1. Publicidade e Propaganda no Brasil – 1910 a 1920
Professor Francisco Soares – Tendências
Felipe Marques de S. Falcão Gondim
Gabriella Correia Guidoni
Giovana Carla da Silva
Henrique Colombo Figueiredo
Luis Felipe Niebas Cancian
Nicholas Z. Vasconcelos
Tatiane Gomes dos Santos
Síntese
Este trabalho tem como introdução a 1ª Grande Guerra: Tríplice Entente (Reino
Unido, França e Rússia) versus Tríplice Aliança (Império Austro-húngaro, Itália e
Alemanha). Ela causou uma destruição constante na Europa e no mercado de
exportação brasileiro, que era o grande polo cafeeiro. Um fato curioso durante esse
período é que uma das propagandas mais usada era a de recrutamento. Esse movimento
começou na Inglaterra, seguido descaradamente pelos Estados Unidos – com a criação
do famoso “Tio Sam” –, e um pouco mais tarde, o Brasil seguiu os mesmos passos,
criando uma propaganda imitativa de recrutamento.
Com a 1ª Guerra Mundial no seu auge e muita devastação pelo continente
europeu, os principais governos que compravam o café do Brasil, escolheram priorizar
outros alimentos, como, por exemplo, o arroz e o feijão. Com isso, as exportações de
café no Brasil tiveram uma queda brusca, e, para piorar, logo após esse acontecimento,
houve um surto de Gripe Espanhola, a qual prejudicou muito mais a exportação. Muitos
donos de fazendas cafeeiras, com um espírito empreendedor, buscaram novas formas de
se ganhar dinheiro. Então, surgiram as plantações de algodão no nordeste brasileiro,
dando origem às fábricas de tecelagem – uma ideia genial.
2. A economia era predominantemente embasada pelo café e o conflito causado
pelos países envolvidos na guerra trouxe uma diminuição significativa nas vendas para
o mercado exterior. Quem participava ativamente da disputa entre a Tríplice Entente e a
Tríplice Aliança começou a investir em produtos considerados essenciais, ou seja, o
café passou a ser classificado como supérfluo. A desorganização do mercado
internacional trouxe a queda do preço dos grãos de café e, consequentemente, muitos
prejuízos aos produtores. Esse fato mudou o cenário da economia, pois os brasileiros
precisavam de uma estratégia para sair da crise. Olhando negativamente, houve um
declive, mas, positivamente, uma abertura para o mercado nacional.
Diante desse cenário econômico turbulento, com baixa exportação do principal
produto e dificuldade para importar produtos por falta de fornecedores, o Brasil se vê
diante de um grande problema e, ao mesmo tempo, de uma grande oportunidade. Nesse
período há um forte crescimento no número de indústrias, que surgem para suprir
necessidades do mercado interno, como empresas em segmentos têxtil, calçados,
cigarros e charutos, papel e equipamentos agrícolas. O Brasil que tinha
aproximadamente 8 mil indústrias no início da década, passa para mais de 13 mil no
final da guerra, ou seja, um crescimento de 60%, com todo esse crescimento e produção
interna, conseguindo assim equilibrar as contas.
Após o ataque a um navio brasileiro, a Alemanha começa a sofrer boicote em
relação aos seus produtos, não somente aos que eram importados do país, mas também
os produzidos em território nacional que tinham marcas de origem alemã. Um exemplo
a ser citado são as cervejas produzidas pela “Antarctica”. O resultado do não-consumo
desses produtos alemães é a criação de um produto que o substituísse, porém com um
diferencial: era nacional.
Ribeirão Preto sofreu grande influência desse crescimento de indústrias nacionais
por meio da indústria cervejeira e de charcutaria. Nesse período, havia grande estrutura
para que esses produtos fossem fabricados e respectivos compradores para os mesmos,
porém não havia comunicação, ou seja, faltava divulgação para esses produtos.
Diante da baixa infraestrutura da comunicação no Brasil, surge um homem capaz
de solucionar esse quadro: João Castaldi, um grande agenciador de anúncios que morou
nos Estados Unidos por anos. Aprendeu muito fora e com esse vasto conhecimento
voltou para São Paulo, criando a primeira agência de comunicação, a “Eclectica”.
3. João tinha grande influência e um livre arbítrio com a imprensa, e, por esse
motivo, tinha um forte poder de divulgação de anúncios em jornais impressos na época.
Uma preocupação de Castaldi era fixar a marca da agência e em uma das campanhas
pede para os clientes refletirem antes de expor suas estratégias de propaganda.
Nessa época, tem-se o Brasil bem posicionado com as indústrias farmacêuticas, a
qual tinha dois grandes e fortes concorrentes: João da Silva Silveira, que inventou o
“Elixir de Nogueira” (depurador de sangue), e seu concorrente, a “Emulsão de Scott”.
Dentro dessa onda de concorrência, temos o surgimento do que se tornaria o líder de
mercado: “Biotônico Fontoura”.
Criado em 1910 como um antianêmico, o fortificante teve um padrinho de peso,
Monteiro Lobato. Lobato criou o “Almanaque Fontoura”, onde eram narradas as
peripécias do personagem Jeca Tatu. Nas aventuras do caipira de Monteiro Lobato, o
Biotônico aparece como uma fórmula para mantê-lo sempre saudável. “Para a mulher, a
beleza. Para o homem, a vigor”, garantia a primeira campanha publicitária do
fortificante produzido à base de sulfato ferroso, ácido fosfórico e extrato vegetal. Essa
era a chamada alternativa de mídia, uma “tacada de mestre” que o Biotônico utilizou
para derrubar seus concorrentes: trazer cultura e curiosidades ao conhecimento dos
brasileiros, um grande diferencial para a época.
Já a chamada “gripe espanhola”, ficou conhecida devido ao grande número de
mortos na Espanha. Apareceu em duas “ondas” diferentes durante 1918. Na primeira,
em fevereiro, embora bastante contagiosa, era uma doença branda, não causando mais
que três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto, tornou-se mortal.
No Brasil, a epidemia chegou em setembro de 1918. O navio inglês "Demerara",
vindo de Lisboa, desembarca doentes em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. No mesmo
mês, marinheiros que prestaram serviço militar em Dakar, na costa atlântica da África,
desembarcaram doentes no porto de Recife. Em pouco mais de duas semanas, surgiram
casos de gripe em outras cidades do Nordeste e em São Paulo. Isso alavancou a venda
de um novo medicamento, a “Grippina”, promovida por cartazes publicitários com a
seguinte frase: “Preventivo e curativo”.
4. Enquanto isso, o carnaval dessa década é utilizado para divulgações de produtos,
e, graças a evolução dos meios de comunicação, os anúncios ganham mais atenção e
influenciam muito mais.
Um novo produto direcionado a elite da época aparece nessas divulgações, o
lança-perfume, que já era presente nos carnavais do Rio de Janeiro desde 1906, trazido
da Argentina, mas só ganhou destaque com anúncios nesse período.
Companheiro indispensável para o folião da época, o lança-perfume era borrifado
sobre lenços ou diretamente no público, o qual ficava sobre os efeitos do mesmo e
sentia sensações agradáveis e aroma de flores.
O lança-perfume só veio a ser proibido décadas depois pelo presidente Jânio
Quadros, pois a imprensa jornalística publicou mortes de pessoas que estavam sobre o
efeito do lança-perfume.