Trata-se de uma analise econômica quanto a viabilidade econômica de uma Unidade de Pesquisa em Oncologia iniciando em diferentes cenários financeiros, fomentando reflexões acerca deste tipo de investimento.
It's about an economic evaluation about an economic viability of an Oncology Research Center in different financial situations. There's an economic projection for one year working starting from zero point giving reflections about the real financial impact of this kind of investment.
1. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
MBA EM GESTÃO FINANCEIRA, CONTROLADORIA E
AUDITORIA TURMA GFCA IV DE CAXIAS DO SUL
TÍTULO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO:
ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA E OPERACIONAL DE UMA
UNIDADE DE PESQUISA CLÍNICA EM ONCOLOGIA NO INTERIOR DO
RIO GRANDE DO SUL: ESTRATÉGIAS E REFLEXÕES INTERNAS
Aluno: Leandro Brust
Centro de Ensino Empresarial - CEEM
2. AGRADECIMENTOS
À minha esposa, que nunca me desmotivou por esta busca de conhecimentos e saber,
mesmo frente as minhas constantes ausências como marido e pai de uma família maravilhosa;
Aos meus três amados filhos, Maria Fernanda, Ana Clara e Luis Gabriel, que mudaram a
minha forma de pensar, de olhar para o futuro e aproveitar o presente;
A todas as dificuldades profissionais que enfrentei durante toda a minha trajetória, sem as
quais eu não teria o pensamento de hoje, buscando o conhecimento para uma realização sobretudo
pessoal, mas também na carreira.
3. INDICE
3
LISTA DE ABREVIATURAS
5
1. CAPÍTULO I
6
1.1 Sumário
6
1.2 Introdução
7
1.3 Descrição do Projeto
9
1.4 Premissas
9
1.5 Principais objetivos da empresa
11
1.6 Visão geral da empresa
11
1.6.1 Valores
11
1.6.2 Visão
12
1.6.3 Missão
12
1.6.4 Metas
12
1.6.5 Objetivos
12
1.7 Público alvo
12
1.8 Prospecção de mercado
13
1.9 Tipo de produto ou serviço comercializado
14
1.10 Alguns modelos funcionais de pesquisa clinica
15
1.11 O processo operacional, os players e as responsabilidades
16
2. CAPITULO II
19
2.1 Principais concorrentes
19
2.2 Análise através do modelo SWOT
19
4. 2.2.1 Ambiente interno
20
2.2.1.1 Forças
20
2.2.1.2 Fraquezas
20
2.2.2 Ambiente externo
20
2.2.3 Oportunidades
20
2.3.4 Ameaças
21
2.4 Balanced scorecard
25
3. CAPITULO III
27
Orçamento e controle
27
3.1 Planejamento orçamentário
27
3.2 A atividade de pesquisa e análise financeira
28
3.3 Tabela 1
30
3.4 Tabela 2
31
3.5 Observações pertinentes às tabelas apresentadas
32
3.6 Primeiras conclusões quanto as negociações
33
Tabela 3
34
Tabela 4
35
Tabela 5
36
Tabela 6
37
3.7 Análise integrada das tabelas 3, 4, 5 e 6
38
3.8 O Balanced Scorecard após um ano de atividade
39
3.9 Finanças
39
3.10 Clientes
39
3.11 Processos internos
40
3.12 Aprendizado
40
3.13 Conclusoes finais
41
3.14 Referências bibliográficas
43
5. LISTA DE ABREVIATURAS
1.
CRO: clinical research organization (organização para pesquisa clínica)
2.
GCP: good clinical practice (boas práticas em pesquisa clínica)
3.
P & D: pesquisa e desenvolvimento
4.
MBA: master bussines advanced (mestre em negócios avançados)
5.
TCC: trabalho de conclusão do curso
6.
NIH: national isntitute of health ( instituto nacional de saúde)
7.
ANS: agência nacional de saúde
8.
CONEP: conselho nacional de ética em pesquisa
9.
CEP: comitê de ética em pesquisa
10.
PI: principal investigator (investigador principal)
11.
SWOT: strenghts, weaknesses, opportunities and threats (forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças
12.
BSC: balanced scorecard (cartão de marcação balanceado)
13.
VTRP: Vale do Taquari e Rio Pardo
14.
P & D: pesquisa e desenvolvimento
15.
NF: nota fiscal
16.
C1: ciclo 1
17.
IOF: imposto sobre operações financeiras
6. 1. CAPÍTULO I
1.1 SUMÁRIO
A pesquisa clínica na medicina é uma das áreas tecnológicas mais fascinantes, pois é
através dela que o ser humano tem evoluído na sua expectativa de vida, na cura de doenças
ameaçadoras a vida, ou até mesmo amenizando o sofrimento de algumas pessoas com
tratamentos adequados a sua condição de saúde. Do ponto de vista macroeconômico, a Pesquisa
e Desenvolvimento (P & D) da indústria farmacêutica constitui o segundo maior campo de
investimento financeiro no mundo atual.
Este trabalho visa discorrer sobre uma Unidade de Pesquisa em Oncologia situada em
uma cidade no interior do estado do Rio Grande do Sul. Serão apresentados os modelos mais
prevalentes deste tipo de empresa, suas dificuldades enfrentadas no dia a dia, seu modo de
gerenciamento e operação, e suas perspectivas em termos de futuro.
Também serão discutidas algumas avaliações de contratos com os patrocinadores sob o
ponto de vista de uma análise econômico financeira da proposta, uma vez que a forma de
financiamento da pesquisa clínica é sobremaneira complexa e permeada de condições críticas a
sua sustentabilidade.
Finalmente, este trabalho visa auxiliar e estimular pesuisadores, coordenadores de
pesquisa e até mesmo instituições públicas e privadas a abraçar esta causa tão nobre e impactante
para a nossa sociedade.
6
7. 1.2 INTRODUÇÃO
Falar em um Centro de Pesquisa Clínico como um player juntamente com a indústria
farmacêutica nacional ou até mesmo internacional, pode parecer estranho em um primeiro
momento; todavia, este modelo de trabalho já é realizado há muitos anos nos países
desenvolvidos. Somente mais recentemente este horizonte de excelentes e promissoras
perspectivas tem ocupado um lugar de destaque dentre os grandes empreendimentos para os países
em desenvolvimento, principalmente para os países constituintes do chamado BRIC (Brasil,
Rússia, Índia e China).
O primeiro estudo randomizado feito no mundo data de 1946 e foi conduzido na
Inglaterra pelo médico Austin Bradford Hill, onde foi testada uma vacina para coqueluche e um
tratamento para tuberculose (1). O conceito randomização (distribuição aleatória) foi usado ainda
antes, no longínquo ano de 1920, em experimentos na agricultura (2) (3). A primeira vez em que o
termo ensaio clínico randomizado foi utilizado data de 1747 por parte de James Lind (1) (3) .
Um novo medicamento só é desenvolvido depois que inúmeras pesquisas em laboratório
tenham sido feitas. Uma vez encontrados alguns indícios de atividade terapêutica da molécula
estudada, a etapa seguinte compreende a sua utilização e aplicação em seres humanos.
Obviamente as atuais legislações e regulamentações mundiais sobre a pesquisa clínica
inquestionavelmente protegem o ser humano, assegurando-o os três princípios éticos básicos que
norteiam esta atividade: o respeito às pessoas; a beneficência e a justiça. Não obstante, o sujeito da
pesquisa também é protegido pelos Princípios de Boas Práticas Clínicas (GCP), que
resumidamente asseguram ao paciente o fato de que um estudo só pode ser conduzido se os
benefícios previstos forem maiores do que os riscos, assim como os direitos, a segurança e o bem
estar de uma sociedade estejam assegurados (4).
Toda e qualquer inovação, em qualquer área, passa por um rigoroso processo de pesquisa
e desenvolvimento. A medicina só evoluiu através dos conhecimentos adquiridos e acumulados ao
longo do tempo, nos disponibilizando novos tratamentos, melhor qualidade de vida e aumento da
expectativa de vida. É bem verdade que historicamente cometemos erros que acabaram por
prejudicar pessoas ou até mesmo comunidades inteiras, mas felizmente tivemos a capacidade de
aprender com os nossos erros e hoje os tempos são outros. Certamente ainda temos muito que
aprender, mas com a mais absoluta certeza neste momento histórico temos assegurada a mínima
7
8. garantia de dignidade e respeito ao ser humano, advindos do monitoramento dos órgãos
regulatórios mundiais.
Somente no Instituto Nacional de Saúde dos EUA, no ano de 2010, foram investidos U$$
69.190 bilhões e houve a criação de 484.939 empregos (5). Para progredirmos na ciência,
precisamos de qualidade nos estudos, eficiência e candidatos às novas terapêuticas. É neste
contexto que se inserem as Unidades de Pesquisa Clínica, que nada mais são do que
intermediadoras da indústria farmacêutica na procura de pessoas enfermas e necessitadas que
possam usufruir do conhecimento científico gerado. Um centro de pesquisa clínica pode não ficar
exclusivamente limitado ao papel de captador de pacientes, mas ele pode também desenvolver os
mais variados estudos, seja na sua região, ou seja em uma rede nacional ou internacional.
Uma unidade de pesquisa clínica é uma entidade que deixa a sua insígnia no futuro ao
atuar em um papel tão relevante para a sociedade, contribuindo sobremaneira para o progresso da
ciência e benefício da saúde do ser humano.
Somos o futuro que se materializa no presente!
8
9. 1.3 DESCRIÇÃO DO PROJETO
O presente trabalho visa clarificar a funcionalidade de uma Unidade de Pesquisa Clínica,
em especial na área de Oncologia. Serão feitas explanações fundamentais para o entendimento do
que é uma Unidade de Pesquisa Clínica, quais são os modelos mais comuns de serviços; os
processos regulatórios e legais de um estudo; como se dá a firmação de um contrato através das
análises financeiras e operacionais que sempre deve objetivar a mutualidade dos benefícios e,
finalmente, como gerar valor econômico financeiro para todos os contratantes e contratados, bem
como gerar um valor científico para a comunidade local.
Muito embora a pesquisa clínica seja uma área em franca expansão, pouco se conhece no
Brasil sobre a sua operacionalidade e gerenciamento. A excelência do resultado em termos de
qualidade e geração de riqueza somente será obtida através da experiência acumulada e utilização
de conhecimentos técnicos de gestão financeira, auditoria, controladoria e prospecção de mercado.
Primeiramente far-se á uma breve descrição do que é uma unidade de pesquisa, quais os
seus objetivos e princípios, bem como da sua operacionalidade. Em uma etapa subsequente será
descrita a evolução de uma unidade até o momento imediatamente anterior ao início do curso de
Gestão Financeira. Por último, através do conhecimento adquirido no MBA, farei uma análise
crítica e técnica do serviço e evidenciarei uma metodologia de análise de contratos, análise de
orçamentos, análise dos custos operacionais, bem como uma breve prospecção dos resultados e
crescimento neste setor.
1.4 PREMISSAS:
Para fins de interpretações adequadas quanto ao estudo aqui desenvolvido é muito
importante que sejam esclarecidos alguns pressupostos aos quais se seguiram as análises
operacionais e econômicas financeiras:
1) Esta empresa hipoteticamente inicia suas atividades de trabalho no dia 01 de janeiro de
2011 e o término ocorre em 31 de dezembro de 2011;
2) Como os pagamentos sempre ocorrem posteriormente ao serviço realizado, na média
em três meses, o fechamento do caixa se dá no mês de janeiro de 2012;
9
10. 3) As propostas foram analisadas até o término de um ciclo de tratamento do paciente,
após o qual os procedimentos são repetitivos e continuados, por tantas vezes quanto o estudo
determine, ciclicamente;
4) As propostas dos patrocinadores partem de um pressuposto em que a margem de
contribuição do estudo já esteja inclusa;
5) Na evidenciação do custo real da pesquisa não está inclusa nenhuma margem de
contribuição para o serviço prestado;
6) As análises dos custos reais da unidade de pesquisa compreendem tão somente o custo
do procedimento, a fração de hora trabalhada de cada colaborador da unidade para determinada
tarefa e tendo por base o salário da funcionária de maior salário naquele determinado momento. O
mesmo se dá com o atendimento dos médicos, sendo que a consulta segue um valor padrão,
específico para o atendimento dos pacientes da pesquisa clínica;
7) Um dos estudos efetivamente apresenta uma proposta com valores fechados
(ESTUDO A) e o outro estudo (ESTUDO B) apresenta uma proposta com todos os procedimentos
abertos no que diz respeito ao pagamento a ser efetuado por procedimento executado;
8) Cada estudo tem seus valores cotados ao dólar do dia do envio da proposta;
9) Os dados econômicos aqui evidenciados não correspondem exatamente à realidade de
um estudo; todavia, eles são rigorosamente proporcionalizados para ambas as partes (patrocinador
e unidade de pesquisa);
10) Não foi computado o IOF, incidente sobre as transações de câmbio, assim como
também não foi considerada a taxa de operação bancária por crédito gerado do exterior;
11) As despesas administrativas e comerciais não estão computadas, pois efetivamente
elas não compreendem custos para a empresa;
10
11. 1.5 PRINCIPAIS OBJETIVOS DA EMPRESA
Uma unidade de pesquisa possui, dentre outros objetivos essenciais, o interesse de
contribuir para o progresso da ciência médica. Da mesma forma, a equipe envolvida
continuadamente mantem-se em contato com os mais avançados conhecimentos médicos da sua
área, haja visto que a pesquisa objetiva descobrir novas terapêuticas, neste caso, para o tratamento
do câncer. Outro aspecto relevante é a disponibilização à comunidade local de tratamentos tão
eficientes quanto os mais atuais, podendo ser até mesmo superiores em termos de resultado
clínico. É importante ressaltar que todo e qualquer projeto deve obrigatoriamente passar pela
aprovação de comitês de ética em pesquisa, tanto locais, nacionais, quanto internacionais.
Resumidamente, uma unidade de pesquisa em oncologia é uma empresa carreadora da inovação,
de um conhecimento técnico científico para a comunidade local e internacional e da diferenciação
pautada na excelência operacional e funcional.
Serão feitas explanações sobre como funciona a pesquisa clínica, quais as suas principais
atividades, quais são os modelos de serviço mais comuns, como é composta uma equipe de
pesquisa e quais são as perspectivas futuras de crescimento.
Pretensiosamente este trabalho de conclusão do curso (TCC) também tenta criar e
evidenciar estratégias mínimas e essenciais para uma Unidade de Pesquisa Clínica em Oncologia,
bem como fazer uma análise econômica financeira sob um aspecto mais técnico gerencial, com
base nos conhecimentos adquiridos no MBA, buscando assim a sua sustentabilidade e crescimento
continuados.
Finalmente, pretendemos divulgar um modelo de inovação em pesquisa clínica onde a
articulação de um propósito maior do que ganhar dinheiro seja um norte para as nossas estratégias
e ações, possibilitando assim que os valores pessoais dos seus colaboradores e da empresa estejam
explicitados diariamente nas atividades de trabalho.
1.6 VISÃO GERAL DA EMPRESA:
1.6.1 Valores: cremos que a nossa maior responsabilidade é para com o ser humano, em
especial para os pacientes que participam dos nossos estudos. A estes, por sua vez, devemos seguir
o princípio da não maleficência, sem ônus algum tanto do ponto de vista econômico quanto da
11
12. saúde, ao mesmo tempo em que agregamos valores para os nossos parceiros e para a própria
Unidade de Pesquisa.
1.6.2 Visão: Ser um centro de referência em gestão e qualidade na pesquisa clínica do
nosso estado, mudando os rumos científicos da oncologia na região do Vale do Taquari e do Rio
Pardo (VTRP), sempre em prol da população local.
1.6.3 Missão: Nossa missão é oferecer a comunidade local uma oportunidade de receber
tratamentos considerados inovadores, sempre respeitando a dignidade do ser humano, sem
diferenciação de classe social ou grupo étnico, disponibilizando-os também a todo e qualquer
médico, instituição ou sociedade representativa que queiram somar e contribuir aos nossos
princípios.
1.6.4 Metas: buscar a excelência na sua integralidade e como consequência a liderança
em pesquisa clínica na nossa região, sempre mantendo o foco nos valores humanitários
preconizados pelos guias de GCP. Pretendemos manter o pagamento dos prestadores
regularmente, sem conexão com a morosidade inerente dos processos financeiros, e ainda assim
compor um fundo de reserva.
1.6.5 Objetivos: manter a equipe da pesquisa constantemente qualificada tecnicamente, o
máximo possível, através de debates internos e externos, participando também de eventos
científicos que tenham tópicos relevantes para o aprimoramento da nossa formação. Manter a
atenção constante quanto as nossas tarefas diárias, mesmo que em um determinado momento
estejamos conceituados como uma unidade altamente confiável. Por último, o fundo de reserva
deve ser equivalente a no mínimo dez vezes o nosso custo fixo com pessoal.
1.7 PÚBLICO ALVO
Dada a recente introdução deste ramo de atividade no Brasil, não infrequentemente os
administradores ou proprietários dos centros de pesquisa trabalham sob supostos resultados
econômicos financeiros. Trata-se de uma conclusão pessoal do autor após ouvir e discutir sobre a
operacionalidade dos mais variados centros de pesquisa do Brasil. Obviamente existem centros de
excelência tanto do ponto de vista administrativo quanto operacional, mas este trabalho dedica-se
a grande maioria dos centros do Brasil que são de pequeno a médio porte.
12
13. O presente trabalho também tem como público alvo profissionais atuantes na área da
pesquisa clínica, independentemente da área da saúde em que atuam. Também poderão beneficiarse de algumas idéias, estratégias ou até mesmo das metodologias aqui descritas, coordenadores de
pesquisa, investigadores, controladores ou outras pessoas interessadas em compreender um pouco
sobre este universo de trabalho em franca expansão. Não seria ousado demais afirmar que até
mesmo empreendedores na área da saúde de cursos em nível superior poderão extrair alguns
conhecimentos técnico, estratégicos e financeiros.
1.8 PROSPECÇÃO DE MERCADO:
Serão feitas análises quanto à operação de centro de pesquisa do autor, tanto do ponto de
vista de custos estruturais e operacionais, quanto do resultado financeiro.
Os números
apresentados não refletem a realidade dos contratos, mas foram estipulados de tal forma a
estabelecer uma proporcionalidade integral a realidade diária.
Segundo Nunemblatt e Menirt ( 2010) no ano de 2008 aproximadamente 15 milhões de
habitantes dos Estados Unidos participaram de estudos clínicos do Instituto Nacional da Saúde
(NIH), o que equivale a quase 5% da população americana, naquela época (5). O NIH dos Estados
Unidos é uma entidade pública; portanto, neste levantamento não estão computados os estudos
oriundos de patrocinadores privados, os quais por sua vez detém a grande maioria dos protocolos
de pesquisa. Em uma consulta ao site do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH) feita no dia
18 de fevereiro de 2011, com as palavras Brazil e Cancer , nesta data existiam 500 estudos
registrados (concluídos, em processo regulatório ou recrutando pacientes). Por outro lado, a
mesma consulta com apenas a palavra cancer , foram encontrados 32.219 estudos em nível
global, donde se conclui que o Brasil encontra-se inserido neste mercado emergente com apenas
1,55% de participação. (6).
Em 2007 (Thiers et al) calcularam através da divisão do número médio de centros
clínicos de pesquisa existentes pelo número de estudos em cada país, a capacidade individual de
cada nação. Neste contexto o Brasil apresentava uma participação de mercado da ordem de 1%,
mas a sua capacidade instalada era de 5,1% do mercado mundial. Ainda neste sentido, a média
relativa de crescimento anual de 2002 a 2006 foi da ordem de 16% (7). Não restam dúvidas, dados
os investimentos atuais, de que o Brasil encontra-se diante de uma enorme oportunidade de
negócio.
13
14. 1.9 TIPO DE PRODUTO OU SERVIÇO COMERCIALIZADO
Conforme já descrito, para cada proposta de um estudo clínico é apresentado um
orçamento e um contrato de prestação de serviços. As propostas podem variar de estudo para
estudo e de centro para centro. Cada planilha financeira deve contemplar todos os custos com
procedimentos, custos operacionais e, ao mesmo tempo, ser uma fonte de renda para a unidade. Há
de se fazer uma importante distinção entre os estudos com pagamento feito em reais e aqueles com
pagamentos feitos em dólares (ou qualquer outra moeda). Sempre que os pagamentos forem
provenientes diretamente do exterior, ou convertidos na ocasião do depósito, o atraso ou o prazo
médio de recebimento será muito maior do que o prazo médio de pagamento, ocasionando assim
um ciclo financeiro altamente positivo.
Algumas vezes o patrocinador não se encontra estabelecido no país em que deseja captar
pacientes, não podendo, portanto, operar neste país por questões legais. É para esta situação que
existem empresas chamadas Clinical Research Organization (CRO). As CROs funcionam como
intermediadores legais dos interesses e necessidades processuais e operacionais da indústria
multinacional ou até mesmo nacional. Muito frequentemente elas se estabelecem nos mais
variados países justamente com este intuito, constituindo assim uma alternativa um tanto quanto
interessante na delegação das inúmeras necessidades, requisições legais e logísticas de um estudo
clínico. Dificilmente uma empresa multinacional, por mais grandiosa que seja, consegue atuar
isoladamente em uma pesquisa clínica sem a intermediação e facilitação de outras empresas e/ou
equipes.
Depois de recebida a proposta, o centro deve analisar detalhadamente cada item de tal
forma que sejam consideradas todas as variáveis que possam impactar positiva ou negativamente a
unidade de pesquisa. O objetivo final deve ser um contrato de mutualidade; portanto, o processo
negociatório deve ser pautado pela flexibilidade, argumentação fundamentada e coerência.
Ao mesmo tempo em que os contratos são discutidos, o centro pode, se desejar agilidade,
dar seguimento aos processos de revisão quanto aos aspectos éticos do protocolo nas entidades
regulatórias locais ou nacionais, conforme a necessidade, de tal forma que a avaliação dos riscos e
benefícios do estudo para a integridade do sujeito da pesquisa seja detalhadamente considerada.
Nenhum estudo prosseguirá sem a prévia aprovação do governo federal (ANS, CONEP) bem
como das autoridades locais (CEP). Sendo assim, eticamente, o paciente, a sua dignidade como ser
14
15. humano, a sua saúde e o senso de justiça e igualdade social sempre serão o marco regulatório
primário de qualquer intervenção científica (4) (8) (9) (10) (11).
Finalmente, após acordados e aprovados todos os trâmites legais do estudo, inicia-se a
atividade em si. Cabe ressaltar que o início de um estudo deverá obrigatoriamente ser precedido
por um treinamento e capacitação de toda a equipe do centro de pesquisa.
1.10 ALGUNS MODELOS FUNCIONAIS DE PESQUISA CLÍNICA
Didaticamente podemos separar a pesquisa clínica em diferentes modelos de prestação de
serviços: 1) A unidade é composta e mantida por uma Instituição (Hospital ou Clínica Privada),
com dedicação exclusiva dos membros para as tarefas rotineiras dos protocolos; 2) A unidade é
composta e mantida por uma instituição, com dedicação parcial dos componentes da pesquisa, que
dividem as suas atividades entre os compromissos institucionais e a pesquisa clínica; 3) O centro
de pesquisa é de propriedade de um médico ou grupo, que são os responsáveis pelo estudo e estes
terceirizam os procedimentos não médicos (exames em geral), geralmente com a instituição,
firmando desta forma uma parceria. Neste último modelo, chamamos o contratado de
Interveniente Administrativo . A transparência e conhecimento do estudo e dos seus detalhes
contratuais por parte da instituição são essenciais para a convivência harmônica de ambos, de tal
forma que geralmente o hospital ou clínica assinam conjuntamente o contrato dando ciência do
estudo.
15
16. 1.11 O PROCESSO OPERACIONAL, OS PLAYERS E AS
RESPONSABILIDADES
Em termos práticos, para uma melhor compreensão do assunto em questão, o autor
subdividiu a atividade de pesquisa em três grandes grupos: 1) A unidade de pesquisa; 2) O
prestador Instituição; 3) O prestador externo, não Institucional.
PATROCINADOR
CRO
Unidade de
Pesquisa
Prestador
Interno, ou
Insitucional
Prestador
Externo, nao
Institucional
Fluxograma 1: descrição da hierarquia quanto ao fluxo de estabelecimento dos contatos,
contratos e processos operacionais. A pactuação de um estudo pode se dar tanto diretamente
com o patrocinador quanto via CRO. Os prestadores, tanto internos quanto externos, são
selecionados pela Unidade de Pesquisa, sob sua judicie.
16
17. A Unidade de Pesquisa é composta basicamente por um médico denominado
Investigador Principal (PI), um ou mais Sub Investigadores, um ou mais Coordenador de
Pesquisa e, conforme o interesse e necessidade individual, de um Controlador. O prestador
instituição pode ser um Hospital Privado, Filantrópico ou até mesmo Público. O prestador externo
não institucional usualmente é um laboratório ou uma unidade de exames.
Uma vez iniciadas as atividades de um estudo, também são disparados inúmeros
processos no centro de pesquisa referentes a controle de qualidade e monitoramento, todos com
vistas ao rigoroso cumprimento das regras de cada protocolo e a segurança do indivíduo (sujeito
da pesquisa). Todos esses controles compreendem auditorias tanto por parte das CROs, por parte
dos patrocinadores ou por parte das entidades legisladoras locais, nacionais ou até mesmo
internacionais As responsabilidades seguem uma hierarquia descendente, sendo que para cada
etapa ou atividade há uma delegação de funções (delegation), muito semelhante aos princípios de
corresponsabilidade da Lei Sarbanes Oxlei (12). Em cada Unidade de Pesquisa elege-se um
Investigador Principal.(PI) Todo e qualquer procedimento, atividade, fiscalização de terceiros
quanto à qualidade dos serviços executados, certificações validadas de treinamento de todos, bem
como controle do estoque dos medicamentos investigacionais e proteção do paciente, é de inteira
responsabilidade deste PI. Obviamente este compromisso é compartilhado tanto com a CRO
quanto com o patrocinador; todavia, na extremidade do processo, onde há um estreito contato
entre o paciente e o estudo, não há como se estabelecer outra forma de hierarquia senão entre o
investigador e o sujeito da pesquisa. O investigador principal, no máximo, pode delegar tarefas,
mas não responsabilidades (8).
Ao paciente devem estar garantidas a sua segurança, o benefício clínico e o senso de
justiça. Sendo assim, toda a equipe do pesquisador principal deve estar consciente de que pesquisa
clínica é sinônimo indissociável de qualidade, eficiência e excelência, monitoramento continuado
e auditorias constantes. Finalmente, cabe ao PI a tarefa de exigir dos seus prestadores todas as
certificações de controle de qualidade dos equipamentos, bem como os seus certificados de
calibração e capacitação dos funcionários.
17
19. 2. CAPÍTULO II
2.1 PRINCIPAIS CONCORRENTES
Indiretamente podemos dizer que os principais concorrentes são aqueles centros
situados na mesma cidade ou então em uma localidade muito próxima, desde que a população
em tratamento para o câncer, e candidata para o ingresso em estudos clínicos, seja limitada. Se
houverem parcerias como a aceitação de estudos não concorrentes na mesma localidade, há a
possibilidade de um fluxo de pacientes entre os centros de pesquisa a semelhança de um grupo
colaborativo. Mesmo que estejamos falando de Unidades de Pesquisa Privadas ou Institucionais
os potenciais concorrentes são os mesmos. A estratégia a ser seguida depende muito de fatores
empresariais e até mesmo pessoais dos administradores. Caso estejamos falando de cidades ou
regiões com alta densidade populacional obviamente a probabilidade de um real concorrente é
muito menor haja vista a grande incidência do câncer nestas regiões.
Sob uma ótica mais ampla, outro tipo de concorrente poderiam ser os centros de
pesquisa que possuem qualidades diferenciadas como eficiência, resolutividade, equipe
preparada e conhecimento do negócio. Uma boa rede de contatos também influencia muito na
hora da decisão de qual unidade de pesquisa participará de um estudo.
2.2 ANÁLISE ATRAVÉS DO MODELO SWOT
Em se tratando de uma área inovadora no nosso país, onde as oportunidades de
negócio são expressivas, crescentes e extremamente interessantes sob o ponto de vista
financeiro, realizar avaliações tanto internas quanto externas para a potencialização e obtenção
de uma alta capacidade de competitividade neste setor, é mais do que uma alternativa, é uma
necessidade.
Pelo modelo de planejamento estratégico SWOT, sistematizado por Kenneth Andrews
e Roland Christensen (13) na década de sessenta, podemos melhor avaliar a nossa Unidade de
Pesquisa sob diferentes aspectos:
19
20. 2.2.1
Ambiente interno:
2.2.1.1
Forças:
2.2.1.1.1 Possuir um conhecimento gerencial elevado;
2.2.1.1.2 Ter uma equipe com dedicação exclusiva;
2.2.1.1.3 Ter o apoio da diretoria da Instituição em que atuamos;
2.2.1.1.4 O reconhecimento, inclusive financeiro, do esforço individual e de seus
resultados certamente contribui para a harmonia dos interesses conjuntos;
2.2.1.1.5
Uma vez que trabalhamos em conjunto com multinacionais em busca de
novos medicamentos, sendo estas efetivamente empresas inovadoras, estamos em
permanente contato com tratamentos que poderão se tornar uma referência no futuro;
2.2.1.2 Fraquezas:
2.2.1.2.1 Ter uma dependência de terceiros (internos ou externos) para a realização de
alguns procedimentos e exames do estudo;
2.2.1.2.2 Ter uma demanda de trabalho muito grande quando comparada ao tamanho
da equipe, principalmente até que os primeiros estudos comecem a gerar retorno
financeiro possibilitando mais contratações;
2.2.1.2.3 Interesses desalinhados entre a necessidade de excelência da Unidade de
Pesquisa e o interesse das pessoas envolvidas por obrigação (ex: prestadores ao
realizarem algum exame do estudo)
2.2.1.2.4 Baixa capacidade de uma remuneração adequada ao mercado uma vez que a
empresa encontra-se no início das suas atividades;
2.2.2
Ambiente externo
2.2.2.1 Oportunidades:
2.2.2.1.1 Há uma estimativa de crescimento nos investimentos para a pesquisa clínica
muito expressiva. Somente com relação à necessidade de mais pessoas trabalhando em
um único estudo, de 2008 para 2011 houve em média um aumento 81% no staff
20
21. clínico global (14). Ao mesmo tempo, as companhias farmacêuticas e de biotecnologia
preveem aumentar os gastos com as equipes clínicas em torno de 21% para 2012,
partindo de uma média em 2011 de U$$ 7,3 milhões por estudo (15);
2.2.2.1.2 Ainda existem poucos centros de pesquisa clínica no Brasil, em especial se
comparamos com países mais desenvolvidos. Se levarmos em consideração o nosso
potencial enquanto um país de dimensões continentais, bem como o fato de que somos
o quinto país mais populoso do mundo, podemos ser uma potência na geração de
conhecimento no mundo (16);
2.2.2.1.3 No estado do RS além de existirem poucos centros de pesquisa, a maioria
deles localizados na capital, usualmente esta atividade é exercida sem profissionalismo
no que tange o aspecto gerencial;
2.2.2.1.4 Muitos dos pesquisadores atuais são aqueles que ditam o conhecimento
científico atual e trabalhar nesta área possibilita-nos conversar, trocar ideias, aprender
e compreender a forma de pensar destas pessoas consideradas uma referência global;
2.2.2.2 Ameaças:
2.2.2.2.1 Progressão e piora da crise econômica global ocasionando uma diminuição
nos investimentos em pesquisa clínica, com consequente impacto na alocação de
recursos financeiros e/ou diminuição das margens de lucratividade;
2.2.2.2.2 Diminuição da base populacional referenciada ao Centro de Oncologia onde
encontra-se inserida a unidade de pesquisa;
2.2.2.2.3 Surgimento de novos Centros regionais de Oncologia e/ou Pesquisa, não
dispostos a estabelecer parcerias ou objetivos comuns;
2.2.2.2.4 Oferta de emprego aos funcionários da unidade de pesquisa por parte de
multinacionais atuantes no Brasil, com alta remuneração, haja vista a escassez de mão
de obra nesta área;
21
22. Forças
Oportunidades
# Conhecimento gerencial
# Estimativa de crescimento
# Equipe com dedicação
setorial
exclusiva
# Poucos centros de Pesquisa
# Apoio da diretoria institucional
existentes no Brasil
# Ambiente de trabalho com alto
# Falta de conhecimento gerencial
grau de reconhecimento dos
nos demais centros
esforços e resultados individuais
# Proximidade de contatos com
# Íntimo contato com o
pessoas altamente capacitadas
conhecimento científico de ponta
Fraquezas
# Dependência de terceiros
# Grande demanda de trabalho
quando comparado ao tamanho da
equipe
# Desalinhamento de interesses
entre a equipe da pesquisa e os
prestadores
# Remuneração ainda fora da
realidade de mercado
Ameaças
# Crise econômica global
# Diminuição da base
populacional referenciada
# Surgimento de novos centros de
referência em oncologia,
localmente
# Risco de baixa retenção de
talentos
Tabela 1: forma esquemática do modelo SWOT para a Unidade de Pesquisa em
Oncologia
22
23. Pelo julgamento e análise das variáveis apresentadas acima em relação ao ambiente
interno e externo, percebe-se que esta unidade de pesquisa encontra-se na direção certa de um
empreendimento com um futuro altamente promissor, mas existem alguns aspectos
fragilizantes que precisam ser corrigidos tanto na instituição quanto na própria unidade e
equipe da pesquisa.
Em termos estratégicos, acreditamos que na medida em que a capacidade operacional
e financeira do centro de pesquisa aumente teremos mais condições de equilibrar os interesses
pessoais dos funcionários com as necessidades da unidade. Com relação aos prestadores e a sua
motivação, cremos que um dos aspectos primordiais seja a pontualidade e periodicidade dos
pagamentos dos serviços prestados, mesmo que estes venham a ser efetivamente pagos pelo
patrocinador em um prazo mais longo. Para alcançarmos tais objetivos necessitamos de um
rigoroso controle financeiro, priorizando em um primeiro momento o pagamento destes dois
grupos de colaboradores. A retirada de qualquer capital investido pelos sócios não poderá
ocorrer, sob-hipótese alguma, até que tenhamos alcançado esta estabilidade econômica
financeira. Sabidamente o aspecto motivacional de trabalho de qualquer indivíduo encontra-se
intimamente relacionado ao seu ganho financeiro.
A crise econômica global, embora real e com evidências de uma longa duração, poderá
e está impactando nas negociações com os patrocinadores. Temos de estar preparados através
de uma alta eficiência dos funcionários da pesquisa, bem como buscar uma renegociação com
valores justos dos procedimentos com os prestadores, sensibilizando-os quanto à realidade
macroeconômica do momento paralela à necessidade estrutural de uma unidade de pesquisa,
nunca esquecendo que os compromissos contratuais são extremamente longos. Outra forma de
nos preparamos para esta condição adversa diz respeito à formação de uma reserva financeira
que cubra as despesas operacionais do serviço por conta da sazonalidade.
A base populacional referenciada a um serviço de oncologia do SUS é determinada
pelo governo estadual e federal. A população na região do Vale do Taquari e Rio Pardo
(VTRP) está aumentando por tratar-se de um pólo comercial. Mesmo que surjam serviços
concorrentes, ao trabalharmos firmemente o conceito de qualidade e respeito aos pacientes
junto à comunidade, muito provavelmente estaremos garantindo um fluxo mínimo de pacientes
e até mesmo uma demanda espontânea a procura das nossas opções terapêuticas.
23
24. Finalmente, mas não menos importante, o apoio institucional a esta proposta, somado
a experiência e conhecimentos adquiridos em gerenciamento financeiro, controladoria e
auditoria por parte do seu gestor, colocam o centro de pesquisa em um nível de resolutividade,
planejamento estrutural, maximização de resultados e prospecção de mercado muito acima da
média. São poucos os profissionais médicos (neste caso em especial, oncologistas) detentores
de conhecimentos administrativos aprofundados A competitividade entre os diferentes
players poderá advir de uma maior capacidade de recrutamento de pacientes, mas neste
momento dificilmente sentiremos grandes impactos oriundos de outras habilidades da
concorrência haja visto tratar-se de um mercado ainda em fase embrionária.
24
25. 2.4 BALANCED SCORECARD
O balanced scorecard (BSC) criado em 1990 por Robert Kaplan e aprimorado por
David Norton em 1996 representa um esforço de integração entre a gestão e a estratégia
empresarial (13). Conforme já explanado, o planejamento estratégico da nossa empresa precisa
ser constantemente monitorado no seu cumprimento, e adequado às novas necessidades de
mercado. Como ansiamos uma liderança minimamente regional, tanto sob a ótica da gestão
como sob a ótica da eficiência e qualidade, precisamos nos diferenciar através de um
aprimoramento constante e intenso de todos os conhecimentos já adquiridos e necessários. A
busca por cursos especializados em treinamento de GCP para todos os membros da equipe,
bem como o constante e continuado aprimoramento da formação gerencial do seu idealizador
deve ser um dos focos da Unidade de Pesquisa.
Os resultados das nossas estratégias, eficiência e qualidade, poderão ser mensurados
através dos relatórios gerados pelas CROs ou pelo patrocinador, que sempre nos são
apresentados imediatamente após uma visita de monitoria ao centro. Estas visitas de controle,
conforme já descrito, ocorrem periodicamente em curtos espaços de tempo podendo ser até
mesmo semanais.
Quanto aos resultados econômicos, os mesmos poderão ser observados através da
evolução das nossas reservas financeiras, sempre considerando a necessidade dos pagamentos
mensais de todos os custos da empresa. Ao mesmo tempo, haveremos de atentar para a
composição do fundo de reserva para os casos de baixa oferta de estudos oriundos da
sazonalidade dos mesmos ou até mesmo de crises econômicas que possam impactar a
rentabilidade do serviço.
Almejamos a mensuração do desempenho organizacional sob diferentes perspectivas:
a nossa conceituação por parte dos nossos clientes, a evolução dos nossos processos
operacionais internos e, observando o nível de aprendizado e crescimento individuais.
Devemos nos assegurar de que a nossa visão e os nossos valores e objetivos sejam
integralmente compreendidos e almejados por todos os membros da unidade de pesquisa, que
haja um alinhamento na busca destas metas a ponto de que a percepção de um seja a percepção
de todos.
25
26. Por último, temos de criar um modelo de gerenciamento de risco quanto à segurança
dos pacientes, quanto às intempéries ambientais (inundações, incêndios ou pragas) que possam
comprometer todos os documentos, quanto à proteção e manutenção dos dados gerados
(backup e observância dos contratos de confidencialidade) ou até mesmo quanto à ruptura de
uma das parcerias estabelecidas com a instituição ou com os prestadores. O maior risco se
apresenta na medida em que nos aproximamos da nossa excelência.
26
27. 3.0 CAPÍTULO III
ORÇAMENTO E CONTROLE
3.1 PLANEJAMENTO
Frente aos objetivos descritos anteriormente podemos concluir que a essência
estratégica da empresa seja a sua auto-sustentabilidade principalmente na fase inicial e
obviamente também no decorrer da sua existência. Riscos são inerentes aos processos em si;
todavia, a consciência e a prévia avaliação destas possíveis situações poderão em muito
contribuir para que a empresa consiga aproximar-se ao máximo dos seus objetivos e metas.
Uma vez cientes dos maiores riscos, estabelecemos uma avaliação e estimativa
orçamentária para podermos discutir com os patrocinadores as propostas da maneira mais
adequada possível quanto à realidade financeira da pesquisa, atual e projetada. Neste caso,
procuramos discutir antes do início das atividades de cada estudo todos os processos inerentes
ao mesmo, bem como a precificação de todas as tarefas envolvidas nas suas diferentes etapas.
Assim sendo, formamos uma base mínima de conhecimento orçamentário que nos serviu como
gerenciamento de risco tanto financeiro quanto operacional.
Quanto à previsão de variabilidades das nossas avaliações, é importante ter em mente
que eventualmente poderíamos nos defrontar com reajustes financeiros por parte dos
prestadores ou até mesmo com variações cambiais no sentido da desvalorização do dólar.
Como estratégia procuramos pactuar os valores e regras das prestações dos serviços com uma
validade até o término do respectivo estudo; ou seja, o preço poderá ser revisto somente para
um novo estudo. Um erro em que incorremos nos primeiros contratos foi a não consideração
quanto à queda brusca da cotação do dólar. Atualmente entendemos que o manejo de risco
desta situação possa ser feito através do estabelecimento em contrato de faixas cambiais onde
fora destes parâmetros de flutuação haverá um reajuste previsto pro rata à queda do dólar.
Finalmente, com relação ao planejamento propriamente dito, organizamos a
distribuição de tarefas entre os membros da equipe possibilitando a maximização das
qualidades individuais de cada membro do time. A cada indivíduo foi delegada uma tarefa ou
programa de trabalho, sendo que esta atividade deveria ser específica para um determinado
27
28. estudo, sem o cruzamento de funções inter protocolos. Resumidamente, cada coordenador(a)
seria responsável pela operacionalidade de um estudo na sua totalidade. Mais uma vez, como
uma forma de reavaliação constante e seguindo alguns modelos em oncologia já praticados
(17), foram estabelecidas reuniões quinzenais com toda a equipe para termos um feedback
constante quanto ao desempenho e erros ocorridos. Este controle possibilitou-nos ter a
consciência em tempo real quanto a necessidade de uma mudança na distribuição das tarefas
haja visto que algumas pessoas tinham habilidades diferentes e não compatíveis com a função
designada. Por conseguinte, realocamos os funcionários para tentarmos extrair ao máximo as
suas potencialidades individuais.
3.2 A ATIVIDADE DE PESQUISA E ANÁLISE FINANCEIRA
Os custos de um centro de pesquisa, no que diz respeito aos impostos trabalhistas, são
os mesmos dos que para qualquer outra empresa com o mesmo regime tributário. O número de
empregados varia de acordo com a eficiência da equipe e o número de estudos em andamento
(finalizados mas que ainda demandam trabalho) ou a serem iniciados. Até que um estudo esteja
liberado para iniciação no Brasil, cumprindo todos os trâmites legais, pode ter se passado mais
de um ano. Nosso país caracteriza-se por ter uma das mais ineficientes estruturas regulatórias
do mundo (18).
Cada estudo demanda uma dedicação específica da equipe e ela varia de patrocinador
para patrocinador. Neste ínterim, a análise detalhada do estudo proposto é decisiva para que um
contrato deficitário não seja firmado. As custas do material de expediente são cobertas por um
overhead aplicado sobre a atividade operacional e este varia de centro para centro.
Sobre a operação da Unidade de Pesquisa Clínica os proprietários frequentemente
imputam uma margem que podemos considerar como uma parcela do retorno sobre o
investimento (ROE). Cabe ressaltar que sobre qualquer ganho financeiro incidirão impostos
sobre o faturamento bruto como PIS (0,65%), COFINS (3%), IRPJ (4,8%- Grupo IV))*, CSLL
(2,88% a cada três meses), ISS (5% para a cidade de Caxias do Sul RS) (19).
Dada à cláusula de confidencialidade firmada em todos os contratos, a seguir serão
apresentados dois hipotéticos orçamentos de estudos baseado no modelo utilizado pelo autor.
Um destes modelos leva a um resultado negativo (tabela 1) e outro positivo (tabela 2) A
28
29. frequência com que ocorrem contratos semelhantes ao resultado da tabela um (na opinião do
autor) é muito maior do que se imagina uma vez que tais análises usualmente se dão de um
modo artesanal . Uma possível exceção seria os casos onde é a Instituição que pactua os
orçamentos, pois usualmente ela possui pessoas habilitadas para tal
dentre o seu staff
administrativo.
29
30. TABELA 1: ESTUDO A: Proposta de um patrocinador para um estudo enviado no dia 02/08/2011, com cotação do dólar a R$ 1,56
Título do Protocolo A
Procedimento
Visita de Screening Conversao Reais
Custo Real da Pesquisa
Visita de Base
Conversao Reais Custo da Pesquisa
Semana 6
Conversao Reais Custo da Pesquisa
X
X
Historiaa medica detalhada, exame fisico detalhado, sinais vitais e decisão médica
X
ECG com 12 canais incluindo trçado, interpretaçao e reporte
Tomografia de Torax com contraste ou ressonancia magética
Interpretação e reporte da tomografia e interpretation bem como da Ressonancia Magnetica
R$
R$
X
102,00
970,00
X
X
X
X
R$
R$
102,00
970,00
X
R$
17,50
X
X
Teste de gravidez na urina ou Beta HCG bi sangue
R$
R$
Eventos Adversos
X
Valor Procedimentos
$
749,00 R$
Não Procedimentos
1.168,44 R$
Visita de Creening
1.072,00 $
R$
794,00 R$
1.238,64 R$
X
X
82,00
Visita de Base
Visita médica
R$
R$
17,50
301,14
Guia da Recolhimento da Uniao
Total Não Procedimentos
$
X
202,00
R$
R$
67,00
385,64 $
Total Procedimentos e Não Procedimentos
Overhead 20%
Total por visita
Cotação do dólar
Custos gerais da pesquisa até o fim do primeiro ciclo
Proposta convertida em R$ até o fim do primeiro ciclo
Resultado da Proposta
$
$
951,00
190,20
R$
R$
1.457,64 $
291,53 $
Refeições dos Pacientes, Transporte e Contracepção
$
$
1.141,00 R$ 1.779,96 R$
1,00 R$
1,56
R$
R$
R$
R$
X
X
X
X
X
X
X
X
1.207,90 $
17,50
R$
763,00 R$
82,00
1.190,28 R$
1.069,50
Semana 6
Farmacia, manipulacao e dispensação de drogas
Coordenadora do Estudo - Por Visita
970,00
17,50
18,90
Medicaçoes contomitantes
Painel de Laboratorio Completo
R$
X
X
Manutencao do Laboratório e expedição da amostra
X
283,00
R$
R$
R$
R$
R$
17,50
301,14
120,00
67,00
505,64 $
1.077,00
215,40
R$
R$
1.713,54 $
342,71 $
1.749,17 $ 1.292,00 R$ 2.015,52 R$ 2.056,25 $
no dia 02/08/2011
5.562,09
5.631,60
69,51
Semana 6
X
X
X
R$
R$
R$
8,75
17,50
301,14
X
218,00
R$
R$
67,00
394,39
981,00
196,20
R$
R$
1.463,89
292,78
1.177,00 R$ 1.836,12 R$ 1.756,67
31. TABELA 2: ESTUDO B: Proposta de um patrocinador para um estudo enviado no dia 17/08/2011, com cotação do dólar a R$ 1,58
Título do Protocolo B
Procedimentos
Consentimento Informado
Historia Medica
Inclusao/exclusao
Exame Fisico
Performance Status
Sinais Vitais
Proposta Estudo
Conversão Reais
$
$
$
$
$
$
50,00
50,00
30,00
120,00
20,00
15,00
R$
R$
R$
R$
R$
R$
79,00
79,00
47,40
189,60
31,60
23,70
R$
R$
R$
R$
$
$
$
$
$
15,00
10,00
60,00
20,00
45,00
R$
R$
R$
R$
R$
23,70
15,80
94,80
31,60
71,10
R$
R$
R$
R$
R$
R$
Questionario Qualidade de Vida
Hematologia
Coagulação
Bioquimica, Funcao hepatica
Teste de gravidez
ECG
Computerized axial tomography, thorax, thoracic, chest (Cat Scan) (CT Scan); with
contrast material(s) or Magnetic resonance imaging (MRI)
Custo real
C1D1 Prop
Conversão Reais
60,23
60,23
60,23
60,23 $
120,00 R$
189,60
$
20,00 R$
31,60
1,31 $
15,00 R$
23,70
$
15,00 R$
23,70
17,85 $
15,00 R$
23,70
5,50
58,00 $
60,00 R$
94,80
5,50
102,00
$
1.500,00 R$
2.370,00 R$
$
$
40,00 R$
1.500,00 R$
63,20 R$
2.370,00 R$
Medida do tumor
Conversao
Custo Pesq
R$
R$
R$
1,31 $
8,75
17,85 $
15,00 R$
23,70 R$
1,31
15,00 R$
23,70 R$
17,85
R$
58,00 $
60,00 R$
94,80 R$
58,00
$
$
15,00 R$
15,00 R$
23,70 R$
23,70 R$
R$
78,87
78,87
35,00
301,14 $
17,50 $
17,70
100,00 R$
70,00 R$
158,00 R$
110,60 R$
R$
301,14
17,50
17,70
290,00 R$
43,50 R$
333,50 R$
458,20 R$
68,73 R$
526,93 R$
17,50
970,00
$
Medicamentos concomitantes
Relato Eventos Adversos
Reembolso pacientes
C1D15
970,00
PK/PG sample
Biomarcador
Custo Pesq
$
35,00 R$
55,30 R$
$
$
$
100,00 R$
70,00 R$
- R$
158,00 R$
110,60 R$
- R$
$
$
$
$
3.680,00 R$
552,00 R$
4.232,00 R$
1,58
R$
R$
R$
Farmaceutico
$
$
67,00 $
$
75,00 R$
15,00
15,00
35,00
20,00
118,50 R$
R$
R$
R$
R$
23,70
23,70
55,30 R$
31,60 R$
100,00 R$
158,00 R$
R$
R$
505,00 R$
75,75 R$
580,75 R$
797,90 R$
119,69 R$
917,59 R$
17,50
67,00
8,75
IXRS
Exame Médico
Taxa coordenador estudo
Taxa da controller
Total procedimentos e não procedimentos
Overhead 15%
Total por visita
Cotação do dólar
Custos gerais da pesquisa até o fim do primeiro ciclo
Proposta convertida em R$ até o fim do primeiro ciclo
Resultado da Proposta
5.814,40
872,16
6.686,56
no dia 17/08/2011
3.544,07
6.686,56
3.142,49
60,23 $
17,50
-
$
$
$
515,50 $
77,33 $
592,83 $
606,24
90,94
697,18
32. Legenda: tanto para a tabela 1 quanto para a tabela 2 a tradução das siglas é
coincidente. C1 significa ciclo 1. Um ciclo compreende um curso de tratamento, que pode ser
subdividido em vários dias, ao término do qual o processo se repete. C1D1 refere-se ao dia 1 do
ciclo 1. Não há relação com o dia do mês, mas sim com o dia do inicio do tratamento.
3.3 OBSERVAÇÕES PERTINENTES ÀS TABELAS 1 E 2
Para um maior entendimento quanto ao modelo econômico financeiro da pesquisa
clinica cabem algumas considerações:
1) os detalhes descritivos de cada procedimento são irrelevantes para a compreensão do
processo em si; 2) entenda-se por custo real da pesquisa ou custo da pesquisa o valor de cada
procedimento executado, acrescido apenas dos impostos e taxas pertinentes, sem margem
operacional e sem overhead; 3) muito embora os prestadores emitam uma NF para a unidade de
pesquisa, o pagamento originalmente é feito mediante uma NF emitida pela Unidade de
Pesquisa em nome da CRO, gerando assim impostos em cascata; 4) em amarelo destacamos o
valor da proposta por parte do patrocinador e em verde destacamos o custo real (sem margem e
sem overhead) da unidade de pesquisa; 5) há uma variabilidade entre o modelo de propostas
apresentado por cada patrocinador, sendo que alguns propõem um pacote fechado, sem
detalhamentos, e outros enviam uma proposta com detalhamento do pagamento de cada
procedimento; 6) sempre que houver um valor descrito de pagamento por parte do patrocinador
e o mesmo não apresentar o seu correspondente no custo da unidade de pesquisa, entende-se
que este valor já encontra-se incluso no valor de algum outro procedimento já orçado ou
contemplado.; 7) muito embora não haja uma previsão de pagamento para a atividade
controller , esta foi considerada como parte do custo da pesquisa; 8) a unidade de pesquisa
possui um plano de carreira e o escalonamento de salários de acordo com a evolução de cada
membro gera uma variabilidade do custo com funcionários; desta forma, aqui consideramos
para todos os casos o valor hora de trabalho da coordenadora em maior nível de carreira no
momento da edição deste trabalho e o mesmo se deu com o custo com o farmacêutico
(terceirizado); 9) para tarefas diferentes foram consideradas frações de hora de trabalho, de
acordo com a experiência prévia do centro quanto ao tempo dispendido em estudos anteriores;
10) os estudos são prolongados, muito além do exposto nas tabelas apresentadas. Ambas as
tabelas foram estruturadas até onde o processo começa a ser repetitivo, ou seja, a partir da
32
33. última coluna os procedimentos se repetem continuadamente (conforme o desenho de cada
estudo) do C1 até a última coluna;
3.4 PRIMEIRAS CONCLUSÕES QUANTO ÀS NEGOCIAÇÕES
Como se pode observar na proposta A (enviada com valores fechados), há evidências
de que o custo operacional da pesquisa tenda a aproximar-se dos valores propostos. Como
teoricamente a lucratividade (ou rentabilidade) do serviço contratado já está contabilizada por
parte do patrocinador na sua proposição, há um elevado risco de que a unidade de pesquisa
trabalhe sem nenhuma geração de capital. Esse risco pode ser ainda maior caso não se façam
análises pormenorizadas pautadas por um conhecimento gerencial e financeiro aprimorado. Os
motivos pelos quais o patrocinador não explicite todos os itens com os seus respectivos
pagamentos podem ser variados, mas dentre eles chama a atenção o fato de que
coincidentemente a economia global passa por um momento de elevada turbulência,
instabilidade e até mesmo insustentabilidade. Sabidamente os proponentes são empresas
estrangeiras, com operações globais.
Como usualmente os pagamentos sempre ocorrem após um ciclo médio de três meses
e tão somente após a liberação do monitor da CRO apontando o cumprimento dos quesitos do
contrato, mesmo valores muito positivos na proposta inicial poderão ainda assim representar
um déficit financeiro haja visto que: 1) os prestadores devem receber mensalmente para não
haver risco de desmobilização ou retaliação; 2) não está contabilizada a desvalorização do
dinheiro ao longo do tempo; 3) em caso de desvalorização do dólar o risco é da unidade de
pesquisa; 4) o custo fixo e variável da unidade de pesquisa consome recursos financeiros
muitas vezes inexistentes quando no início da atividade; 5) nos casos de pagamentos em
dólares, oriundos do exterior, não foi computado o IOF e tampouco a taxa de operação bancária
(que varia de banco para banco).
.
33
38. 3.5 ANÁLISE INTEGRADA DAS TABELAS 3, 4, 5 e 6
No que tange os itens descritos nas tabelas é importante esclarecer alguns aspectos: no
modelo atual de operação desta unidade de pesquisa. Este serviço encontra-se inserido dentro
de uma instituição hospitalar e há um acordo entre ambos onde todos os exames necessários
são realizados internamente. Em contrapartida, à unidade de pesquisa é disponibilizada uma
área física, não há despesa comercial e a despesa administrativa é absorvida integralmente pelo
próprio autor. O item aquisição de móveis e utensílios corresponde a aquisição de três
computadores corporativos, um para cada funcionário(a).
Com relação à avaliação do fluxo de caixa projetado, é evidente que a integralização
de capital seja uma das questões essenciais para a geração de caixa e viabilidade da empresa.
Muito embora este aporte de capital possibilite à unidade um resultado financeiro positivo
(tabela 4), ao levarmos em consideração o dinheiro aportado no período observa-se que ainda
assim não há um retorno integral sobre o investimento. Obviamente que variáveis como a
desvalorização da moeda, a flutuação para baixo do câmbio do dólar, os reajustes de salários
dos funcionários e o custo de oportunidade poderiam levar o leitor a uma conclusão primária
de que estamos diante de uma atividade pouco rentável, ou até mesmo com um payback
prolongado e desinteressante; todavia, aqui avaliamos apenas o resultado de um estudo e a
unidade de pesquisa possui uma maior capacidade de absorção de protocolos.
Ainda quanto à análise do fluxo de caixa percebe-se que o aporte financeiro por parte
dos proprietários possibilita a mudança de um saldo final negativo para positivo já no quarto
mês de operação. Talvez uma alternativa ao desembolso seja a efetuação de um financiamento
bancário com pagamento no longo prazo, o que poderia ser uma interessante estratégia de
autofinanciamento da própria unidade de pesquisa.
Como uma forma de alguns proprietários eximirem-se da necessidade de
desembolsar dinheiro, alguns centros de pesquisa costumam pagar os seus prestadores
somente após o recebimento dos créditos, o que no entendimento do autor é uma estratégia
equivocada. Em pesquisa clínica trabalha-se constantemente com a excelência na qualidade
da operação, dos dados gerados, na confiabilidade, na eficiência e na resolutividade. Tais
necessidades devem seguir um padrão internacional uma vez que as autoridades fiscalizadoras
são tanto em nível local, nacional quanto global. Uma vez que esta atividade envolve serviços
terceirizados, não sabemos o quanto os mesmos estão empenhados e motivados em cumprir
38
39. tais rigorosas diretrizes. Em termos legais e práticos (localmente falando), o maior
responsável por todo o controle operacional dos processos de um estudo é a unidade de
pesquisa clínica e o seu investigador principal, este último escolhido pelo próprio centro ou
pelo patrocinador. Como uma forma de minimizar este risco e manter as equipes motivadas,
entendemos que a efetuação regular dos pagamentos dos serviços prestados por terceiros é
essencial, mesmo que os prazos de recebimentos sejam muito mais prolongados.
Em termos da demonstração de resultados econômicos projetados, mais uma vez
percebe-se a importância do aporte financeiro no início das atividades da pesquisa (tabela 6).
No sentido contrário desta estratégia, pela tabela 5 percebe-se que há um crescente grau de
alavancagem representando verdadeiramente um risco para a viabilidade da empresa.
3.6 O BALANCE SCORECARD APÓS UM ANO DE ATIVIDADE
3.6.1 FINANÇAS
Ao analisarmos os resultados econômicos obtidos através das análises das tabelas
apresentadas e também através do resultado na prática real da empresa conclui-se que a
lucratividade é extremamente dependente da estratégia financeira estabelecida no início das
operações. Da mesma forma, ao trabalharmos com avaliações técnicas sob a ótica gerencial
podemos potencializar o ganho de capital, o crescimento e a composição adequada da receita
tornando a unidade sustentável e atraente para os colaboradores.
3.6.2 CLIENTES
A participação no mercado tanto em nível estadual quanto em nível nacional tem
sido crescente e continuada. A aceitação da comunidade local para os tratamentos propostos
tem sido quase que absoluta, o que denota uma satisfação considerável dos nossos clientes, no
caso os pacientes. Colocando em prática os conhecimentos de gestão financeira adquiridos no
curso, claramente a rentabilidade sobre cada cliente tem sido maior; sobretudo para os novos
estudos.
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40. 3.6.3 PROCESSOS INTERNOS
Ao trazermos cada vez mais estudos para as mais variadas patologias e condições
clínicas estamos inovando o conhecimento, a ciência e a forma de tratar os pacientes
oncológicos na nossa região. Para a nossa atividade entendemos que os novos produtos
encontram-se inseridos em dois grandes aspectos: 1) trazer junto à comunidade tratamentos
cada vez mais modernos, extremamente avançados e com alta tecnologia agregada; ainda não
disponíveis tanto no setor privado de saúde quanto no setor público; 2) profissionalização
gerencial do modelo de pesquisa clínica, aprimorando os seus processos e servindo até mesmo
como modelo e referência para outros centros, maiores, menores ou até do mesmo porte.
3.6.4 APRENDIZADO
O modelo implantado tem evidenciado que os desempenhos das competências da
equipe e dos indivíduos mostram-se crescentes. A prática de realocação do funcionário com o
intuito de adequá-lo às suas habilidades acabou gerando um maior grau de satisfação pessoal
e, por consequência, uma melhoria da sua produtividade. Observou-se que a cultura
organizacional de feedback constante, bem como de análises internas e externas sempre
comparadas aos nossos objetivos e metas estabelecidos, possibilitou à unidade de pesquisa a
construção de uma sólida base de credibilidade para com todos os players desta atividade.
Outrossim, talvez o aspecto mais importante para a nossa perpetuidade seja a consciência de
que o maior risco de falhas encontra-se justamente no nosso ponto de excelência.
Aprendemos isso na prática diária em momentos onde supostamente achávamos estar
realizando todas as tarefas adequadamente e as monitorias nos apontavam erros, desvios ou
até mesmo ineficiência em algumas etapas. Outro grande aprendizado se deu após a
ocorrência de uma auditoria internacional, onde a equipe se preparou muito para o melhor
resultado possível. Tínhamos em mente estar alinhados com a maior parte das necessidades e
regras do estudo; todavia, mesmo assim nos deparamos com apontamentos em vários níveis
de importância, o que na realidade foi muito construtivo, pois obtivemos uma visão externa
do nosso trabalho diário.
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41. 4. CONCLUSÕES FINAIS
A principal intenção deste trabalho de conclusão de curso não era de evidenciar um
campo de trabalho ainda emergente no nosso país e com um alto índice de lucratividade.
Certamente situações e condições favoráveis como a simultaneidade de vários protocolos e
margens de contribuição consideráveis poderão convencer qualquer pessoa a investir neste
campo de trabalho. Somente no ano de 2010 foram investidos no Brasil R$ 1,4 bilhão em
pesquisa clínica. (20). Ao compararmos tais cifras com a nossa participação de 1,55% no
mercado global e também levando-se em consideração que o Brasil atualmente é um dos
países mais atrativos para investimentos por parte da indústria farmacêutica global, podemos
ter uma noção de qual será o nosso futuro em pesquisa clínica (22) (23).
Fazer pesquisa de uma forma artesanal , aventureira ou até mesmo com interesses
verdadeiros, mas sem conhecimento de causa, pode levar o investidor a grandes decepções.
Como em todas as áreas emergentes há muito modismo e cremos que esta seja a grande
oportunidade de mercado para aqueles que procuram a diferenciação e a excelência. Sob a
visão dos patrocinadores e das CROs, os nossos comparadores em muitos casos serão tais
empreendedores modistas, o que nos oportunizará grandes possibilidades de escolha daqueles
protocolos que melhor nos convier. Mesmo que muitos centros se qualifiquem
suficientemente para fazer frente a uma concorrência real, a demanda por unidades de
pesquisa é tão grande que não haverão grandes impactos nas oportunidades de negócios.
Os centros de pesquisa que estão iniciando as suas atividades são os mais vulneráveis
aos erros de planejamento financeiro e, por consequência, sujeitos a inviabilidade no negócio.
Como mostrado nas tabelas de evolução do fluxo de caixa e da demonstração dos resultados
econômicos projetados, existem riscos que precisam ser ponderados desde o início do
processo negociatório. Em especial consideramos a inexistência prévia de um capital de giro,
a negociação através de pacotes fechados, os riscos da flutuação cambial e a desconsideração
dos tributos a serem pagos no cálculo dos valores dos procedimentos aspectos críticos para a
subsistência da empresa. Cabe também ressaltar a sazonalidade da oferta de protocolos,
podendo haver momentos de ociosidade com risco de alavancagem operacional. Tendo
consciência de tais aspectos, a criação de um fundo de reserva é crucial para a não
desestruturação de todo um trabalho desenvolvido.
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42. Por fim, trata-se de uma área inovadora que prima pela qualidade e confiabilidade
dos dados gerados. Creio que todos os objetivos e metas planejados inicialmente estejam
sendo alcançados lentamente, mas ao mesmo tempo solidamente. Não nos desvirtuamos da
nossa missão e visão na medida em que dificuldades e necessidades foram se apresentando no
dia a dia do nosso trabalho. Cremos firmemente que estamos no caminho certo, mas sempre
conscientes de que a diferenciação encontra-se intimamente ligada ao maior risco de todos: a
acomodação.
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43. 5. Referências Bibliográficas
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9)
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11)
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43
44. 16)
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23)
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44