O documento introduz conceitos básicos de estatística e sua relação com a epidemiologia e saúde pública. Aborda medidas de tendência central, amostragem, indicadores de saúde como taxas e proporções.
3. Estatística
• É o ramo da matemática que transforma dados em
informações úteis para indivíduos responsáveis pela tomada
de decisão dados.
• A epidemiologia usa a estatística e aplicação na análise para
a interpretação de dados.
• Por outro lado a saúde pública baseia-se na probabilidade de
ocorrência de eventos para levar a cabo as suas acções com
vista a minimiza-los.
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4. Diferenças entre dados estatísticos e informação
• Dados estatísticos – chamam-se dados ao conjunto de
observações quantitativas ou qualitativas de factos ou
características que ocorrem na área de saúde, num certo grupo
populacional, na prestação de serviços. Os dados não têm uma
referência explicativa, o que dificulta o seu uso.
• Informação– é o significado que se atribui à um determinado
dado estatístico. Com a informação torna-se possível tomar
decisões e, igualmente, avaliar as actividades em relação aos planos
estabelecidos.
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5. Conceitos de população, censo e amostra
• População – refere-se a todos os individuos (em saúde
normalmente refere a pessoas) numa determinada área às quais o
pesquisador quer fazer estimativas ou tirar conclusões.
• Por exemplo, quando se pretende investigar a cobertura das
vacinações em crianças dos 0 aos 11 meses na província de Maputo,
a população é composta por todas as crianças que tenham idades
compreendidas entre os 0 e os 11 meses e que residam nesta
província.
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6. Cont.
• Censo – é o processo total de colecta, processamento, avaliação,
análise e divulgação de dados demográficos, económicos e sociais
referentes a todas as pessoas dentro de um país ou de uma área
definida num momento específico.
• Amostra – é um grupo de indivíduos extraídos de uma
população no qual o estudo é conduzido. A amostragem resulta
da impossibilidade de se conduzir um estudo num universo
• tão grande (a população).
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8. AMOSTRAGEM
• É o processo através do qual se faz a selecção de uma
amostra. O objectivo desse processo é obter uma estimativa
não viciada (não deturpada, não defeituosa) e precisa das
variáveis (características de um item ou indivíduo) que estão a
ser medidas na população alvo.
• Podem ser usados 2 métodos, com suas respectivas
subdivisões, de amostragem: o probabilístico e o não-
probabilístico .
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9. Cont.
• Amostragem não probabilística – é aquela que se utiliza
quando não se conhece o universo (a população)
• Amostragem probabilística – é aquela que se utiliza quando o
universo é conhecido, tal que cada unidade seleccionada
(pessoas, produtos biológicos, etc) tem uma probabilidade
igual ou pelo menos conhecida de ser seleccionada para a
amostra.
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10. Cont.
Amostra aleatória
• É um tipo de amostragem probabilística, também
conhecida por amostragem casual, randômica ou acidental.
Neste tipo de amostragem todos os indivíduos têm a mesma
chance de ser seleccionados e os resultados podem ser
projectados para a população que se pretende estudar.
• Consiste em atribuir um número único a cada membro da
população a estudar e, depois, seleccionar parte desses
números casualmente, de acordo com o tamanho da amostra.
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11. Cont.
• Por exemplo: pretende-se seleccionar uma amostra ao acaso de 50 doentes
de malária na enfermaria de medicina que tem 250 doentes de malária.
Usando uma lista dos 250 doentes de malária, cada doente é atribuído
um número (1 a 250) e estes número são escritos em folhinhas de papel.
Todas as 250 folhinhas são colocadas numa caixa que é agitada para
assegurar a escolha ao acaso (método de “lotaria ou sorteio”). Depois são
retiradas da caixa 50 folhinhas e o número registado. Os doentes de malária
correspondentes a estes números constituem a amostra a ser estudada.
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13. Medidas de tendência central
• São medidas numéricas por meio das quais é possível sumarizar a
informação colhida antes das conclusões ou generalizações.
• Dão-nos uma ideia de onde se localiza o centro, o ponto médio de
um determinado conjunto de dados.
Sao medidas de tendência central as seguintes:
• Media Artimétrica;
• Moda; e
• Mediana
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14. Media Artimetrica
• num determinado conjunto de dados, em que temos n eventos
(em que n é o total) e cada evento é representado por xi , a
média X será dada pelo somatório de cada evento (X1+X2...)
dividido pelo total de eventos (n) ocorridos. Simbolicamente:
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15. Cont.
• Por exemplo, idades de 7 crianças na
pediatria: {8, 5, 4, 12, 15, 5, 7 }, a média seria
calculada da seguinte forma:
n = 7
∑× = x1+x2+x3+x4+x5+x6+x7
∑× = 8+5+4+12+15+5+7
∑× = 56/7
=8
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X
16. Mediana
• Mediana – num conjunto de dados organizados em ordem crescente ou
decrescente, a mediana será o valor central que divide o conjunto em duas
metades iguais. Simbolicamente:
• Isto é, particularmente, válido para os casos em que o número de
eventos é ímpar. Para aqueles casos em que é par, de princípio, não
há mediana, mas por convenção, é considerado o valor médio entre os
dois eventos centrais.
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1
2
(n=1)
17. Cont.
• Se fizermos uso do mesmo exemplo anterior, a mediana seria
achada da seguinte forma:
• Reorganizando os dados, ficaria: {4, 5, 5, 7, 8, 12, 15}, onde o
valor que divide o conjunto em duas metades iguais, ou seja,
com igual número de eventos e, por conseguinte a mediana, é
o 7. Isto é, metade das crianças tem idade inferior a 7 anos.
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18. Cont
• Para dados pares: {4, 5, 5, 7, 8, 11, 12, 15 }, onde o valor
médio seria igual a 7+8, divididos por 2 de modo a achar o
valor médio, neste caso 7,5.
• A mediana é uma medida útil nos casos em que os dados
tem alguns resultados muito mais altos ou muito mais
baixos que os restantes. Por este facto, a média não é uma
boa medida do centro de distribuição de valores. A mediana
não é influenciada pelos valores extremos.
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19. Moda
• Moda – por definição é o valor que se apresenta mais vezes.
Se utilizarmos o mesmo exemplo acima: {8, 5, 4, 12, 15, 5, 7
}, veremos claramente que esse valor é 5, pois o 5 repete-se
duas vezes e as outras idades apenas estão presentes uma vez.
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21. Indicadores de saúde
• São variáveis que nos permitem medir a ocorrência de
qualquer evento de saúde ou mesmo medir até que ponto
estamos a atingir o que foi planeado ou estipulado como meta,
ou ainda comparar a ocorrência de eventos em períodos
diferentes.
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22. Tipos de indicadores usados em epidemiologia e
saúde pública
• Números - é uma medição simples, sem denominador. Por
exemplo: número de casos de diarreia.
• Razões - é uma fracção na qual o numerador não é parte do
denominador.
Exemplo: de um total de 55 doentes atendidos numa unidade sanitária
num determinado dia, 22 são do sexo masculino e 33 do sexo
feminino. Pode-se dizer que a razão dos elementos do sexo masculino
em relação ao sexo feminino é de 22:33, o que equivale a 2:3.
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23. Cont.
• Proporção – é uma expressão numérica que compara uma
parte da unidade de estudo ao total, isto é o numerador é
parte do denominador. Uma proporção pode ser expressa
como uma FRACÇÃO ou forma DECIMAL.
• No exemplo anterior teríamos: a proporção de elementos do
sexo masculino é 22/55 ou 2/5 que é equivalente a 0,40. (o
numerador é 22, o denominador é 55).
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24. Cont.
• Taxa – É a quantidade ou grau de alguma coisa medida
num período de tempo específico.
• As taxas mais vulgarmente utilizadas no sector de
saúde são:
• Taxa de natalidade = número de nados vivos por 1000
habitantes num ano
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25. Cont.
• Taxa bruta de mortalidade = número de óbitos por 1000
habitantes num ano
• Taxa de mortalidade infantil = número de crianças mortas
por 1000 nados vivos
• Taxa de mortalidade materna = número de mortes maternas
relacionadas coma gravidez num ano por 100.000 nados
vivos no mesmo ano.
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26. Taxa de Incidência
• É calculada como a razão entre o número de casos novos de
uma determinada doença ou problema de saúde, o total de
pessoa-tempo gerada a partir da população de estudo
acompanhada.
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TAXA DE INCIDENCIA=
𝐧𝐮𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐜𝐚𝐬𝐨𝐬 𝐧𝐨𝐯𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐝𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐨𝐞𝐧ç𝐚 𝐞𝐦 𝐮𝐦 𝐝𝐞𝐭𝐞𝐫𝐦𝐢𝐧𝐚𝐝𝐨 𝐥𝐨𝐜𝐚𝐥 𝐞 𝐩𝐞𝐫í𝐨𝐝𝐨
𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚çã𝐨 𝐝𝐨 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐨 𝐥𝐨𝐜𝐚𝐥 𝐞 𝐩𝐞𝐫í𝐨𝐝𝐨
x100
27. Exemplos
• Em Tete foram notificados 2.527 casos de cólera em 1992,
com uma população estimada de 748.158 habitantes. Neste
caso, pode-se calcular a TI por 10.000 habitantes.
Dados
Novos casos= 2.527
Pop= 748.158
Ti=?
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28. 5/17/2022
• TAXA DE INCIDENCIA=
𝐧𝐮𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐜𝐚𝐬𝐨𝐬 𝐧𝐨𝐯𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐝𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐨𝐞𝐧ç𝐚 𝐞𝐦 𝐮𝐦 𝐝𝐞𝐭𝐞𝐫𝐦𝐢𝐧𝐚𝐝𝐨 𝐥𝐨𝐜𝐚𝐥 𝐞 𝐩𝐞𝐫í𝐨𝐝𝐨
𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚çã𝐨 𝐝𝐨 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐨 𝐥𝐨𝐜𝐚𝐥 𝐞 𝐩𝐞𝐫í𝐨𝐝𝐨
x100
Taxa de incidencia=
𝟐𝟓𝟐𝟕
𝟕𝟒𝟖𝟏𝟓𝟖
x10000
Taxa de incidencia= 33.7 ≈ 34% por 10000 habitantes
29. Cont.
Taxa de ataque
• Taxa de ataque é uma variante da taxa de incidência, aplicada a uma
população definida de modo estrito, observada por um tempo limitado, como
durante uma epidemia.
• Formula:
30. Prevalência
• É o número total de casos de uma doença, existentes
num determinado local e período. Os casos correntes
incluem aqueles previamente diagnosticados e que
continuam doentes (com a doença) e aqueles
presentemente diagnosticados no corrente ano ou na
altura do estudo (casos novos + casos antigos).
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32. Exemplo
• Exemplo: no fim do ano de 2011 estavam em
tratamento 473 casos de Lepra (200 casos
novos diagnosticados e 273 casos antigos em
tratamento) na província da Zambézia. A
população da Zambézia é de 4.000.000 de
habitantes.
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35. Taxa de mortalidade
• é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente
por cada mil habitantes em uma dada região, em um
período de tempo. A taxa de mortalidade pode ser tida
como um forte indicador social, já que, quanto piores as
condições de vida, maior a taxa de mortalidade e menor a
esperança de vida.
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36. Principais usos
• Descrição das condições de saúde de uma população
• Investigação epidemiológica
• Avaliação de intervenções saneadoras
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38. Exemplo
• A população moçambicana da Zambézia foi estimada em 4.000.000
de habitantes no ano de 2007, tendo sido registado no mesmo
período 20.000 óbitos.
• Dados
Pop= 4.000.000
Obitos= 20.000
TM=?
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41. Exemplo
• na epidemia de cólera no distrito de Gurúè, em 2009, foram
registados 2345 casos de cólera com 20 óbitos.
• Dados
Casos= 2345
Obitos= 20
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