SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 34
Biodiversidade urbana
Biodiversidade, Geodiversidade
e Conservação
Docente: Paula Bacelar-Nicolau
Mestranda: Isabel Campos
20 de Janeiro de 2018
A biodiversidade urbana
 O espaço urbano e a biodiversidade são dois
conceitos que à partida podem ser considerados
incompatíveis. Mas a biodiversidade é hoje
assumida como um dos fatores fundamentais para
assegurar a resiliência e a sustentabilidade dos
espaços urbanos (Bacelar-Nicolau, 2015).
 A biodiversidade urbana, tal como a biodiversidade,
é um conceito relativamente recente. A sua
definição não é ainda unânime e tem contado com
a colaboração de diversos investigadores.
A biodiversidade urbana
 Segundo Petersen et al. (2007) citado por Farinha-Marques,
(2011), a biodiversidade pode ser definida pela‘‘the diversity of
living things in an urban area and in a city living things
primarily find their habitats in the urban green structure’’. Para
Müller (2010), citado por Farinha-Marques, (2011), a
biodiversidade é ‘‘the variety and richness of living organisms
(including genetic variation) and habitat diversity found in and
on the edge of human settlements”.
 Seja qual for a definição adotada esta deve incluir a variedade
genética, a diversidade e riqueza de espécies, os habitats, os
ecossistemas, tanto os nativos como os alterados, mas
também os valores humanos, socioeconómicos, estéticos e
éticos (Farinha-Marques, 2011).
Áreas urbanas
 Atualmente mais de metade da população mundial
vive nas cidades e, segundo a Nações Unidas, e é
expectável, que em 2050, este valor atinja os dois
terços da população (Gómez-Baggethun, et al.,
2013).
 Na Europa estimasse que, em 2020, 80% da
população viva em cidades (Comissão Europeia).
 Esta transformação demográfica tem enormes
consequências ambientais, económicas e sociais e
ainda não estão bem estudas (Wu, 2014).
Áreas urbanas
 Concentrar a população em cidades dominadas
pela construção de infraestruturas e pela tecnologia
representa a conceção de uma sociedade urbana
(Gómez-Baggethun, et al., 2013).
 Esta alteração demográfica, que se tem
intensificado nos últimos dois séculos, contribui
para diminuição do contacto entre os seres
humanos e a natureza – o ser humano tornasse
assim numa espécie urbana o que lhe dá uma
sensação de independência dos ecossistemas
naturais (Bacelar-Nicolau, 2015).
Áreas urbanas
 Apesar desta sensação a procura por valores
naturais e serviços ecossistémicos continua a
aumentar no mundo urbanizado (Gómez-
Baggethun, et al., 2013).
 Tal como em qualquer outro sistema ecológico as
cidades dependem dos ecossistemas e dos seus
componentes para assegurar condições essenciais
à manutenção da vida: saúde, segurança, relações
sociais, entre outros aspetos de bem estar humano
(Gómez-Baggethun, et al., 2013) e para o
tratamento e reciclagem de elevados desperdícios
produzidos e que os processos naturais não
conseguem acompanhar (Bacelar-Nicolau, 2015).
Áreas urbanas
 Assim sendo, e apesar de atualmente as zonas urbanas
ocuparem apenas 3% das áreas terrestres do planeta, a sua
existência e sustentabilidade dependem da exploração de
extensas áreas que se prologam para além das suas fronteira.
 A difícil delimitação de áreas urbanas e das suas fronteiras
espelha esta mesma interação entre o núcleo urbano e as
áreas que o circundam.
 Dada a enorme quantidade de fluxos ecológicos e extensão
de interações distantes das fronteira urbanas definidas por
razões políticas e biofísicas, os ecossistemas urbanos,
sentido lato, compreendem as terras diretamente geridas ou
afetadas pela energia e fluxo de materiais do núcleo urbano e
as terras suburbanas (Gómez-Baggethun, et al., 2013).
Áreas urbanas
 A fixação de uma população num determinado local
ocorre porque o local apresenta uma elevada
produtividade. E por isso, as zonas urbanas estão
em locais ricos em recursos naturais, que
apresentam uma grande diversidade biológica e a
confluência de diversos ecossistemas (Bacelar-
Nicolau, 2015).
 Esta localização permite e existência de diversas
zonas dentro da própria área urbana. A zona
cinzenta – áreas edificada; zona verde – áreas com
vegetação; zona azul – áreas aquáticas e zona
castanha – áreas abandonadas (Farinha-Marques,
2011).
Efeitos da urbanização
 A urbanização provoca alteração, degradação e
fragmentação dos habitats naturais, o que promove
a perda da biodiversidade nativa associada, e
conduz ainda, à homogeneização da componente
biótica associada à introdução de espécies exóticas
(Bacelar-Nicolau, 2015).
 A urbanização provoca ainda alterações nos ciclos
da água e dos nutrientes, promove o aumento da
temperatura, altera o processo de escoamento da
água e aumenta a produção de dióxido de carbono
(Farinha-Marques, 2011).
Efeitos da urbanização
 Apesar dos efeitos da urbanização não estarem
bem estudados para todos os grupos taxonómicos
e zonas climáticas, está comprovado que a
urbanização provoca grandes alterações na
diversidade e abundância de espécies de animais e
plantas (Faeth, et al., 2011).
 Os efeitos da da urbanização na biodiversidade
variam com o grupo taxonómico, com as condições
ambientais e socioeconómicas (Bacelar-Nicolau,
2015).
Efeitos da urbanização
 Apesar de por vezes o ser humano preservar a
diversidade de plantas nativas dos ecossistemas
urbanos, a maioria das atividades humanas,
contribui para a destruição e reconstrução das
comunidades de plantas, o que consequentemente
contribui para o controlo da quantidade e qualidade
dos habitats urbanos (Faeth, et al., 2011).
 Assim sendo, as comunidades de plantas
apresentam uma menor diversidade biológica e são
constituídas por espécies resistentes e adaptadas a
distúrbios antropogénicos e incluem um elevado
número de espécies exóticas (Bacelar-Nicolau,
2015).
Efeitos da urbanização
 A comunidade de aves apresenta uma enorme redução
de diversidade de espécies, embora se verifique um
aumento da sua biomassa e densidade populacional
(Bacelar-Nicolau, 2015) embora este aumento se deva,
muitas vezes, ao aumento da densidade de aves não
nativas (Faeth, et al., 2011).
 O aumento da densidade populacional verifica-se, em
particular, em espécies granívoras, omnívoras e
nidificantes em cavidades (Bacelar-Nicolau, 2015).
 Assiste-se ainda, a uma diminuição da densidade
populacional em espécies insetívoras (Faeth, et al.,
2011).
Efeitos da urbanização
 A comunidade de artrópodes tende a diminuir quer
em diversidade de espécies quer em abundância.
Limitam-se a um pequeno número de espécies
dominantes frequentemente exóticas e invasoras e
possuem a capacidade de voo (Bacelar-Nicolau,
2015).
 Também as comunidades de fungos e de bactérias
presentes nos solos tendem a diminuir com o
aumento da urbanização (Bacelar-Nicolau, 2015).
Consequências da
urbanização
 Segundo Bacelar-Nicolau (2015) A urbanização e os
efeitos que esta produz na biodiversidade tem, como
seria de esperar diversas consequências das quais se
destacam:
 Empobrecimento, erosão e desertificação dos solos;
 Alterações climáticas que contribui para a diminuição
da biodiversidade;
 Modificações na estrutura e na dinâmica das redes
tróficas;
 Alteração da ecossistemas o que afeta a
sustentabilidade dos serviços prestados por estes.
Serviços ecossistémicos
 Apesar dos efeitos causados pela urbanização na
perda de biodiversidade, os ecossistemas urbanos
providenciam uma série de serviços essenciais que
contribuem para a manutenção da saúde física e
psicológica das populações que aí residem.
 A produção de alimentos é feita em quintas
situadas no perímetro urbano e em jardins e
constitui uma importante fonte de fornecimento de
alimentos, principalmente em períodos de crise
(Gómez-Baggethun, et al., 2013).
Serviços ecossistémicos
 Regulação do ciclo da água, no abastecimento e no
armazenamento, e no controlo de inundações (Gómez-
Baggethun, et al., 2013). Tal deve-se à interseção da
água das chuvas pelas canoplas das árvores, da
vegetação e do solo, possibilitando a sua infiltração e
mitigação de escorrências (Bacelar-Nicolau, 2015).
 Regulação da temperatura, gerada pela emissão de
gases, através da sua absorção pelas zonas verdes e
azuis (Gómez-Baggethun, et al., 2013), contribuindo
assim para a regulação do clima e para a diminuição de
eventos climáticos extremos (Bacelar-Nicolau, 2015).
Serviços ecossistémicos
 Redução da poluição sonora, que representa uma
das principais fontes de poluição das cidades. O
solo e as plantas atenuam esta poluição através da
absorção, desvio, refleção e refração das ondas
sonoras (Gómez-Baggethun, et al., 2013).
 A purificação do ar é feita através da absorção de
diversos poluentes, como p.e. o dióxido de carbono
e o ozono, filtração de micropartículas e pela
libertação de oxigénio (Bacelar-Nicolau, 2015;
Gómez-Baggethun, et al., 2013).
Serviços ecossistémicos
 Os ecossistemas contribuem ainda para o
tratamento dos desperdícios gerados já que retêm
e decompõem nutrientes e restos orgânicos
(Gómez-Baggethun, et al., 2013).
 São ainda fundamentais para assegurar os valores
culturais e de lazer. Oferecem locais para a prática
de exercício físico, promovem a saúde mental e
diversos jardins podem ser utilizados para a
educação ambiental (Gómez-Baggethun, et al.,
2013).
Avaliação da biodiversidade urbana
 A biodiversidade é fundamental no garante dos serviços
ecossistémicos, e estes são imprescindíveis na
manutenção da saúde física e psicológica da população
humana.
 Os serviços ecossistémicos incluem valores
económicos, sociais e culturais e ainda de segurança
(Gómez-Baggethun, et al., 2013).
 A avaliação da biodiversidade urbana e dos serviços
ecossistémicos é tão fundamental quanto complexa.
 A avaliação é fundamental para que esta seja integrada
nos planos de planeamento urbano e deve incluir a
crescente consciencialização dos valores
ecossistémicos, o seu valor económico e a definição de
prioridades e de incentivos (Gómez-Baggethun, et al.,
2013).
Avaliação da biodiversidade urbana
 A biodiversidade urbana é um conceito
multidimensional e como tal, a sua avaliação
reveste-se de uma grande complexidade a que se
acresce a grande heterogeneidade das áreas
urbanas (Gómez-Baggethun, et al., 2013), a
extrema alteração destas, a dificuldade no acesso a
propriedades privadas, as questões relacionadas
com a privacidade e segurança, o inadequado
apoio financeiro e político e finalmente, a
necessidade de realizar trabalho de campo que é
dispendioso, intensivo e carece de grandes
capacidades técnicas (Farinha-Marques, 2011).
Avaliação da biodiversidade urbana
 Esta avaliação pode ser feita através diferentes
métodos que incluem a diversidade de espécies, a
abundância, índices de variação e ainda a genética
populacional.
 A adoção de uma abordagem que inclua diversos
métodos proporciona um conhecimento mais
aprofundado (Farinha-Marques, 2011).
Conservação da biodiversidade
urbana
 Muitas são as instituições internacionais que têm
colaborado para esta complexa tarefa de avaliar e
conservar a biodiversidade urbana e os serviços
ecossistémicos, das quais se destacam:
 As Nações Unidas através dos seu programa ambiental –
UNEP;
 A Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) Plano
de Ação sobre Governos Regionais, Cidades e Outras
Autoridades Locais para a Biodiversidade (2011-2020) e
da criação do Índice da Biodiversidade Urbana;
 A União Europeia através do 7º Programa de Ação
Ambiental.
Conservação da biodiversidade
urbana
 A UNEP juntamente com diversas instituições, entre
as quais a Convenção sobre a Diversidade
Biológica criou uma “Parceria Mundial sobre
Cidades e Biodiversidade”.
 O objetivo desta parceria passa por envolver as
cidades na luta para reverter a perda de
biodiversidade. Para tal, compromete-se a
colaborar com governos nacionais e locais,
fornecer material de consciencialização, organizar
workshops e desenvolver ferramentas para
alcançar este objetivo.
Conservação da biodiversidade
urbana
 Com a adoção da Decisão IX/28, durante a 9ª
Convenção das Partes para a CDB (Bonn, Alemanha,
2008), reconheceu-se o papel das cidades e
autoridades locais na responsabilidade da perda de
biodiversidade global.
 Esta decisão incentiva os governos nacionais a envolver
mais as cidades, governos regionais e autoridades
locais na implementação do objetivos da CDB.
 Foi proposta, por Mah Bow Tan, ex-ministro do
Desenvolvimento Nacional de Singapura, a criação do
Índice de Biodiversidade para as Cidades (CBI - City
Biodiversity Index ou Singapore Index).
Conservação da biodiversidade
urbana
 O CBI é constituído por uma série de indicadores
distribuídos por três grandes conceitos: biodiversidade
das cidades, serviços ecossistémicos e governança e
gestão da biodiversidade.
 A primeira avaliação servirá para estabelecer quais as
políticas de base, sendo que as seguintes serão
fundamentais para monitorizar e, se necessário,
reformular as políticas de conservação.
 Constitui uma ferramenta essencial para governos e
autoridades locais. Permite a tomada de decisões
baseada numa perspetiva mais transversal essencial
para um desenvolvimento sustentável.
Conservação da Biodiversidade Urbana
 Durante a 10ª COP, realizada na cidade japonesa de
Nagoya em 2010, foi adotada a Decisão X/22 - Plano de
Ação sobre Governos Regionais, Cidades e Outras
Autoridades Locais para a Biodiversidade.
 Este plano suporta a implementação do Plano
Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 ao nível
nacional e local. Fornece recomendações aos governos
nacionais, no sentido de envolver as autoridades locais,
na implementação das estratégias nacionais, em
contexto local.
 O Plano reforça a importância do CBI como ferramenta
de monitorização das políticas de conservação cujos
resultados deverão ser incluídos nos relatórios
nacionais.
Conservação da Biodiversidade Urbana
 A preocupação da Comissão Europeia com as
questões urbanas reflete-se na inclusão no 7º
Programa de Ação Ambiental do Objetivo Prioritário
nº 8, intitulado “Cidades Sustentáveis: Trabalhar em
conjunto para soluções comuns” e que pretende
aumentar a sustentabilidade das cidades da UE.
 O Programa de Ação declara que, até 2020 a
maioria das cidades da UE deve estar a
implementar políticas conducentes a um projeto
urbano sustentável e que a Comissão Europeia
deve desenvolver um conjunto de critérios para
avaliar o desempenho ambiental das cidades.
Exemplos de biodiversidade urbana
 O Parque de Serralves é composto por uma grande
diversidade de espaços harmoniosamente
interligados: jardins formais, matas e uma quinta
tradicional. Projetado pelo arquiteto Jacques
Gréber nos anos 30 do século XX, é uma referência
singular no património da paisagem em Portugal.
www.serralves.pt
Exemplos de biodiversidade urbana
 O valor associado a este local é inegável.
 É dos locais mais visitado da região, tanto por
locais como por turistas nacionais e internacionais,
assegurando assim o seu valor económico e
estético.
 As atividades dinamizadas permitem conhecer e
divulgar a biodiversidade presente no parque,
garantindo assim o seu valor educacional e cultural.
 Possui ainda um centro de recursos sobre
biodiversidade em contexto urbano que pretende
difundir conhecimento científico, nesta área, junto
de públicos diversificados.
Exemplos de biodiversidade urbana
 As quintas urbanas vão crescendo à medida que a
população mundial e urbana cresce.
 Estas quintas existem em vários locais, dentro das
cidades ou no seu perímetro. As quintas no topo
dos edifícios são um exemplo da inovação que
estas estruturas têm sofrido nos últimos anos.
www.greensavers.sapo.pt
Exemplos de biodiversidade urbana
 Estas quintas permite a recuperação de locais,
nomeadamente das zonas castanhas das cidades,
assegurando o seu valor estético.
 Muitas vezes constituem uma fonte de rendimento extra
para as populações garantindo o seu valor económico e
de segurança.
 Fornecem ainda as populações de alimentos frescos,
contribuindo para a saúde física destas, e
desempenham, muitas vezes, um papel educacional,
através do trabalho de voluntariado. Também permitem
a atividade física o que contribui para a saúde física e
mental das populações.
Considerações finais
 As áreas urbanas são importantes repositórios de
biodiversidade atual e futura (Faeth, et al., 2011). A
biodiversidade urbana está muitas vezes associada
apenas aos parques urbanos mas, está presente em
quintas urbanas, em jardins públicos e privados e até
em pequenas varandas das habitações.
 São inegáveis os impactos que os serviços
ecossistémicos têm na qualidade de vida das pessoas
que aí vivem. O valor estético é, muitas vezes, o mais
apontado porque está associado à beleza dos parques e
jardins urbanos.
 São também inegáveis os efeitos que os processos de
urbanização têm nos ecossistemas e nos serviços por
eles prestados.
Considerações finais
 Mas é fundamental que as populações e, principalmente os
decisores políticos, percebam todos os valores que a
biodiversidade urbana possui e as consequências que advêm
da sua perda.
 Desta necessidade surge a urgência de proceder a uma
avaliação da biodiversidade urbana. Apesar das
dificuldades/limitações que tem associadas, esta avaliação é
fundamental para que a biodiversidade urbana seja
assegurada.
 Esta avaliação deve ser o mais rigorosa/objetiva possível para
ser percetível por todos, p.e. adotando o CBI.
 Desta avaliação deve constar o valor económico, quer da
biodiversidade quer da sua perda, mas também todos os
outros valores que a biodiversidade urbana nos garante.
Bibliografia
City Biodiversity Index. Conventional of Biological Diversity. Consultado a 18/01/2018
em: https://www.cbd.int/subnational/partners-and-initiatives/city-biodiversity-index
Cities and subnational governments. Conventional of Biological Diversity. Consultado a
18/01/2018 em: https://www.cbd.int/subnational
Farinha-Marques, P. Lameiras, J.M., Fernandes, C., Silva, S., Guilherme, F. (2011)
"Urban biodiversity: a review of current concepts and concepts and contributions to
multidisciplinary approaches", Innovation-The European Journal of Social Science
Research, 24 (3): 247-271.
Faeth, S.H., Bang, C., Saari, S. (2011) "Urban biodiversity: patterns and
mechanisms", Annals of the New York Academy of Sciences, 1223: 69-81.
Fundação de Serralves. Parque de Serralves. Acedido em 21 de Janeiro de 2018 em:
https://www.serralves.pt/pt/percursos/jardim-das-aromaticas/
Green Savers. Como o crescimento populacional impulsiona a inovação nas quintas
urbanas. Acedido em 21 de Janeiro de 2018 em: https://greensavers.sapo.pt/como-o-
crescimento-populacional-impulsiona-a-inovacao-nas-quintas-urbanas/
Gomez-Baggethun, E., Barton, D.N. (2013) "Classifying and valuing ecosystem services
for urban planning", Ecological economics, 86: 235-245.
EU Policy on the Urban Environment – Overview. European Comissission. Consultado a
18/01/2018 em: http://ec.europa.eu/environment/urban/index_en.htm
United Nations Environment Programme. Consultado a 18/01/2018 em:
http://staging.unep.org/urban_environment/issues/biodiversity.asp
Wu, J. (2014) "Urban ecology and sustainability: The state-of-the-science and future
directions", Landscape and Urban Planning, 125: 209-221.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Urbanização
UrbanizaçãoUrbanização
Urbanização
 
Homem natureza
Homem naturezaHomem natureza
Homem natureza
 
1 educação ambiental
1 educação ambiental1 educação ambiental
1 educação ambiental
 
Uhe belo monte
Uhe belo monteUhe belo monte
Uhe belo monte
 
Apresentação compostagem
Apresentação   compostagemApresentação   compostagem
Apresentação compostagem
 
Conceito de meio ambiente
Conceito de meio ambienteConceito de meio ambiente
Conceito de meio ambiente
 
Cidades sustentáveis
Cidades sustentáveis  Cidades sustentáveis
Cidades sustentáveis
 
Serviços Ambientais
 Serviços Ambientais Serviços Ambientais
Serviços Ambientais
 
Educação Ambiental Infantil
Educação Ambiental InfantilEducação Ambiental Infantil
Educação Ambiental Infantil
 
Bioplásticos e biopolimeros
Bioplásticos e biopolimerosBioplásticos e biopolimeros
Bioplásticos e biopolimeros
 
Pegada ecológica
Pegada ecológicaPegada ecológica
Pegada ecológica
 
Estrutura Ecossistema
Estrutura EcossistemaEstrutura Ecossistema
Estrutura Ecossistema
 
LegislaçãO Ambiental.
LegislaçãO Ambiental.LegislaçãO Ambiental.
LegislaçãO Ambiental.
 
Preservação do Património natural
Preservação do Património naturalPreservação do Património natural
Preservação do Património natural
 
V.1 Introdução a ecologia
V.1 Introdução a ecologiaV.1 Introdução a ecologia
V.1 Introdução a ecologia
 
Impactos ambientais intensivo
Impactos ambientais intensivoImpactos ambientais intensivo
Impactos ambientais intensivo
 
Informações e dados ambientais
Informações e dados ambientaisInformações e dados ambientais
Informações e dados ambientais
 
Silvicultura
SilviculturaSilvicultura
Silvicultura
 
Perda de biodiversidade (1)
Perda de biodiversidade (1)Perda de biodiversidade (1)
Perda de biodiversidade (1)
 
Modelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalModelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambiental
 

Semelhante a Biodiversidade Urbana

Rosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbano
Rosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbanoRosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbano
Rosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbanoRosa Azevedo
 
Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)
Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)
Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)Ana Conceição
 
Biodiversidade urbana 1
Biodiversidade urbana 1 Biodiversidade urbana 1
Biodiversidade urbana 1 Idalina Neves
 
Cons. da biodiversidade em espaço urbano
Cons. da biodiversidade em espaço urbanoCons. da biodiversidade em espaço urbano
Cons. da biodiversidade em espaço urbanoMário Miranda
 
Conservação da biodiversidade em espaço urbano
Conservação da biodiversidade em espaço urbanoConservação da biodiversidade em espaço urbano
Conservação da biodiversidade em espaço urbanoSara Lima
 
Questões sobre dilemas ambientais do mundo atual
Questões sobre dilemas ambientais do mundo atualQuestões sobre dilemas ambientais do mundo atual
Questões sobre dilemas ambientais do mundo atualtelmamedeiros2010
 
Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2
Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2
Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2Mário Miranda
 
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdfMisslenePereira1
 
Tcc denilson dos reis
Tcc denilson dos reisTcc denilson dos reis
Tcc denilson dos reisdeni2011
 
Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...
Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...
Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...Rafael Martins
 
Conservação da biodiversidade urbana
Conservação da biodiversidade urbanaConservação da biodiversidade urbana
Conservação da biodiversidade urbanaMaria Nunes
 
A importância da arborização nos centros urbanos
A importância da arborização nos centros urbanosA importância da arborização nos centros urbanos
A importância da arborização nos centros urbanosAdriana Heloisa
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricos
Impactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricosImpactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricos
Impactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricosJoão Vitor Soares Ramos
 
Sobre as mudança no código florestal brasileiro abeco
Sobre as mudança no código florestal brasileiro   abecoSobre as mudança no código florestal brasileiro   abeco
Sobre as mudança no código florestal brasileiro abecoJoão Vitor Soares Ramos
 
Caderno educacao-ambiental-17-vol-1
Caderno educacao-ambiental-17-vol-1Caderno educacao-ambiental-17-vol-1
Caderno educacao-ambiental-17-vol-1cfreaza
 
Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010
Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010
Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010Wilson Martucci
 
Questões ambientais
Questões ambientaisQuestões ambientais
Questões ambientaisProftatiane
 
O futuro do planeta uma questão de ética e educação
O futuro do planeta   uma questão de ética e educaçãoO futuro do planeta   uma questão de ética e educação
O futuro do planeta uma questão de ética e educaçãobabins
 
Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni...
 Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni... Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni...
Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni...Miguel Rocha Neto
 

Semelhante a Biodiversidade Urbana (20)

Rosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbano
Rosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbanoRosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbano
Rosa azevedo conservação_da_biodiversidade_em_espaço_urbano
 
Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)
Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)
Conservação em meio urbano ana marta conceição (1)
 
Biodiversidade urbana 1
Biodiversidade urbana 1 Biodiversidade urbana 1
Biodiversidade urbana 1
 
Cons. da biodiversidade em espaço urbano
Cons. da biodiversidade em espaço urbanoCons. da biodiversidade em espaço urbano
Cons. da biodiversidade em espaço urbano
 
Conservação da biodiversidade em espaço urbano
Conservação da biodiversidade em espaço urbanoConservação da biodiversidade em espaço urbano
Conservação da biodiversidade em espaço urbano
 
Questões sobre dilemas ambientais do mundo atual
Questões sobre dilemas ambientais do mundo atualQuestões sobre dilemas ambientais do mundo atual
Questões sobre dilemas ambientais do mundo atual
 
Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2
Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2
Conservação da biodiversidade em espaço urbano 2
 
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
 
Tcc denilson dos reis
Tcc denilson dos reisTcc denilson dos reis
Tcc denilson dos reis
 
Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...
Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...
Oportunidades e barreiras para políticas locais e subnacionais de enfrentamen...
 
Conservação da biodiversidade urbana
Conservação da biodiversidade urbanaConservação da biodiversidade urbana
Conservação da biodiversidade urbana
 
A importância da arborização nos centros urbanos
A importância da arborização nos centros urbanosA importância da arborização nos centros urbanos
A importância da arborização nos centros urbanos
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricos
Impactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricosImpactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricos
Impactos potenciais das alterações do código florestal nos recursos hídricos
 
Biodiversidade na Cidade de Lisboa. Uma Estratégia para 2020
Biodiversidade na Cidade de Lisboa. Uma Estratégia para 2020 Biodiversidade na Cidade de Lisboa. Uma Estratégia para 2020
Biodiversidade na Cidade de Lisboa. Uma Estratégia para 2020
 
Sobre as mudança no código florestal brasileiro abeco
Sobre as mudança no código florestal brasileiro   abecoSobre as mudança no código florestal brasileiro   abeco
Sobre as mudança no código florestal brasileiro abeco
 
Caderno educacao-ambiental-17-vol-1
Caderno educacao-ambiental-17-vol-1Caderno educacao-ambiental-17-vol-1
Caderno educacao-ambiental-17-vol-1
 
Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010
Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010
Plano de arborização urbana do município de aguaí sp 09.12.2010
 
Questões ambientais
Questões ambientaisQuestões ambientais
Questões ambientais
 
O futuro do planeta uma questão de ética e educação
O futuro do planeta   uma questão de ética e educaçãoO futuro do planeta   uma questão de ética e educação
O futuro do planeta uma questão de ética e educação
 
Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni...
 Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni... Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni...
Estudos biogeográficos e relaçãoes entre mundança climática global e declíni...
 

Último

SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.pptSustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.pptKarlaMoroso
 
Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Geagra UFG
 
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.Geagra UFG
 
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptxLEANDROSPANHOL1
 
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptxLucianoPrado15
 
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF LazzeriniFATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerinifabiolazzerini1
 

Último (6)

SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.pptSustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
 
Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .
 
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.
 
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
 
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
 
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF LazzeriniFATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
 

Biodiversidade Urbana

  • 1. Biodiversidade urbana Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação Docente: Paula Bacelar-Nicolau Mestranda: Isabel Campos 20 de Janeiro de 2018
  • 2. A biodiversidade urbana  O espaço urbano e a biodiversidade são dois conceitos que à partida podem ser considerados incompatíveis. Mas a biodiversidade é hoje assumida como um dos fatores fundamentais para assegurar a resiliência e a sustentabilidade dos espaços urbanos (Bacelar-Nicolau, 2015).  A biodiversidade urbana, tal como a biodiversidade, é um conceito relativamente recente. A sua definição não é ainda unânime e tem contado com a colaboração de diversos investigadores.
  • 3. A biodiversidade urbana  Segundo Petersen et al. (2007) citado por Farinha-Marques, (2011), a biodiversidade pode ser definida pela‘‘the diversity of living things in an urban area and in a city living things primarily find their habitats in the urban green structure’’. Para Müller (2010), citado por Farinha-Marques, (2011), a biodiversidade é ‘‘the variety and richness of living organisms (including genetic variation) and habitat diversity found in and on the edge of human settlements”.  Seja qual for a definição adotada esta deve incluir a variedade genética, a diversidade e riqueza de espécies, os habitats, os ecossistemas, tanto os nativos como os alterados, mas também os valores humanos, socioeconómicos, estéticos e éticos (Farinha-Marques, 2011).
  • 4. Áreas urbanas  Atualmente mais de metade da população mundial vive nas cidades e, segundo a Nações Unidas, e é expectável, que em 2050, este valor atinja os dois terços da população (Gómez-Baggethun, et al., 2013).  Na Europa estimasse que, em 2020, 80% da população viva em cidades (Comissão Europeia).  Esta transformação demográfica tem enormes consequências ambientais, económicas e sociais e ainda não estão bem estudas (Wu, 2014).
  • 5. Áreas urbanas  Concentrar a população em cidades dominadas pela construção de infraestruturas e pela tecnologia representa a conceção de uma sociedade urbana (Gómez-Baggethun, et al., 2013).  Esta alteração demográfica, que se tem intensificado nos últimos dois séculos, contribui para diminuição do contacto entre os seres humanos e a natureza – o ser humano tornasse assim numa espécie urbana o que lhe dá uma sensação de independência dos ecossistemas naturais (Bacelar-Nicolau, 2015).
  • 6. Áreas urbanas  Apesar desta sensação a procura por valores naturais e serviços ecossistémicos continua a aumentar no mundo urbanizado (Gómez- Baggethun, et al., 2013).  Tal como em qualquer outro sistema ecológico as cidades dependem dos ecossistemas e dos seus componentes para assegurar condições essenciais à manutenção da vida: saúde, segurança, relações sociais, entre outros aspetos de bem estar humano (Gómez-Baggethun, et al., 2013) e para o tratamento e reciclagem de elevados desperdícios produzidos e que os processos naturais não conseguem acompanhar (Bacelar-Nicolau, 2015).
  • 7. Áreas urbanas  Assim sendo, e apesar de atualmente as zonas urbanas ocuparem apenas 3% das áreas terrestres do planeta, a sua existência e sustentabilidade dependem da exploração de extensas áreas que se prologam para além das suas fronteira.  A difícil delimitação de áreas urbanas e das suas fronteiras espelha esta mesma interação entre o núcleo urbano e as áreas que o circundam.  Dada a enorme quantidade de fluxos ecológicos e extensão de interações distantes das fronteira urbanas definidas por razões políticas e biofísicas, os ecossistemas urbanos, sentido lato, compreendem as terras diretamente geridas ou afetadas pela energia e fluxo de materiais do núcleo urbano e as terras suburbanas (Gómez-Baggethun, et al., 2013).
  • 8. Áreas urbanas  A fixação de uma população num determinado local ocorre porque o local apresenta uma elevada produtividade. E por isso, as zonas urbanas estão em locais ricos em recursos naturais, que apresentam uma grande diversidade biológica e a confluência de diversos ecossistemas (Bacelar- Nicolau, 2015).  Esta localização permite e existência de diversas zonas dentro da própria área urbana. A zona cinzenta – áreas edificada; zona verde – áreas com vegetação; zona azul – áreas aquáticas e zona castanha – áreas abandonadas (Farinha-Marques, 2011).
  • 9. Efeitos da urbanização  A urbanização provoca alteração, degradação e fragmentação dos habitats naturais, o que promove a perda da biodiversidade nativa associada, e conduz ainda, à homogeneização da componente biótica associada à introdução de espécies exóticas (Bacelar-Nicolau, 2015).  A urbanização provoca ainda alterações nos ciclos da água e dos nutrientes, promove o aumento da temperatura, altera o processo de escoamento da água e aumenta a produção de dióxido de carbono (Farinha-Marques, 2011).
  • 10. Efeitos da urbanização  Apesar dos efeitos da urbanização não estarem bem estudados para todos os grupos taxonómicos e zonas climáticas, está comprovado que a urbanização provoca grandes alterações na diversidade e abundância de espécies de animais e plantas (Faeth, et al., 2011).  Os efeitos da da urbanização na biodiversidade variam com o grupo taxonómico, com as condições ambientais e socioeconómicas (Bacelar-Nicolau, 2015).
  • 11. Efeitos da urbanização  Apesar de por vezes o ser humano preservar a diversidade de plantas nativas dos ecossistemas urbanos, a maioria das atividades humanas, contribui para a destruição e reconstrução das comunidades de plantas, o que consequentemente contribui para o controlo da quantidade e qualidade dos habitats urbanos (Faeth, et al., 2011).  Assim sendo, as comunidades de plantas apresentam uma menor diversidade biológica e são constituídas por espécies resistentes e adaptadas a distúrbios antropogénicos e incluem um elevado número de espécies exóticas (Bacelar-Nicolau, 2015).
  • 12. Efeitos da urbanização  A comunidade de aves apresenta uma enorme redução de diversidade de espécies, embora se verifique um aumento da sua biomassa e densidade populacional (Bacelar-Nicolau, 2015) embora este aumento se deva, muitas vezes, ao aumento da densidade de aves não nativas (Faeth, et al., 2011).  O aumento da densidade populacional verifica-se, em particular, em espécies granívoras, omnívoras e nidificantes em cavidades (Bacelar-Nicolau, 2015).  Assiste-se ainda, a uma diminuição da densidade populacional em espécies insetívoras (Faeth, et al., 2011).
  • 13. Efeitos da urbanização  A comunidade de artrópodes tende a diminuir quer em diversidade de espécies quer em abundância. Limitam-se a um pequeno número de espécies dominantes frequentemente exóticas e invasoras e possuem a capacidade de voo (Bacelar-Nicolau, 2015).  Também as comunidades de fungos e de bactérias presentes nos solos tendem a diminuir com o aumento da urbanização (Bacelar-Nicolau, 2015).
  • 14. Consequências da urbanização  Segundo Bacelar-Nicolau (2015) A urbanização e os efeitos que esta produz na biodiversidade tem, como seria de esperar diversas consequências das quais se destacam:  Empobrecimento, erosão e desertificação dos solos;  Alterações climáticas que contribui para a diminuição da biodiversidade;  Modificações na estrutura e na dinâmica das redes tróficas;  Alteração da ecossistemas o que afeta a sustentabilidade dos serviços prestados por estes.
  • 15. Serviços ecossistémicos  Apesar dos efeitos causados pela urbanização na perda de biodiversidade, os ecossistemas urbanos providenciam uma série de serviços essenciais que contribuem para a manutenção da saúde física e psicológica das populações que aí residem.  A produção de alimentos é feita em quintas situadas no perímetro urbano e em jardins e constitui uma importante fonte de fornecimento de alimentos, principalmente em períodos de crise (Gómez-Baggethun, et al., 2013).
  • 16. Serviços ecossistémicos  Regulação do ciclo da água, no abastecimento e no armazenamento, e no controlo de inundações (Gómez- Baggethun, et al., 2013). Tal deve-se à interseção da água das chuvas pelas canoplas das árvores, da vegetação e do solo, possibilitando a sua infiltração e mitigação de escorrências (Bacelar-Nicolau, 2015).  Regulação da temperatura, gerada pela emissão de gases, através da sua absorção pelas zonas verdes e azuis (Gómez-Baggethun, et al., 2013), contribuindo assim para a regulação do clima e para a diminuição de eventos climáticos extremos (Bacelar-Nicolau, 2015).
  • 17. Serviços ecossistémicos  Redução da poluição sonora, que representa uma das principais fontes de poluição das cidades. O solo e as plantas atenuam esta poluição através da absorção, desvio, refleção e refração das ondas sonoras (Gómez-Baggethun, et al., 2013).  A purificação do ar é feita através da absorção de diversos poluentes, como p.e. o dióxido de carbono e o ozono, filtração de micropartículas e pela libertação de oxigénio (Bacelar-Nicolau, 2015; Gómez-Baggethun, et al., 2013).
  • 18. Serviços ecossistémicos  Os ecossistemas contribuem ainda para o tratamento dos desperdícios gerados já que retêm e decompõem nutrientes e restos orgânicos (Gómez-Baggethun, et al., 2013).  São ainda fundamentais para assegurar os valores culturais e de lazer. Oferecem locais para a prática de exercício físico, promovem a saúde mental e diversos jardins podem ser utilizados para a educação ambiental (Gómez-Baggethun, et al., 2013).
  • 19. Avaliação da biodiversidade urbana  A biodiversidade é fundamental no garante dos serviços ecossistémicos, e estes são imprescindíveis na manutenção da saúde física e psicológica da população humana.  Os serviços ecossistémicos incluem valores económicos, sociais e culturais e ainda de segurança (Gómez-Baggethun, et al., 2013).  A avaliação da biodiversidade urbana e dos serviços ecossistémicos é tão fundamental quanto complexa.  A avaliação é fundamental para que esta seja integrada nos planos de planeamento urbano e deve incluir a crescente consciencialização dos valores ecossistémicos, o seu valor económico e a definição de prioridades e de incentivos (Gómez-Baggethun, et al., 2013).
  • 20. Avaliação da biodiversidade urbana  A biodiversidade urbana é um conceito multidimensional e como tal, a sua avaliação reveste-se de uma grande complexidade a que se acresce a grande heterogeneidade das áreas urbanas (Gómez-Baggethun, et al., 2013), a extrema alteração destas, a dificuldade no acesso a propriedades privadas, as questões relacionadas com a privacidade e segurança, o inadequado apoio financeiro e político e finalmente, a necessidade de realizar trabalho de campo que é dispendioso, intensivo e carece de grandes capacidades técnicas (Farinha-Marques, 2011).
  • 21. Avaliação da biodiversidade urbana  Esta avaliação pode ser feita através diferentes métodos que incluem a diversidade de espécies, a abundância, índices de variação e ainda a genética populacional.  A adoção de uma abordagem que inclua diversos métodos proporciona um conhecimento mais aprofundado (Farinha-Marques, 2011).
  • 22. Conservação da biodiversidade urbana  Muitas são as instituições internacionais que têm colaborado para esta complexa tarefa de avaliar e conservar a biodiversidade urbana e os serviços ecossistémicos, das quais se destacam:  As Nações Unidas através dos seu programa ambiental – UNEP;  A Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) Plano de Ação sobre Governos Regionais, Cidades e Outras Autoridades Locais para a Biodiversidade (2011-2020) e da criação do Índice da Biodiversidade Urbana;  A União Europeia através do 7º Programa de Ação Ambiental.
  • 23. Conservação da biodiversidade urbana  A UNEP juntamente com diversas instituições, entre as quais a Convenção sobre a Diversidade Biológica criou uma “Parceria Mundial sobre Cidades e Biodiversidade”.  O objetivo desta parceria passa por envolver as cidades na luta para reverter a perda de biodiversidade. Para tal, compromete-se a colaborar com governos nacionais e locais, fornecer material de consciencialização, organizar workshops e desenvolver ferramentas para alcançar este objetivo.
  • 24. Conservação da biodiversidade urbana  Com a adoção da Decisão IX/28, durante a 9ª Convenção das Partes para a CDB (Bonn, Alemanha, 2008), reconheceu-se o papel das cidades e autoridades locais na responsabilidade da perda de biodiversidade global.  Esta decisão incentiva os governos nacionais a envolver mais as cidades, governos regionais e autoridades locais na implementação do objetivos da CDB.  Foi proposta, por Mah Bow Tan, ex-ministro do Desenvolvimento Nacional de Singapura, a criação do Índice de Biodiversidade para as Cidades (CBI - City Biodiversity Index ou Singapore Index).
  • 25. Conservação da biodiversidade urbana  O CBI é constituído por uma série de indicadores distribuídos por três grandes conceitos: biodiversidade das cidades, serviços ecossistémicos e governança e gestão da biodiversidade.  A primeira avaliação servirá para estabelecer quais as políticas de base, sendo que as seguintes serão fundamentais para monitorizar e, se necessário, reformular as políticas de conservação.  Constitui uma ferramenta essencial para governos e autoridades locais. Permite a tomada de decisões baseada numa perspetiva mais transversal essencial para um desenvolvimento sustentável.
  • 26. Conservação da Biodiversidade Urbana  Durante a 10ª COP, realizada na cidade japonesa de Nagoya em 2010, foi adotada a Decisão X/22 - Plano de Ação sobre Governos Regionais, Cidades e Outras Autoridades Locais para a Biodiversidade.  Este plano suporta a implementação do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 ao nível nacional e local. Fornece recomendações aos governos nacionais, no sentido de envolver as autoridades locais, na implementação das estratégias nacionais, em contexto local.  O Plano reforça a importância do CBI como ferramenta de monitorização das políticas de conservação cujos resultados deverão ser incluídos nos relatórios nacionais.
  • 27. Conservação da Biodiversidade Urbana  A preocupação da Comissão Europeia com as questões urbanas reflete-se na inclusão no 7º Programa de Ação Ambiental do Objetivo Prioritário nº 8, intitulado “Cidades Sustentáveis: Trabalhar em conjunto para soluções comuns” e que pretende aumentar a sustentabilidade das cidades da UE.  O Programa de Ação declara que, até 2020 a maioria das cidades da UE deve estar a implementar políticas conducentes a um projeto urbano sustentável e que a Comissão Europeia deve desenvolver um conjunto de critérios para avaliar o desempenho ambiental das cidades.
  • 28. Exemplos de biodiversidade urbana  O Parque de Serralves é composto por uma grande diversidade de espaços harmoniosamente interligados: jardins formais, matas e uma quinta tradicional. Projetado pelo arquiteto Jacques Gréber nos anos 30 do século XX, é uma referência singular no património da paisagem em Portugal. www.serralves.pt
  • 29. Exemplos de biodiversidade urbana  O valor associado a este local é inegável.  É dos locais mais visitado da região, tanto por locais como por turistas nacionais e internacionais, assegurando assim o seu valor económico e estético.  As atividades dinamizadas permitem conhecer e divulgar a biodiversidade presente no parque, garantindo assim o seu valor educacional e cultural.  Possui ainda um centro de recursos sobre biodiversidade em contexto urbano que pretende difundir conhecimento científico, nesta área, junto de públicos diversificados.
  • 30. Exemplos de biodiversidade urbana  As quintas urbanas vão crescendo à medida que a população mundial e urbana cresce.  Estas quintas existem em vários locais, dentro das cidades ou no seu perímetro. As quintas no topo dos edifícios são um exemplo da inovação que estas estruturas têm sofrido nos últimos anos. www.greensavers.sapo.pt
  • 31. Exemplos de biodiversidade urbana  Estas quintas permite a recuperação de locais, nomeadamente das zonas castanhas das cidades, assegurando o seu valor estético.  Muitas vezes constituem uma fonte de rendimento extra para as populações garantindo o seu valor económico e de segurança.  Fornecem ainda as populações de alimentos frescos, contribuindo para a saúde física destas, e desempenham, muitas vezes, um papel educacional, através do trabalho de voluntariado. Também permitem a atividade física o que contribui para a saúde física e mental das populações.
  • 32. Considerações finais  As áreas urbanas são importantes repositórios de biodiversidade atual e futura (Faeth, et al., 2011). A biodiversidade urbana está muitas vezes associada apenas aos parques urbanos mas, está presente em quintas urbanas, em jardins públicos e privados e até em pequenas varandas das habitações.  São inegáveis os impactos que os serviços ecossistémicos têm na qualidade de vida das pessoas que aí vivem. O valor estético é, muitas vezes, o mais apontado porque está associado à beleza dos parques e jardins urbanos.  São também inegáveis os efeitos que os processos de urbanização têm nos ecossistemas e nos serviços por eles prestados.
  • 33. Considerações finais  Mas é fundamental que as populações e, principalmente os decisores políticos, percebam todos os valores que a biodiversidade urbana possui e as consequências que advêm da sua perda.  Desta necessidade surge a urgência de proceder a uma avaliação da biodiversidade urbana. Apesar das dificuldades/limitações que tem associadas, esta avaliação é fundamental para que a biodiversidade urbana seja assegurada.  Esta avaliação deve ser o mais rigorosa/objetiva possível para ser percetível por todos, p.e. adotando o CBI.  Desta avaliação deve constar o valor económico, quer da biodiversidade quer da sua perda, mas também todos os outros valores que a biodiversidade urbana nos garante.
  • 34. Bibliografia City Biodiversity Index. Conventional of Biological Diversity. Consultado a 18/01/2018 em: https://www.cbd.int/subnational/partners-and-initiatives/city-biodiversity-index Cities and subnational governments. Conventional of Biological Diversity. Consultado a 18/01/2018 em: https://www.cbd.int/subnational Farinha-Marques, P. Lameiras, J.M., Fernandes, C., Silva, S., Guilherme, F. (2011) "Urban biodiversity: a review of current concepts and concepts and contributions to multidisciplinary approaches", Innovation-The European Journal of Social Science Research, 24 (3): 247-271. Faeth, S.H., Bang, C., Saari, S. (2011) "Urban biodiversity: patterns and mechanisms", Annals of the New York Academy of Sciences, 1223: 69-81. Fundação de Serralves. Parque de Serralves. Acedido em 21 de Janeiro de 2018 em: https://www.serralves.pt/pt/percursos/jardim-das-aromaticas/ Green Savers. Como o crescimento populacional impulsiona a inovação nas quintas urbanas. Acedido em 21 de Janeiro de 2018 em: https://greensavers.sapo.pt/como-o- crescimento-populacional-impulsiona-a-inovacao-nas-quintas-urbanas/ Gomez-Baggethun, E., Barton, D.N. (2013) "Classifying and valuing ecosystem services for urban planning", Ecological economics, 86: 235-245. EU Policy on the Urban Environment – Overview. European Comissission. Consultado a 18/01/2018 em: http://ec.europa.eu/environment/urban/index_en.htm United Nations Environment Programme. Consultado a 18/01/2018 em: http://staging.unep.org/urban_environment/issues/biodiversity.asp Wu, J. (2014) "Urban ecology and sustainability: The state-of-the-science and future directions", Landscape and Urban Planning, 125: 209-221.