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Geografia
Geral e do Brasil
João Carlos Moreira •Eustáquio de Sene
Espaço geográfico e globalização
Geografia - Ensino Médio
1
Manual do
Professor
Geografia - Ensino Médio
Geografia
Geral e do Brasil
João Carlos Moreira •Eustáquio de Sene
Espaço geográfico e globalização
1
João Carlos Moreira
Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo
Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo
Professorde Geografia das redes pública e privada de ensino por quinze anos
Advogado (OAB/SP)
Eustáquio de Sene
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo
Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo
Professorde Geografia das redes pública e privada de Ensino Médio por quinze anos
Professorde Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo por cinco anos
3ª edição
São Paulo • 2016
Manual do
Professor
Diretoria editorial
Lidiane Vivaldini Olo
Gerência editorial
Luiz Tonolli
Editoria de Ciências Humanas
Heloisa Pimentel
Edição
Rosimar Alves do Rosário,
Lucas Abrami, Mariana Renó Faria (estag.)
Gerência de produção editorial
Ricardo de Gan Braga
Arte
Andréa Dellamagna (coord. de criação),
Erik TS (progr. visual de capa e miolo),
Claudio Faustino (coord.), Yong Lee Kim (edição),
Luiza Massucato (assist.) e Lima Estúdio Gráfico (diagram.)
Revisão
Hélia de Jesus Gonsaga (ger.),
Rosângela Muricy (coord.), Ana Curci, Heloísa Schiavo,
Paula Teixeira de Jesus, Patrícia Travanca,
Vanessa de Paula Santos,
Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias)
Iconografia
Sílvio Kligin (superv.), Denise Durand Kremer (coord.),
Carlos Luvizari, Claudia Bertolazzi e Evelyn Torrecilla
(pesquisa), Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagem)
Ilustrações
Allmaps, A. Robson, Cassiano Röda, Douglas Galindo,
Erika Onodera, José Rodrigues, Luis Moura, Luiz Iria,
Mario Kanno, Osni de Oliveira, Paulo Manzi e Paulo Nilson
Cartografia
Alexandre Bueno, Eric Fuzii, Julio Dian,
Loide Edelweiss Iizuka, Marcelo
Seiji Hirata e Portal de Mapas
Foto da capa: Caverna Ryusen-do, em Tohoku, Japão, 2013.
JTB Photo/Universal Images Group Editorial/Getty Images
Protótipos
Magali Prado
Direitos desta edição cedidos à Editora Scipione S.A.
Avenida das Nações Unidas, 7221, 1o
andar, Setor D
Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902
Tel.: 4003-3061
www.scipione.com.br / atendimento@scipione.com.br
2016
ISBN 978852629913 9 (AL)
ISBN 978852629914 6 (PR)
Cód. da obra CL 713370
CAE 566761 (AL) / 566762 (PR)
3a
edição
1a
impressão
Impressão e acabamento
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Moreira, João Carlos
Geografia geral e do Brasil : espaço geográfico
e globalização : ensino médio / João Carlos
Moreira, Eustáquio de Sene. -- 3. ed. --
São Paulo : Scipione, 2016.
Obra em 3 v.
1. Geografia (Ensino médio) I. Sene, Eustáquio
de. II. Título.
16-02098 CDD-910.712
Índices para catálogo sistemático:
1. Geografia : Ensino médio 910.712
2
O
s meios de comunicação estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Com isso, rece-
bemos diariamente uma enorme quantidade de informações via internet, televisão, rádio,
jornais e revistas: crises políticas e econômicas, catástrofes naturais, problemas socioam-
bientais, desigualdades sociais, guerras, migrações, novas tecnologias, entre muitos outros temas.
O processo de globalização tem seus alicerces ancorados na revolução técnico-científica e na
modernização dos sistemas de transportes e telecomunicações, que “encurtam” as distâncias e
tornam o tempo cada vez mais “acelerado”. Dessa forma, as informações surgem e desaparecem de
repente. Quando começamos a compreender determinado acontecimento, ele é esquecido – como
se deixasse de existir –, e outro logo ganha destaque. Tal é a instantaneidade dos eventos que pare-
ce não existir passado nem continuidade histórica. Por isso, muitas vezes, sentimo-nos impotentes
diante da dificuldade de compreender o que acontece no Brasil e no mundo.
Para ajudá-lo a encarar esse desafio, criamos esta coleção. Ela foi elaborada com base no vo-
lume único da obra, que já está no mercado desde 1998 e passou por diversas reformulações e
atualizações.
O volume 1 apresenta um pouco de teoria e método da Geografia, seus conceitos mais importan-
tes e um breve histórico da disciplina. Nele são abordados também os fundamentos da Cartografia,
imprescindível para ler e interpretar mapas, cartas, plantas e gráficos. São ainda estudados os temas
da Geografia física, com destaque para a dinâmica da natureza, sua relação com a sociedade e os
crescentes desequilíbrios ecológicos. Esse volume é concluído com o estudo da legislação ambiental
e das conferências internacionais sobre meio ambiente.
No volume 2 são estudadas as diversas fases do capitalismo até a atual etapa informacional,
marcada pela globalização em suas várias dimensões; as diferenças entre os países quanto ao de-
senvolvimento humano; a ordem geopolítica e econômica internacional, assim como a inserção do
Brasil nela; e os principais conflitos armados da atualidade. São também abordados os processos de
industrialização dos países desenvolvidos e emergentes mais importantes; e, na última Unidade, o
comércio e os serviços no mundo.
Fechando a coleção, o volume 3 apresenta como principais temas o processo de industrialização,
a estrutura das atividades terciárias e a evolução da política econômica no Brasil. São apresentadas
também a produção, a distribuição e o consumo de energias renováveis e não renováveis no mundo
e no Brasil, associando-as às condições ambientais; as características, os movimentos migratórios
e a estrutura da população mundial e brasileira. O volume é concluído com a abordagem dos aspec-
tos mais importantes da urbanização e da produção agropecuária no mundo e em nosso país.
Esperamos ajudá-lo a compreender melhor o frenético mundo em que vivemos e auxiliá-lo a
acompanhar as transformações que o moldam e o tornam diferente a cada dia, para que você possa
nele atuar como pessoa e cidadão consciente.
Os Autores
APrESENTAçãO
3
Sumário
Síntese histórica: Breve história do pensamento
geográfico ................................................ 10
1. Espaço geográfico e paisagem ......................... 12
2. Lugar ......................................................... 14
Pensando no Enem ...................................... 15
3. Território .................................................... 16
Introdução: Um pouco de teoria da Geografia
Unidade 1: Fundamentos de Cartografia
Unidade 2: Geografia física e meio ambiente
Capítulo 5: Estrutura geológica ............ 103
Infográfico: Teoria da formação e evolução
da Terra .................................................. 104
1. A formação da Terra .................................... 106
Pensando no Enem .................................... 108
Tipos de rocha, 109
2. Estrutura da Terra ...................................... 112
3. Deriva continental e tectônica de placas ......... 113
Infográfico: Tsunamis ................................ 120
4. As províncias geológicas .............................. 122
Atividades ................................................... 124
Capítulo 6: Estruturas eformas do relevo ... 125
1. Geomorfologia .......................................... 127
2. A classificação do relevo brasileiro ................. 130
Outras formas do relevo, 134
Pensando no Enem .................................... 136
3. O relevo submarino .................................... 137
4. Morfologia litorânea ................................... 139
Atividades ................................................... 142
Capítulo 1: Planeta Terra: coordenadas,
movimentos e fusos horários ................ 27
1. Formas de orientação ................................... 29
2. Coordenadas ............................................... 31
Geográficas, 31 • Alfanuméricas, 33
3. Movimentos da Terra e estações do ano ........... 34
Infográfico: Insolação da Terra ...................... 36
4. Fusos horários ............................................ 38
Fusos horários brasileiros, 41
Pensando no Enem ..................................... 43
5. Horário de verão ......................................... 44
Dialogando com as disciplinas: O horário de
verão e os relógios biológicos.......................... 46
Atividades .................................................... 48
Capítulo 2: representações cartográficas,
escalas e projeções ................................. 49
1. Representação cartográfica ............................ 51
Evolução tecnológica, 51 • Tipos de produtos
cartográficos, 53
Pensando no Enem ..................................... 55
2. Escala e representação cartográfica ................ 56
3. Projeções cartográficas ................................ 60
Conformes, 60 • Equivalentes, 62 • Equidistantes, 63 •
Afiláticas, 63
4. Diferentes visões do mundo .......................... 64
Atividades .................................................... 67
Capítulo 3: Mapas temáticos
e gráficos .................................................. 68
1. Cartografia temática ................................... 70
2. Gráficos .................................................... 76
Atividades .................................................... 78
Capítulo 4: Tecnologias modernas
utilizadas pela Cartografia ..................... 79
1. Sensoriamento remoto .................................. 81
Fotografia aérea, 83 • Imagem de satélite, 84
2. Sistemas de posicionamento e navegação por
satélites .................................................... 86
3. Sistemas de informações geográficas .............. 88
Atividades ..................................................... 91
Vestibulares de Norte a Sul ................ 92
Caiu no Enem ...................................... 100
4. Região ....................................................... 17
5. Renovação metodológica ............................... 19
Atividades ..................................................... 21
Vestibulares de Norte a Sul ................ 22
Caiu no Enem ........................................ 25
4
Capítulo 7: Solos .................................... 143
1. A formação do solo ..................................... 145
Fatores de formação dos solos, 146
2. Conservação dos solos ................................ 148
Fertilidade do solo, 150
Pensando no Enem ..................................... 151
Voçorocas, 152 • Movimentos de massa, 152 • Conservação
dos solos em floresta, 153
Atividades ................................................... 154
Capítulo 8: Climas ................................... 155
1. Tempo e clima ........................................... 157
2. Fatores climáticos ...................................... 158
Latitude, 158 • Altitude, 159 • Albedo, 160 • Massas
de ar, 160 • Continentalidade e maritimidade, 161
Correntes marítimas, 162 • Vegetação, 163 • Relevo, 164
3. Atributos ou elementos do clima ................... 165
Temperatura, 165 • Umidade, 165 • Pressão atmosférica, 168
Dialogando com as disciplinas: A Física por trás
das mudanças climáticas .............................. 170
Pensando no Enem .................................... 173
4. Tipos de clima ........................................... 174
5. Climas no Brasil ......................................... 176
Atividades ................................................... 179
Capítulo 9: Os fenômenos climáticos
e a interferência humana ..................... 180
1. Interferências humanas no clima ................... 182
O efeito estufa e o aquecimento global, 182
Redução da camada de ozônio, 183
Infográfico: Efeito estufa ............................ 184
Ilhas de calor, 186 • As chuvas ácidas, 187
Pensando no Enem .................................... 189
2. Fenômenos naturais ................................... 190
Inversão térmica, 190 • El Niño, 191
3. Principais acordos internacionais ................... 194
O Protocolo de Kyoto e o MDL, 194 • As Conferências
das Partes, 196
Atividades ................................................... 197
Capítulo 10: Hidrografia ......................... 198
1. Pode faltar água doce? ............................... 200
2. As águas subterrâneas ................................ 201
O poço e a fossa, 203
Pensando no Enem ................................... 206
3. Redes de drenagem e bacias hidrográficas ....... 207
Bacias hidrográficas brasileiras, 211
Infográfico: O rompimento das barragens em
Minas Gerais ........................................... 214
Atividades ................................................... 216
Capítulo 11: Biomas e formações vegetais:
classificação e situação atual .............. 218
Infográfico: Cobertura vegetal original ......... 220
1. Principais características das
formações vegetais ......................................................... 222
Tundra, 223 • Floresta boreal (taiga), 223 • Floresta
subtropical e temperada, 223 • Floresta equatorial e tropical,
223 • Mediterrânea, 224 • Pradarias, 224 • Estepes, 224
Deserto, 224 • Savana, 225 • Vegetação de altitude, 225
2. A vegetação e os impactos
do desmatamento ..................................... 226
3. Biomas e formações vegetais do Brasil ........... 230
As características das formações vegetais brasileiras, 231
Pensando no Enem ................................... 236
4. A legislação ambiental e as unidades de
conservação .............................................. 237
Histórico das leis ambientais brasileiras, 237 • O Código
Florestal, 240 • As unidades de conservação, 241
Pensando no Enem ................................... 243
Atividades .................................................. 244
Capítulo 12: As conferências em
defesa do meio ambiente ..................... 246
Infográfico: Evolução das técnicas de
transformação do espaço geográfico ............. 248
1. Interferências humanas nos ecossistemas ...... 250
2. A importância da questão ambiental .............. 251
3. A inviabilidade do modelo consumista de
desenvolvimento ....................................... 252
4. Estocolmo-72 ........................................... 254
5. O desenvolvimento sustentável .................... 255
Pensando no Enem .................................... 256
6. Rio-92 ...................................................... 257
7. Rio + 10 ................................................... 258
8. Rio + 20 .................................................... 259
Dialogando com as disciplinas: Terra e
propriedade.............................................. 260
Atividades .................................................. 262
Vestibulares de Norte a Sul ................. 263
Caiu no Enem .......................................... 277
Sugestões de leitura, filmes,
e sites .................................................................. 283
Bibliografia ..................................................... 287
5
Como é fácil explicar este projeto! Lembro quando fui
ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem
magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício,
adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço
requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa
levando os visitantes ao museu completou
o meu projeto."
Oscar Niemeyer (1907-2012), arquiteto.
6
Elder Vieira Salles/Shutterstock/Glow Images
7
INTRODUÇÃO
Um pouco de teoria da Geografia
7
Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), em 2013.
O MAC de Niterói, como é conhecido, foi projetado por Oscar
Niemeyer e inaugurado em 1996. As impressões do arquiteto
quando visitou o local onde o edifício seria erguido: “O mar, as
montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia
preservar.” (leia novamente a frase completa na página ao lado).
Na realidade, ele não preservou a paisagem que encontrou e sim
a modificou com sua obra.
A
o longo da História, o ser humano foi transformando gradativamente a na-
tureza com o objetivo de garantir a subsistência do grupo social a que per-
tencia e melhorar suas condições de vida. Com isso, o espaço geográfico foi
sendo produzido, ficando cada vez mais artificializado. Pela ação do trabalho huma-
no, novas técnicas foram desenvolvidas e gradativamente incorporadas ao território.
De um meio natural, as sociedades avançaram para um meio cada vez mais técnico,
principalmente a partir da primeira Revolução Industrial (século XVIII).
Um dos pensadores que abordam a relação, no capitalismo, entre ciência e
técnica é o filósofo alemão Jürgen Habermas. Ele mostra que, já no final do sécu-
lo XIX, no contexto da segunda Revolução Industrial, esse sistema econômico
começou a mobilizar a ciência para a criação de novas técnicas. No atual momen-
to do capitalismo, em que ocorre uma revolução técnico-científica, ou revolução
informacional, a ciência vem sendo ainda mais mobilizada para a criação de téc-
nicas de produção e de circulação cada vez mais eficientes. A incorporação dessas
técnicas ao território, com a intenção de aumentar a produtividade econômica e
acelerar a circulação por redes que abrangem o espaço nacional, regional e mundial,
produziu o que o geógrafo Milton Santos chamou de meio técnico-científico-in-
formacional. Esse conceito busca definir o meio geográfico que dá sustentação à
globalização, o atual período de expansão do capitalismo.
Oca na aldeia moikarakô, na
Terra Indígena Kayapó, no
município de São Félix do
Xingu (PA), em 2015. Esta foto
mostra uma habitação que,
embora construída com
materiais retirados
diretamente da natureza,
como troncos e palmeiras, é
fruto do trabalho humano e
incorpora técnicas
construtivas próprias dessa
sociedade. Quando a
comparamos com prédios de
uma grande cidade, como
mostra a foto das páginas 16
e 17, percebemos que as
cidades também resultam da
transformação da natureza
pelo trabalho humano, porém
com mais mediações e
incorporação de técnicas
modernas.
Renato
Soares/Pulsar
Imagens
Introdução
8
Poucas áreas da superfície terrestre ainda não sofreram transformações
antrópicas, e mesmo naquelas aparentemente intocadas, como muitas no interior
da floresta Amazônica ou do continente antártico, o território está delimitado e sujei-
to à soberania nacional ou a acordos internacionais. Portanto, mesmo em um meio
natural, aparentemente intocado, existem relações políticas e econômicas que nem
sempre são visíveis na paisagem. Além disso, no interior da floresta Amazônica (ou de
outras florestas tropicais) existem diversas sociedades indígenas, algumas ainda iso-
ladas da sociedade moderna, que, embora vivam bastante integradas ao meio natural,
causam alguma transformação antrópica, produzindo, dessa forma, seu espaço.
Para compreender melhor as relações sociedade-sociedade e sociedade-natu-
reza materializadas no espaço geográfico, é importante estudar seus recortes con-
ceituais – a paisagem, o lugar, o território e a região – e seus recortes analíticos – as
escalas geográficas (as escalas cartográficas serão estudadas no Capítulo 2 deste
volume).
São esses conceitos-chave que dão identidade à Geografia como uma ciência
humana e, ao mesmo tempo, permitem compreender o mundo sob a ótica dessa
disciplina (veja o que diz sobre isso o geógrafo Roberto Lobato Corrêa). É por isso
que os parâmetros curriculares do Ministério da Educação (MEC) e as propostas
curriculares das Secretarias Estaduais de Educação propõem o estudo desses con-
ceitos na Geografia escolar.
Como toda ciência, a
Geografia possui
alguns conceitos-chave
capazes de sintetizar a
sua objetivação, isto é, o
ângulo específico por
meio do qual a
sociedade é analisada,
ângulo que confere à
Geografia a sua
identidade e a sua
autonomia relativa no
âmbito das ciências
sociais. Como ciência
social, a Geografia tem
como objeto de estudo a
sociedade, que, no
entanto, é objetivada via
cinco conceitos-chave
que guardam entre si
forte grau de
parentesco, pois todos
se referem à ação
humana modelando a
superfície terrestre:
paisagem, espaço,
região, lugar e
território.
Adaptado de: CORRÊA,
Roberto Lobato. Espaço, um
conceito-chave da Geografia.
In: CASTRO, Iná Elias de;
GOMES, Paulo Cesar da
Costa; CORRÊA, Roberto
Lobato (Org.). Geografia:
conceitos e temas.
Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1995. p. 16.
Antrópico: do grego an-
thropos, ‘homem’, como
espécie. É nesse sentido
antropológico que utiliza-
remos o termo “homem”
ao longo do livro. Assim,
uma transformação antró-
pica na natureza é provo-
cada pela espécie humana
vivendo em sociedade.
9
SÍNTESE HISTÓRICA
Breve história do pensamento geográfico
D
esde a Antiguidade, muitos pensadores elabora-
ram estudos considerados geográficos, embora o
conhecimento fosse disperso e desarticulado.
Passaram-se séculos até esse conhecimento ser organi-
zado como uma disciplina científica, mas, diferentemen-
te do que muitos pensam, a Geografia escolar não é de-
rivada da Geografia acadêmica. Ao contrário, foi a
presença da disciplina nos currículos dos sistemas de
ensino nascentes na Europa do século XIX que exigiu a
criação de cursos universitários voltados para a forma-
ção de professores da escola básica. No Brasil, a Geogra-
fia tornou-se disciplina escolar a partir de 1837, com a
fundação do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e só viria
a se tornar disciplina acadêmica quase cem anos depois,
com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da Universidade de São Paulo, em 1934.
A primeira cátedra de
Geografia foi criada na
Universidade de Berlim,
em 1825, e foi ocupada
por Karl Ritter. Em 1870
somente três
universidades alemãs
ofereciam o curso de
Geografia – Berlim,
Breslau e Göttingen –,
mas em 1890
praticamente todas as
universidades do país
passaram a oferecê-lo.
• Fez diversas viagens
exploratórias, entre as
quais uma para a
América do Sul e América
Central (1799-1804).
• Na obra Cosmos,
composta de cinco
volumes publicados
entre 1845 e 1862 que
registram anos de
estudos geográficos,
tentou fazer uma
síntese da parte
terrestre do Cosmos.
1769 - 1859 1779 - 1859
Alemanha Alemanha
Retrato de Alexander von
Humboldt feito por Henri Lehmann
(1814-1852), coleção privada.
Karl Ritter, autoria
desconhecida, c. 1900.
Alexander von Humboldt Karl Ritter
• Analisaram a dinâmica
dos fenômenos naturais.
• Elaboraram descrições
de paisagens.
• Estudaram a relação
homem-natureza.
484 a.C. - 420 a.C.
Grécia Grécia Grécia
Busto de Heródoto no Museu
Arqueológico Nacional,
Nápoles (Itália).
Heródoto
63 a.C. - 24 d.C.
Ilustração de Estrabão feita
em 1584 por Andre Thevet,
sacerdote e escritor francês.
Estrabão
275 a.C. - 194 a.C.
Busto de Eratóstenes,
em local desconhecido.
Eratóstenes
• Em sua obra Sintaxe
matemática e Geografia,
encontram-se
importantes registros
geográficos, cartográficos
e astronômicos. Seus
conhecimentos
ajudaram na produção
de mapas mais precisos,
fundamentais para a
expansão marítima do
final do século XV.
c. 100 - 180
Grécia
Retrato de Claudio Ptolomeu
feito por Antonio Maria Crespi
(1580-1630). Pinacoteca
Ambrosiana, Milão (Itália).
Cláudio Ptolomeu
• Um dos primeiros
pensadores a se
preocupar com a
sistematização do
conhecimento
geográfico.
• Desenvolveu reflexões
sobre os conceitos de
espaço e tempo.
1724 - 1804
Alemanha
Busto de Immanuel Kant feito em
mármore por Friedrich Hagemann
(1773-1806), Museu Hamburger
Kunsthalle, Hamburgo (Alemanha).
Immanuel Kant
The
Bridgeman
Art
Library/Keystone
Veneranda
Biblioteca
Ambrosiana/De
Agostini/
Glow
Images
The
Bridgeman
Art
Library/Keystone
The
Bridgeman
Art
Library/Keystone
The
Bridgeman
Art
Library/Keystone
The
Bridgeman
Art
Library/Keystone
bilwissedition/
akg-images/Latinstock
Fundadores da Geografia como ciência, Humboldt e Ritter iniciaram
a sistematização de seus fundamentos teórico-metodológicos.
Introdução
10
A institucionalização
da Geografia
acadêmica e escolar
Primeiro curso
acadêmico de
Geografia
A Geografia
no currículo
do Colégio Pedro II
• A Universidade de
Berlim foi criada em
1810 por Wilhelm von
Humboldt, irmão de
Alexander von
Humboldt, e foi palco
de concorridas palestras
sobre sua obra Cosmos.
Em homenagem aos
dois, desde 1949
chama-se Universidade
Humboldt de Berlim, e o
perfil de seus rostos
aparece no símbolo da
instituição.
Primeiro curso
universitário
de Geografia
em nosso país
“O Departamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP tem sua
origem no ano de 3, na antiga subseção de
Geografia e História da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras. Naquele ano, o primeiro ensino
universitário de Geografia foi inaugurado com a
cátedra de Geografia, sob a responsabilidade do
professor Pierre Deffontaines, que veio especialmente
da França para ocupá-la. Em 3, a cátedra passou
para a responsabilidade do professor Pierre Monbeig.”
O Departamento de Geografia. Disponível em:
<www.geografia.fflch.usp.br>. Acesso em: 3 jun. 2015.
1934
Brasil
• Um dos primeiros, no
Brasil, a defender a
renovação crítica da
Geografia.
• Desenvolveu a reflexão
teórica da Geografia
brasileira e acabou
ganhando o prêmio
Vautrin Lud (1994),
concedido anualmente
em reconhecimento ao
trabalho de um
eminente geógrafo.
• Sua obra A Geografia
– isso serve, em primeiro
lugar, para fazer a guerra
balançou as estruturas
da Geografia tradicional
ao denunciá-la como
instrumento ideológico
a serviço de interesses
políticos e econômicos
dominantes. Ao mesmo
tempo, indicou
caminhos para a
renovação crítica da
disciplina.
1926 - 2001 1929 -
Brasil França
Milton Santos durante
entrevista em São Paulo (SP),
em 2000.
Milton Santos Yves Lacoste
• Um dos principais
formuladores da Geografia.
• Definiu a Geografia como
ciência humana, embora na
prática a tenha tratado como
ciência natural.
• Considerou a influência que
as condições naturais
exercemsobreahumanidade
como um objeto de estudo
da disciplina.
• Seus discípulos radicalizaram
suas ideias, dando origem ao
“determinismo geográfico”.
• Criticou o método
descritivo e defendeu
que a Geografia se
preocupasse com a
relação homem-meio.
1844 - 1904
1845 - 1918
Alemanha
França
Ratzel, autoria
desconhecida, c. 1900.
La Blache, autoria
desconhecida,
década de 1910.
Friedrich Ratzel
Paul Vidal de
La Blache
Alemanha
Brasil
Europa
Século XIX
1825
1837
bilwissedition/
akg-images/Latinstock
Mônica
Zarattini/
Agência
Estado
Boyan
Topaloff/Agência
France-Presse
Harlingue/Roger
Viollet/
Agência
France-Presse
Reprodução/Biblioteca
Nacional,
Rio
de
Janeiro,
RJ.
Kiev.Victor/Shutterstock/
Glow
Images
Cecilia
Bastos/
Jornal
da
USP
-
Serviço
de
Comunicação
Social
O Imperial Colégio Pedro II,
criado em 1837, passou a
funcionar no antigo
Seminário de São Joaquim,
no Rio de Janeiro (RJ).
Edifício da Universidade
Humboldt, em Berlim.
Foto de 2014.
Prédio do
Departamento de
Geografia da
FFLCH-USP, na Cidade
Universitária, em São
Paulo (SP), em 2015.
Um pouco de teoria da Geografia 11
1 Espaço geográfico e paisagem
A paisagem é a aparência da realidade geográfica, aquilo que nossa percepção
auditiva, olfativa, tátil e, principalmente, visual capta. Embora as paisagens materia-
lizem relações sociais, econômicas e políticas travadas entre os grupos humanos, elas
nem sempre são percebidas. Desvendá-las requer observação, percepção e pesquisa,
sendo esse o caminho para que o espaço produzido pelo homem seja apreendido em
sua essência. Podemos dizer, então, que o espaço geográfico é formado tanto pela
sociedade quanto pela paisagem permanentemente construída e reconstruída por
ela. Reveja a foto que abre esta Introdução, na página 7. Repare que, embora em nos-
so dia a dia a paisagem seja associada muitas vezes à natureza, ela também expressa
a sociedade. Ou seja, a paisagem é composta tanto de elementos culturais, construídos
pelo trabalho humano, quanto de elementos naturais, resultantes da ação dos pro-
cessos da natureza. O espaço geográfico materializa todos esses elementos mais as
relações humanas que se desenvolvem na vida em sociedade. Observe o mapa con-
ceitual na página a seguir.
Parailustraressasrelaçõeseevidenciaradiferençaentrepaisagemeespaço,Milton
Santos afirmou que, se eventualmente a humanidade fosse extinta, teríamos o fim da
sociedade e, consequentemente, do espaço geográfico, mas ainda assim a paisagem
construída permaneceria. Apesar de didática, há um problema nessa ideia: se a huma-
nidadedesaparecesse,quemchamariaapaisagemdepaisagem?Percebaqueohomem
desenvolve as técnicas, cria as coisas e também os conceitos que as definem. Não é
possível dissociar o trabalho, o pensamento e a linguagem, que são características in-
trinsecamente humanas. Por isso, o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934)
afirmou em suas obras que a relação do homem com o mundo se dá mediada por fer-
ramentas (trabalho) e símbolos (linguagem). Além disso, caso a humanidade deixasse
de existir, com o passar do tempo as formas construídas se degradariam pela ação do
intemperismo e por falta de manutenção. Ou seja, ao longo do tempo nem a paisagem
resistiria ao fim da sociedade.
Consulte o site de
Milton Santos e o do
projeto Gênesis, de
Sebastião Salgado. Veja
orientações na seção
Sugestões de leitura,
filmes e sites. Veja
também a indicação dos
filmes O mundo sem
ninguém, Eu sou a lenda
e Na natureza selvagem.
Durante a Guerra Fria,
os laboratórios do
Pentágono chegaram a
cogitar a produção de
um engenho, a bomba
de nêutrons, capaz de
aniquilar a vida
humana em uma dada
área, mas preservando
todas as construções.
O presidente Kennedy
afinal renunciou a
levar a cabo esse
projeto. Senão, o que
na véspera seria ainda
o espaço, após a
temida explosão seria
apenas paisagem. Não
tenho melhor imagem
para mostrar a
diferença entre esses
dois conceitos.
Adaptado de: SANTOS, Milton.
A natureza do espaço. São
Paulo: Hucitec, 1996. p. 85.
Marcos Amend/Shutterstock/Glow Images
Vista aérea de trechos da floresta
Amazônica e do rio Negro no Parque
Nacional de Anavilhanas (AM), 2014.
Esse parque foi criado para preservar o
arquipélago fluvial de Anavilhanas, assim
como para permitir o estudo e a
preservação desse bioma. Observe que se
trata de uma paisagem natural
aparentemente intocada, mas sua própria
preservação é fruto da ação humana.
12
13
Conceitos-chave
da Geografia
paisagem
sociedade
elementos
culturais da
paisagem
elementos
naturais da
paisagem
elementos
naturais
forças da
natureza
trabalho
humano
elementos
culturais
natureza
materializa-se
nos
composta
de
produzidos
pelas
produzidos
pelo
natural cultural
composto
de
em
relação à
em
associação à
pode ser
materializa-se
nos
composta
de
Cienpies
Design/Shutterstock/Glow
Images
Mapa conceitual organizado pelos autores com o software Cmap Tools,
desenvolvido pelo Institute for Human and
Machine Cognition (IHMC). Florida, Estados Unidos, 2015.
Disponível em: <http://cmap.ihmc.us/>. Acesso em: 30 dez. 2015.
espaço geográfico
2 Lugar
As pessoas vivem no lugar, por isso esse conceito é o ponto de partida para a
compreensão do espaço geográfico em escala nacional, regional ou mundial. É no
lugar que as pessoas se relacionam, estabelecendo laços afetivos com parentes,
amigos, colegas, vizinhos e também com a paisagem. É no lugar que são construídas
as relações de cooperação, embora também as de conflito. É nele, portanto, que
construímos nossa identidade cultural e socioespacial.
Para compreender o espaço geográfico e os conceitos dele desdobrados, preci-
samos entender as relações sociais e as marcas deixadas pelos grupos humanos na
paisagem dos lugares. A rigor, precisamos entender as relações próprias da nature-
za, as relações próprias da sociedade e, de forma integrada, as relações entre a
sociedade e a natureza. É a isso que a Geografia, como ciência, se dedica, e é por
isso que estudamos essa disciplina na escola.
É interessante perceber que a compreensão do espaço geográfico e de seus
recortes conceituais também implica trabalhar com os recortes analíticos, isto é,
com a noção de escala geográfica. Observe o mapa conceitual na página 18 e per-
ceba que na compreensão socioespacial há uma correlação entre os recortes
conceituais e os analíticos. Assim, as escalas geográficas podem ser:
•local: exige a operacionalização do conceito de lugar, associado ao conceito de
paisagem;
•nacional: implica a operacionalização do conceito de território controlado pelo
Estado-nação, que pode ser trabalhado também nas esferas estadual ou provincial
e municipal;
•regional: demanda trabalhar com o conceito de região em extensões variáveis em
termos de área;
•mundial: abrange todo o globo terrestre; por isso, também é chamada de esca-
la global, pois permite análises socioespaciais bastante panorâmicas e integradas.
Festa do Bode Rei realizada em
Cabaceiras (PB), em 2013. Essa
cidade do Sertão do Cariri foi
cenário de mais de trinta
filmes, minisséries e novelas
– entre os quais O Auto da
Compadecida –, por isso ficou
conhecida como “Roliúde
Nordestina” (veja matéria em:
<http://g1.globo.com/
jornal-nacional/
noticia/2013/12/roliude-
nordestina-atrai-diretores-de-
cinema-por-causa-do-clima.
html>. Acesso em: 4 set. 2015).
Cabaceiras é um exemplo de
lugar que mescla elementos
locais, como a festa em
homenagem ao bode,
importante criação local, e
elementos globais, como a
referência a Hollywood,
Califórnia (Estados Unidos),
em virtude da vocação
cinematográfica da cidade.
Taiguara
Rangel/Globo
Comunicação
e
Participações
S.A.
Introdução
14
Pensando no Enem
parentesco, amizade, trabalho, etc. –, mas também pela
relação subjetiva que cada um constrói com a paisagem
local. Essa relação das pessoas com o lugar e sua paisa-
gem, principalmente em momentos de festas e comemo-
rações, garante o sentimento de pertencimento a que se
refere o geógrafo francês Paul Claval. Por isso, é importan-
te pensar que a paisagem não é apreendida apenas pela
visão, embora este seja o principal sentido a apreendê-la.
Quem, por exemplo, já não criou alguma ligação com a
paisagem de um lugar pela contemplação de uma vista
que lhe agrada, pelo cheiro do perfume de alguma flor
desse lugar, pelo canto de um pássaro, pela sirene de uma
fábrica ou ainda pela emoção de uma festa? Ou seja, a
paisagem, assim como o lugar do qual ela é parte, possui
uma dimensão concreta, feita pela natureza ou pelo tra-
balho humano, e uma dimensão simbólica, feita de per-
cepção individual, de subjetividade. Assim, cada pessoa
percebe e vivencia a paisagem de um modo particular.
Portanto, a resposta correta é a alternativa E.
Esta questão trabalha com a Competência de área 1 –
Compreender os elementos culturais que constituem as
identidades e, entre outras habilidades, com a de área
H5 – Identificar as manifestações ou representações da
diversidade do patrimônio cultural e artístico em dife-
rentes sociedades.
No texto é apresentada uma forma de integração da pai-
sagem geográfica com a vida social. Nesse sentido, a pai-
sagem, além de existir como forma concreta, apresenta
uma dimensão
a) política de apropriação efetiva do espaço.
b) econômica de uso de recursos do espaço.
c) privada de limitação sobre a utilização do espaço.
d) natural de composição por elementos físicos do espaço.
e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço.
Resolução
A questão exige a compreensão de um conceito-chave da
Geografia – a paisagem –, assim como sua percepção, sua
vivência. Como vimos, o lugar, que é um recorte do espaço
geográfico, é feito de suas relações sociais e sua paisa-
gem. Assim, o vínculo das pessoas com um lugar é cons-
truído não apenas pelas relações sociais estabelecidas –
Thomaz
Vita
Neto/Pulsar
Imagens
Cavalhadas de Pirenópolis (GO), em 2012. Essa
festa de origem portuguesa é uma encenação
ao ar livre das batalhas entre mouros e
cristãos (saiba mais em:
<www.pirenopolis.tur.br/cultura/folclore/
festa-do-divino/cavalhadas/a-encenacao-das-
cavalhadas>. Acesso em: 4 set. 2015).
Este é um bom exemplo da integração da
paisagem geográfica com a vida social e a
história, criando identidades e sentido de
pertencimento a um lugar, tema tratado pela
questão do Enem.
Thomaz
Vita
Neto/Pulsar
Imagens
Cavalhadas de Pirenópolis (GO), em 2012. Essa
festa de origem portuguesa é uma encenação
festa-do-divino/cavalhadas/a-encenacao-das-
pertencimento a um lugar, tema tratado pela
Portadora de memória,a paisagem ajuda a construir
os sentimentos de pertencimento; ela cria uma
atmosfera que convém aos momentos fortes da
vida, às festas, às comemorações.
CLAVAL, P. Terra dos homens: a Geografia.
São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).
15
3 Territ—rio
A relação entre o Estado e o espaço é central na obra Antropogeografia, a mais
importante de Friedrich Ratzel. Segundo ele, a partir do momento em que uma
sociedade se organiza para defender um território, transforma-se em Estado. Daí se
depreende que o território é o recorte do espaço geográfico sob o controle de um
poder instituído – o Estado nacional e suas esferas subnacionais. Porém, há situações
em que outros agentes podem controlar um território, por exemplo, um grupo ter-
rorista ou de narcotraficantes, muitas vezes, em disputa com um Estado legalmen-
te constituído.
Ao criticar o método descritivo e defender que a Geografia se preocupasse com
a relação homem-meio, posicionando o ser humano como agente que sofre influência
da natureza e que também age sobre ela, transformando-a, Paul Vidal de La Blache
inaugurava uma corrente teórica conhecida como “possibilismo”, em contraposição
ao “determinismo”. Ambas foram influenciadas pelo positivismo e posteriormente
rotuladas de “Geografia tradicional”. A Geografia lablachiana, embora tenha avan-
çado em relação à visão naturalista de Ratzel, não rompeu totalmente com ela;
continuou sendo uma ciência dos lugares, não dos homens, empenhada em descre-
ver os aspectos visíveis da realidade.
Assim, até meados do século XX, a maioria dos geógrafos limitava-se a descrever
ascaracterísticasfísicas,humanaseeconômicasdasdiversasformaçõessocioespaciais,
procurando estabelecer comparações e diferenciações entre elas; e era assim que a
Geografia aparecia nos materiais didáticos. Nesse período, desenvolveu-se a Geogra-
fia regional, fortemente influenciada pela escola francesa, e o conceito de região ga-
nhou importância na análise geográfica.
A sociedade que
consideramos, seja
grande ou pequena,
desejará sempre
manter sobretudo a
posse do território
sobre o qual e graças
ao qual ela vive.
Quando esta
sociedade se organiza
com esse objetivo, ela
se transforma em
Estado.
RATZEL, Friedrich. Geografia
do homem (antropogeogra-
fia). In: MORAES, Antonio
Carlos R. Ratzel. São Paulo:
Ática, 1990. p. 76.
Prédios no bairro de Shinjuku, Tóquio (Japão), em 2015.
Ao fundo, o monte Fuji, o mais alto do território japonês.
Localizado a cerca de 100 km a sudoeste da capital, pode
ser visto em dias claros.
Observe que nesta paisagem aparecem elementos
culturais e naturais. Metrópoles, como Tóquio, não são
propriamente um lugar, e sim um conjunto de lugares
nos quais a vivência diária é fragmentada.
Dialogando
com filosofia
Positivismo: corrente filo-
sófica criada pelo francês
Auguste Comte (1798-
-1857). Valoriza apenas a
verdade positiva, isto é,
concreta, objetiva. Na bus-
ca de leis que expliquem a
realidade, propõem a ob-
servação e a pesquisa em-
pírica. Há uma separação
entre sujeito e objeto.
16
4 Região
Em Geografia, a região pode ser conceituada como uma de-
terminada área da superfície terrestre, com extensão variável,
que apresenta características próprias e particulares que a di-
ferenciam das demais. Desde então o conceito de região ficou
associado à categoria particularidade e pode ser definido por
diversos critérios. A região pode ser natural, quando o critério
de distinção é a paisagem natural, ou geográfica, se
a diferenciação for econômica, política, social ou
cultural. No passado as regiões eram relativa-
mente isoladas, e os estudos de Geografia re-
gional eram dominantes. Atualmente, com o
avanço da globalização e da sociedade informacional,
em um mundo organizado em redes, as regiões se moderniza-
ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões
aumentaram significativamente –, o que tem reduzido o isola-
mento e a diferenciação entre elas.
Embora tenha um importante papel no desenvolvimento da ciência geográfica,
a Geografia tradicional nos legou um ensino escolar centrado na memorização.
Essa estrutura perdurou até a segunda metade do século XX, quando a descrição
das paisagens, com seus fenômenos naturais e sociais, passou a ser realizada de
forma mais eficiente e atraente pela televisão. A partir daí, os geógrafos foram
obrigados a buscar novos objetos de estudo que permitissem à Geografia sobrevi-
ver como disciplina escolar no ensino básico e como ramificação das ciências huma-
nas em nível universitário.
Região do Triângulo Mineiro (MG)
Uma região geográfica
tanto pode ser maior que
o território de um Estado
nacional, como a área
abrangida pelos territórios
dos países da América
Latina, como pode ser
menor que este, como
mostra o mapa.
Banco
de
imagens/Arquivo
da
editora
terminada área da superfície terrestre, com extensão variável,
ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões
terminada área da superfície terrestre, com extensão variável,
que apresenta características próprias e particulares que a di-
ferenciam das demais. Desde então o conceito de região ficou
e pode ser definido por
, quando o critério
, se
avanço da globalização e da sociedade informacional,
em um mundo organizado em redes, as regiões se moderniza-
ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões
terminada área da superfície terrestre, com extensão variável,
que apresenta características próprias e particulares que a di-
ferenciam das demais. Desde então o conceito de região ficou
e pode ser definido por
, quando o critério
, se
avanço da globalização e da sociedade informacional,
em um mundo organizado em redes, as regiões se moderniza-
ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões
Organizado pelos autores.
jiratto/Shutterstock/Glow
Images
Triângulo Mineiro
0 165 330
km
17
meio geográfico
território
lugar região
Mapa conceitual organizado pelos autores com o software Cmap Tools, desenvolvido pelo Institute for Human and Machine
Cognition (IHMC). Flórida, Estados Unidos, 2015. Disponível em: <http://cmap.ihmc.us>. Acesso em: 30 dez. 2015.
Conceitos-chave
da Geografia
espaço geográfico
escalas
geográficas
relações
sociais
paisagens
paisagem
natural
meio
natural
meio técnico-
-científico-
-informacional
paisagem
cultural
critério
composto
de
natural geográfica
analisado/
vivenciado por
local regional
critério
nacional
abriga pode ser
abriga
Estado
nacional
outros
agentes
sob o
poder do(s)
em disputa
com
meio
técnico
incorporação
de técnica
incorporação de
ciência e técnica
18
5 Renova•‹o metodol—gica
Como vimos, durante anos a Geografia foi influenciada pelo positivismo, mas
após a Segunda Guerra Mundial começou uma renovação teórico-metodológica que
atingiu inicialmente a Geografia acadêmica e depois teve desdobramentos na
Geografia escolar. Uma vertente crítica da renovação foi influenciada pelo marxis-
mo, e outra, conservadora, pelo neopositivismo.
A vertente marxista da renovação teve como um dos pioneiros o geógrafo fran-
cês Yves Lacoste, que em 1976 publicou A Geografia: isso serve, em primeiro lugar,
para fazer a guerra. Nesse livro, ele denunciou a existência da “Geografia dos Esta-
dos-maiores” – a serviço do Estado e do capital, ou seja, a Geopolítica – e da “Geo-
grafia dos professores” – ensinada nas salas de aula de universidades e escolas bá-
sicas e materializada em trabalhos acadêmicos e manuais didáticos.
Segundo Lacoste, a Geografia dos professores acabava servindo para
mascarar o papel da Geopolítica e seus vínculos com os poderosos, com
os interesses dominantes. No Brasil, um dos pioneiros nesse processo de
renovação crítica foi o geógrafo Milton Santos, principalmente com uma
de suas primeiras obras: Por uma Geografia nova, lançada em 1978. Veja
imagem abaixo.
Enquanto a renovação na França e no Brasil teve forte influência do
pensamento de esquerda, sobretudo do marxismo (na Alemanha a maior
influência veio de pensadores neomarxistas), nos Estados Unidos e no
Reino Unido a contraposição à corrente tradicional foi a Geografia prag-
mática ou quantitativa. Essa vertente da renovação, orientada metodo-
logicamente pelo neopositivismo, condenava o atraso tecnológico da
Geografia tradicional, passando a utilizar sistemas matemáticos e com-
putacionais na interpretação do espaço geográfico. Essa corrente tecni-
cista e utilitarista, que em geral mascarava os conflitos e as contradições
sociais denunciados pelos geógrafos críticos, era uma perspectiva con-
servadora, a serviço da manutenção do status quo (do latim, ‘atual esta-
do das coisas’).
Obtenha mais
informações sobre o livro
A Geografia: isso serve, em
primeiro lugar, para fazer
a guerra na seção
Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Marxismo: corrente filosófica fundada
pelo alemão Karl Marx (1818-1883).
Como método de interpretação, tendo
se baseado sobretudo nas categorias
“materialismo histórico” e “luta de clas-
ses”, por meio das quais enfatizava a
determinação material da existência
humana e a necessidade da revolução
como via de transformação social, in-
fluenciou a Revolução Russa de 1917.
Com o tempo se constituíram correntes
neomarxistas que buscaram atualizar o
pensamento de Marx, como a teoria
crítica, fundada na década de 1930 pelo
filósofo alemão Max Horkheimer (1895-
-1973) e que ficou mais conhecida como
“Escola de Frankfurt”. O principal her-
deiro dessa corrente de pensamento é
o filósofo Jürgen Habermas (1929-).
Neopositivismo: no início do século XX,
um grupo de filósofos austríacos conhe-
cido como “Círculo deViena”, sob a lide-
rança de Rudolf Carnap (1891-1970),
buscou ir além das propostas de Comte
e propôs a verificação empírica e o for-
malismo lógico como base da ciência.
Na tentativa de unificar as ciências na-
turais e humanas com base na lingua-
gemdaFísica,desenvolveuoempirismo
lógico, método também chamado de
positivismo lógico ou neopositivismo.
Re
pr
od
uç
ão
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di
to
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Ed
us
p
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pro
du
ção
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ito
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Re
pro
du
ção
/Ed
ito
ra
Pa
pir
us
Ao lado, dois livros de
autores que
contribuíram para a
divulgação de conceitos
relacionados à Geografia
e seu ensino a partir da
década de 1970.
Dialogando
com filosofia
Um pouco de teoria da Geografia 19
O fim da União Soviética e do socialismo real reduziu a influência do marxismo
nas ciências humanas, abrindo caminho para a ampliação da influência de outras
correntes filosóficas na Geografia, como a fenomenologia, aumentando o leque
da renovação teórico-metodológica da disciplina.
Atualmente, consolida-se a certeza de que a Geografia é uma disciplina funda-
mental para a compreensão do mundo contemporâneo, de seu meio geográfico e
de seus problemas sociais, econômicos e ambientais. Mais do que tudo, é uma dis-
ciplina crucial para a formação de cidadãos conscientes e trabalhadores mais bem
preparados para a sociedade do conhecimento.
Como vimos, cabe à Geografia – acadêmica e escolar – compreender as relações
próprias da natureza, as relações próprias da sociedade e, de forma mais abran-
gente e integrada, as relações entre a sociedade e a natureza e suas consequências
socioambientais. Isso se dá, como vimos, por meio de seus próprios conceitos e,
em uma perspectiva interdisciplinar, também de muitos conceitos emprestados
de outras disciplinas: Filosofia, História, Sociologia, Economia, Ciência Política,
Antropologia, Ecologia, Física, etc., como veremos ao longo deste livro.
Fenomenologia: corrente
filosóficadesenvolvidapelo
alemão Edmund Husserl
(1859-1938). Esse método
de interpretação valoriza o
sujeito e busca apreender
a essência dos fenômenos
por meio da consciência e
da vivência; contrapondo-
-se ao neopositivismo, va-
loriza a intuição, a percep-
ção e a subjetividade. A
adoção por muitos geó-
grafos dessa corrente filo-
sófica, junto de outras,
como o existencialismo,
caracterizou a chamada
Geografia humanista.
Dialogando
com filosofia
Orientados pela professora, estudantes exploram aparelho que simula os movimentos de translação e de rotação da Terra,
fundamentais para compreender, respectivamente, a sucessão das estações do ano e de dias e noites, como veremos no próximo
capítulo. Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, em Sumaré (SP), em 2014.
João Prudente/Pulsar Imagens
Introdução
20
Compreendendo conteúdos
1. Observe o mapa conceitual da página 13 e defina com suas palavras os conceitos de paisagem e espaço geográfico
apontando suas diferenças e convergências.
2. Observe o mapa conceitual da página 18 e defina com suas palavras os conceitos de lugar, território e região. Dê um
exemplo de cada.
3. Com base no que você estudou na Introdução, explique o significado de escala geográfica.
Desenvolvendo habilidades
4. Com a orientação do(a) professor(a), reúna-se em grupos para o desenvolvimento das duas atividades a seguir.
Primeiro, façam cada uma delas sozinhos e, depois, discutam com os colegas do grupo a fim de encontrar conver-
gências ou divergências em suas respostas. Para finalizar, façam os ajustes que julgarem necessários.
Agora, observem a foto das páginas 16 e 17 e leiam, a seguir, o trecho extraído do livro A natureza do espaço, de
Milton Santos. Aproveitem e releiam o trecho do mesmo livro na página 12.
Atividades
atenção!
Não escreva no seu livro!
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
a) Como o autor distinguiu os conceitos de espaço geográfico e paisagem?
b) A foto das páginas 16 e 17 retrata uma paisagem e também um espaço geográfico. Que elementos indicam isso?
5. Leia, a seguir, um trecho do livro O lugar no/do mundo, de Ana Fani, professora do Departamento de Geografia da
FFLCH-USP. Observe a imagem abaixo e, em seguida, responda às questões.
Pessoas reunidas no
distrito de Vale Vêneto,
município de São João
Polêsine (RS), durante
a realização da XXX
Semana Cultural
Italiana de Vale Vêneto,
em 2015.
a) Com base na leitura do texto e na observação da imagem, como o conceito de lugar pode ser entendido?
b) Por que, segundo a autora, uma metrópole não pode ser considerada um lugar?
c) Como é o lugar onde vocês vivem? O que está bom e o que pode ser melhorado? Discutam atitudes coletivas
que podem melhorar a vida da comunidade do lugar.
Paisagemeespaçonãosãosinônimos.Apaisageméoconjuntodeformasque,numdadomomento,exprimemasherançasque
representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 83.
O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade habitante-identidade-lugar. A cidade, por exemplo,
produz-se e revela-se no plano da vida e do indivíduo. Este plano é aquele do local. As relações que os indivíduos mantêm
com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos modos do uso, nas condições mais banais, no secundário, no
acidental. É o espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido através do corpo.
Comoohomempercebeomundo?Éatravésdeseucorpo,deseussentidosqueeleconstróieseapropriadoespaçoedomundo.
O lugar e a porção do espaço apropriável para a vida – apropriada através do corpo, dos sentidos, dos passos de seus
moradores –, é o bairro, é a praça, é a rua, e nesse sentido poderíamos afirmar que não seria jamais a metrópole ou mesmo a
cidade lato sensu, a menos que seja a pequena vila ou cidade – vivida/conhecida/reconhecida em todos os cantos.
Adaptado de: CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: FFLCH, 2007. p. 17-18.
21
1. NE (UFBA)
Testes
Introdução
22
Vestibulares de Norte a Sul
Em relação ao estudo da Geografia – considerando-se
suas peculiaridades conceituais e suas abordagens
direcionadas para os vetores sociedade-natureza –,
pode-se afirmar:
(01) A Geografia é uma ciência peculiar, pois, à luz do
presente, procura desvendar e reconstituir o pas-
sado das condições físicas originais de uma de-
terminada região, estabelecendo, assim, diversas
analogias entre fatos e fenômenos estruturais
diferentes numa mesma localidade.
(02) O conceito de espaço geográfico abrange, na reali-
dade, tudo que o homem imprime na natureza ao
longo do tempo, deixando marcas do seu trabalho
e da sua cultura, modificações permanentes que
vão criando uma nova imagem das regiões.
(04) A paisagem geográfica constitui a expressão do
jogo de relações entre os processos endógenos e
exógenos, acrescidos dos culturais, ou seja, reúne
uma série de elementos naturais, humanizados
e artificiais, que se encontram em diferentes es-
tágios de transformação.
(08) A localização é um dos princípios básicos da
Geografia, que permite deduzir que duas cida-
des posicionadas na mesma faixa zonal neces-
sariamente não se encontram em latitudes e
hemisférios semelhantes, podendo estar situa-
das, simultaneamente, em domínios naturais
opostos.
(16) O conceito de “território”, sob o prisma geográfi-
co, está ligado às relações de poder, ou seja, àque-
les aspectos relacionados, entre outros, à política,
enquanto o conceito de “lugar” corresponde a
uma fração do espaço, onde se vive o cotidiano e
se cria uma identidade.
(32) Os atuais avanços tecnológicos alcançados pelas
novas geotecnologias — entre as quais o monito-
ramentoporimagensdesatéliteseogeoprocessa-
mento — possibilitam aos países do hemisfério
norte prever e controlar a extensão dos estragos
provocados pelas grandes catástrofes naturais.
(64) A concepção de “natureza”, na abordagem geo-
gráfica contemporânea, assume uma posição
privilegiada, como agente determinante inexorá-
vel da vida, ou seja, todos os mecanismos gera-
dores do ambiente são responsáveis pela adap-
tação, ou não, do homem a uma região.
2. SE (UFU-MG) A Geografia se expressou e se expressa
a partir de um conjunto de conceitos que, por vezes,
são considerados erroneamente como equivalentes,
a exemplo do uso do conceito de espaço geográfico
como equivalente ao de paisagem, entre outros.
Considerando os conceitos de espaço geográfico, pai-
sagem, território e lugar, assinale a alternativa incor-
reta.
a) A paisagem geográfica é a parte visível do espaço
e pode ser descrita a partir dos elementos ou dos
objetos que a compõem. A paisagem é formada
apenas por elementos naturais; quando os ele-
mentos humanos e sociais passam a integrar a
paisagem, ela se torna sinônimo de espaço geo-
gráfico.
b) O espaço geográfico é (re)construído pelas socieda-
des humanas ao longo do tempo, através do traba-
lho. Para tanto, as sociedades utilizam técnicas de
que dispõem segundo o momento histórico que
vivem, suas crenças e valores, normas e interesses
econômicos. Assim, pode-se afirmar que o espaço
geográfico é um produto social e histórico.
c) O lugar é concebido como uma forma de tratamen-
to geográfico do mundo vivido, pois é a parte do
espaço onde vivemos, ou seja, é o espaço onde mo-
ramos, trabalhamos e estudamos, onde estabele-
cemos vínculos afetivos.
d) Historicamente, a concepção de território associa-se
à ideia de natureza e sociedade configuradas por
um limite de extensão do poder. A categoria terri-
tório possui uma relação estreita com a de paisa-
gem e pode ser considerada como um conjunto de
paisagens contido pelos limites políticos e adminis-
trativos de uma cidade, estado ou país.
Reprodução/Prova
UFBA
atenção!
Não escreva no seu livro!
Um pouco de teoria da Geografia 23
3. S (UFRGS-RS) Leia a letra da canção Ora bolas, de Pau-
lo Tatit e Edith Derdyk.
Oi, oi, oi,
Olha aquela bola,
A bola pula bem no pé,
No pé do menino.
Esse menino é meu vizinho.
Onde ele mora?
Mora lá naquela casa.
Onde está a casa?
A casa tá na rua.
Onde está a rua?
Tá dentro da cidade.
Onde está a cidade?
Tá do lado da floresta.
Onde é a floresta?
A floresta é no Brasil.
Onde está o Brasil?
Tá na América do Sul,
No continente Americano cercado de oceano
E das terras mais distantes,
De todo o planeta.
E como que é o planeta?
O planeta é uma bola,
Que rebola lá no céu.
Oi, oi, oi,
Olha aquela bola.
TATIT, Paulo. Ora bolas. Canções de brincar.
São Paulo: Palavra Cantada, 1996. 1 CD-ROM.
A canção aborda uma temática importante para com-
preender a produção do espaço geográfico e essa te-
mática pode ser definida como
a) migração intraurbana.
b) diferentes níveis de escala geográfica.
c) transformações na paisagem natural.
d) formação do espaço urbano.
e) integração econômica no continente americano.
4. SE (UFSJ-MG)
A materialidade artificial pode ser datada, exatamente,
por intermédio das técnicas: técnicas da produção, do
transporte, da comunicação, do dinheiro, do controle, da
política e, também, técnicas da sociabilidade e da subjeti-
vidade. As técnicas são um fenômeno histórico. Por isso,é
possível identificar o momento de sua origem.Essa datação
é tanto possível à escala de um lugar quanto à escala do
mundo.Ela é também possível à escala de um país,ao con-
siderarmos o território nacional como um conjunto de
lugares.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo:
Hucitec, 1996. p. 46.
A partir do texto citado, é correto afirmar que
a) a escala matemática permite a compreensão dos
espaços nas escalas do lugar, da região, do território
nacional bem como estas se articulam.
b) o espaço possui múltiplas dimensões e a com-
preensão dos fenômenos espaciais requer um estu-
do que considere as diferentes escalas geográficas.
c) os fenômenos mundiais se sobrepõem e definem
a cultura do lugar, que, com a globalização, perdeu
sua importância.
d) as paisagens humanas que compõem o território,
em uma sociedade globalizada, tendem a inviabili-
zar os fluxos de ideias, pessoas e mercadorias.
5. S (UEM-PR) Espaço, lugar, território e paisagem cons-
tituem conceitos dos estudos geográficos. Sobre o
significado desses termos para a Geografia, assinale
o que for correto.
01) O território constitui para a Geografia apenas o
domínio político de um Estado dentro de um de-
terminado espaço geográfico. Território e espaço,
portanto, têm exatamente o mesmo significado.
02) O espaço geográfico, ou simplesmente espaço, é
analisado levando em conta os lugares, as regiões,
os territórios e as paisagens.
04) Tudo aquilo que vemos e que nossa visão alcan-
ça é a paisagem. A dimensão da paisagem é a
dimensão da percepção, o que chega aos nossos
sentidos.
08) A paisagem é o conjunto das formas construídas
pelo homem moderno em função de recursos
tecnológicos. O espaço é composto por essas
formas e pela vida que as anima. Portanto, pai-
sagem e espaço são sinônimos, têm o mesmo
significado.
16) O lugar é um espaço produzido ao longo de um
determinado tempo. Apresenta singularidades, é
carregado de simbolismo e agrega ideias e senti-
dos produzidos por aqueles que o habitam.
6. SE (Unimontes-MG) Considerando as relações de
afetividade e identidade que as pessoas passam
a estabelecer através de vivências e vínculos cria-
dos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998)
entendem que essa categoria geográfica permite
que ocorra a comunicação entre o homem e o
mundo. O texto faz referência a qual categoria
geográfica?
a) Lugar.
b) Região.
c) Território.
d) Espaço.
7. NE (UEPB) A figura mostra o muro que separa o Mé-
xico dos Estados Unidos nas proximidades de Tijuana.
Assinale a alternativa que traz a categoria geográfica
que melhor explica a presença desse elemento de se-
paração entre os dois países.
a) Paisagem, por ser um elemento geográfico que es-
tá ao alcance visual da população desses países.
b) Espaço, pois explica as relações sociedade/natureza
e as contradições presentes na construção históri-
ca desses dois países.
c) Território, pois estabelece a linha divisória de apro-
priação e delimitação dos poderes entre duas na-
ções.
d) Lugar, pois representa o zelo e a necessidade de
preservação do povo americano pelo país ao qual
pertence, vive suas relações cotidianas e dedica o
sentimento patriótico.
e) Região, pois a cidade de Tijuana é o mais importan-
te centro metropolitano de influência na região de
fronteira entre o México e os Estados Unidos.
8. SE (Unesp-SP) Observe as figuras.
Questão
Adaptado de: GIOMETTI, Analúcia et al. (Org.). Pedagogia cidadã: ensino de Geografia. 2006.
Passado Presente
Imagens:
Reprodução/Unesp-SP
,
2007.
Faça uma análise espaço-temporal da paisagem, identificando quatro transformações feitas pelo homem.
Foto disponível em:
<http://dignidaderebelde.blogspot.
com/2009/03/o-muro-da-vergonha.html>.
Acesso em: 29 jul. 2014.
Reprodução/UEPB-PB,
2010.
atenção!
Não escreva no seu livro!
24 Introdução
Caiu no Enem
1. No dia 1o
de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro
tornou-se a primeira do mundo a receber o título da
UnescodePatrimônioMundialcomoPaisagemCultural.
A candidatura,apresentada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan),foi aprovada duran-
te a 36a
Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial.
O presidente do Iphan explicou que“a paisagem carioca
é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civi-
lização brasileira,com sua originalidade,desafios,contradi-
ções e possibilidades”. A partir de agora,os locais da cidade
valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações in-
tegradas visando à preservação da sua paisagem cultural.
Disponível em: <www.cultura.gov.br>.
Acesso em: 7 mar. 2013. (Adaptado.)
O reconhecimento da paisagem em questão como
patrimônio mundial deriva da
a) presença do corpo artístico local.
b) imagem internacional da metrópole.
c) herança de prédios da ex-capital do país.
d) diversidade de culturas presente na cidade.
e) relação sociedade-natureza de caráter singular.
2. Os últimos séculos marcam,para a atividade agrícola,com a
humanização e a mecanização do espaço geográfico, uma
considerávelmudançaemtermosdeprodutividade:chegou-
-se,recentemente,à constituição de um meio técnico-cientí-
fico-informacional,característiconãoapenasdavidaurbana,
mas também do mundo rural, tanto nos países avançados
como nas regiões mais desenvolvidas dos países pobres.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único
à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
A modernização da agricultura está associada ao de-
senvolvimento científico e tecnológico do processo
produtivo em diferentes países. Ao considerar as novas
relações tecnológicas no campo, verifica-se que a
a) introdução de tecnologia equilibrou o desenvolvi-
mento econômico entre o campo e a cidade, refle-
tindo diretamente na humanização do espaço
geográfico nos países mais pobres.
b) tecnificação do espaço geográfico marca o mode-
lo produtivo dos países ricos, uma vez que preten-
dem transferir gradativamente as unidades indus-
triais para o espaço rural.
c) construção de uma infraestrutura científica e tec-
nológica promoveu um conjunto de relações que
geraram novas interações socioespaciais entre o
campo e a cidade.
d) aquisição de máquinas e implementos industriais,
incorporados ao campo, proporcionou o aumento
da produtividade, libertando o campo da subordi-
nação à cidade.
e) incorporação de novos elementos produtivos
oriundos da atividade rural resultou em uma rela-
ção com a cadeia produtiva industrial, subordinan-
do a cidade ao campo.
3. Ninguém vive sem ocupar espaço, sem respirar, sem ali-
mentar-se,sem ter um teto para abrigar-se e,na Moderni-
dade, sem o que se incorporou na vida cotidiana: luz, tele-
fone, televisão, rádio, refrigeração dos alimentos, etc.
A humanidade não vive sem ocupar espaço,sem utilizar-se
cada vez mais intensamente das riquezas naturais que são
apropriadas privadamente.
RODRIGUES, A. M. Desenvolvimento sustentável: dos conflitos de
classes para os conflitos de gerações. In: SILVA. J. B. et al. (Org.). Panorama
da Geografia brasileira. São Paulo: Annablume, 2006 (fragmento).
O texto defende que duas mudanças provocadas pe-
la ação humana na Modernidade são:
a) aalteraçãonomododevidadascomunidadeseade-
limitação dos problemas ambientais em escala local.
b) o surgimento de novas formas de apropriação dos
territórioseautilizaçãopúblicadosrecursosnaturais.
c) a incorporação de novas tecnologias no processo
produtivo e a aceleração dos problemas ambientais.
d) o aumento do consumo de bens e mercadorias e a
utilização de mão de obra nas unidades produtivas.
e) o esgotamento das reservas naturais e a desacele-
ração da produção de bens de consumo humano.
4. Dubai é uma cidade-estado planejada para estarrecer os vi-
sitantes. São tamanhos e formatos grandiosos, em hotéis e
centros comerciais reluzentes, numa colagem de estilos e
atrações que parece testar diariamente os limites da arqui-
teturavoltadaparaolazer.OmaiorshoppingdotórridoOrien-
te Médio abriga uma pista de esqui, a orla do Golfo Pérsico
ganha milionárias ilhas artificiais,o centro financeiro anun-
cia para breve a torre mais alta do mundo (a Burj Dubai) e
tem ainda o projeto de um campo de golfe coberto! Coberto
e refrigerado,para usar com sol e chuva,inverno e verão.
Disponível em: <http://viagem.uol.com.br>.
Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).
No texto, são descritas algumas características da
paisagem de uma cidade do Oriente Médio. Essas ca-
racterísticas descritas são resultado do(a)
a) criação de territórios políticos estratégicos.
b) preocupação ambiental pautada em decisões go-
vernamentais.
c) utilizaçãodetecnologiaparatransformaçãodoespaço.
d) demanda advinda da extração local de combustí-
veis fósseis.
e) emprego de recursos públicos na redução de desi-
gualdades sociais.
atenção!
Não escreva no seu livro!
Um pouco de teoria da Geografia 25
1
U
NIDADE
26
Fundamentos de
Cartografia
Você já utilizou um GPS ou um mapa digital? Sabia que esses
recursos tecnológicos contribuíram bastante para o aperfei-
çoamento e popularização da Cartografia, disciplina encarre-
gada de produzir mapas, plantas e outros produtos cartográfi-
cos que representam a superfície terrestre ou parte dela?
Muitas vezes não nos damos conta de como a Cartografia está
presente em nosso cotidiano: no celular, na internet, no jornal,
na televisão, no guia de ruas, na planta do metrô, etc.; pense
em algumas situações diárias em que você a utiliza.
Agora, vamos conhecê-la melhor? Como a Cartografia vai nos
ajudar muito no estudo de diversos temas da Geografia e nos
orientar em nossa viagem de descoberta dos conhecimentos
geográficos, vamos estudá-la logo no início.
26
Constelação do Cruzeiro do Sul.
27
Luke Dodd/Science Photo Library/Latinstock
Planeta Terra:
coordenadas,
movimentos e
fusos hor‡rios
CAPÍTULO
1
Constelação do Cruzeiro do Sul.
27
N
a tirinha, Calvin e Haroldo estão nos Estados Unidos e planejam ir a
Yukon, um território localizado no noroeste do Canadá. Para ir até lá,
saindo do estado de Washington, por exemplo, é necessário atravessar
toda a província canadense da Colúmbia Britânica, ou seja, cerca de 1 500 qui-
lômetros em linha reta, e bem mais que isso indo de carro. Eles consultaram
um globo terrestre para terem uma ideia da distância e do tempo de viagem.
Será que foi uma boa opção?
Situar-se no espaço geográfico sempre foi uma preocupação dos grupos
humanos. Nos primórdios, isso acontecia em virtude da necessidade de se
deslocar para encontrar abrigo e alimentos. Com o passar do tempo, as socie-
dades se tornaram mais complexas e surgiram muitas outras necessidades.
Isso explica a crescente importância da Cartografia.
Além das tradicionais representações cartográficas feitas em papel, já po-
demos utilizar sistemas de mapas digitais; para nos orientarmos na cidade ou
na estrada, é possível usar aparelhos GPS (Sistema de Posicionamento Global).
É importante também nos situarmos no tempo em relação às horas e às
estações do ano, o que suscita perguntas como: “Se aqui são 15 horas, que
horas serão em Londres? E em Nova York?”;
“Por que todo ano o governo implanta o
horário de verão?”. Para respon-
der a essas e a outras per-
guntas, precisamos estu-
dar os movimentos da
Terra, as estações do
ano, as coordenadas
geográficas, os fusos
horários. É o que fare-
mos a seguir.
©2010
Bill
Watterson/Dist.
by
Atlantic
Syndication/Universal
Uclick
Cartografia: segundo a
Associação Cartográfica
Internacional, Cartografia
é a “disciplina que trata da
concepção, produção, dis-
seminação e estudo de
mapas”. Para FraserTaylor,
cartógrafo da Universida-
de Carleton (Canadá), é a
“disciplina que trata da
organização, apresenta-
ção, comunicação e utili-
zação da geoinformação
nas formas gráficas, digi-
tal ou tátil, incluindo todos
os processos, desde o tra-
tamento dos dados até o
uso final na criação de
mapas e produtos relacio-
nados com a informação
espacial”.
WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: Yukon ho! São Paulo: Conrad, 2008. p. 56.
Capítulo 1
28
1 Formas de orientação
O ser humano sempre necessitou de referências para se orientar no
espaço geográfico: um rio, um morro, uma igreja, um edifício, à direita,
à esquerda, acima, abaixo, etc. Mas, para ter referências um pouco mais
precisas, inventou os pontos cardeais e colaterais, como mostra a figu-
ra ao lado.
A rosa dos ventos indica os pontos cardeais e colaterais e aparece
no mostrador da bússola, que tem uma agulha sempre apontando pa-
ra o norte magnético (veja a foto abaixo).
O uso da bússola associada à rosa dos ventos permite encontrar
rumos em mapas, desde que ambos estejam com a direção norte apon-
tada corretamente. Assim, o usuário pode encontrar os outros pontos
cardeais e os colaterais, orientando-se no espaço geográfico.
Atualmente, com o avanço tecnológico, é muito mais preciso se
orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús-
sola nem de um aparelho GPS, é possível se orientar de
forma aproximada no espaço geográfico? Sim, é
possível. Leia o texto a seguir para entender
como se faz isso.
A bússola foi inventada pelos chineses
provavelmente no século I, porém só foi
utilizada no século XIII em embarcações
venezianas. A partir do século XV, foi
fundamental para orientar os marinheiros
nas Grandes Navegações.
A rosa dos ventos possibilita encontrar a
direção de qualquer ponto da linha do
horizonte (numa abrangência de 360°).
O nome foi criado no século XV por
navegadores do mar Mediterrâneo em
associação aos ventos que impulsionavam
suas embarcações.
Orientação pelo Sol
Um dos aspectos mais importantes para a utilização eficaz
e satisfatória de um mapa diz respeito ao sistema de orien-
tação empregado por ele. O verbo orientar está relacionado
com a busca do oriente, palavra de origem latina que signi-
fica ‘nascente’. Assim, o “nascer” do sol, nessa posição, rela-
ciona-se à direção (ou sentido) leste, ou seja, ao oriente.
Possivelmente, o emprego dessa convenção está ligado a
um dos mais antigos métodos de orientação conhecidos. Esse
método se baseia em estendermos nossa mão direita [braço di-
reito] na direção do nascer do sol, apontando, assim, para a direção
leste ou oriental;o braço esquerdo esticado,consequentemente,se pro-
longará na direção oposta, oeste ou ocidental; e a nossa fronte estará
voltada para o norte, na direção setentrional ou boreal. Finalmente, as
costas indicarão a direção do sul, meridional, ou ainda, austral. A repre-
sentação dos pontos cardeais se faz por leste (E ou L); oeste (W ou O);
norte (N); e sul (S). A figura apresenta essa forma de orientação.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. p. 34-35.
Outras leituras
esquerda
Norte
Oeste Leste
esquerda direita
Sul
O Sol nasce.
O Sol se põe.
Segundo Fitz, “deve-se tomar
cuidado ao fazer uso dessa
maneira de representação, já que,
dependendo da posição
latitudinal do observador, nem
sempre o Sol estará exatamente
na direção leste”.
Pontos cardeais: N, E, S, W
Pontos colaterais: NE, SE, SW, NW
Organizado pelos autores.
Sul
Leste
Noroeste
(NW)
Oeste
Nordeste
(NE)
Sudeste
(SE)
Sudoeste
(SW)
Norte
N
W E
S
A bússola foi inventada pelos chineses
provavelmente no século I, porém só foi
utilizada no século XIII em embarcações
venezianas. A partir do século XV, foi
fundamental para orientar os marinheiros
nas Grandes Navegações.
orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús-
sola nem de um aparelho GPS, é possível se orientar de
forma aproximada no espaço geográfico? Sim, é
possível. Leia o texto a seguir para entender
cardeais e os colaterais, orientando-se no espaço geográfico.
Atualmente, com o avanço tecnológico, é muito mais preciso se
orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús-
A bússola foi inventada pelos chineses
navegadores do mar Mediterrâneo em
associação aos ventos que impulsionavam
suas embarcações.
orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús-
sola nem de um aparelho GPS, é possível se orientar de
forma aproximada no espaço geográfico? Sim, é
A bússola foi inventada pelos chineses
provavelmente no século I, porém só foi
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Paulo Manzi/Arquivo da editora. Organizado pelos autores.
Banco
de
imagens/Arquivo
da
editora
Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 29
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul.”
Gilberto Gil (1942), cantor e compositor.
Você já percebeu que, quando uma pessoa está
perdida em algum lugar, costuma-se dizer que ela está
“desnorteada” (perdeu o norte) ou “desorientada”1
(per-
deu o oriente)? Perceba que tanto o verbo “orientar”
como o substantivo “orientação” derivam da palavra
“oriente”.
Além da orientação pelo Sol, como mostra o tex-
to da página anterior, é possível orientar-se também
pelas estrelas. Você sabia que o Cruzeiro do Sul,
mostrado na foto de abertura deste capítulo, é utili-
zado como uma forma de orientação? A canção
“Oriente”, de Gilberto Gil, sugere isso. Presente no
álbum Expresso 2222, de 1972, os versos acima foram
compostos pelo artista na Espanha. A letra dessa mú-
sica simboliza a saudade que Gilberto Gil sentia do
Brasil. Nela, o Cruzeiro do Sul adquire uma conotação
mais ampla: a da busca pela redescoberta de sua dis-
tante terra natal. Leia o texto a seguir.
Para saber mais
Orientação pelas estrelas
À noite, no hemisfério meridional, é possível en-
contrar a direção sul aproximada observando a cons-
telação do Cruzeiro do Sul. Para isso, é necessário pro-
longar 4,5 vezes o tamanho do braço maior dessa
constelação e, a partir deste ponto, traçar uma perpen-
dicular em direção ao horizonte, como se pode ver na
ilustração ao lado. Mas isso só vale para o hemisfério
meridional, onde o Cruzeiro do Sul pode ser observado.
No hemisfério boreal, para encontrar a direção
norte aproximada, basta localizar a estrela Polaris (tam-
bém chamada de Polar ou do Norte) e projetá-la no
horizonte: às costas do observador estará o sul; à di-
reita, o leste, e à esquerda, o oeste. Essa estrela encon-
tra-se no firmamento num ponto sobre o polo norte,
como se fosse uma extensão do eixo da Terra; por isso,
aos nossos olhos permanece fixa no céu. A Polaris é a
estrela mais brilhante da constelação de Ursa Menor
e pode ser facilmente observada. Por séculos, orientou
os navegantes no hemisfério norte (ela só pode ser
vista daí), antes da invenção de instrumentos que dis-
pensam a observação do céu.
O Cruzeiro do Sul está representado em bandeiras
nacionais de diversos países meridionais, como o Brasil,
a Austrália e Papua-Nova Guiné.
Consulte o site do Centro de Divulgação
da Astronomia da USP e o da Fundação
Planetário da Cidade do Rio de Janeiro. Veja
orientações na seção Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Paulo
Manzi/Arquivo
da
editora.
Elaborada
pelos
autores.
Leste
Oeste
Sul
horizonte
polo
celeste
sul
braço
maior
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Constelação do
Cruzeiro do Sul
ponto
cardeal
sul
Norte
1 Com o passar do tempo, essas expressões, além da conotação geográfica, ganharam também um sentido figurado de cunho psicológico, como
sinônimos de “confusão mental”, “perplexidade”.
Capítulo 1
30
2 Coordenadas
As coordenadas nos auxiliam na localização preci-
sa de elementos no espaço geográfico. Elas podem ser
geográficas ou alfanuméricas.
Geográficas
O globo terrestre, como podemos ver nas figuras
a seguir, pode ser dividido por uma rede de linhas ima-
ginárias que permitem localizar qualquer ponto em sua
superfície. Essas linhas determinam dois tipos de coor-
denadas: a latitude e a longitude, que em conjunto são
chamadas de coordenadas geográficas. Num plano
cartesiano, como você já deve ter aprendido ao estudar
Matemática, a localização de um ponto é determinada
pelo cruzamento das coordenadas x e y; numa esfera,
o processo é semelhante, mas as coordenadas são me-
didas em graus.
As coordenadas geográficas funcionam como “en-
dereços” de qualquer localidade do planeta. O equador
corresponde ao círculo máximo da esfera, traçado num
plano perpendicular ao eixo terrestre, e determina a
divisão do globo em dois hemisférios (do grego hemi,
‘metade’, e sphaera, ‘esfera’): o norte e o sul. A partir do
equador, podemos traçar círculos paralelos que, à me-
dida que se afastam para o norte ou para o sul, dimi-
nuem de diâmetro. A latitude é a distância em graus
desses círculos, chamados paralelos, em relação ao
equador, e varia de 0° a 90° tanto para o norte (N) quan-
to para o sul (S).
O trópico de Câncer e o trópico de Capricórnio são
linhas imaginárias situadas à latitude aproximada de
23° N e de 23° S, respectivamente. Os círculos polares
também são linhas imaginárias, situadas à latitude apro-
ximada de 66° N e de 66° S.
Na figura, o círculo polar Antár-
tico não aparece por causa da
posição da representação
da Terra.
Conhecer apenas a latitude de um ponto, porém,
não é suficiente para localizá-lo. Se procurarmos, por
exemplo, um ponto 20° ao sul do equador, encontrare-
mos não apenas um, mas infinitos pontos situados ao
longo do paralelo 20° S. Por isso, é necessária uma se-
gunda coordenada que nos permita localizar um de-
terminado ponto.
Para determinar a segunda coordenada, a longi-
tude, foram traçadas linhas que cruzam os paralelos
perpendicularmente. Essas linhas, que também cru-
zam o equador, são denominadas meridianos (do la-
tim meridiánus, ‘de meio-dia, relativo ao meio-dia’).
Observe na figura a seguir que os meridianos são
semicircunferências que têm o mesmo tamanho e
convergem para os polos.
Como referência, convencionou-se internacional-
mente adotar como meridiano 0° o que passa pelo
Observatório Real de Greenwich, nas proximidades
de Londres (Inglaterra), e o meridiano oposto, a 180°,
ser chamado de “antimeridiano”. Esses meridianos
dividem a Terra em dois hemisférios: ocidental, a
oeste de Greenwich, e oriental, a leste. Assim, os de-
mais meridianos podem ser identificados por sua
distância, medida em graus, ao meridiano de
Greenwich. Essa distância é a longitude, e varia de
0° a 180° tanto para leste (E) quanto para oeste (W).
Paralelos (latitudes)
Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World.
3rd
 ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 8.
Reprodução sem escala.
Meridianos (longitudes)
Banco
de
imagens/Arquivo
da
editora
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30°
E
45°
E
60°
E
75°
E
Na figura, o círculo polar Antár-
tico não aparece por causa da
posição da representação
Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World.
3
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Equador
Círculo Polar Ártico
60° N
75° N
Polo Norte
45° S
45° N
30° N
15° N
0°
15° S
30° S
Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 31
Adaptado de: NATIONAL
Geographic Student Atlas of
the World. 3rd
ed. Washington,
D.C.: National Geographic
Society, 2009. p. 8.
Reprodução sem escala.
Banco de imagens/Arquivo da edito
r
a
Se procurarmos, por exemplo, um ponto de coorde-
nadas 51° N e 0°, será fácil encontrá-lo: estará no cruza-
mento do paralelo 51° N com o meridiano 0°. Consultan-
do um mapa, verificaremos que esse ponto está muito
próximo do Observatório de Greenwich, na Inglaterra.
Danita
Delimont/Gallo
Images/Getty
Images
Observatório Real de Greenwich, nas
proximidades de Londres (Reino Unido),
em foto de 2012. Os turistas costumam
tirar fotografias com um pé no
hemisfério ocidental e outro no
hemisfério oriental. No detalhe, a linha
do meridiano 0° traçada nas
dependências desse observatório.
No chão, há a identificação da longitude
de diversas cidades.
Para localizar com exatidão um ponto no território,
indicam-se as medidas em graus (o
), minutos (’) e se-
gundos (”). As coordenadas geográficas do Observató-
rio de Greenwich, por exemplo, são 51°28’38’’ N e
0°00’00’’. Perceba que sem a latitude, identificamos
o meridiano de Greenwich, mas não o obser-
vatório inglês que foi utilizado como referên-
cia para a definição do meridiano zero.
Oli Scarff/Getty Images
Grade de paralelos e meridianos
(coordenadas geográficas)
Adaptado de: NATIONAL
Geographic Student Atlas of
Geographic Student Atlas of
ed. Washington,
D.C.: National Geographic
Society, 2009. p. 8.
Reprodução sem escala.
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E
60°
E
75°
E
90°
E
60° N
75° N
45° S
45° N
Londres
30° N
15° N
0°
15° S
30° S
Latitude 51º 30’N
Longitude 0º
32
Alfanuméricas
Também podemos utilizar as coordenadas alfanu-
méricas para localizar algo em um mapa ou em uma
planta. Elas não são tão precisas como as coordenadas
geográficas, mas auxiliam na localização de elementos
da paisagem, como uma rua, uma praça, um teatro, uma
estação de trem ou de ônibus, num guia de uma cidade.
Se um turista quiser localizar algum desses elemen-
tos, basta consultar a lista dos principais pontos de
interesse, que aparecem em guias turísticos acompa-
nhados de sua respectiva coordenada, e localizá-los na
planta turística da cidade. Imagine que você é esse tu-
rista e quer visitar o Teatro Municipal, na praça Ramos
de Azevedo, em São Paulo, além de outras atrações
interessantes próximas dali. Veja suas coordenadas e
localize-o na planta urbana a seguir.
Adaptado
de:
SÃO
PAULO
TURISMO
S.A.
(SPTURIS).
Mapas:
principais
atrações,
2012.
Disponível
em:
<www.spturis.com/
download/arquivos/folder-mapas-v11.pdf>.
Acesso
em:
6
set.
2015.
Reprodução/SEMPLA, São Paulo, SP
.
Trecho do centro histórico da cidade de São Paulo (SP),
em foto de 2012. Em primeiro plano aparece o viaduto
do Chá, que cruza o vale do Anhangabaú; ao fundo, o
Teatro Municipal e, à sua frente, a praça
Ramos de Azevedo.
0 150 m
Rubens
Chaves/Acervo
do
fotógrafo
Planta turística do centro de São Paulo (SP)
PrinciPais atrações
1 Basílica e Mosteiro de São Bento C3
2 Biblioteca Mário de Andrade B4
3 Bolsa de Mercadorias e Futuros BM&F C3
4 Bolsa de Valores de São Paulo
(Espaço Bovespa) C3
5 Catedral Metropolitana da Sé C4
6 Casa no
1 D4
7 Centro Cultural Banco do Brasil C4
8 CIT (Central de Informações Turísticas) Olido C3
9 Conjunto Cultural da Caixa D4
10 Edifício Altino Arantes (Torre do Banespa) C3
11 Edifício Copan B4
12 Edifício Caetano de Campos B3
13 Edifício Itália (terraço com vista panorâmica) B3
14 Edifício Martinelli C3
15 Estação e Jardim da Luz C1
16 Estação Júlio Prestes B1
17 Estação Pinacoteca C1
18 Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo (USP) – Largo São Francisco C4
19 Monumento Fonte dos Desejos C3
20 Galeria do Rock B3
21 Galeria Olido C3
22 Monumento Glória Imortal aos Fundadores
de São Paulo D4
23 Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo E1
24 Marco Zero – Praça da Sé D4
25 Mercado Municipal D2
26 Monumento Duque de Caxias B2
27 Mosteiro da Luz / Museu de Arte Sacra D1
28 Museu Anchieta D4
29 Museu da Cidade – Solar da Marquesa D4
30 Museu da Língua Portuguesa C1
31 Museu do Teatro Municipal B3
32 N. Sra. da Consolação (Igreja) A4
33 N. Sra. do Rosário dos Homens Pretos (Igreja) C3
34 O Beijo (estátua instalada no largo
São Francisco) C4
35 Ordem Terceira de São Francisco (Igreja) C4
36 Ordem Terceira do Carmo (Igreja) D4
37 Palácio da Justiça D4
38 Palácio das Indústrias – Catavento E3
39 Palácio do Anhangabaú (Ed. Matarazzo) –
Prefeitura C4
40 Pateo do Collegio D4
41 Pinacoteca do Estado C1
42 Pirâmide dos Piques (Obelisco)
(instalada no largo da Memória) B4
43 Sala São Paulo B1
44 Largo Santa Ifigênia C2
45 Santo Antônio (Igreja) C4
46 Sebos (entre a rua 24 de maio e a av. São João) B3
47 Shopping Light C4
48 Teatro Municipal C3
49 Viaduto do Chá C4
50 Viaduto Santa Ifigênia C3
Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 33
3 Movimentos da Terra e estações do ano
Não se sabe exatamente quando o ser humano
descobriu que a Terra é esférica. Os antigos gregos,
observando a sombra da Terra sobre a Lua durante os
eclipses, já tinham certeza da esfericidade de nosso
planeta. O desaparecimento progressivo das embarca-
ções que se distanciavam no horizonte do mar também
fornecia argumentos aos defensores dessa ideia.
Eratóstenes, astrônomo e matemático grego, foi o
primeiro a calcular, há mais de 2 mil anos, com precisão,
a circunferência da Terra. A diferença entre a circunfe-
rência calculada por Eratóstenes (40 000 quilômetros)
e a determinada hoje, com o auxílio de métodos muito
mais precisos (40 075 quilômetros, no equador), como
se vê, é bem pequena.
A esfericidade do planeta é responsável pela exis-
tência das diferentes zonas climáticas (polares, tempe-
radas e tropicais), pois os raios solares atingem a Terra
com diferentes inclinações e intensidades. Próximo ao
equador, os raios solares incidem perpendicularmente
sobre a superfície, porém, quanto mais nos afastamos
dessa linha, mais inclinada é essa incidência. Consequen-
temente, a mesma quantidade de energia se distribui
por uma área cada vez maior, diminuindo, portanto, sua
intensidade. Esse fato torna as temperaturas progressi-
vamente mais baixas à medida que nos aproximamos
dos polos (observe a incidência de raios solares na Terra
no infográfico das páginas 36 e 37).
O eixo da Terra é inclinado em relação ao plano de
sua órbita ao redor do Sol (movimento de translação).
Uma consequência desse fato é a ocorrência das esta-
ções do ano, conforme se pode ver no infográfico das
páginas 36 e 37.
Em 21 ou 22 de dezembro (a data e a hora de início
das estações variam de um ano para outro, conforme
mostra a tabela na página ao lado), o hemisfério sul
recebe os raios solares perpendicularmente ao trópico
de Capricórnio; dizemos, então, que está ocorrendo o
solstício de verão. O solstício (do latim solstitium, ‘Sol
estacionário’) define o momento do ano em que os
raios solares incidem perpendicularmente ao trópico
de Capricórnio, dando início ao verão no hemisfério sul.
Depois de incidir nessa posição, parecendo estacionar
por um momento, o Sol inicia seu movimento aparen-
te (visto da Terra parece que é o Sol que se movimenta)
em direção ao norte. Esse mesmo instante marca o
solstício de inverno no hemisfério norte, onde os raios
estão incidindo com inclinação máxima.
Seis meses mais tarde, em 20 ou 21 de junho, quan-
do metade do movimento de translação já se comple-
tou, as posições se invertem: o trópico de Câncer passa
a receber os raios solares perpendicularmente (solstí-
cio), dando início ao verão no hemisfério norte e ao
inverno no hemisfério sul (observe a figura sobre a
variação da insolação ao longo do ano no infográfico
das páginas 36 e 37).
Em 20 ou 21 de março e em 22 ou 23 de setembro,
os raios solares incidem sobre a superfície terrestre
perpendicularmente ao equador. Dizemos então que
estão ocorrendo os equinócios (do latim aequinoctium,
‘igualdade dos dias e das noites’), ou seja, os hemis-
férios estão iluminados por igual. No mês de março
iniciam-se o outono no hemisfério sul e a primavera no
hemisfério norte; no mês de setembro, o inverso (pri-
mavera no sul e outono no norte).
Fotos: Adam Brzuszek/Shutterstock/Glow Images
Primavera Verão Outono Inverno
Árvore em Moszna (Polônia), 2010 e 2011.
34
O dia e a hora do início dos solstícios e dos equinó-
cios mudam de um ano para outro; consequentemen-
te, a duração de cada estação também varia. Consulte
na primeira tabela as datas e os horários (hora de Bra-
sília) dos solstícios e equinócios no hemisfério sul para
os anos de 2017 a 2021.
Em virtude da inclinação do eixo terrestre, os raios
solares só incidem perpendicularmente em pontos lo-
calizados entre os trópicos (a chamada zona tropical),
que, por isso, apresentam temperaturas mais elevadas.
Nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos
polares) e nas zonas polares, o Sol nunca fica a pino,
porque os raios sempre incidem obliquamente.
Outra consequência da inclinação, associada ao mo-
vimento de rotação da Terra, é a duração desigual do
dia e da noite ao longo do ano. Nos dois dias de equinó-
cio, quando os raios solares incidem perpendicularmen-
te ao equador, o dia e a noite têm 12 horas de duração
Estações do ano
Ano
Equinócio de
outono
Solstício de
inverno
Equinócio de
primavera
Solstício de
verão
Dia Hora Dia Hora Dia Hora Dia Hora
2017 20 mar. 07:29 21 jun. 01:24 22 set. 17:02 21 dez. 14:28
2018 20 mar. 13:15 21 jun. 07:07 22 set. 22:54 21 dez. 20:22
2019 20 mar. 18:58 21 jun. 12:54 23 set. 04:50 22 dez. 02:19
2020 20 mar. 00:50 20 jun. 18:43 22 set. 10:31 21 dez. 08:02
2021 20 mar. 06:37 21 jun. 00:32 22 set. 16:21 21 dez. 13:59
Adaptado de: INSTITUTO DE FÍSICA DA UFRGS. Astronomia e Astrofísica. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/sol/estacoes.htm>. Acesso em: 7 set. 2015.
em todo o planeta, com exceção dos polos, que têm 24
horas de crepúsculo. Quando é dia de solstício de verão
em um hemisfério, ocorrem o dia mais longo e a noite
mais curta do ano nessa metade da Terra; no mesmo
momento, no outro hemisfério, sob o solstício de inver-
no, acontecem a noite mais longa e o dia mais curto.
Observe a ilustração no infográfico das páginas 36 e 37.
Como é possível observar no infográfico que mostra
a variação da insolação ao longo do ano, no equador não
há variação no fotoperíodo, mas à medida que nos
afastamos dele, essa dife-
rença surge. Conforme au-
menta a latitude, tanto para
o norte como para o sul, os
dias ficam mais longos no
verão e mais curtos no inver-
no, como pode ser observa-
do na última tabela.
Crepúsculo: claridade no
céu entre o fim da noite
e o nascer do sol ou entre
o pôr do sol e a chegada
da noite.
Fotoperíodo: período em
que um ponto qualquer
da superfície terrestre
fica exposto à incidência
dos raios solares.
Duração do dia (em horas) nos solstícios dos hemisférios norte e sul
Localidade Latitude
21 dez. 2014
• inverno (norte)
• verão (sul)
21 jun. 2015
• verão (norte)
• inverno (sul)
Tromso (Noruega) 69° 40’ 00’’ N 00 h 00 24 h 00
Londres (Reino Unido) 51° 30’ 00’’ N 07 h 50 16 h 38
Tóquio (Japão) 35° 41’ 06’’ N 09 h 45 14 h 35
La Concordia (Equador) 0° 00’ 00’’ 12 h 07 12 h 07
Cidade do Cabo (África do Sul) 33° 55’ 00’’ S 14 h 25 09 h 54
PuertoWillians (Chile) 54° 55’ 59’’ S 17 h 22 07 h 11
Antártida 67° 24′ 51″ S 24 h 00 00 h 00
Adaptado de: UNITARIUM. World Time Clock. Disponível em: <http://time.unitarium.com>. Acesso em: 7 set. 2015.
Consulte o site do Observatório Astronômico Frei Rosário, da UFMG. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura, filmes e sites. Veja também, nessa seção, a indicação do livro
O ABCD da Astronomia e Astrofísica, de Jorge Horvath, e do Atlas geográfico escolar, do IBGE.
Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 35
INFOGRÁFICO
Insolação da Terra
Variação da insolação
ao longo do ano
A inclinação do eixo da Terra em relação ao plano de sua órbita
em torno do Sol determina, de um lado, dias mais longos e maior
insolação no hemisfério em que está ocorrendo o verão e, de
outro, dias mais curtos e menor insolação no hemisfério em que
está ocorrendo o inverno.
Incidência da radiação
solar na Terra
Em razão da esfericidade do planeta, uma mesma quantidade de
energia solar incide sobre áreas de tamanhos diferentes nas
proximidades do equador e dos polos. À medida que aumenta a
latitude e, portanto, a inclinação dos raios solares em relação à
superfície terrestre, a área de incidência vai se ampliando. No
esquema abaixo, pode-se observar esse fenômeno.
A
insolação é a quantidade de energia emitida pelo
Sol (radiação eletromagnética) que incide sobre a
Terra, nos provendo de luz e calor. Atinge a super-
fície terrestre de forma desigual, por causa da esfericida-
de do planeta, da inclinação de seu eixo, do movimento
de rotação – alternância dia-noite – e do movimento de
translação – alternância das estações.
20 OU 21 DE JUNHO
SOLSTêCIO
noite polar
dia polar
Hemisfério norte
início do verão
Hemisfério sul
início do inverno
0°
23°30’
66°30Õ
23°30’
66°30’
noite e dia com mesma duração
noite longa
dia curto
noite curta
dia longo
Incidência solar no
solstício de dezembro
Trópico de Câncer
Círculo Polar Ártico
Círculo Polar Antártico
Trópico de Capricórnio
Equador
As estações
Durante o movimento de translação há dois
solstícios e dois equinócios que permitem dividir o
ano em quatro estações com características
climáticas diferentes e bem definidas nas zonas
temperadas: primavera (primeiro verão), estação
amena que antecede o verão (período mais
quente), seguido pelo outono (período da colheita)
e depois inverno (período de hibernação),
associado ao frio.
Capítulo 1
36
20 OU 21 DE MARÇO
EQUINÓCIO
noite polar
dia polar
Hemisfério norte
início do inverno
Hemisfério norte
início da primavera
Hemisfério norte
início do outono
Hemisfério sul
início do verão
Hemisfério sul
início do outono
0°
0°
0°
23°30’
23°30’
23°30’
66°30’
66°30’
66°30’
23°30’
23°30’
66°30’
66°30’
66°30’
Hemisfério sul
início da primavera
noite e dia com mesma duração
noite e dia com mesma duração
noite e dia com mesma duração
noite e dia com mesma duração
noite e dia com mesma duração
noite e dia com mesma duração
noite e dia com mesma duração
dia longo
noite curta
dia curto
noite longa
23°30’
Adaptado de: OXFORD Atlas of the World. 2nd
ed. New York: Oxford University Press, 2014. p. 72. Ilustração esquemática, sem escala.
Não há proporcionalidade nos tamanhos do Sol e da Terra nem na distância entre eles.
21 OU 22 DE DEZEMBR0
SOLSTÍCIO
22 OU 23 DE SETEMBRO
EQUINÓCIO
Ilustrações: Mario Kanno/Arquivo da editora
37
Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários
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  • 2.
  • 3. Geografia - Ensino Médio Geografia Geral e do Brasil João Carlos Moreira •Eustáquio de Sene Espaço geográfico e globalização 1 João Carlos Moreira Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo Professorde Geografia das redes pública e privada de ensino por quinze anos Advogado (OAB/SP) Eustáquio de Sene Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo Professorde Geografia das redes pública e privada de Ensino Médio por quinze anos Professorde Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo por cinco anos 3ª edição São Paulo • 2016 Manual do Professor
  • 4. Diretoria editorial Lidiane Vivaldini Olo Gerência editorial Luiz Tonolli Editoria de Ciências Humanas Heloisa Pimentel Edição Rosimar Alves do Rosário, Lucas Abrami, Mariana Renó Faria (estag.) Gerência de produção editorial Ricardo de Gan Braga Arte Andréa Dellamagna (coord. de criação), Erik TS (progr. visual de capa e miolo), Claudio Faustino (coord.), Yong Lee Kim (edição), Luiza Massucato (assist.) e Lima Estúdio Gráfico (diagram.) Revisão Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Rosângela Muricy (coord.), Ana Curci, Heloísa Schiavo, Paula Teixeira de Jesus, Patrícia Travanca, Vanessa de Paula Santos, Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias) Iconografia Sílvio Kligin (superv.), Denise Durand Kremer (coord.), Carlos Luvizari, Claudia Bertolazzi e Evelyn Torrecilla (pesquisa), Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagem) Ilustrações Allmaps, A. Robson, Cassiano Röda, Douglas Galindo, Erika Onodera, José Rodrigues, Luis Moura, Luiz Iria, Mario Kanno, Osni de Oliveira, Paulo Manzi e Paulo Nilson Cartografia Alexandre Bueno, Eric Fuzii, Julio Dian, Loide Edelweiss Iizuka, Marcelo Seiji Hirata e Portal de Mapas Foto da capa: Caverna Ryusen-do, em Tohoku, Japão, 2013. JTB Photo/Universal Images Group Editorial/Getty Images Protótipos Magali Prado Direitos desta edição cedidos à Editora Scipione S.A. Avenida das Nações Unidas, 7221, 1o andar, Setor D Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902 Tel.: 4003-3061 www.scipione.com.br / atendimento@scipione.com.br 2016 ISBN 978852629913 9 (AL) ISBN 978852629914 6 (PR) Cód. da obra CL 713370 CAE 566761 (AL) / 566762 (PR) 3a edição 1a impressão Impressão e acabamento Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Moreira, João Carlos Geografia geral e do Brasil : espaço geográfico e globalização : ensino médio / João Carlos Moreira, Eustáquio de Sene. -- 3. ed. -- São Paulo : Scipione, 2016. Obra em 3 v. 1. Geografia (Ensino médio) I. Sene, Eustáquio de. II. Título. 16-02098 CDD-910.712 Índices para catálogo sistemático: 1. Geografia : Ensino médio 910.712 2
  • 5. O s meios de comunicação estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Com isso, rece- bemos diariamente uma enorme quantidade de informações via internet, televisão, rádio, jornais e revistas: crises políticas e econômicas, catástrofes naturais, problemas socioam- bientais, desigualdades sociais, guerras, migrações, novas tecnologias, entre muitos outros temas. O processo de globalização tem seus alicerces ancorados na revolução técnico-científica e na modernização dos sistemas de transportes e telecomunicações, que “encurtam” as distâncias e tornam o tempo cada vez mais “acelerado”. Dessa forma, as informações surgem e desaparecem de repente. Quando começamos a compreender determinado acontecimento, ele é esquecido – como se deixasse de existir –, e outro logo ganha destaque. Tal é a instantaneidade dos eventos que pare- ce não existir passado nem continuidade histórica. Por isso, muitas vezes, sentimo-nos impotentes diante da dificuldade de compreender o que acontece no Brasil e no mundo. Para ajudá-lo a encarar esse desafio, criamos esta coleção. Ela foi elaborada com base no vo- lume único da obra, que já está no mercado desde 1998 e passou por diversas reformulações e atualizações. O volume 1 apresenta um pouco de teoria e método da Geografia, seus conceitos mais importan- tes e um breve histórico da disciplina. Nele são abordados também os fundamentos da Cartografia, imprescindível para ler e interpretar mapas, cartas, plantas e gráficos. São ainda estudados os temas da Geografia física, com destaque para a dinâmica da natureza, sua relação com a sociedade e os crescentes desequilíbrios ecológicos. Esse volume é concluído com o estudo da legislação ambiental e das conferências internacionais sobre meio ambiente. No volume 2 são estudadas as diversas fases do capitalismo até a atual etapa informacional, marcada pela globalização em suas várias dimensões; as diferenças entre os países quanto ao de- senvolvimento humano; a ordem geopolítica e econômica internacional, assim como a inserção do Brasil nela; e os principais conflitos armados da atualidade. São também abordados os processos de industrialização dos países desenvolvidos e emergentes mais importantes; e, na última Unidade, o comércio e os serviços no mundo. Fechando a coleção, o volume 3 apresenta como principais temas o processo de industrialização, a estrutura das atividades terciárias e a evolução da política econômica no Brasil. São apresentadas também a produção, a distribuição e o consumo de energias renováveis e não renováveis no mundo e no Brasil, associando-as às condições ambientais; as características, os movimentos migratórios e a estrutura da população mundial e brasileira. O volume é concluído com a abordagem dos aspec- tos mais importantes da urbanização e da produção agropecuária no mundo e em nosso país. Esperamos ajudá-lo a compreender melhor o frenético mundo em que vivemos e auxiliá-lo a acompanhar as transformações que o moldam e o tornam diferente a cada dia, para que você possa nele atuar como pessoa e cidadão consciente. Os Autores APrESENTAçãO 3
  • 6. Sumário Síntese histórica: Breve história do pensamento geográfico ................................................ 10 1. Espaço geográfico e paisagem ......................... 12 2. Lugar ......................................................... 14 Pensando no Enem ...................................... 15 3. Território .................................................... 16 Introdução: Um pouco de teoria da Geografia Unidade 1: Fundamentos de Cartografia Unidade 2: Geografia física e meio ambiente Capítulo 5: Estrutura geológica ............ 103 Infográfico: Teoria da formação e evolução da Terra .................................................. 104 1. A formação da Terra .................................... 106 Pensando no Enem .................................... 108 Tipos de rocha, 109 2. Estrutura da Terra ...................................... 112 3. Deriva continental e tectônica de placas ......... 113 Infográfico: Tsunamis ................................ 120 4. As províncias geológicas .............................. 122 Atividades ................................................... 124 Capítulo 6: Estruturas eformas do relevo ... 125 1. Geomorfologia .......................................... 127 2. A classificação do relevo brasileiro ................. 130 Outras formas do relevo, 134 Pensando no Enem .................................... 136 3. O relevo submarino .................................... 137 4. Morfologia litorânea ................................... 139 Atividades ................................................... 142 Capítulo 1: Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários ................ 27 1. Formas de orientação ................................... 29 2. Coordenadas ............................................... 31 Geográficas, 31 • Alfanuméricas, 33 3. Movimentos da Terra e estações do ano ........... 34 Infográfico: Insolação da Terra ...................... 36 4. Fusos horários ............................................ 38 Fusos horários brasileiros, 41 Pensando no Enem ..................................... 43 5. Horário de verão ......................................... 44 Dialogando com as disciplinas: O horário de verão e os relógios biológicos.......................... 46 Atividades .................................................... 48 Capítulo 2: representações cartográficas, escalas e projeções ................................. 49 1. Representação cartográfica ............................ 51 Evolução tecnológica, 51 • Tipos de produtos cartográficos, 53 Pensando no Enem ..................................... 55 2. Escala e representação cartográfica ................ 56 3. Projeções cartográficas ................................ 60 Conformes, 60 • Equivalentes, 62 • Equidistantes, 63 • Afiláticas, 63 4. Diferentes visões do mundo .......................... 64 Atividades .................................................... 67 Capítulo 3: Mapas temáticos e gráficos .................................................. 68 1. Cartografia temática ................................... 70 2. Gráficos .................................................... 76 Atividades .................................................... 78 Capítulo 4: Tecnologias modernas utilizadas pela Cartografia ..................... 79 1. Sensoriamento remoto .................................. 81 Fotografia aérea, 83 • Imagem de satélite, 84 2. Sistemas de posicionamento e navegação por satélites .................................................... 86 3. Sistemas de informações geográficas .............. 88 Atividades ..................................................... 91 Vestibulares de Norte a Sul ................ 92 Caiu no Enem ...................................... 100 4. Região ....................................................... 17 5. Renovação metodológica ............................... 19 Atividades ..................................................... 21 Vestibulares de Norte a Sul ................ 22 Caiu no Enem ........................................ 25 4
  • 7. Capítulo 7: Solos .................................... 143 1. A formação do solo ..................................... 145 Fatores de formação dos solos, 146 2. Conservação dos solos ................................ 148 Fertilidade do solo, 150 Pensando no Enem ..................................... 151 Voçorocas, 152 • Movimentos de massa, 152 • Conservação dos solos em floresta, 153 Atividades ................................................... 154 Capítulo 8: Climas ................................... 155 1. Tempo e clima ........................................... 157 2. Fatores climáticos ...................................... 158 Latitude, 158 • Altitude, 159 • Albedo, 160 • Massas de ar, 160 • Continentalidade e maritimidade, 161 Correntes marítimas, 162 • Vegetação, 163 • Relevo, 164 3. Atributos ou elementos do clima ................... 165 Temperatura, 165 • Umidade, 165 • Pressão atmosférica, 168 Dialogando com as disciplinas: A Física por trás das mudanças climáticas .............................. 170 Pensando no Enem .................................... 173 4. Tipos de clima ........................................... 174 5. Climas no Brasil ......................................... 176 Atividades ................................................... 179 Capítulo 9: Os fenômenos climáticos e a interferência humana ..................... 180 1. Interferências humanas no clima ................... 182 O efeito estufa e o aquecimento global, 182 Redução da camada de ozônio, 183 Infográfico: Efeito estufa ............................ 184 Ilhas de calor, 186 • As chuvas ácidas, 187 Pensando no Enem .................................... 189 2. Fenômenos naturais ................................... 190 Inversão térmica, 190 • El Niño, 191 3. Principais acordos internacionais ................... 194 O Protocolo de Kyoto e o MDL, 194 • As Conferências das Partes, 196 Atividades ................................................... 197 Capítulo 10: Hidrografia ......................... 198 1. Pode faltar água doce? ............................... 200 2. As águas subterrâneas ................................ 201 O poço e a fossa, 203 Pensando no Enem ................................... 206 3. Redes de drenagem e bacias hidrográficas ....... 207 Bacias hidrográficas brasileiras, 211 Infográfico: O rompimento das barragens em Minas Gerais ........................................... 214 Atividades ................................................... 216 Capítulo 11: Biomas e formações vegetais: classificação e situação atual .............. 218 Infográfico: Cobertura vegetal original ......... 220 1. Principais características das formações vegetais ......................................................... 222 Tundra, 223 • Floresta boreal (taiga), 223 • Floresta subtropical e temperada, 223 • Floresta equatorial e tropical, 223 • Mediterrânea, 224 • Pradarias, 224 • Estepes, 224 Deserto, 224 • Savana, 225 • Vegetação de altitude, 225 2. A vegetação e os impactos do desmatamento ..................................... 226 3. Biomas e formações vegetais do Brasil ........... 230 As características das formações vegetais brasileiras, 231 Pensando no Enem ................................... 236 4. A legislação ambiental e as unidades de conservação .............................................. 237 Histórico das leis ambientais brasileiras, 237 • O Código Florestal, 240 • As unidades de conservação, 241 Pensando no Enem ................................... 243 Atividades .................................................. 244 Capítulo 12: As conferências em defesa do meio ambiente ..................... 246 Infográfico: Evolução das técnicas de transformação do espaço geográfico ............. 248 1. Interferências humanas nos ecossistemas ...... 250 2. A importância da questão ambiental .............. 251 3. A inviabilidade do modelo consumista de desenvolvimento ....................................... 252 4. Estocolmo-72 ........................................... 254 5. O desenvolvimento sustentável .................... 255 Pensando no Enem .................................... 256 6. Rio-92 ...................................................... 257 7. Rio + 10 ................................................... 258 8. Rio + 20 .................................................... 259 Dialogando com as disciplinas: Terra e propriedade.............................................. 260 Atividades .................................................. 262 Vestibulares de Norte a Sul ................. 263 Caiu no Enem .......................................... 277 Sugestões de leitura, filmes, e sites .................................................................. 283 Bibliografia ..................................................... 287 5
  • 8. Como é fácil explicar este projeto! Lembro quando fui ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa levando os visitantes ao museu completou o meu projeto." Oscar Niemeyer (1907-2012), arquiteto. 6
  • 9. Elder Vieira Salles/Shutterstock/Glow Images 7 INTRODUÇÃO Um pouco de teoria da Geografia 7 Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), em 2013. O MAC de Niterói, como é conhecido, foi projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1996. As impressões do arquiteto quando visitou o local onde o edifício seria erguido: “O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar.” (leia novamente a frase completa na página ao lado). Na realidade, ele não preservou a paisagem que encontrou e sim a modificou com sua obra.
  • 10. A o longo da História, o ser humano foi transformando gradativamente a na- tureza com o objetivo de garantir a subsistência do grupo social a que per- tencia e melhorar suas condições de vida. Com isso, o espaço geográfico foi sendo produzido, ficando cada vez mais artificializado. Pela ação do trabalho huma- no, novas técnicas foram desenvolvidas e gradativamente incorporadas ao território. De um meio natural, as sociedades avançaram para um meio cada vez mais técnico, principalmente a partir da primeira Revolução Industrial (século XVIII). Um dos pensadores que abordam a relação, no capitalismo, entre ciência e técnica é o filósofo alemão Jürgen Habermas. Ele mostra que, já no final do sécu- lo XIX, no contexto da segunda Revolução Industrial, esse sistema econômico começou a mobilizar a ciência para a criação de novas técnicas. No atual momen- to do capitalismo, em que ocorre uma revolução técnico-científica, ou revolução informacional, a ciência vem sendo ainda mais mobilizada para a criação de téc- nicas de produção e de circulação cada vez mais eficientes. A incorporação dessas técnicas ao território, com a intenção de aumentar a produtividade econômica e acelerar a circulação por redes que abrangem o espaço nacional, regional e mundial, produziu o que o geógrafo Milton Santos chamou de meio técnico-científico-in- formacional. Esse conceito busca definir o meio geográfico que dá sustentação à globalização, o atual período de expansão do capitalismo. Oca na aldeia moikarakô, na Terra Indígena Kayapó, no município de São Félix do Xingu (PA), em 2015. Esta foto mostra uma habitação que, embora construída com materiais retirados diretamente da natureza, como troncos e palmeiras, é fruto do trabalho humano e incorpora técnicas construtivas próprias dessa sociedade. Quando a comparamos com prédios de uma grande cidade, como mostra a foto das páginas 16 e 17, percebemos que as cidades também resultam da transformação da natureza pelo trabalho humano, porém com mais mediações e incorporação de técnicas modernas. Renato Soares/Pulsar Imagens Introdução 8
  • 11. Poucas áreas da superfície terrestre ainda não sofreram transformações antrópicas, e mesmo naquelas aparentemente intocadas, como muitas no interior da floresta Amazônica ou do continente antártico, o território está delimitado e sujei- to à soberania nacional ou a acordos internacionais. Portanto, mesmo em um meio natural, aparentemente intocado, existem relações políticas e econômicas que nem sempre são visíveis na paisagem. Além disso, no interior da floresta Amazônica (ou de outras florestas tropicais) existem diversas sociedades indígenas, algumas ainda iso- ladas da sociedade moderna, que, embora vivam bastante integradas ao meio natural, causam alguma transformação antrópica, produzindo, dessa forma, seu espaço. Para compreender melhor as relações sociedade-sociedade e sociedade-natu- reza materializadas no espaço geográfico, é importante estudar seus recortes con- ceituais – a paisagem, o lugar, o território e a região – e seus recortes analíticos – as escalas geográficas (as escalas cartográficas serão estudadas no Capítulo 2 deste volume). São esses conceitos-chave que dão identidade à Geografia como uma ciência humana e, ao mesmo tempo, permitem compreender o mundo sob a ótica dessa disciplina (veja o que diz sobre isso o geógrafo Roberto Lobato Corrêa). É por isso que os parâmetros curriculares do Ministério da Educação (MEC) e as propostas curriculares das Secretarias Estaduais de Educação propõem o estudo desses con- ceitos na Geografia escolar. Como toda ciência, a Geografia possui alguns conceitos-chave capazes de sintetizar a sua objetivação, isto é, o ângulo específico por meio do qual a sociedade é analisada, ângulo que confere à Geografia a sua identidade e a sua autonomia relativa no âmbito das ciências sociais. Como ciência social, a Geografia tem como objeto de estudo a sociedade, que, no entanto, é objetivada via cinco conceitos-chave que guardam entre si forte grau de parentesco, pois todos se referem à ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem, espaço, região, lugar e território. Adaptado de: CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço, um conceito-chave da Geografia. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo Cesar da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 16. Antrópico: do grego an- thropos, ‘homem’, como espécie. É nesse sentido antropológico que utiliza- remos o termo “homem” ao longo do livro. Assim, uma transformação antró- pica na natureza é provo- cada pela espécie humana vivendo em sociedade. 9
  • 12. SÍNTESE HISTÓRICA Breve história do pensamento geográfico D esde a Antiguidade, muitos pensadores elabora- ram estudos considerados geográficos, embora o conhecimento fosse disperso e desarticulado. Passaram-se séculos até esse conhecimento ser organi- zado como uma disciplina científica, mas, diferentemen- te do que muitos pensam, a Geografia escolar não é de- rivada da Geografia acadêmica. Ao contrário, foi a presença da disciplina nos currículos dos sistemas de ensino nascentes na Europa do século XIX que exigiu a criação de cursos universitários voltados para a forma- ção de professores da escola básica. No Brasil, a Geogra- fia tornou-se disciplina escolar a partir de 1837, com a fundação do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e só viria a se tornar disciplina acadêmica quase cem anos depois, com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em 1934. A primeira cátedra de Geografia foi criada na Universidade de Berlim, em 1825, e foi ocupada por Karl Ritter. Em 1870 somente três universidades alemãs ofereciam o curso de Geografia – Berlim, Breslau e Göttingen –, mas em 1890 praticamente todas as universidades do país passaram a oferecê-lo. • Fez diversas viagens exploratórias, entre as quais uma para a América do Sul e América Central (1799-1804). • Na obra Cosmos, composta de cinco volumes publicados entre 1845 e 1862 que registram anos de estudos geográficos, tentou fazer uma síntese da parte terrestre do Cosmos. 1769 - 1859 1779 - 1859 Alemanha Alemanha Retrato de Alexander von Humboldt feito por Henri Lehmann (1814-1852), coleção privada. Karl Ritter, autoria desconhecida, c. 1900. Alexander von Humboldt Karl Ritter • Analisaram a dinâmica dos fenômenos naturais. • Elaboraram descrições de paisagens. • Estudaram a relação homem-natureza. 484 a.C. - 420 a.C. Grécia Grécia Grécia Busto de Heródoto no Museu Arqueológico Nacional, Nápoles (Itália). Heródoto 63 a.C. - 24 d.C. Ilustração de Estrabão feita em 1584 por Andre Thevet, sacerdote e escritor francês. Estrabão 275 a.C. - 194 a.C. Busto de Eratóstenes, em local desconhecido. Eratóstenes • Em sua obra Sintaxe matemática e Geografia, encontram-se importantes registros geográficos, cartográficos e astronômicos. Seus conhecimentos ajudaram na produção de mapas mais precisos, fundamentais para a expansão marítima do final do século XV. c. 100 - 180 Grécia Retrato de Claudio Ptolomeu feito por Antonio Maria Crespi (1580-1630). Pinacoteca Ambrosiana, Milão (Itália). Cláudio Ptolomeu • Um dos primeiros pensadores a se preocupar com a sistematização do conhecimento geográfico. • Desenvolveu reflexões sobre os conceitos de espaço e tempo. 1724 - 1804 Alemanha Busto de Immanuel Kant feito em mármore por Friedrich Hagemann (1773-1806), Museu Hamburger Kunsthalle, Hamburgo (Alemanha). Immanuel Kant The Bridgeman Art Library/Keystone Veneranda Biblioteca Ambrosiana/De Agostini/ Glow Images The Bridgeman Art Library/Keystone The Bridgeman Art Library/Keystone The Bridgeman Art Library/Keystone The Bridgeman Art Library/Keystone bilwissedition/ akg-images/Latinstock Fundadores da Geografia como ciência, Humboldt e Ritter iniciaram a sistematização de seus fundamentos teórico-metodológicos. Introdução 10
  • 13. A institucionalização da Geografia acadêmica e escolar Primeiro curso acadêmico de Geografia A Geografia no currículo do Colégio Pedro II • A Universidade de Berlim foi criada em 1810 por Wilhelm von Humboldt, irmão de Alexander von Humboldt, e foi palco de concorridas palestras sobre sua obra Cosmos. Em homenagem aos dois, desde 1949 chama-se Universidade Humboldt de Berlim, e o perfil de seus rostos aparece no símbolo da instituição. Primeiro curso universitário de Geografia em nosso país “O Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP tem sua origem no ano de 3, na antiga subseção de Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Naquele ano, o primeiro ensino universitário de Geografia foi inaugurado com a cátedra de Geografia, sob a responsabilidade do professor Pierre Deffontaines, que veio especialmente da França para ocupá-la. Em 3, a cátedra passou para a responsabilidade do professor Pierre Monbeig.” O Departamento de Geografia. Disponível em: <www.geografia.fflch.usp.br>. Acesso em: 3 jun. 2015. 1934 Brasil • Um dos primeiros, no Brasil, a defender a renovação crítica da Geografia. • Desenvolveu a reflexão teórica da Geografia brasileira e acabou ganhando o prêmio Vautrin Lud (1994), concedido anualmente em reconhecimento ao trabalho de um eminente geógrafo. • Sua obra A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra balançou as estruturas da Geografia tradicional ao denunciá-la como instrumento ideológico a serviço de interesses políticos e econômicos dominantes. Ao mesmo tempo, indicou caminhos para a renovação crítica da disciplina. 1926 - 2001 1929 - Brasil França Milton Santos durante entrevista em São Paulo (SP), em 2000. Milton Santos Yves Lacoste • Um dos principais formuladores da Geografia. • Definiu a Geografia como ciência humana, embora na prática a tenha tratado como ciência natural. • Considerou a influência que as condições naturais exercemsobreahumanidade como um objeto de estudo da disciplina. • Seus discípulos radicalizaram suas ideias, dando origem ao “determinismo geográfico”. • Criticou o método descritivo e defendeu que a Geografia se preocupasse com a relação homem-meio. 1844 - 1904 1845 - 1918 Alemanha França Ratzel, autoria desconhecida, c. 1900. La Blache, autoria desconhecida, década de 1910. Friedrich Ratzel Paul Vidal de La Blache Alemanha Brasil Europa Século XIX 1825 1837 bilwissedition/ akg-images/Latinstock Mônica Zarattini/ Agência Estado Boyan Topaloff/Agência France-Presse Harlingue/Roger Viollet/ Agência France-Presse Reprodução/Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ. Kiev.Victor/Shutterstock/ Glow Images Cecilia Bastos/ Jornal da USP - Serviço de Comunicação Social O Imperial Colégio Pedro II, criado em 1837, passou a funcionar no antigo Seminário de São Joaquim, no Rio de Janeiro (RJ). Edifício da Universidade Humboldt, em Berlim. Foto de 2014. Prédio do Departamento de Geografia da FFLCH-USP, na Cidade Universitária, em São Paulo (SP), em 2015. Um pouco de teoria da Geografia 11
  • 14. 1 Espaço geográfico e paisagem A paisagem é a aparência da realidade geográfica, aquilo que nossa percepção auditiva, olfativa, tátil e, principalmente, visual capta. Embora as paisagens materia- lizem relações sociais, econômicas e políticas travadas entre os grupos humanos, elas nem sempre são percebidas. Desvendá-las requer observação, percepção e pesquisa, sendo esse o caminho para que o espaço produzido pelo homem seja apreendido em sua essência. Podemos dizer, então, que o espaço geográfico é formado tanto pela sociedade quanto pela paisagem permanentemente construída e reconstruída por ela. Reveja a foto que abre esta Introdução, na página 7. Repare que, embora em nos- so dia a dia a paisagem seja associada muitas vezes à natureza, ela também expressa a sociedade. Ou seja, a paisagem é composta tanto de elementos culturais, construídos pelo trabalho humano, quanto de elementos naturais, resultantes da ação dos pro- cessos da natureza. O espaço geográfico materializa todos esses elementos mais as relações humanas que se desenvolvem na vida em sociedade. Observe o mapa con- ceitual na página a seguir. Parailustraressasrelaçõeseevidenciaradiferençaentrepaisagemeespaço,Milton Santos afirmou que, se eventualmente a humanidade fosse extinta, teríamos o fim da sociedade e, consequentemente, do espaço geográfico, mas ainda assim a paisagem construída permaneceria. Apesar de didática, há um problema nessa ideia: se a huma- nidadedesaparecesse,quemchamariaapaisagemdepaisagem?Percebaqueohomem desenvolve as técnicas, cria as coisas e também os conceitos que as definem. Não é possível dissociar o trabalho, o pensamento e a linguagem, que são características in- trinsecamente humanas. Por isso, o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) afirmou em suas obras que a relação do homem com o mundo se dá mediada por fer- ramentas (trabalho) e símbolos (linguagem). Além disso, caso a humanidade deixasse de existir, com o passar do tempo as formas construídas se degradariam pela ação do intemperismo e por falta de manutenção. Ou seja, ao longo do tempo nem a paisagem resistiria ao fim da sociedade. Consulte o site de Milton Santos e o do projeto Gênesis, de Sebastião Salgado. Veja orientações na seção Sugestões de leitura, filmes e sites. Veja também a indicação dos filmes O mundo sem ninguém, Eu sou a lenda e Na natureza selvagem. Durante a Guerra Fria, os laboratórios do Pentágono chegaram a cogitar a produção de um engenho, a bomba de nêutrons, capaz de aniquilar a vida humana em uma dada área, mas preservando todas as construções. O presidente Kennedy afinal renunciou a levar a cabo esse projeto. Senão, o que na véspera seria ainda o espaço, após a temida explosão seria apenas paisagem. Não tenho melhor imagem para mostrar a diferença entre esses dois conceitos. Adaptado de: SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 85. Marcos Amend/Shutterstock/Glow Images Vista aérea de trechos da floresta Amazônica e do rio Negro no Parque Nacional de Anavilhanas (AM), 2014. Esse parque foi criado para preservar o arquipélago fluvial de Anavilhanas, assim como para permitir o estudo e a preservação desse bioma. Observe que se trata de uma paisagem natural aparentemente intocada, mas sua própria preservação é fruto da ação humana. 12
  • 15. 13 Conceitos-chave da Geografia paisagem sociedade elementos culturais da paisagem elementos naturais da paisagem elementos naturais forças da natureza trabalho humano elementos culturais natureza materializa-se nos composta de produzidos pelas produzidos pelo natural cultural composto de em relação à em associação à pode ser materializa-se nos composta de Cienpies Design/Shutterstock/Glow Images Mapa conceitual organizado pelos autores com o software Cmap Tools, desenvolvido pelo Institute for Human and Machine Cognition (IHMC). Florida, Estados Unidos, 2015. Disponível em: <http://cmap.ihmc.us/>. Acesso em: 30 dez. 2015. espaço geográfico
  • 16. 2 Lugar As pessoas vivem no lugar, por isso esse conceito é o ponto de partida para a compreensão do espaço geográfico em escala nacional, regional ou mundial. É no lugar que as pessoas se relacionam, estabelecendo laços afetivos com parentes, amigos, colegas, vizinhos e também com a paisagem. É no lugar que são construídas as relações de cooperação, embora também as de conflito. É nele, portanto, que construímos nossa identidade cultural e socioespacial. Para compreender o espaço geográfico e os conceitos dele desdobrados, preci- samos entender as relações sociais e as marcas deixadas pelos grupos humanos na paisagem dos lugares. A rigor, precisamos entender as relações próprias da nature- za, as relações próprias da sociedade e, de forma integrada, as relações entre a sociedade e a natureza. É a isso que a Geografia, como ciência, se dedica, e é por isso que estudamos essa disciplina na escola. É interessante perceber que a compreensão do espaço geográfico e de seus recortes conceituais também implica trabalhar com os recortes analíticos, isto é, com a noção de escala geográfica. Observe o mapa conceitual na página 18 e per- ceba que na compreensão socioespacial há uma correlação entre os recortes conceituais e os analíticos. Assim, as escalas geográficas podem ser: •local: exige a operacionalização do conceito de lugar, associado ao conceito de paisagem; •nacional: implica a operacionalização do conceito de território controlado pelo Estado-nação, que pode ser trabalhado também nas esferas estadual ou provincial e municipal; •regional: demanda trabalhar com o conceito de região em extensões variáveis em termos de área; •mundial: abrange todo o globo terrestre; por isso, também é chamada de esca- la global, pois permite análises socioespaciais bastante panorâmicas e integradas. Festa do Bode Rei realizada em Cabaceiras (PB), em 2013. Essa cidade do Sertão do Cariri foi cenário de mais de trinta filmes, minisséries e novelas – entre os quais O Auto da Compadecida –, por isso ficou conhecida como “Roliúde Nordestina” (veja matéria em: <http://g1.globo.com/ jornal-nacional/ noticia/2013/12/roliude- nordestina-atrai-diretores-de- cinema-por-causa-do-clima. html>. Acesso em: 4 set. 2015). Cabaceiras é um exemplo de lugar que mescla elementos locais, como a festa em homenagem ao bode, importante criação local, e elementos globais, como a referência a Hollywood, Califórnia (Estados Unidos), em virtude da vocação cinematográfica da cidade. Taiguara Rangel/Globo Comunicação e Participações S.A. Introdução 14
  • 17. Pensando no Enem parentesco, amizade, trabalho, etc. –, mas também pela relação subjetiva que cada um constrói com a paisagem local. Essa relação das pessoas com o lugar e sua paisa- gem, principalmente em momentos de festas e comemo- rações, garante o sentimento de pertencimento a que se refere o geógrafo francês Paul Claval. Por isso, é importan- te pensar que a paisagem não é apreendida apenas pela visão, embora este seja o principal sentido a apreendê-la. Quem, por exemplo, já não criou alguma ligação com a paisagem de um lugar pela contemplação de uma vista que lhe agrada, pelo cheiro do perfume de alguma flor desse lugar, pelo canto de um pássaro, pela sirene de uma fábrica ou ainda pela emoção de uma festa? Ou seja, a paisagem, assim como o lugar do qual ela é parte, possui uma dimensão concreta, feita pela natureza ou pelo tra- balho humano, e uma dimensão simbólica, feita de per- cepção individual, de subjetividade. Assim, cada pessoa percebe e vivencia a paisagem de um modo particular. Portanto, a resposta correta é a alternativa E. Esta questão trabalha com a Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades e, entre outras habilidades, com a de área H5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em dife- rentes sociedades. No texto é apresentada uma forma de integração da pai- sagem geográfica com a vida social. Nesse sentido, a pai- sagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma dimensão a) política de apropriação efetiva do espaço. b) econômica de uso de recursos do espaço. c) privada de limitação sobre a utilização do espaço. d) natural de composição por elementos físicos do espaço. e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço. Resolução A questão exige a compreensão de um conceito-chave da Geografia – a paisagem –, assim como sua percepção, sua vivência. Como vimos, o lugar, que é um recorte do espaço geográfico, é feito de suas relações sociais e sua paisa- gem. Assim, o vínculo das pessoas com um lugar é cons- truído não apenas pelas relações sociais estabelecidas – Thomaz Vita Neto/Pulsar Imagens Cavalhadas de Pirenópolis (GO), em 2012. Essa festa de origem portuguesa é uma encenação ao ar livre das batalhas entre mouros e cristãos (saiba mais em: <www.pirenopolis.tur.br/cultura/folclore/ festa-do-divino/cavalhadas/a-encenacao-das- cavalhadas>. Acesso em: 4 set. 2015). Este é um bom exemplo da integração da paisagem geográfica com a vida social e a história, criando identidades e sentido de pertencimento a um lugar, tema tratado pela questão do Enem. Thomaz Vita Neto/Pulsar Imagens Cavalhadas de Pirenópolis (GO), em 2012. Essa festa de origem portuguesa é uma encenação festa-do-divino/cavalhadas/a-encenacao-das- pertencimento a um lugar, tema tratado pela Portadora de memória,a paisagem ajuda a construir os sentimentos de pertencimento; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às comemorações. CLAVAL, P. Terra dos homens: a Geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado). 15
  • 18. 3 Territ—rio A relação entre o Estado e o espaço é central na obra Antropogeografia, a mais importante de Friedrich Ratzel. Segundo ele, a partir do momento em que uma sociedade se organiza para defender um território, transforma-se em Estado. Daí se depreende que o território é o recorte do espaço geográfico sob o controle de um poder instituído – o Estado nacional e suas esferas subnacionais. Porém, há situações em que outros agentes podem controlar um território, por exemplo, um grupo ter- rorista ou de narcotraficantes, muitas vezes, em disputa com um Estado legalmen- te constituído. Ao criticar o método descritivo e defender que a Geografia se preocupasse com a relação homem-meio, posicionando o ser humano como agente que sofre influência da natureza e que também age sobre ela, transformando-a, Paul Vidal de La Blache inaugurava uma corrente teórica conhecida como “possibilismo”, em contraposição ao “determinismo”. Ambas foram influenciadas pelo positivismo e posteriormente rotuladas de “Geografia tradicional”. A Geografia lablachiana, embora tenha avan- çado em relação à visão naturalista de Ratzel, não rompeu totalmente com ela; continuou sendo uma ciência dos lugares, não dos homens, empenhada em descre- ver os aspectos visíveis da realidade. Assim, até meados do século XX, a maioria dos geógrafos limitava-se a descrever ascaracterísticasfísicas,humanaseeconômicasdasdiversasformaçõessocioespaciais, procurando estabelecer comparações e diferenciações entre elas; e era assim que a Geografia aparecia nos materiais didáticos. Nesse período, desenvolveu-se a Geogra- fia regional, fortemente influenciada pela escola francesa, e o conceito de região ga- nhou importância na análise geográfica. A sociedade que consideramos, seja grande ou pequena, desejará sempre manter sobretudo a posse do território sobre o qual e graças ao qual ela vive. Quando esta sociedade se organiza com esse objetivo, ela se transforma em Estado. RATZEL, Friedrich. Geografia do homem (antropogeogra- fia). In: MORAES, Antonio Carlos R. Ratzel. São Paulo: Ática, 1990. p. 76. Prédios no bairro de Shinjuku, Tóquio (Japão), em 2015. Ao fundo, o monte Fuji, o mais alto do território japonês. Localizado a cerca de 100 km a sudoeste da capital, pode ser visto em dias claros. Observe que nesta paisagem aparecem elementos culturais e naturais. Metrópoles, como Tóquio, não são propriamente um lugar, e sim um conjunto de lugares nos quais a vivência diária é fragmentada. Dialogando com filosofia Positivismo: corrente filo- sófica criada pelo francês Auguste Comte (1798- -1857). Valoriza apenas a verdade positiva, isto é, concreta, objetiva. Na bus- ca de leis que expliquem a realidade, propõem a ob- servação e a pesquisa em- pírica. Há uma separação entre sujeito e objeto. 16
  • 19. 4 Região Em Geografia, a região pode ser conceituada como uma de- terminada área da superfície terrestre, com extensão variável, que apresenta características próprias e particulares que a di- ferenciam das demais. Desde então o conceito de região ficou associado à categoria particularidade e pode ser definido por diversos critérios. A região pode ser natural, quando o critério de distinção é a paisagem natural, ou geográfica, se a diferenciação for econômica, política, social ou cultural. No passado as regiões eram relativa- mente isoladas, e os estudos de Geografia re- gional eram dominantes. Atualmente, com o avanço da globalização e da sociedade informacional, em um mundo organizado em redes, as regiões se moderniza- ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões aumentaram significativamente –, o que tem reduzido o isola- mento e a diferenciação entre elas. Embora tenha um importante papel no desenvolvimento da ciência geográfica, a Geografia tradicional nos legou um ensino escolar centrado na memorização. Essa estrutura perdurou até a segunda metade do século XX, quando a descrição das paisagens, com seus fenômenos naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais eficiente e atraente pela televisão. A partir daí, os geógrafos foram obrigados a buscar novos objetos de estudo que permitissem à Geografia sobrevi- ver como disciplina escolar no ensino básico e como ramificação das ciências huma- nas em nível universitário. Região do Triângulo Mineiro (MG) Uma região geográfica tanto pode ser maior que o território de um Estado nacional, como a área abrangida pelos territórios dos países da América Latina, como pode ser menor que este, como mostra o mapa. Banco de imagens/Arquivo da editora terminada área da superfície terrestre, com extensão variável, ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões terminada área da superfície terrestre, com extensão variável, que apresenta características próprias e particulares que a di- ferenciam das demais. Desde então o conceito de região ficou e pode ser definido por , quando o critério , se avanço da globalização e da sociedade informacional, em um mundo organizado em redes, as regiões se moderniza- ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões terminada área da superfície terrestre, com extensão variável, que apresenta características próprias e particulares que a di- ferenciam das demais. Desde então o conceito de região ficou e pode ser definido por , quando o critério , se avanço da globalização e da sociedade informacional, em um mundo organizado em redes, as regiões se moderniza- ram e estabelecem cada vez mais relações entre si – as conexões Organizado pelos autores. jiratto/Shutterstock/Glow Images Triângulo Mineiro 0 165 330 km 17
  • 20. meio geográfico território lugar região Mapa conceitual organizado pelos autores com o software Cmap Tools, desenvolvido pelo Institute for Human and Machine Cognition (IHMC). Flórida, Estados Unidos, 2015. Disponível em: <http://cmap.ihmc.us>. Acesso em: 30 dez. 2015. Conceitos-chave da Geografia espaço geográfico escalas geográficas relações sociais paisagens paisagem natural meio natural meio técnico- -científico- -informacional paisagem cultural critério composto de natural geográfica analisado/ vivenciado por local regional critério nacional abriga pode ser abriga Estado nacional outros agentes sob o poder do(s) em disputa com meio técnico incorporação de técnica incorporação de ciência e técnica 18
  • 21. 5 Renova•‹o metodol—gica Como vimos, durante anos a Geografia foi influenciada pelo positivismo, mas após a Segunda Guerra Mundial começou uma renovação teórico-metodológica que atingiu inicialmente a Geografia acadêmica e depois teve desdobramentos na Geografia escolar. Uma vertente crítica da renovação foi influenciada pelo marxis- mo, e outra, conservadora, pelo neopositivismo. A vertente marxista da renovação teve como um dos pioneiros o geógrafo fran- cês Yves Lacoste, que em 1976 publicou A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Nesse livro, ele denunciou a existência da “Geografia dos Esta- dos-maiores” – a serviço do Estado e do capital, ou seja, a Geopolítica – e da “Geo- grafia dos professores” – ensinada nas salas de aula de universidades e escolas bá- sicas e materializada em trabalhos acadêmicos e manuais didáticos. Segundo Lacoste, a Geografia dos professores acabava servindo para mascarar o papel da Geopolítica e seus vínculos com os poderosos, com os interesses dominantes. No Brasil, um dos pioneiros nesse processo de renovação crítica foi o geógrafo Milton Santos, principalmente com uma de suas primeiras obras: Por uma Geografia nova, lançada em 1978. Veja imagem abaixo. Enquanto a renovação na França e no Brasil teve forte influência do pensamento de esquerda, sobretudo do marxismo (na Alemanha a maior influência veio de pensadores neomarxistas), nos Estados Unidos e no Reino Unido a contraposição à corrente tradicional foi a Geografia prag- mática ou quantitativa. Essa vertente da renovação, orientada metodo- logicamente pelo neopositivismo, condenava o atraso tecnológico da Geografia tradicional, passando a utilizar sistemas matemáticos e com- putacionais na interpretação do espaço geográfico. Essa corrente tecni- cista e utilitarista, que em geral mascarava os conflitos e as contradições sociais denunciados pelos geógrafos críticos, era uma perspectiva con- servadora, a serviço da manutenção do status quo (do latim, ‘atual esta- do das coisas’). Obtenha mais informações sobre o livro A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra na seção Sugestões de leitura, filmes e sites. Marxismo: corrente filosófica fundada pelo alemão Karl Marx (1818-1883). Como método de interpretação, tendo se baseado sobretudo nas categorias “materialismo histórico” e “luta de clas- ses”, por meio das quais enfatizava a determinação material da existência humana e a necessidade da revolução como via de transformação social, in- fluenciou a Revolução Russa de 1917. Com o tempo se constituíram correntes neomarxistas que buscaram atualizar o pensamento de Marx, como a teoria crítica, fundada na década de 1930 pelo filósofo alemão Max Horkheimer (1895- -1973) e que ficou mais conhecida como “Escola de Frankfurt”. O principal her- deiro dessa corrente de pensamento é o filósofo Jürgen Habermas (1929-). Neopositivismo: no início do século XX, um grupo de filósofos austríacos conhe- cido como “Círculo deViena”, sob a lide- rança de Rudolf Carnap (1891-1970), buscou ir além das propostas de Comte e propôs a verificação empírica e o for- malismo lógico como base da ciência. Na tentativa de unificar as ciências na- turais e humanas com base na lingua- gemdaFísica,desenvolveuoempirismo lógico, método também chamado de positivismo lógico ou neopositivismo. Re pr od uç ão /E di to ra Ed us p Re pro du ção /Ed ito ra Pa pir us Re pr od uç ão /E di to ra Ed us p Re pro du ção /Ed ito ra Pa pir us Ao lado, dois livros de autores que contribuíram para a divulgação de conceitos relacionados à Geografia e seu ensino a partir da década de 1970. Dialogando com filosofia Um pouco de teoria da Geografia 19
  • 22. O fim da União Soviética e do socialismo real reduziu a influência do marxismo nas ciências humanas, abrindo caminho para a ampliação da influência de outras correntes filosóficas na Geografia, como a fenomenologia, aumentando o leque da renovação teórico-metodológica da disciplina. Atualmente, consolida-se a certeza de que a Geografia é uma disciplina funda- mental para a compreensão do mundo contemporâneo, de seu meio geográfico e de seus problemas sociais, econômicos e ambientais. Mais do que tudo, é uma dis- ciplina crucial para a formação de cidadãos conscientes e trabalhadores mais bem preparados para a sociedade do conhecimento. Como vimos, cabe à Geografia – acadêmica e escolar – compreender as relações próprias da natureza, as relações próprias da sociedade e, de forma mais abran- gente e integrada, as relações entre a sociedade e a natureza e suas consequências socioambientais. Isso se dá, como vimos, por meio de seus próprios conceitos e, em uma perspectiva interdisciplinar, também de muitos conceitos emprestados de outras disciplinas: Filosofia, História, Sociologia, Economia, Ciência Política, Antropologia, Ecologia, Física, etc., como veremos ao longo deste livro. Fenomenologia: corrente filosóficadesenvolvidapelo alemão Edmund Husserl (1859-1938). Esse método de interpretação valoriza o sujeito e busca apreender a essência dos fenômenos por meio da consciência e da vivência; contrapondo- -se ao neopositivismo, va- loriza a intuição, a percep- ção e a subjetividade. A adoção por muitos geó- grafos dessa corrente filo- sófica, junto de outras, como o existencialismo, caracterizou a chamada Geografia humanista. Dialogando com filosofia Orientados pela professora, estudantes exploram aparelho que simula os movimentos de translação e de rotação da Terra, fundamentais para compreender, respectivamente, a sucessão das estações do ano e de dias e noites, como veremos no próximo capítulo. Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, em Sumaré (SP), em 2014. João Prudente/Pulsar Imagens Introdução 20
  • 23. Compreendendo conteúdos 1. Observe o mapa conceitual da página 13 e defina com suas palavras os conceitos de paisagem e espaço geográfico apontando suas diferenças e convergências. 2. Observe o mapa conceitual da página 18 e defina com suas palavras os conceitos de lugar, território e região. Dê um exemplo de cada. 3. Com base no que você estudou na Introdução, explique o significado de escala geográfica. Desenvolvendo habilidades 4. Com a orientação do(a) professor(a), reúna-se em grupos para o desenvolvimento das duas atividades a seguir. Primeiro, façam cada uma delas sozinhos e, depois, discutam com os colegas do grupo a fim de encontrar conver- gências ou divergências em suas respostas. Para finalizar, façam os ajustes que julgarem necessários. Agora, observem a foto das páginas 16 e 17 e leiam, a seguir, o trecho extraído do livro A natureza do espaço, de Milton Santos. Aproveitem e releiam o trecho do mesmo livro na página 12. Atividades atenção! Não escreva no seu livro! Gerson Gerloff/Pulsar Imagens a) Como o autor distinguiu os conceitos de espaço geográfico e paisagem? b) A foto das páginas 16 e 17 retrata uma paisagem e também um espaço geográfico. Que elementos indicam isso? 5. Leia, a seguir, um trecho do livro O lugar no/do mundo, de Ana Fani, professora do Departamento de Geografia da FFLCH-USP. Observe a imagem abaixo e, em seguida, responda às questões. Pessoas reunidas no distrito de Vale Vêneto, município de São João Polêsine (RS), durante a realização da XXX Semana Cultural Italiana de Vale Vêneto, em 2015. a) Com base na leitura do texto e na observação da imagem, como o conceito de lugar pode ser entendido? b) Por que, segundo a autora, uma metrópole não pode ser considerada um lugar? c) Como é o lugar onde vocês vivem? O que está bom e o que pode ser melhorado? Discutam atitudes coletivas que podem melhorar a vida da comunidade do lugar. Paisagemeespaçonãosãosinônimos.Apaisageméoconjuntodeformasque,numdadomomento,exprimemasherançasque representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima. SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 83. O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade habitante-identidade-lugar. A cidade, por exemplo, produz-se e revela-se no plano da vida e do indivíduo. Este plano é aquele do local. As relações que os indivíduos mantêm com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos modos do uso, nas condições mais banais, no secundário, no acidental. É o espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido através do corpo. Comoohomempercebeomundo?Éatravésdeseucorpo,deseussentidosqueeleconstróieseapropriadoespaçoedomundo. O lugar e a porção do espaço apropriável para a vida – apropriada através do corpo, dos sentidos, dos passos de seus moradores –, é o bairro, é a praça, é a rua, e nesse sentido poderíamos afirmar que não seria jamais a metrópole ou mesmo a cidade lato sensu, a menos que seja a pequena vila ou cidade – vivida/conhecida/reconhecida em todos os cantos. Adaptado de: CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: FFLCH, 2007. p. 17-18. 21
  • 24. 1. NE (UFBA) Testes Introdução 22 Vestibulares de Norte a Sul Em relação ao estudo da Geografia – considerando-se suas peculiaridades conceituais e suas abordagens direcionadas para os vetores sociedade-natureza –, pode-se afirmar: (01) A Geografia é uma ciência peculiar, pois, à luz do presente, procura desvendar e reconstituir o pas- sado das condições físicas originais de uma de- terminada região, estabelecendo, assim, diversas analogias entre fatos e fenômenos estruturais diferentes numa mesma localidade. (02) O conceito de espaço geográfico abrange, na reali- dade, tudo que o homem imprime na natureza ao longo do tempo, deixando marcas do seu trabalho e da sua cultura, modificações permanentes que vão criando uma nova imagem das regiões. (04) A paisagem geográfica constitui a expressão do jogo de relações entre os processos endógenos e exógenos, acrescidos dos culturais, ou seja, reúne uma série de elementos naturais, humanizados e artificiais, que se encontram em diferentes es- tágios de transformação. (08) A localização é um dos princípios básicos da Geografia, que permite deduzir que duas cida- des posicionadas na mesma faixa zonal neces- sariamente não se encontram em latitudes e hemisférios semelhantes, podendo estar situa- das, simultaneamente, em domínios naturais opostos. (16) O conceito de “território”, sob o prisma geográfi- co, está ligado às relações de poder, ou seja, àque- les aspectos relacionados, entre outros, à política, enquanto o conceito de “lugar” corresponde a uma fração do espaço, onde se vive o cotidiano e se cria uma identidade. (32) Os atuais avanços tecnológicos alcançados pelas novas geotecnologias — entre as quais o monito- ramentoporimagensdesatéliteseogeoprocessa- mento — possibilitam aos países do hemisfério norte prever e controlar a extensão dos estragos provocados pelas grandes catástrofes naturais. (64) A concepção de “natureza”, na abordagem geo- gráfica contemporânea, assume uma posição privilegiada, como agente determinante inexorá- vel da vida, ou seja, todos os mecanismos gera- dores do ambiente são responsáveis pela adap- tação, ou não, do homem a uma região. 2. SE (UFU-MG) A Geografia se expressou e se expressa a partir de um conjunto de conceitos que, por vezes, são considerados erroneamente como equivalentes, a exemplo do uso do conceito de espaço geográfico como equivalente ao de paisagem, entre outros. Considerando os conceitos de espaço geográfico, pai- sagem, território e lugar, assinale a alternativa incor- reta. a) A paisagem geográfica é a parte visível do espaço e pode ser descrita a partir dos elementos ou dos objetos que a compõem. A paisagem é formada apenas por elementos naturais; quando os ele- mentos humanos e sociais passam a integrar a paisagem, ela se torna sinônimo de espaço geo- gráfico. b) O espaço geográfico é (re)construído pelas socieda- des humanas ao longo do tempo, através do traba- lho. Para tanto, as sociedades utilizam técnicas de que dispõem segundo o momento histórico que vivem, suas crenças e valores, normas e interesses econômicos. Assim, pode-se afirmar que o espaço geográfico é um produto social e histórico. c) O lugar é concebido como uma forma de tratamen- to geográfico do mundo vivido, pois é a parte do espaço onde vivemos, ou seja, é o espaço onde mo- ramos, trabalhamos e estudamos, onde estabele- cemos vínculos afetivos. d) Historicamente, a concepção de território associa-se à ideia de natureza e sociedade configuradas por um limite de extensão do poder. A categoria terri- tório possui uma relação estreita com a de paisa- gem e pode ser considerada como um conjunto de paisagens contido pelos limites políticos e adminis- trativos de uma cidade, estado ou país. Reprodução/Prova UFBA atenção! Não escreva no seu livro!
  • 25. Um pouco de teoria da Geografia 23 3. S (UFRGS-RS) Leia a letra da canção Ora bolas, de Pau- lo Tatit e Edith Derdyk. Oi, oi, oi, Olha aquela bola, A bola pula bem no pé, No pé do menino. Esse menino é meu vizinho. Onde ele mora? Mora lá naquela casa. Onde está a casa? A casa tá na rua. Onde está a rua? Tá dentro da cidade. Onde está a cidade? Tá do lado da floresta. Onde é a floresta? A floresta é no Brasil. Onde está o Brasil? Tá na América do Sul, No continente Americano cercado de oceano E das terras mais distantes, De todo o planeta. E como que é o planeta? O planeta é uma bola, Que rebola lá no céu. Oi, oi, oi, Olha aquela bola. TATIT, Paulo. Ora bolas. Canções de brincar. São Paulo: Palavra Cantada, 1996. 1 CD-ROM. A canção aborda uma temática importante para com- preender a produção do espaço geográfico e essa te- mática pode ser definida como a) migração intraurbana. b) diferentes níveis de escala geográfica. c) transformações na paisagem natural. d) formação do espaço urbano. e) integração econômica no continente americano. 4. SE (UFSJ-MG) A materialidade artificial pode ser datada, exatamente, por intermédio das técnicas: técnicas da produção, do transporte, da comunicação, do dinheiro, do controle, da política e, também, técnicas da sociabilidade e da subjeti- vidade. As técnicas são um fenômeno histórico. Por isso,é possível identificar o momento de sua origem.Essa datação é tanto possível à escala de um lugar quanto à escala do mundo.Ela é também possível à escala de um país,ao con- siderarmos o território nacional como um conjunto de lugares. SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 46. A partir do texto citado, é correto afirmar que a) a escala matemática permite a compreensão dos espaços nas escalas do lugar, da região, do território nacional bem como estas se articulam. b) o espaço possui múltiplas dimensões e a com- preensão dos fenômenos espaciais requer um estu- do que considere as diferentes escalas geográficas. c) os fenômenos mundiais se sobrepõem e definem a cultura do lugar, que, com a globalização, perdeu sua importância. d) as paisagens humanas que compõem o território, em uma sociedade globalizada, tendem a inviabili- zar os fluxos de ideias, pessoas e mercadorias. 5. S (UEM-PR) Espaço, lugar, território e paisagem cons- tituem conceitos dos estudos geográficos. Sobre o significado desses termos para a Geografia, assinale o que for correto. 01) O território constitui para a Geografia apenas o domínio político de um Estado dentro de um de- terminado espaço geográfico. Território e espaço, portanto, têm exatamente o mesmo significado. 02) O espaço geográfico, ou simplesmente espaço, é analisado levando em conta os lugares, as regiões, os territórios e as paisagens. 04) Tudo aquilo que vemos e que nossa visão alcan- ça é a paisagem. A dimensão da paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos nossos sentidos. 08) A paisagem é o conjunto das formas construídas pelo homem moderno em função de recursos tecnológicos. O espaço é composto por essas formas e pela vida que as anima. Portanto, pai- sagem e espaço são sinônimos, têm o mesmo significado. 16) O lugar é um espaço produzido ao longo de um determinado tempo. Apresenta singularidades, é carregado de simbolismo e agrega ideias e senti- dos produzidos por aqueles que o habitam. 6. SE (Unimontes-MG) Considerando as relações de afetividade e identidade que as pessoas passam a estabelecer através de vivências e vínculos cria- dos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) entendem que essa categoria geográfica permite que ocorra a comunicação entre o homem e o mundo. O texto faz referência a qual categoria geográfica? a) Lugar. b) Região. c) Território. d) Espaço.
  • 26. 7. NE (UEPB) A figura mostra o muro que separa o Mé- xico dos Estados Unidos nas proximidades de Tijuana. Assinale a alternativa que traz a categoria geográfica que melhor explica a presença desse elemento de se- paração entre os dois países. a) Paisagem, por ser um elemento geográfico que es- tá ao alcance visual da população desses países. b) Espaço, pois explica as relações sociedade/natureza e as contradições presentes na construção históri- ca desses dois países. c) Território, pois estabelece a linha divisória de apro- priação e delimitação dos poderes entre duas na- ções. d) Lugar, pois representa o zelo e a necessidade de preservação do povo americano pelo país ao qual pertence, vive suas relações cotidianas e dedica o sentimento patriótico. e) Região, pois a cidade de Tijuana é o mais importan- te centro metropolitano de influência na região de fronteira entre o México e os Estados Unidos. 8. SE (Unesp-SP) Observe as figuras. Questão Adaptado de: GIOMETTI, Analúcia et al. (Org.). Pedagogia cidadã: ensino de Geografia. 2006. Passado Presente Imagens: Reprodução/Unesp-SP , 2007. Faça uma análise espaço-temporal da paisagem, identificando quatro transformações feitas pelo homem. Foto disponível em: <http://dignidaderebelde.blogspot. com/2009/03/o-muro-da-vergonha.html>. Acesso em: 29 jul. 2014. Reprodução/UEPB-PB, 2010. atenção! Não escreva no seu livro! 24 Introdução
  • 27. Caiu no Enem 1. No dia 1o de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da UnescodePatrimônioMundialcomoPaisagemCultural. A candidatura,apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),foi aprovada duran- te a 36a Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial. O presidente do Iphan explicou que“a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civi- lização brasileira,com sua originalidade,desafios,contradi- ções e possibilidades”. A partir de agora,os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações in- tegradas visando à preservação da sua paisagem cultural. Disponível em: <www.cultura.gov.br>. Acesso em: 7 mar. 2013. (Adaptado.) O reconhecimento da paisagem em questão como patrimônio mundial deriva da a) presença do corpo artístico local. b) imagem internacional da metrópole. c) herança de prédios da ex-capital do país. d) diversidade de culturas presente na cidade. e) relação sociedade-natureza de caráter singular. 2. Os últimos séculos marcam,para a atividade agrícola,com a humanização e a mecanização do espaço geográfico, uma considerávelmudançaemtermosdeprodutividade:chegou- -se,recentemente,à constituição de um meio técnico-cientí- fico-informacional,característiconãoapenasdavidaurbana, mas também do mundo rural, tanto nos países avançados como nas regiões mais desenvolvidas dos países pobres. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). A modernização da agricultura está associada ao de- senvolvimento científico e tecnológico do processo produtivo em diferentes países. Ao considerar as novas relações tecnológicas no campo, verifica-se que a a) introdução de tecnologia equilibrou o desenvolvi- mento econômico entre o campo e a cidade, refle- tindo diretamente na humanização do espaço geográfico nos países mais pobres. b) tecnificação do espaço geográfico marca o mode- lo produtivo dos países ricos, uma vez que preten- dem transferir gradativamente as unidades indus- triais para o espaço rural. c) construção de uma infraestrutura científica e tec- nológica promoveu um conjunto de relações que geraram novas interações socioespaciais entre o campo e a cidade. d) aquisição de máquinas e implementos industriais, incorporados ao campo, proporcionou o aumento da produtividade, libertando o campo da subordi- nação à cidade. e) incorporação de novos elementos produtivos oriundos da atividade rural resultou em uma rela- ção com a cadeia produtiva industrial, subordinan- do a cidade ao campo. 3. Ninguém vive sem ocupar espaço, sem respirar, sem ali- mentar-se,sem ter um teto para abrigar-se e,na Moderni- dade, sem o que se incorporou na vida cotidiana: luz, tele- fone, televisão, rádio, refrigeração dos alimentos, etc. A humanidade não vive sem ocupar espaço,sem utilizar-se cada vez mais intensamente das riquezas naturais que são apropriadas privadamente. RODRIGUES, A. M. Desenvolvimento sustentável: dos conflitos de classes para os conflitos de gerações. In: SILVA. J. B. et al. (Org.). Panorama da Geografia brasileira. São Paulo: Annablume, 2006 (fragmento). O texto defende que duas mudanças provocadas pe- la ação humana na Modernidade são: a) aalteraçãonomododevidadascomunidadeseade- limitação dos problemas ambientais em escala local. b) o surgimento de novas formas de apropriação dos territórioseautilizaçãopúblicadosrecursosnaturais. c) a incorporação de novas tecnologias no processo produtivo e a aceleração dos problemas ambientais. d) o aumento do consumo de bens e mercadorias e a utilização de mão de obra nas unidades produtivas. e) o esgotamento das reservas naturais e a desacele- ração da produção de bens de consumo humano. 4. Dubai é uma cidade-estado planejada para estarrecer os vi- sitantes. São tamanhos e formatos grandiosos, em hotéis e centros comerciais reluzentes, numa colagem de estilos e atrações que parece testar diariamente os limites da arqui- teturavoltadaparaolazer.OmaiorshoppingdotórridoOrien- te Médio abriga uma pista de esqui, a orla do Golfo Pérsico ganha milionárias ilhas artificiais,o centro financeiro anun- cia para breve a torre mais alta do mundo (a Burj Dubai) e tem ainda o projeto de um campo de golfe coberto! Coberto e refrigerado,para usar com sol e chuva,inverno e verão. Disponível em: <http://viagem.uol.com.br>. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado). No texto, são descritas algumas características da paisagem de uma cidade do Oriente Médio. Essas ca- racterísticas descritas são resultado do(a) a) criação de territórios políticos estratégicos. b) preocupação ambiental pautada em decisões go- vernamentais. c) utilizaçãodetecnologiaparatransformaçãodoespaço. d) demanda advinda da extração local de combustí- veis fósseis. e) emprego de recursos públicos na redução de desi- gualdades sociais. atenção! Não escreva no seu livro! Um pouco de teoria da Geografia 25
  • 28. 1 U NIDADE 26 Fundamentos de Cartografia Você já utilizou um GPS ou um mapa digital? Sabia que esses recursos tecnológicos contribuíram bastante para o aperfei- çoamento e popularização da Cartografia, disciplina encarre- gada de produzir mapas, plantas e outros produtos cartográfi- cos que representam a superfície terrestre ou parte dela? Muitas vezes não nos damos conta de como a Cartografia está presente em nosso cotidiano: no celular, na internet, no jornal, na televisão, no guia de ruas, na planta do metrô, etc.; pense em algumas situações diárias em que você a utiliza. Agora, vamos conhecê-la melhor? Como a Cartografia vai nos ajudar muito no estudo de diversos temas da Geografia e nos orientar em nossa viagem de descoberta dos conhecimentos geográficos, vamos estudá-la logo no início. 26
  • 29. Constelação do Cruzeiro do Sul. 27 Luke Dodd/Science Photo Library/Latinstock Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos hor‡rios CAPÍTULO 1 Constelação do Cruzeiro do Sul. 27
  • 30. N a tirinha, Calvin e Haroldo estão nos Estados Unidos e planejam ir a Yukon, um território localizado no noroeste do Canadá. Para ir até lá, saindo do estado de Washington, por exemplo, é necessário atravessar toda a província canadense da Colúmbia Britânica, ou seja, cerca de 1 500 qui- lômetros em linha reta, e bem mais que isso indo de carro. Eles consultaram um globo terrestre para terem uma ideia da distância e do tempo de viagem. Será que foi uma boa opção? Situar-se no espaço geográfico sempre foi uma preocupação dos grupos humanos. Nos primórdios, isso acontecia em virtude da necessidade de se deslocar para encontrar abrigo e alimentos. Com o passar do tempo, as socie- dades se tornaram mais complexas e surgiram muitas outras necessidades. Isso explica a crescente importância da Cartografia. Além das tradicionais representações cartográficas feitas em papel, já po- demos utilizar sistemas de mapas digitais; para nos orientarmos na cidade ou na estrada, é possível usar aparelhos GPS (Sistema de Posicionamento Global). É importante também nos situarmos no tempo em relação às horas e às estações do ano, o que suscita perguntas como: “Se aqui são 15 horas, que horas serão em Londres? E em Nova York?”; “Por que todo ano o governo implanta o horário de verão?”. Para respon- der a essas e a outras per- guntas, precisamos estu- dar os movimentos da Terra, as estações do ano, as coordenadas geográficas, os fusos horários. É o que fare- mos a seguir. ©2010 Bill Watterson/Dist. by Atlantic Syndication/Universal Uclick Cartografia: segundo a Associação Cartográfica Internacional, Cartografia é a “disciplina que trata da concepção, produção, dis- seminação e estudo de mapas”. Para FraserTaylor, cartógrafo da Universida- de Carleton (Canadá), é a “disciplina que trata da organização, apresenta- ção, comunicação e utili- zação da geoinformação nas formas gráficas, digi- tal ou tátil, incluindo todos os processos, desde o tra- tamento dos dados até o uso final na criação de mapas e produtos relacio- nados com a informação espacial”. WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: Yukon ho! São Paulo: Conrad, 2008. p. 56. Capítulo 1 28
  • 31. 1 Formas de orientação O ser humano sempre necessitou de referências para se orientar no espaço geográfico: um rio, um morro, uma igreja, um edifício, à direita, à esquerda, acima, abaixo, etc. Mas, para ter referências um pouco mais precisas, inventou os pontos cardeais e colaterais, como mostra a figu- ra ao lado. A rosa dos ventos indica os pontos cardeais e colaterais e aparece no mostrador da bússola, que tem uma agulha sempre apontando pa- ra o norte magnético (veja a foto abaixo). O uso da bússola associada à rosa dos ventos permite encontrar rumos em mapas, desde que ambos estejam com a direção norte apon- tada corretamente. Assim, o usuário pode encontrar os outros pontos cardeais e os colaterais, orientando-se no espaço geográfico. Atualmente, com o avanço tecnológico, é muito mais preciso se orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús- sola nem de um aparelho GPS, é possível se orientar de forma aproximada no espaço geográfico? Sim, é possível. Leia o texto a seguir para entender como se faz isso. A bússola foi inventada pelos chineses provavelmente no século I, porém só foi utilizada no século XIII em embarcações venezianas. A partir do século XV, foi fundamental para orientar os marinheiros nas Grandes Navegações. A rosa dos ventos possibilita encontrar a direção de qualquer ponto da linha do horizonte (numa abrangência de 360°). O nome foi criado no século XV por navegadores do mar Mediterrâneo em associação aos ventos que impulsionavam suas embarcações. Orientação pelo Sol Um dos aspectos mais importantes para a utilização eficaz e satisfatória de um mapa diz respeito ao sistema de orien- tação empregado por ele. O verbo orientar está relacionado com a busca do oriente, palavra de origem latina que signi- fica ‘nascente’. Assim, o “nascer” do sol, nessa posição, rela- ciona-se à direção (ou sentido) leste, ou seja, ao oriente. Possivelmente, o emprego dessa convenção está ligado a um dos mais antigos métodos de orientação conhecidos. Esse método se baseia em estendermos nossa mão direita [braço di- reito] na direção do nascer do sol, apontando, assim, para a direção leste ou oriental;o braço esquerdo esticado,consequentemente,se pro- longará na direção oposta, oeste ou ocidental; e a nossa fronte estará voltada para o norte, na direção setentrional ou boreal. Finalmente, as costas indicarão a direção do sul, meridional, ou ainda, austral. A repre- sentação dos pontos cardeais se faz por leste (E ou L); oeste (W ou O); norte (N); e sul (S). A figura apresenta essa forma de orientação. FITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. p. 34-35. Outras leituras esquerda Norte Oeste Leste esquerda direita Sul O Sol nasce. O Sol se põe. Segundo Fitz, “deve-se tomar cuidado ao fazer uso dessa maneira de representação, já que, dependendo da posição latitudinal do observador, nem sempre o Sol estará exatamente na direção leste”. Pontos cardeais: N, E, S, W Pontos colaterais: NE, SE, SW, NW Organizado pelos autores. Sul Leste Noroeste (NW) Oeste Nordeste (NE) Sudeste (SE) Sudoeste (SW) Norte N W E S A bússola foi inventada pelos chineses provavelmente no século I, porém só foi utilizada no século XIII em embarcações venezianas. A partir do século XV, foi fundamental para orientar os marinheiros nas Grandes Navegações. orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús- sola nem de um aparelho GPS, é possível se orientar de forma aproximada no espaço geográfico? Sim, é possível. Leia o texto a seguir para entender cardeais e os colaterais, orientando-se no espaço geográfico. Atualmente, com o avanço tecnológico, é muito mais preciso se orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús- A bússola foi inventada pelos chineses navegadores do mar Mediterrâneo em associação aos ventos que impulsionavam suas embarcações. orientar pelo GPS. Mas, se alguém não dispõe de uma bús- sola nem de um aparelho GPS, é possível se orientar de forma aproximada no espaço geográfico? Sim, é A bússola foi inventada pelos chineses provavelmente no século I, porém só foi s e r g i g n / S h u tterstock/Glow Images Paulo Manzi/Arquivo da editora. Organizado pelos autores. Banco de imagens/Arquivo da editora Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 29
  • 32. Se oriente, rapaz Pela constelação do Cruzeiro do Sul.” Gilberto Gil (1942), cantor e compositor. Você já percebeu que, quando uma pessoa está perdida em algum lugar, costuma-se dizer que ela está “desnorteada” (perdeu o norte) ou “desorientada”1 (per- deu o oriente)? Perceba que tanto o verbo “orientar” como o substantivo “orientação” derivam da palavra “oriente”. Além da orientação pelo Sol, como mostra o tex- to da página anterior, é possível orientar-se também pelas estrelas. Você sabia que o Cruzeiro do Sul, mostrado na foto de abertura deste capítulo, é utili- zado como uma forma de orientação? A canção “Oriente”, de Gilberto Gil, sugere isso. Presente no álbum Expresso 2222, de 1972, os versos acima foram compostos pelo artista na Espanha. A letra dessa mú- sica simboliza a saudade que Gilberto Gil sentia do Brasil. Nela, o Cruzeiro do Sul adquire uma conotação mais ampla: a da busca pela redescoberta de sua dis- tante terra natal. Leia o texto a seguir. Para saber mais Orientação pelas estrelas À noite, no hemisfério meridional, é possível en- contrar a direção sul aproximada observando a cons- telação do Cruzeiro do Sul. Para isso, é necessário pro- longar 4,5 vezes o tamanho do braço maior dessa constelação e, a partir deste ponto, traçar uma perpen- dicular em direção ao horizonte, como se pode ver na ilustração ao lado. Mas isso só vale para o hemisfério meridional, onde o Cruzeiro do Sul pode ser observado. No hemisfério boreal, para encontrar a direção norte aproximada, basta localizar a estrela Polaris (tam- bém chamada de Polar ou do Norte) e projetá-la no horizonte: às costas do observador estará o sul; à di- reita, o leste, e à esquerda, o oeste. Essa estrela encon- tra-se no firmamento num ponto sobre o polo norte, como se fosse uma extensão do eixo da Terra; por isso, aos nossos olhos permanece fixa no céu. A Polaris é a estrela mais brilhante da constelação de Ursa Menor e pode ser facilmente observada. Por séculos, orientou os navegantes no hemisfério norte (ela só pode ser vista daí), antes da invenção de instrumentos que dis- pensam a observação do céu. O Cruzeiro do Sul está representado em bandeiras nacionais de diversos países meridionais, como o Brasil, a Austrália e Papua-Nova Guiné. Consulte o site do Centro de Divulgação da Astronomia da USP e o da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro. Veja orientações na seção Sugestões de leitura, filmes e sites. Paulo Manzi/Arquivo da editora. Elaborada pelos autores. Leste Oeste Sul horizonte polo celeste sul braço maior p r o l o n g a n d o 4 , 5 v e z e s Constelação do Cruzeiro do Sul ponto cardeal sul Norte 1 Com o passar do tempo, essas expressões, além da conotação geográfica, ganharam também um sentido figurado de cunho psicológico, como sinônimos de “confusão mental”, “perplexidade”. Capítulo 1 30
  • 33. 2 Coordenadas As coordenadas nos auxiliam na localização preci- sa de elementos no espaço geográfico. Elas podem ser geográficas ou alfanuméricas. Geográficas O globo terrestre, como podemos ver nas figuras a seguir, pode ser dividido por uma rede de linhas ima- ginárias que permitem localizar qualquer ponto em sua superfície. Essas linhas determinam dois tipos de coor- denadas: a latitude e a longitude, que em conjunto são chamadas de coordenadas geográficas. Num plano cartesiano, como você já deve ter aprendido ao estudar Matemática, a localização de um ponto é determinada pelo cruzamento das coordenadas x e y; numa esfera, o processo é semelhante, mas as coordenadas são me- didas em graus. As coordenadas geográficas funcionam como “en- dereços” de qualquer localidade do planeta. O equador corresponde ao círculo máximo da esfera, traçado num plano perpendicular ao eixo terrestre, e determina a divisão do globo em dois hemisférios (do grego hemi, ‘metade’, e sphaera, ‘esfera’): o norte e o sul. A partir do equador, podemos traçar círculos paralelos que, à me- dida que se afastam para o norte ou para o sul, dimi- nuem de diâmetro. A latitude é a distância em graus desses círculos, chamados paralelos, em relação ao equador, e varia de 0° a 90° tanto para o norte (N) quan- to para o sul (S). O trópico de Câncer e o trópico de Capricórnio são linhas imaginárias situadas à latitude aproximada de 23° N e de 23° S, respectivamente. Os círculos polares também são linhas imaginárias, situadas à latitude apro- ximada de 66° N e de 66° S. Na figura, o círculo polar Antár- tico não aparece por causa da posição da representação da Terra. Conhecer apenas a latitude de um ponto, porém, não é suficiente para localizá-lo. Se procurarmos, por exemplo, um ponto 20° ao sul do equador, encontrare- mos não apenas um, mas infinitos pontos situados ao longo do paralelo 20° S. Por isso, é necessária uma se- gunda coordenada que nos permita localizar um de- terminado ponto. Para determinar a segunda coordenada, a longi- tude, foram traçadas linhas que cruzam os paralelos perpendicularmente. Essas linhas, que também cru- zam o equador, são denominadas meridianos (do la- tim meridiánus, ‘de meio-dia, relativo ao meio-dia’). Observe na figura a seguir que os meridianos são semicircunferências que têm o mesmo tamanho e convergem para os polos. Como referência, convencionou-se internacional- mente adotar como meridiano 0° o que passa pelo Observatório Real de Greenwich, nas proximidades de Londres (Inglaterra), e o meridiano oposto, a 180°, ser chamado de “antimeridiano”. Esses meridianos dividem a Terra em dois hemisférios: ocidental, a oeste de Greenwich, e oriental, a leste. Assim, os de- mais meridianos podem ser identificados por sua distância, medida em graus, ao meridiano de Greenwich. Essa distância é a longitude, e varia de 0° a 180° tanto para leste (E) quanto para oeste (W). Paralelos (latitudes) Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World. 3rd  ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 8. Reprodução sem escala. Meridianos (longitudes) Banco de imagens/Arquivo da editora M e r i d i a n o d e G r e e n w i c h 60° W 45° W 30° W 15° W 0° 15° E 30° E 45° E 60° E 75° E Na figura, o círculo polar Antár- tico não aparece por causa da posição da representação Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World. 3 Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Equador Círculo Polar Ártico 60° N 75° N Polo Norte 45° S 45° N 30° N 15° N 0° 15° S 30° S Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 31
  • 34. Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World. 3rd ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 8. Reprodução sem escala. Banco de imagens/Arquivo da edito r a Se procurarmos, por exemplo, um ponto de coorde- nadas 51° N e 0°, será fácil encontrá-lo: estará no cruza- mento do paralelo 51° N com o meridiano 0°. Consultan- do um mapa, verificaremos que esse ponto está muito próximo do Observatório de Greenwich, na Inglaterra. Danita Delimont/Gallo Images/Getty Images Observatório Real de Greenwich, nas proximidades de Londres (Reino Unido), em foto de 2012. Os turistas costumam tirar fotografias com um pé no hemisfério ocidental e outro no hemisfério oriental. No detalhe, a linha do meridiano 0° traçada nas dependências desse observatório. No chão, há a identificação da longitude de diversas cidades. Para localizar com exatidão um ponto no território, indicam-se as medidas em graus (o ), minutos (’) e se- gundos (”). As coordenadas geográficas do Observató- rio de Greenwich, por exemplo, são 51°28’38’’ N e 0°00’00’’. Perceba que sem a latitude, identificamos o meridiano de Greenwich, mas não o obser- vatório inglês que foi utilizado como referên- cia para a definição do meridiano zero. Oli Scarff/Getty Images Grade de paralelos e meridianos (coordenadas geográficas) Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of Geographic Student Atlas of ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 8. Reprodução sem escala. Banco de imagens/A /A A / rquivo da edito r a M e r i d i a n o d e G r e e n w i c h 60° W 45° W 30° W 15° W 0° 15° E 30° E 45° E 60° E 75° E 90° E 60° N 75° N 45° S 45° N Londres 30° N 15° N 0° 15° S 30° S Latitude 51º 30’N Longitude 0º 32
  • 35. Alfanuméricas Também podemos utilizar as coordenadas alfanu- méricas para localizar algo em um mapa ou em uma planta. Elas não são tão precisas como as coordenadas geográficas, mas auxiliam na localização de elementos da paisagem, como uma rua, uma praça, um teatro, uma estação de trem ou de ônibus, num guia de uma cidade. Se um turista quiser localizar algum desses elemen- tos, basta consultar a lista dos principais pontos de interesse, que aparecem em guias turísticos acompa- nhados de sua respectiva coordenada, e localizá-los na planta turística da cidade. Imagine que você é esse tu- rista e quer visitar o Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, em São Paulo, além de outras atrações interessantes próximas dali. Veja suas coordenadas e localize-o na planta urbana a seguir. Adaptado de: SÃO PAULO TURISMO S.A. (SPTURIS). Mapas: principais atrações, 2012. Disponível em: <www.spturis.com/ download/arquivos/folder-mapas-v11.pdf>. Acesso em: 6 set. 2015. Reprodução/SEMPLA, São Paulo, SP . Trecho do centro histórico da cidade de São Paulo (SP), em foto de 2012. Em primeiro plano aparece o viaduto do Chá, que cruza o vale do Anhangabaú; ao fundo, o Teatro Municipal e, à sua frente, a praça Ramos de Azevedo. 0 150 m Rubens Chaves/Acervo do fotógrafo Planta turística do centro de São Paulo (SP) PrinciPais atrações 1 Basílica e Mosteiro de São Bento C3 2 Biblioteca Mário de Andrade B4 3 Bolsa de Mercadorias e Futuros BM&F C3 4 Bolsa de Valores de São Paulo (Espaço Bovespa) C3 5 Catedral Metropolitana da Sé C4 6 Casa no 1 D4 7 Centro Cultural Banco do Brasil C4 8 CIT (Central de Informações Turísticas) Olido C3 9 Conjunto Cultural da Caixa D4 10 Edifício Altino Arantes (Torre do Banespa) C3 11 Edifício Copan B4 12 Edifício Caetano de Campos B3 13 Edifício Itália (terraço com vista panorâmica) B3 14 Edifício Martinelli C3 15 Estação e Jardim da Luz C1 16 Estação Júlio Prestes B1 17 Estação Pinacoteca C1 18 Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) – Largo São Francisco C4 19 Monumento Fonte dos Desejos C3 20 Galeria do Rock B3 21 Galeria Olido C3 22 Monumento Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo D4 23 Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo E1 24 Marco Zero – Praça da Sé D4 25 Mercado Municipal D2 26 Monumento Duque de Caxias B2 27 Mosteiro da Luz / Museu de Arte Sacra D1 28 Museu Anchieta D4 29 Museu da Cidade – Solar da Marquesa D4 30 Museu da Língua Portuguesa C1 31 Museu do Teatro Municipal B3 32 N. Sra. da Consolação (Igreja) A4 33 N. Sra. do Rosário dos Homens Pretos (Igreja) C3 34 O Beijo (estátua instalada no largo São Francisco) C4 35 Ordem Terceira de São Francisco (Igreja) C4 36 Ordem Terceira do Carmo (Igreja) D4 37 Palácio da Justiça D4 38 Palácio das Indústrias – Catavento E3 39 Palácio do Anhangabaú (Ed. Matarazzo) – Prefeitura C4 40 Pateo do Collegio D4 41 Pinacoteca do Estado C1 42 Pirâmide dos Piques (Obelisco) (instalada no largo da Memória) B4 43 Sala São Paulo B1 44 Largo Santa Ifigênia C2 45 Santo Antônio (Igreja) C4 46 Sebos (entre a rua 24 de maio e a av. São João) B3 47 Shopping Light C4 48 Teatro Municipal C3 49 Viaduto do Chá C4 50 Viaduto Santa Ifigênia C3 Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 33
  • 36. 3 Movimentos da Terra e estações do ano Não se sabe exatamente quando o ser humano descobriu que a Terra é esférica. Os antigos gregos, observando a sombra da Terra sobre a Lua durante os eclipses, já tinham certeza da esfericidade de nosso planeta. O desaparecimento progressivo das embarca- ções que se distanciavam no horizonte do mar também fornecia argumentos aos defensores dessa ideia. Eratóstenes, astrônomo e matemático grego, foi o primeiro a calcular, há mais de 2 mil anos, com precisão, a circunferência da Terra. A diferença entre a circunfe- rência calculada por Eratóstenes (40 000 quilômetros) e a determinada hoje, com o auxílio de métodos muito mais precisos (40 075 quilômetros, no equador), como se vê, é bem pequena. A esfericidade do planeta é responsável pela exis- tência das diferentes zonas climáticas (polares, tempe- radas e tropicais), pois os raios solares atingem a Terra com diferentes inclinações e intensidades. Próximo ao equador, os raios solares incidem perpendicularmente sobre a superfície, porém, quanto mais nos afastamos dessa linha, mais inclinada é essa incidência. Consequen- temente, a mesma quantidade de energia se distribui por uma área cada vez maior, diminuindo, portanto, sua intensidade. Esse fato torna as temperaturas progressi- vamente mais baixas à medida que nos aproximamos dos polos (observe a incidência de raios solares na Terra no infográfico das páginas 36 e 37). O eixo da Terra é inclinado em relação ao plano de sua órbita ao redor do Sol (movimento de translação). Uma consequência desse fato é a ocorrência das esta- ções do ano, conforme se pode ver no infográfico das páginas 36 e 37. Em 21 ou 22 de dezembro (a data e a hora de início das estações variam de um ano para outro, conforme mostra a tabela na página ao lado), o hemisfério sul recebe os raios solares perpendicularmente ao trópico de Capricórnio; dizemos, então, que está ocorrendo o solstício de verão. O solstício (do latim solstitium, ‘Sol estacionário’) define o momento do ano em que os raios solares incidem perpendicularmente ao trópico de Capricórnio, dando início ao verão no hemisfério sul. Depois de incidir nessa posição, parecendo estacionar por um momento, o Sol inicia seu movimento aparen- te (visto da Terra parece que é o Sol que se movimenta) em direção ao norte. Esse mesmo instante marca o solstício de inverno no hemisfério norte, onde os raios estão incidindo com inclinação máxima. Seis meses mais tarde, em 20 ou 21 de junho, quan- do metade do movimento de translação já se comple- tou, as posições se invertem: o trópico de Câncer passa a receber os raios solares perpendicularmente (solstí- cio), dando início ao verão no hemisfério norte e ao inverno no hemisfério sul (observe a figura sobre a variação da insolação ao longo do ano no infográfico das páginas 36 e 37). Em 20 ou 21 de março e em 22 ou 23 de setembro, os raios solares incidem sobre a superfície terrestre perpendicularmente ao equador. Dizemos então que estão ocorrendo os equinócios (do latim aequinoctium, ‘igualdade dos dias e das noites’), ou seja, os hemis- férios estão iluminados por igual. No mês de março iniciam-se o outono no hemisfério sul e a primavera no hemisfério norte; no mês de setembro, o inverso (pri- mavera no sul e outono no norte). Fotos: Adam Brzuszek/Shutterstock/Glow Images Primavera Verão Outono Inverno Árvore em Moszna (Polônia), 2010 e 2011. 34
  • 37. O dia e a hora do início dos solstícios e dos equinó- cios mudam de um ano para outro; consequentemen- te, a duração de cada estação também varia. Consulte na primeira tabela as datas e os horários (hora de Bra- sília) dos solstícios e equinócios no hemisfério sul para os anos de 2017 a 2021. Em virtude da inclinação do eixo terrestre, os raios solares só incidem perpendicularmente em pontos lo- calizados entre os trópicos (a chamada zona tropical), que, por isso, apresentam temperaturas mais elevadas. Nas zonas temperadas (entre os trópicos e os círculos polares) e nas zonas polares, o Sol nunca fica a pino, porque os raios sempre incidem obliquamente. Outra consequência da inclinação, associada ao mo- vimento de rotação da Terra, é a duração desigual do dia e da noite ao longo do ano. Nos dois dias de equinó- cio, quando os raios solares incidem perpendicularmen- te ao equador, o dia e a noite têm 12 horas de duração Estações do ano Ano Equinócio de outono Solstício de inverno Equinócio de primavera Solstício de verão Dia Hora Dia Hora Dia Hora Dia Hora 2017 20 mar. 07:29 21 jun. 01:24 22 set. 17:02 21 dez. 14:28 2018 20 mar. 13:15 21 jun. 07:07 22 set. 22:54 21 dez. 20:22 2019 20 mar. 18:58 21 jun. 12:54 23 set. 04:50 22 dez. 02:19 2020 20 mar. 00:50 20 jun. 18:43 22 set. 10:31 21 dez. 08:02 2021 20 mar. 06:37 21 jun. 00:32 22 set. 16:21 21 dez. 13:59 Adaptado de: INSTITUTO DE FÍSICA DA UFRGS. Astronomia e Astrofísica. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/sol/estacoes.htm>. Acesso em: 7 set. 2015. em todo o planeta, com exceção dos polos, que têm 24 horas de crepúsculo. Quando é dia de solstício de verão em um hemisfério, ocorrem o dia mais longo e a noite mais curta do ano nessa metade da Terra; no mesmo momento, no outro hemisfério, sob o solstício de inver- no, acontecem a noite mais longa e o dia mais curto. Observe a ilustração no infográfico das páginas 36 e 37. Como é possível observar no infográfico que mostra a variação da insolação ao longo do ano, no equador não há variação no fotoperíodo, mas à medida que nos afastamos dele, essa dife- rença surge. Conforme au- menta a latitude, tanto para o norte como para o sul, os dias ficam mais longos no verão e mais curtos no inver- no, como pode ser observa- do na última tabela. Crepúsculo: claridade no céu entre o fim da noite e o nascer do sol ou entre o pôr do sol e a chegada da noite. Fotoperíodo: período em que um ponto qualquer da superfície terrestre fica exposto à incidência dos raios solares. Duração do dia (em horas) nos solstícios dos hemisférios norte e sul Localidade Latitude 21 dez. 2014 • inverno (norte) • verão (sul) 21 jun. 2015 • verão (norte) • inverno (sul) Tromso (Noruega) 69° 40’ 00’’ N 00 h 00 24 h 00 Londres (Reino Unido) 51° 30’ 00’’ N 07 h 50 16 h 38 Tóquio (Japão) 35° 41’ 06’’ N 09 h 45 14 h 35 La Concordia (Equador) 0° 00’ 00’’ 12 h 07 12 h 07 Cidade do Cabo (África do Sul) 33° 55’ 00’’ S 14 h 25 09 h 54 PuertoWillians (Chile) 54° 55’ 59’’ S 17 h 22 07 h 11 Antártida 67° 24′ 51″ S 24 h 00 00 h 00 Adaptado de: UNITARIUM. World Time Clock. Disponível em: <http://time.unitarium.com>. Acesso em: 7 set. 2015. Consulte o site do Observatório Astronômico Frei Rosário, da UFMG. Veja orientações na seção Sugestões de leitura, filmes e sites. Veja também, nessa seção, a indicação do livro O ABCD da Astronomia e Astrofísica, de Jorge Horvath, e do Atlas geográfico escolar, do IBGE. Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários 35
  • 38. INFOGRÁFICO Insolação da Terra Variação da insolação ao longo do ano A inclinação do eixo da Terra em relação ao plano de sua órbita em torno do Sol determina, de um lado, dias mais longos e maior insolação no hemisfério em que está ocorrendo o verão e, de outro, dias mais curtos e menor insolação no hemisfério em que está ocorrendo o inverno. Incidência da radiação solar na Terra Em razão da esfericidade do planeta, uma mesma quantidade de energia solar incide sobre áreas de tamanhos diferentes nas proximidades do equador e dos polos. À medida que aumenta a latitude e, portanto, a inclinação dos raios solares em relação à superfície terrestre, a área de incidência vai se ampliando. No esquema abaixo, pode-se observar esse fenômeno. A insolação é a quantidade de energia emitida pelo Sol (radiação eletromagnética) que incide sobre a Terra, nos provendo de luz e calor. Atinge a super- fície terrestre de forma desigual, por causa da esfericida- de do planeta, da inclinação de seu eixo, do movimento de rotação – alternância dia-noite – e do movimento de translação – alternância das estações. 20 OU 21 DE JUNHO SOLSTêCIO noite polar dia polar Hemisfério norte início do verão Hemisfério sul início do inverno 0° 23°30’ 66°30Õ 23°30’ 66°30’ noite e dia com mesma duração noite longa dia curto noite curta dia longo Incidência solar no solstício de dezembro Trópico de Câncer Círculo Polar Ártico Círculo Polar Antártico Trópico de Capricórnio Equador As estações Durante o movimento de translação há dois solstícios e dois equinócios que permitem dividir o ano em quatro estações com características climáticas diferentes e bem definidas nas zonas temperadas: primavera (primeiro verão), estação amena que antecede o verão (período mais quente), seguido pelo outono (período da colheita) e depois inverno (período de hibernação), associado ao frio. Capítulo 1 36
  • 39. 20 OU 21 DE MARÇO EQUINÓCIO noite polar dia polar Hemisfério norte início do inverno Hemisfério norte início da primavera Hemisfério norte início do outono Hemisfério sul início do verão Hemisfério sul início do outono 0° 0° 0° 23°30’ 23°30’ 23°30’ 66°30’ 66°30’ 66°30’ 23°30’ 23°30’ 66°30’ 66°30’ 66°30’ Hemisfério sul início da primavera noite e dia com mesma duração noite e dia com mesma duração noite e dia com mesma duração noite e dia com mesma duração noite e dia com mesma duração noite e dia com mesma duração noite e dia com mesma duração dia longo noite curta dia curto noite longa 23°30’ Adaptado de: OXFORD Atlas of the World. 2nd ed. New York: Oxford University Press, 2014. p. 72. Ilustração esquemática, sem escala. Não há proporcionalidade nos tamanhos do Sol e da Terra nem na distância entre eles. 21 OU 22 DE DEZEMBR0 SOLSTÍCIO 22 OU 23 DE SETEMBRO EQUINÓCIO Ilustrações: Mario Kanno/Arquivo da editora 37 Planeta Terra: coordenadas, movimentos e fusos horários