A cidade individualista - Crônica do Caio Bitencourt
1. A CIDADE INDIVIDUALISTA
Era uma cidade-trabalho. Cheia de indústrias, comércios, seja na própria cidade ou nas
suas vizinhas, que são influenciadas territorialmente por ela. Cidades com populações
de milhões de pessoas, formando metrópoles.
Mas se a cidade é uma das maiores do mundo, por que raios ela seria individual?
Talvez porque nesta cidade se ignore o outro e viva-se pensando em si mesmo. Nesta
cidade não se tem comunicação entre pessoas, entre vizinhos, que por vezes cultivam
entre si invejas socioeconômicas. inveja e individualismo presentes também no
ambiente de trabalho, por si só muito concorrido.
No caminho para a rotina, a solidão do transporte público lotado, de pessoas cansadas
da rotina que as desgasta. Nenhum diálogo, o nervosismo de ter de dividir mais espaço
com uma grande quantidade de gente. E quando se há oportunidade de lazer, prefere-
se o local individual do lar, ou o espaço aparentemente coletivo do shopping, lugar de
realização de desejos efêmeros e individuais.
Além disso, desejos coletivos como um transporte público de melhor qualidade são
ignorados em detrimento a cultura individualista dos carros, cada vez mais incentivados
pelos governos sob a alegação de "movimentar a economia".
Mas quando se pensa em pensar essa cidade individualista de forma coletiva, logo se
pensa negativamente sobre essas pessoas "coletivas". "Seu comunista, esquerda
caviar!", vociferam. Basta pensar de maneira coletivista de forma a aproximar as
pessoas que se é hostilizado. E segue a cidade individual, cada vez mais solitária e de
liberdade vigiada pelas câmeras de segurança, que vigiam e segregam as pessoas entre
si. E assim segue a cidade individualista que se esquece cada vez mais que é composta
de gente.
CAIO BITENCOURT - 1º JO-A