4. 4 2016 Maio Ed. 36
Editorial
Caro leitor,
Trazemos nesta edição a segunda parte do tema - Supervisão em Coaching.
Temos cinco artigos muito ricos em nosso dossiê, que somados aos três da edição anterior,
somam oito artigos sobre Supervisão, trazendo múltiplas perspectivas sobre o tema.
A supervisão está ganhando tamanha importância e respeito que no Reino Unido, é comum
que organizações que contratam coaches externos peçam que o coach apresente uma carta de
seu supervisor como um dos critérios de homologação de coaches.
A supervisão, como mostra Maria Angélica em seu artigo, nasceu na psiquiatria, na época
de Freud, da discussão e reflexões práticas de pequenos grupos. De lá para cá, ela foi se
sofisticando, passando a constituir um ramo de atuação que exige estudo, prática e, sobretudo
uma ampliação de visão muito além do normal.
Adorei a frase de Maria Angélica: “Supervisão é a reflexão sobre a ação, na verdade, a reflexão
em ação, onde no presente consideramos o passado para influenciar uma ação de futuro”.
Eva Hirsh fala sobre a atenção que devemos prestar aos processos paralelos que ocorrem em
um processo de coaching. Ela mostra como a dinâmica relacional Coach-Coachee muitas vezes
pode espelhar na dinâmica Coach-Supervisor.
Ana Pliopas mostra como o uso de metáforas pode ajudar a mapear o território da supervisão
de coaching. Você sabe o que é “l’esprit de l’escalie” descrita pelo iluminista Diderot? Descubra
em seu artigo.
Cláudia Gonçalves, que já escreveu por várias edições em nossa seção “Um outro olhar”, traz a
visão, a riqueza e as possibilidades que as constelações sistêmicas podem trazer ao processo
de supervisão. Em suas palavras, a constelação faz emergir o campo de informações que existe
em todos os sistemas relacionais.
O Triângulo Dramático de Karpman nos é apresentado por Lily Seto, uma Coach e Supervisora
que mora na simpática cidade de Victória, no Canadá. Lily, que gentilmente aceitou o convite
para escrever um artigo exclusivo, traz esta ferramenta que tem suas bases na análise
transacional.
Temos ainda um excelente artigo de nossa estimada Rosa Krausz que reforça mais uma vez,
e com profundidade, a importância da formulação de um contrato apropriado ao processo
de Coaching Executivo que, ao mesmo tempo em que aclara condições, limpa e explicita
expectativas.
E temos ainda mais nesta edição.
Com um beijo no coração da cada mãe, neste mês de maio,
tenha uma excelente leitura,
Luciano Lannes
Editor
Luciano Lannes
Editor
5. 52016 Maio Ed. 36
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Revista Coaching Brasil
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ano III – num. 36 – Maio 2016
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6 Um Outro Olhar - Maria Angélica Carneiro
8 Papo Rápido - Tenho vergonha de falar que sou Coach- Flávia Ld Lippi
10 Dossiê - Processos Paralelos na Supervisão de Coaching - Eva Hirsch Pontes, PCC
14 Dossiê - Metáforas para supervisão de coaching - Ana Pliopas, PCC
18 Dossiê - SUPERVISÃO SISTÊMICA: APRENDA A OLHAR O INVISÍVEL - Claudia Miranda Gonçalves
22 Dossiê - O QUE É SUPERVISÃO ? - Maria Angélica Carneiro
26 Dossiê - Percorrendo o Triângulo Dramático de Karpman - Lily Seto
30 Coaching Executivo - Coaching Executivo e Empresarial:
Uma intervenção diferenciada - Rosa R. Krausz
34 Coaching de Carreira - Trabalhando as
Habilidades do seu Coachee - Maurício Sampaio
36 Eu, cada vez melhor - Conexão de corações, a essência de ser mãe, Gisele Fessore
38 Como comecei - Flavia Saab
40 Para mim foi assim - Davi Andrade
6. 26 2016 Maio Ed. 36
Sou Coach e quando estou fa-
zendo supervisão de coaching,
tenho a chance de examinar
meus próprios padrões e pon-
tos cegos, e como estes po-
dem influenciar o meu modo
de fazer Coaching e os meus
clientes.
Como Coach e envolvida com
supervisão, reflito a respeito
de quem eu sou, como estou
levando meus processos e
como isso impacta o meu clien-
te. Seria como se a supervisão
de Coaching segurasse um es-
pelho para me ajudar a ver mi-
nhas experiências de maneira
mais clara.
Para que isso seja alcançado,
existem muitas ferramentas e
modelos que podem nos ajudar.
Uma abordagem que eu venho
experimentando é o Triângu-
lo Dramático de Karpman que
tem como base a análise tran-
sacional.
Análise Transacional (AT) é
descrito como “uma teoria de
personalidade e uma psicote-
rapia sistemática para o cres-
cimento pessoal e mudança”
(Associação Internacional de
Análise Transacional - ITAA).
AT parte do princípio que to-
das as pessoas estão bem, que
podem tomar suas próprias
decisões e que estão interes-
sadas em crescer e se desen-
volver.
AT e o Triângulo Dramático de
Karpman, são maneiras com as
quais um supervisor de Coa-
ching pode ajudar-nos a escla-
recer e compreender relacio-
namentos, para que possamos
estar conscientes de nossos
pontos cegos e ter o potencial
de tomar decisões diferentes.
Desenvolvido por Stephen
Karpman, MD, o modelo do
“Triângulo Dramático” pressu-
põe que muitas vezes pode-
mos cair em um dos três pa-
péis. Supostamente cada um
de nós pode atuar em um, ou
mais, desses papéis em deter-
minada situação. Queremos
ter a percepção e o potencial
Dossiê
Percorrendo o Triângulo Dramático de Karpman.
Lily Seto
MA, CEC, AOCS, é Coach Executiva certificada (PCC), que também
trabalha como Supervisora de Coaching. Tem formação pela Aca-
demia Supervisão de Coaching e vive em Victoria BC, Canadá.
Lily recebeu em 2016 o prestigiado prêmio da University Leader-
ship Excellent Through Coaching and Mentoring.
lilyseto@telus.net
7. 272016 Maio Ed. 36
de nos tornarmos mais auto-
conscientes, de modo que pos-
samos ter um relacionamento
de adulto para adulto. Uma re-
lação entre adultos soa muito
direta. O que sugerimos tendo
como base a TA, é que estejamos
trabalhando no “aqui e agora” e
nos comunicando de uma forma
a partir do estado de “eu estou
bem e você está bem”.
Quando nos comunicamos do
papel de vítima, do perseguidor,
ou do socorrista, não estamos no
estado de comunicação adulta.
Vamos ver cada uma dessas posi-
ções no modelo: a vítima, o per-
seguidor e o socorrista.
A Vítima assume a atitude “po-
bre de mim”, acreditando que
não têm controle da situação e
que alguém, outros ou o mundo,
está conspirando contra eles.
Como Coaches, somos encora-
jados a perceber o linguajar de
“vítima” em nossos clientes e de-
safiá-los no pressuposto de que
eles são vítimas das circunstân-
cias, e encontrar uma forma de
ajudá-los a ver outras escolhas.
O Perseguidor é aquele que cul-
pa os outros, fica irritado com
os outros e age de forma agres-
siva contra os outros, e que,
está à procura de vítimas para
controlar. Como Coaches, isso
se apresenta quando culpamos
o cliente quando não concluem
o plano de ação, somos duros
com os clientes ou possivelmen-
te procuramos alguém para cul-
par pelo que está acontecendo
na sessão de Coaching.
O Salvador quer salvar a vítima
do perseguidor, mantendo a
vítima no papel de vítima, em
vez de aprender a lidar com o
perseguidor ou a situação. Atra-
vés de supervisão de Coaching,
tenho notado que, às vezes,
nós Coaches, podemos cair no
modo salvador. Isto pode pare-
cer querer salvar o cliente em
conluio com o cliente contra a
organização, ou outra pessoa, e
talvez, dizendo coisas como
“pobre X”, e deixando por
várias razões, que o
ciente, não enfren-
te as suas dificul-
dades ou lutar
pelo cliente.
8. 28 2016 Maio Ed. 36
Vejamos um exemplo:
Jill é o supervisor de Coaching de Juan, um Coach
interno. Juan tem sofrido com um cliente interno.
Juan diz a Jill. “Meu cliente, André, está sendo
pressionado por seu chefe, e veio me pedir ajuda.
Devo admitir que eu quero ajudá-lo a resistir contra
as investidas do seu supervisor. É frustrante para
mim ver que André não está disposto a enfrentá-lo.
Eu tenho o impulso de falar ao André para se man-
ter firme e resistir as investidas do seu supervisor”.
Então, quem está jogando qual papel no triângulo?
Bem, parece que André pode ser a vítima do seu che-
fe (perseguidor), se tomarmos o valor das palavras.
Também podemos reconhecer que Juan pode estar
se movendo para o modo socorrista quando afirma
que ele quer ajudar André.
Podemos também reconhecer que Juan pode estar
se movendo para o modo de perseguidor quando diz
que tem o impulso de falar para o André se manter
firme e resistir as investidas de seu supervisor.
Como podemos tomar o outro lado de moeda de
cada um dos papéis do triângulo dramático e mover-
-se como um adulto para uma posição adulta.
9. 292016 Maio Ed. 36
Por exemplo, o outro lado de ser um persegui-
dor é encontrar uma maneira de ser mais as-
sertivo com relação a seus limites e fazer uma
escolha consciente para enfrentar qualquer
coisa que não esteja funcionando para você de
maneira assertiva e construtiva.
O outro lado de ser um salvador é fazer parce-
ria com outras pessoas e apoiá-los naquilo que
eles querem conseguir sem se sentir responsá-
vel pelo outro.
O outro lado de ser uma vítima é determinar o
que está dentro do seu controle e que você irá
escolher para fazer a respeito disso.
Então, reflita consigo mesmo! Quando você cai
num desses papéis e o quanto isso é bom para
você? Quais são os seus pontos cegos nesses
papéis que todos atuamos?
Talvez você possa examinar dois de seus clien-
tes, para determinar se você cai em algum des-
ses papéis, e se você tem algum padrão ou “pa-
péis favoritos”! Caso seja um salvador, o quanto
isso é bom para você ou seus clientes?
Como indica a teoria do Triângulo Dramático de
Karpman, todos nós caímos nesses papéis em
situações diferentes. A supervisão de Coaching
desvenda os nossos pontos cegos e nos faz ver
quando caímos num desses papéis e escolher
uma relação de adulto para adulto. Como Co-
aches, esse é valor da supervisão de Coaching
trabalhando para nós.
Qual é o seu ponto cego dentro do Triângulo
Dramático de Karpman?
10. 12015 Março Ed. 22
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