1. A Farsa de Inês Pereira é uma comédia de costumes escrita por Gil Vicente, e que relata os
comportamentos amorais e degradantes da sociedade na época. Tem como mote o
ditado “mais vale asno que me leve, que cavalo que me derrube”, conta a história de Inês
Pereira, uma jovem solteira e bonita, que é obrigada a passar o dia nas suas tarefas
domésticas, o que a faz queixar-se da vida que tem e ver no casamento uma oportunidade de
fugir daquela vida.
Assim, o dramaturgo carateriza a mulher da sua época, a personagem Inês Pereira, uma típica
pequeno-burguesa que despreza a vida rústica do campo, sonha em conseguir através do
casamento sua ascensão social. A figura de seu homem ideal (cavalheiro elegante, educado e
com trato social) é o típico representante da fidalguia. A ausência de escrúpulos de Inês
Pereira, que primeiro casa-se por interesse com Brás da Mata e, após ficar viúva, casa-se com
Pero Marques e o trai descaradamente, é emblemática da forma de pensar disseminada na
época.