O documento apresenta um resumo sobre a intervenção psicopedagógica junto à população idosa, abordando os conceitos de orientação e intervenção, os agentes, modelos, áreas e contextos relevantes. Foca-se na história de amor de Allie e Noah, idosos que vivem num lar devido à doença de Alzheimer de Allie.
2. Trabalho realizado por:
Helena Dias nº20062269
Letícia Silva nº20061577
Disciplinas: Intervenção Psicopedagógica
na População Idosa e Recursos
Tecnológicos e Formação
Docente: Prof. Doutora Diana Vallescar
3. Índice
Introdução
Conceito de Orientação
Conceito de Intervenção
Diferença entre Orientação e Intervenção
Cruzamento entre Orientação e Intervenção
Agentes
Modelos
Áreas
Contextos
Onde
Quando
Para quem
Porquê
Conclusão
4. Introdução
A doença de Alzheimer é uma doença do cérebro (morte das
células cerebrais e consequente atrofia do
cérebro), progressiva, irreversível e com causas e tratamento
ainda desconhecidos. Começa por atingir a memória
e, progressivamente, as outras funções mentais, acabando
por determinar a completa ausência de autonomia dos
doentes.
A Psicopedagogia inserida no contexto do idoso visa
promover neste actividades que permitam minimizar os seus
problemas e maximizar as suas capacidades. É importante
que o psicopedagogo desenvolva programas individuais, de
grupo ou mesmo comunitário que reformulem os conceitos
ligados ao envelhecimento, para que acabem os preconceitos
5. Conceito de Orientação
A Orientação é um processo de ajuda contínuo, dirigido a
todas as pessoas, em todos os seus aspectos, com o
objectivo de potenciar o desenvolvimento Humano ao longo
de toda a vida. (Bisquerra, 2006).
Segundo Martínez Clares (2002), a Orientação é um
processo de acção contínuo, dinâmico, integral e integrador,
dirigido a todas as pessoas, em todos os âmbitos, fases e
contextos ao longo de todo o seu ciclo vital e com um
carácter fundamentalmente social e educativo. Parte de uma
postura holística, compreensiva, ecológica, crítica e
reflexiva. Não só deve ajudar, mas também mediar, inter-
relacionar e facilitar distintos processos de transformação
e/ou mudança social.
6. Conceito de Intervenção
Partindo da ideia de De Charms (1971), intervir é entrar
dentro de um sistema de indivíduos em progresso e
participar, de forma cooperativa, para os ajudar a planificar,
conseguir e/ou mudar os seus objectivos – colaboração e
transformação social.
Num sentido mais específico, fala-se de intervenção como
uma interferência que um profissional (educador ou
terapeuta) realiza sobre o processo de desenvolvimento e/ou
aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentado
problemas. Na intervenção, o procedimento adoptado
interfere no processo, com o objectivo de compreende-lo,
explicita-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o
sujeito pensar poderá levar à quebra de um padrão anterior
7. Diferença entre Orientação e
Intervenção
A Orientação vai mais além da Intervenção
Psicopedagógica. Pode-se considerar que existem certos
processos de ajuda, que se englobam dentro da Orientação
e que não se consideram como Intervenção
Psicopedagógica. Por exemplo, a função Orientadora dos
Professores e a acção tutorial.
•A Orientação é entendida em sentido amplo, a qual inclui
uma dimensão teórica e uma dimensão prática. A esta
última, por vezes, denomina-se Intervenção. Por outro lado
a Intervenção Psicopedagógica vai mais além da
Orientação quando se ocupa do tratamento individualizado.
8. Cruzamento entre Orientação e
Intervenção
O termo Intervenção utiliza-se também no sentido que
não o terapêutico mas sim preventivo, nesse sentido tende
a coincidir com a prática da Orientação. A estes dois
termos tem se dado, em muitas ocasiões, um significado
similar, mas quando se tenta precisar cada um, existe
ligeiras diferenças entre eles.
Orientação e Intervenção têm muitos elementos em
comum, mas não coincidem totalmente. A Intervenção tem
um desvio face à atenção às Necessidades Educativas
Especiais, mas não se limita a elas; também há
intervenções para a prevenção e desenvolvimento, sendo
aqui que as duas dimensões se cruzam.
9. Agentes
Principais:
Allie Hamilton – Calhoun: jovem proveniente de uma família
rica, com uma vida muito ocupada e com o dia todo
programado ao pormenor, sendo os pais que faziam as
escolhas importantes por ela (exemplo: escolha da
faculdade). Nos tempos livres pintava e tocava piano.
Encontrou o grande amor da sua vida aos dezassete anos, e
apesar das adversidades e dos caminhos diferentes que
percorreram, sete anos mais tarde casaram.
Em idosa encontra-se num lar, pois possui doença de
Alzheimer.
10. Agentes
Principais:
Noah Calhoun: jovem proveniente de uma família
monoparental patriarca pobre, trabalhava no depósito de
madeira, mas ao contrário da Allie era livre e tinha a vida
que queria. Apaixonou-se pela Allie à primeira vista e fez
tudo para a conquistar.
Em idoso vive no lar, para estar perto e cuidar da
esposa, apesar dela não se lembrar dele, e por isso lia
para ela, a sua história de amor, para tentar que ela se
lembre do passado. Apresenta alguns problemas de
saúde, consultando o médico, pois nos últimos 18 meses
teve dois ataques cardíacos.
11. Agentes
Secundários:
Anne Hamilton: mãe da Allie, preocupada com o futuro da
filha e com aquele amor de verão e por isso proibi-a de
namorar com o Noah, pois este era pobre e afasta-o dele.
Contudo, sete anos mais tarde, encoraja-a a seguir o seu
coração, entregando-lhe as 365 cartas do Noah que
escondeu durante sete anos.
John Hamilton: pai da Allie, não tão autoritário como a
mãe, mas influenciado por esta, deixando-a tomar as
decisões importantes da vida da Allie.
Frank Calhoun: pai do Noah que encoraja o amor dos
12. Agentes
Secundários:
•Enfermeira Esther: é cuidadora da Allie idosa, enquanto esta
vive no lar, sempre preocupada em restringir ao máximo o
sofrimento desta.
Fin: amigo do Noah que trabalhava com ele no deposito de
madeira, que namorava com a amiga da Allie, e marca o
primeiro encontro do Noah com a Allie, sem nenhum dos
dois saber.
LonHammond Jr.: jovem rico, que se apaixona pela Allie e
pede-lhe em casamento. No fim dá-lhe opção de escolher
com quem ela quer passar o resto dos seus dias.
13. Modelos
De acordo com Baric (1985), “um modelo delimita um
enquadramento conceptual, identificando os métodos
apropriados para atingir as metas definidas.” Tones (1990)
sugere que a característica mais importante é a “posse de
um corpo teórico sólido, juntamente com o código de
conduta associado à autonomia dada às profissões” pois, de
acordo com o autor, é a teoria e a consciência da
contribuição num determinado campo que constituem a
pratica eficiente.
Os dois idosos principais da história tem diferentes
problemas, logo tem de se aplicar diferentes modelos.
14. Modelos
No caso do Noah, que apresenta problemas
cardíacos e consciência da sua doença, podemos
aplicar os seguintes modelos:
Abordagem educacional: Propõe-se a conceder à pessoa
idosa informações, conhecimentos e compreensão sobre
as questões de saúde, o que lhes possibilita a tomada de
decisões conscientes. Os idosos é ajudado a explorar as
suas atitudes, valores e crenças sobre a saúde e apoiado
a fazer escolhas esclarecidas para assim poder fazer as
suas escolhas de saúde baseando-se na informação que
lhe é fornecida e desenvolver capacidades para explorar
os seus valores e atitudes face à saúde.
15. Modelos
O modelo centrado no utente: Tem como objectivo ajudar o
idoso a identificar as suas próprias preocupações e a
potenciar o controlo sobre a sua saúde. É o próprio utente
que identifica as questões e acções de saúde, e o trabalho é
feito segundo a agenda deste.
Como o utente já faz a medicação recomendada, é apenas
necessário assegurar que foi-lhe atribuída toda a informação
para que este compreenda o porquê da medicação, e assim
faça as acções conscientemente.
16. modelos
Já para a Allie, como tem Alzheimer, não é possível
trabalhar segundo as suas crenças e valores. É sim
necessário trabalhar com ela continuamente e
diariamente, para que evolução da doença seja retardada.
Podemos assim usar o seguinte modelo:
O modelo de empowerment: Este modelo baseia-se numa
abordagem invertida que requer diferentes capacidades por
parte do promotor de saúde. A formação por empowerment
requer que trabalhemos com as pessoas idosas para
desenvolver as nossas atitudes, permitindo-nos transferir o
poder das mãos de profissionais como os promotores de
saúde para as mãos das pessoas idosas.
17. Áreas
As áreas são um conjunto de temáticas de conhecimento
de formação e de intervenção, entendida como aspectos
essenciais a considerar na formação dos orientadores.
A partir dos anos 60 apareceu uma nova área de
intervenção, não tão ligada aos processos educativos, a
área de orientação para a prevenção e desenvolvimento
humano, que apresenta características distintas das
anteriores. Esta área dá mais enfoque ao desenvolvimento
de habilidades de vida, de habilidades sociais, à educação
para a saúde, à orientação para o desenvolvimento
humano, etc. Estes são alguns dos aspectos em que
podemos intervir com idosos, e a esta a área de referência.
18. Contextos
Organizações:
Enquanto idosos, Allie e Noah vivem num lar de idosos,
devido à doença de Allie.
As causas que levam ao internamento podem ser agrupadas
em três categorias: médicas, sociais e económicas.
As médicas consistem basicamente na deterioração física
ou cognitiva que aumentam o estado de dependência dos
idosos e dificultam a realização em forma autónoma das
actividades da vida diária ou diminuem sua capacidade
funcional.
19. Contextos
As causas sociais provêm dos estados de solidão, carência
de família ou redes sociais, desintegração da família e
esgotamento familiar para fazer frente às necessidades de
atenção para os idosos, especialmente quando as doenças
destes passam a ser de longa duração.
Dentre os problemas económicos, pode-se considerar a
perda de seu poder aquisitivo, a impossibilidade de se
alimentar adequadamente, de pagar serviços, de atender
deterioração da moradia, etc.
Como Allie tem Alzheimer, todas estas dimensões são
afectadas. Porque Noah não quer estar longe da esposa,
apesar de puder cuidar de si próprio, e apesar dos esforços
dos filhos para que este vá viver com eles, vive no lar
20. Onde
Este filme passa-se, em grande parte, em Seabrook, onde
Noah vive, e Allie foi passar férias de verão, antes de entrar
para a faculdade. É em Seabrook que se conhecem e que
se desenrola o seu amor. E é aqui também que casam e
vivem juntos, na casa que Noah reconstruiu, até irem para o
lar de idosos, também este em Seabrook.
21. Quando
Noah e Allie conhecem-se a 6 de Junho de 1940, quando Allie
tinha 17 anos. Vivem durante esse Verão o seu amor, até Allie
voltar para a sua cidade e ir para a faculdade.
Em 1941 Noah vai para o exército, e em 1943, quando Allie está
no seu 3º ano da faculdade, faz voluntariado como enfermeira na
guerra e conhece Lon Hammond Jr., por quem mais tarde se
apaixona e fica noiva.
Quatro anos mais, em 1947, Allie procura Noah, pois viu uma
reportagem no jornal que dizia que Noah tinha reconstruído uma
casa histórica em Seabrook, e que essa casa estava para venda.
É aqui que se lembram do seu antigo amor, sendo incapazes de
resistir a uma nova oportunidade.
22. Para Quem
A orientação
é para todas as pessoas ao longo da sua vida,
não somente as que têm problemas.
Assim, a intervenção não é só direccionada aos idosos,
como é necessária também uma intervenção para a família
de Allie, não só para o marido, como também para os filhos e
netos, para os ajudar a conviver com a doença de Alzheimer.
É importante alertar a família para as consequências da
doença, e ajuda-los a conviver com o facto de Allie não se
lembrar deles nem do seu passado.
23. Porquê
Terapias:
Terapia ocupacional: consiste na integração de modelos e
práticas específicas com métodos e teorias de outras escolas
psicoterapeutas, orientando para um tratamento muito focado
na acção. O tratamento envolve a aprendizagem através da
acção, de forma a desenvolver comportamentos mais
eficazes e adequados.
Estas abordagens terapêuticas podem ser utilizadas tanto
para a Allie, como para o Noah, pois ambos se encontram num
lar de idosos. Assim o objectivo desta terapia é manter os
idosos ocupados em actividades motivadoras, para que
possam se abstrair dos seus problemas.
24. Porquê
Terapias individuais: baseiam-se nas actividades criativas e
expressivas que permitem a cada indivíduo redescobrir-se e
expressar-se a si próprio adicionando um novo sentido à vida
criando uma sensação de bem-estar.
Trata-se de uma terapia fundamentalmente não verbal que
envolve modalidades e actividades sensoriais (música e
arte), em contraste com as formas de terapia mais
tradicionais. Fundamenta-se numa intervenção holística, cujo
tratamento envolve os idosos na sua dimensão
física, psicológica, social, intelectual e espiritual em
simultâneo.
25. Porquê
No que se refere à Musicoterapia, esta é usada de forma
controlada no tratamento, reabilitação, educação e treino de
adultos, que sofrem de perturbações físicas mentais e
emocionais.
A Arteterapia é um processo artístico em si mesmo é
terapêutico pelo
autodomínio, responsabilidade, controlo, escolha e decisões
que estão envolvidas em qualquer trabalho criativo.
Estas duas terapias foram escolhidas pelo facto de
Allie, enquanto jovem, pintar nos seus tempos livres, e também
tocar piano. Estas são actividades que, para além de serem
indicadas para o tratamento de perturbações físicas, mentais e
26. Porquê
Tratamento psicológico: as abordagens psicológicas
desenvolvem-se de acordo com as diferentes necessidades e
características dos idosos. Neste caso importa destacar a
orientação na realidade e a terapia de validação. No que se
refere à orientação na realidade o alvo da intervenção será o
idoso com défice cognitivo, com objectivo de orientação e
independência. A terapia de validação tem como objectivo a
partilha de sentimentos e destina-se a idosos com
demência, neste caso a Allie que possui demência de
Alzheimer.
27. Conclusão
Á medida que a doença de Alzheimer progride os doentes
acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a
si mesmos quando colocados frente a um espelho.
Tornam-se cada vez mais dependentes de
terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a
comunicação inviabiliza -se e passam a necessitar de
cuidados e supervisão integral, até mesmo para as
actividades elementares do quotidiano, como
alimentação, higiene, vestuário, etc. É aqui que a
Psicopedagogia Clínica tem um papel
fundamental, aplicando exercícios de estimulação para
tentar retardar a evolução da doença.
28. Conclusão
A Psicopedagogia clínica é uma área de orientação e
intervenção, com carácter multidisciplinar, que possibilita o
contacto com populações de diferentes faixas etárias em
diferentes meios e instituições, onde actua directamente
com o ser humano, tendo sempre em conta que a pessoa
está em constante desenvolvimento e consequentemente
em construção, biopsicossocial e noológica.
O psicopedagogo dá especial atenção ao cuidar do outro, e
à relação de ajuda, numa perspectiva de manter ou
aumentar a auto-estima e a autoconfiança, questionando-se
no que pode ajudar e como o pode ajudar, assim como que
outros profissionais poderão colaborar nessa relação de
ajuda.
29. DEBATE
1. QUAL O PAPEL DO
PSICOPEDAGOGO PERANTE UM
PACIENTE COM ALZHEIMER, QUE
TIPO DE INTERVENÇÃO DEVERÁ
EFECTUAR?
2. COMO AJUDAR AS FAMÍLIAS DE
DOENTES COM ALZHEIMER, A
ULTRAPASSAR ESTE PROBLEMA?
30. Bibliografia
Baric, L. (1985). The meaning of words: health promotion. Journal or the Institute of Health
Education.
Berger, L.; Pourier, Mailloux, D., (1995). Pessoas idosas, uma abordagem.
Lisboa, Lusadidacta
Bisquerra, R, (2006). Modelos de Orientação e Intervenção Piscopedagógica. Bilbau
, Walters Kluwer. Espanha, S.A.
Costa, M. (1999). O idoso Problemas e Realidades. Coimbra: Formasau
Jacob, L., (2007). Animação de Idosos. Porto: Editora Ambar
Kielhofner, G. (1985). A model of human occopation theory and application. Williams and
Wilkins, Baltimore.
Lima, M., (2006). Posso Participar? Actividades de desenvolvimento pessoal para Idosos.
Porto: Editora Ambar
Lopes, G. (2001). Revista da Universidade Moderna do Porto. Colecção de estudos
Psicopedagógicos
Maslow, A. (1968). Toward a Psychology of being. Princeton, Van Nostrad.
Paul, M. C., (1997). Lá para o fim da vida – Idosos, Família e Meio ambiente. Coimbra:
livraria Almedina.
Rogers, C. (1961). Becoming a person: a therapist’s view of psychotherapy. Boston:
Houghton Mifflin.
Tones, K. (1990). The theory of health promotion: implications for nursing.
Macmillan, Basingstoke.