O documento descreve vários eventos da corte portuguesa no século 18, incluindo o casamento dos infantes, as lições de piano da infanta Maria Bárbara, e a celebração do batismo da infanta Maria Bárbara.
2. Cumprimento de deveres conjugais na
relação rei/rainha (EVO)
A relação conjugal resume-se a um
único objetivo: dar um herdeiro à
coroa. Não existe nenhum
envolvimento afetivo entre o rei e a
rainha.
O rei cumpre “vigorosamente” o seu
dever de marido e vai ao quarto da
rainha duas vezes por semana a fim de
concretizar o seu dever de rei.
Porém, a “devota parideira” é já
culpabilizada por “mais de dois anos”
de esterilidade pois “que caiba a culpa
ao rei, nem pensar, (…) porque
abundam no reino bastardos da real
semente...”
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3. Cunhado seduz Rainha
“... E o mato cheira como dantes, assim fica o infante
D.Francisco sozinha em Lisboa, fazendo corte, e já começa urdir
a trama e a teia, deitando contas à morte do irmão e à sua
própria vida, Se desta melancolia, que tão gravemente
atormenta sua majestade, não houver remédio, e quiser Deus
que tão cedo lhe acabe a vida terrenal para mais cedo
principiar a eterna, ...,casando nós em boa e canónica
forma, que por méritos de homem posso garantir que não sou
menos que meu irmão, ora essa, Ora essa, que conserva
imprópria de cunhados, el-rei ainda está vivo ... Adoeceu tão
gravemente el-rei, morreu os sonhos de D. Maria Ana, depois el-
rei sarará, mas os sonhos da rainha não ressuscitarão.”
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Capitulo X
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4. Rei com uma relação secreta com a Madre Paula
“... Paula quando se despe, talvez ciumento de se
ver roubado desta esposa, flor de claustro
perfumada de incenso, carne gloriosa, mas
enfim, depois eu saio e lá fica, se emprenhou, o filho
é meu, não vale a pena mandar anunciar outra
vez,..., não há como os reis para as terem, as
ideias, senão reinariam, virem as freiras de Odivelas
cantar o Bendito ao quarto de Paula quando
estivermos deitados, antes, durante e
depois, amen.”
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Capitulo XIII
Pág. 213
5. Celebração do batizado da infanta Maria
Bárbara (SOARES)
“Foi a princesa a batizar, em dia de Nossa
Senhora do Ó, ..., com todo o paço e
capela real armados de panos e ouros, e a
corte ajoujada de galas, ..., enfaixada de
linhos, franzida de laços, escorrida de fitas, e
atrás do pálio a nomeada aia, que é a
condessa de Santa Cruz velha, ..., enfim
meia dúzia de marqueses e o duque
filho, que trazem as insígnias da toalha, do
saleiro, do óleo...”
“Sete bispos a batizaram, eram como sete
sóis de ouro e prata nos degraus do altar-
mor, e ficou a chamar-se Maria Xavier
Francisca Leonor Bárbara...”
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Capítulo VII
Pag. 96/97
6. Infante D. Pedro (CARINA)
Nascimento Funeral
“Entretanto, nasceu o infante D.
Pedro, que por vir segundo só teve
quatro bispos a batizá-lo, mas ficou
a ganhar por ter sido parte no
batismo o cardeeal, que ao tempo
da sua mana ainda não havia, e
veio notícia de que no cerco de
Campo Maior morreram muitos
soldados inimigos e poucos dos
nossos...”
“...donos da casa que receberá o
menino morto de desmame, privilégio
que os frades muito, como mereceram o
convento que vai ser construído na vila
de Mafra, onde há menos de um ano foi
enterrado um rapazito de quem não
chegou a averiguar-se o nome e que
levou acompanhamento completo, iam
os pais, e os avós, e os tios, outros
parentes, quando o infante D. Pedro
chegar ao céu e souber destas
diferenças, vai ter um grande desgosto.”
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Capítulo VIII
Pág.115
Capítulo X
Pág.144/145
7. Lição de piano da menina
Está a menina sentada ao cravo, tão novinha ainda não fez nove
anos e já grandes responsabilidades lhe pesam sobre a redonda
cabeça, aprender a colocar os dedinhos curtos nas teclas
certas, saber, se o sabe, que em Mafra se está construindo um
convento, muito verdade é o que se diz, pequenas causas, grandes
efeitos, por nascer uma criança em Lisboa levanta-se em Mafra um
montanhão de pedra e vem de Londres contratado Domenico
Scarlatti.
À lição assistem as majestades, em pequeno estado, umas trinta
pessoas, se tanto, contando os camaristas de semana dele e
dela, aias, açafatas várias, mais o padre Bartolomeu de Gusmão, lá
para trás, e outros eclesiásticos.
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8. Il maestro vai corrigindo a digitação fá lá dó, fá dó lá, sua alteza
apura-se muito, morde o beicinho, nisto não se distingue de qualquer
criança, em paço nascida, ou noutras passagens, a mãe disfarça
uma certa impaciência, o pai está real e severo, só as
mulheres, tenros corações, se deixam embalar pela música, e pela
menina, mesmo tocando ela tão mal, nem admira, que esperaria D.
Maria Ana, milagres, ainda agora está no princípio, il signor Scarlatti só
chegou há poucos meses, e por que hão-de estes estrangeiros tornar
os nomes difíceis, se tão pouco custa descobrir que é Escarlate o
nome deste, e bem lhe fica, homem de completa figura, rosto
comprido, boca larga e firme, olhos afastados, não sei que têm os
italianos, e então este, em Nápoles nascido há trinta e cinco anos, É a
força da vida, mana.
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9. Descrição do casamento dos infantes
(MONTES)
Dº João V + Dª Maria Ana
Em Lisboa, houve preparações
extraordinárias para a Bênção
Nupcial, em 28 de Outubro, com
arcos de triunfo, enorme
magnificência.
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10. Maria Bárbara + Fernando VI de Espanha
D. Maria Bárbara tem 17 anos, “cara de lua cheia, bexigosa, (…)
mas é uma boa rapariga, musical”
Príncipe Fernando VI tem 15 anos “e de rei pouco mais terá que
o nome”
Porém, ainda se encontram famílias felizes.
A real de Espanha é uma.
A de Portugal é outra.
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11. Casam-se filhos daquela com filhos desta, da banda deles vem
Mariana Vitória, da banda nossa vai Maria Bárbara, os noivos são o
José de cá e o Fernando de lá, respectivamente, como se costuma
dizer.
Não são combinações do pé para a mão, os casamentos estão feitos
desde mil setecentos e vinte e cinco.
Muita conversa para a conversa, muito embaixador, muito regateio,
muitas idas e vindas de plenipotenciários, discussões sobre as
cláusulas dos contratos de matrimónio, as prerrogativas, os dotes das
meninas, e não podendo estas uniões ser feitas à ligeira, nem à porta
do talho, onde grosseiramente se diz que são combinados os
amiganços, só agora, quase um lustro passado, se fará a troca das
princesas, uma a ti, outra a mim.
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12. José I + Mariana Vitória
Mariana Vitória “ uma garotinha de onze anos” que já esteve
para se casar com Luís XV de França e foi “devolvida”;
Príncipe D. José com 15 anos.
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13. Capítulo 24 - O penúltimo parágrafo
Enfim, chegou o mais glorioso dos dias, a data imorredoira de
vinte e dois de Outubro do ano da graça de mil setecentos e
trinta, quando el-rei D. João V faz quarenta e um anos e vê
sagrar o mais prodigioso dos monumentos que em Portugal se
levantaram, ainda por acabar, é verdade, mas pela catadura
se conhece o catacego.
Não se descrevem tantas maravilhas, Álvaro Diogo não viu
tudo, Inês Antónia tudo confundiu, Blimunda foi com
eles, parecia mal não ir, mas não se sabe se sonha, se está
acordada.
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