Hegel criticou o inatismo, o empirismo e Kant por não haverem compreendido o que há de mais essencial na razão: ela é HISTÓRICA.
Criticou a preocupação em garantir uma razão atemporal, eterna ou universal e a ideia de que uma verdade que mudasse com o tempo ou o lugar seria mera opinião.
Para Hegel a mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos seria obra racional da própria razão.
1. HEGEL (1770/1831)
Hegel criticou o inatismo, o empirismo e Kant por não haverem compreendido o que há de mais
essencial na razão: ela é HISTÓRICA.
Criticou a preocupação em garantir uma razão atemporal, eterna ou universal e a ideia de que uma
verdade que mudasse com o tempo ou o lugar seria mera opinião.
Para Hegel a mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos seria obra racional da própria
razão.
• A razão é histórica, ela dá sentido ao tempo.
Criticou nos inatistas e empiristas a crença de que o conhecimento racional viria das coisas para nós, ou
que dependeria da ação das coisas sobre nós e que a verdade seria a correspondência entre as coisas e
as ideias das coisas.
Para os empiristas a realidade “entraria” em nós pela experiência e para os inatistas pelo intelecto,
capaz de ter ideias verdadeiras porque reproduziriam a realidade exterior.
Criticou Kant por não compreender que a razão é sujeito e objeto. Kant, mesmo ao afirmar que a razão
não conhece a realidade em si, mas apenas o fenômeno, ainda admitia a existência de uma realidade
exterior à razão e inalcançável. Kant não haveria compreendido que a razão é criadora da realidade, ou
que o real é obra histórica da razão.
A razão não seria nem objetiva ( a verdade está nos objetos), nem subjetiva (a verdade está no sujeito),
mas sim a unidade necessária do objetivo e do subjetivo.
A razão é o conhecimento da harmonia entre as coisas e as ideias; entre o mundo exterior e a
consciência; entre objeto e sujeito e entre as verdades objetiva e subjetiva. A razão foi descrita da
seguinte forma:
1. Conjunto das leis do pensamento, ou princípios e procedimentos do raciocínio, as formas e as
estruturas necessárias para pensar, as categorias, as ideias – razão subjetiva.
2. A ordem, organização, encadeamento e as relações das próprias coisas, ou realidade objetiva e
racional – razão objetiva.
3. A relação interna e necessária entre as leis do pensamento e as leis do real. Ela é a unidade da
razão subjetiva e da razão objetiva, unidade que recebeu o nome de espírito absoluto.
Esta relação não existe previamente: é uma conquista da razão que se realiza no tempo, o resultado
de um percurso histórico, feito de verdades parciais, que levam a uma verdade totalizadora, o
Espírito Absoluto.
A história da razão, ou a história da Filosofia, é a memória dos caminhos percorridos, que foram
conservados naquilo que tinham de verdadeiro – assim torna-se o Espírito Absoluto.
O espírito absoluto é a síntese de toda a razão, o conhecedor e o conhecido, que são uma só realidade.
Para Hegel não existe separação entre as coisas e o pensamento. Toda realidade é vista como racional
e toda racionalidade como real.
A realidade deve ser vista como um processo.
Em cada momento de sua história, a razão produziu uma tese a respeito de si mesma e,logo a seguir,
uma tese contrária à primeira, ou uma antítese.
Cada tese e cada antítese foram etapas necessárias para a razão conhecer-se a si mesma cada vez mais.
Sem elas, a razão nunca teria chegado a conhecer-se a si mesma.
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2. Mas a razão não pode ficar estacionada nessas contradições que ela própria criou, por uma necessidade
dela mesma: precisa ultrapassá-las numa síntese que una as teses contrárias, mostrando onde está a
verdade de cada uma delas e conservando essa verdade.
Essa é a razão histórica.
Processo de formação da consciência:
“A reflexão filosófica deve partir, portanto, de um exame do processo de formação da consciência. Na
verdade, através da consciência crítica de nossa situação histórica podemos entender o nosso próprio
processo histórico, as “leis da história”, seu sentido e sua direção e, apenas desta forma, podemos ir
além da consciência de nosso tempo”.
“...cada indivíduo é sempre filho de sua época...”
Consciência e história: ao traçar o caminho pelo qual a razão humana se desenvolveu que podemos
entender o que somos hoje.
O progresso é sempre julgado pelos que o alcançaram – é também histórico.
A reflexão filosófica deve partir de um exame do processo de formação da consciência.
Tríplice processo/dialética:
• As relações morais – família ou vida social (o reconhecimento pelo outro). Trata do papel do
outro na formação da nossa consciência. Nós nos reconhecemos como indivíduos quando
somos reconhecidos pelo outro.
• A linguagem ou os processos de simbolização, pelos quais representamos nossas relações. Ele,
portanto, não pode ser anterior ao processo de conhecimento.
• O trabalho ou a maneira como o homem interage com a natureza, para sobreviver. Cada
trabalho revela como o homem se relaciona e utiliza a natureza como objeto.
A unidade da autoconsciência seria o resultado de um processo de desenvolvimento das três condições
citadas.
“Assim, a identidade da consciência que nomeia e dessa forma identifica os objetos não pode ser
anterior ao processo de conhecimento, como, segundo Hegel, pensava Kant: ao contrário, é formada no
mesmo processo através do qual a objetividade do mundo toma forma na linguagem”.
A consciência envolve processos individuais e históricos. Nesse processo toda experiência que o sujeito
tem do objeto tem de si.
A experiência tem uma Estrutura Dialética: o ser-em-si (essência) e o ser-pra-nós(a manifestação). Todo
objeto possui ambos e a verdade é a coincidência entre eles - o todo, que é o verdadeiro.
Para se chegar ao todo verdadeiro, ao absoluto é preciso autorreflexão e autocrítica.
ETAPAS DO PROGRESSO DA CONSCIÊNCIA:
1 – Consciência sensível: etapa em que se pensa apreender o concreto na sensação, no aqui e agora.
2- Entendimento: quando se pretende chegar ao sistema de forças que constitui sua interioridade – a
consciência torna-se consciência de si, descobrindo em si o que pretendia achar dela.
Segundo Hegel, não se pode entender a estruturação da consciência apenas pela estruturação da
individualidade, mas sim com parte de um processo de interação com o outro.
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3. Consciência infeliz: quando há dicotomia entre sujeito e objeto
Ação – é por meio dela que passamos da consciência em si ao para si: a consciência só pode saber o que
é após realizar-se efetivamente por seus atos.
Espírito Subjetivo – Espírito Objetivo – Espírito Absoluto
Dialética Idealista
Para Hegel os conflitos filosóficos são a história da razão: uma tese é negada e desse movimento emerge
uma terceira versão, que nega as duas anteriores.
Esse movimento teria a peculiaridade de nunca destruir inteiramente as afirmações anteriores, mas
incorpora os caminhos percorridos – feitos de verdades parciais ou históricas.
Os inatistas combateram a suposição de que opinião e verdade são a mesma coisa, afirmando que a
opinião pertencia ao campo da experiência sensorial, individual, subjetiva, instável e que as ideias da
razão seriam inatas, universais, necessárias, imutáveis.
Os empiristas questionaram o as ideias inatas e postularam que a razão dependia da experiência ou
percepção e deixaram a questão da validade da ciência sem solução.
Kant criticou as duas posições. Negou que fosse possível conhecermos a realidade em si; que a razão
possuísse conteúdos inatos e que a experiência fosse causa da razão ou que a razão fosse adquirida.
Kant propôs que a razão possuiria formas e estruturas inatas e que seus conteúdos dependeriam da
experiência. Priorizou o sujeito do conhecimento, enquanto os empiristas e inatistas priorizaram o
objeto do conhecimento.
Para Hegel esses conflitos seriam a história da razão, ou da filosofia: a memória de um caminho
percorrido, que conservou aquilo que tinha de verdadeiro.
Em cada momento da história a razão produziu uma tese a respeito de si mesma e, logo a seguir, uma
tese contrária, ou antítese.
Cada tese e cada antítese foram verdadeiras, mas parciais. Essas contradições foram ultrapassadas por
sínteses, que unia as teses contrárias, mostrando e conservando a verdade de cada uma.
A obra de Hegel é considerada o último grande sistema filosófico, integrou todos os grandes temas
filosóficos.
A história é mais do que um acúmulo de acontecimentos, mas é o resultado de um processo movido
por contradições internas → um processo dialético.
1. Tese: afirmação
2. Antítese: negação
3. Síntese: negação da negação
Para Hegel a racionalidade não é um modelo a ser aplicado, “mas é o próprio tecido do real e do
pensamento”: “o real é racional e o racional é real”.
A história seria uma manifestação da razão. Hegel parte da Ideia pura (tese) que encontra a natureza
(antítese), oposta a si, para se desenvolver. A natureza é a Ideia alienada, privada de consciência. Da
luta entre os dois nasce a síntese, o Espírito, pensamento e matéria simultaneamente – a ideia tem
consciência de si a partir da natureza.
Crítica a Kant
Para Hegel o sujeito transcendental de Kant era excessivamente formal, a consciência considerada como
originária, sem questionamento sobre sua origem, sobre o processo de formação da subjetividade.
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4. Questionou também a dicotomia entre razão teórica e razão prática (consciência moral e seus
princípios, que regem a ação).
Hegel propõe que a própria investigação sobre as certezas a respeito do nosso conhecimento seja
considerada conhecimento.
Para Descartes e Kant precisaríamos ter critérios seguros sobre a validade de nossos juízos para
podermos determinar se temos certeza de nosso conhecimento → Hegel questiona a visão da filosofia
crítica como propedêutica, como uma introdução.
Propõe substituir a questão da fundamentação do conhecimento pela autorreflexão fenomenológica da
mente (fenomenologia: “ ciência dos atos da consciência”)
Considerava a ciência como uma manifestação do conhecimento como qualquer outro e criticou a
identificação de Kant entre conhecimento e ciência, a partir do paradigma das ciências naturais
(Newton).
Fenomenologia do Espírito: “Uma ciência da experiência da consciência”
Uma teoria universal do conhecimento.
Descrição do fenômeno tal como aparece à consciência
A experiência que o sujeito tem do objeto é uma experiência que tem de si
A consciência é o próprio processo de seu autoconhecimento, seu ser é a sua função: o conhecer.
O que parece à consciência é apenas ela mesma e é a sua verdade.
O conhecimento só pode ser conhecimento da verdade, e ele ocorre de forma natural, pela necessidade
própria que Consciência tem de se manifestar.
Somente o absoluto - algo não dependente, incondicionado, não relativo ou limitado; autônomo,
perfeito, completo - é verdadeiro.
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