.C.)
• O fim da soberania Persa sobre a Palestina aconteceu
quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente e
aniquilou o Grande Império Persa. Após sair-se vitorioso
sobre Dario III, na Batalha de Issus (ao norte de
Alexandrete-Isquenderum).
• Em 333 a.C. Alexandre marchou ao longo da costa sírio-
palestinense em direção sul e submeteu o Egito à sua
soberania. Durante essa marcha as cidades fortificadas
de Tiro e Gaza ofereceram árdua resistência.
211. • Simultaneamente, o seu marechal Parmênio ocupou a
Palestina e a Síria. A única cidade a oferecer ferrenha
resistência foi Samaria, que, depois de conquistada, foi
destruída e ocupada por uma guarnição comandada por
Pérdicas.
• Em 331 a. C. Alexandre Magno atravessou a Palestina-
Síria e invadiu a Mesopotâmia. Depois da decisiva
batalha em Gaugamela, todo o Oriente estava submetido
ao poder de Alexandre.
212.
213. Morte de Alexandre o grande
• Alexandre não tinha ainda trinta e três anos de idade (323)
quando ficou doente e morreu na Babilônia. Mas sua breve
carreira assinalou uma revolução na vida do antigo Oriente, e o
começo de uma nova era em sua história.
• Nem bem Alexandre morrera, seu império começou a
desintegrar-se, enquanto seus generais entre si,
procurando obter todas as vantagens que pudessem.
214. Destes generais, só dois nos interessam: Ptolomeu ( Lagi ) e
Seleuco ( I ).
O primeiro assumiu o controle do Egito e estabeleceu
sua capital na nova cidade de Alexandria, que em breve
tornou-se uma das maiores cidades do mundo.
O outro, estabeleceu-se na Babilônia (em 312/11),
estendeu seu poder em direção oeste até a Síria e em
leste até o Irã; suas capitais ficavam em Selêucia, sobre
o Tigre, e Antioquia, na Síria.
215. • Ambos, rivais, cobiçavam ardentemente a Palestina e a
Fenícia. Mas Ptolomeu, depois de muitas manobras, teve
sucesso. Quando a situação política se estabilizou,
depois da batalha de Ipsos (301), esta área ficou sob seu
completo domínio.
• A Batalha de Ipso foi um conflito da Quarta Guerra dos Diádocos, entre alguns dos Diádocos (os sucessores de
Alexandre, o Grande), ocorrido em 301 a.C., perto da cidade de mesmo nome na Frígia. Antígono Monoftalmo e
seu filho Demétrio I da Macedónia lutaram contra a coalizão de três outros companheiros de Alexandre: Cassandro
da Macedônia, Lisímaco, governante da Trácia; e Seleuco I Nicator, governante da Babilônia e Pérsia
216. A soberania dos Ptolomeus (301-198 a.C.)
• A Palestina foi governada por quase um século pelos ptolomeus.
Mas muito pouco sabemos sobre a sorte dos judeus durante este
intervalo. Porém, os registros do século seguinte documentam
claramente o desenvolvimento de uma aristocracia sacerdotal.
• Uma vez que as taxas eram pagas e a ordem mantida, os
ptolomeus aparentemente não interferiram de modo algum nos
negócios internos de Judá.
• Os judeus permaneceram súditos submissos e gozavam de uma
paz relativa.
217. • Como a população judaica do Egito superava em número os
judeus que viviam na Palestina, os judeus do Egito logo adotaram
o grego como sua língua nativa – embora o hebraico continuasse a ser
compreendido, pelo menos por alguns deles, até o fim do século segundo.
• Como a maior parte desses judeus, juntamente com seus prosélitos não
entendia mais as suas Escrituras, a partir do século terceiro, foi feita a
tradução para o grego.
• Primeiro da Tora e depois dos outros livros. Esta tradução, que levou
muitos anos para ser feita, é conhecida como a versão dos Setenta.
• A existência das Escrituras em grego representava um tremendo desenvolvimento, não só
abrindo novos horizontes de comunicação entre os judeus e gentios, como também
preparando o caminho para um impacto maior entre o pensamento grego e a mentalidade
judaica. E, naturalmente, viria a facilitar grandemente a difusão do
cristianismo posteriormente.
218. O Cisma Samaritano
• Os samaritanos separaram-se da comunidade cultural de
Jerusalém por volta do fim do século IV a.C. ou decorrer
do séc. III
• Em consequência, ergueram um santuário autônomo
sobre o monte Gerizim, em Siquém. Não se pode precisar exatamente
a época deste acontecimento. Dificilmente ocorreu durante o período dos persas, uma vez
que estes favoreciam o culto de Jerusalém, e, por essa razão, não teriam permitido a
formação de um culto concorrente.
219. • O culto sobre o Gerizim é mencionado pela primeira vez
em II Macabeus, coincidindo, portanto, com o reinado de
Antíoco IV. (175 a.C. e 164 a.C.).
• Nessa passagem do livro de Macabeus é pressuposto
que, naquela época, o culto já desfrutava de bastante
estabilidade e já tinha uma história mais antiga.
• O Cisma samaritano é o resultado final de uma constante
rivalidade, tanto no setor político como no cultural, e era
entre o norte e o sul.
220. • As tribos do Norte e do Sul de Israel já traziam cada qual sua
própria pré-história e portavam suas próprias tradições religiosas
que acabaram fundindo-se nas tradições do pentateuco.
• . Na ocasião em que os habitantes da Samaria demonstraram interesse em
colaborar na reconstrução do templo de Jerusalém, simultaneamente
manifestaram a vontade de manter comunhão cultual. Acontece que os
samaritanos foram rejeitados pelos habitantes de Jerusalém e
taxados de “impuros”. A separação política aconteceu com a
fundação da província de Judá, com o governador próprio. Essa
independência judaica portava em si o germe de uma inimizade
declarada. Por isso se conclui que a formação do culto
samaritano é somente a última consequência de uma separação
política e interna acontecida anteriormente.
221. O conflito com os Selêucidas
• Quando Antíoco III (223 – 187) subiu ao trono Seleucita,
com suas campanhas, reafirmou a liderança de seu
império em quase toda a Ásia Menor até às fronteiras
com a Índia.
• Em 198 a.C. Antíoco III derrotou os egípcios e os
expulsou da Ásia, anexando assim a Palestina.
• Neste momento os judeus aceitaram a vinda de Antíoco e até o auxiliaram,
indo contra Ptolomeu.
222. • Antíoco decretou a abolição das taxas por 3 anos
• Ordenou a volta dos judeus refugiados para suas terras.
• Assegurou aos judeus privilégios que eles gozavam durante o
domínio persa, e dos ptolomeus:
• Foi-lhes garantido o direito de não serem molestados e de
viverem de acordo com suas leis;
• Finalmente, os reparos necessários para o templo foram
completados com a ajuda do Estado.
• Foi um começo muito bom para os judeus.
223. O impacto da cultura helênica
• O helenismo teve um impacto muito forte em todo Oriente Próximo,
principalmente com as conquistas de Alexandre, que fez o helenismo se
expandir de forma rápida e vertiginosa.
• casamentos de sua tropa com a população local
• grego tornou-se língua franca em toda a região
• surgem grandes filósofos, como Epícuro
• Pensamento dualista e da imortalidade da alma
• As tendências de helenização, tanto na diáspora como na pátria, depararam
com uma impetuosa resistência, oferecida pelos círculos fiéis à lei
constituídos de sacerdotes e leigos. Esses grupos se apegavam
vigorosamente às antigas tradições e se uniram sob a denominação
Rassidim
224. • Quando Antíoco III levou o poder selêucida ao seu auge, ele
acabou indo longe demais nas suas ambições, quis trocar armas
com Roma após esta ter derrotado Cartago.
• O chefe cartaginês Aníbal refugiou-se com os selêucidas, no
intuito de continuar a lutar. Aliado isso às ambições de Antíoco,
Roma declarou-lhe guerra e o expulsou da Europa, fazendo ele
perder seus domínios, entre outras coisas.
• Ele teve de entregar Aníbal e seu filho, Antíoco IV (entre outros),
aos romanos, além de pagar enorme indenização.
• Foi morto saqueando um templo em Elam para saldar a dívida
• Aqui inicia o declínio mais vertiginoso dos selêucidas
225. • Seleuco IV o sucedeu, confirmando os privilégios
concedidos anteriormente aos judeus (2Mc 3,3). Mas
tentou apoderar-se dos fundos depositados no templo, e
isto foi muito ruim. Depois Seleuco foi assassinado e foi
substituído por seu irmão Antíoco IV.
Para unir o reino, ele concedeu às cidades os direitos das
polis gregas, o que incluía a adoração aos deuses gregos e
a Zeus (houve até templo construído para ele). Com isso
provocou violenta oposição entre os judeus tradicionais.
226. • Antíoco IV vendo o terrível choque com que os judeus
tradicionais viam tais procedimentos tomou uma medida:
• Proibindo a prática do judaísmo (1Mc 1,41-64; 2Mc 6,1-11).
• Os sacrifícios regulares da lei foram suspensos,
juntamente com a prática do Sábado
• Proibida a circuncisão de crianças.
• A desobediência acarretaria em pena de morte.
• Se Antíoco achava que tais medidas obrigariam os judeus a aceitar suas
condições, estava enganado, pois só serviram para reforçar a resistência.
Judá em peso estava em rebelião armada.
227. O reinado dos Hasmoneus
• Após a morte de Antioco VII, Sidetes, (138 a.C. a 129 a.C) João
Hircão conseguiu reger com autonomia na sua terra.
• Com a ajuda de tropas mercenárias, ampliou o seu território para
o norte, sul e sudoeste. Após a conquista de Madeba, ele ocupou
o sul da Transjordânia, tomou Siquém e destruiu o santuário
sobre o monte Gerizim. Após um ano de cerco, João Hircano I
conquistou e destruiu a Samaria, no ano de 107 a. C. Finalmente,
anexou a província de Iduméia, conquistou Adora e Marissa e
obrigou os idumeus, descendentes dos edomitas, a aceitar a
circuncisão e a tornarem-se membros da comunidade cultural de
Jerusalém.
228. • Hircão romper com os fariseus, por não concordarem com suas
atitudes politicas e depois disso, voltou sua atenção para os
saduceus. Ambos os grupos são aqui mencionados pela primeira
vez num documento.
• Os saduceus eram um grupo formado por membros da
aristocracia sacerdotal sadocida, que se havia unido numa liga
para defesa de seus interesses e privilégios.
• Ansiavam por um estado com moldes helênicos e, por essa razão, se
assemelhavam politicamente aos Hasmoneus, que tinham objetivos
idênticos.
• Os fariseus (hebr. ,פרוסים fatiados – separados) originaram-se dos círculos
dos rassidins, חסידים tementes a Deus, e tinham-se separado do movimento
dos macabeus quando estes visaram a objetivos políticos além da já
conseguida liberdade de religião.
229. • Após a morte de João Hircão (104 a.C.), seu filho
Aristóbulo apoderou-se do trono, apesar de Hircão ter
designado sua esposa para sucedê-lo. Para assegurar o
seu poder, Aristóbulo mandou matar sua mãe e seu
irmão Antigono, e prendeu os seus outros três irmãos. Foi
o primeiro hasmoneu a empregar o título de rei.
Submeteu algumas partes da Galileia ao seu poder e
obrigou os itureus, que ali habitavam, a filiarem-se à
comunidade cultual de Jerusalém.
230. • Após um breve reinado de apenas um ano Aristóbulo faleceu
(103 a.C.). Sua esposa Salomé Alexandra libertou os três irmãos
de Aristóbulo da prisão, sendo que um deles ela introduziu como
rei e desposou.
• Este foi Jonatas, que, como rei, adotou o nome de Alexandre
Janaios. Conseguiu submeter toda a Palestina e a Filistia ao seu
poder.
• Esse soberano, de tendência helênica e de vida dissoluta, era muito odiado
por grande parte do povo e pelos fariseus. Antes de sua morte, Alexandre
aconselha a sua esposa que ela se reconciliasse com os fariseus, uma vez
que a constante controvérsia com este influente partido acabaria por destruir
a estabilidade do reino.
231. Salomé Alexandra (76 – 67 a. C.)
• Esposa de Alexandre Janaios, assumiu o poder após a
morte de seu marido (76 a. C.), e transferiu o cargo de
sumo sacerdote ao seu filho Hircão II.
• Seguindo o conselho de seu falecido marido, procurou
promover a reconciliação entre Hasmoneus e fariseus.
Desde então os saduceus tinham de dividir os assuntos
do Sinédrio com os fariseus. Tal gesto teve como
consequência o descontentamento por parte dos
saduceus.
232. Hircano II (67 a. C.)
• sucedeu sua mãe no trono real. Mas não demorou muito para
que ele fosse obrigado pelo seu ambicioso e metódico irmão
Aristóbulo, que soubera conquistar a simpatia dos saduceus, a
abdicar de seu cargo de rei e sumo sacerdote.
• Durante o período de reinado dos Hasmoneus, Israel era um
estado autônomo e soberano, que não se encontrou submisso a
nenhuma potência estrangeira. Isso não acontecera mais desde a
época de Josias. A independência política de Israel tornou-se um
episódio intermediário que durou somente 40 anos. Findo este
período, Israel novamente se tornara vassalo de uma grande
potência.
233. O período romano (65 a.C. – 135 d. C.)
• No ano de 66 a.C., Pompeu conseguiu assegurar a soberania
romana sobre a Ásia Menor e submeter o rei armênio Tigrames
ao seu poder. Porém seu objetivo era o de submeter todo o
Oriente próximo à soberania romana.
• Em 65 a.C., Pompeu ordenou que seu legado M. Emilio Escauro
invadisse a Síria. Este depôs o rei Antioco XIII e sem maiores
dificuldades deu um fim no estado selêucida.
• Os irmãos Aristóbulo e Hircão, que disputavam entre si o trono
hasmoneu, procuraram ambos conquistar a simpatia dos
romanos e se dirigiram, para tal, primeiro a Escauro com um
pedido de ajuda.
234. • No ano de 63 a.C., eles se apresentaram pessoalmente a
Pompeu, na cidade de Damasco, acompanhados de ricos
presentes.
• Alguns círculos fariseus enviaram uma mensagem a Pompeu
pedindo-lhe que ele desse um fim na soberania dos Hasmoneus
e reinstituísse a dos fariseus, sob os antigos moldes.
• Pompeu demorou em sua decisão, pois queria antes findar a sua
campanha contra os nabateus. Por essa razão Aristóbulo retirou-
se indignado e pretendeu edificar a sua soberania por força
própria. Isso bastou para Pompeu, acompanhado de um grande exército,
saísse em perseguição de Aristóbulo na Judéia, onde o obrigou a entregar-
lhe o castelo fortificado de Alezandreion.
235. • Os círculos fariseus viam na conquista de Jerusalém e na
queda da dinastia hasmonaica um justo juízo de Deus
sobre a indisciplina dos Hasmoneus.
• No ano de 49 a.C., César e Pompeu principiaram a luta
pelo poder, Nessa ocasião César libertou Aristóbulo da
prisão e enviou-o, com apoio de tropas, para a Síria, com
a missão de enfraquecer a posição de Pompeu.
Entretanto Aristóbulo foi envenenado pelos partidários de
Pompeu e o filho, Alexandre, decapitado na Antióquia.
236. • No ano de 48 a.C., César saiu-se vitorioso contra seu
adversário, na batalha de Farsália. Pouco tempo depois
Pompeu foi assassinado no Egito.
• No ano de 47 a.C., César foi para a Síria e lá premiou Antipater e
Hircão pelos serviços prestados. Hircão foi nomeado sumo
sacerdote hereditário e etnarca. Antipater foi premiado com a
cidade romana e César o fez procurador da Judéia.
• O poder de Antipater crescia a cada momento. Tanto é
que concedeu ao seu filho mais velho, Fasael, o direito
de governar a Judéia e a Peréia, e ao seu filho mais
moço, Herodes, coube a Galileia.
237. • Herodes empreendeu uma enorme luta contra o banditismo na
Galileia. Isso fez com que conquistasse a estima da população e
também as graças do governador da Síria
• O supremo conselho de Jerusalém começou a temer o crescente
poder de Herodes.
• César foi assassinado em março de 44 a.C. Um dos seus
assassinos, C. Cassio Longino, tornou-se o novo governador da
Síria.
• Herodes, por sua vez, visando fortificar a sua posição, noivou
com Mariame, que era descendente dos Hasmoneus, neta de
Aristóbulo. Com isso Herodes conseguiu travar relações de
parentesco com a antiga casa real.
238. • No ano de 43 a.C., os assassinos de Cesar foram
derrotados na batalha de Filipo, por Marco Antonio e Caio
Júlio Cesar Otávio.
• Após ter sido aprisionado pelos romanos, Antigono foi
executado, atendendo a vontade de Herodes, que com
isso atingiu seu objetivo. Herodes passa a ser então o
único soberano da Judéia, oficialmente reconhecido por
Roma.
239. Herodes (37 – 4 a.C.)
• Apoiado pelos romanos, Herodes tomou posse no ano de 37
a.C., sendo soberano sobre a Judéia, que se compunha da
Iduméia, Peréia, Galileia e algumas vilas da Planice de Jezrael.
• no ano de 31 a.C., com a derrota de Marco Antonio para Otávio,
ocorrida em setembro do mesmo ano, desembocando no suicídio
de Marco Antonio, Herodes recebe também, o controle de Jericó,
e as cidades costeiras, e ainda anexou toda a Samaria, as
cidades de Gadara e Hipo, que originalmente pertenciam à
Decápolis, e ainda toda a Transjordânia. Com isso, Herodes
passa a ser o soberano de um território quase correspondente ao
grande reino de Davi.
240. • Herodes assumiu a posição de um rei aliado
• Herodes não era obrigado a pagar tributos
• independente do governador provincial
• diretamente submisso ao imperador
• tinha a tarefa de guardar os limites do reino e, em caso
de guerra, colocar tropas à disposição dos romanos.
• Tinha a liberdade de escolher seu sucessor,
241. • Herodes foi um soberano muito talentoso, cheio de força de
vontade, energia e audácia. Destacou-se por ter muita
capacidade corporal, muita habilidade diplomática, bom senso
politico, ativo, exímio estrategista.
• Despotismo e ambição são suas características que se destacam
das outras.
• Não tinha escrúpulos na escolha de seus meios
• Foi assim quando passou de Pompeu para César, de César para Cássio, de
Cássio para Marco Antonio e, finalmente, de Marco Antonio para Otávio.
• Como pessoa proveniente de descendência não real e
como idumeu que sempre seria considerado um
forasteiro pelo seu próprio povo, ele se casa com a Hasmoneia
Mariame para assegurar o trono
242. • Herodes demonstrava um comportamento absolutamente
destrutivo com seus familiares
• Ordenou as execuções de sua esposa Mariame (29 a.C.)
• De sua sogra Alexandra (28 a.C.)
• Mandou afogar seu cunhado Aristóbulo (sumo sacerdote)
em um banho público
• Ordenou o estrangulamento de dois de seus filhos com
Mariame em 7 a.C.
• Pouco antes de morrer em 4 a.C. mandou executar seu
filho Antípater.
243. • Herodes morreu em 4 a.C. na cidade de Jericó, com a
idade de setenta anos. Cinco dias após mandar executar
seu filho.
• Seu funeral foi tão suntuoso, quanto suas construções.
Foram quinhentos oficiais só para levar o perfume no
cortejo fúnebre.
• Ele foi sepultado no Castelo de Herodiom, localizado ao
sul de Jerusalém, no deserto da Judéia. Este castelo
único a levar seu nome era usado como residência de
veraneio. Ainda hoje é um dos locais mais procurados
para visitação, pois lá ficou eternizado Herodes, o
Grande.
244. Bibliografia
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• FOHRER, Georg. História da religião de Israel, Ed. Paulinas. 1982.
• GILBERT, Pierre. A Bíblia na origem da história, Paulinas. 1986.
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• SCHOKEL, L. Alonso. DIAZ, J. L. Sicre, Profetas, ed. Paulinas, 1991.
• SCHWANTES, Milton. Ageu. Petrópolis/ São Paulo/ São Leopoldo: Vozes/Imprensa Metodista/ Sinodal, 1986, 73p. (série comentário bíblico)
• SCHWANTES, Milton. Historia de los Orígenes de Israel: aprender de pueblos em marcha y alianza. Quito: Tierra Nueva, 1998, 129p.
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