Avaliação dos modelos de solvência no mercado de saúde suplementar
1. AVALIAÇÃO DOS MODELOS DE SOLVÊNCIA
NO MERCADO DE SAÚDE SUPLEMENTAR
William Moreira Lima Neto
WMActuary
2. INTRODUÇÃO À SOLVÊNCIA DE OPERADORAS
Conceitos
Básicos
Não é possível definir se uma empresa está
insolvente.
Na prática, isso depende da regulação de
cada país.
Portanto, o procedimento de aferir esse estado
de solvência é verificar se o total de ativos de
uma seguradora é superior a um determinado
valor que satisfaz ao requerimento mínimo
definido pelo regulador.
Nestes casos, a companhia possui um estado de
solvência regulatória.
3. Conceitos
Básicos
Resumindo, se o regulador define uma
meta para o requerimento e um nível
mínimo de capital, então a solvência
regulatória é atingida se a companhia
tiver ativos superiores a esse nível
mínimo.
Bennet (2004): “Uma seguradora é
solvente para propostas regulatórias
quando seus ativos excedem seus
passivos por uma margem mínima
regulatória.”
INTRODUÇÃO À SOLVÊNCIA DE OPERADORAS
4. INTRODUÇÃO À SOLVÊNCIA DE OPERADORAS
Conceitos
Básicos
A primeira iniciativa para a avaliação de
solvência para operadoras de planos de
saúde veio com a publicação da RDC nº 77
1) Capital Mínimo
2) Provisão de Risco
3) Índice de Giro de Operação
Provisão de Eventos ocorridos e não avisados
Margem de Solvência
5. • Garantir as obrigações com o segurado em caso
de parar de operar
• As provisões tem por objetivo garantir os riscos
em curso.
• O capital garante as oscilações das operações
(MS)
Solvência I
Runoff
Concern
• Garantir a continuidade das operações
• As provisões devem levar em conta as operações
futuras, inclusive possíveis transferências de
carteira.
• Incentivar a Gestão de riscos.
• O capital deve ser sensível a todos os riscos
envolvidos na operação.
• Entreprise risk management.
Solvência II
Ongoing
Concern
INTRODUÇÃO À SOLVÊNCIA DE OPERADORAS
8. MODELO PRÓPRIO
CAPITAL ECONÔMICO
• Valoração
dos Passivos
• Valoração
dos Ativos
• Capital
Regulatório
• Capital
Econômico
Solvency
Capital
Requirement
Modelo Próprio
Completo ou
Parcial
Minimum
Capital
Requirement
(MCR)
Solvência
Capital
Requirement
(SCR)
Estimativa
Corrente (Best
Estimate)
Margem Acima
da Estimativa
corrente
(Risk Margin)
Marcação a
Mercado dos
Ativos
observando
princípios da
IFRS
9. GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
Por que
gerenciar
risco?
O gerenciamento de risco beneficia a
sociedade como um todo, uma vez que
minimiza a crises globais de liquidez.
Em um nível prático, o gerenciamento de
risco reduz a volatilidade no retorno da
organização, aumentando o valor da
firma, ao reduzir o risco de quebra.
Mas, principalmente, reduz a
necessidade de capital necessário e, por
conseguinte, o retorno dos acionistas
pode ser melhorado.
10. Aspectos
importantes
sobre o
gerenciamento
de risco.
O gerenciamento de riscos corporativos (GRC), enterprise
risk management (ERM), tem por objetivo identificar,
relatar e tratar todos os riscos consistentemente.
O GRC também envolve o reconhecimento e
diversificação que surge da iteração entre os riscos assim
como permite identificar o nível total de risco em função
do apetite da organização.
O processo de GRC é, às vezes, implementado como
resposta em falhas no gerenciamento de risco anterior da
organização. Contudo, isso não quer dizer que as
políticas são imutáveis. A identificação constante dos
riscos futuros devem ser monitorados.
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
11. Definições
de Risco
Para gerenciar risco, é preciso identificar os riscos ao qual a
instituição está exposta. É possível identificar as principais fontes
de risco que afetam as operações de seguro, mas é importante
estar atento a outros riscos que possam surgir futuramente.
Os principais riscos são os seguintes:
1) risco de mercado;
2) risco de crédito;
3) risco de subscrição; e
4) risco operacional.
Tipos de Riscos
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
12. Previsão de
cenários das
Linhas de Negócio
Fluxo de Caixa
das Linhas de
Negócio
Revisão Decisão
Intangível
Distribuição
dos retornos
Julgamento
de risco
Análise de Risco
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
13. GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
Modelo Interno para Tomada de Decisão
Análises
Preliminares
Classificação dos
dados e Análise
de Carteira
Avaliação da
Exposição e das
perdas históricas
Modelagem
Estimar
Distribuição de
Frequência e
Severidade
Políticas de
subscrição
Cenários de
Correlação e
choques
Agregação
de Risco
Resultados
Tolerância de
risco
Custo do capital
Análise do custo
Benefício da
mitigação e
hedge
14. GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
Modelo Interno para Tomada de Decisão
Análises
Preliminares
Classificação dos
dados e Análise
de Carteira
Avaliação da
Exposição e das
perdas históricas
Modelagem
Estimar
Distribuição de
Frequência e
Severidade
Políticas de
subscrição
Cenários de
Correlação e
choques
Agregação
de Risco
Resultados
Tolerância de
risco
Custo do capital
Análise do custo
Benefício da
mitigação e
hedge
15. Tolerância
ao Risco
Os fatores de tolerância do risco da corporação
estão associados ao tamanho da mesma, dos
recursos financeiros e da habilidade ou da boa
vontade em tolerar risco.
A tolerância ao risco afeta o impacto dos possíveis
resultados das perdas agregadas na corporação e
define o custo total do impacto.
Modelo Internos de Risco para Análise da
Decisão
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
16. GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
Modelo Interno para Tomada de Decisão
Análises
Preliminares
Classificação dos
dados e Análise
de Carteira
Avaliação da
Exposição e das
perdas históricas
Modelagem
Estimar
Distribuição de
Frequência e
Severidade
Políticas de
subscrição
Cenários de
Correlação e
choques
Agregação
de Risco
Resultados
Tolerância de
risco
Custo do capital
Análise do custo
Benefício da
mitigação e
hedge
17. Custo
de
capital
alocado
A alocação de capital é um tema ainda pouco
difundido na ciência atuarial. Contudo, com as novas
regras de solvência, esse tema vem sendo mais
discutido.
Já se formou um entendimento, em função do Solvência
II, que o custo do capital de risco é o que deve ser
alocado. Esse conceito contrasta bastante com o
critério utilizado na indústria de manufaturados.
Modelo Internos de Risco para Análise da
Decisão
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
18. Custo
de
capital
alocado
Já se formou um entendimento que o capital em risco é uma
medida global do risco de uma companhia. Contudo, em função
dos efeitos da diversificação e acumulação, ela representa
uma medida global da carteira. Como esta interdependência
pode ser não linear, o impacto na carteira é complicado de ser
alocado.
É importante definir uma medida que analise a performance
de um empresa. Existem duas medidas comumente utilizadas
para tal fim: valor econômico adicionado, economic value
added (EVA), e retorno no capital ajustado ao risco, risk-
adjusted return on capital (RAROC).
Modelo Internos de Risco para Análise da
Decisão
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
19. GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
Modelo Interno para Tomada de Decisão
Análises
Preliminares
Classificação dos
dados e Análise
de Carteira
Avaliação da
Exposição e das
perdas históricas
Modelagem
Estimar
Distribuição de
Frequência e
Severidade
Políticas de
subscrição
Cenários de
Correlação e
choques
Agregação
de Risco
Resultados
Tolerância de
risco
Custo do capital
Análise do custo
Benefício da
mitigação e
hedge
20. Análise
do custo
benefício
Uma vez que a tolerância ao risco e a alocação do custo de
capital estão definidas, a análise do custo benefício é direta.
Se, por exemplo, olharmos para o EVA como instrumento de
decisão, qualquer esforço de mitigação de risco que resulte em
incremento do EVA deve ser considerado.
Já sob a ótica do capital, qualquer projeto que gere mitigação
de risco tal que o retorno (RAROC) seja maior que o custo (CoC)
deve ser considerado.
Uma companhia de seguros possui, em regra, múltiplas linhas de
negócio com várias fontes de risco. Tomar decisões levando em
conta essa complexidade é o grande desafio do ERM.
Modelo Internos de Risco para Análise da
Decisão
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
21. EVA e
RAROC
O EVA é uma estimativa que busca medir o valor agregado da
empresa. Sob uma ótica contábil, podemos defini-la como o lucro
após os impostos (NOPAT – net operating profit after tax) mais o
custo do capital empregado (CoC – cost on capital). Sendo assim,
temos que
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 − 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 × 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
Já o RAROC é uma adaptação para o mercado de seguros de uma
medida conhecida como retorno sobre o capital investido. A adaptação
consiste em utilizar o conceito de capital econômico, economic capital(EC),
ao invés de capital investido. Sendo assim, temos que
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 =
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
𝐸𝐸𝐸𝐸
Modelo Internos de Risco para Análise da
Decisão
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
22. EVA e
RAROC
Se utilizarmos o conceito de capital econômico para
calcular o EVA, é possível derivar uma relação entre essas
duas medidas, conforme segue
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 =
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
𝐸𝐸𝐸𝐸
=
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸
𝐸𝐸𝐸𝐸
+ 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
Sendo assim, é possível concluir que: RAROC>CoC ⇔
EVA>0
Modelo Internos de Risco para Análise da
Decisão
GERENCIAMENTO DE RISCOS CORPORATIVOS
23. MODELO PRÓPRIO CAPITAL ECONÔMICO
• Evolução dos sinistros
da carteira
• Evolução dos Prêmios
da Carteira
• Evolução das Despesas
da Carteira
Risco de
Precificação
• Risco associado com a
evolução dos sinistros
ocorridos até o efetivo
pagamento.
• Vinculado a provisão
de sinistros (IBNR, PSL)
Risco da
Provisão • Risco de Crédito;
• Risco de Mercado;
• Risco Operacional;
Demais Riscos
24. FASES DE DESENVOLVIMENTO
Risco de
Precificação
Risco de
Provisão Demais Riscos
Levantamento e
conformação
dos dados.
Teste e
consistência dos
modelos.
Documentação
para envio.
Desenvolvimento
de Framework.
Fase preliminar de
levantamento e
consistência dos
dados. Auditoria
interna e externa
devem ser
envolvidas.
Avaliação de
diversos modelos e
escolha do mais
consistente aos
dados.
Elaboração de NTA
para envio ao
regulador.
Desenvolvimento de
procedimento de
ETL/BI para
acompanhamento.
25. • Montante de frequência de sinistro, prêmio e exposição e
demais despesas.
• Dados de sinistros segmentados por classes de riscos.
Risco de
Precificação
• Montante e frequência de sinistros ocorridos, exposição.
• Exposição por período de ocorrência.
• Demais dados por segmentados por ocorrência e
pagamento.
Risco
Provisões
• Utilizar parâmetros da estrutura a termo disponibilizado
pela SUSEP.
• Índice de preço e dados macroeconômicos
Dados
Gerais
Levantamento
dos Dados Conformação Teste dos
modelos
Análise de
Sensibilidade
FASES DE DESENVOLVIMENTO
26. Validação com
registros contábeis
e extra contábeis
Consolidar eventos
por aviso e comparar
com os eventos
indenizáveis.
Os dados agregados de
Contraprestação,
Despesas Assistenciais
e Demais despesas.
FASES DE DESENVOLVIMENTO
Levantamento
dos Dados Conformação Teste dos
modelos
Análise de
Sensibilidade
27. • Prêmios: levar em conta aspectos relacionados a contratos e restrições
regulatórias: índices de preços, cláusulas de reajuste,...
• Sinistros: Considerar efeitos associados aos perfis de risco (Faixa etária,
sexo,..)
• Para ambas as variáveis utiliza uma evolução temporal.
Prêmio e
Sinistros
• A dinâmica temporal da exposição deve ser considerada, bem como efeitos
macroeconômicos da economia.
• Avaliar a evolução temporal das demais despesas. Algumas destas
despesas podem estar associadas ao processo de regulação dos sinistros.
Exposição
e Demais
despesas
FASES DE DESENVOLVIMENTO
Levantamento
dos Dados Conformação Teste dos
modelos
Análise de
Sensibilidade
28. Provisões de prêmios e de sinistro
• Calcular a EC e RM
Comparar estes valores calculados com os
valores previstos na regulação.
Avaliar o capital econômico calculado pelos
modelos e comparar com o patrimônio líquido
e com os critérios exigidos atualmente.
FASES DE DESENVOLVIMENTO
Levantamento
dos Dados Conformação Teste dos
modelos
Análise de
Sensibilidade
29. CONCLUSÕES
• O modelo deve estar em conformidade com o processo
de negócio da operadora.
• Cultura insipiente de mapeamento e quantificação de
riscos.
• Cada operadora tem critérios próprios de apropriação dos
seus custos e suas receitas, nem sempre orientados ao
risco.
• O desenvolvimento não tem como único objetivo estabelecer
um capital econômico.
• O processo de desenvolvimento permite vários insight’s
sobre o negócio.
30. AVALIAÇÃO DOS MODELOS DE SOLVÊNCIA
NO MERCADO DE SAÚDE SUPLEMENTAR
William Moreira Lima Neto
wlima@ime.uerj.br
wmlneto@gmail.com
OBRIGADO