4. A mídia secundária não apenas guarda os fundamentos da tele-existência
como também revela que toda tecnologia de comunicação é, antes, uma
tecnologia de criação e aperfeiçoamento dos suportes, instituindo
condições para que a comunicação humana suporte a devoração do tempo
e sublime as dores do espaço.
Tal drama de superação da mortalidade do corpo por meio da pretensa
imortalidade da mídia explicaria, ao menos em parte, a importância e o
encantamento que os meios de comunicação exercem ao longo da história
humana. Afinal, na medida em que torna presente para o receptor o
ausente emissor, a mídia secundária trata de fazer reexistir – tornando
novamente existente, ao menos na dimensão imaginária, mas, nem por
isso, com menor efeito de presença, o ausente.
Em essência, a mídia secundária é um incrível urro de resistência contra a
inexistência, ou seja, desejo de permanecer existente mesmo após a morte
concreta (na lembrança dos contemporâneos e, para além dela, na própria
história da humanidade, graças à durabilidade dos suportes em que se
inscreveu, deixando parte de si).
6. O abandono do corpo territorial, do corpo social e do corpo próprio em prol do corpo
espectral (VIRILIO, 2000, p. 53) – próprio da metáfora do universo paralelo – ou a
sistemática colonização do corpo humano, em movimento, por tecnologias de
rastreamento, indexação e conexão contínua – específica da metáfora dos espaços
intersticiais – são consequências retroalimentadoras da iminência do vazio (não há
passado!) e do abismo (não há futuro!), mensageiros aterradores da desolação pós-
histórica que se segue à queda das grandes meta-narrativas constitutivas da
modernidade e do sentido de história, mito que “subentendia ao mesmo tempo a
possibilidade de um encadeamento ‘objetivo’ dos acontecimentos e das causas, e a
possibilidade de um encadeamento narrativo do discurso” (BAUDRILLARD, 1981, p.
65). Para Lasch (1983, p. 76), “uma sociedade que teme não ter futuro, muito
provavelmente dará pouca atenção às necessidades da geração seguinte, e o sempre
presente sentido de descontinuidade histórica – o câncer de nossa sociedade –
cai, com efeito particularmente devastador, sobre a família”.
7. NULODIMENSIONALIDADE
Inabitável, abismal (Flusser)
CYBERSPACE
Contexto x Lugar
GLOCAL
(Trivinho, 2007)
Tecnologias do
tempo real (Virilio)
Convergência dos tempos locais em um tempo único, universal
7
8. CYBERSPACE
Contexto x Lugar
REDES SOCIAIS DIGITAIS:
Bases de apresentação, encontro, convívio
COLONIZAÇÃO DO TEMPO REAL (Virilio)
8
10. TEMPO REAL
DROMOCRACIA – DROMOAPTIDÃO (Trivinho)
ALWAYS ON (Obsoletos desde a origem)
LÚDICO: mimicry-agon (Caillois)
10
11.
12. REFERÊNCIAS
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. São Paulo: Relógio D Água, 1981.
CAILLOIS, Roger. O jogo e os homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia, 1990.
FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo:
Annablume, 2008.
GUILLAUME, Marc. Téléspectres. In: Traverses, n. 26, out., 1982, p. 18-28.
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
LASCH, Christopher. Cultura do narcisismo. Rio de Janeiro: Imago, 1983.
PROSS, Harry. Medienforschung. Darmstadt: Carl Habel, 1971.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2011.
TRIVINHO, Eugênio. A dromocracia cibercultural: lógica da vida humana na civilização
mediática avançada. São Paulo: Paulus, 2007(a).
VIRILIO, Paul. Cibermundo: a política do pior. Lisboa: Teorema, 2000.
13. OBRIGADA!
http://sociotramas.wordpress.com
Cíntia Dal Bello
Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela
PUC-SP, coordenadora do Curso de Publicidade
e Propaganda da Uninove. Membro da ABCiber e
pesquisadora associada do Grupo Sociotramas -
Estudos Multitemáticos sobre Redes Sociais.
www.cintiadalbello.blogspot.com.
pubcintia@yahoo.com.br