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OUTUBRO 2016 Nº 02
GAP YEAR: CONHECE A
HISTÓRIA DE GABRIELA
RICCA
DIOGO COSTA E PEDRO COSTA
CAMPEÕES MUNDIAIS DE VELA
NOTÍCIAS
Academia em Ação
Novidades da Federação Acadé-
mica do Porto.
Seleções AEFEUP
Treinos começam esta semana!
Fica a saber onde e a que horas
e não percas a oportunidade de
representar a tua Faculdade!
Setembro acabou,
venha Outubro!
Destaques do mês passado e ca-
lendário do mês que aí vem.
1
pág.4
pág.5
O que nos é exigido,
o que nos é sugerido
e o resto
2
O ensino universitário viveu mudanças profundas no seu mé-
todo nas últimas décadas, fruto da evolução das tecnologias
de informação e comunicação, das características e necessi-
dades do mercado de trabalho e até mesmo por evoluções
ideológicas. Este ensino que vivemos hoje, pós-Bolonha, é,
sem dúvida, mais compatível com a internacionalização dos
estudantes e, de certa forma, mais virado para competências
do que a mera transmissão do conhecimento. Ainda assim, há
muito a melhorar a nível das instituições de ensino: a interpre-
tação do que se espera de um aluno ao fim de cada unidade
curricular e de cada ciclo de estudos; o que ensinar ao certo,
como abordar a aprendizagem, qual o estímulo a dar.
Não obstante tudo o que referi acima, este é um jornal de es-
tudantes para estudantes (de Engenharia) e por isso as ques-
tões a dedicar algum tempo de reflexão são outras. Estaremos
nós (alunos) a fazer a leitura correta do ensino universitário?
Não terá um Engenheiro que ser capaz de se adaptar a tudo?
Em cada desafio/projeto/cadeira que enfrentamos temos
duas coisas a analisar: os Inputs e os Outputs. Que temos nós
que dar e qual o resultado final esperado? O Output desejado
parece-me bastante fácil de delinear: no mínimo, competên-
cias que nos permitam ser úteis para o mercado de trabalho
e que nos permitam adaptar às suas exigências; idealmente,
versatilidade, método de trabalho, inúmeras soft skills, etc.. A
ideia geral é que estes mínimos dependem de nós cumprir-
mos com o que nos é exigido (exames, projetos) ou quiçá de
devez em quando lá fazermos o que é sugerido (estudar a
bibliografia toda, dar aquele passo extra num projeto) porque
sem fazer o que é sugerido temos receio de não cumprir com
o exigido. É certo, sabido e assumido que todos devíamos fa-
zer mais, mas quando a iniciativa, o trabalho e a proatividade
não são recompensadas com um número ou vêm em sentido
contrário a esse número, a motivação sofre. Não percam o
sentido das competências (entre elas o método de trabalho
e estudo), não se prendam em conhecimento volátil para res-
ponder a umas perguntas e não se prendam, sobretudo, ao
que vos é exigido: o resto, que assim o descrevo porque mui-
tos interpretam como sendo de facto “resto”, pode ser crucial
para que de facto obtenham as competências que dão como
adquirido que aparecerão em forma de diploma. Aprofundem
os conhecimentos, criem projetos novos, experienciem novas
realidades, saiam da zona de conforto e, sobretudo, apren-
dam.
Num ensino que vai avaliando (e mal) o conhecimento (e aten-
ção que as competências não existem sem ele, mas o reverso
é possível) sejam vocês a garantir que ganham as competên-
cias.
Pedro Henrique Santos
Pólo Zero: do sonho
à realidade
Dia 7 de outubro é um dia feliz! É o dia em que, finalmente,
se cumpre o tão desejado sonho do Pólo Zero da Federação
Académica do Porto. Uma ideia antiga cuja intenção se foi
mantendo e prolongando pela história de várias direções da
FAP e das suas associações de estudantes e que agora inau-
gura ao público.
O Pólo Zero é um projeto com muitos anos de maturação no
seio da Academia Portuense e representa a intenção antiga
de ter um espaço da Federação Académica do Porto ao ser-
viço dos estudantes, no centro da cidade. Atualmente, o con-
ceito desenvolvido é bastante mais evoluído e ambicioso do
que eram as expectativas iniciais, pois se na viragem do sécu-
lo fazia sentido criar um bom espaço de estudo e de acesso
à Internet, hoje os desígnios do Pólo Zero, fruto da evolução
tecnológica e científica, têm de ser necessariamente outros.
Assim, o Pólo Zero materializa-se como um espaço de estu-
do mas também como um espaço de promoção do Emprego
e Empreendedorismo, de dinamização cultural da cidade do
Porto pela Academia e como um espaço de construção de
ideias inovadoras, de fomento da utilização da tecnologia e
de prática do associativismo.
O Pólo Zero nasce fruto de um trabalho contínuo de várias
direções da FAP, não sendo possível esquecer todos aque-
les que foram os parceiros que se associaram ao crescimento
deste projeto, desde logo a Câmara Municipal do Porto que
cedeu o espaço e que contribuiu com uma parte significativa
do seu orçamento, mas também as Instituições do Ensino Su-
perior da cidade que se juntaram a nós nesta concretização,
nomeadamente a Universidade do Porto, o Instituto Politécni-
co do Porto e a Universidade Católica Portuguesa.
O reconhecimento do valor deste projeto é reforçado pela
presença de Sua Excelência o Presidente da República, Mar-
celo Rebelo de Sousa, na Cerimónia de Inauguração do Pólo
Zero – um motivo de honra e de grande orgulho para todos os
que fizeram e fazem parte desta caminhada.
Desta feita, não podemos dizer que o sonho acabou! Inicia-se,
agora, uma segunda fase de concretização do Pólo Zero: a
sua implementação, dinamização e apresentação à cidade por
forma a que cumpra a curto, médio e longo prazo os objetivos
para os quais foi desenhado.
A partir de agora, o Pólo Zero está ao serviço dos estudantes
da Academia do Porto e ao serviço da cidade do Porto e ape-
nas desejo que façam bom uso dele!
Sejam bem-vindos!
Estamos à vossa espera!
Daniel Freitas,
Presidente da Federação
Académica do Porto
A partir desta semana terás à tua disposição to-
das as modalidades que a AEFEUP tem para te
oferecer. Se sempre quiseste representar a tua fa-
culdade, se estás à procura de continuar a prática
desportiva enquanto estás na universidade ou se o
desporto universitário te cativa tens a oportunida-
de de experimentares a(s) modalidade(s) que mais
gostas! Para isso apenas precisas de te apresentar
ao treino, pronto para treinar, no horário especifi-
cado abaixo. A participação em todas as ativida-
des das Seleções é totalmente gratuita. As capta-
ções estão abertas a todos os estudantes durante
esta semana.
Andebol Masculino: terça e quinta das 21h às 22h
no pavilhão Luís Falcão
Basquetebol Feminino: terça e quinta das 20h às
21h no pavilhão Luis Falcão
Basquetebol Masculino: terça e quinta das 12h às
13h no pavilhão Luis Falcão
Futsal Feminino: segunda das 19h às 20h no pa-
vilhão Luís Falcão
Futsal Masculino: segunda das 22h às 24h no
pavilhão do Estádio Universitário (Campo Alegre,
junto ao planetário)
Voleibol Masculino e Feminino: segunda das 20h
às 21h no pavilhão Luis Falcão
Futebol 11: segunda das 22h às 24h no CAT
Rugby 7 Masculino: ainda por definir. Os interes-
sados devem preencher o seguinte formulário:
https://goo.gl/forms/lq6pmuMgCOamig4B3
A salientar que quarta-feira dia 5 é feriado, não
havendo treinos nesse dia. Este calendário é provi-
sório e, por isso, está sujeito a alterações no futuro.
Qualquer dúvida não hesites em enviar um email
para selecoes@aefeup.pt
Depois do recrutamento de interessados, e com
mais de 50 pessoas inscritas, começam esta sema-
na as atividades do Projeto Checklist (em que o
Banco de Voluntáriado AEFEUP está contido). De-
correu na semana passada uma sessão de apre-
sentação onde tivemos convidados da Ajudaris,
Faz-Rondas, Animais de Rua e CASA a partilharem
experiências e a ajudar os nossos voluntários a
perceber a importância das atividades em que vão
participar.
Ao longo das edições do jornal, iremos reportar
sobre as atividades desenvolvidas no âmbito des-
ta iniciativa. Neste momento, encerrámos as incri-
ções para este semestre, mas estas reabrirão em
altura oportuna.
Esta semana começam as atividades, com a cons-
trução de uma piscina de hidroginástica para os
utentes da Associação Portuguesa de Pais e Ami-
gos do Cidadão Deficiente Mental já no próximo
dia 4, e com múltiplas atividades a serem planea-
das e parcerias a serem fechadas.
3
Seleções AEFEUP Projecto Checklist
15 anos de idade utiliza-se os “optimist”, modelo de barco
pequeno limitado até à idade referenciada. Após esta idade
existem várias opções de escolha dependendo do tipo de
classe pela qual se opta. As classes diferenciam-se pelo nú-
mero de pessoas que utilizam o barco: poderá ser individu-
al, dupla, tripla ou quádrupla. Pessoalmente, sempre fui um
grande apreciador de 420 pois o modelo é o mais próximo
dos barcos de maior dimensão. O Pedro passou primeiro que
eu, devido à diferença de idades, e começou logo a andar
no 420 com outro rapaz. Quando deixei o “optimist” formei
equipa com o meu irmão e desde aí que andamos sempre
neste tipo de barco.
Com que idade começaram a praticar a modalidade? Na
altura, com que frequência treinavam?
P: Começamos a praticar vela, eu com 5 anos e o Diogo com
6 e na altura treinávamos apenas uma tarde ou manhã por
fim-de-semana.
Qual foi a primeira regata em que participaram? Como foi
a preparação e o que sentiram durante a competição?
D: Tinha 7/8 anos, não me recordo bem, uma vez que ainda
era muito pequeno, quando participei numa regata pela pri-
meira vez. No entanto, só participei com o Pedro alguns anos
mais tarde. Começámos a treinar e a andar de barco juntos
em Setembro de 2012 e a primeira regata, de pequenas di-
mensões, em que participamos enquanto dupla foi em Ou-
tubro desse ano. Já em Fevereiro de 2013, entrámos numa
regata a nível nacional. Lembro-me de estar nervoso, por ser
uma classe nova e por o Pedro dizer que os atletas em compe-
tição eram muito bons na modalidade. Esses nervos acabaram
por ficar de lado mal entrei no mar, uma vez que tinha de estar
concentrado em todas as tarefas que tinha de realizar.
Naturalmente, à medida em que foram evoluindo dentro
do desporto a regularidade dos treinos aumentou… Como
conseguiram gerir essa mudança e conciliar com os estu-
dos?
P: À medida que fomos evoluindo começámos a treinar cada
vez mais dias, sendo que neste último ano foi o ano em que
treinamos mais. Durante a semana tínhamos três dias de trei-
no e ao fim de semana, tanto sábado como domingo; no en-
tanto, isto só foi possível fora da época dos exames. No de-
correr da época de avaliação escolar, tentávamos estar mais
concentrados no estudo e sempre com o objectivo de ter o
melhor aproveitamento.
Neste momento, quanto tempo livre têm entre treinos e
faculdade? É possível ajustar tempo para os outros extra,
para a família e para os amigos?
D: Neste momento ainda estamos a arrancar a época com o
470 (classe olímpica) pelo que temos algum tempo livre antes
de começar a treinar e como a faculdade ainda não está a
fundo é possível marcar programas com amigos. No entanto
já estamos a organizar tudo para daqui a 2 ou 3 semanas ar-
rancarmos em força a época, apesar de já estar marcada uma
regata para a primeira semana de Outubro, na qual iremos
participar. A partir do próximo mês, voltamos a estar muito
A primeira vez que ocorreu a prática de Vela em Portugal
foi na segunda metade do século XIX pelo que a dimensão
desta modalidade cá, ainda é reduzida. Na vossa opinião,
como poderiam “chamar” mais pessoas a aderir à prática
deste desporto?
Diogo: A Vela é um desporto no qual as regatas são feitas em
mar aberto, longe de terra, e assim não é possível as pesso-
as assistirem... Assim sendo, existe uma dificuldade acrescida
em chamar atenção através da observação. Neste momento
estão em estudo várias alternativas para cativar mais atletas,
entre elas transformar a vela num” desporto de estádio”, por
exemplo executando regatas no Rio Douro e em locais de
passagem de população, para que estas possam assistir.
Na minha opinião esta abordagem não é a mais correta uma
vez que a modalidade acaba por ser prejudicada pois a sua
escala, em termos de competição, é reduzida. No entanto é a
forma de atingir o público.
O que vos fez escolher praticar Vela?
Pedro: Quando começámos a praticar éramos muito miúdos,
pelo que a decisão não foi nossa mas sim do nosso pai, que
na altura tinha comprado um barco pequeno. Para podermos
velejar com ele, tivemos de entrar para um clube e aprender a
modalidade. Apenas mais tarde, 3 ou 4 anos após iniciarmos
a prática, surgiu o interesse e o gosto pela Vela.
Dentro desta modalidade existem várias categorias de
barco, porque optaram pelo 420?
D: Na vela, normalmente, quando se inicia antes de atingir os
4
Entrevista a
Diogo Costa e
Pedro Costa
Este ano, Diogo Costa e Pedro Costa, irmãos e estudantes
da FEUP, foram campeões mundiais de vela na modalidade
de 420. Colocámos-lhes algumas questões para perceber
como chegaram onde chegaram:
“apertados” de tempo uma vez que iremos treinar todas as
tardes tanto no mar como idas ao ginásio, o estudo será mais
intensivo e todos os extras que gostamos de fazer vão ser um
pouco postos à parte… Então a sesta da tarde, que faz muita
falta, acabou mesmo (risos).
Consideram essencial a prática de desporto regular duran-
te a faculdade? Porquê?
P: Na minha opinião a prática de desporto é muito importante
não só pela saúde individual mas também para nos obrigar a
ser mais disciplinados. A prática regular de modalidades físi-
cas incube a cada pessoa uma organização especial e obriga
a aprendizagem de planificar horários, definir objectivos e es-
tabelecer limites.
Relativamente ao campeonato mundial, como ocorreu a
preparação para esta competição?
P: Foram diferentes, o Diogo foi sair à noite (risos).
D: Começamos a preparar este campeonato há dois anos,
quando integramos uma equipa internacional com um treina-
dor profissional na qual o sentido de compromisso foi muito
restrito. O ano passado fomos treinando com um método dife
rente onde aprendemos melhor a nossa ligação ao barco e
funcionamento e uso correto do mesmo. Já no ano corrente,
estivemos mais focados em estratégia e tática, saber analisar
cada situação individualmente e saber como reagir perante os
outros atletas. Participámos em várias regatas fora do país
para estarmos no ambiente mais parecido com aquele que irí-
amos enfrentar no mundial, estivemos a maior parte das vezes
em Itália e Espanha.
Alguma vez imaginaram que conseguiriam sagrar-se cam-
peões mundiais?
P: Claramente nunca imaginei que iríamos ficar em primeiro
lugar apesar de acreditar na possibilidade, costumava dizer
ao Diogo “Os outros também têm dois braços e duas pernas,
se eles conseguem ganhar campeonatos do mundo, porque é
que nós não havemos de conseguir?”. Infelizmente, em Portu-
gal, muitas pessoas diziam que não era possível uma vez que
os meios disponíveis, comparados ao estrangeiro, são muito
menores assim como os apoios da Federação; mas nunca per-
demos a esperança… Após termos conquistado o segundo
lugar nos mundiais do ano passado e realizado um investi-
mento grande num treinador italiano, tudo parecia mais pos-
sível. Ao longo dos treinos, o treinador puxava muito por nós
e transmitia-nos confiança, não só psicológica e moralmente
mas também em material variado, o qual poderia ter disponi-
bilizado a outros velejadores da nossa equipa mas optou por
nos escolher.
5
A Gabriela, aluna do MIEM, embarcou numa aventura de
9 meses em Sepahua, no Perú. Estivemos à conversa com
ela, para ouvir as suas histórias, o que aprendeu e como a
experiência a moldou.
Quando surgiu a ideia de fazer um gap year? A intenção foi
sempre fazer voluntariado durante todo esse ano? Como
chegou até ti a oportunidade de ir para Sepahua? Os teus
pais apoiaram-te desde o início ou foi difícil convencê-los?
Desde os 16 anos que sonho em fazer um ano de volunta-
riado enquanto jovem, em particular com comunidades em
necessidade e longe do nosso mundo tecnológico e urbano.
Estando ligada aos Dominicanos, foi com as Irmãs Missioná-
rias que partilhei este desejo, e foram elas que me guiaram na
preparação e discernimento deste ano. Assim tomei conheci-
mento das missões que desenvolvem, tanto dentro como fora
do país: como parte da formação fiz diversos fins-de-semana
de voluntariado no bairro 9 de Maio (Lisboa) onde estas Irmãs
dão um apoio crucial à comunidade; ao longo dos anos fui
conhecendo irmãs e voluntários das missões de Timor, África
e América Latina. Decidi que gostaria de viver este ano nesse
último continente, e dentro disso deixei à congregação a de-
cisão da missão em particular para a qual iria. Afinal de contas,
eu não conheço as missões, e não faço ideia de onde posso
realmente ser mais útil! E Sepahua foi escolhida assim.
Durante os anos em que discerni esta decisão, tive como prin-
cipais guias as Irmãs Dominicanas, que entre conversas e for-
mações me iam preparando, esperando o dia em que estives-
se realmente pronta para partir, e em que essa viagem fosse
possível. Houve alturas em que desejei ir e recebi um “não”,
por não me considerarem preparada; houve momentos em
que poderia ter ido e não quis, por ainda estar agarrada ao
que me afectaria quando estivesse longe. Os meus pais acom-
panharam este meu desejo desde o começo. Como pais, e
vendo-me tão nova, não o apoiaram à primeira. Tive também
que crescer em família para poder ir e, quando se decidiu que
realmente ia partir, ambos me apoiaram até ao dia em que
voltei. Ter a presença, a ajuda da família quando se está tão
Entrevista a
Gabriela Ricca
Qual foi a primeira coisa que te passou pela cabeça quando
chegaste lá e viste o sítio onde ias viver e trabalhar nos 9
meses seguintes?
Honestamente? A primeira coisa que me passou na cabeça quan-
do cheguei foi: “olha, os índios também andam de mota”. Não fui
para Sepahua com uma expectativa daquilo que ia ver: não fazia
ideia de como era uma comunidade nativa, de como funcionava,
de como eram os seus habitantes. Aquilo que sabia, a razão de
me ter apaixonado mal cheguei, era que Sepahua ficava na sel-
va. E sim: a selva, enquanto natureza pura e dura e enquanto lar
de uma vida e cultura particular, foi o que mais me impactou à
chegada, o que procurei conhecer, descobrir, embrenhar-me mais
durante estes 9 meses, e o que trago mais presente em mim. Por
fim, há algo que sempre me impressionou, até hoje, em Sepahua
e qualquer outra comunidade nativa: a simplicidade com que vi-
vem os seus habitantes. Vivem com pouco, e têm tudo. Vivem da
terra e do rio, e cada dia é um recomeço: cada dia é preciso ar-
ranjar alimento para o dia seguinte; cada dia é essencial cuidar da
casa para proteger os seus contra os perigos da selva; a cada 4 ou
5 meses é preciso fazer uma casa nova (que constroem em cerca
de 2 semanas: construção em madeira com tecto de folha de ba-
naneira). Tudo é vivido no presente e, podendo parecer que isto
traz alguma insegurança perante o futuro, a verdade é que traz
ainda mais uma leveza perante a vida que nunca tinha visto antes.
Como era o contacto com a família/amigos? Qual foi a altura
em que as saudades apertaram mais? Alguma vez pensaste
que não ias aguentar até ao fim?
Em Sepahua havia rede de telemóvel quase sempre e na missão
tínhamos acesso à internet. Durante os 9 meses sempre dei no-
tícias regularmente aos meus pais, mas nem sempre me foi fácil
manter uma comunicação constante, tanto com família como ami-
gos . O trabalho e as diferenças horárias eram difíceis de conju-
gar, e nem sempre me era fácil explicar o que estava a viver. No
fundo, a partir do momento em que pertences a um novo local,
uma grande parte de ti passa a viver exactamente de, e para, as
pessoas que te rodeiam. Focas o dia nisso, pois é esse o mundo
em que vives agora. As alturas em que tive mais saudades foram
nos momentos em que senti mais falta de estar, falar, ter o apoio
de alguém que me conhecesse bem: quando estive doente quis
muito estar em casa, com a minha mãe a cuidar de mim; quan-
do me fui abaixo emocionalmente quis demasiado ter um abraço
conhecido; quando o dia correu mal quis escapar, desabafar com
um amigo. Mas as saudades mais difíceis foram sempre as que se
relacionavam ao que se passava cá em Portugal: custava-me não
estar, não viver, não puder ajudar aqui, no meu mundo, as minhas
pessoas.
Correste perigo de vida em alguma ocasião? Chegaste a pen-
sar que não ias voltar a casa? Algum momento de maior maior
aperto?
Nunca corri perigo de vida. Apanhei sustos com a Natureza e fi-
quei seriamente doente uma vez, com uma febre cuja causa não
se veio a descobrir. Adaptei-me bem à alimentação e, dentro dos
possíveis, ao calor e insectos. Em casa tínhamos hábitos de lim-
peza, higiene e segurança alimentar que nos asseguravam uma
estadia saudável e que, simultaneamente, funcionavam como for-
ma de educação para os internos e internas que connosco viviam:
longe de tudo não ével: são família, e são das bases que custa
mais perder. Decidi parar durante um ano os estudos na FEUP
para concretizar este sonho porque sentia que me era importante
ter esta experiência antes de acabar o curso e entrar no mundo
do trabalho. Isto por saber que o meu trabalho poderá vir a estar
ligado a mundos subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Já sabias exatamente o trabalho que ias desenvolver antes
de lá chegares? Tiveste de fazer coisas lá que não estavas à
espera? Tiveste algum tipo de treino físico e psicológico antes
de ires?
Antes de partir para Sepahua contactei por email as irmãs supe-
riores do Peru, que me acolheriam em Lima por uns dias. Expli-
caram-me como funcionava a missão de Sepahua, e o tipo de
trabalho e responsabilidades que eu teria (e podia vir a ter) lá.
Resumindo: a missão tem como base 2 internatos (um de mulhe-
res e outro de homens) que acolhem e educam entre 20-40 jovens
indígenas entre os 12 e 18 anos que vivem em comunidades na-
tivas a um ou dois dias de Sepahua e que desejam estudar numa
escola secundária. Em Sepahua existe uma, a única numa região
bastante extensa. Eu ia viver para o internato de raparigas com as
3 irmãs que lá formavam a comunidade em 2015: a Hna. Meche,
a Hna. Esmilda e a Hna. Mercedes. Estava para dar apoio à Hna.
Meche na coordenação da casa e no dia-a-dia das 23 raparigas.
Tinha tarefas específicas, como ajudar nos estudos, fazer ativida-
des e workshops diferentes, guiá-las na rotina e tarefas diárias,
etc.
No decorrer dos dias e semanas foram aparecendo novas opor-
tunidades, novos mundos em que podia ajudar e dos quais podia
partilhar. Assim, comecei desde cedo a dar aulas numa escola pri-
mária em Nuevo Rosario, uma comunidade Amahuaca a poucos
kms de Sepahua. Foi aqui que tive a sorte de poder conhecer e
pertencer a um mundo mais nativo, mais puro. Fazer isto através
das crianças, chegando assim às suas famílias, foi das experiên-
cias mais especiais que tive até hoje. Não sendo algo que estava
à espera previamente, dar aulas foi um desafio que, tendo-me
às vezes custado, gostei muito de ter vivido! Assim apareceu
também a possibilidade de trabalhar na rádio Sepahua, e assim
apareceram muitas ocasiões e momentos! No fundo, partir para
um mundo diferente e passar a viver completamente nele faz-se
exactamente disso: coisas de que não se está à espera, situações
novas e uma constante procura de adaptação. É sempre desco-
berta, o que dá uma força inexplicável para dar ainda mais! Antes
de partir procurei preparar-me para a viagem como pude. Com
as Irmãs organizei um plano de formação que durou cerca de um
ano e meio e envolvia períodos de voluntariado em Lisboa, retiros
e formações específicas para futuros voluntários (desenvolvidas
pela FEC). Por outro lado, tive que percorrer um caminho interior
que me levasse a saber definir muito bem porquê é que partia, e
como é que deixava este mundo, a vida daqui, antes de o fazer.
Torna-se essencial, mais tarde, ter estas duas respostas bem escri-
tas em nós, pois são elas que nos seguram quando, nesse mundo
novo, nos perdemos naquilo que estamos a viver ou sentimos que
não pertencemos a nenhum lugar. De resto, foi-me importante
ter sempre noção de que nunca estaria preparada a 100% para ir:
haveria sempre surpresas, situações que não previa ou não sabia
resolver; e ir mentalizada deste facto ajudou a saber observar,
pedir ajuda e avançar com calma.
6
ferver a água, guardar os alimentos numa despensa, manter o
terreno limpo para afastar os rastejantes, tudo são pequenos
detalhes que, não sendo tradicionais nas famílias nativas, criam
hábitos nestes jovens que talvez no futuro passem para as suas
famílias, e assim melhorem o seu nível de vida.
Alguma vez te passou pela cabeça que estavas a entrar numa
sociedade à qual não pertencias e não devias/não valia a pena
tentar mudar? Será que aquelas pessoas queriam a mudança?
Uma questão que me preencheu dias e dias sem fim. É impor-
tante manter bem presente que não pertenço verdadeiramente,
nenhum de nós pertence, a esta sociedade: por mais tempo que
lá passe, por mais que me integre e por mais pessoas que pas-
se a chamar “família”, somos de mundos diferentes e uma parte
disso nunca muda. Somos os brancos e eles os índios! Podemos,
porém, viver noutro mundo e entregar-nos a ele inteiramente: dar
o que temos, melhorar o que nos rodeia na medida em que nos
é possível. Um pilar crucial durante estes nove meses foi exacta-
mente perceber como os missionários com quem estive vivem
esta dicotomia: vivem para servir a comunidade indígena e para
melhorar a sua vida, sem nunca mudar as bases que sempre a
sustentou. A missão, por norma, quer proteger a cultura e o co-
nhecimento nativo: conhece o seu valor e, observando os perigos
externos que atacam directa ou indirectamente a vida amazónica,
luta por a preservar, sendo muitas vezes a única voz do povo indí-
gena que o mundo exterior ouve.
Há sempre coisas que trazemos a estes confins do mundo que
mudam a sua vida: sim, a missão trouxe também um posto médi-
co, uma escola e a primeira carpintaria. Isso mudou, obviamente,
a vida de Sepahua: já há um enfermeiro nativo, já quase toda
a população fala bem espanhol, e já três famílias montaram um
negócio sustentável trabalhando madeira. Ensinar a trabalhar os
recursos e a valorizar o dinheiro acabou com os abusos laborais
sofridos durante décadas por algumas etnias, quando a explo-
ração da borracha, da madeira, e agora do gás natural era feita
sem qualquer tipo de cuidado perante o mundo que se estava
a invadir. Resumindo, há uma parte de ocidentalização que não
pode ser ignorada ou evitada: a Repsol passa por Sepahua todas
as semanas, procurando mais um furo que valha a pena (ainda
que nenhuma desta energia chegue sequer perto da região de
onde é extraída); a China vem cá arrasar com hectares de floresta,
e quem guia os madeireiros na selva serão sempre os nativos (os
únicos que a conhecem e que sabem orientar-se dentro dela); as
doenças que agora atacam a população são-lhe novas, vieram de
fora, e não há medicina tradicional que as cure. É, assim, de extre-
ma importância garantir que a comunidade entende bem aquilo
que está a chegar, a novidade do dia, para que possa decidir com
informação suficiente se, e como, a quer receber.
Há comunidades indígenas que quiseram e se deixaram influen-
ciar mais pelo mundo exterior, recebendo dele aquilo que consi-
deram melhorar a sua vida no dia-a-dia; e há comunidades que
desde cedo preferiram manter-se aquém dos ocidentais e, para
isso, se embrenharam ainda mais na selva, vivendo até hoje se-
gundo a mesma cultura que sempre os definiu. Estes últimos con-
tinuam a ser protegidos, e o seu território não é utilizado por mais
ninguém.
Repetirias ou recomendarias esta aventura?
Sonho, ainda hoje, em voltar à selva peruana. Não sei como nem
quando, mas sinto que é um mundo no qual posso viver e traba-
lhar de uma forma feliz e útil. É uma cultura que me apaixona, e
isso não tem valor!
Recomendo, a todo e qualquer jovem, que faça uma experiência
de voluntariado, seja a curto ou longo prazo. O mais importante,
porém, é cada um refletir sobre essa decisão com clareza e com
ajuda: é essencial ter alguém que nos guie e nos apoie quando
vamos para um mundo desconhecido, mais ainda se formos so-
zinhos.
É importante viver o que nunca vivemos, dar-nos àqueles a quem
normalmente não teríamos acesso, e aprender com eles, é das
experiências mais importantes para o resto das nossas vidas. Por-
que o mundo, cada vez mais, é um só, caracterizado por milhares
de culturas e modos de vida diferentes. Conhecendo-os, para
além de aprendermos coisas que nunca aprenderíamos cá, dá-
-nos uma ideia mais completa daquilo que compõe o planeta em
que vivemos.
Que lições de vida retiras destes 9 meses?
É difícil pôr em palavras aquilo que se aprende com o dia-a-dia,
com aqueles que nos rodeiam, com o que sentimos.
Acima de tudo, retiro deste ano o valor da felicidade, directamen-
te ligada à simplicidade da vida do dia-a-dia. O povo indígena
vive, só e apenas, no presente, sem se debater com o passado
nem se preocupar com o futuro. Vive hoje, porque é o único mo-
mento real. E, tendo esta perspectiva óbvias falhas, é um princí-
pio que traz consigo uma leveza perante o dia que nunca tinha
visto antes. Depois de ter partilhado do seu modo de vida, não
posso deixar de acreditar que uma vida simples, com pouco mais
que o necessário, mas com todos os pilares cruciais, é a melhor
maneira de viver neste mundo. A cultura indígena tem como base
a comunidade: mais do que a família, mais do que o indivíduo,
a comunidade é o lar que protege aqueles que o habitam, onde
todos vivem uns pelos outros, onde tudo é partilhado. Esta noção
de comunidade marcou-me: o ser humano foi feito para viver em
comunidade, assim como o indivíduo não poderá sobreviver so-
zinho neste mundo. A individualidade, quando comparado com a
família, não vale nada.
Por outro lado, e mais direcionado a vocês, jovens, estudantes,
professores, adultos do mundo deste lado do oceano: por termos
a sorte de ter nascido e crescido aqui, temos acesso a tudo o que
a grande maioria da população mundial deseja e não tem, nem
nunca terá. Isto traz consigo uma responsabilidade que não deve
ser esquecida: devemos estudar para ensinar; devemos viver se-
gundo os valores que nos são intrínsecos, com abertura de mente
suficiente para saber aceitar outros e com capacidade para ensi-
nar os nossos à próxima geração; devemos aproveitar todas as
oportunidades que nos são dadas, pois uma situação não vivida é
uma desperdiçada, e menos uma aprendizagem.
Partam, vão à descoberta, saiam da nossa bolha confortável, ob-
servem novas realidades, vivam pessoas e lares diferentes, tudo
isto vos enriquecerá como seres humanos que vivem na Terra, e
não nesta casa ou naquele mundo.
7
O processo de candidatura é muito simples: apenas é neces-
sário preencher o formulário de inscrição disponível em www.
fap.pt e, acima de tudo, ter vontade de contribuir para a feli-
cidade de todos aqueles que dão vida a este projeto e espe-
lham o impacto positivo da intervenção social dos estudantes
na comunidade.
Há muitos anos que a Federação Académica do Porto (FAP)
anseia pela concretização de um projeto com alguns anos de
muito pensamento e maturação no seio da FAP. Este ousado
projeto compreende a criação de um espaço físico dedicado
ao estudo, à promoção do empreendedorismo, da inovação e
da cultura no meio académico. A missão fundamental do Pólo
Zero é ser um centro multifacetado e catalisador da participa-
ção estudantil, prestando um serviço de apoio aos estudantes
da cidade do Porto e à comunidade em geral. Neste contexto,
o Pólo Zero apresenta-se como a porta da FAP para a cidade,
podendo acolher no seu interior um conjunto de atividades
e dinâmicas que pretendem dar resposta aos estudantes da
Academia do Porto, a estudantes estrangeiros de mobilidade
e a potenciais candidatos a frequentar instituições de Ensino
Superior do Grande Porto. A Câmara Municipal do Porto teve
um papel preponderante na realização deste sonho, não só
pela cedência de espaço como pelo apoio ao investimento
inicial preponderante para alavancar este projeto.
A Universidade do Porto, o Instituto Politécnico do Porto, a
Universidade Católica Portuguesa e o Instituto Português do
Desporto e Juventude revelaram-se também parceiros funda-
mentais, não só a nível financeiro, mas particularmente, no
encaminhamento de projetos de valor acrescentado para o
Pólo Zero. Este espaço está localizado na Praça de Lisboa, jun-
to à reitoria da Universidade do Porto e à Torre dos Clérigos e
a sua cerimónia de inauguração está prevista para o próximo
dia 7 de outubro. A cerimónia de inauguração contará com a
comparência de ilustres presenças e com a especial participa-
ção da Excelência, o Presidente da República, Marcelo Rebelo
de Sousa.
Desde 2010 que a Federação Académica do Porto (FAP) se
lançou num projeto de referência que sublinha a capacida-
de de intervenção social dos estudantes do Porto. Foi neste
contexto que nasceu o projeto FAP no Bairro, com o objetivo
primordial de promoção do envolvimento entre os estudan-
tes e a comunidade do Porto, através da criação inédita em
território nacional de um centro comunitário exclusivamente
concebido e coordenado por estudantes.
O sucesso e progressão deste projeto tem sido imenso ao
longo dos anos e contou, no passado dia 13 de setembro,
com um momento de especial importância, ao receber nas
suas instalações do Bairro do Carriçal a visita da Secretária de
Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino,
que não se absteve de elogiar o espírito solidário e humanista
da Academia do Porto.
Através deste projeto, a FAP pretende atuar enquanto agen-
te estudantil promotor de harmonia e bem-estar social, e es-
timular o aumento da responsabilidade cívica por parte dos
estudantes.
Neste momento, a FAP no Bairro está em fase de recrutamen-
to de voluntários para os seus dois centros comunitários, o
Bairro do Carriçal e Bairro Dr. Nuno Pinheiro Torres, de modo
a que todos os estudantes interessados em colaborar de for-
ma positiva possam prestar serviço de voluntariado a todos os
grupos de risco como crianças, jovens adolescentes, idosos,
pessoas ou famílias com graves carências socioeconómicas,
culturais e de saúde.
8
Academia em
Ação
FAP recruta voluntários
para o projeto social
‘’FAP no Bairro”
Pólo Zero abre portas
dia 7 de outubro
Nos dias 1 e 2 de outubro realizou-se, em Viana do Castelo, o
fim-de-semana formativo da AEFEUP. Com o intuito de formar
os nossos dirigentes associativos a AEFEUP proporcionou aos
seus membros a oportunidade de aprofundar os seus conheci-
mentos em diversas temáticas que abrangem o associativismo
jovem, tais como Ação Social e Desporto Universitário. Tam-
bém mereceram destaque dinâmicas de grupo e atividades
desportivas que fomentaram o espírito de união e amizade
que engloba a tua associação.
Este fim-de-semana foi inaugurado com uma palestra do Prof.
Augusto Sousa, vice-presidente do conselho pedagógico da
FEUP, sobre a participação estudantil no Ensino Superior.
As temáticas abordadas da parte da tarde foram o Despor-
to Universitário e a Lei do Associativismo Jovem, abordadas
por Daniel Monteiro, presidente da Federação Académica de
Desporto Universitário e Hugo Carvalho, presidente do Con-
selho Nacional da Juventude e antigo presidente da AEFEUP.
Depois de jantar houve ainda tempo para que o Samuel Vile-
la, Colaborador do Centro de Estudos da Federação Acadé-
mica do Porto, aprofundasse o tema das Bolsas de Estudo.
No Domingo, a manhã foi dedicada a uma atividade despor-
tiva para fomentar a inclusão e a tarde a dinâmicas de grupo
e formações que abordaram os conceitos de liderança, estra-
tégia, planeamento, comunicação, espírito de equipa e ne-
gociação.
Com este fim-de-semana pretende-se que os nossos dirigen-
tes sejam mais capazes de melhor representar e defender os
interesses dos nossos estudantes.
Na maior parte das vezes, os projetos académicos têm um
“fim de vida”: a nota final de avaliação. Porque não tirar os
projetos da gaveta e dar-lhes continuidade e a oportunidade
de ser algo mais?
Atualmente isto não poderia ser mais facilitado, dado o cres-
cente número de apoios ao empreendedorismo em Portugal,
e a ligação emergente da universidade à indústria.
Existem diversas instituições e Business Angels (indivíduos
dispostos a investir e a dar apoio estratégico principalmente a
empresas recém-nascidas ou startups) que
colmatam um dos principais problemas de sobrevivência das
ideias no mundo dos negócios: falta de fundos.
A Portugal Ventures é um exemplo, uma Sociedade de Capital
de Risco, cuja política de investimento se dirige a projetos
inovadores de base científica e tecnológica.
Todavia, é necessário mais do que uma grande vontade de
criar e desenvolver tecnologia, para provar que temos uma
ideia merecedora da atenção dos “tubarões”. A Escola de
Startups (ES) do UPTEC é uma boa oportunidade de prepa-
ração para esse grande passo na evolução de uma ideia para
empresa: a Smart Gloves, ainda startup, cresceu aqui. Nasceu
de um mero projeto de Instrumentação Biomédica, parte da
nossa formação no Mestrado Integrado em Bioengenharia, e
é agora uma startup dedicada ao desenvolvimento de luvas
termoterapêuticas para tratamento de pessoas com osteoar-
trose e frieiras nas mãos, com um tecido adaptado à sua pele
frágil e um sistema de aquecimento portátil.
Na ES, ao longo de vários workshops, adquirimos conheci-
mentos a nível de propriedade intelectual, modelo de negó-
cio, comunicação e marketing, aprendendo as bases do em-
preendedorismo e do negócio. Foi-nos dado apoio jurídico,
benéfico para percebermos como proteger o nosso produto,
e aconselhamento na criação do plano de negócios, em par-
ceria com a FEP Junior Consulting. Tudo isto contribuiu para
a nossa perceção dos desafios que uma startup exige, e que
é preciso ponderação antes de avançar para o mundo empre-
sarial.
Para além da parte financeira, o tempo é um fator importan-
te. É muito difícil conciliar os estudos na universidade com o
mundo das startups: o mais desafiante para nós foi pôr em
prática o que aprendemos. O que de mais valioso tiramos
desta experiência foi a rede de contactos que criamos e o
coaching que recebemos. As opiniões de pessoas mais ex-
perientes ajudaram a moldar ideias e consolidar o modelo de
negócio. Para além disso, a oportunidade de divulgação da
nossa ideia abriu ainda mais portas.
É preciso arriscar, transformar a geração à rasca na geração
empreendedora do futuro. A nossa responsabilidade é tirar o
máximo das tecnologias emergentes do início do século XXI e
procurar resolver os problemas da sociedade.
Débora Pereira e Filipa Sousa, 5º ano do Mestrado Integra-
do em Bioengenharia
9
Fim-de-semana
formativo AEFEUP
De um Projeto a
uma Startup
Setembro foi assim...
10
POOL
PARTY
SUNSET
FEUPCaffé BANCA
FEUPTalks
INSCRIÇÕES
711
CALENDÁRIO AEFEUP*
Rota das Empresas - 4 de outubro
Sessão de Cinema - 4 de outubro
FEUPCaffé - 6 de OUTUBRO
Este mês não podes perder:
* Calendário pode sofrer alterações.
FEUPSounds - 13 de outubro
FEUPCaffé - 20 de outubro
Rota das Empresas - 31 de OUTUBRO
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  • 1. OUTUBRO 2016 Nº 02 GAP YEAR: CONHECE A HISTÓRIA DE GABRIELA RICCA DIOGO COSTA E PEDRO COSTA CAMPEÕES MUNDIAIS DE VELA NOTÍCIAS Academia em Ação Novidades da Federação Acadé- mica do Porto. Seleções AEFEUP Treinos começam esta semana! Fica a saber onde e a que horas e não percas a oportunidade de representar a tua Faculdade! Setembro acabou, venha Outubro! Destaques do mês passado e ca- lendário do mês que aí vem. 1 pág.4 pág.5
  • 2. O que nos é exigido, o que nos é sugerido e o resto 2 O ensino universitário viveu mudanças profundas no seu mé- todo nas últimas décadas, fruto da evolução das tecnologias de informação e comunicação, das características e necessi- dades do mercado de trabalho e até mesmo por evoluções ideológicas. Este ensino que vivemos hoje, pós-Bolonha, é, sem dúvida, mais compatível com a internacionalização dos estudantes e, de certa forma, mais virado para competências do que a mera transmissão do conhecimento. Ainda assim, há muito a melhorar a nível das instituições de ensino: a interpre- tação do que se espera de um aluno ao fim de cada unidade curricular e de cada ciclo de estudos; o que ensinar ao certo, como abordar a aprendizagem, qual o estímulo a dar. Não obstante tudo o que referi acima, este é um jornal de es- tudantes para estudantes (de Engenharia) e por isso as ques- tões a dedicar algum tempo de reflexão são outras. Estaremos nós (alunos) a fazer a leitura correta do ensino universitário? Não terá um Engenheiro que ser capaz de se adaptar a tudo? Em cada desafio/projeto/cadeira que enfrentamos temos duas coisas a analisar: os Inputs e os Outputs. Que temos nós que dar e qual o resultado final esperado? O Output desejado parece-me bastante fácil de delinear: no mínimo, competên- cias que nos permitam ser úteis para o mercado de trabalho e que nos permitam adaptar às suas exigências; idealmente, versatilidade, método de trabalho, inúmeras soft skills, etc.. A ideia geral é que estes mínimos dependem de nós cumprir- mos com o que nos é exigido (exames, projetos) ou quiçá de devez em quando lá fazermos o que é sugerido (estudar a bibliografia toda, dar aquele passo extra num projeto) porque sem fazer o que é sugerido temos receio de não cumprir com o exigido. É certo, sabido e assumido que todos devíamos fa- zer mais, mas quando a iniciativa, o trabalho e a proatividade não são recompensadas com um número ou vêm em sentido contrário a esse número, a motivação sofre. Não percam o sentido das competências (entre elas o método de trabalho e estudo), não se prendam em conhecimento volátil para res- ponder a umas perguntas e não se prendam, sobretudo, ao que vos é exigido: o resto, que assim o descrevo porque mui- tos interpretam como sendo de facto “resto”, pode ser crucial para que de facto obtenham as competências que dão como adquirido que aparecerão em forma de diploma. Aprofundem os conhecimentos, criem projetos novos, experienciem novas realidades, saiam da zona de conforto e, sobretudo, apren- dam. Num ensino que vai avaliando (e mal) o conhecimento (e aten- ção que as competências não existem sem ele, mas o reverso é possível) sejam vocês a garantir que ganham as competên- cias. Pedro Henrique Santos Pólo Zero: do sonho à realidade Dia 7 de outubro é um dia feliz! É o dia em que, finalmente, se cumpre o tão desejado sonho do Pólo Zero da Federação Académica do Porto. Uma ideia antiga cuja intenção se foi mantendo e prolongando pela história de várias direções da FAP e das suas associações de estudantes e que agora inau- gura ao público. O Pólo Zero é um projeto com muitos anos de maturação no seio da Academia Portuense e representa a intenção antiga de ter um espaço da Federação Académica do Porto ao ser- viço dos estudantes, no centro da cidade. Atualmente, o con- ceito desenvolvido é bastante mais evoluído e ambicioso do que eram as expectativas iniciais, pois se na viragem do sécu- lo fazia sentido criar um bom espaço de estudo e de acesso à Internet, hoje os desígnios do Pólo Zero, fruto da evolução tecnológica e científica, têm de ser necessariamente outros. Assim, o Pólo Zero materializa-se como um espaço de estu- do mas também como um espaço de promoção do Emprego e Empreendedorismo, de dinamização cultural da cidade do Porto pela Academia e como um espaço de construção de ideias inovadoras, de fomento da utilização da tecnologia e de prática do associativismo. O Pólo Zero nasce fruto de um trabalho contínuo de várias direções da FAP, não sendo possível esquecer todos aque- les que foram os parceiros que se associaram ao crescimento deste projeto, desde logo a Câmara Municipal do Porto que cedeu o espaço e que contribuiu com uma parte significativa do seu orçamento, mas também as Instituições do Ensino Su- perior da cidade que se juntaram a nós nesta concretização, nomeadamente a Universidade do Porto, o Instituto Politécni- co do Porto e a Universidade Católica Portuguesa. O reconhecimento do valor deste projeto é reforçado pela presença de Sua Excelência o Presidente da República, Mar- celo Rebelo de Sousa, na Cerimónia de Inauguração do Pólo Zero – um motivo de honra e de grande orgulho para todos os que fizeram e fazem parte desta caminhada. Desta feita, não podemos dizer que o sonho acabou! Inicia-se, agora, uma segunda fase de concretização do Pólo Zero: a sua implementação, dinamização e apresentação à cidade por forma a que cumpra a curto, médio e longo prazo os objetivos para os quais foi desenhado. A partir de agora, o Pólo Zero está ao serviço dos estudantes da Academia do Porto e ao serviço da cidade do Porto e ape- nas desejo que façam bom uso dele! Sejam bem-vindos! Estamos à vossa espera! Daniel Freitas, Presidente da Federação Académica do Porto
  • 3. A partir desta semana terás à tua disposição to- das as modalidades que a AEFEUP tem para te oferecer. Se sempre quiseste representar a tua fa- culdade, se estás à procura de continuar a prática desportiva enquanto estás na universidade ou se o desporto universitário te cativa tens a oportunida- de de experimentares a(s) modalidade(s) que mais gostas! Para isso apenas precisas de te apresentar ao treino, pronto para treinar, no horário especifi- cado abaixo. A participação em todas as ativida- des das Seleções é totalmente gratuita. As capta- ções estão abertas a todos os estudantes durante esta semana. Andebol Masculino: terça e quinta das 21h às 22h no pavilhão Luís Falcão Basquetebol Feminino: terça e quinta das 20h às 21h no pavilhão Luis Falcão Basquetebol Masculino: terça e quinta das 12h às 13h no pavilhão Luis Falcão Futsal Feminino: segunda das 19h às 20h no pa- vilhão Luís Falcão Futsal Masculino: segunda das 22h às 24h no pavilhão do Estádio Universitário (Campo Alegre, junto ao planetário) Voleibol Masculino e Feminino: segunda das 20h às 21h no pavilhão Luis Falcão Futebol 11: segunda das 22h às 24h no CAT Rugby 7 Masculino: ainda por definir. Os interes- sados devem preencher o seguinte formulário: https://goo.gl/forms/lq6pmuMgCOamig4B3 A salientar que quarta-feira dia 5 é feriado, não havendo treinos nesse dia. Este calendário é provi- sório e, por isso, está sujeito a alterações no futuro. Qualquer dúvida não hesites em enviar um email para selecoes@aefeup.pt Depois do recrutamento de interessados, e com mais de 50 pessoas inscritas, começam esta sema- na as atividades do Projeto Checklist (em que o Banco de Voluntáriado AEFEUP está contido). De- correu na semana passada uma sessão de apre- sentação onde tivemos convidados da Ajudaris, Faz-Rondas, Animais de Rua e CASA a partilharem experiências e a ajudar os nossos voluntários a perceber a importância das atividades em que vão participar. Ao longo das edições do jornal, iremos reportar sobre as atividades desenvolvidas no âmbito des- ta iniciativa. Neste momento, encerrámos as incri- ções para este semestre, mas estas reabrirão em altura oportuna. Esta semana começam as atividades, com a cons- trução de uma piscina de hidroginástica para os utentes da Associação Portuguesa de Pais e Ami- gos do Cidadão Deficiente Mental já no próximo dia 4, e com múltiplas atividades a serem planea- das e parcerias a serem fechadas. 3 Seleções AEFEUP Projecto Checklist
  • 4. 15 anos de idade utiliza-se os “optimist”, modelo de barco pequeno limitado até à idade referenciada. Após esta idade existem várias opções de escolha dependendo do tipo de classe pela qual se opta. As classes diferenciam-se pelo nú- mero de pessoas que utilizam o barco: poderá ser individu- al, dupla, tripla ou quádrupla. Pessoalmente, sempre fui um grande apreciador de 420 pois o modelo é o mais próximo dos barcos de maior dimensão. O Pedro passou primeiro que eu, devido à diferença de idades, e começou logo a andar no 420 com outro rapaz. Quando deixei o “optimist” formei equipa com o meu irmão e desde aí que andamos sempre neste tipo de barco. Com que idade começaram a praticar a modalidade? Na altura, com que frequência treinavam? P: Começamos a praticar vela, eu com 5 anos e o Diogo com 6 e na altura treinávamos apenas uma tarde ou manhã por fim-de-semana. Qual foi a primeira regata em que participaram? Como foi a preparação e o que sentiram durante a competição? D: Tinha 7/8 anos, não me recordo bem, uma vez que ainda era muito pequeno, quando participei numa regata pela pri- meira vez. No entanto, só participei com o Pedro alguns anos mais tarde. Começámos a treinar e a andar de barco juntos em Setembro de 2012 e a primeira regata, de pequenas di- mensões, em que participamos enquanto dupla foi em Ou- tubro desse ano. Já em Fevereiro de 2013, entrámos numa regata a nível nacional. Lembro-me de estar nervoso, por ser uma classe nova e por o Pedro dizer que os atletas em compe- tição eram muito bons na modalidade. Esses nervos acabaram por ficar de lado mal entrei no mar, uma vez que tinha de estar concentrado em todas as tarefas que tinha de realizar. Naturalmente, à medida em que foram evoluindo dentro do desporto a regularidade dos treinos aumentou… Como conseguiram gerir essa mudança e conciliar com os estu- dos? P: À medida que fomos evoluindo começámos a treinar cada vez mais dias, sendo que neste último ano foi o ano em que treinamos mais. Durante a semana tínhamos três dias de trei- no e ao fim de semana, tanto sábado como domingo; no en- tanto, isto só foi possível fora da época dos exames. No de- correr da época de avaliação escolar, tentávamos estar mais concentrados no estudo e sempre com o objectivo de ter o melhor aproveitamento. Neste momento, quanto tempo livre têm entre treinos e faculdade? É possível ajustar tempo para os outros extra, para a família e para os amigos? D: Neste momento ainda estamos a arrancar a época com o 470 (classe olímpica) pelo que temos algum tempo livre antes de começar a treinar e como a faculdade ainda não está a fundo é possível marcar programas com amigos. No entanto já estamos a organizar tudo para daqui a 2 ou 3 semanas ar- rancarmos em força a época, apesar de já estar marcada uma regata para a primeira semana de Outubro, na qual iremos participar. A partir do próximo mês, voltamos a estar muito A primeira vez que ocorreu a prática de Vela em Portugal foi na segunda metade do século XIX pelo que a dimensão desta modalidade cá, ainda é reduzida. Na vossa opinião, como poderiam “chamar” mais pessoas a aderir à prática deste desporto? Diogo: A Vela é um desporto no qual as regatas são feitas em mar aberto, longe de terra, e assim não é possível as pesso- as assistirem... Assim sendo, existe uma dificuldade acrescida em chamar atenção através da observação. Neste momento estão em estudo várias alternativas para cativar mais atletas, entre elas transformar a vela num” desporto de estádio”, por exemplo executando regatas no Rio Douro e em locais de passagem de população, para que estas possam assistir. Na minha opinião esta abordagem não é a mais correta uma vez que a modalidade acaba por ser prejudicada pois a sua escala, em termos de competição, é reduzida. No entanto é a forma de atingir o público. O que vos fez escolher praticar Vela? Pedro: Quando começámos a praticar éramos muito miúdos, pelo que a decisão não foi nossa mas sim do nosso pai, que na altura tinha comprado um barco pequeno. Para podermos velejar com ele, tivemos de entrar para um clube e aprender a modalidade. Apenas mais tarde, 3 ou 4 anos após iniciarmos a prática, surgiu o interesse e o gosto pela Vela. Dentro desta modalidade existem várias categorias de barco, porque optaram pelo 420? D: Na vela, normalmente, quando se inicia antes de atingir os 4 Entrevista a Diogo Costa e Pedro Costa Este ano, Diogo Costa e Pedro Costa, irmãos e estudantes da FEUP, foram campeões mundiais de vela na modalidade de 420. Colocámos-lhes algumas questões para perceber como chegaram onde chegaram:
  • 5. “apertados” de tempo uma vez que iremos treinar todas as tardes tanto no mar como idas ao ginásio, o estudo será mais intensivo e todos os extras que gostamos de fazer vão ser um pouco postos à parte… Então a sesta da tarde, que faz muita falta, acabou mesmo (risos). Consideram essencial a prática de desporto regular duran- te a faculdade? Porquê? P: Na minha opinião a prática de desporto é muito importante não só pela saúde individual mas também para nos obrigar a ser mais disciplinados. A prática regular de modalidades físi- cas incube a cada pessoa uma organização especial e obriga a aprendizagem de planificar horários, definir objectivos e es- tabelecer limites. Relativamente ao campeonato mundial, como ocorreu a preparação para esta competição? P: Foram diferentes, o Diogo foi sair à noite (risos). D: Começamos a preparar este campeonato há dois anos, quando integramos uma equipa internacional com um treina- dor profissional na qual o sentido de compromisso foi muito restrito. O ano passado fomos treinando com um método dife rente onde aprendemos melhor a nossa ligação ao barco e funcionamento e uso correto do mesmo. Já no ano corrente, estivemos mais focados em estratégia e tática, saber analisar cada situação individualmente e saber como reagir perante os outros atletas. Participámos em várias regatas fora do país para estarmos no ambiente mais parecido com aquele que irí- amos enfrentar no mundial, estivemos a maior parte das vezes em Itália e Espanha. Alguma vez imaginaram que conseguiriam sagrar-se cam- peões mundiais? P: Claramente nunca imaginei que iríamos ficar em primeiro lugar apesar de acreditar na possibilidade, costumava dizer ao Diogo “Os outros também têm dois braços e duas pernas, se eles conseguem ganhar campeonatos do mundo, porque é que nós não havemos de conseguir?”. Infelizmente, em Portu- gal, muitas pessoas diziam que não era possível uma vez que os meios disponíveis, comparados ao estrangeiro, são muito menores assim como os apoios da Federação; mas nunca per- demos a esperança… Após termos conquistado o segundo lugar nos mundiais do ano passado e realizado um investi- mento grande num treinador italiano, tudo parecia mais pos- sível. Ao longo dos treinos, o treinador puxava muito por nós e transmitia-nos confiança, não só psicológica e moralmente mas também em material variado, o qual poderia ter disponi- bilizado a outros velejadores da nossa equipa mas optou por nos escolher. 5 A Gabriela, aluna do MIEM, embarcou numa aventura de 9 meses em Sepahua, no Perú. Estivemos à conversa com ela, para ouvir as suas histórias, o que aprendeu e como a experiência a moldou. Quando surgiu a ideia de fazer um gap year? A intenção foi sempre fazer voluntariado durante todo esse ano? Como chegou até ti a oportunidade de ir para Sepahua? Os teus pais apoiaram-te desde o início ou foi difícil convencê-los? Desde os 16 anos que sonho em fazer um ano de volunta- riado enquanto jovem, em particular com comunidades em necessidade e longe do nosso mundo tecnológico e urbano. Estando ligada aos Dominicanos, foi com as Irmãs Missioná- rias que partilhei este desejo, e foram elas que me guiaram na preparação e discernimento deste ano. Assim tomei conheci- mento das missões que desenvolvem, tanto dentro como fora do país: como parte da formação fiz diversos fins-de-semana de voluntariado no bairro 9 de Maio (Lisboa) onde estas Irmãs dão um apoio crucial à comunidade; ao longo dos anos fui conhecendo irmãs e voluntários das missões de Timor, África e América Latina. Decidi que gostaria de viver este ano nesse último continente, e dentro disso deixei à congregação a de- cisão da missão em particular para a qual iria. Afinal de contas, eu não conheço as missões, e não faço ideia de onde posso realmente ser mais útil! E Sepahua foi escolhida assim. Durante os anos em que discerni esta decisão, tive como prin- cipais guias as Irmãs Dominicanas, que entre conversas e for- mações me iam preparando, esperando o dia em que estives- se realmente pronta para partir, e em que essa viagem fosse possível. Houve alturas em que desejei ir e recebi um “não”, por não me considerarem preparada; houve momentos em que poderia ter ido e não quis, por ainda estar agarrada ao que me afectaria quando estivesse longe. Os meus pais acom- panharam este meu desejo desde o começo. Como pais, e vendo-me tão nova, não o apoiaram à primeira. Tive também que crescer em família para poder ir e, quando se decidiu que realmente ia partir, ambos me apoiaram até ao dia em que voltei. Ter a presença, a ajuda da família quando se está tão Entrevista a Gabriela Ricca
  • 6. Qual foi a primeira coisa que te passou pela cabeça quando chegaste lá e viste o sítio onde ias viver e trabalhar nos 9 meses seguintes? Honestamente? A primeira coisa que me passou na cabeça quan- do cheguei foi: “olha, os índios também andam de mota”. Não fui para Sepahua com uma expectativa daquilo que ia ver: não fazia ideia de como era uma comunidade nativa, de como funcionava, de como eram os seus habitantes. Aquilo que sabia, a razão de me ter apaixonado mal cheguei, era que Sepahua ficava na sel- va. E sim: a selva, enquanto natureza pura e dura e enquanto lar de uma vida e cultura particular, foi o que mais me impactou à chegada, o que procurei conhecer, descobrir, embrenhar-me mais durante estes 9 meses, e o que trago mais presente em mim. Por fim, há algo que sempre me impressionou, até hoje, em Sepahua e qualquer outra comunidade nativa: a simplicidade com que vi- vem os seus habitantes. Vivem com pouco, e têm tudo. Vivem da terra e do rio, e cada dia é um recomeço: cada dia é preciso ar- ranjar alimento para o dia seguinte; cada dia é essencial cuidar da casa para proteger os seus contra os perigos da selva; a cada 4 ou 5 meses é preciso fazer uma casa nova (que constroem em cerca de 2 semanas: construção em madeira com tecto de folha de ba- naneira). Tudo é vivido no presente e, podendo parecer que isto traz alguma insegurança perante o futuro, a verdade é que traz ainda mais uma leveza perante a vida que nunca tinha visto antes. Como era o contacto com a família/amigos? Qual foi a altura em que as saudades apertaram mais? Alguma vez pensaste que não ias aguentar até ao fim? Em Sepahua havia rede de telemóvel quase sempre e na missão tínhamos acesso à internet. Durante os 9 meses sempre dei no- tícias regularmente aos meus pais, mas nem sempre me foi fácil manter uma comunicação constante, tanto com família como ami- gos . O trabalho e as diferenças horárias eram difíceis de conju- gar, e nem sempre me era fácil explicar o que estava a viver. No fundo, a partir do momento em que pertences a um novo local, uma grande parte de ti passa a viver exactamente de, e para, as pessoas que te rodeiam. Focas o dia nisso, pois é esse o mundo em que vives agora. As alturas em que tive mais saudades foram nos momentos em que senti mais falta de estar, falar, ter o apoio de alguém que me conhecesse bem: quando estive doente quis muito estar em casa, com a minha mãe a cuidar de mim; quan- do me fui abaixo emocionalmente quis demasiado ter um abraço conhecido; quando o dia correu mal quis escapar, desabafar com um amigo. Mas as saudades mais difíceis foram sempre as que se relacionavam ao que se passava cá em Portugal: custava-me não estar, não viver, não puder ajudar aqui, no meu mundo, as minhas pessoas. Correste perigo de vida em alguma ocasião? Chegaste a pen- sar que não ias voltar a casa? Algum momento de maior maior aperto? Nunca corri perigo de vida. Apanhei sustos com a Natureza e fi- quei seriamente doente uma vez, com uma febre cuja causa não se veio a descobrir. Adaptei-me bem à alimentação e, dentro dos possíveis, ao calor e insectos. Em casa tínhamos hábitos de lim- peza, higiene e segurança alimentar que nos asseguravam uma estadia saudável e que, simultaneamente, funcionavam como for- ma de educação para os internos e internas que connosco viviam: longe de tudo não ével: são família, e são das bases que custa mais perder. Decidi parar durante um ano os estudos na FEUP para concretizar este sonho porque sentia que me era importante ter esta experiência antes de acabar o curso e entrar no mundo do trabalho. Isto por saber que o meu trabalho poderá vir a estar ligado a mundos subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Já sabias exatamente o trabalho que ias desenvolver antes de lá chegares? Tiveste de fazer coisas lá que não estavas à espera? Tiveste algum tipo de treino físico e psicológico antes de ires? Antes de partir para Sepahua contactei por email as irmãs supe- riores do Peru, que me acolheriam em Lima por uns dias. Expli- caram-me como funcionava a missão de Sepahua, e o tipo de trabalho e responsabilidades que eu teria (e podia vir a ter) lá. Resumindo: a missão tem como base 2 internatos (um de mulhe- res e outro de homens) que acolhem e educam entre 20-40 jovens indígenas entre os 12 e 18 anos que vivem em comunidades na- tivas a um ou dois dias de Sepahua e que desejam estudar numa escola secundária. Em Sepahua existe uma, a única numa região bastante extensa. Eu ia viver para o internato de raparigas com as 3 irmãs que lá formavam a comunidade em 2015: a Hna. Meche, a Hna. Esmilda e a Hna. Mercedes. Estava para dar apoio à Hna. Meche na coordenação da casa e no dia-a-dia das 23 raparigas. Tinha tarefas específicas, como ajudar nos estudos, fazer ativida- des e workshops diferentes, guiá-las na rotina e tarefas diárias, etc. No decorrer dos dias e semanas foram aparecendo novas opor- tunidades, novos mundos em que podia ajudar e dos quais podia partilhar. Assim, comecei desde cedo a dar aulas numa escola pri- mária em Nuevo Rosario, uma comunidade Amahuaca a poucos kms de Sepahua. Foi aqui que tive a sorte de poder conhecer e pertencer a um mundo mais nativo, mais puro. Fazer isto através das crianças, chegando assim às suas famílias, foi das experiên- cias mais especiais que tive até hoje. Não sendo algo que estava à espera previamente, dar aulas foi um desafio que, tendo-me às vezes custado, gostei muito de ter vivido! Assim apareceu também a possibilidade de trabalhar na rádio Sepahua, e assim apareceram muitas ocasiões e momentos! No fundo, partir para um mundo diferente e passar a viver completamente nele faz-se exactamente disso: coisas de que não se está à espera, situações novas e uma constante procura de adaptação. É sempre desco- berta, o que dá uma força inexplicável para dar ainda mais! Antes de partir procurei preparar-me para a viagem como pude. Com as Irmãs organizei um plano de formação que durou cerca de um ano e meio e envolvia períodos de voluntariado em Lisboa, retiros e formações específicas para futuros voluntários (desenvolvidas pela FEC). Por outro lado, tive que percorrer um caminho interior que me levasse a saber definir muito bem porquê é que partia, e como é que deixava este mundo, a vida daqui, antes de o fazer. Torna-se essencial, mais tarde, ter estas duas respostas bem escri- tas em nós, pois são elas que nos seguram quando, nesse mundo novo, nos perdemos naquilo que estamos a viver ou sentimos que não pertencemos a nenhum lugar. De resto, foi-me importante ter sempre noção de que nunca estaria preparada a 100% para ir: haveria sempre surpresas, situações que não previa ou não sabia resolver; e ir mentalizada deste facto ajudou a saber observar, pedir ajuda e avançar com calma. 6
  • 7. ferver a água, guardar os alimentos numa despensa, manter o terreno limpo para afastar os rastejantes, tudo são pequenos detalhes que, não sendo tradicionais nas famílias nativas, criam hábitos nestes jovens que talvez no futuro passem para as suas famílias, e assim melhorem o seu nível de vida. Alguma vez te passou pela cabeça que estavas a entrar numa sociedade à qual não pertencias e não devias/não valia a pena tentar mudar? Será que aquelas pessoas queriam a mudança? Uma questão que me preencheu dias e dias sem fim. É impor- tante manter bem presente que não pertenço verdadeiramente, nenhum de nós pertence, a esta sociedade: por mais tempo que lá passe, por mais que me integre e por mais pessoas que pas- se a chamar “família”, somos de mundos diferentes e uma parte disso nunca muda. Somos os brancos e eles os índios! Podemos, porém, viver noutro mundo e entregar-nos a ele inteiramente: dar o que temos, melhorar o que nos rodeia na medida em que nos é possível. Um pilar crucial durante estes nove meses foi exacta- mente perceber como os missionários com quem estive vivem esta dicotomia: vivem para servir a comunidade indígena e para melhorar a sua vida, sem nunca mudar as bases que sempre a sustentou. A missão, por norma, quer proteger a cultura e o co- nhecimento nativo: conhece o seu valor e, observando os perigos externos que atacam directa ou indirectamente a vida amazónica, luta por a preservar, sendo muitas vezes a única voz do povo indí- gena que o mundo exterior ouve. Há sempre coisas que trazemos a estes confins do mundo que mudam a sua vida: sim, a missão trouxe também um posto médi- co, uma escola e a primeira carpintaria. Isso mudou, obviamente, a vida de Sepahua: já há um enfermeiro nativo, já quase toda a população fala bem espanhol, e já três famílias montaram um negócio sustentável trabalhando madeira. Ensinar a trabalhar os recursos e a valorizar o dinheiro acabou com os abusos laborais sofridos durante décadas por algumas etnias, quando a explo- ração da borracha, da madeira, e agora do gás natural era feita sem qualquer tipo de cuidado perante o mundo que se estava a invadir. Resumindo, há uma parte de ocidentalização que não pode ser ignorada ou evitada: a Repsol passa por Sepahua todas as semanas, procurando mais um furo que valha a pena (ainda que nenhuma desta energia chegue sequer perto da região de onde é extraída); a China vem cá arrasar com hectares de floresta, e quem guia os madeireiros na selva serão sempre os nativos (os únicos que a conhecem e que sabem orientar-se dentro dela); as doenças que agora atacam a população são-lhe novas, vieram de fora, e não há medicina tradicional que as cure. É, assim, de extre- ma importância garantir que a comunidade entende bem aquilo que está a chegar, a novidade do dia, para que possa decidir com informação suficiente se, e como, a quer receber. Há comunidades indígenas que quiseram e se deixaram influen- ciar mais pelo mundo exterior, recebendo dele aquilo que consi- deram melhorar a sua vida no dia-a-dia; e há comunidades que desde cedo preferiram manter-se aquém dos ocidentais e, para isso, se embrenharam ainda mais na selva, vivendo até hoje se- gundo a mesma cultura que sempre os definiu. Estes últimos con- tinuam a ser protegidos, e o seu território não é utilizado por mais ninguém. Repetirias ou recomendarias esta aventura? Sonho, ainda hoje, em voltar à selva peruana. Não sei como nem quando, mas sinto que é um mundo no qual posso viver e traba- lhar de uma forma feliz e útil. É uma cultura que me apaixona, e isso não tem valor! Recomendo, a todo e qualquer jovem, que faça uma experiência de voluntariado, seja a curto ou longo prazo. O mais importante, porém, é cada um refletir sobre essa decisão com clareza e com ajuda: é essencial ter alguém que nos guie e nos apoie quando vamos para um mundo desconhecido, mais ainda se formos so- zinhos. É importante viver o que nunca vivemos, dar-nos àqueles a quem normalmente não teríamos acesso, e aprender com eles, é das experiências mais importantes para o resto das nossas vidas. Por- que o mundo, cada vez mais, é um só, caracterizado por milhares de culturas e modos de vida diferentes. Conhecendo-os, para além de aprendermos coisas que nunca aprenderíamos cá, dá- -nos uma ideia mais completa daquilo que compõe o planeta em que vivemos. Que lições de vida retiras destes 9 meses? É difícil pôr em palavras aquilo que se aprende com o dia-a-dia, com aqueles que nos rodeiam, com o que sentimos. Acima de tudo, retiro deste ano o valor da felicidade, directamen- te ligada à simplicidade da vida do dia-a-dia. O povo indígena vive, só e apenas, no presente, sem se debater com o passado nem se preocupar com o futuro. Vive hoje, porque é o único mo- mento real. E, tendo esta perspectiva óbvias falhas, é um princí- pio que traz consigo uma leveza perante o dia que nunca tinha visto antes. Depois de ter partilhado do seu modo de vida, não posso deixar de acreditar que uma vida simples, com pouco mais que o necessário, mas com todos os pilares cruciais, é a melhor maneira de viver neste mundo. A cultura indígena tem como base a comunidade: mais do que a família, mais do que o indivíduo, a comunidade é o lar que protege aqueles que o habitam, onde todos vivem uns pelos outros, onde tudo é partilhado. Esta noção de comunidade marcou-me: o ser humano foi feito para viver em comunidade, assim como o indivíduo não poderá sobreviver so- zinho neste mundo. A individualidade, quando comparado com a família, não vale nada. Por outro lado, e mais direcionado a vocês, jovens, estudantes, professores, adultos do mundo deste lado do oceano: por termos a sorte de ter nascido e crescido aqui, temos acesso a tudo o que a grande maioria da população mundial deseja e não tem, nem nunca terá. Isto traz consigo uma responsabilidade que não deve ser esquecida: devemos estudar para ensinar; devemos viver se- gundo os valores que nos são intrínsecos, com abertura de mente suficiente para saber aceitar outros e com capacidade para ensi- nar os nossos à próxima geração; devemos aproveitar todas as oportunidades que nos são dadas, pois uma situação não vivida é uma desperdiçada, e menos uma aprendizagem. Partam, vão à descoberta, saiam da nossa bolha confortável, ob- servem novas realidades, vivam pessoas e lares diferentes, tudo isto vos enriquecerá como seres humanos que vivem na Terra, e não nesta casa ou naquele mundo. 7
  • 8. O processo de candidatura é muito simples: apenas é neces- sário preencher o formulário de inscrição disponível em www. fap.pt e, acima de tudo, ter vontade de contribuir para a feli- cidade de todos aqueles que dão vida a este projeto e espe- lham o impacto positivo da intervenção social dos estudantes na comunidade. Há muitos anos que a Federação Académica do Porto (FAP) anseia pela concretização de um projeto com alguns anos de muito pensamento e maturação no seio da FAP. Este ousado projeto compreende a criação de um espaço físico dedicado ao estudo, à promoção do empreendedorismo, da inovação e da cultura no meio académico. A missão fundamental do Pólo Zero é ser um centro multifacetado e catalisador da participa- ção estudantil, prestando um serviço de apoio aos estudantes da cidade do Porto e à comunidade em geral. Neste contexto, o Pólo Zero apresenta-se como a porta da FAP para a cidade, podendo acolher no seu interior um conjunto de atividades e dinâmicas que pretendem dar resposta aos estudantes da Academia do Porto, a estudantes estrangeiros de mobilidade e a potenciais candidatos a frequentar instituições de Ensino Superior do Grande Porto. A Câmara Municipal do Porto teve um papel preponderante na realização deste sonho, não só pela cedência de espaço como pelo apoio ao investimento inicial preponderante para alavancar este projeto. A Universidade do Porto, o Instituto Politécnico do Porto, a Universidade Católica Portuguesa e o Instituto Português do Desporto e Juventude revelaram-se também parceiros funda- mentais, não só a nível financeiro, mas particularmente, no encaminhamento de projetos de valor acrescentado para o Pólo Zero. Este espaço está localizado na Praça de Lisboa, jun- to à reitoria da Universidade do Porto e à Torre dos Clérigos e a sua cerimónia de inauguração está prevista para o próximo dia 7 de outubro. A cerimónia de inauguração contará com a comparência de ilustres presenças e com a especial participa- ção da Excelência, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Desde 2010 que a Federação Académica do Porto (FAP) se lançou num projeto de referência que sublinha a capacida- de de intervenção social dos estudantes do Porto. Foi neste contexto que nasceu o projeto FAP no Bairro, com o objetivo primordial de promoção do envolvimento entre os estudan- tes e a comunidade do Porto, através da criação inédita em território nacional de um centro comunitário exclusivamente concebido e coordenado por estudantes. O sucesso e progressão deste projeto tem sido imenso ao longo dos anos e contou, no passado dia 13 de setembro, com um momento de especial importância, ao receber nas suas instalações do Bairro do Carriçal a visita da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, que não se absteve de elogiar o espírito solidário e humanista da Academia do Porto. Através deste projeto, a FAP pretende atuar enquanto agen- te estudantil promotor de harmonia e bem-estar social, e es- timular o aumento da responsabilidade cívica por parte dos estudantes. Neste momento, a FAP no Bairro está em fase de recrutamen- to de voluntários para os seus dois centros comunitários, o Bairro do Carriçal e Bairro Dr. Nuno Pinheiro Torres, de modo a que todos os estudantes interessados em colaborar de for- ma positiva possam prestar serviço de voluntariado a todos os grupos de risco como crianças, jovens adolescentes, idosos, pessoas ou famílias com graves carências socioeconómicas, culturais e de saúde. 8 Academia em Ação FAP recruta voluntários para o projeto social ‘’FAP no Bairro” Pólo Zero abre portas dia 7 de outubro
  • 9. Nos dias 1 e 2 de outubro realizou-se, em Viana do Castelo, o fim-de-semana formativo da AEFEUP. Com o intuito de formar os nossos dirigentes associativos a AEFEUP proporcionou aos seus membros a oportunidade de aprofundar os seus conheci- mentos em diversas temáticas que abrangem o associativismo jovem, tais como Ação Social e Desporto Universitário. Tam- bém mereceram destaque dinâmicas de grupo e atividades desportivas que fomentaram o espírito de união e amizade que engloba a tua associação. Este fim-de-semana foi inaugurado com uma palestra do Prof. Augusto Sousa, vice-presidente do conselho pedagógico da FEUP, sobre a participação estudantil no Ensino Superior. As temáticas abordadas da parte da tarde foram o Despor- to Universitário e a Lei do Associativismo Jovem, abordadas por Daniel Monteiro, presidente da Federação Académica de Desporto Universitário e Hugo Carvalho, presidente do Con- selho Nacional da Juventude e antigo presidente da AEFEUP. Depois de jantar houve ainda tempo para que o Samuel Vile- la, Colaborador do Centro de Estudos da Federação Acadé- mica do Porto, aprofundasse o tema das Bolsas de Estudo. No Domingo, a manhã foi dedicada a uma atividade despor- tiva para fomentar a inclusão e a tarde a dinâmicas de grupo e formações que abordaram os conceitos de liderança, estra- tégia, planeamento, comunicação, espírito de equipa e ne- gociação. Com este fim-de-semana pretende-se que os nossos dirigen- tes sejam mais capazes de melhor representar e defender os interesses dos nossos estudantes. Na maior parte das vezes, os projetos académicos têm um “fim de vida”: a nota final de avaliação. Porque não tirar os projetos da gaveta e dar-lhes continuidade e a oportunidade de ser algo mais? Atualmente isto não poderia ser mais facilitado, dado o cres- cente número de apoios ao empreendedorismo em Portugal, e a ligação emergente da universidade à indústria. Existem diversas instituições e Business Angels (indivíduos dispostos a investir e a dar apoio estratégico principalmente a empresas recém-nascidas ou startups) que colmatam um dos principais problemas de sobrevivência das ideias no mundo dos negócios: falta de fundos. A Portugal Ventures é um exemplo, uma Sociedade de Capital de Risco, cuja política de investimento se dirige a projetos inovadores de base científica e tecnológica. Todavia, é necessário mais do que uma grande vontade de criar e desenvolver tecnologia, para provar que temos uma ideia merecedora da atenção dos “tubarões”. A Escola de Startups (ES) do UPTEC é uma boa oportunidade de prepa- ração para esse grande passo na evolução de uma ideia para empresa: a Smart Gloves, ainda startup, cresceu aqui. Nasceu de um mero projeto de Instrumentação Biomédica, parte da nossa formação no Mestrado Integrado em Bioengenharia, e é agora uma startup dedicada ao desenvolvimento de luvas termoterapêuticas para tratamento de pessoas com osteoar- trose e frieiras nas mãos, com um tecido adaptado à sua pele frágil e um sistema de aquecimento portátil. Na ES, ao longo de vários workshops, adquirimos conheci- mentos a nível de propriedade intelectual, modelo de negó- cio, comunicação e marketing, aprendendo as bases do em- preendedorismo e do negócio. Foi-nos dado apoio jurídico, benéfico para percebermos como proteger o nosso produto, e aconselhamento na criação do plano de negócios, em par- ceria com a FEP Junior Consulting. Tudo isto contribuiu para a nossa perceção dos desafios que uma startup exige, e que é preciso ponderação antes de avançar para o mundo empre- sarial. Para além da parte financeira, o tempo é um fator importan- te. É muito difícil conciliar os estudos na universidade com o mundo das startups: o mais desafiante para nós foi pôr em prática o que aprendemos. O que de mais valioso tiramos desta experiência foi a rede de contactos que criamos e o coaching que recebemos. As opiniões de pessoas mais ex- perientes ajudaram a moldar ideias e consolidar o modelo de negócio. Para além disso, a oportunidade de divulgação da nossa ideia abriu ainda mais portas. É preciso arriscar, transformar a geração à rasca na geração empreendedora do futuro. A nossa responsabilidade é tirar o máximo das tecnologias emergentes do início do século XXI e procurar resolver os problemas da sociedade. Débora Pereira e Filipa Sousa, 5º ano do Mestrado Integra- do em Bioengenharia 9 Fim-de-semana formativo AEFEUP De um Projeto a uma Startup
  • 11. 711 CALENDÁRIO AEFEUP* Rota das Empresas - 4 de outubro Sessão de Cinema - 4 de outubro FEUPCaffé - 6 de OUTUBRO Este mês não podes perder: * Calendário pode sofrer alterações. FEUPSounds - 13 de outubro FEUPCaffé - 20 de outubro Rota das Empresas - 31 de OUTUBRO AMERICAN PSYCHO BY EDWARD R. PRESSMAN