Análise da eficácia do treinamento da musculatura ventilatória com incentivador respiratório threshold® em pacientes submetidos à ventilação mecânica invasiva
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Análise da eficácia do treinamento da musculatura ventilatória com incentivador respiratório threshold® em pacientes submetidos à ventilação mecânica invasiva
1. ROCHA, P.M.N.2; BAHIA, B. L.2; BARBOSA, H.N.2 XAVIER, D. S.1.
Fisioterapeuta, Mestre em Terapia Intensiva 1
Fisioterapeuta, especializando em Fisioterapia Intensiva 2
INTRODUÇÃO
Costa 1999, nos relata que o incentivador respiratório Threshold® tem
Sarmento (2010) nos afirma em seu estudo que a adequada como objetivo a reexpansão pulmonar, aumento da permeabilidade das
manutenção da ventilação pulmonar é fundamental para a preservação da vias aéreas e fortalecimento dos músculos respiratórios (figura 2).
vida humana. Os músculos respiratórios, assim como todos os músculos Para a realização do protocolo de fortalecimento da musculatura
esqueléticos, podem melhorar a sua função com o treinamento muscular. respiratória podemos utilizar 40% da Pimáx realizando cinco (5) séries de
Disfunções na musculatura respiratória (DMR) podem ocorrer após cirurgia dez (10) repetições, uma vez ao dia, havendo uma progressão de 10% da
abdominal, com redução das pressões respiratórias máximas, induzidas carga a cada uma (1) semana. No treinamento de endurance aplicaremos
por irritação, inflamação ou trauma próximo ao diafragma, alteração 20% da Pimáx por dez (10) minutos uma vez por dia, com elevação da
biomecânica local, inibição do reflexo de tosse e dor na ferida operatória. carga em 10% por semana, conforme protocolo de treinamento funcional
Com isso, complicações pulmonares podem ocorrer e aumentar a da musculatura respiratória.
morbidade e a permanência hospitalar (MARTINS, 2007). Justificativa:
Pacientes submetidos à Ventilação Mecânica Invasiva(VMI) podem
apresentar em poucos dias alterações nos músculos ventilatórios,
resultando em hipotrofia do diafragma. Justificamos este estudo pela
escassez de trabalhos científicos que contemplem o fortalecimento da
musculatura ventilatória em pacientes submetidos à ventilação mecânica
invasiva, com isso, surge a importância da aplicabilidade do treinamento
nesta musculatura. Objetivo: buscamos com esse trabalho analisar a
eficácia do treinamento da musculatura ventilatória por intermédio do
incentivador respiratório threshold® em pacientes submetidos à ventilação
mecânica por meio de uma revisão literária.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização do presente trabalho realizamos um levantamento
bibliográfico nas bases de dados LILACS, MEDLINE E SCIELO, utilizamos
também artigos indicados por outros profissionais e livros de acervos
universitários. Utilizamos os descritores: fortalecimento da musculatura
ventilatória, fisioterapia na UTI e incentivador respiratório TRESHOLD ® .
O Protocolo de Fortalecimento inicia-se com a mensuração da força
contrátil dos músculos respiratórios através das medições das pressões
máximas (PiMáx = pressão inspiratória máxima e PeMáx = pressão
expiratória máxima) (tabela 1), com o aparelho manovacuômetro (figura 1).
Sendo que, a PiMáx corresponde ao índice da força diafragmática, e a
PeMáx mede a força da musculatura abdominal e intercostal (SILVA,
2000). Xavier (2011) nos informa que a mensuração da força dos músculos
respiratórios é importante para detectar sua fraqueza e quantificar a sua
gravidade.
Gênero PImáx PEmáx FIGURA 2: Aplicabilidade do Protocolo de Fortalecimento da Musculatura Ventilatória
utilizando o Incentivador Respiratório TRESHOLD®.
FONTE: Arquivo pessoal dos Autores.
HOMENS (20-80 ANOS) 143 - 0,55 x Idade 268 -1,03 x Idade DISCUSSÃO
O fortalecimento da musculatura respiratória visa restabelecer a função
dos músculos respiratórios, melhorando sua força e endurance. Portanto,
deve ser o mais precoce possível, e o ideal é que o paciente já esteja com
uma melhora da força antes de se iniciar o desmame da ventilação
MULHERES (20-80 ANOS) 104 - Idade x 0,51 170 - Idade x 0,53 mecânica invasiva (CUNHA, Cleize; ET AL, 2008). Britto, Brant & Parreira
(2009) nos relatam que não existem evidências que apontam o treinamento
resistivo ou linear como método de escolha. O resistivo tem a desvantagem
de ser fluxo-dependente e o linear necessita da geração da pressão
adequada antes que o fluxo ocorra. O treinamento linear, além de ser fluxo-
TABELA 1: Valores normais de PImáx e Pemáx independente, possibilita uma melhor relação de tempo inspiratório e
FONTE: PRESTO & DAMÁZIO, 2009. expiratório, pois o aumento da velocidade de contração muscular
inspiratória necessária para superar a carga imposta leva a uma
diminuição do tempo inspiratório e, conseqüentemente, a um aumento do
tempo expiratório (Tempo de relaxamento da musculatura inspiratória).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Faz-se necessário a implantação de um programa de treinamento da
musculatura ventilatória no incremento de força e resistência dessa
musculatura, haja vista que os pacientes internados em UTI’s apresentam
deficiências significativas na mecânica ventilatória durante a VMI,
retardando assim o desmame ventilatório e consequente extubação. Presto
e Damásio (2009) complementam que é importante lembrar que a literatura
atual ainda não possui evidencias científicas suficientes para embasar a
utilização destas técnicas em 100% dos pacientes. Por outro lado, existem
alguns ensaios que relatam resultados promissores, fato que deve
estimular novas pesquisas a respeito da técnica.
REFERÊNCIAS
COSTA, D. Fisioterapia Respiratória Básica. São Paulo: Atheneu, 1999.
CUNHA, Cleize S.; ET AL. Técnicas de Fortalecimento da Musculatura Respiratória
Auxiliando o Desmame do Paciente em Ventilação Mecânica Invasiva. Cadernos
UniFOA, Volta Redonda, n.6, 2008. Disponível em:
HTTP://www.unifoa.edu.br/pesquisa/caderno/edicao/06/80.pdf.
MARTINS, Camila G.G.; ET AL. Comprometimento da Força Muscular Respiratória no
Pós Operatório de Cirurgia Abdominal em Pacientes Oncológicos. São Paulo, 2007.
FIGURA1: Mensuração de PImáx e PEmáx através da manovacuometria. NEMER, S.R. Avaliação da Força Muscular Inspiratória (Pimáx), da atividade do
FONTE: Arquivo Pessoal dos Autores. Centro Respiratório (P 0.1) e da Relação da Atividade do Centro Respiratório/Força
Muscular Inspiratória (P 0.1/ Pimáx) Sobre o Desmame da Ventilação Mecânica. São
Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2007, 36p. Dissertação
Outro critério que foi proposto para avaliar a endurance muscular (Doutor em Ciências). Disponível em: HTTP://
inspiratória é o Índice de Resistência à Fadiga (IRF), que corresponde à PI www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5150/.../sergionnemer.pdf.
max final / PI max inicial. A PImáx final é avaliada após 2 minutos de PRESTO, Bruno; DAMÁZIO, Luciana. Fisioterapia na UTI. 2 ed. Elsevier. Rio de Janeiro.
inspiração resistida (Threshold®– Health – Scan Products, Inc), com uma 2009.
carga inspiratória em 30% do valor da PImáx inicial. IRF< 1,0 = SARMENTO, G. J. V. Princípios e Práticas de Ventilação Mecânica. Editora: Manole,
Treinamento de Resistência e >1,0 = Treinamento de Força (NEMER, São Paulo, 2010.
2007). SILVA, Luiz; ET AL. Avaliação Funcional Pulmonar. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
XAVIER, D. S. Fisioterapia Onco-Funcional para a graduação. 1 Ed. São Paulo: Clube
dos Autores, 2011.