Festival Alkantara apresenta 20 histórias de mais de 10 países
1. Detalhes do artigo 12/05/23 11:56
Cisionpoint
Tiragem: 47321 Pág: 24
País: Portugal Cores: Cor
Period.: Diária Área: 27,50 x 31,82 cm²
ID: 41927677 23052012 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2
Há histórias que só nós podemos contar.
O festival Alkantara tem 20 para nos faz
De hoje e até 10 de Junho, 20 espectáculos vindos de mais de 10 países contam histórias que ainda
não ouvimos. O Alkantara Festival começa hoje em Lisboa, no São Luiz, com The Inkomati (dis)cord,
do moçambicano Panaíba Canda e do sul-africano Boyzie Cekwana
significa a palavra alkantara: ponte. Canda e Boyzie Cekwana, atenções da economia e da própria geografia. The Inkomati
Festival Alkantara Uma ideia que o espectáculo de viradas para a marroquina Bouchra Boyzie Cekana diz que tem tudo (dis)cord,
Tiago Bartolomeu Costa abertura conhece bem. “É preciso Ouizgen que, com Madame Plaza a ver com o modo como se entende que abre o
reescrever essa história. E, ao fazê-lo, (São Luiz, 2 e 3 Junho), traz a Lisboa uma ficção: “Ela começa quando se Alkantara,
“Ninguém te contou esta história. É sugerir uma nova definição do pró- o corpo e a voz, misto de sensualida- sente a necessidade de contar uma estreou em
a tua história. E és tu quem a tem prio país”, diz Boyzie, secundado por de, religião e pecado de quatro ex- história, de moldar um futuro, e Novembro no
que contar.” É assim que Boyzie Panaibra: “Tem a ver com a aceitação traordinárias mulheres chamadas, de partilhar uma experiência.” Diz Rio de Janeiro
Cekwana, coreógrafo e encenador do próprio passado e esse é um pro- no seu país, de aïtas. Panaíbra Canda que “cada projec-
sul-africano, explica a uma das intér- cesso colectivo, à escala global”. É um espectáculo que se inscreve to permite alargar a nossa própria
pretes de The Inkomati (dis)cord que a The Inkomati (dis)cord, estreada numa linha de reconfiguração do en- voz”. Vindos de África, acres-
história que vai contar, “mesmo que em Novembro no Panorama Rio contro entre o sagrado e o profano, a centa Boyzie, “é impossível
pareça exagerada, tem que [lhe] ser Dança, no Rio de Janeiro, procura dança contemporânea e o gesto quo- escapar à história política
natural, ou não merece a pena ser levantar questões sobre como se ser tidiano, mostrando o modo como é e económica africana”.
contada”. um indivíduo, como o representar e do Norte de África que têm vindo os “Cada geração herda-
Cekwana é, com o moçambicano como estabelecer um diálogo a partir melhores exemplos de um diálogo a, procurando liber-
Panaibra Canda, autor da peça que do que um diz e o outro ouve. Diz francamente exposto sobre os efeitos tar-se desse peso e,
hoje à noite, no São Luiz – Teatro Boyzie: “Só ao olharmos para o nosso de uma política de descentralização assim, ‘refrescar’ a
Municipal, abre a edição 2012 do corpo como um país, e não tanto um cultural que tem, mas redes de pro- própria história.
Alkantara Festival (repete amanhã, país definido por uma fronteira ge- dução e programação europeias, o Não é que África
também às 21h). Incomati é o nome ográfica, conseguiremos reescrever seu iceberg mais visível.
de um rio “que não sabe que atra- essa história. Nós, como artistas, nós Não colhem já do mesmo modo
vessa três países”, diz-nos ele depois como cidadãos, precisamos de co- que há uns anos calendários de pro-
de um ensaio. O (des)acordo de que meçar um processo de renegociação gramação com olhares exóticos nem
fala o título da peça remete para a dos nossos próprios corpos, entendi- quotas de representação. Os artistas
história política de dois desses pa- dos como os verdadeiros herdeiros que chegam este ano ao Alkantara
íses, a África do Sul e Moçambique de uma história que vai para lá da pertencem, na sua maioria, a um
(o terceiro é o Zimbabwe), e para política.” contexto de produção que é mais
um pacto de não-agressão assinado A programação do Alkantara pa- amplo, não conhecendo efectiva-
em 1984 mas que ninguém cumpriu rece reflectir isso mesmo. Do lado mente fronteiras, e que, a partir das
“porque houve quem achasse que internacional, a par de nomes regu- redes, conseguiram colocar-se acima
representava o país, mais do que as lares nas programações anuais dos das definições limitativas da política,
suas pessoas”. teatros (Dood Pard, TgStan,
Para usar palavras dos dois artistas, Meg Stuart, Anne Teresa de
é sobre pessoas e as suas histórias, Keersmaeker) juntam-se ou-
“sobre o que lhes pertence e sabem tros. Para além de Panaibra
contar” e “os valores que represen-
tam individualmente e a que, no con-
junto, um a um, se pode dar o nome
de um país” que se fará este Alkan-
tara. E a frase de Boyzie Cekwana à
sua intérprete serve bem como mote
para uma edição que até 10 de Junho
se estende para lá dos habituais tea-
tros (São Luiz, Maria Matos, Cultur-
gest, Dona Maria II, Centro Cultural
de Belém) para espaços tão diversos
como a sala de leitura da Biblioteca
Nacional, a Praia das Avencas, em
Oeiras, a Estação Elevatória a Vapor
dos Barbadinhos, a sala do antigo re-
feitório do Mosteiro dos Jerónimos e
o Museu da Electricidade.
As histórias, que terão a assinatura
de artistas vindos da Europa (Bélgi-
ca, França, Holanda, Alemanha, Áus-
tria), mas também de latitudes mais
longínquas (Marrocos, Estados Uni-
dos da América, Moçambique, África
do Sul), serão narradas em mais de
20 espectáculos ambicionando cum-
prir aquilo que, no original árabe,
http://www.pt.cision.com/O4KPTWebNewLayout/ClientUser/GetClipp…etails.aspx?id=31843a98-0517-4b8e-b980-b5108129ddf8&analises=1 Página 1 de 1