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JB NEWSRede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal
www.radiosintonia33 – jbnews@floripa.com.br
Informativo Nr. 1.042
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Loja Templários da Nova Era nr. 91
Quintas-feiras às 20h00 - Templo: Obreiros da Paz - Canasvieiras
Editoria: IrJeronimo Borges – JP-2307-MT/SC
Florianópolis (SC) - quinta-feira, 11 de julho de 2013
Índice:
Bloco 1 - Almanaque
Bloco 2 - Opinião - "O Fogueteiro da madrugada" - Mario Gentil Costa
Bloco 3 - IIrR. Dachez e J. Villalta - "A disputa entre Antigos e Aceitos "
Bloco 4 - IrVanderlino H. Ramage - "Impunidade e Televisão. Causas primárias da violência "
Bloco 5 - Ir João Ivo Girardi - de sua obra do Meio Dia à Meia-Noite " O que é a Transdisciplinaridade"
Bloco 6 - Ir Pedro Juk - Perguntas e Respostas - " Salmo 133 ou São João? "
Bloco 7 - Destaques JB
Pesquisas e artigos:
Acervo JB News - Internet – Colaboradores – Blogs - http:pt.wikipedia.org
- Imagens: próprias e www.google.com.br
Hoje, 11 de julho de 2013, 192º dia do calendário gregoriano. Faltam 173 para acabar o ano.
Comemoração da batalha de Courtrai (1302), na Bélgica - Dia Mundial da População
Se não deseja receber mais este informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, por favor, comunique-nos
2
]
Chapecó nos espera!
http://www.diadomacom2013.com.br
 1302 - Batalha das Esporas Douradas, em que uma coligação das cidades Flamengas derrota o
poderoso exército do rei de França.
 1533 - Henrique VIII é excomungado pelo Papa Clemente VII
 1818 - Depois da morte da princesa Carlota de Gales, os duques Guilherme de Clarence e Eduardo
de Kent casam-se no mesmo dia, respectivamente, com as princesas Adelaide de Saxe-Meiningen e
Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld, numa tentativa de gerar herdeiros legítimos e evitar uma crise
de sucessão no Reino Unido.
 1822 - É fundada a Marinha do Brasil.
 1828 - Miguel I de Portugal, de tendência absolutista, é aclamado rei de Portugal
 1921 - Independência da Mongólia pela República da China
 1960 - Independência do Daomé (atual Benim), Alto Volta (atual Burkina Faso) e Níger.
 1973 - Pouso forçado do Voo 820 da Varig próximo a Paris devido a incêndio num toalete, com
123 mortes. Entre os mortos estava Filinto Müller, ex-chefe da polícia política de Getúlio Vargas, e
o cantor Agostinho dos Santos.
 1978 - Um caminhão/camião cisterna explode num parque de campismo em Los Alfaques,
município de Alcanar na Catalunha (Espanha), provocando 217 mortos e cerca de 300 feridos
graves.
 1979
o Stanley Barret quebra pela primeira vez a barreira do som, em terra, deslocando-se a 1190
km/h na Califórnia.
o Margaret Thatcher toma posse como primeira ministra de Inglaterra.
 1982 - A seleção de futebol da Itália conquistou pela terceira vez o título de Campeã do Mundo,
após vencer a seleção da Alemanha por 3 x 1.
 1995 - Bósnios de etnia sérvia capturam a cidade muçulmana de Srebrenica. Muitos habitantes são
massacrados.
 2006 - Atentados aos comboios da capital financeira da Índia, Bombaim, fizeram cerca de 195
mortos e inúmeros feridos, muitos deles com gravidade. A situação causou o caos e perdurou, pelos
dias seguintes, na memória dos habitantes de uma das maiores metrópoles mundiais.
1 - almanaque
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas.
Eventos Históricos
3
 2010 - A seleção de Futebol da Espanha vence pela primeira vez o campeonato mundial de futebol.
 2011 - Inaugurada a cidade do Kilamba, na Província de Luanda, em Angola.
 2012
o O Palmeiras se torna bicampeão da Copa do Brasil.
o Anunciada a existência do quinto satélite natural de Plutão, o S/2012 (134340) 1.
Dia Mundial da População
Bélgica
Feriado em Flandres - Batalha de Courtrai, 1302
Brasil
Aniversário da cidade de Andradina (feriado municipal)
Portugal
Feriado municipal de Santo Tirso e Arcos de Valdevez
2011: Feriado Municipal de Maia
Religiosos
Dia de São Bento de Núrsia
(Fontes: “O Livro dos Dias” 17ª edição e arquivo pessoal)
1923 Iniciado na Loja Liberdade, de Lisboa, com o nome simbólico de «Passos Manuel»
o Ir.'.Artur Octávio do Rego Chagas, militar com uma larga folha de serviços
[prestados em Portugal, chegando ao posto de coronel.
1935 Fundação da Loja União e Concórdia nr. 1128, de Urutaí-Go que trabalha no Rito
Escocês Antigo e Aceito (GOEG/GOB)
1994 Fundação da Loja Construtores do Templo nr. 140, de Anápolis-GO (GLMG)
1999 Fundação, na cidade de Londrina, do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas
Maçônicas que leva o nome honrado Irmão Fernando Salles Paschoal. Não se
pretende analisar a figura insigne deste jovem, saudosamente pranteado por todos nós
que comparecemos ao encontro e que nos deixou tão cedo, mas prestar sim contas
das nossas responsabilidades ao criar este novo centro de cultura maçônica.
2007 Fundação no dia 10 de julho, da Loja “Obreiros de Maravilha”nr. 96 de Maravilha
(GLSC)
www.cmsb2014.com.br
feriados e eventos cíclicos
fatos maçônicos do dia
4
]
Mario Gentil Costa- Florianópolis)
magenco@terra.com.br
http://magenco.blog.uol.com.br
São quatro e meia da madrugada e estou aqui a escrever. Perdi o sono após o
absurdo estampido de um rojão daqueles de estremecer vidraças, nas proximidades do
meu edifício. A princípio, pensei que fosse outra coisa. Sei lá..., alguma explosão
acidental, talvez um curto-circuito no transformador da esquina.
Levantei-me assustado e abri a janela do 11º andar. Tudo quieto, tudo calmo.
Varri o horizonte com os olhos até onde minha visão alcança, limitada pelos paredões
dos prédios ao redor. E eis que, de repente, vinda de algum ponto nas cercanias, surge
no céu escuro e límpido, vagando silenciosa e inocente ao sabor da brisa que soprava
de nordeste, uma nuvenzinha solitária em tons de azul-claro, concentrada e amorfa.
Irremediavelmente acordado, pus-me a analisar o que leva um indivíduo
supostamente normal ao desvario incontrolável de provocar, sem motivo algum, um
estrondo tão desproposital na calada da noite.
Será que esse “cidadão” existe? Será que ele “pensa”? Invertendo a conjetura de
Descartes, eu diria que “existe, logo pensa”. Pensa porque teve a idéia; - porque riscou o
fósforo e ateou fogo ao pavio; - porque premeditou; - porque, ao fazê-lo, antegozou
algum tipo de prazer mórbido.
Pensa, portanto, nem que seja de modo rudimentar, quase irracional. Digo
“quase”, já que um irracional absoluto seria incapaz de elaborar toda a seqüência de
projeções e de gestos exigidos por tamanho desatino.
Será um louco? Ora, o louco é um inconseqüente. Não..., decerto não é um louco.
Então, o que ele é? Um gozador?... Tampouco. Gozação tem hora e tem lugar. É um
moleque?... Não. O moleque não é, necessariamente, mal intencionado. Esse indivíduo
é, isso sim, um delinqüente, dono do mesmo sadismo intrínseco que faz o torturador,
que faz o estuprador...
2 - Opinião - " O Fogueteiro da Madrugada " - Mario Gentil Costa
5
Sabido que a surdez é um mal que atinge pouco mais de dois por cento da
população, por certo não fui eu o único a acordar sobressaltado. E a um estampido
daqueles..., não há sono profundo que resista.
Fiquei imaginando alguém que sofra de insônia e tenha pegado no sono um
minuto antes...; uma mãe que acabe de embalar o filhinho e feche os olhos para
descansar...; os enfermos de um hospital...; algum trabalhador com o sono atrasado e
que tenha de acordar meia hora adiante...; enfim, todos os que podem ter sido
sacudidos pela explosão.
E já que perdi o sono, resolvi protestar à minha moda. É pena que ele não leia o
que estou escrevendo. Talvez conseguisse refrear seu impulso animalesco da próxima
vez em que for acometido. Mas é improvável; uma pessoa dessa espécie, não lê... ou
não lê coisa que preste...
Aliás, estou convencido de que o fogueteiro não é uma pessoa; é uma praga que
está se alastrando de modo descontrolado. Há os que, simplesmente, soltam rojões na
madrugada; esses são os legítimos, os genuínos, os específicos, caso do nosso
personagem anônimo.
Há os fogueteiros ambulantes, verdadeiros notívagos motorizados, em correria
desabalada pelas ruas e avenidas, a encher o silêncio da noite com suas descargas
abertas. Há, ainda, os que fazem berrar suas buzinas estridentes nos inevitáveis
congestionamentos do trânsito nas horas de pique.
Não esquecer os fogueteiros dos estádios de futebol, que, com suas bombardas e
fumaças coloridas, põem em risco a vida alheia, tiram a visibilidade das transmissões de
televisão e criam para os atletas uma atmosfera irrespirável durante boa parte do jogo.
E mais uma infinidade de sucedâneos que nem merecem classificação porque já
são, por si mesmos, desclassificados.
Há poucos dias, espremido numa dessas filas de trânsito congestionado,
surpreendi-me a olhar pelo retrovisor na esperança de estereotipar o fogueteiro que se
achava logo atrás, a comprimir, com expressão furiosa e desfigurada, sua buzina
ensurdecedora. Mas logo desisti. O aludido “cavalheiro”, visto assim a distância, parecia
um tipo comum, inaparente, insuspeito como eu ou você.
E me convenci de que, conquanto seja uma desgraça pública, ele é uma
calamidade sem rosto, uma abstração. A única diferença entre ele e o cidadão de
verdade é o barulho que faz..., algo concreto..., que sacode meus tímpanos de forma
cruel e que me faz sofrer.
E como não há meios de coibir ou punir abstrações, ou eu aprendo a conviver
silenciosamente com esse castigo irrevogável ou, então, entro na dança e viro fogueteiro
também.
Buuuuuuuuhhhhhhhhmmmmmmm!!!...
Mario Gentil Costa
6
A disputa entre “Antigos” e “Modernos”
Irmãos R. Dachez e J. Villalta
Tradução José Filardo
À medida que as pesquisas avançam, a história dos primeiros dias da Maçonaria Inglesa
parecem mais complexas do que aquilo que é dito ou imaginado até agora. Este é o
caso do conflito fundamental que abalou a Maçonaria do outro lado do Canal durante
quase 60 anos: a disputa entre os “Antigos” e “Modernos” (1751/1753-1813).
Sobretudo estudado como um assunto interno na Inglaterra, ao que parece, hoje, se
você quer renovar e aprofundar a questão é preciso levar em conta o ambiente britânico,
especialmente Irlandês, incluindo a Maçonaria continental e principalmente a Maçonaria
francesa.
Assim é que desde 1928, Philipp Crossle, grande historiador da Maçonaria irlandesa,
chamou a atenção para as especificidades desta Maçonaria, em particular para a
existência de um sistema de 3 graus ou etapas, anterior ao sistema revelado por Samuel
Prichard em 1730, dotado de um conteúdo diferente do que compreendia o Real Arco.
Ao fazer isso, Crossle propunha implicitamente a questão do aparecimento e da
influência dos altos graus na história geral da Maçonaria.
Por outro lado, se, conforme mostrou Alain Bernheim, as Maçonarias britânica e
francesa eram para os graus azuis, substancialmente idênticas até cerca de 1750 (até o
aparecimento dos “Antigos”), é verdade que o afloramento dos altos graus na França a
partir dos anos de 1740 terá um impacto sobre a Maçonaria Inglesa a partir do fim do
século.
Isso quer dizer que a maneira usual de olhar para este conflito como uma disputa entre
um Inglês perfeitamente definido e imutável representado pela GL de 1717 e chamada
“Modernos ” e um sistema importado da Irlanda pelos “Antigos” , sem dúvida tem de ser
renovado.
Para tomar só um problema, por exemplo, o Real Arco que se considera ter sido
importado da Irlanda para a Inglaterra pelos “Antigos”, como explicar o fato de que a
lenda deste grau que em breve seria conhecido na Inglaterra é diferente da que foi
desenvolvida na versão irlandesa, mas muito próxima da lenda contida nos rituais
franceses do chamado “Royale Arch”?
Está claro que a história da Maçonaria Inglesa não se resume na história da Maçonaria
na Inglaterra no “sentido estrito”. É, na verdade, a história da Maçonaria sofreu todos os
tipos de influências, internas e Inglesas, é claro, mas também externas, irlandesas e
francesas. No segundo terço do século XVIII, foi criado portanto na Inglaterra um
sistema maçônico que é o produto de todas estas influências e, que evidentemente,
também influenciou, por sua vez, outras Maçonarias , particularmente na França.
Aparece assim uma história franco-britânica que tenta cercar todas essas influências e
reler uma série de problemas relacionados com as origens da Maçonaria: Instalação do
Mestre da Loja, o Real Arco, etc.
A disputa entre “Modernos” e “Antigos” é uma disputa fundamental da maçonaria
Inglesa. Classicamente, ela é enunciada assim: até 1750, a Maçonaria Inglês está unida
e uniforme. Em 1751, aparece uma nova organização maçônica que vai se chamar “GL
3 - a disputa entre "antigos" e "modernos"
IIr R. Dachez e J. Villalta
7
dos FM segundo as antigas instituições” ou mais simplesmente “GL of the Antients”. A
GL de 1717 será chamada, impensadamente “GL dos Modernos” (e hoje “Primeira
Grande Loja”). Esta GL dos Antigos foi principalmente fundada por maçons irlandeses
que viviam em Londres, mas que negavam os usos da GL de 1717, que em 1750, já
estava amplamente difundida por toda a Inglaterra.
Até o final do século XIX, a teoria segundo a qual a GL dos “Antigos” era uma divisão ou
cisma da GL dos Modernos era comumente aceita. De acordo com esta tese, certo
número de lojas teria deixado a GL em Londres e criado uma nova obediência com
forma de negar as inovações negativas que tinham sido trazidas ao Craft pela referida
GL. Essas inovações, entre as quais a famosa história da inversão das palavras
sagradas (J-B ou B-J), tinham aparecido na década de 1730, e logo elas teriam se
tornado muito numerosas (até ao ponto de se tornar inaceitável) que certas Lojas teriam
decidido na década de 1750, voltar aos antigos usos e deixar a GL de 1717. Esta tese
foi, evidentemente, defendida pelos mesmos “Antigos” e desde 1756 com a publicação
do livro das Constituições Aimã Rezom de Laurence Dermott. Henry Sadler (em Fatos
Maçônicos e Ficções) mostrou definitivamente em 1887 que a fundação de 1751 não era
o resultado de um cisma, mas que era “algo novo” e, portanto, tem uma origem diferente
da GL de 1717.
Na verdade, é uma Grande Comissão que aparece em 1751 e leva o título de GL a partir
de 1753, quando teve um irmão de nascimento nobre a presidi-la como Grão-Mestre. Os
primeiros membros eram irlandeses emigrados para a Inglaterra. Eles provavelmente
teriam tido dificuldade em se tornar maçons em Lojas Inglesas. Além disso, estas Lojas
praticavam uma Maçonaria demasiadamente diferente da sua, o que tornava quase
impossível uma integração na GL de 1717. Então, teriam fundado sua própria GL onde
pudessem praticar os usos que tinham trazido da Irlanda e teriam proclamado sua
antiguidade com relação à Maçonaria Inglesa.
A classificação de “Antigos” atribuída a uma GL, que tem 30 anos menos que aquela
mais vela pode parecer estranho, polêmico e injusto. Certamente, mas além dessa
disputa de palavras, não devemos esquecer as questões fundamentais:
1. Quais são as diferenças efetivas entre ambas GG LL?
2. Entre os diferentes usos, quais verdadeiramente eram os mais antigos, e, nesta
perspectiva, quando, onde, como, por que teria sido dado a passagem dos usos
antigos para os usos modernos?
Estas duas questões apenas têm, até hoje, respostas satisfatórias.
Parece que se pode renovar esta problemática estudando a Maçonaria na Irlanda.
O conhecimento da Maçonaria irlandesa necessariamente envolve o estudo de uma
obra seminal de John Herron Lepper e Philipp Crossle, História da GL dos maçons
Antigos e Aceitos da Irlanda, Dublin, 1925, reimpresso em 1987.
Nesta obra, os autores mostram que existem provas documentais da existência de uma
Maçonaria especulativa na Irlanda, antes que também se tivesse a certeza documental
na Inglaterra. Assim, nos arquivos do Trinity College de Dublin, um documento menciona
a existência de uma Loja da Maçonaria (essencialmente reunindo alunos) em 1688.
Outro manuscrito do Trinity College, que é datado de 1711, descreve um sistema em 3
etapas. Em 1725, a recitação de uma procissão público testemunha a existência de uma
GL na Irlanda. Em 1730, finalmente, são publicadas as Constituições chamadas de
Pennel, próximas do texto de Anderson, com a diferença importante de que o grau de
Mestre, que não é o caso no texto Inglês de 1723, que terá de esperar pela edição de
1738.
8
Assim, descobrimos que todas as manifestações conhecidas da primeira Maçonaria
irlandesa são notáveis ou por sua data ou pro seu conteúdo. À vista destes documentos,
resulta que a Maçonaria irlandesa é antiga e diferente da primeira Maçonaria Inglesa.
Sobre a origem sociológica desta maçonaria irlandesa, podemos emitir duas hipóteses.
Seria uma Maçonaria puramente irlandesa ou celta ou (A Irlanda que foi de fato ocupada
pela Inglaterra) uma Maçonaria de colonos ingleses instalados na Irlanda (os Anglo –
Irlandeses). Estes últimos compunham a aristocracia do país e estavam,
essencialmente, agrupados em torno de Dublin. Esta hipótese parece ser a mais crível e
a primeira Maçonaria irlandesa aparece cada vez mais como uma Maçonaria Anglo-
Irlandesa. No entanto, nem todos os colonos faziam parte da aristocracia. Constitui-se
assim uma imigração anglo-irlandesa pobre e muito próxima da população nativa da
Irlanda, de modo que a emigração irlandesa para a Inglaterra desta vez no século XVIII,
é essencialmente toda ela uma emigração de anglo-Irlandeses. Podemos então
imaginar, por que nenhum documento confirma isso efetivamente; por que esses
emigrantes anglo-irlandeses, de baixa classe, com a sua própria Maçonaria tiveram uma
recepção pouco entusiástica nas Lojas inglesas, ainda mais que elas tinham um grau – e
é na perspectiva que se pode rever a questão do Real Arco – superior ao grau de Mestre
e desconhecido pelos ingleses (o Real Arco atual foi profundamente modificado em
1835), que consideram, conforme descreveu Laurence Dermott nas Constituições dos
Antigos, “como a raiz, o coração, a medula óssea da Maçonaria” e que conseguiram por
outro lado, impor, definitivamente, sobre a prática maçônica Inglesa.
Em 1778, em uma edição das Constituições, Laurence Dermott elabora uma lista de
queixas que os “Antigos” lançam contra os “Modernos”. O abandono ou a ignorância da
instalação secreta dos VV MM, instalação essencial, já que no sistema dos “Antigos”
abre o caminho para o Arco Real, é crível. De fato, a instalação é desconhecida na
Inglaterra – pelo menos não há qualquer comprovação documental – antes de 1760 e a
divulgação dos “Três batidas distintas”. Mas, além desta acusação, as outras queixas
são carente de fundamentos documentais e até mesmo são contrárias a todos os
documentos conhecidos. Isto é:
1. O abandono das orações durante as cerimônias maçônicas.
2. O abandono da celebração das Festas de São João.
3. A inversão da ordem das palavras sagradas.
Em suma, se você toma o que é testemunhado, dois dados principais podem
efetivamente definir a originalidade dos “Antigos” em relação aos “Modernos”
1. Sua antiguidade.
2. A contribuição da instalação secreta e do Real Arco.
Phillip Crossle, em um famoso artigo, “O Rito Irlandês”, propõe uma interpretação sutil
da hierarquia dos graus na Irlanda por volta de 1730. Nas Constituições de Pennel,
existem 3 fases, Aprendiz, Companheiro, Mestre, mas elas não correspondem aos três
graus homônimos da Maçonaria inglesa conforme eles são definidos na divulgação de
Prichard (1730). Segundo a teoria de Crossle, podemos estabelecer o seguinte quadro:
Irlanda Inglaterra
Aprendiz Aprendiz e Companheiro
Companheiro Mestre
Mestre = Instalação e Real Arco
9
Estudando este artigo, tentaremos reler a disputada dos “Modernos” e dos “Antigos” e
faremos as perguntas sobre a origem e a antiguidade provável da Maçonaria dos
“Antigos” assim como as fontes dessa Maçonaria.
Pode-se parecer que os “Antigos ” eram muito mais pessoas simples praticantes de uma
“técnica ritual” mais rigorosa que a dos “Moderno”, a uniformização das duas Grandes
Lojas teria sido muito rápida e já estava bem avançada no início de século XIX, até
incluir o nível de Grande Mestre, o que explica o União de 1813. Naquela época, a
origem irlandesa dos “Antigos” tinha praticamente desaparecido.
As relações entre a Irlanda e a Escócia são antigas. A tribo primitiva da Irlanda, são os
“Scots”. Por outro lado, na época das 2 GG LL rivais inglesas, a GL da Escócia mantinha
relações amistosas com os “Antigos” e o Real Arco seria fácil e rapidamente implantado
na Escócia.
Vimos que o entendimento da disputa entre “Antigos” e “Modernos” (1751-3/1813)
precisa considerar a história da Maçonaria irlandesa. Dois autores importantes, Heron
Lepper e Crossle nos ajudar a fazer isso. Assim é como pudemos determinar que, de
todas as queixas criticadas aos Modernos pelos Antigos, duas realmente precisam ser
examinadas: a antiguidade efetiva dos usos destas duas GGLL, e a questão da
instalação secreta e do Real Arco, este último ponto que propõe implicitamente a
questão dos graus maçônicos. De fato, se em 1730 existem na Inglaterra e também na
Irlanda, sistemas maçônicos de 3 graus, parece que estes sistemas não tiveram a
mesma antiguidade e não se referem à mesma realidade. Como, então, foi estabelecido
o sistema dos graus na Irlanda? Isto é o que vamos estudar através de um notável artigo
de Phillip Crossle, “O Rito irlandês”.
Vamos primeiro lembrar que as “ilhas britânicas” são formadas por três países muito
diferentes e, muitas vezes conflitantes: Inglaterra, Escócia e Irlanda. O mesmo acontece
quando se tenta estabelecer uma distinção as Maçonarias desses países. A história da
maçonaria irlandesa é completamente diferente da história da Maçonaria Inglesa. Pillip
Crossle ilustra a profunda originalidade do sistema maçônico irlandês antes de 1750.
As origens da Maçonaria na Irlanda são muito obscuras. Poderia ter sido importada da
Inglaterra (no final do século XVII, nos anos 1680)?, A Irlanda era nessa época uma
colônia britânica. Esta Maçonaria irlandesa seria, portanto, aquela dos anglo-irlandeses,
que teriam formado uma espécie de aristocracia que dominaria a Irlanda? Além disso,
essa aristocracia também está separada do país, não só no econômico e social, mas
também no plano religioso: é anglicana, enquanto os nativos irlandeses são católicos.
No início do século XVIII, a “maçons obediencial” aparece na Inglaterra por volta de
1717-23, e em seguida, na Irlanda em 1725, mas, aparentemente, de modo
completamente diferente. Lembremos, com efeito, que esta Maçonaria irlandesa,
embora provavelmente de origem Inglesa, é atestada desde 1688 e, após cerca de 40
anos, evoluiu por própria conta, independentemente da Inglaterra. Na década de 1720,
é, portanto, muito provável que as Maçonarias inglesa e irlandesa eram muito diferentes,
embora de antiguidade igual, e até se poderia formular a hipótese de que os irlandeses
terem conservado usos que os próprios ingleses teriam alterado ou perdido, o que teria
constituído de fato um tipo de maçonaria Inglesa antiga (convertida em irlandesa). É aqui
onde se poderia a ancorar a alegação de antiguidade sempre proclamada pela GL de
1751-3.
Em 1730, a GL da Irlanda publicou seu livro das Constituições chamadas de Pennell. É
descrito ali pela primeira vez, oficialmente, um sistema em 3 graus: aprendiz,
companheiro e mestre. Recordemos que as Constituições de 1723, em Londres, havia
estabelecido uma maçonaria de 2 graus, o que é atestado em 1730, por uma divulgação
e pela primeira vez na Inglaterra, o grau de Mestre, divulgação que será condenada pela
10
GL de Londres, e só em 1738 o grau de Mestre será oficializado na 2 ª edição das
Constituições inglesas.
Phillip Crossle observa, assim, que o texto de Pennel descreve explicitamente 3 graus.
Além disso, diz-se que um diácono, um vigilante, um mestre eleito, um GM adjunto que
já tenha sido “companheiro” pode receber o grau de “Mestre” após sua instalação. Para
explicar essas esquisitices, e é toda a tese de Philipp Crossle, é preciso entender que as
palavras “aprendiz”, “companheiro” e “Mestre” não tinham, naquela época, o mesmo
sentido e não designavam a mesma coisa na Irlanda e na Inglaterra. Crossle nos explica
que não se pode colocar no mesmo plano o texto oficial das Constituições de Pennell e
a divulgação de Prichard reconhecida em sua época pela GL de Londres. Na Irlanda, em
1730, o grau de aprendiz corresponderia ao conteúdo dos graus de aprendiz e de
companheiro na Inglaterra; o grau de companheiro corresponderia a um conteúdo
próximo (mas possivelmente sem lenda) do que seria no futuro o grau de Mestre na
Inglaterra; e o grau de Mestre, sempre na Irlanda, descreve em essência o que será
conhecido mais tarde sob o nome de “Royal Arch”. Isso justificaria a principal queixa dos
Antigos (irlandeses) contra os Modernos (ingleses), ou seja, que estes últimos
ignoravam o Real Arco, e explicaria também que a introdução do Real Arco na Inglaterra
tenha aparecido como um quarto grau.
A tese de Crossle se encaixa perfeitamente, pois até onde conhecemos a origem dos
graus (no final do século XVII na Inglaterra, na Escócia, na Irlanda, o conteúdo dos
graus de aprendiz e companheiro – anos 1730 – estava reunido somente no grau de
aprendiz, enquanto o grau de parceiro continha o essencial do que será o grau de
Mestre), adicionando a este um novo elemento: o grau de Mestre na Irlanda, ou Real
Arco.
E quando a Laurence Dermott, uma figura de proa dos Antigos, personagem pouco
conhecido, que alguns pensam que teria sido um católico, já é maçom quando chega à
Inglaterra. É provavelmente que sua acolhida nas lojas inglesas fosse, enquanto
irlandês, difícil, ainda mais quando os usos e conteúdos dos graus eram muito diferentes
graus ou distribuído de outra forma em relação ao que havia conhecido e havia recebido
na Irlanda. E, especialmente, faltava ali o Real Arco. Este grau, portanto, será
introduzido na Inglaterra, mas no sistema existente anteriormente, e se fará como uma
espécie de quarto grau inglês.
Isto causará problemas – a disputa entre os Antigos e os Modernos demonstra isso –
porque o Real Arco não é para os Antigos, um alto grau, mas plenamente integrados aos
graus do Craft. Até é, de acordo com a famosa fórmula de Dermott, “a raiz, o coração e a
medula da Maçonaria.” A hipótese de Crossle vai nessa direção: o primeiro em Sistema
maçônico em 3 graus é irlandês e contém o Real Arco.
A querela entre os Antigos e os Modernos aparece, além dos problemas de pessoas
como o choque de duas culturas e de duas concepções diferentes de Maçonaria.
CÍRCULO DE ESTUDOS DO RITO FRANCÊS “ROËTTIERS DE MONTALEAU”
info@ritofrances.es secretaria@ritofrances.es
APARTADO 107 . 33300 VILLAVICIOSA
ASTURIAS-ESPAÑA
11
Meus queridos IIr.´.
Cavocando no fundo do meu baú, encontrei esta TESE, apresentada pela Loja
Adayr Figueiredo 81, na AGO da GLMERGS no ano de 1995, de autoria
deste Ir.´
Entre outros motivos, resolvi encaminhar aos manos (para aqueles que
tiverem a paciência de ler), verão que quase vinte anos depois nada aconteceu
em relação ao tema abordado, a VIOLÊNCIA em nosso país, pelo contrário, os
números apresentados naquela época, simplesmente se multiplicaram, e o
quadro, hoje, é muito mais aterrador.
Hoje, acontecem entorno de 60 mil mortes no trânsito e outro tanto de
assassinatos, perfazendo mais 100 mil morte violentas por ano. Mais de um
milhão de mortes violentas em 10 anos. É uma guerra sem fim. E um custo
social sem precedentes na história da civilização. Não adianta aumentar
impostos, verba para saúde etc, primeiramente temos que resolver a saúde
mental deste país, entretanto é preciso ressaltar de que a crise brasileira é
sobretudo uma crise de valores.
Todos se calam, cala o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, calam as
Instituições deste país!!!!!
Peço desculpas por importuna-los com temas como este
Um abraço do Vanderlino H Ramage
M.´. I.´.
Porto Alegre, abril de 1995.
IMPUNIDADE E TELEVISÃO, causas primárias da violência.
“O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim
pela omissão das pessoas boas” !
Albert Einstein
Estudos efetuados por diversos organismos brasileiros e internacionais, e comprovados
cotidianamente pelos milhares de cidadãos que diariamente sofrem alguma espécie de
violência, indicam o aumento crescente, nas últimas décadas, da agressão à pessoa
humana no Brasil.
Na década de 1980, aproximadamente 850 mil pessoas foram
vítimas de mortes violentas no Brasil. É ilustrativo, mas em 1930 as mortes violentas
representavam 2 % das mortes no Brasil, em 1980 passaram para 10,5 % e em 1989
saltaram para 15,3 %. Foi um aumento de 50 % em dez anos.
4 - " impunidade e televisão. Causas primárias da violência " - Ir Vanderlino H. Ramage
12
Em 1980 a violência ocupava o quarto lugar no “ranking” das
mortes no Brasil, e em 1990 passou para o segundo.
Os acidentes de trânsito são a primeira causa das mortes
violentas no Brasil, com mais de 50 mil vítimas por ano, entorno de 29,3 % das mortes
violentas.
Entretanto são os homicídios que vêm crescendo
assustadoramente, passando de 20% das mortes violentas em 1980 para 24,1% em
1989.
Não temos os dados, mas cremos que atualmente os
homicídios já tenham superado as mortes por acidentes de trânsito.
Um dado revelador, as grandes vítimas da violência no Brasil
são os jovens. Em 1991, 221 adolescentes foram assassinados no Rio Grande do Sul, e
o homicídio é hoje a principal causa de morte dos jovens gaúchos entre 15 e 19 anos.
Porto Alegre é a terceira cidade mais violenta do Brasil e a 8ª do mundo, com uma
média de 23,6 homicídios/ano por 100 mil habitantes (dados de 1990).
Até aqui apresentamos dados, apenas, da violência contra o
bem supremo, a vida. Mas não menos aterrador são os números de outros níveis da
violência. O Brasil bate todos os recordes em corrupção, acidentes de trânsito, assaltos,
arrombamentos, arrastões, invasão de domicílio, roubos e furtos generalizados, estupros
etc. Sim o estupro, este, segundo os psicólogos é a mais cruel das agressões contra a
mulher, pois guarda seqüelas pelo resto da vida. “É uma situação traumática que leva
normalmente a pessoa a uma grande desorganização emocional, tais como sentimento
de culpa, ansiedade, raiva, frustração”. É uma ferida que dificilmente cicatriza. E a pena
para o autor? Na prática é quase um prêmio!
Esta violência, sem precedentes nos povos civilizados, fez
com que a gente brasileira, na sua maioria honesta e trabalhadora, viva amedrontada,
descreia nas instituições, perca a convicção e a vontade e que conjuntamente com a
eterna crise brasileira, aliene seu sentimento de auto-estima, em suma adoeça.
Esta breve análise sobre os números e as conseqüências da
violência, nos leva agora a uma incursão sobre as causa deste polêmico tema.
Descartamos de pronto, como querem fazer crer algumas
Organizações e determinados segmentos da sociedade brasileira, que a principal causa
da violência no Brasil, e quiçá a única, seria a questão social ou econômica. Por isso há
uma tendência em ver o delinqüente como um ser abandonado e injustiçado pela
sociedade. Sem dúvida a questão social é uma das causas da violência, porque a
miséria, em si, já é uma violência contra o ser humano. Mas, a realidade é que 99% dos
pobres são honestos e igualmente vítimas dos marginais. Diz o antropólogo Gilberto
Velho, “A pobreza, a miséria e o desejo de consumo não são os únicos nem os
principais fatores que motivam a violência. Eles não explicam, por exemplo, agressões
cometidas por pessoas de nível social elevado ou os crimes hediondos”. Há crimes mais
característicos das classes pobres e por serem mais visíveis, criam a falsa conexão
entre violência e pobreza.
Atualmente há dados que comprovam a mudança do perfil do
infrator. Aumentou o número de delitos cometidos pelo delinqüente oriundo da classe
média, notadamente pela geração “pode tudo”, a faixa etária entre 14 e 18 anos
incompletos, a idade da impunidade. Os jovens das chamadas famílias bem-sucedidas,
praticam os mesmos delitos dos jovens de níveis sociais baixos ou da periferia: furtos,
roubos, assassinatos, estupros e tráfico de drogas. Meninos ricos e pobres estão no
mesmo patamar. Um dado curioso, em São Paulo aumenta o número de meninas
infratoras.
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Para corroborar o nosso argumento contra a tese, de que a
pobreza de parcela considerável da população brasileira é a causa da criminalidade que
aterroriza o nosso povo e inviabiliza o convívio civilizado, citamos o homicida ou o
delinqüente do trânsito, que a priori, em sua maioria, é da classe média ou alta.
Enfatizo ainda de que as regiões mais violentas do Brasil não
são necessariamente as mais pobres. As regiões centro-sul e sudeste, as mais
desenvolvidas, é onde se concentram os bolsões de maior índice de criminalidade,
entretanto o pobre Nordeste, a fora a violência da própria pobreza em si, conhece a
criminalidade, a priori, praticada a partir das oligarquias locais.
Portanto, não sendo a pobreza a causa determinante da
criminalidade no Brasil, faremos uma incursão pelos meandros daquilo que
consideramos a gênese da violência em nosso país.
1 - Durante o chamado regime militar deu-se muita ênfase no
combate ao “crime ideológico”, ou político, descurando-se de certa forma do delinqüente
comum. O despreparo das polícias para combater este tipo de criminoso veio se fazer
sentir após a “abertura” e a partir do recrudescimento da criminalidade com a política do
“coitadismo”, após a “Constituição Cidadã” de 1988.
2 - Por outro lado, por mais que não aceitemos discutir, por
medo, por comodismo ou por omissão, é preciso repensar os meios de comunicação
neste pais, principalmente os televisivos. Diz a Constituição Brasileira que as emissoras
de TV devem dar preferência aos programas educativos, artísticos, culturais e
informativos. Primar pelo respeito aos valores éticos da pessoa e da família. Entretanto,
na realidade determinadas emissoras de televisão impingem a milhões de brasileiros,
espetáculos grotescos, cenas de violência, mensagens destituídas de qualquer cunho
cultural, formando opiniões, desinformando e idiotizando toda uma nação.
O psicólogo alemão JO GROEBEL, que estuda a violência,
diz: “Não é por acaso que os EUA têm a sociedade mais violenta do mundo, pois tem a
maior dieta de violência televisiva”. E conclui: “Quanto mais desestabilizada é a estrutura
da sociedade, mais forte é o impacto da violência mostrada na televisão. A origem da
agressividade está na família e na sociedade, mas a brutalidade na tela serve para
direcioná-la”. E os efeitos sobre as crianças são mais fortes porque elas estão em
processo de formação. Daí o aumento assustador do número de menores infratores.
Aliás os menores, hoje, são as cama- das mais atingidas pela escalada da violência,
tanto como vítimas ou como autores. Em nome de uma pretensa liberdade de
imprensa, a violência está presente nos lares brasileiros através da mídia televisada.
Devo enfatizar de que a liberdade é um objetivo permanente do ser humano, mas ela só
existirá com a contrapartida da responsabilidade.
Infelizmente a TV brasileira salienta muito pouco os valores
positivos do povo brasileiro, faz sobressair mais os aspectos lúdicos, sensuais, a
esperteza, a malandragem, muito pouco ou nunca enaltece o trabalho como fator de
sucesso e meta prioritária do ser humano.
Assim firmamos a convicção de que a TV tem sua cota no
aumento da violência em nosso país. É preciso repensá-la.
3 - A própria “Constituição Cidadã” de 1988, funciona como
um dos incentivadores da delinqüência, pois só estabelece direitos para as pessoas,
ninguém tem obrigações. Inclusive os bandidos são considerados cidadãos. Aliás, o
Brasil é o único país do mundo onde bandido dá entrevistas e reivindica direitos. No
Brasil é proibido proibir!
4- Pedimos vênia a MANSUR CHALLITA, “alguns elementos
influenciam o homem rico ou pobre, conduzindo-o ao caminho da delinqüência, o
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primeiro elemento é sua própria índole. Certas pessoas nascem com uma tendência
norteada para o ilícito, independentemente da educação formal, idade, raça ou religião.
Outro elemento é a lei. Se frouxa incentiva a índole perversa, se severa inibe-a, e inibe-a
na medida de sua severidade”.
Daí a nossa convicção de que as duas principais causas da
violência no Brasil são a IMPUNIDADE e a VIOLÊNCIA TELEVISIVA.
Beneficiados por uma legislação benevolente, por uma polícia
despreparada e por um judiciário lento, a contravenção campeia solta. A certeza da
impunidade estimula o indivíduo a delinqüir. Só a severidade da lei e a dureza das penas
estancará o atual ciclo de violência que dilacera o tecido social brasileiro.
Os cidadãos honestos podem e os maçons devem propor
mudanças na Constituição Federal e na legislação penal. A Lei de Execuções Penais
vigente estabelece uma verdadeira “colônia de férias” para os apenados. É preciso
mudá-la. É preciso deixar de lado a hipocrisia e adaptarmos a CRFB, particularmente a
legislação penal , `a realidade brasileira.
Objetivamente propomos:
- Retirar a alínea “b”, inciso XLVII, art. 5º, da CRFB, e
acrescentar um novo inciso no mesmo art. 5º, com a seguinte redação: para os crimes
hediondos, definidos em lei, a pena será de caráter perpétuo.
- Mudar o art. 228 da CRFB baixando a responsabilidade
penal para 15 ou 16 anos, ou a partir da compreensão do ato criminoso pelo infrator.
- Mudar a legislação penal para permitir a aplicação de penas
mais severas ao delinqüente do trânsito.
- Redefinir os conceitos de: réu primário, liberdade
condicional, indultos e crimes hediondos, não introduzindo atenuantes às penas
aplicáveis ao latrocínio, seqüestro, estupro e tráfico de drogas, seguidos de morte.
- Cumprir o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente,
particularmente os artigos 74 a 81 e artigo 149 quanto à freqüência a lugares públicos,
uso de bebidas alcoólicas etc.
- Aprimorar o Sistema Carcerário, quanto aos aspectos de
segurança, para que o apenado cumpra efetivamente sua pena. O cárcere deverá ter a
finalidade de penalizar o infrator bem como tira-lo de circulação pelo grau de
periculosidade que representa para a sociedade.
- Quanto à TELEVISÃO propomos que se cumpra a
Constituição Federal. O art. 220, parágrafo terceiro diz, compete à Lei Federal:
I – Regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao
Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que se recomendem,
locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – Estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à
família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos,
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
- art. 221
A produção e a programação das emissoras de rádio e
televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas;
II – Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à
produção independente que objetive sua divulgação;
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III – Regionalização da produção cultural, artística e
jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da
família.
Entretanto, sendo a televisão um meio de comunicação de
massa, formador de opinião, e que influi no comportamento da sociedade, não deve
permanecer sob o domínio de pessoas ou grupos, portanto sugerimos acrescentar na
legislação: O poder concedente, a União, fará a concessão de canais de TV de tal
maneira a evitar a concentração, que propicie a formação de monopólios ou oligpólios,
excetuando-se o poder público. A TV quando particular deverá ser local ou no máximo
regionalizada.
Sugerimos encaminhar as propostas aqui elencadas para os
seguintes Órgãos e Instituições:
- Ministério da Justiça;
- Ministério das Comunicações;
- Comissão de Constituição e Justiça da Câmara
de Deputados
- CONAR - Conselho Nacional de autoregulamentação da
propaganda;
- Juizado da Infância e do Adolescente;
- Divulgar para todos os segmentos da sociedade no sentido
de conscientizar o maior número de pessoas, enfatizando a
urgência em implementar as medidas aqui propostas.
É preciso ressaltar que a maioria da população ordeira desta
nação, não pode, e nem é justo viver em permanente sobressalto a mercê daquelas
minorias que se recusam a aceitar o jogo da vida como pessoas produtivas, ordeiras e
civilizadas.
Infelizmente diante da omissão de muitos e do descaso das
autoridades e dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, o célebre poema do russo
MAIAKOWKI, continua sempre atual:
“Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor do
nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam nas
flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais covarde deles
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, estupra nossa filha e, conhecendo o
nosso medo arranca-nos a voz da garganta. E, porque nunca dissemos nada, já não
podemos dizer nada”!
Vanderlino Horizonte Ramage
Administrador/oficial Ref da Aeronáutica
FONTES: -
4º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Olinda-PE – Jun/1994. Apresentado pela
Antropóloga Maria Cecília Minayo e pela Epidemiologista Edimilde Ramos, ambas da
Fundação Osvaldo Cruz-RJ.
- Population Crisis Commitee – Whashington-EUA.
- SSMA – Secretaria da Saúde e Meio Ambiente – RS.
- Dados coletados na Imprensa, particularmente nos jornais de maior circulação no país.
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O Que é a Transdisciplinaridade:
Ir João Ivo Girardi
Blumenau - SC
Parte I: O termo é novo, mas a atitude transdisciplinar acompanha o homem desde a sua origem.
Por ser o homem produto da natureza biofísica e cósmica, essa mesma natureza que sempre se
comportou de forma transdisciplinar, o homem traz na sua estrutura esse modo de se inserir e
evoluir no ambiente peculiarmente constituído por essa conjuntura cósmica e planetária. O atual
modo de raciocinar, sentir, organizar é direcionado pelo meio no qual nos desenvolvemos e nos
transformamos em seres humanos. A sociedade nos configura com a predominância atual do
cartesianismo. O cartesianismo (Descartes passou a organizar todo o sistema social e educacional
e conformou o Modo de Pensar homens nos últimos 400 anos. As estruturas e normas
universitárias por longos anos têm se apoiado nos princípios cartesianos (fragmentação,
descontextualização, simplificação, redução, objetivismo e dualismo). Esse modo cartesiano de ser
direciona o olhar das pessoas, exclusivamente para o que é objetivo e racional, desconsiderando a
dimensão da vida e da cotidianeidade: a emoção, o sentimento, a intuição, a sensibilidade e a
corporeidade. A identidade do homem é construída a partir das profissões estabelecidas na
modernidade. A identidade dos jovens é formatada nas parcelas do conhecimento com uma
cultura, linguagem e leituras pertinentes a tais parcelas e não estimula abertura e diálogos entre as
diversas profissões. Nas universidades se organizam, anualmente, as semanas do biólogo, do
agrônomo, etc., mas não existe a semana do diálogo entre os diversos profissionais, a semana do
homem. Incentiva-se a identidade parcelada, segundo o molde cartesiano. Assim, se diz eu sou
biólogo, ou físico, agrônomo, veterinário, zootecnista, sociólogo, filósofo, economista, etc. Ser
professor é uma identidade menosprezada, mas ser biólogo é uma identidade valorizada. A
disciplinaridade se sobrepõe a transdisciplinaridade, a visão articulada do conhecimento. Na vida,
somos todos transdisciplinares, mas quando colocamos os pés nas salas de aula, somos
disciplinares. Apesar de o currículo dos cursos contemplarem um leque de disciplinas de outras
áreas (multidisciplinaridade), muitas vezes como disciplinas optativas, a estrutura disciplinar
impede que os respectivos docentes se articulem e articulem seus conhecimentos. Alguns até
dizem esta disciplina é minha e não admito interferências de outros
especialistas. E os alunos, reféns dessa estrutura/atitude, saem com
as cabeças bem cheias de uma variedade de informações,
justapostas, sem saber articulá-las com vistas a terem cabeças bem
feitas. Os problemas da vida resolvem-se com um pensar
transdisciplinar, mas os problemas do conhecimento tendem a seguir
um raciocínio cartesiano de objetividade, linearidade e
descontextualização. Pedro Álvares Cabral não teria chegado ao Brasil
se não tivesse a capacidade de estabelecer relações entre os
diferentes saberes da época, aplicando um pensar transdisciplinar e se
5 - "O que é a transdiscip0linaridade" -
da obra do Ir João Ivo Girardi "Vade-Mecum do Meio à Meia-Noite"
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não tivesse a coragem de desafiar as incertezas e as crendices de fim do mundo. A natureza não é
linear. A linearidade é uma lente construída pela lógica clássica, faz parte, mas a natureza tem uma
lógica complexa. O predomínio da disciplinaridade aprofundou os conhecimentos específicos e deu
condições ao desenvolvimento das ciências e ao progresso tecnológico que hoje desfrutamos. Mas
se pensarmos no rumo da humanidade, conduzido pelas ciências disciplinares, perceberemos o
seu aspecto desumano e a miopia do Modo de Pensar disciplinar. A história humana está repleta
dessa miopia. Destacando os fenômenos mais marcantes, temos a bomba atômica e Auschwitz;
mais recente, o 11 de setembro. As diferentes raças e culturas não têm o mesmo direito de habitar
o planeta terra? Não é da responsabilidade de cada geração da espécie humana de preservar o
planeta para as gerações futuras? Edgar Morin (2000) diz que um especialista que somente é
especialista é um perigo para o mundo e para a humanidade. A ciência especializada não explica a
vida. Esta só adquire sentido ao ser contextualizada através de todos os saberes acumulados,
reconhecendo o direito de cada ser humano, qualquer que seja sua verdade, religião, sexo, cultura
e raça de existir e habitar este planeta, convivendo e contribuindo, respeitando e sendo respeitado
pelas diferenças individuais e grupais. Esta mudança de atitude, no nível local das comunidades
universitárias, começa com o sentimento de Tolerância e Abertura ao lidar com as diferenças
humanas. São palavras de Paulo Freire: amar o igual é amar a si próprio, o desafio está em amar o
diferente. A transdisciplinaridade é a busca do sentido da vida através de relações entre os
diversos saberes (ciências exatas, humanas e artes) numa democracia cognitiva. Nenhum saber é
mais importante que outro. Todos são igualmente importantes. Niels Bohr (prêmio Nobel de Física
em 1975) já dizia: O problema da unidade do conhecimento é intimamente ligado à nossa busca de
uma compreensão universal, destinada a elevar a cultura humana. Parte II: A transdisciplinaridade
é uma nova abordagem científica e cultural, uma nova forma de ver e entender a natureza, a vida e
a humanidade. Ela busca a unidade do conhecimento para encontrar um sentido para a existência
do Universo, da vida e da espécie humana. Se a Ciência Moderna significou uma mudança radical
no Modo de Pensar dos homens medievais, a transdisciplinaridade, hoje, sugere a superação da
mentalidade fragmentária, incentivando conexões e criando uma visão contextualizada do
conhecimento, da vida e do mundo. A disciplinaridade retirou o sentido da vida preenchendo-o com
valores de adaptação ao sistema em voga. A educação moderna não se ocupa de
desenvolvimento integral dos jovens. Simplesmente prioriza a dimensão racional tratando de dotá-
los do necessário para integrar-se e dar continuidade ao sistema. Ao dicotomizar o sujeito do
objeto, o ser do saber, considera os fenômenos da subjetividade como a emoção, o sentimento, a
intuição, a sensibilidade como sendo um aspecto de segunda categoria, fonte de erros no dizer de
Descartes. Mas a própria globalização vem indicando uma nova forma de educar os jovens,
sugerindo o resgate dessa dimensão omitida ao longo da modernidade. A transdisciplinaridade
reivindica a centralidade da vida nas discussões planetárias, propondo mudança no sistema de
referência e se apóia em três exigências: 1) considerar vários níveis de realidade; 2) trabalhar com
a lógica do Terceiro Termo Incluído; e 3) abranger a visão da complexidade dos fenômenos. Vários
níveis de realidade. O paradigma da modernidade vem se revelando insuficiente devido à
compartimentação do conhecimento. No estudo do ser humano, o homem é estudado no
departamento de biologia, como um ser anatômico, fisiológico e também é estudado nos diversos
departamentos das ciências humanas e sociais. Estuda-se o cérebro como órgão biológico e
estuda-se o espírito, como função ou realidade psicológica. Cada qual com um quadro conceitual
específico e diferenciado. A simples soma desses estudos especializados não nos diz o que é
homem. O homem não é simplesmente a soma das partes estudadas pelas disciplinas singulares.
Na relação das partes com o todo, a articulação é que faz a diferença e isso inexiste como foco
central na estrutura disciplinar. A transdisciplinaridade é a tentativa de construção de uma
conceituação multidimensional, considerando vários níveis de realidade. A vida existe na relação
com o meio ambiente, com o todo. Lógica do Terceiro Termo Incluído. Os problemas complexos
não se resolvem com a lógica clássica do falso e do verdadeiro, do é ou não é. Exigem uma
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terceira lógica, a da complementaridade dos opostos. Por exemplo, no nível do quantum, onda e
corpúsculos formam uma unidade. A unidade se dá pela tensão entre ambos e o que parecia
contraditório num determinado nível, noutro não é. E os opostos não são eliminados, eles
continuam existindo. Esta lógica não abole a lógica aristotélica do sim e do não. Apenas não mais
se considera a existência de somente dois termos e, sim, três; um terceiro que é o Terceiro Termo
Incluído. A lógica do Terceiro Termo Incluído permite cruzamento de diferentes olhares,
construindo-se um sistema coerente e sempre aberto, o que nos permite compreender,
principalmente, os fenômenos sociais e políticos. A lógica aristotélica justifica a exclusão do
diferente, dando lugar ao fundamentalismo, ao racismo e ao cientificismo, bem como separa o bem
do mal. Por isso se diz que a transdisciplinaridade está entre, através e além das disciplinas
(Basarab Nicolescu, 1999). A transdisciplinaridade transgride as fronteiras epistemológicas de cada
ciência disciplinar e constrói um novo conhecimento através das ciências, um conhecimento
integrado em função da humanidade, resgatando as relações de interdependência, pois a vida se
constitui nas relações mantidas pelo indivíduo com o meio ambiente. Complexidade dos
fenômenos. Reconhecer a complexidade intrínseca aos fenômenos. A vida se manifesta na
complexidade das relações que são estudadas separadamente pelas ciências, ciências exatas,
biológicas e humanas. A interdependência é um princípio que sustenta a vida nesse planeta. Negar
a interdependência entre Ciência e Cultura significa negar o sujeito, desvanecendo o sentido da
vida. A transdisciplinaridade é a dissolução dos discursos homogeneizantes na ciência e na cultura.
O diálogo entre os estudiosos constitui uma prática necessária ante a deterioração do mundo sob o
domínio da fragmentação e objetividade do conhecimento que omite e desencanta a vida. O
compartilhamento universal do conhecimento não poderá ocorrer sem a autotransformação
apoiada no sentimento de tolerância e abertura. No diálogo, a tolerância é o reconhecimento do
direito às idéias e verdades contrárias às nossas (art.14 da Carta da Transdisciplinaridade,
Convento de Arrábia, Portugal, 2 a 6 de novembro de 1994). Tolerância e abertura são duas
atitudes imprescindíveis no diálogo entre os diferentes saberes, as diferentes culturas, as
diferentes teorias e os diferentes modos individuais de ser. (Akiko Santos).
2. Carta de Transdisciplinaridade:
(Adotada no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, Convento de Arrábida,
Portugal, 2/6 novembro 1994. Preâmbulo: Considerando que a proliferação atual das disciplinas
acadêmicas conduz a um crescimento exponencial do saber que torna impossível qualquer olhar
global do ser humano; Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da dimensão
planetária dos conflitos atuais poderá fazer frente à complexidade de nosso mundo e ao desafio
contemporâneo de autodestruição material e espiritual de nossa espécie; Considerando que a vida
está fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante que obedece apenas à lógica
assustadora da eficácia pela eficácia; Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber
cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um
novo obscurantismo, cujas conseqüências sobre o plano individual e social são incalculáveis;
Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na história, aumenta a desigualdade
entre seus detentores e os que são desprovidos dele, engendrando assim desigualdades
crescentes no seio dos povos e entre as nações do planeta; Considerando simultaneamente que
todos os desafios enunciados possuem sua contrapartida de esperança e que o crescimento
extraordinário do saber pode conduzir a uma mutação comparável à evolução dos humanóides à
espécie humana; Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial de
Transdisciplinaridade (Convento de Arrábida, Portugal 2/6 de novembro de 1994) adotaram o
presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios fundamentais da comunidade de
espíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo signatário deste Protocolo faz
consigo mesmo, sem qualquer pressão jurídica e institucional. Artigo 1º) Qualquer tentativa de
reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas
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quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar. 2º) O reconhecimento da existência de
diferentes níveis de realidade, regidos por lógicas diferentes é inerente à atitude transdisciplinar.
Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa
no campo da transdisciplinaridade. 3º) A transdisciplinaridade é complementar à aproximação
disciplinar: faz emergir da confrontação das disciplinas dados novos que as articulam entre si;
oferece-nos uma nova visão da natureza e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o
domínio sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas aquilo que as atravessa e
as ultrapassa. 4º) O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e
operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta
por um novo olhar, sobre a relatividade definição e das noções de definição e objetividade. O
formalismo excessivo, a rigidez das definições e o absolutismo da objetividade comportando a
exclusão do sujeito levam ao empobrecimento. 5º) A visão transdisciplinar está resolutamente
aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua
reconciliação não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a
poesia e a experiência espiritual. 6º) Com a relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade,
a transdisciplinaridade é multidimensional. Levando em conta as concepções do tempo e da
história, a transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte trans-histórico. 7º) A
transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia, uma nova
metafísica ou uma ciência das ciências. 8º) A dignidade do ser humano é também de ordem
cósmica e planetária. O surgimento do ser humano sobre a Terra é uma das etapas da história do
Universo. O reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade.
Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é ao mesmo
tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de um pertencer duplo - a
uma nação e à Terra - constitui uma das metas da pesquisa transdisciplinar. 9º) A
transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões e àqueles
que os respeitam em um espírito transdisciplinar. 10º) Não existe um lugar cultural privilegiado de
onde se possam julgar as outras culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural. 11º)
Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no conhecimento. Deve ensinar a
contextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da
imaginação, da sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos. 12º) A elaboração de
uma economia transdisciplinar é fundada sobre o postulado de que a economia deve estar a
serviço do ser humano e não o inverso. 13º) A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa
o diálogo e a discussão, seja qual for sua origem - de ordem ideológica, científica, religiosa,
econômica, política ou filosófica. O saber compartilhado deverá conduzir a uma compreensão
compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida
comum sobre uma única e mesma Terra. 14º) Rigor, abertura e tolerância são características
fundamentais da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em conta
todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura comporta a aceitação do
desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às
idéias e verdades contrárias às nossas. Artigo final: A presente Carta Transdisciplinar foi adotada
pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que visam apenas à
autoridade de seu trabalho e de sua atividade. Segundo os processos a serem definidos de acordo
com os espíritos transdisciplinares de todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à
assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressistas de ordem nacional,
internacional para aplicação de seus artigos na vida. Convento de Arrábida, 6 de novembro de
1994. Comitê de Redação: Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu.
3. Uma Visão Transdisciplinar da Maçonaria:
O artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil nos leva a uma série de investigações
pessoais, podendo afirmar, na mais moderna doutrina européia vigente, que o texto é
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transdisciplinar. Antes de analisarmos o conceito de transdisciplinaridade e aplicarmos à
Maçonaria, transcreveremos o art. 1º, para que possamos entender o alcance do tema em questão.
A Maçonaria é uma Instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e
evolucionista. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento
moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática
desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. Seus fins supremos são:
Liberdade - Igualdade - Fraternidade. Diante da assertiva de ser a Maçonaria iniciática, filosófica,
filantrópica, progressista e evolucionista e, ainda, por proclamar a prevalência do espírito sobre a
matéria, temos um elenco, não excludente, de natureza filosófica. A transdisciplinaridade é um
movimento nascido no Século XX, inicialmente por alguns pesquisadores, como Piaget, mas
relegado ao esquecimento. Às portas do Século XXI se dá um novo grito de alerta ao tratamento
global, ou se preferirem, holística do mundo. O historiador português Jorge de Matos, em sua obra
O Pensamento Maçônico de Fernando Pessoa, ao traçar o perfil psicológico maçônico de um
profano tendente a ingressar na Ordem, excertando Antônio Telmo, traduz: É essencial, em
primeiro lugar, que o profano seja, de índole e mentalidade, um simbolista, isto é, um indivíduo
para quem os símbolos são coisas, vidas, almas, e para quem paralela e conversamente, as coisas
e os homens tenham, em certo modo, a vida irreal e analógica dos símbolos. Esta espécie de
índole e mentalidade é rara, raríssima. Por símbolo, podemos extrair, com tranquilidade, a
definição de SÍMBOLO: s.m. Tudo aquilo que comunica um fato ou uma idéia, ou que representa
um objeto. - Alguns símbolos, como bandeiras e sinais de trânsito, são visuais. Outros, entre os
quais a música e as palavras faladas, envolvem sons. Os símbolos figuram entre as invenções
humanas mais antigas e fundamentais. Quase tudo pode ser um símbolo. As letras do alfabeto, por
exemplo, são símbolos dos mais importantes, pois constituem a base de quase todas as
comunicações escritas. Os gestos e os sons produzidos pelos seres humanos também simbolizam
idéias ou sentimentos. Um símbolo pode ser utilizado isoladamente, ou em combinação com outros
símbolos. Emprego dos Símbolos. Os indivíduos, as nações e as organizações valem-se de
símbolos todos os dias. Os símbolos desempenham também um grande papel na vida religiosa.
Povos de todas as partes do mundo convencionaram aceitar determinados símbolos como
elementos de síntese para o registro e a recordação de informações. Cada ramo da ciência, por
exemplo, tem o seu próprio sistema de símbolos. Um desses ramos, a astronomia, usa uma
coleção de velhos símbolos para identificar o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas. Em matemática,
as letras gregas e mais outros símbolos formam uma linguagem resumida. Vários símbolos são
utilizados em campos como o comércio, a engenharia, a medicina e os transportes. Desde a
década de 1930 muitas nações resolveram trabalhar juntas para criar um sistema de sinais de
tráfego que pudessem ser reconhecidos universalmente. Todos os países têm símbolos nacionais
oficiais e não oficiais. Uma bandeira, um hino nacional, ou mesmo uma personalidade nacional
podem simbolizar uma nação. A maior parte das religiões usa símbolos para representar suas
crenças. A cruz simboliza não apenas a morte de Jesus Cristo, como também a crença cristã. A
estrela de Davi representa os ensinamentos do judaísmo. As forças armadas de uma nação usam
símbolos para identificar seus vários ramos e a posição hierárquica dos indivíduos a seu serviço.
Artistas plásticos e escritores usam, por vezes, cores, imagens ou palavras para exprimir
simbolicamente suas idéias ou sentimentos. Muitos rituais têm natureza simbólica. Tais atos
simbólicos incluem coroações, inaugurações, saudações militares e sacramentos religiosos.
Símbolos com Diferentes Significados. Diferentes grupos sociais podem usar os mesmos símbolos,
mas estes símbolos podem representar coisas diferentes. Em muitas sociedades, por exemplo, a
cor vermelha simboliza guerra e violência. Todavia, essa cor pode apresentar outros significados.
Na China, o vermelho representa o casamento. O vermelho simboliza a vida na religião xintoísta do
Japão, mas, na França, representa as escolas de direito. Um símbolo tem apenas o significado que
os indivíduos lhe outorgam. Mesmo um símbolo poderoso pode perder seu significado, se a
sociedade o desonra ou o ignora por um determinado período de tempo. Na história antiga, muitos
21
consideraram a cruz suástica como amuleto de boa sorte. Em 1920, porém, o Partido Nazista da
Alemanha adotou-a como seu símbolo. A suástica passou, então, a representar a tentativa nazista
de conquistar a Europa. Hoje em dia, é um dos mais odiados símbolos da história. Diante desta
primeira análise filosófica acerca do simbolismo, derivada do pensamento maçônico de Fernando
Pessoa, pensamento este, aliás, embutido no conceito de Instituição essencialmente iniciática e,
por esta razão, por um princípio de hermenêutica, com características esotéricas, quando o termo
expressa a qualificação dada, nas escolas dos antigos filósofos, à sua doutrina secreta.
/Incompreensível às pessoas não iniciadas: linguagem esotérica. Os símbolos das sociedades
iniciáticas somente são acessíveis e, por sua vez, inteligíveis, aos iniciados. O símbolo tradicional é
vivo, operacional e perpetuamente eficaz. Os símbolos psicanalíticos, matemáticos, surrealistas,
revolucionários, etc., operam unicamente de uma forma adaptada a uma determinada situação, e a
sua vida tem a mesma duração que as teorias que lhe deram origem. Assim, por exemplo, como
excertado da Enciclopédia Koogan-Houssais, um símbolo pode ter mais de uma definição de
acordo com o momento em que é usado, valendo lembrar a suástica. A suástica, na realidade, é a
denominada cruz temporal, formada por quatro esquadros dos oito raios da roda. A cruz, na
realidade, significa centro indefinido, o espaço físico contém as manifestações corporais dos seres
existentes, incluindo os objetos inanimados. Diante desta análise, se tem a cruz como verdadeiro
símbolo religioso e, desta forma, jamais poderia ser confundido com um movimento fascista, como
o caso do nazismo. No entanto, o símbolo deve ser analisado de acordo com o momento em que
foi concebido. neste ponto, para alcançarmos o fim a que se destina este trabalho, encaramos a
definição de transdisciplinaridade: A transdisciplinaridade, como prefixo „trans‟ indica, diz respeito
àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de
qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos
imperativos é a unidade do conhecimento. E, sem medo de errar, podemos afirmar que a
Maçonaria é uma escola inesgotável de ensinamento, acrescentando, neste momento, as palavras
evolucionista e progressista. A filosofia, enquanto técnica especulativa e, portanto, sempre em
mutação, não pode estar alheia aos movimentos modernos do pensamento humano. A filosofia,
assim como a história, não é estática. Acoplamos, assim, aos conceitos elencados no artigo 1º da
Constituição do Grande Oriente do Brasil, a sua segunda parte, que afirma deve a Maçonaria
pugnar pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade. Diante dos termos
analisados, assim como a própria essência da Maçonaria, ela é transdisciplinar em sua
essência. A busca constante da verdade está, ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através das
diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Interessante destacar o texto de Claude
Saliceti: Le projet humaniste et maçonique à la fois individualiste et universaliste
d‟acocomplissement personnel et d‟acord de tous lês humains sur dês valeurs et dês finalités
éthiques communes ne peut, nous l‟avons vu, faire sans danger l‟impasse sur les notions de vérité
et de sens, et sur la possibilite de lês concilier avec celles de liberte et de raison. Em seu texto,
continua afirmando a dificuldade de associar e interagir as diversas facções do pensamento
humano, o que ocorre, sistematicamente, na Ordem Maçônica, diante da liberdade de expressão.
Concluímos, assim, com a trilogia de LIBERDADE - IGUALDADE - FRATERNIDADE. A liberdade
encerra um dos princípios da transdisciplinaridade, enquanto a mesma é individualista. A
individualidade - distinção muito bem traçada pela transdisciplinaridade - é diversa do egoísmo, que
não combina com os princípios máximos da Maçonaria. O egoísta é egocêntrico e, por esta razão,
jamais conseguirá viver em uma sociedade onde se prega a igualdade, posto que, ainda que
diferentes em pensamentos, todos são iguais em essência e esta é a razão máxima da
FRATERNIDADE. Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos! É como o óleo precioso
sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Aarão, e desce para as golas de suas
vestes. É como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião. Ali Ordena o Senhor a
Sua bênção, E a vida para sempre. (Do livro Maçonaria Mística, José Carlos de Araújo Almeida
Filho, 2000).
22
O presente bloco
é produzido pelo Ir. Pedro Juk.
Loja Estrela de Morretes, 3159
Morretes - PR
salmo 133 ou joão
Questão apresentada pelo Irmão Marcelo Tieböhl Guazzelli, Aprendiz Maçom da Loja
Fraternidade VII, REAA, Grande Oriente do Rio Grande do Sul (COMAB), Oriente de Caxias do
Sul, Estado do Rio Grande do Sul.
mguazzelli@agrale.com.br
Troquei alguns e-mails com o Irmão Aquilino Leal que escreve na Folha
Maçônica e foi dele a sugestão de que eu lhe fizesse esse questionamento. Assim, de
posse do seu endereço tomei a liberdade de escrever-lhe.
Como Aprendiz, tenho muitos questionamentos e dúvidas que não são respondidas pelos
Mestres e, apesar de ler muito, também não encontro às respostas nos livros.
Ultimamente tenho uma dúvida, boba confesso, que está me atormentando.
No nosso Manual consta que na abertura do Livro da Lei deve ser lido João 1, 1-5 (No
princípio era o verbo...). Assim também afirma José Castellani (infelizmente não anotei em
qual obra eu li isso, porém tenho certeza que ele afirma categoricamente, dizendo que
qualquer outra invenção é bobagem e que o Rito Escocês assim determina).
Porém, ao ler “Os Painéis da Loja de Aprendiz” de Rizzardo Da Camino, o mesmo afirma
na página 128 que é prematuro iniciar os trabalhos para Aprendizes com palavras tão
místicas e entende ser mais coerente o Salmo 133, um louvor ao amor fraterno, mais
condizente com a Maçonaria.
Devo confessar que meus esforços para polir a pedra bruta nesse momento independem
e não percebo como podem ser afetados pelo texto A ou B ou C. Parece-me, fazendo uma
análise dentro das minhas capacidades que Castellani é conservador e Camino um pouco
mais liberal (mas não sempre, vide sua crítica na mesma obra a postura desleixada de
alguns ao fazer o sinal). Apenas isso.
6 - Perguntas & Respostas
23
Dentro das suas possibilidades de tempo e não atrapalhando seu dia-a-dia, apreciaria
muitíssimo sua opinião a respeito deste assunto
CONSIDERAÇÕES:
É tradicional e verdadeira a abertura do Livro da Lei no Grau de Aprendiz no Rito Escocês
Antigo e Aceito em João, Cap. 1, versículos 1 a 5. Essa sugestiva abertura tem o
desiderato de indicar ao Primeiro Grau a prevalência da Luz sobre as trevas - (...) “e as
trevas não a compreenderam”.
É oportuno salientar que nem todos os ritos maçônicos ou trabalhos do Craft fazem
leitura de trecho do Livro da Lei na abertura dos trabalhos maçônicos. Assim, a leitura
não é uma prática universal.
Infelizmente, aqui no Brasil existe o equivoco em algumas Obediências de perpetrar na
abertura do Livro da Lei a leitura do Salmo 133, prática essa sem qualquer tradição no
Rito Escocês. À bem da verdade o Salmo 133 nem mesmo faz parte de leitura de abertura,
senão de uma passagem ritualística na iniciação das Lojas Azuis Norte Americanas (Craft
Americano), comumente chamado de Rito de York (não confundir com o Trabalho de
Emulação do Craft Inglês, equivocadamente aqui também chamado de York).
Provavelmente o costume do Salmo, fora adquirido por ocasião da busca de
reconhecimento nas Grandes Lojas Americanas, quando da fundação em 1.927 das
Grandes Lojas Estatuais no Brasil. As Grandes Lojas Americanas praticam o Craft
Americano e aí, dentre outras práticas, essa acabou fazendo parte enganosamente do Rito
Escocês Antigo e Aceito espalhando-se por algumas Obediências Maçônicas no nosso
País.
No tocante ao que disse o saudoso Irmão Castellani, ele estava correto ao defender a
tradição, ao contrário do outro autor que achava mística e prematura o uso do
procedimento correto. A questão não é do místico nem do prematuro, porém a expressão
da Verdade.
As Lojas de São João ganharam esse título ao longo da história, quando os Canteiros
Medievais, no período ainda Operativo e posteriormente o Especulativo – Séculos XIV e
XV – quando ainda não existiam ritos maçônicos, senão os arremedos dos primeiros
catecismos, ao admitirem um Aprendiz do ofício, este prestava a sua obrigação, por
influência da igreja, sobre o evangelho de São João. À época, a Bíblia era propriedade da
Igreja, além da inexistência da imprensa, os escritos ocupavam um imenso volume difícil
de ser conduzido. Assim adquiriu-se o costume se escrever em uma folha de papel o
título “Evangelho de São João” onde o recipiendário prestava a sua obrigação.
Obviamente não havia leitura de texto, porém as confrarias de construtores geralmente se
reuniam nas datas solsticiais – verão para rever e marcar os planos da Obra, iniciar novos
membros e, no inverno, para fazer as medições, pagar os obreiros, etc. Assim os
solstícios de verão 24 de junho e inverno 21 de dezembro (hemisfério norte) viriam a
24
coincidir com as datas comemorativas dos Santos padroeiros – João, o Batista, e João, o
Evangelista respectivamente.
O Rito Escocês Antigo e Aceito, fundado em 1.801, teria o seu primeiro ritual simbólico
em 1804 na França. Ao longo do Século XIX esse ritual receberia aperfeiçoamentos e
práticas hauridas dos antigos Canteiros, dentre outras, a abertura do Livro da Lei em
João, Capítulo I, versículos 1 a 5, alusivos às ditas antigas Lojas de São João.
Há que se notar que o arcabouço doutrinário do Rito Escocês é embasado na
investigação da Natureza (o movimento diário e anual do Sol, seus solstícios e
equinócios, as Colunas Zodiacais, as Colunas do Norte e do Sul, os pilares solsticiais ou
Colunas B e J, etc.).
Já sobre o Salmo 133 revendo obras espúrias, fragmentos, antigos catecismos,
revelações e outros elementos primários de pesquisa, não aparece como marco de
abertura e citação litúrgica e alegórica importante, senão na passagem ritualística de
iniciação do Craft Americano organizado por Thomas Smith Web com base os Antigos de
1.751 de Lawrence Dermott na Inglaterra.
Assim, por primeiro a questão não é de ser prematura ou mística, porém de realidade
doutrinária. Por segundo, a questão também não é de se pesquisar em rituais passados e
publicados no Brasil confundindo-os por documentação primária como fazem “certos
articulistas” que se acham doutos apenas por copiarem e citarem erros de textos
ritualísticos ultrapassados.
Nesse sentido, devo salientar que a questão é complexa e merece uma atenção
acadêmica minuciosa, ponderada e qualificada.
Por fim, independente do escrito e indicado, os rituais legalmente aprovados e em
vigência devem ser rigorosamente respeitados. Cumprir um ritual não é questão de
identificar o certo ou o errado, porém é de boa geometria identificar a contradição, ou o
equívoco para propor uma posterior correção que se identifique com a razão dos fatos
T.F.A.
Pedro Juk -
jukirm@hotmail.com -
abril/2013
Na dúvida pergunte ao JB News ( jbnews@floripa.com.br )
que o Ir Pedro Juk responde ( jukirm@hotmail.com )
Não esqueça: envie sua pergunta identificada pelo nome completo, Loja, Oriente, Rito e Potência.
25
Templo “Obreiros da Paz” em Canasvieiras, Florianópolis, que há oito anos
abriga a Loja Templários da Nova Era, cuja Sessão desta quinta feira
11/07/2013 terá a seguinte Ordem do Dia:
HORÁRIO. . . . . . 20:00 Horas
GRAU. . . . . . . . . A.'.M.'.
TRAJE . . . . . . . . Terno ou Balandrau
ORDEM DO DIA:
1. Palestra sobre a história da Loja e Comemoração de Aniversário da Loja
2. Assuntos diversos
7 - destaques jb
26
Loja Professor Otávio Rosa
Sábado (13) às 10h00, Sessão Magna de Iniciação na Loja Professor Otávio
Rosa. A cerimônia será no Templo localizado na Fazenda Paraíso da Serra, São
Pedro de Alcântara.
Chegou!
- "Revérbero Maçônico", Informativo bimestral da ABRLSM 21 de Abril
nr. 3, Nr. edição nr. 39 março/abril de 2013 do Grande Oriente da Paraíba.
GOPB
- da Editora Maçônica A Trolha, o livro do mês. Interessante obra maçônica
intitulada "Instrucional Maçônico" em Grau de Mestre, com 304 páginas, de
autoria do Ir. Tito Alves de Campos.
Rádio Sintonia 33 & JB News-
Música, Cultura e Informação o ano inteiro.
Rede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal
Acesse o site abaixo e fique com a boa música 24 horas no ar.
www.radiosintonia33.com.br
Rede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal
27
Andy Cripe
Masons pray during a ceremony Saturday afternoon celebrating the 100th anniversary of Corvallis Lodge
Maçons orando durante uma tarde de cerimônia de sábado comemorando o
100 º aniversário de Corvallis número Lodge 14 do edifício na esquina da Third
Street e Madison Avenue. (Andy Cripe | Corvallis Gazette-Times)
22 horas atrás • Por Joce DeWitt Corvallis Gazette-Times (1) Comentários
As festividades incluem uma visita ao templo
28
1 - Por una cabeza
https://www.youtube.com/watch_popup?v=zOjOLXkvSQA
2 - Ora, aqui está uma iniciativa para se aplaudir de pé.
Aconteceu na Rua das Portas de Santo Antão:
http://www.youtube.com/watch?v=K1YThf3yhQo
29
Saúde !Vida Longa!
fechando a cortina

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  • 1. 1 JB NEWSRede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal www.radiosintonia33 – jbnews@floripa.com.br Informativo Nr. 1.042 Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Loja Templários da Nova Era nr. 91 Quintas-feiras às 20h00 - Templo: Obreiros da Paz - Canasvieiras Editoria: IrJeronimo Borges – JP-2307-MT/SC Florianópolis (SC) - quinta-feira, 11 de julho de 2013 Índice: Bloco 1 - Almanaque Bloco 2 - Opinião - "O Fogueteiro da madrugada" - Mario Gentil Costa Bloco 3 - IIrR. Dachez e J. Villalta - "A disputa entre Antigos e Aceitos " Bloco 4 - IrVanderlino H. Ramage - "Impunidade e Televisão. Causas primárias da violência " Bloco 5 - Ir João Ivo Girardi - de sua obra do Meio Dia à Meia-Noite " O que é a Transdisciplinaridade" Bloco 6 - Ir Pedro Juk - Perguntas e Respostas - " Salmo 133 ou São João? " Bloco 7 - Destaques JB Pesquisas e artigos: Acervo JB News - Internet – Colaboradores – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias e www.google.com.br Hoje, 11 de julho de 2013, 192º dia do calendário gregoriano. Faltam 173 para acabar o ano. Comemoração da batalha de Courtrai (1302), na Bélgica - Dia Mundial da População Se não deseja receber mais este informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, por favor, comunique-nos
  • 2. 2 ] Chapecó nos espera! http://www.diadomacom2013.com.br  1302 - Batalha das Esporas Douradas, em que uma coligação das cidades Flamengas derrota o poderoso exército do rei de França.  1533 - Henrique VIII é excomungado pelo Papa Clemente VII  1818 - Depois da morte da princesa Carlota de Gales, os duques Guilherme de Clarence e Eduardo de Kent casam-se no mesmo dia, respectivamente, com as princesas Adelaide de Saxe-Meiningen e Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld, numa tentativa de gerar herdeiros legítimos e evitar uma crise de sucessão no Reino Unido.  1822 - É fundada a Marinha do Brasil.  1828 - Miguel I de Portugal, de tendência absolutista, é aclamado rei de Portugal  1921 - Independência da Mongólia pela República da China  1960 - Independência do Daomé (atual Benim), Alto Volta (atual Burkina Faso) e Níger.  1973 - Pouso forçado do Voo 820 da Varig próximo a Paris devido a incêndio num toalete, com 123 mortes. Entre os mortos estava Filinto Müller, ex-chefe da polícia política de Getúlio Vargas, e o cantor Agostinho dos Santos.  1978 - Um caminhão/camião cisterna explode num parque de campismo em Los Alfaques, município de Alcanar na Catalunha (Espanha), provocando 217 mortos e cerca de 300 feridos graves.  1979 o Stanley Barret quebra pela primeira vez a barreira do som, em terra, deslocando-se a 1190 km/h na Califórnia. o Margaret Thatcher toma posse como primeira ministra de Inglaterra.  1982 - A seleção de futebol da Itália conquistou pela terceira vez o título de Campeã do Mundo, após vencer a seleção da Alemanha por 3 x 1.  1995 - Bósnios de etnia sérvia capturam a cidade muçulmana de Srebrenica. Muitos habitantes são massacrados.  2006 - Atentados aos comboios da capital financeira da Índia, Bombaim, fizeram cerca de 195 mortos e inúmeros feridos, muitos deles com gravidade. A situação causou o caos e perdurou, pelos dias seguintes, na memória dos habitantes de uma das maiores metrópoles mundiais. 1 - almanaque Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas. Eventos Históricos
  • 3. 3  2010 - A seleção de Futebol da Espanha vence pela primeira vez o campeonato mundial de futebol.  2011 - Inaugurada a cidade do Kilamba, na Província de Luanda, em Angola.  2012 o O Palmeiras se torna bicampeão da Copa do Brasil. o Anunciada a existência do quinto satélite natural de Plutão, o S/2012 (134340) 1. Dia Mundial da População Bélgica Feriado em Flandres - Batalha de Courtrai, 1302 Brasil Aniversário da cidade de Andradina (feriado municipal) Portugal Feriado municipal de Santo Tirso e Arcos de Valdevez 2011: Feriado Municipal de Maia Religiosos Dia de São Bento de Núrsia (Fontes: “O Livro dos Dias” 17ª edição e arquivo pessoal) 1923 Iniciado na Loja Liberdade, de Lisboa, com o nome simbólico de «Passos Manuel» o Ir.'.Artur Octávio do Rego Chagas, militar com uma larga folha de serviços [prestados em Portugal, chegando ao posto de coronel. 1935 Fundação da Loja União e Concórdia nr. 1128, de Urutaí-Go que trabalha no Rito Escocês Antigo e Aceito (GOEG/GOB) 1994 Fundação da Loja Construtores do Templo nr. 140, de Anápolis-GO (GLMG) 1999 Fundação, na cidade de Londrina, do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Maçônicas que leva o nome honrado Irmão Fernando Salles Paschoal. Não se pretende analisar a figura insigne deste jovem, saudosamente pranteado por todos nós que comparecemos ao encontro e que nos deixou tão cedo, mas prestar sim contas das nossas responsabilidades ao criar este novo centro de cultura maçônica. 2007 Fundação no dia 10 de julho, da Loja “Obreiros de Maravilha”nr. 96 de Maravilha (GLSC) www.cmsb2014.com.br feriados e eventos cíclicos fatos maçônicos do dia
  • 4. 4 ] Mario Gentil Costa- Florianópolis) magenco@terra.com.br http://magenco.blog.uol.com.br São quatro e meia da madrugada e estou aqui a escrever. Perdi o sono após o absurdo estampido de um rojão daqueles de estremecer vidraças, nas proximidades do meu edifício. A princípio, pensei que fosse outra coisa. Sei lá..., alguma explosão acidental, talvez um curto-circuito no transformador da esquina. Levantei-me assustado e abri a janela do 11º andar. Tudo quieto, tudo calmo. Varri o horizonte com os olhos até onde minha visão alcança, limitada pelos paredões dos prédios ao redor. E eis que, de repente, vinda de algum ponto nas cercanias, surge no céu escuro e límpido, vagando silenciosa e inocente ao sabor da brisa que soprava de nordeste, uma nuvenzinha solitária em tons de azul-claro, concentrada e amorfa. Irremediavelmente acordado, pus-me a analisar o que leva um indivíduo supostamente normal ao desvario incontrolável de provocar, sem motivo algum, um estrondo tão desproposital na calada da noite. Será que esse “cidadão” existe? Será que ele “pensa”? Invertendo a conjetura de Descartes, eu diria que “existe, logo pensa”. Pensa porque teve a idéia; - porque riscou o fósforo e ateou fogo ao pavio; - porque premeditou; - porque, ao fazê-lo, antegozou algum tipo de prazer mórbido. Pensa, portanto, nem que seja de modo rudimentar, quase irracional. Digo “quase”, já que um irracional absoluto seria incapaz de elaborar toda a seqüência de projeções e de gestos exigidos por tamanho desatino. Será um louco? Ora, o louco é um inconseqüente. Não..., decerto não é um louco. Então, o que ele é? Um gozador?... Tampouco. Gozação tem hora e tem lugar. É um moleque?... Não. O moleque não é, necessariamente, mal intencionado. Esse indivíduo é, isso sim, um delinqüente, dono do mesmo sadismo intrínseco que faz o torturador, que faz o estuprador... 2 - Opinião - " O Fogueteiro da Madrugada " - Mario Gentil Costa
  • 5. 5 Sabido que a surdez é um mal que atinge pouco mais de dois por cento da população, por certo não fui eu o único a acordar sobressaltado. E a um estampido daqueles..., não há sono profundo que resista. Fiquei imaginando alguém que sofra de insônia e tenha pegado no sono um minuto antes...; uma mãe que acabe de embalar o filhinho e feche os olhos para descansar...; os enfermos de um hospital...; algum trabalhador com o sono atrasado e que tenha de acordar meia hora adiante...; enfim, todos os que podem ter sido sacudidos pela explosão. E já que perdi o sono, resolvi protestar à minha moda. É pena que ele não leia o que estou escrevendo. Talvez conseguisse refrear seu impulso animalesco da próxima vez em que for acometido. Mas é improvável; uma pessoa dessa espécie, não lê... ou não lê coisa que preste... Aliás, estou convencido de que o fogueteiro não é uma pessoa; é uma praga que está se alastrando de modo descontrolado. Há os que, simplesmente, soltam rojões na madrugada; esses são os legítimos, os genuínos, os específicos, caso do nosso personagem anônimo. Há os fogueteiros ambulantes, verdadeiros notívagos motorizados, em correria desabalada pelas ruas e avenidas, a encher o silêncio da noite com suas descargas abertas. Há, ainda, os que fazem berrar suas buzinas estridentes nos inevitáveis congestionamentos do trânsito nas horas de pique. Não esquecer os fogueteiros dos estádios de futebol, que, com suas bombardas e fumaças coloridas, põem em risco a vida alheia, tiram a visibilidade das transmissões de televisão e criam para os atletas uma atmosfera irrespirável durante boa parte do jogo. E mais uma infinidade de sucedâneos que nem merecem classificação porque já são, por si mesmos, desclassificados. Há poucos dias, espremido numa dessas filas de trânsito congestionado, surpreendi-me a olhar pelo retrovisor na esperança de estereotipar o fogueteiro que se achava logo atrás, a comprimir, com expressão furiosa e desfigurada, sua buzina ensurdecedora. Mas logo desisti. O aludido “cavalheiro”, visto assim a distância, parecia um tipo comum, inaparente, insuspeito como eu ou você. E me convenci de que, conquanto seja uma desgraça pública, ele é uma calamidade sem rosto, uma abstração. A única diferença entre ele e o cidadão de verdade é o barulho que faz..., algo concreto..., que sacode meus tímpanos de forma cruel e que me faz sofrer. E como não há meios de coibir ou punir abstrações, ou eu aprendo a conviver silenciosamente com esse castigo irrevogável ou, então, entro na dança e viro fogueteiro também. Buuuuuuuuhhhhhhhhmmmmmmm!!!... Mario Gentil Costa
  • 6. 6 A disputa entre “Antigos” e “Modernos” Irmãos R. Dachez e J. Villalta Tradução José Filardo À medida que as pesquisas avançam, a história dos primeiros dias da Maçonaria Inglesa parecem mais complexas do que aquilo que é dito ou imaginado até agora. Este é o caso do conflito fundamental que abalou a Maçonaria do outro lado do Canal durante quase 60 anos: a disputa entre os “Antigos” e “Modernos” (1751/1753-1813). Sobretudo estudado como um assunto interno na Inglaterra, ao que parece, hoje, se você quer renovar e aprofundar a questão é preciso levar em conta o ambiente britânico, especialmente Irlandês, incluindo a Maçonaria continental e principalmente a Maçonaria francesa. Assim é que desde 1928, Philipp Crossle, grande historiador da Maçonaria irlandesa, chamou a atenção para as especificidades desta Maçonaria, em particular para a existência de um sistema de 3 graus ou etapas, anterior ao sistema revelado por Samuel Prichard em 1730, dotado de um conteúdo diferente do que compreendia o Real Arco. Ao fazer isso, Crossle propunha implicitamente a questão do aparecimento e da influência dos altos graus na história geral da Maçonaria. Por outro lado, se, conforme mostrou Alain Bernheim, as Maçonarias britânica e francesa eram para os graus azuis, substancialmente idênticas até cerca de 1750 (até o aparecimento dos “Antigos”), é verdade que o afloramento dos altos graus na França a partir dos anos de 1740 terá um impacto sobre a Maçonaria Inglesa a partir do fim do século. Isso quer dizer que a maneira usual de olhar para este conflito como uma disputa entre um Inglês perfeitamente definido e imutável representado pela GL de 1717 e chamada “Modernos ” e um sistema importado da Irlanda pelos “Antigos” , sem dúvida tem de ser renovado. Para tomar só um problema, por exemplo, o Real Arco que se considera ter sido importado da Irlanda para a Inglaterra pelos “Antigos”, como explicar o fato de que a lenda deste grau que em breve seria conhecido na Inglaterra é diferente da que foi desenvolvida na versão irlandesa, mas muito próxima da lenda contida nos rituais franceses do chamado “Royale Arch”? Está claro que a história da Maçonaria Inglesa não se resume na história da Maçonaria na Inglaterra no “sentido estrito”. É, na verdade, a história da Maçonaria sofreu todos os tipos de influências, internas e Inglesas, é claro, mas também externas, irlandesas e francesas. No segundo terço do século XVIII, foi criado portanto na Inglaterra um sistema maçônico que é o produto de todas estas influências e, que evidentemente, também influenciou, por sua vez, outras Maçonarias , particularmente na França. Aparece assim uma história franco-britânica que tenta cercar todas essas influências e reler uma série de problemas relacionados com as origens da Maçonaria: Instalação do Mestre da Loja, o Real Arco, etc. A disputa entre “Modernos” e “Antigos” é uma disputa fundamental da maçonaria Inglesa. Classicamente, ela é enunciada assim: até 1750, a Maçonaria Inglês está unida e uniforme. Em 1751, aparece uma nova organização maçônica que vai se chamar “GL 3 - a disputa entre "antigos" e "modernos" IIr R. Dachez e J. Villalta
  • 7. 7 dos FM segundo as antigas instituições” ou mais simplesmente “GL of the Antients”. A GL de 1717 será chamada, impensadamente “GL dos Modernos” (e hoje “Primeira Grande Loja”). Esta GL dos Antigos foi principalmente fundada por maçons irlandeses que viviam em Londres, mas que negavam os usos da GL de 1717, que em 1750, já estava amplamente difundida por toda a Inglaterra. Até o final do século XIX, a teoria segundo a qual a GL dos “Antigos” era uma divisão ou cisma da GL dos Modernos era comumente aceita. De acordo com esta tese, certo número de lojas teria deixado a GL em Londres e criado uma nova obediência com forma de negar as inovações negativas que tinham sido trazidas ao Craft pela referida GL. Essas inovações, entre as quais a famosa história da inversão das palavras sagradas (J-B ou B-J), tinham aparecido na década de 1730, e logo elas teriam se tornado muito numerosas (até ao ponto de se tornar inaceitável) que certas Lojas teriam decidido na década de 1750, voltar aos antigos usos e deixar a GL de 1717. Esta tese foi, evidentemente, defendida pelos mesmos “Antigos” e desde 1756 com a publicação do livro das Constituições Aimã Rezom de Laurence Dermott. Henry Sadler (em Fatos Maçônicos e Ficções) mostrou definitivamente em 1887 que a fundação de 1751 não era o resultado de um cisma, mas que era “algo novo” e, portanto, tem uma origem diferente da GL de 1717. Na verdade, é uma Grande Comissão que aparece em 1751 e leva o título de GL a partir de 1753, quando teve um irmão de nascimento nobre a presidi-la como Grão-Mestre. Os primeiros membros eram irlandeses emigrados para a Inglaterra. Eles provavelmente teriam tido dificuldade em se tornar maçons em Lojas Inglesas. Além disso, estas Lojas praticavam uma Maçonaria demasiadamente diferente da sua, o que tornava quase impossível uma integração na GL de 1717. Então, teriam fundado sua própria GL onde pudessem praticar os usos que tinham trazido da Irlanda e teriam proclamado sua antiguidade com relação à Maçonaria Inglesa. A classificação de “Antigos” atribuída a uma GL, que tem 30 anos menos que aquela mais vela pode parecer estranho, polêmico e injusto. Certamente, mas além dessa disputa de palavras, não devemos esquecer as questões fundamentais: 1. Quais são as diferenças efetivas entre ambas GG LL? 2. Entre os diferentes usos, quais verdadeiramente eram os mais antigos, e, nesta perspectiva, quando, onde, como, por que teria sido dado a passagem dos usos antigos para os usos modernos? Estas duas questões apenas têm, até hoje, respostas satisfatórias. Parece que se pode renovar esta problemática estudando a Maçonaria na Irlanda. O conhecimento da Maçonaria irlandesa necessariamente envolve o estudo de uma obra seminal de John Herron Lepper e Philipp Crossle, História da GL dos maçons Antigos e Aceitos da Irlanda, Dublin, 1925, reimpresso em 1987. Nesta obra, os autores mostram que existem provas documentais da existência de uma Maçonaria especulativa na Irlanda, antes que também se tivesse a certeza documental na Inglaterra. Assim, nos arquivos do Trinity College de Dublin, um documento menciona a existência de uma Loja da Maçonaria (essencialmente reunindo alunos) em 1688. Outro manuscrito do Trinity College, que é datado de 1711, descreve um sistema em 3 etapas. Em 1725, a recitação de uma procissão público testemunha a existência de uma GL na Irlanda. Em 1730, finalmente, são publicadas as Constituições chamadas de Pennel, próximas do texto de Anderson, com a diferença importante de que o grau de Mestre, que não é o caso no texto Inglês de 1723, que terá de esperar pela edição de 1738.
  • 8. 8 Assim, descobrimos que todas as manifestações conhecidas da primeira Maçonaria irlandesa são notáveis ou por sua data ou pro seu conteúdo. À vista destes documentos, resulta que a Maçonaria irlandesa é antiga e diferente da primeira Maçonaria Inglesa. Sobre a origem sociológica desta maçonaria irlandesa, podemos emitir duas hipóteses. Seria uma Maçonaria puramente irlandesa ou celta ou (A Irlanda que foi de fato ocupada pela Inglaterra) uma Maçonaria de colonos ingleses instalados na Irlanda (os Anglo – Irlandeses). Estes últimos compunham a aristocracia do país e estavam, essencialmente, agrupados em torno de Dublin. Esta hipótese parece ser a mais crível e a primeira Maçonaria irlandesa aparece cada vez mais como uma Maçonaria Anglo- Irlandesa. No entanto, nem todos os colonos faziam parte da aristocracia. Constitui-se assim uma imigração anglo-irlandesa pobre e muito próxima da população nativa da Irlanda, de modo que a emigração irlandesa para a Inglaterra desta vez no século XVIII, é essencialmente toda ela uma emigração de anglo-Irlandeses. Podemos então imaginar, por que nenhum documento confirma isso efetivamente; por que esses emigrantes anglo-irlandeses, de baixa classe, com a sua própria Maçonaria tiveram uma recepção pouco entusiástica nas Lojas inglesas, ainda mais que elas tinham um grau – e é na perspectiva que se pode rever a questão do Real Arco – superior ao grau de Mestre e desconhecido pelos ingleses (o Real Arco atual foi profundamente modificado em 1835), que consideram, conforme descreveu Laurence Dermott nas Constituições dos Antigos, “como a raiz, o coração, a medula óssea da Maçonaria” e que conseguiram por outro lado, impor, definitivamente, sobre a prática maçônica Inglesa. Em 1778, em uma edição das Constituições, Laurence Dermott elabora uma lista de queixas que os “Antigos” lançam contra os “Modernos”. O abandono ou a ignorância da instalação secreta dos VV MM, instalação essencial, já que no sistema dos “Antigos” abre o caminho para o Arco Real, é crível. De fato, a instalação é desconhecida na Inglaterra – pelo menos não há qualquer comprovação documental – antes de 1760 e a divulgação dos “Três batidas distintas”. Mas, além desta acusação, as outras queixas são carente de fundamentos documentais e até mesmo são contrárias a todos os documentos conhecidos. Isto é: 1. O abandono das orações durante as cerimônias maçônicas. 2. O abandono da celebração das Festas de São João. 3. A inversão da ordem das palavras sagradas. Em suma, se você toma o que é testemunhado, dois dados principais podem efetivamente definir a originalidade dos “Antigos” em relação aos “Modernos” 1. Sua antiguidade. 2. A contribuição da instalação secreta e do Real Arco. Phillip Crossle, em um famoso artigo, “O Rito Irlandês”, propõe uma interpretação sutil da hierarquia dos graus na Irlanda por volta de 1730. Nas Constituições de Pennel, existem 3 fases, Aprendiz, Companheiro, Mestre, mas elas não correspondem aos três graus homônimos da Maçonaria inglesa conforme eles são definidos na divulgação de Prichard (1730). Segundo a teoria de Crossle, podemos estabelecer o seguinte quadro: Irlanda Inglaterra Aprendiz Aprendiz e Companheiro Companheiro Mestre Mestre = Instalação e Real Arco
  • 9. 9 Estudando este artigo, tentaremos reler a disputada dos “Modernos” e dos “Antigos” e faremos as perguntas sobre a origem e a antiguidade provável da Maçonaria dos “Antigos” assim como as fontes dessa Maçonaria. Pode-se parecer que os “Antigos ” eram muito mais pessoas simples praticantes de uma “técnica ritual” mais rigorosa que a dos “Moderno”, a uniformização das duas Grandes Lojas teria sido muito rápida e já estava bem avançada no início de século XIX, até incluir o nível de Grande Mestre, o que explica o União de 1813. Naquela época, a origem irlandesa dos “Antigos” tinha praticamente desaparecido. As relações entre a Irlanda e a Escócia são antigas. A tribo primitiva da Irlanda, são os “Scots”. Por outro lado, na época das 2 GG LL rivais inglesas, a GL da Escócia mantinha relações amistosas com os “Antigos” e o Real Arco seria fácil e rapidamente implantado na Escócia. Vimos que o entendimento da disputa entre “Antigos” e “Modernos” (1751-3/1813) precisa considerar a história da Maçonaria irlandesa. Dois autores importantes, Heron Lepper e Crossle nos ajudar a fazer isso. Assim é como pudemos determinar que, de todas as queixas criticadas aos Modernos pelos Antigos, duas realmente precisam ser examinadas: a antiguidade efetiva dos usos destas duas GGLL, e a questão da instalação secreta e do Real Arco, este último ponto que propõe implicitamente a questão dos graus maçônicos. De fato, se em 1730 existem na Inglaterra e também na Irlanda, sistemas maçônicos de 3 graus, parece que estes sistemas não tiveram a mesma antiguidade e não se referem à mesma realidade. Como, então, foi estabelecido o sistema dos graus na Irlanda? Isto é o que vamos estudar através de um notável artigo de Phillip Crossle, “O Rito irlandês”. Vamos primeiro lembrar que as “ilhas britânicas” são formadas por três países muito diferentes e, muitas vezes conflitantes: Inglaterra, Escócia e Irlanda. O mesmo acontece quando se tenta estabelecer uma distinção as Maçonarias desses países. A história da maçonaria irlandesa é completamente diferente da história da Maçonaria Inglesa. Pillip Crossle ilustra a profunda originalidade do sistema maçônico irlandês antes de 1750. As origens da Maçonaria na Irlanda são muito obscuras. Poderia ter sido importada da Inglaterra (no final do século XVII, nos anos 1680)?, A Irlanda era nessa época uma colônia britânica. Esta Maçonaria irlandesa seria, portanto, aquela dos anglo-irlandeses, que teriam formado uma espécie de aristocracia que dominaria a Irlanda? Além disso, essa aristocracia também está separada do país, não só no econômico e social, mas também no plano religioso: é anglicana, enquanto os nativos irlandeses são católicos. No início do século XVIII, a “maçons obediencial” aparece na Inglaterra por volta de 1717-23, e em seguida, na Irlanda em 1725, mas, aparentemente, de modo completamente diferente. Lembremos, com efeito, que esta Maçonaria irlandesa, embora provavelmente de origem Inglesa, é atestada desde 1688 e, após cerca de 40 anos, evoluiu por própria conta, independentemente da Inglaterra. Na década de 1720, é, portanto, muito provável que as Maçonarias inglesa e irlandesa eram muito diferentes, embora de antiguidade igual, e até se poderia formular a hipótese de que os irlandeses terem conservado usos que os próprios ingleses teriam alterado ou perdido, o que teria constituído de fato um tipo de maçonaria Inglesa antiga (convertida em irlandesa). É aqui onde se poderia a ancorar a alegação de antiguidade sempre proclamada pela GL de 1751-3. Em 1730, a GL da Irlanda publicou seu livro das Constituições chamadas de Pennell. É descrito ali pela primeira vez, oficialmente, um sistema em 3 graus: aprendiz, companheiro e mestre. Recordemos que as Constituições de 1723, em Londres, havia estabelecido uma maçonaria de 2 graus, o que é atestado em 1730, por uma divulgação e pela primeira vez na Inglaterra, o grau de Mestre, divulgação que será condenada pela
  • 10. 10 GL de Londres, e só em 1738 o grau de Mestre será oficializado na 2 ª edição das Constituições inglesas. Phillip Crossle observa, assim, que o texto de Pennel descreve explicitamente 3 graus. Além disso, diz-se que um diácono, um vigilante, um mestre eleito, um GM adjunto que já tenha sido “companheiro” pode receber o grau de “Mestre” após sua instalação. Para explicar essas esquisitices, e é toda a tese de Philipp Crossle, é preciso entender que as palavras “aprendiz”, “companheiro” e “Mestre” não tinham, naquela época, o mesmo sentido e não designavam a mesma coisa na Irlanda e na Inglaterra. Crossle nos explica que não se pode colocar no mesmo plano o texto oficial das Constituições de Pennell e a divulgação de Prichard reconhecida em sua época pela GL de Londres. Na Irlanda, em 1730, o grau de aprendiz corresponderia ao conteúdo dos graus de aprendiz e de companheiro na Inglaterra; o grau de companheiro corresponderia a um conteúdo próximo (mas possivelmente sem lenda) do que seria no futuro o grau de Mestre na Inglaterra; e o grau de Mestre, sempre na Irlanda, descreve em essência o que será conhecido mais tarde sob o nome de “Royal Arch”. Isso justificaria a principal queixa dos Antigos (irlandeses) contra os Modernos (ingleses), ou seja, que estes últimos ignoravam o Real Arco, e explicaria também que a introdução do Real Arco na Inglaterra tenha aparecido como um quarto grau. A tese de Crossle se encaixa perfeitamente, pois até onde conhecemos a origem dos graus (no final do século XVII na Inglaterra, na Escócia, na Irlanda, o conteúdo dos graus de aprendiz e companheiro – anos 1730 – estava reunido somente no grau de aprendiz, enquanto o grau de parceiro continha o essencial do que será o grau de Mestre), adicionando a este um novo elemento: o grau de Mestre na Irlanda, ou Real Arco. E quando a Laurence Dermott, uma figura de proa dos Antigos, personagem pouco conhecido, que alguns pensam que teria sido um católico, já é maçom quando chega à Inglaterra. É provavelmente que sua acolhida nas lojas inglesas fosse, enquanto irlandês, difícil, ainda mais quando os usos e conteúdos dos graus eram muito diferentes graus ou distribuído de outra forma em relação ao que havia conhecido e havia recebido na Irlanda. E, especialmente, faltava ali o Real Arco. Este grau, portanto, será introduzido na Inglaterra, mas no sistema existente anteriormente, e se fará como uma espécie de quarto grau inglês. Isto causará problemas – a disputa entre os Antigos e os Modernos demonstra isso – porque o Real Arco não é para os Antigos, um alto grau, mas plenamente integrados aos graus do Craft. Até é, de acordo com a famosa fórmula de Dermott, “a raiz, o coração e a medula da Maçonaria.” A hipótese de Crossle vai nessa direção: o primeiro em Sistema maçônico em 3 graus é irlandês e contém o Real Arco. A querela entre os Antigos e os Modernos aparece, além dos problemas de pessoas como o choque de duas culturas e de duas concepções diferentes de Maçonaria. CÍRCULO DE ESTUDOS DO RITO FRANCÊS “ROËTTIERS DE MONTALEAU” info@ritofrances.es secretaria@ritofrances.es APARTADO 107 . 33300 VILLAVICIOSA ASTURIAS-ESPAÑA
  • 11. 11 Meus queridos IIr.´. Cavocando no fundo do meu baú, encontrei esta TESE, apresentada pela Loja Adayr Figueiredo 81, na AGO da GLMERGS no ano de 1995, de autoria deste Ir.´ Entre outros motivos, resolvi encaminhar aos manos (para aqueles que tiverem a paciência de ler), verão que quase vinte anos depois nada aconteceu em relação ao tema abordado, a VIOLÊNCIA em nosso país, pelo contrário, os números apresentados naquela época, simplesmente se multiplicaram, e o quadro, hoje, é muito mais aterrador. Hoje, acontecem entorno de 60 mil mortes no trânsito e outro tanto de assassinatos, perfazendo mais 100 mil morte violentas por ano. Mais de um milhão de mortes violentas em 10 anos. É uma guerra sem fim. E um custo social sem precedentes na história da civilização. Não adianta aumentar impostos, verba para saúde etc, primeiramente temos que resolver a saúde mental deste país, entretanto é preciso ressaltar de que a crise brasileira é sobretudo uma crise de valores. Todos se calam, cala o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, calam as Instituições deste país!!!!! Peço desculpas por importuna-los com temas como este Um abraço do Vanderlino H Ramage M.´. I.´. Porto Alegre, abril de 1995. IMPUNIDADE E TELEVISÃO, causas primárias da violência. “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim pela omissão das pessoas boas” ! Albert Einstein Estudos efetuados por diversos organismos brasileiros e internacionais, e comprovados cotidianamente pelos milhares de cidadãos que diariamente sofrem alguma espécie de violência, indicam o aumento crescente, nas últimas décadas, da agressão à pessoa humana no Brasil. Na década de 1980, aproximadamente 850 mil pessoas foram vítimas de mortes violentas no Brasil. É ilustrativo, mas em 1930 as mortes violentas representavam 2 % das mortes no Brasil, em 1980 passaram para 10,5 % e em 1989 saltaram para 15,3 %. Foi um aumento de 50 % em dez anos. 4 - " impunidade e televisão. Causas primárias da violência " - Ir Vanderlino H. Ramage
  • 12. 12 Em 1980 a violência ocupava o quarto lugar no “ranking” das mortes no Brasil, e em 1990 passou para o segundo. Os acidentes de trânsito são a primeira causa das mortes violentas no Brasil, com mais de 50 mil vítimas por ano, entorno de 29,3 % das mortes violentas. Entretanto são os homicídios que vêm crescendo assustadoramente, passando de 20% das mortes violentas em 1980 para 24,1% em 1989. Não temos os dados, mas cremos que atualmente os homicídios já tenham superado as mortes por acidentes de trânsito. Um dado revelador, as grandes vítimas da violência no Brasil são os jovens. Em 1991, 221 adolescentes foram assassinados no Rio Grande do Sul, e o homicídio é hoje a principal causa de morte dos jovens gaúchos entre 15 e 19 anos. Porto Alegre é a terceira cidade mais violenta do Brasil e a 8ª do mundo, com uma média de 23,6 homicídios/ano por 100 mil habitantes (dados de 1990). Até aqui apresentamos dados, apenas, da violência contra o bem supremo, a vida. Mas não menos aterrador são os números de outros níveis da violência. O Brasil bate todos os recordes em corrupção, acidentes de trânsito, assaltos, arrombamentos, arrastões, invasão de domicílio, roubos e furtos generalizados, estupros etc. Sim o estupro, este, segundo os psicólogos é a mais cruel das agressões contra a mulher, pois guarda seqüelas pelo resto da vida. “É uma situação traumática que leva normalmente a pessoa a uma grande desorganização emocional, tais como sentimento de culpa, ansiedade, raiva, frustração”. É uma ferida que dificilmente cicatriza. E a pena para o autor? Na prática é quase um prêmio! Esta violência, sem precedentes nos povos civilizados, fez com que a gente brasileira, na sua maioria honesta e trabalhadora, viva amedrontada, descreia nas instituições, perca a convicção e a vontade e que conjuntamente com a eterna crise brasileira, aliene seu sentimento de auto-estima, em suma adoeça. Esta breve análise sobre os números e as conseqüências da violência, nos leva agora a uma incursão sobre as causa deste polêmico tema. Descartamos de pronto, como querem fazer crer algumas Organizações e determinados segmentos da sociedade brasileira, que a principal causa da violência no Brasil, e quiçá a única, seria a questão social ou econômica. Por isso há uma tendência em ver o delinqüente como um ser abandonado e injustiçado pela sociedade. Sem dúvida a questão social é uma das causas da violência, porque a miséria, em si, já é uma violência contra o ser humano. Mas, a realidade é que 99% dos pobres são honestos e igualmente vítimas dos marginais. Diz o antropólogo Gilberto Velho, “A pobreza, a miséria e o desejo de consumo não são os únicos nem os principais fatores que motivam a violência. Eles não explicam, por exemplo, agressões cometidas por pessoas de nível social elevado ou os crimes hediondos”. Há crimes mais característicos das classes pobres e por serem mais visíveis, criam a falsa conexão entre violência e pobreza. Atualmente há dados que comprovam a mudança do perfil do infrator. Aumentou o número de delitos cometidos pelo delinqüente oriundo da classe média, notadamente pela geração “pode tudo”, a faixa etária entre 14 e 18 anos incompletos, a idade da impunidade. Os jovens das chamadas famílias bem-sucedidas, praticam os mesmos delitos dos jovens de níveis sociais baixos ou da periferia: furtos, roubos, assassinatos, estupros e tráfico de drogas. Meninos ricos e pobres estão no mesmo patamar. Um dado curioso, em São Paulo aumenta o número de meninas infratoras.
  • 13. 13 Para corroborar o nosso argumento contra a tese, de que a pobreza de parcela considerável da população brasileira é a causa da criminalidade que aterroriza o nosso povo e inviabiliza o convívio civilizado, citamos o homicida ou o delinqüente do trânsito, que a priori, em sua maioria, é da classe média ou alta. Enfatizo ainda de que as regiões mais violentas do Brasil não são necessariamente as mais pobres. As regiões centro-sul e sudeste, as mais desenvolvidas, é onde se concentram os bolsões de maior índice de criminalidade, entretanto o pobre Nordeste, a fora a violência da própria pobreza em si, conhece a criminalidade, a priori, praticada a partir das oligarquias locais. Portanto, não sendo a pobreza a causa determinante da criminalidade no Brasil, faremos uma incursão pelos meandros daquilo que consideramos a gênese da violência em nosso país. 1 - Durante o chamado regime militar deu-se muita ênfase no combate ao “crime ideológico”, ou político, descurando-se de certa forma do delinqüente comum. O despreparo das polícias para combater este tipo de criminoso veio se fazer sentir após a “abertura” e a partir do recrudescimento da criminalidade com a política do “coitadismo”, após a “Constituição Cidadã” de 1988. 2 - Por outro lado, por mais que não aceitemos discutir, por medo, por comodismo ou por omissão, é preciso repensar os meios de comunicação neste pais, principalmente os televisivos. Diz a Constituição Brasileira que as emissoras de TV devem dar preferência aos programas educativos, artísticos, culturais e informativos. Primar pelo respeito aos valores éticos da pessoa e da família. Entretanto, na realidade determinadas emissoras de televisão impingem a milhões de brasileiros, espetáculos grotescos, cenas de violência, mensagens destituídas de qualquer cunho cultural, formando opiniões, desinformando e idiotizando toda uma nação. O psicólogo alemão JO GROEBEL, que estuda a violência, diz: “Não é por acaso que os EUA têm a sociedade mais violenta do mundo, pois tem a maior dieta de violência televisiva”. E conclui: “Quanto mais desestabilizada é a estrutura da sociedade, mais forte é o impacto da violência mostrada na televisão. A origem da agressividade está na família e na sociedade, mas a brutalidade na tela serve para direcioná-la”. E os efeitos sobre as crianças são mais fortes porque elas estão em processo de formação. Daí o aumento assustador do número de menores infratores. Aliás os menores, hoje, são as cama- das mais atingidas pela escalada da violência, tanto como vítimas ou como autores. Em nome de uma pretensa liberdade de imprensa, a violência está presente nos lares brasileiros através da mídia televisada. Devo enfatizar de que a liberdade é um objetivo permanente do ser humano, mas ela só existirá com a contrapartida da responsabilidade. Infelizmente a TV brasileira salienta muito pouco os valores positivos do povo brasileiro, faz sobressair mais os aspectos lúdicos, sensuais, a esperteza, a malandragem, muito pouco ou nunca enaltece o trabalho como fator de sucesso e meta prioritária do ser humano. Assim firmamos a convicção de que a TV tem sua cota no aumento da violência em nosso país. É preciso repensá-la. 3 - A própria “Constituição Cidadã” de 1988, funciona como um dos incentivadores da delinqüência, pois só estabelece direitos para as pessoas, ninguém tem obrigações. Inclusive os bandidos são considerados cidadãos. Aliás, o Brasil é o único país do mundo onde bandido dá entrevistas e reivindica direitos. No Brasil é proibido proibir! 4- Pedimos vênia a MANSUR CHALLITA, “alguns elementos influenciam o homem rico ou pobre, conduzindo-o ao caminho da delinqüência, o
  • 14. 14 primeiro elemento é sua própria índole. Certas pessoas nascem com uma tendência norteada para o ilícito, independentemente da educação formal, idade, raça ou religião. Outro elemento é a lei. Se frouxa incentiva a índole perversa, se severa inibe-a, e inibe-a na medida de sua severidade”. Daí a nossa convicção de que as duas principais causas da violência no Brasil são a IMPUNIDADE e a VIOLÊNCIA TELEVISIVA. Beneficiados por uma legislação benevolente, por uma polícia despreparada e por um judiciário lento, a contravenção campeia solta. A certeza da impunidade estimula o indivíduo a delinqüir. Só a severidade da lei e a dureza das penas estancará o atual ciclo de violência que dilacera o tecido social brasileiro. Os cidadãos honestos podem e os maçons devem propor mudanças na Constituição Federal e na legislação penal. A Lei de Execuções Penais vigente estabelece uma verdadeira “colônia de férias” para os apenados. É preciso mudá-la. É preciso deixar de lado a hipocrisia e adaptarmos a CRFB, particularmente a legislação penal , `a realidade brasileira. Objetivamente propomos: - Retirar a alínea “b”, inciso XLVII, art. 5º, da CRFB, e acrescentar um novo inciso no mesmo art. 5º, com a seguinte redação: para os crimes hediondos, definidos em lei, a pena será de caráter perpétuo. - Mudar o art. 228 da CRFB baixando a responsabilidade penal para 15 ou 16 anos, ou a partir da compreensão do ato criminoso pelo infrator. - Mudar a legislação penal para permitir a aplicação de penas mais severas ao delinqüente do trânsito. - Redefinir os conceitos de: réu primário, liberdade condicional, indultos e crimes hediondos, não introduzindo atenuantes às penas aplicáveis ao latrocínio, seqüestro, estupro e tráfico de drogas, seguidos de morte. - Cumprir o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, particularmente os artigos 74 a 81 e artigo 149 quanto à freqüência a lugares públicos, uso de bebidas alcoólicas etc. - Aprimorar o Sistema Carcerário, quanto aos aspectos de segurança, para que o apenado cumpra efetivamente sua pena. O cárcere deverá ter a finalidade de penalizar o infrator bem como tira-lo de circulação pelo grau de periculosidade que representa para a sociedade. - Quanto à TELEVISÃO propomos que se cumpra a Constituição Federal. O art. 220, parágrafo terceiro diz, compete à Lei Federal: I – Regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada; II – Estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. - art. 221 A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I – Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II – Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
  • 15. 15 III – Regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV – Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Entretanto, sendo a televisão um meio de comunicação de massa, formador de opinião, e que influi no comportamento da sociedade, não deve permanecer sob o domínio de pessoas ou grupos, portanto sugerimos acrescentar na legislação: O poder concedente, a União, fará a concessão de canais de TV de tal maneira a evitar a concentração, que propicie a formação de monopólios ou oligpólios, excetuando-se o poder público. A TV quando particular deverá ser local ou no máximo regionalizada. Sugerimos encaminhar as propostas aqui elencadas para os seguintes Órgãos e Instituições: - Ministério da Justiça; - Ministério das Comunicações; - Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados - CONAR - Conselho Nacional de autoregulamentação da propaganda; - Juizado da Infância e do Adolescente; - Divulgar para todos os segmentos da sociedade no sentido de conscientizar o maior número de pessoas, enfatizando a urgência em implementar as medidas aqui propostas. É preciso ressaltar que a maioria da população ordeira desta nação, não pode, e nem é justo viver em permanente sobressalto a mercê daquelas minorias que se recusam a aceitar o jogo da vida como pessoas produtivas, ordeiras e civilizadas. Infelizmente diante da omissão de muitos e do descaso das autoridades e dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, o célebre poema do russo MAIAKOWKI, continua sempre atual: “Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor do nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam nas flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais covarde deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, estupra nossa filha e, conhecendo o nosso medo arranca-nos a voz da garganta. E, porque nunca dissemos nada, já não podemos dizer nada”! Vanderlino Horizonte Ramage Administrador/oficial Ref da Aeronáutica FONTES: - 4º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Olinda-PE – Jun/1994. Apresentado pela Antropóloga Maria Cecília Minayo e pela Epidemiologista Edimilde Ramos, ambas da Fundação Osvaldo Cruz-RJ. - Population Crisis Commitee – Whashington-EUA. - SSMA – Secretaria da Saúde e Meio Ambiente – RS. - Dados coletados na Imprensa, particularmente nos jornais de maior circulação no país.
  • 16. 16 O Que é a Transdisciplinaridade: Ir João Ivo Girardi Blumenau - SC Parte I: O termo é novo, mas a atitude transdisciplinar acompanha o homem desde a sua origem. Por ser o homem produto da natureza biofísica e cósmica, essa mesma natureza que sempre se comportou de forma transdisciplinar, o homem traz na sua estrutura esse modo de se inserir e evoluir no ambiente peculiarmente constituído por essa conjuntura cósmica e planetária. O atual modo de raciocinar, sentir, organizar é direcionado pelo meio no qual nos desenvolvemos e nos transformamos em seres humanos. A sociedade nos configura com a predominância atual do cartesianismo. O cartesianismo (Descartes passou a organizar todo o sistema social e educacional e conformou o Modo de Pensar homens nos últimos 400 anos. As estruturas e normas universitárias por longos anos têm se apoiado nos princípios cartesianos (fragmentação, descontextualização, simplificação, redução, objetivismo e dualismo). Esse modo cartesiano de ser direciona o olhar das pessoas, exclusivamente para o que é objetivo e racional, desconsiderando a dimensão da vida e da cotidianeidade: a emoção, o sentimento, a intuição, a sensibilidade e a corporeidade. A identidade do homem é construída a partir das profissões estabelecidas na modernidade. A identidade dos jovens é formatada nas parcelas do conhecimento com uma cultura, linguagem e leituras pertinentes a tais parcelas e não estimula abertura e diálogos entre as diversas profissões. Nas universidades se organizam, anualmente, as semanas do biólogo, do agrônomo, etc., mas não existe a semana do diálogo entre os diversos profissionais, a semana do homem. Incentiva-se a identidade parcelada, segundo o molde cartesiano. Assim, se diz eu sou biólogo, ou físico, agrônomo, veterinário, zootecnista, sociólogo, filósofo, economista, etc. Ser professor é uma identidade menosprezada, mas ser biólogo é uma identidade valorizada. A disciplinaridade se sobrepõe a transdisciplinaridade, a visão articulada do conhecimento. Na vida, somos todos transdisciplinares, mas quando colocamos os pés nas salas de aula, somos disciplinares. Apesar de o currículo dos cursos contemplarem um leque de disciplinas de outras áreas (multidisciplinaridade), muitas vezes como disciplinas optativas, a estrutura disciplinar impede que os respectivos docentes se articulem e articulem seus conhecimentos. Alguns até dizem esta disciplina é minha e não admito interferências de outros especialistas. E os alunos, reféns dessa estrutura/atitude, saem com as cabeças bem cheias de uma variedade de informações, justapostas, sem saber articulá-las com vistas a terem cabeças bem feitas. Os problemas da vida resolvem-se com um pensar transdisciplinar, mas os problemas do conhecimento tendem a seguir um raciocínio cartesiano de objetividade, linearidade e descontextualização. Pedro Álvares Cabral não teria chegado ao Brasil se não tivesse a capacidade de estabelecer relações entre os diferentes saberes da época, aplicando um pensar transdisciplinar e se 5 - "O que é a transdiscip0linaridade" - da obra do Ir João Ivo Girardi "Vade-Mecum do Meio à Meia-Noite"
  • 17. 17 não tivesse a coragem de desafiar as incertezas e as crendices de fim do mundo. A natureza não é linear. A linearidade é uma lente construída pela lógica clássica, faz parte, mas a natureza tem uma lógica complexa. O predomínio da disciplinaridade aprofundou os conhecimentos específicos e deu condições ao desenvolvimento das ciências e ao progresso tecnológico que hoje desfrutamos. Mas se pensarmos no rumo da humanidade, conduzido pelas ciências disciplinares, perceberemos o seu aspecto desumano e a miopia do Modo de Pensar disciplinar. A história humana está repleta dessa miopia. Destacando os fenômenos mais marcantes, temos a bomba atômica e Auschwitz; mais recente, o 11 de setembro. As diferentes raças e culturas não têm o mesmo direito de habitar o planeta terra? Não é da responsabilidade de cada geração da espécie humana de preservar o planeta para as gerações futuras? Edgar Morin (2000) diz que um especialista que somente é especialista é um perigo para o mundo e para a humanidade. A ciência especializada não explica a vida. Esta só adquire sentido ao ser contextualizada através de todos os saberes acumulados, reconhecendo o direito de cada ser humano, qualquer que seja sua verdade, religião, sexo, cultura e raça de existir e habitar este planeta, convivendo e contribuindo, respeitando e sendo respeitado pelas diferenças individuais e grupais. Esta mudança de atitude, no nível local das comunidades universitárias, começa com o sentimento de Tolerância e Abertura ao lidar com as diferenças humanas. São palavras de Paulo Freire: amar o igual é amar a si próprio, o desafio está em amar o diferente. A transdisciplinaridade é a busca do sentido da vida através de relações entre os diversos saberes (ciências exatas, humanas e artes) numa democracia cognitiva. Nenhum saber é mais importante que outro. Todos são igualmente importantes. Niels Bohr (prêmio Nobel de Física em 1975) já dizia: O problema da unidade do conhecimento é intimamente ligado à nossa busca de uma compreensão universal, destinada a elevar a cultura humana. Parte II: A transdisciplinaridade é uma nova abordagem científica e cultural, uma nova forma de ver e entender a natureza, a vida e a humanidade. Ela busca a unidade do conhecimento para encontrar um sentido para a existência do Universo, da vida e da espécie humana. Se a Ciência Moderna significou uma mudança radical no Modo de Pensar dos homens medievais, a transdisciplinaridade, hoje, sugere a superação da mentalidade fragmentária, incentivando conexões e criando uma visão contextualizada do conhecimento, da vida e do mundo. A disciplinaridade retirou o sentido da vida preenchendo-o com valores de adaptação ao sistema em voga. A educação moderna não se ocupa de desenvolvimento integral dos jovens. Simplesmente prioriza a dimensão racional tratando de dotá- los do necessário para integrar-se e dar continuidade ao sistema. Ao dicotomizar o sujeito do objeto, o ser do saber, considera os fenômenos da subjetividade como a emoção, o sentimento, a intuição, a sensibilidade como sendo um aspecto de segunda categoria, fonte de erros no dizer de Descartes. Mas a própria globalização vem indicando uma nova forma de educar os jovens, sugerindo o resgate dessa dimensão omitida ao longo da modernidade. A transdisciplinaridade reivindica a centralidade da vida nas discussões planetárias, propondo mudança no sistema de referência e se apóia em três exigências: 1) considerar vários níveis de realidade; 2) trabalhar com a lógica do Terceiro Termo Incluído; e 3) abranger a visão da complexidade dos fenômenos. Vários níveis de realidade. O paradigma da modernidade vem se revelando insuficiente devido à compartimentação do conhecimento. No estudo do ser humano, o homem é estudado no departamento de biologia, como um ser anatômico, fisiológico e também é estudado nos diversos departamentos das ciências humanas e sociais. Estuda-se o cérebro como órgão biológico e estuda-se o espírito, como função ou realidade psicológica. Cada qual com um quadro conceitual específico e diferenciado. A simples soma desses estudos especializados não nos diz o que é homem. O homem não é simplesmente a soma das partes estudadas pelas disciplinas singulares. Na relação das partes com o todo, a articulação é que faz a diferença e isso inexiste como foco central na estrutura disciplinar. A transdisciplinaridade é a tentativa de construção de uma conceituação multidimensional, considerando vários níveis de realidade. A vida existe na relação com o meio ambiente, com o todo. Lógica do Terceiro Termo Incluído. Os problemas complexos não se resolvem com a lógica clássica do falso e do verdadeiro, do é ou não é. Exigem uma
  • 18. 18 terceira lógica, a da complementaridade dos opostos. Por exemplo, no nível do quantum, onda e corpúsculos formam uma unidade. A unidade se dá pela tensão entre ambos e o que parecia contraditório num determinado nível, noutro não é. E os opostos não são eliminados, eles continuam existindo. Esta lógica não abole a lógica aristotélica do sim e do não. Apenas não mais se considera a existência de somente dois termos e, sim, três; um terceiro que é o Terceiro Termo Incluído. A lógica do Terceiro Termo Incluído permite cruzamento de diferentes olhares, construindo-se um sistema coerente e sempre aberto, o que nos permite compreender, principalmente, os fenômenos sociais e políticos. A lógica aristotélica justifica a exclusão do diferente, dando lugar ao fundamentalismo, ao racismo e ao cientificismo, bem como separa o bem do mal. Por isso se diz que a transdisciplinaridade está entre, através e além das disciplinas (Basarab Nicolescu, 1999). A transdisciplinaridade transgride as fronteiras epistemológicas de cada ciência disciplinar e constrói um novo conhecimento através das ciências, um conhecimento integrado em função da humanidade, resgatando as relações de interdependência, pois a vida se constitui nas relações mantidas pelo indivíduo com o meio ambiente. Complexidade dos fenômenos. Reconhecer a complexidade intrínseca aos fenômenos. A vida se manifesta na complexidade das relações que são estudadas separadamente pelas ciências, ciências exatas, biológicas e humanas. A interdependência é um princípio que sustenta a vida nesse planeta. Negar a interdependência entre Ciência e Cultura significa negar o sujeito, desvanecendo o sentido da vida. A transdisciplinaridade é a dissolução dos discursos homogeneizantes na ciência e na cultura. O diálogo entre os estudiosos constitui uma prática necessária ante a deterioração do mundo sob o domínio da fragmentação e objetividade do conhecimento que omite e desencanta a vida. O compartilhamento universal do conhecimento não poderá ocorrer sem a autotransformação apoiada no sentimento de tolerância e abertura. No diálogo, a tolerância é o reconhecimento do direito às idéias e verdades contrárias às nossas (art.14 da Carta da Transdisciplinaridade, Convento de Arrábia, Portugal, 2 a 6 de novembro de 1994). Tolerância e abertura são duas atitudes imprescindíveis no diálogo entre os diferentes saberes, as diferentes culturas, as diferentes teorias e os diferentes modos individuais de ser. (Akiko Santos). 2. Carta de Transdisciplinaridade: (Adotada no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, Convento de Arrábida, Portugal, 2/6 novembro 1994. Preâmbulo: Considerando que a proliferação atual das disciplinas acadêmicas conduz a um crescimento exponencial do saber que torna impossível qualquer olhar global do ser humano; Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da dimensão planetária dos conflitos atuais poderá fazer frente à complexidade de nosso mundo e ao desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual de nossa espécie; Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia; Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujas conseqüências sobre o plano individual e social são incalculáveis; Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na história, aumenta a desigualdade entre seus detentores e os que são desprovidos dele, engendrando assim desigualdades crescentes no seio dos povos e entre as nações do planeta; Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados possuem sua contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode conduzir a uma mutação comparável à evolução dos humanóides à espécie humana; Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Convento de Arrábida, Portugal 2/6 de novembro de 1994) adotaram o presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios fundamentais da comunidade de espíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo signatário deste Protocolo faz consigo mesmo, sem qualquer pressão jurídica e institucional. Artigo 1º) Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas
  • 19. 19 quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar. 2º) O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regidos por lógicas diferentes é inerente à atitude transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade. 3º) A transdisciplinaridade é complementar à aproximação disciplinar: faz emergir da confrontação das disciplinas dados novos que as articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas aquilo que as atravessa e as ultrapassa. 4º) O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta por um novo olhar, sobre a relatividade definição e das noções de definição e objetividade. O formalismo excessivo, a rigidez das definições e o absolutismo da objetividade comportando a exclusão do sujeito levam ao empobrecimento. 5º) A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual. 6º) Com a relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade é multidimensional. Levando em conta as concepções do tempo e da história, a transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte trans-histórico. 7º) A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia, uma nova metafísica ou uma ciência das ciências. 8º) A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e planetária. O surgimento do ser humano sobre a Terra é uma das etapas da história do Universo. O reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de um pertencer duplo - a uma nação e à Terra - constitui uma das metas da pesquisa transdisciplinar. 9º) A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar. 10º) Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural. 11º) Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no conhecimento. Deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da imaginação, da sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos. 12º) A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundada sobre o postulado de que a economia deve estar a serviço do ser humano e não o inverso. 13º) A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o diálogo e a discussão, seja qual for sua origem - de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política ou filosófica. O saber compartilhado deverá conduzir a uma compreensão compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida comum sobre uma única e mesma Terra. 14º) Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em conta todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às idéias e verdades contrárias às nossas. Artigo final: A presente Carta Transdisciplinar foi adotada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que visam apenas à autoridade de seu trabalho e de sua atividade. Segundo os processos a serem definidos de acordo com os espíritos transdisciplinares de todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressistas de ordem nacional, internacional para aplicação de seus artigos na vida. Convento de Arrábida, 6 de novembro de 1994. Comitê de Redação: Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu. 3. Uma Visão Transdisciplinar da Maçonaria: O artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil nos leva a uma série de investigações pessoais, podendo afirmar, na mais moderna doutrina européia vigente, que o texto é
  • 20. 20 transdisciplinar. Antes de analisarmos o conceito de transdisciplinaridade e aplicarmos à Maçonaria, transcreveremos o art. 1º, para que possamos entender o alcance do tema em questão. A Maçonaria é uma Instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. Seus fins supremos são: Liberdade - Igualdade - Fraternidade. Diante da assertiva de ser a Maçonaria iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista e, ainda, por proclamar a prevalência do espírito sobre a matéria, temos um elenco, não excludente, de natureza filosófica. A transdisciplinaridade é um movimento nascido no Século XX, inicialmente por alguns pesquisadores, como Piaget, mas relegado ao esquecimento. Às portas do Século XXI se dá um novo grito de alerta ao tratamento global, ou se preferirem, holística do mundo. O historiador português Jorge de Matos, em sua obra O Pensamento Maçônico de Fernando Pessoa, ao traçar o perfil psicológico maçônico de um profano tendente a ingressar na Ordem, excertando Antônio Telmo, traduz: É essencial, em primeiro lugar, que o profano seja, de índole e mentalidade, um simbolista, isto é, um indivíduo para quem os símbolos são coisas, vidas, almas, e para quem paralela e conversamente, as coisas e os homens tenham, em certo modo, a vida irreal e analógica dos símbolos. Esta espécie de índole e mentalidade é rara, raríssima. Por símbolo, podemos extrair, com tranquilidade, a definição de SÍMBOLO: s.m. Tudo aquilo que comunica um fato ou uma idéia, ou que representa um objeto. - Alguns símbolos, como bandeiras e sinais de trânsito, são visuais. Outros, entre os quais a música e as palavras faladas, envolvem sons. Os símbolos figuram entre as invenções humanas mais antigas e fundamentais. Quase tudo pode ser um símbolo. As letras do alfabeto, por exemplo, são símbolos dos mais importantes, pois constituem a base de quase todas as comunicações escritas. Os gestos e os sons produzidos pelos seres humanos também simbolizam idéias ou sentimentos. Um símbolo pode ser utilizado isoladamente, ou em combinação com outros símbolos. Emprego dos Símbolos. Os indivíduos, as nações e as organizações valem-se de símbolos todos os dias. Os símbolos desempenham também um grande papel na vida religiosa. Povos de todas as partes do mundo convencionaram aceitar determinados símbolos como elementos de síntese para o registro e a recordação de informações. Cada ramo da ciência, por exemplo, tem o seu próprio sistema de símbolos. Um desses ramos, a astronomia, usa uma coleção de velhos símbolos para identificar o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas. Em matemática, as letras gregas e mais outros símbolos formam uma linguagem resumida. Vários símbolos são utilizados em campos como o comércio, a engenharia, a medicina e os transportes. Desde a década de 1930 muitas nações resolveram trabalhar juntas para criar um sistema de sinais de tráfego que pudessem ser reconhecidos universalmente. Todos os países têm símbolos nacionais oficiais e não oficiais. Uma bandeira, um hino nacional, ou mesmo uma personalidade nacional podem simbolizar uma nação. A maior parte das religiões usa símbolos para representar suas crenças. A cruz simboliza não apenas a morte de Jesus Cristo, como também a crença cristã. A estrela de Davi representa os ensinamentos do judaísmo. As forças armadas de uma nação usam símbolos para identificar seus vários ramos e a posição hierárquica dos indivíduos a seu serviço. Artistas plásticos e escritores usam, por vezes, cores, imagens ou palavras para exprimir simbolicamente suas idéias ou sentimentos. Muitos rituais têm natureza simbólica. Tais atos simbólicos incluem coroações, inaugurações, saudações militares e sacramentos religiosos. Símbolos com Diferentes Significados. Diferentes grupos sociais podem usar os mesmos símbolos, mas estes símbolos podem representar coisas diferentes. Em muitas sociedades, por exemplo, a cor vermelha simboliza guerra e violência. Todavia, essa cor pode apresentar outros significados. Na China, o vermelho representa o casamento. O vermelho simboliza a vida na religião xintoísta do Japão, mas, na França, representa as escolas de direito. Um símbolo tem apenas o significado que os indivíduos lhe outorgam. Mesmo um símbolo poderoso pode perder seu significado, se a sociedade o desonra ou o ignora por um determinado período de tempo. Na história antiga, muitos
  • 21. 21 consideraram a cruz suástica como amuleto de boa sorte. Em 1920, porém, o Partido Nazista da Alemanha adotou-a como seu símbolo. A suástica passou, então, a representar a tentativa nazista de conquistar a Europa. Hoje em dia, é um dos mais odiados símbolos da história. Diante desta primeira análise filosófica acerca do simbolismo, derivada do pensamento maçônico de Fernando Pessoa, pensamento este, aliás, embutido no conceito de Instituição essencialmente iniciática e, por esta razão, por um princípio de hermenêutica, com características esotéricas, quando o termo expressa a qualificação dada, nas escolas dos antigos filósofos, à sua doutrina secreta. /Incompreensível às pessoas não iniciadas: linguagem esotérica. Os símbolos das sociedades iniciáticas somente são acessíveis e, por sua vez, inteligíveis, aos iniciados. O símbolo tradicional é vivo, operacional e perpetuamente eficaz. Os símbolos psicanalíticos, matemáticos, surrealistas, revolucionários, etc., operam unicamente de uma forma adaptada a uma determinada situação, e a sua vida tem a mesma duração que as teorias que lhe deram origem. Assim, por exemplo, como excertado da Enciclopédia Koogan-Houssais, um símbolo pode ter mais de uma definição de acordo com o momento em que é usado, valendo lembrar a suástica. A suástica, na realidade, é a denominada cruz temporal, formada por quatro esquadros dos oito raios da roda. A cruz, na realidade, significa centro indefinido, o espaço físico contém as manifestações corporais dos seres existentes, incluindo os objetos inanimados. Diante desta análise, se tem a cruz como verdadeiro símbolo religioso e, desta forma, jamais poderia ser confundido com um movimento fascista, como o caso do nazismo. No entanto, o símbolo deve ser analisado de acordo com o momento em que foi concebido. neste ponto, para alcançarmos o fim a que se destina este trabalho, encaramos a definição de transdisciplinaridade: A transdisciplinaridade, como prefixo „trans‟ indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento. E, sem medo de errar, podemos afirmar que a Maçonaria é uma escola inesgotável de ensinamento, acrescentando, neste momento, as palavras evolucionista e progressista. A filosofia, enquanto técnica especulativa e, portanto, sempre em mutação, não pode estar alheia aos movimentos modernos do pensamento humano. A filosofia, assim como a história, não é estática. Acoplamos, assim, aos conceitos elencados no artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, a sua segunda parte, que afirma deve a Maçonaria pugnar pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade. Diante dos termos analisados, assim como a própria essência da Maçonaria, ela é transdisciplinar em sua essência. A busca constante da verdade está, ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Interessante destacar o texto de Claude Saliceti: Le projet humaniste et maçonique à la fois individualiste et universaliste d‟acocomplissement personnel et d‟acord de tous lês humains sur dês valeurs et dês finalités éthiques communes ne peut, nous l‟avons vu, faire sans danger l‟impasse sur les notions de vérité et de sens, et sur la possibilite de lês concilier avec celles de liberte et de raison. Em seu texto, continua afirmando a dificuldade de associar e interagir as diversas facções do pensamento humano, o que ocorre, sistematicamente, na Ordem Maçônica, diante da liberdade de expressão. Concluímos, assim, com a trilogia de LIBERDADE - IGUALDADE - FRATERNIDADE. A liberdade encerra um dos princípios da transdisciplinaridade, enquanto a mesma é individualista. A individualidade - distinção muito bem traçada pela transdisciplinaridade - é diversa do egoísmo, que não combina com os princípios máximos da Maçonaria. O egoísta é egocêntrico e, por esta razão, jamais conseguirá viver em uma sociedade onde se prega a igualdade, posto que, ainda que diferentes em pensamentos, todos são iguais em essência e esta é a razão máxima da FRATERNIDADE. Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Aarão, e desce para as golas de suas vestes. É como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião. Ali Ordena o Senhor a Sua bênção, E a vida para sempre. (Do livro Maçonaria Mística, José Carlos de Araújo Almeida Filho, 2000).
  • 22. 22 O presente bloco é produzido pelo Ir. Pedro Juk. Loja Estrela de Morretes, 3159 Morretes - PR salmo 133 ou joão Questão apresentada pelo Irmão Marcelo Tieböhl Guazzelli, Aprendiz Maçom da Loja Fraternidade VII, REAA, Grande Oriente do Rio Grande do Sul (COMAB), Oriente de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul. mguazzelli@agrale.com.br Troquei alguns e-mails com o Irmão Aquilino Leal que escreve na Folha Maçônica e foi dele a sugestão de que eu lhe fizesse esse questionamento. Assim, de posse do seu endereço tomei a liberdade de escrever-lhe. Como Aprendiz, tenho muitos questionamentos e dúvidas que não são respondidas pelos Mestres e, apesar de ler muito, também não encontro às respostas nos livros. Ultimamente tenho uma dúvida, boba confesso, que está me atormentando. No nosso Manual consta que na abertura do Livro da Lei deve ser lido João 1, 1-5 (No princípio era o verbo...). Assim também afirma José Castellani (infelizmente não anotei em qual obra eu li isso, porém tenho certeza que ele afirma categoricamente, dizendo que qualquer outra invenção é bobagem e que o Rito Escocês assim determina). Porém, ao ler “Os Painéis da Loja de Aprendiz” de Rizzardo Da Camino, o mesmo afirma na página 128 que é prematuro iniciar os trabalhos para Aprendizes com palavras tão místicas e entende ser mais coerente o Salmo 133, um louvor ao amor fraterno, mais condizente com a Maçonaria. Devo confessar que meus esforços para polir a pedra bruta nesse momento independem e não percebo como podem ser afetados pelo texto A ou B ou C. Parece-me, fazendo uma análise dentro das minhas capacidades que Castellani é conservador e Camino um pouco mais liberal (mas não sempre, vide sua crítica na mesma obra a postura desleixada de alguns ao fazer o sinal). Apenas isso. 6 - Perguntas & Respostas
  • 23. 23 Dentro das suas possibilidades de tempo e não atrapalhando seu dia-a-dia, apreciaria muitíssimo sua opinião a respeito deste assunto CONSIDERAÇÕES: É tradicional e verdadeira a abertura do Livro da Lei no Grau de Aprendiz no Rito Escocês Antigo e Aceito em João, Cap. 1, versículos 1 a 5. Essa sugestiva abertura tem o desiderato de indicar ao Primeiro Grau a prevalência da Luz sobre as trevas - (...) “e as trevas não a compreenderam”. É oportuno salientar que nem todos os ritos maçônicos ou trabalhos do Craft fazem leitura de trecho do Livro da Lei na abertura dos trabalhos maçônicos. Assim, a leitura não é uma prática universal. Infelizmente, aqui no Brasil existe o equivoco em algumas Obediências de perpetrar na abertura do Livro da Lei a leitura do Salmo 133, prática essa sem qualquer tradição no Rito Escocês. À bem da verdade o Salmo 133 nem mesmo faz parte de leitura de abertura, senão de uma passagem ritualística na iniciação das Lojas Azuis Norte Americanas (Craft Americano), comumente chamado de Rito de York (não confundir com o Trabalho de Emulação do Craft Inglês, equivocadamente aqui também chamado de York). Provavelmente o costume do Salmo, fora adquirido por ocasião da busca de reconhecimento nas Grandes Lojas Americanas, quando da fundação em 1.927 das Grandes Lojas Estatuais no Brasil. As Grandes Lojas Americanas praticam o Craft Americano e aí, dentre outras práticas, essa acabou fazendo parte enganosamente do Rito Escocês Antigo e Aceito espalhando-se por algumas Obediências Maçônicas no nosso País. No tocante ao que disse o saudoso Irmão Castellani, ele estava correto ao defender a tradição, ao contrário do outro autor que achava mística e prematura o uso do procedimento correto. A questão não é do místico nem do prematuro, porém a expressão da Verdade. As Lojas de São João ganharam esse título ao longo da história, quando os Canteiros Medievais, no período ainda Operativo e posteriormente o Especulativo – Séculos XIV e XV – quando ainda não existiam ritos maçônicos, senão os arremedos dos primeiros catecismos, ao admitirem um Aprendiz do ofício, este prestava a sua obrigação, por influência da igreja, sobre o evangelho de São João. À época, a Bíblia era propriedade da Igreja, além da inexistência da imprensa, os escritos ocupavam um imenso volume difícil de ser conduzido. Assim adquiriu-se o costume se escrever em uma folha de papel o título “Evangelho de São João” onde o recipiendário prestava a sua obrigação. Obviamente não havia leitura de texto, porém as confrarias de construtores geralmente se reuniam nas datas solsticiais – verão para rever e marcar os planos da Obra, iniciar novos membros e, no inverno, para fazer as medições, pagar os obreiros, etc. Assim os solstícios de verão 24 de junho e inverno 21 de dezembro (hemisfério norte) viriam a
  • 24. 24 coincidir com as datas comemorativas dos Santos padroeiros – João, o Batista, e João, o Evangelista respectivamente. O Rito Escocês Antigo e Aceito, fundado em 1.801, teria o seu primeiro ritual simbólico em 1804 na França. Ao longo do Século XIX esse ritual receberia aperfeiçoamentos e práticas hauridas dos antigos Canteiros, dentre outras, a abertura do Livro da Lei em João, Capítulo I, versículos 1 a 5, alusivos às ditas antigas Lojas de São João. Há que se notar que o arcabouço doutrinário do Rito Escocês é embasado na investigação da Natureza (o movimento diário e anual do Sol, seus solstícios e equinócios, as Colunas Zodiacais, as Colunas do Norte e do Sul, os pilares solsticiais ou Colunas B e J, etc.). Já sobre o Salmo 133 revendo obras espúrias, fragmentos, antigos catecismos, revelações e outros elementos primários de pesquisa, não aparece como marco de abertura e citação litúrgica e alegórica importante, senão na passagem ritualística de iniciação do Craft Americano organizado por Thomas Smith Web com base os Antigos de 1.751 de Lawrence Dermott na Inglaterra. Assim, por primeiro a questão não é de ser prematura ou mística, porém de realidade doutrinária. Por segundo, a questão também não é de se pesquisar em rituais passados e publicados no Brasil confundindo-os por documentação primária como fazem “certos articulistas” que se acham doutos apenas por copiarem e citarem erros de textos ritualísticos ultrapassados. Nesse sentido, devo salientar que a questão é complexa e merece uma atenção acadêmica minuciosa, ponderada e qualificada. Por fim, independente do escrito e indicado, os rituais legalmente aprovados e em vigência devem ser rigorosamente respeitados. Cumprir um ritual não é questão de identificar o certo ou o errado, porém é de boa geometria identificar a contradição, ou o equívoco para propor uma posterior correção que se identifique com a razão dos fatos T.F.A. Pedro Juk - jukirm@hotmail.com - abril/2013 Na dúvida pergunte ao JB News ( jbnews@floripa.com.br ) que o Ir Pedro Juk responde ( jukirm@hotmail.com ) Não esqueça: envie sua pergunta identificada pelo nome completo, Loja, Oriente, Rito e Potência.
  • 25. 25 Templo “Obreiros da Paz” em Canasvieiras, Florianópolis, que há oito anos abriga a Loja Templários da Nova Era, cuja Sessão desta quinta feira 11/07/2013 terá a seguinte Ordem do Dia: HORÁRIO. . . . . . 20:00 Horas GRAU. . . . . . . . . A.'.M.'. TRAJE . . . . . . . . Terno ou Balandrau ORDEM DO DIA: 1. Palestra sobre a história da Loja e Comemoração de Aniversário da Loja 2. Assuntos diversos 7 - destaques jb
  • 26. 26 Loja Professor Otávio Rosa Sábado (13) às 10h00, Sessão Magna de Iniciação na Loja Professor Otávio Rosa. A cerimônia será no Templo localizado na Fazenda Paraíso da Serra, São Pedro de Alcântara. Chegou! - "Revérbero Maçônico", Informativo bimestral da ABRLSM 21 de Abril nr. 3, Nr. edição nr. 39 março/abril de 2013 do Grande Oriente da Paraíba. GOPB - da Editora Maçônica A Trolha, o livro do mês. Interessante obra maçônica intitulada "Instrucional Maçônico" em Grau de Mestre, com 304 páginas, de autoria do Ir. Tito Alves de Campos. Rádio Sintonia 33 & JB News- Música, Cultura e Informação o ano inteiro. Rede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal Acesse o site abaixo e fique com a boa música 24 horas no ar. www.radiosintonia33.com.br Rede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal
  • 27. 27 Andy Cripe Masons pray during a ceremony Saturday afternoon celebrating the 100th anniversary of Corvallis Lodge Maçons orando durante uma tarde de cerimônia de sábado comemorando o 100 º aniversário de Corvallis número Lodge 14 do edifício na esquina da Third Street e Madison Avenue. (Andy Cripe | Corvallis Gazette-Times) 22 horas atrás • Por Joce DeWitt Corvallis Gazette-Times (1) Comentários As festividades incluem uma visita ao templo
  • 28. 28 1 - Por una cabeza https://www.youtube.com/watch_popup?v=zOjOLXkvSQA 2 - Ora, aqui está uma iniciativa para se aplaudir de pé. Aconteceu na Rua das Portas de Santo Antão: http://www.youtube.com/watch?v=K1YThf3yhQo