SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 48
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
1 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Índice
Segundo o filósofo Leibniz estamos no MELHOR DOS MUNDOS
POSSÍVEIS - Como entender isto ?...............................................2
Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 20 de
fevereiro de 2013 | 15:49 ......................................................2
O ponto principal do pensamento de Leibniz é a teoria das
mônada:....................................................................................13
Estamos no melhor dos mundos possíveis,o ser só é,só
existe,porque é o melhor possível: ..........................................17
Leibniz diferencia a verdade de razão da verdade de fato: ....17
Princípios de Filosofia ou Monadologia:..................................18
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
2 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Segundo o filósofo Leibniz
estamos no MELHOR DOS
MUNDOS POSSÍVEIS - Como
entender isto ?
Written By Beraká - o blog da
família on quarta-feira, 20 de
fevereiro de 2013 | 15:49
Afirmava Leibniz que este
era o melhor dos mundos
possíveis, ao que Bradley acrescentou, ironicamente, "e nele
todo o mal é necessário".
De acordo com Leibniz, são infinitos os mundos possíveis dentre
os quais Deus escolhe o melhor para existir. Não só o mundo eleito
como os demais têm restrições em cada uma das séries neles
contidas.
Cada mundo é um conjunto completo; isso significa que nenhum
elemento ulterior pode ser acrescentado a ele sem torná-lo
inconsistente ou sem diminuir a riqueza de suas misturas de
variedade e ordem.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
3 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
A distinção entre um mundo e outro está no fato de seus membros
operarem de acordo com diferentes leis. Cada mundo impõe
certas restrições às mônadas (as unidades substanciais que
formam tais mundos).
Assim, uma mônada pertencente a um mundo possível
desenvolve-se de acordo com as leis do mundo do qual ela
participa. Isso faz com que seja inviável que uma mônada junte-se
a outras que estejam subordinadas a outras leis designadas por
Deus.
Esse é o motivo de algumas substâncias possíveis serem
inadmissíveis em outra seleção possível. Daí os mundos não
poderem ser levados para caminhos incompatíveis com as
leis que os governam.
Todos os acidentes estão incluídos desde sempre na essência da
mônada, ou seja, ela traz em si tudo aquilo que aconteceu e o que
lhe acontecerá; seus estados passados, presentes e futuros, bem
como todos os estados do universo inteiro.
Ela reflete todo o universo a partir de certa perspectiva; contém
não só aquilo que é relativo ao seu próprio estado como também
todas as coisas com as quais ela se relaciona. Tais relações
externas aparecem nas mônadas como modificações internas,
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
4 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
pois elas são fechadas em si; sendo assim, não têm relação direta
umas com as outras.
A mônada é desprovida de um canal de comunicação para fora de
si; apesar disso, indiretamente ocorre uma influência mútua na
medida em que cada mudança externa é expressa por uma
alteração no interior da mônada.
A relação entre elas se dá através das respectivas percepções de
cada uma delas. Cada mônada é como um espelho que reflete
tudo que acontece, mas não interage com as outras. Isso,
posteriormente, aparecerá no sistema como sendo a harmonia
preestabelecida:
“Deus produz diversas substâncias conforme as diferentes
perspectivas que tem do universo e, por sua intervenção, a
natureza própria de cada substância implica que o que
acontece a uma corresponda ao que acontece a todas as
outras, sem que ajam imediatamente umas sobre as outras
(LEIBNIZ, 2004, p. 29).”
Dessaforma,tudo que acontecea uma substânciaé consequência
dela própria, do mundo interno dela.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
5 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
As percepções nas substâncias ativas são mais distintas,
enquanto nas substâncias consideradas passivas tais percepções
se dão de maneira mais confusa.
De acordo com Leibniz, Deus não dá simplesmente origem às
criaturas, deixa-as livres;sua criação se dá de forma contínua,
se dá por emanação.
Tal relação de conservação causa dependência perpétua dos
seres com Deus. Apesar de tal relação, cada substância é um
mundo particular. Isso, porém, não impede que seja possível
prever algumas atitudes futuras delas, não apenas devido a
determinadas características que cada uma possui como também
devido às suas atitudes passadas. A substância expressa também
o conteúdo de Deus; apesar disso, ela não sabe com certezacomo
agir da melhor forma.
Ela, assim como Deus, tem a visão geral do mundo. O que irá
diferenciar uma substância de outra é o modo de percepção das
coisas ao seu redor, ou seja, o grau de clareza ou obscuridade que
tem em relação às coisas.
Há, contudo, pontos de convergência entre as substâncias, como
ocorre, por exemplo, quando várias substâncias presenciam um
mesmo fato. A despeito disso, cada uma terá uma perspectiva
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
6 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
própria sobre o ocorrido, mas não tão distante a ponto de não se
entenderem.
Se assim não fosse, se cada substância tivesse uma visão
particular que não fosse compartilhada com as das outras, não
haveria nenhuma ligação entre elas, e não é o que ocorre. Vemos,
nesse caso, que ligação apresenta um sentido bem diferente de
dependência.
Deus, apesar de ter uma visão do todo, sabe como cada
substância enxerga individualmente.
Ele é o responsável por tornar o ponto de vista individual algo geral
compartilhado por elas. É assim que ocorre a ligação entre elas.
Façamos Jus a este grande pensador filho de seu tempoe das
circunstâncias(E quem não é ?), mas que com todas as suas
falhas e limitações muito contribuiu e ainda contribui para o
pensamento moderno:
Leibniz – biografia e pensamentos
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
7 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Gottfried Wilhelm Leibniz – (1646- 1716) nasceu no dia primeiro
de julho, na cidade alemã de Leipzig. Era filho de um professor de
filosofia moral. Sua família era de origem eslava. Criança ainda,
explorava a biblioteca do pai. Viu os autores antigos e
escolásticos.
Tomou contato com Platão e Aristóteles. Com quinze anos
começou a ler os filósofos modernos: Bacon, Descartes, Hobbes
e Galileu.
Leibniz foi de um espírito universal, muito inteligente, que revelou
aptidão e genialidade em diversos campos. Bertrand Russel fala
que era admirável, mas não como pessoa; pois escreveu para ser
popular e agradar os princípes.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
8 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Cursou filosofia na cidade natal, matemática em Jena, com vinte
anos. Cursou também jurisprudência em Altdorf. Em 1663, aluno
da faculdade de filosofia, escreveu um trabalho sobre
individualização.
Influenciado pelo mecanicismo de Descartes, que mais tarde
refutou, expôs suas idéias em um livro, onde associava a filosofia
e a matemática. Esboçou as primeiras considerações do que viria
a ser sua grande descoberta matemática: o cálculo infinitesimal.
Leibniz o desenvolveu na mesma época que Newton, um pouco
depois.
Ingressou na sociedade secreta e mística dos sábios Rosacruzes.
Em 1668 entrou na corte de Eleitor de Mogúncia. Ganhou uma
pensão participando da Rosa cruz em Nuremberg, que lhe abriu
as portas para a política.
Quando ingressou na corte, traçou um caminho que podemos
associar ao de Bacon. Era ambicioso e movia-se agilmente pela
corte em busca de seus projetos , muitos dos quais utópicos. Um
de seus projetos filosóficos;antigo já , era a criaçãode um alfabeto
do conhecimento humano. Foi nesse sentido influenciado pela
lógica de Aristóteles.
CRONOLOGIA:
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
9 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Em 1670, Leibniz ascendeu para conselheiro da corte de justiça,
em Mogúncia. No seu novo cargo, partiu para uma missão
diplomática: convencer o rei absolutista francês (Luís XIV) a
conquistar o Egito para proteger a Europa da Invasão dos turcos e
mouros. Esse pedido foi recusado.
De 1672 a 1676 Leibniz viveu em Paris. Sua missão que resultou
em fracasso procurava evitar guerras entre os Europeus,
desviando as tropas francesas para o Egito. Conseguiu permissão
para continuar em Paris, o que lhe foi vantajoso para estudar, pois
gozou do contato com a elite intelectual francesa.
Em 1676 , completoua descoberta do cálculo infinitesimal. Newton
tinha inventado um novo método de cálculos. Embora as
descobertas tivessem o mesmo objetivo, forma feitas sob pontos
de vista diferentes. Leibniz calculava através do infinitamente
pequeno.
Em Paris havia conhecido e ficado amigo do matemático
Huyghens. Conheceu também o filósofo Arnauld (1612-1694) e
Malembranche. Viajou para Londres e entrou para a Royal Society.
Voltou para Paris. Sua estada lá, continuou sendo importante
intelectualmente. O alemão ainda não era uma língua culta, e ele
aprendeu francês perfeitamente.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
10 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Quando voltava para a Alemanha, passou de novo por Londres,
onde conheceu newton. Na Holanda, conheceu Spinoza.
Conversaram sobre metafísica e Spinoza mostrou a Leibniz os
originais de Ètica.
Em 1676, vai para Hanôver, onde se torna bibliotecário chefe.
Passou os anos finais de sua vida nessa cidade, salvo algumas
viagens. Foi conselheiro da corte, historiógrafo da dinastia e um
dos reponsáveis por Hanôver ter se tornado um eleitorado.
Viajou pela Europa para conseguir documentos que fossem
importantes para o seu papel de historiador. Foi para Áustria ,
Itália. Na Itália, passou por Nápoles, Florença e Veneza.
Leibniz era a favor da união das igrejas. Foi sócio da academia
científica de Paris e de Berlim, que fundou.
Em 1711, viajou para a Rússia, onde aconselhou Pedro o grande,
czar russo. Pedro queria elevar a Rússia ao nível dos maiores
reinados europeus. Em 1713 Leibniz foi elevado conselheiro da
corte de Viena.
Os últimos anos da vida de Leibniz foram tristes e solitários. Sua
protetora, a princesa Sofia, havia morrido. Jorge I da Inglaterra não
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
11 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
o queria mais por lá. As diversas cortes e academias de que fez
parte esqueceram-no . Assim , perdeu prestígio. A Royal Society
deu o crédito da invenção do cálculo infinitesimal para Newton.
Leibniz, que teve uma vida agitada, escrevia e meditava à
noite. Seus trabalhos são breves em tamanho, não exigiram
muito elaboração. Leibniz escreveu em latim e francês.
Morreu com setenta anos em funeral acompanhado apenas
por seu secretário. Havia brigado com a corte de Hanôver.
Dentre as muitas obras de Leibniz se destacam: Discurso da
Metafísica, Novos ensaios sobre o entendimento
humano (resposta a Locke), Sobre a origem das coisas, Sobre o
verdadeiro método da filosofia , Teologia e correspondência.
Leibniz procurou expôr conceitos de validade atemporal na sua
filosofia. Ele chamava tal filosofia de perene. E quis conciliá-la com
a filosofia moderna. A filosofia moderna havia tomado caminhos
diferentes da antiga e escolástica. Leibniz descobriu que era uma
questão de perspectiva , mas todas as filosofias podiam ser unidas
sob muitos aspectos.Ele resgatou a visão teleológica
escolástico-aristotélica, que atribuía uma causa a tudo. De
Descartes aproveitou a aplicação da matemática ao mundo.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
12 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Leibniz criticou a materialismo moderno. Apesar disso, era um
racionalista. Seu racionalismo, como o de Zenão, chegava ao
paradoxo.
Usando a teoria da causalidade, Leibniz explica a existência
de Deus. Diz que ele não faz nada ao acaso, é supremamente
bom.
O universo não foi feito apenas pelo homem, mas o homem pode
conhecer o universo inteiro. Deus é engenhoso, é capaz de formar
uma “máquina” com apenas um simples líquido, sendo necessário
apenas a interação com as leis da natureza para desenvovê-la.
A vontade do criador está submetida à sua lógica e a de seu
entendimento. É uma visão racionalista do mundo, e a mente
divina seria impregnada de racionalidade. Mas o mundo é mais do
que a razão pode concatenar. O valor da razão reside no seu lado
prático. Ela pode conhecer o princípio matemático das coisas, do
conhecimentos específicos, mas ignora as causas últimas.
Leibniz, apesar de ser influenciado por Descartes, zombou da
simplicidade do método. E refuta o mecanicismo. Diz que a
extensão e o movimento, figura e número, não passam das
aparências, não são a essência. Existe algo que está além da
física da extensão e movimento, e é de natureza metafísica,
uma força.Descartes havia dito que a constante nos
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
13 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
fenômenos mecânicos é a quantidade – movimento. Leibniz
fala que isso é um erro, para ele a constante é a força viva, a
energia cinética.
O PONTO PRINCIPAL DO PENSAM ENTO DE LEIBNIZ É A TEORIA DAS
M ÔNADA:
É um conceito neoplatônico, que foi retomado por Giordano Bruno
e Leibniz desenvolveu.
As mônadas (unidade em grego) são pontos últimos se
deslocando no vazio. Leibniz chama de enteléquia e mônada a
substância tomada como coisa em si, tendo em si sua
determinação e finalidade.
Para Leibniz, o espaçoé um fenômeno não ilusório. É a ordem das
coisas que se relacionam. o espaço tem uma parte objetiva, a da
relação, mas não é o real tomado em si mesmo. Assim como o
espaço, o tempo também é um fenômeno.
As leis elaboradas pela mecânica são leis de conveniência,
pela qual Deus criou o melhor dos mundos.
Assim como o mecanicismo, Leibniz critica a visão cartesiana de
máquinas. Os seres orgâncicos são máquinas divinas. Em cada
pequena parte desses seres, há uma peça dessas máquinas, que
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
14 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
são do querer divino. É a maneira pela qual se realiza o finalismo
superior.Para conhecermos a realidade precisamos conhecer os
centros de força que a constituem, as mônadas. São pontos
imateriais como átomos. São e formam tudo o que existe. São
unas assim como a mente. A mente apresenta diversidade, bem
como várias representações. A mônada deve ser pensada junto
com a mente. As atividades principais das mônadas são a
percepção e a representação. Elas tem tendências à várias
percepções.Uma mônada só é distinta da outra pela sua atividade
interna. As mônadas tem dois tipos de percepção, a simples e a
consciente.A última é chamada de apercepção. Somente algumas
mônadas apercebem, e elas tem mais percepções inconscientes
que conscientes.
Leibniz identificou a percepção inconsciente na natureza
humana:
É aquele estado de consciência no qual a alma fica sem perceber
nada distintamente, nós não nos recordamos do que vivemos.
Certamente Leibiniz falava daquela estado especial de não
entendimento e não associação em que a alma fica “amorfa”. Mas
tal estado não é duradouro. enquanto estamos nele, parecemos
as mônadas.Leibniz, na sua doutrina das mônadas, fala que cada
mônada espelha o universo inteiro. Tudo está em tudo. Isso se
aplica também ao tempo, ele diz: “o presente está grávido do
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
15 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
futuro.” Uma mônada se diferencia da outra, poque as coisas estão
presentes em maior ou menor grau nelas, e sob diferentes ângulos
e aspectos.Não existem duas substâncias exatamente idênticas,
pois se houvesse, elas seriam a mesma. A realidade é composta
de mínusculas partículas, tem uma riqueza infinita. Deus conhece
a tudo perfeitamente.
Leibniz fala da lei da continuidade. Uma coisa leva a outra, na
natureza não há saltos. Entre um extremo e outro, há um nível
médio.
Deus é a mônada das mônadas:
Uma substância incriada, original e simples. Deus criou e cria, a
partir do nada, todas as outras substâncias. Uma substância, por
meio natural, não pode perecer. Só através da aniquilação .
Também, de uma não se criam duas. Uma mônada é uma
substância, e é uma coisa sem janela, encerra em si mesma sua
finalidade.
Como já disse, a mônada é imaterial:
Porém é da relação entre elas que nasce o espaço e matéria. A
mônada é atividade limitada, pois a atividade ilimitada só se
encontra em Deus (um tipo especial ). É dessa imperfeição, que
torna a essência obscura que nasce a matéria.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
16 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Os organismos são um agregados de mônadas unidos por
uma enteléquia superior. Nos animais essa enteléquia é a
alma. Nos homens, a alma é entendida como espírito.
Uma coisa já está em potência na semente - Até aí nada de
novo:
O original em Leibniz, é que não existe geração nem morte.Só
existe desenvolvimento, no sêmem já existe um animal. Ele só
precisa se desenvolver.
A substâncias brutas espelham mais ao mundo do que a Deus. O
contrário nas substâncias superiores: Deus governa o mundo com
leis materiais e espirituais. Existem vários pequenos deuses,
controlados pelo grande Deus.
Leibniz,para explicar a interação entre a matéria e o espírito,
formulou três hipóteses:
1) uma ação recíproca
2) intervenção de Deus em todas as ações
3) A harmonia pré-estabelecida. Cada substância tira tudo de
seu interior,segundo a vontade divina.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
17 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
O famosoprincípio da razão suficiente de Leibniz, é junto com
sua mônadologia,a pedra lapidar de sua metafísica. Esse
princípio postula que cada coisa existe com uma razão de ser.
Nada acontece ao acaso.
ESTAM OS NO M ELHOR DOS M UNDOS POSSÍVEIS,O SER SÓ É,SÓ
EXISTE,PORQUE É O M ELHOR POSSÍVEL:
A perfeição de Deus garante essa vantagem . Deus escolheu
dentre os mundos possíveis,o que melhor espelhava sua
perfeição. Ele escolheu esse mundo por uma necessidade moral.
Mas se esse mundo é tão bom porque existe o mal? Na
Teódiceia, Leibniz indentifica três tipos de mal:
1) O mal metafísico,que deriva da finitude do que não é Deus
2) O mal moral,que advém do homem, não de Deus. É o pecado.
3) O mal físico. Deus o permite para evitar males maiores, para
corrigir.
LEIBNIZ DIFERENCIA A VERDADE DE RAZÃO DA VERDADE DE FATO:
A verdade de razãoé absoluta, pois estáno intelectode Deus:
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
18 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Por exemplo, as leis da matemática e as regras de justiça e
bondade. O oposto dessas verdades é impossível. As verdades de
fato admitem opostos. Elas poderiam não existir, mas tem um
motivo prático para existirem.
No livro Novos ensaios sobre o entendimento humano, Leibniz
analisa o livro de Locke, Ensaio sobre o entendimento humano.
Ele critica o empirismo de Locke (nada existe na mente que
não tenha estado nos sentidos) e defende, como Descartes,
um inatismo. Ele localiza qualidades inatas na alma, como o
ser , o uno, o idêntico, a causa, a percepção e o raciocínio.
Leibniz retoma Platão, e sua teoria de reminiscência das
idéias, dizendo que a alma reconhece virtualmente tudo.
Leibniz coloca que as condições para a liberdade são três:
A inteligência, a espontaneidade e a contingência. A liberdade da
alma consiste em nela encerrar um fim em si mesma, não
dependendo de externos.
PRINCÍPIOS DE FILOSOFIA OU MONADOLOGIA:
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
19 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
1 — A Mónada, de que iremos aqui falar, não é outra coisa senão
uma substância simples, que entra nos compostos; simples, quer
dizer, sem partes. (Teodíceia, § 10).
2 — E, como há compostos, é necessário que haja substâncias
simples; porque o composto não é outra coisa senão um montão
ou AGGREGATUM dos simples.
3 — Ora, onde não há partes, não há nem extensão, nem figura,
nem divisibilidade possível. E estas Mónadas são os verdadeiros
Átomos da Natureza ou, numa palavra, os Elementos das coisas.
4 — Não há também dissolução a temer, e não há nenhuma
maneira concebível pela qual uma substância simples possa
perecer naturalmente.
5 — Pela mesma razão, não há nenhuma maneira pela qual uma
substância simples possacomeçarnaturalmente, pois não poderia
ser formada por composição.
6 — Assim,pode dizer-seque as Mónadas não poderiam começar
nem acabar senão instantaneamente, isto é, elas não poderiam
começar senão por criação e acabar senão por aniquilação; ao
contrário, o que é composto começa e acaba por partes.
7 — Não há igualmente meio de explicar como uma Mónada pode
ser alterada ou mudada no seu interior por outra qualquer criatura;
Pois nada se lhe pode transpor, nem conceber algum movimento
interno que pudesse ser excitado, dirigido, aumentado ou
diminuído dentro dela, como acontece nos compostos, onde há
mudança entre as partes. As mónadas não têm janelas por que
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
20 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
alguma coisa pudesse entrar ou sair. Os acidentes não poderiam
separar-se, nem passear-se fora das substâncias, como faziam
outrora as espécies sensíveis dos escolásticos. Assim, nem
substância, nem acidente pode vir de fora para uma Mónada.
8 — No entanto, é necessário que as Mónadas tenham algumas
qualidades; de outro modo, nem sequer seriam Seres. E se as
substâncias simples não diferissem pelas suas qualidades, não
haveria meio de se aperceber de qualquer mudança nas coisas;
porque o que está nos compostos só pode provir dos ingredientes
simples; e as Mónadas sendo sem qualidades, seriam
indistinguíveis uma da outra, já que elas em nada diferem em
quantidade. E, consequentemente, o pleno sendo suposto, cada
lugar só receberia em movimento o Equivalente do que tinha tido,
e um estado de coisas seria indistinguível de outro.
9 — É mesmonecessárioque cada Mónada seja diferente de cada
outra. Porque não existe nunca na natureza dois Seres que sejam
perfeitamente um comoo outro e onde não seja possível encontrar
uma diferença interna ou fundada sobre uma determinação
intrínseca.
10 — Temo igualmente por aceite que todo o ser criado está sujeito
à mudança, e por conseqüência a Mónada, criada ela também; e
mesmo que esta mudança é contínua em cada uma.
11 — Segue-se do que dissemos, que as mudanças naturais das
Mónadas provêm de um PRINCÍPIO INTERNO, já que uma causa
externa não poderia influir no seu interior.(Teod., §s. 396 e 400).
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
21 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
12 — Mas também é necessário que, para além do princípio de
mudança, haja um DETALHE DO QUE MUDA, que faça, por assim
dizer, a especificação e a variedade das substâncias simples.
13 — Este detalhe deve envolver uma multiplicidade na unidade
ou no simples. Porque como toda a mudança natural se faz por
degraus, alguma coisa muda e alguma coisa permanece; e, con-
sequentemente, é necessário que na substância simples haja
pluralidade de afecções e de relações, ainda que nela não haja
partes.
14 — O estado passageiro que envolve e representa uma
multiplicidade na unidade ou na substância simples não é outra
coisa senão o que se chama a PERCEPÇÃO, a qual deve
distinguir-se da apercepção ou da consciência, como se mostrará
adiante. E foi nisto que os cartesianos falharam bastante, não
tendo considerado para nada as percepções que não se aperce-
bem. Foi igualmente o que fez acreditar que só os Espíritos eram
Mónadas e que não havia Almas dos Animais nem outras
Enteléquias; e que os fez confundir, com o vulgo, um longo
atordoamento com uma morte a rigor, o que os fez ainda cair no
preconceito escolástico das almas totalmente separadas e, do
mesmo modo, fortaleceu os espíritos mal formados na opinião da
mortalidade das almas.
15 — A Ação do princípio interno que faz a mudança ou a passa-
gem de uma percepção a outra pode ser chamada APETIÇÃO. É
verdade que o apetite não pode sempre adequar-se inteiramente
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
22 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
a toda a percepção para onde ela tende, mas consegue sempre
qualquer coisa e alcança percepções novas.
16 — Nós próprios experimentamos uma multiplicidade na
substânciasimples logo que notamos que o menor pensamento de
que nos apercebemos envolve uma variedade no objeto. Assim,
todos os que reconhecem que a Alma é uma substância simples
deviam reconhecer esta multiplicidade na Mónada, e Bayle não
devia encontrar aí uma dificuldade, como o fez no seu Dicionário,
artigo Rorarius.
17 — De resto, é-se obrigado a confessar que a PERCEPÇÃO e
o que dela depende é INEXPLICÁVEL POR RAZÕES ME-
CÂNICAS, isto é, pelas figuras e pelos movimentos. E fingindo
existir uma Máquina cuja estrutura fizesse pensar, sentir, ter
percepção, poder-se-ia, conservando as mesmas proporções,
concebê-la aumentada de tal modo que nela se pudesse entrar
como num moinho. E assim, percorrendo-a por dentro, não
encontraríamos senão peças impulsionando-se umas às outras e
nada por que explicar uma percepção. Assim, é na substãncia
simples, e no composto ou na máquina, que é preciso procurá-la.
Também nada senão isso se poderá encontrar nas substâncias
simples, isto é, as percepções e as suas mudanças. E é só nisso
igualmente que podem consistir todas as AÇÕES INTERNAS das
substâncias simples.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
23 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
18 — Poder-se-ia dar o nome de Enteléquias a todas as
substâncias simples ou Mônadas criadas porque elas contêm uma
certa perfeição, (echousi to
enteles) e possuem umasuficiência (autarkeia) que as torna fontes
das suas próprias acções internas e, por assim dizer, em
Autômatos incorporais. (Teod., § 87).
19 — Se queremos chamar alma a tudo o que tem
PERCEPÇÕES e APETITES no sentido geral que acabo de
explicar, todas as substâncias simples ou Mónadas criadas
poderiam ser chamadas Almas; mas como o sentimento é
algo mais que uma simples percepção, concordo que o nome
geral de Mónadas e Enteléquias baste para as substâncias
simples que só têm percepção e que se chame Almas
somente àquelas cuja percepção é mais distinta e
acompanhada de memória.
20 — Nós próprios experimentamos um Estado em
que não nos lembramos de nada nem temos nenhuma
percepção distinta, como quando desfalecemos ou quando
estamos abatidos num profundo sono sem nenhum sonho.
Neste estado, a alma não difere em nada de uma simples
Mónada; mas como este estado não é durável, e dele se
liberta, a alma é algo mais. (Teod., § 61).
21 — Disto não se infere que, naquele estado, a substância
simples esteja sem qualquer percepção. Tal não é possível, até
pelas razões já apontadas; porque tal como não poderia perecer,
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
24 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
assim também não poderia subsistir sem nenhuma afecção, que
não é outra coisa que a sua percepção. Mas quando há uma
grande quantidade de pequenas percepções, onde nada se en-
contra distinto, é porque se está atordoado, como quando se anda
continuamente à volta num mesmo sentido várias vezes, de modo
que advém uma vertigem que nos faz desmaiar e nada nos deixa
distinguir. E a morte pode conferir por uns tempos este estado aos
animais.
22 — E como todo o estado presente de uma substância simples
é naturalmente uma conseqüência do seu estado precedente, do
mesmo modo o presente está prenhe do futuro. (Teod., § 360).
23 — Assim, pois que despertada do atordoamento APERCEBE-
SE das suas percepções, é necessário que também as tivesse tido
imediatamente antes, ainda que tal fosse imperceptível; porque
uma percepção não poderia provir naturalmente senão de outra
percepção, como um movimento não provém naturalmente senão
doutro movimento. (Teod., §s. 401-403).
24 — Daqui se conclui que, se não tivéssemos nada de distinto e,
por assim dizer, de recortado e de um mais alto gosto nas nossas
percepções, estaríamos num contínuo atordoamento. É este o
estado das Mónadas nuas.
25 — Assim, vemos que a Natureza deu percepções recortadas
aos animais, graças aos cuidados que ela toma de lhes fornecer
os órgãos que conjugam vários raios de luz ou várias ondulações
do ar, de modo a que, pela sua união, tivessem mais eficácia. Há
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
25 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
algo de semelhante no odor, no gosto e no tacto, e talvez em
muitos outros sentidos que nos são desconhecidos. Em breve
explicarei como o que se passa na Alma representa o que sucede
nos órgãos.
26 — A memória fornece às almas uma espécie de
CONSECUÇÂO que imita a razão, mas que se lhe deve distinguir.
É que vemos que os animais tendo a percepção de algo que os
incomoda, e da qual tinham antes uma percepção semelhante,
aguardam através da representação da sua memóriao que esteve
junto nessa percepção precedente e, assim, são levados a
sentimentos semelhantes aos de então. Por exemplo, quando se
mostra um pau aos cães, eles recordam-se da dor causada
anteriormente e, ganindo, fogem. (Prelimin., § 65).
27 — E a imaginação forte que os perturba e agita provém ou da
grandeza ou da quantidade das percepções precedentes. Porque
muitas vezes uma impressão forte provoca de uma só vez o efeito
de um longo HÁBITO ou de muitas fracas percepções reiteradas,
28 — Os homens,enquanto as consecuções das suas percepções
só se fazem pelo princípio da memória, agem como os animais,
assemelhando-se aos Médicos Empíricos que têm uma simples
prática sem teoria; o nós somos somente Empíricos em três
quartos das nossas Acções. Por exemplo: quando se espera pelo
dia de amanhã porque assim sempre sucedeu até agora, age-se
empiricamente. Neste caso, só o Astrônomo julga pela razão.
(Prelimin.. § 65).
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
26 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
29 — Porém, o conhecimentodas verdades necessárias e eternas
é o que nos distingue dos simples animais e nos faz possuir a
RAZÃO e as Ciências, elevando-nos ao conhecimento de nós
próprios e de Deus. E é o que se chama em nós Alma Racional ou
Espírito.
30 — É também pelo conhecimento das verdades necessárias e
pelas suas abstracções que nos elevamos aos ACTOS
REFLEXIVOS, que nos fazem pensar no que se chama Eu e a
considerar que isto ou aquilo existem em nós. E é assim que
pensando em nós pensamos no Ser, na Substância, no simples e
no composto, no imaterial e no próprio Deus, concebendo que
aquilo que é limitado em nós é nele ilimitado. E estes Actos
reflexivos fornecem os objectos principais dos nossos
raciocínios. (Teod., Prefácio).
31 — Os nossos raciocínios estãp fundados em DOIS
GRANDES PRINCÍPIOS, O DA CONTRADIÇÃO em virtude do
qual julgamos FALSO o que implica contradição e
VERDADEIRO o que é oposto ou contraditório com o
falso. (Teod., §s. 44 e 169).
32 — E O DA RAZÃO SUFICIENTE, em virtude do qual
consideramos que nenhum Jacto poderia ser verdadeiro ou
existente, nenhuma Enunciação verídica sem que haja uma
razão suficiente para que isso assim seja e não de outro
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
27 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
modo, ainda que estas razoes as mais das vezes não possam
ser conhecidas por nós. (Teod., §s. 44 e 196).
33 — Há duas espécies de VERDADES; as de RACIOCÍNIO e as
de FACTO. As verdades de Raciocínio são necessárias e o seu
oposto é impossível; e as de facto são contingentes e o seu oposto
é possível. Quando uma verdade é necessária pode encontrar-se
a sua razão pela análise, resolvendo-a em idéias e verdades mais
simples até se chegar às primitivas. (Teod, §s. 170, 174, I89, 280-
282, 367; Resumo, 3.ª Objecção).
34 — Ê assim que os Matemáticos reduzem os TEOREMAS de
especulação e as REGRAS da prática através da Análise às
Definições, Axiomas e Postulados.
35 — Enfim, há IDÉIAS SIMPLES cuja definição não se pode dar;
há também Axiomas e Postulados ou, numa palavra, PRINCÍPIOS
PRIMITIVOS que não poderiam ser provados e que também não
têm necessidade de sê-lo; são as ENUNCIAÇÕES IDÊNTICAS,
cujo oposto contém uma contradição expressa.
36 — Mas a RAZÃO SUFICIENTE deve encontrar-se também nas
VERDADES CONTINGENTES ou DE FACTO, isto é, na série das
coisas que se encontram repartidas pelo universo das criaturas,
onde a resolução em razões particulares poderia ser levada a um
detalhe sem limites devido à variedade imensa das coisas da
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
28 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Natureza e à divisão dos corpos ao infinito. Há uma infinidade de
figuras e movimentos presentes e passados que entram na causa
eficiente da minha presente escrita e há uma infinidade de
pequenas inclinações e disposições da minha alma, presentes e
passadas, que entram na causa final. (Teod., §s. 36, 37, 44, 45,
49, 52, 121, 122, 637, 340-344).
37 — E como todo este DETALHE envolve ainda outros
contingentes anteriores ou mais detalhados, dos quais cada um
tem ainda necessidadede uma Análise semelhante para lhe confe-
rir razão, nunca mais seavança na análise; e é precisoque a razão
suficiente ou última esteja fora da seqüência ou SÉRIES deste
detalhe dos contingentes por mais infinito que ele possa ser.
38 — E é assim que a última razão das coisas deve estar numa
substâncianecessária, na qual o detalhe das mudanças não esteja
senão eminentemente, como na origem: e é o que chamamos
Deus. (Teod., § 7).
39 - Ora, esta substância sendo uma razão suficiente de todo este
detalhe, o qual está igualmente ligado por todo o todo o lado, NÃO
HÁ SENÃO UM DEUS E ESTE DEUS BASTA.
40 — Pode julgar-se também que esta Substância Suprema que é
única, universal e necessária, não tendo nada fora dela que lhe
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
29 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
seja independente, e sendo uma conseqüência simples do ser
possível, deva ser incapaz de limites e deva conter tanta realidade
quanto lhe seja possível.
41 — Donde se segue que Deus é absolutamente perfeito, não
sendo outra coisa a perfeição senão a grandeza de realidade
positiva tomada rigorosamente, excluindo os limites ou restrições
nas coisas que as têm. E onde não há limites, isto é, em Deus, a
perfeição é absolutamente infinita. (Teod., § 22, Prefácio, § 4).
42 — Segue-se igualmente que as criaturas têm as suas
perfeições a partir da influência de Deus, mas que elas têm
também as suas imperfeições a partir da sua própria natureza,
incapaz de ser sem limites. Porque é nisto que elas são distintas
de Deus.(Teod., §s. 20, 27-30, 153, 167, 377 e ss.).
43 — Ê igualmente verdade que em Deus está não somente a
fonte das existências, mas ainda a das essências, enquanto reais,
ou o que há de real na possibilidade. E isto é assim porque o
Entendimento de Deus é a região das verdades eternas ou das
idéias de que se dependem, e sem ele nada de real haveria nas
possibilidades; e não somente nada de existente, mas tão-pouco
nada de possível. (Teod., § 20).
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
30 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
44 — Porque é necessário que, se há uma realidade nas
Essências ou possibilidades ou nas verdades eternas, esta
realidade seja fundada em algo de existente e Actual; e,
consequentemente, na Existência do Ser necessário, no qual a
Essência implica a Existência ou no qual basta ser possível para
ser Actual. (Teod,, §s. 184-189, 335).
45 — Assim, só Deus (ou o Ser Necessário) tem este privilégio: se
é possível tem de existir necessariamente. E como nada pode
impedir a possibilidade do que não contém nenhuns limites,
nenhuma negação, e, consequentemente, nenhuma contradição,
isto basta para conhecer a Existência de Deus A PRIORI.
Demonstramo-la igualmente pela realidade das verdades eternas.
Mas acabamos também de prová-la A POSTERIORI pela
existência de seres contingentes, os quais não poderiam ter a sua
razão última ou suficiente senão no ser necessário o qual tem a
razão da sua existência em si próprio.
46 — Porém, não é preciso imaginar-se, como alguns, que as
verdades eternas, sendo dependentes de Deus, são arbitrárias e
dependentes da sua vontade, como Descartes parece tê-lo feito e,
posteriormente, Poiret. Isto não é verdade senão para as verdades
contingentes, cujo princípio é a CONVENIÊNCIA ou a escolha do
MELHOR, ao passo que as Verdades Necessárias dependem
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
31 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
unicamente do seu objecto interno. (Teod., §s. 180-184, 185, 335,
351, 380).
47 — Assim, só Deus é a Unidade Primitiva ou a substância
simples originária, da qual todas as Mónadas criadas ou
derivativas são produções; e nascem, por assim dizer, por
Fulgurações contínuas da Divindade de momento a momento,
limitadas pela receptividade da criatura, à qual é essencial ser
limitada. (Teod., §s. 382-391, 398, 395).
48 — Há em Deus a POTÊNCIA, que é a fonte de tudo, depois o
CONHECIMENTO, que contém o detalhe das idéias, e enfim a
VONTADE, que faz as mudanças ou produções segundo o
princípio do melhor. E isto é o que corresponde, ao que nas
Mónadas criadas faz o Sujeito ou a Base, a Faculdade Perceptiva
e a Faculdade Apetitiva. Mas em Deus estes atributos são
absolutamente infinitos ou perfeitos; e nas Mónadas criadas ou
nas Enteléquias (ou perfectihabies, como Hermolaus Barbarus
traduziu esta palavra) não são senão imitações à medida da
perfeição que contêm. (Teod., §s. 7, 149, 150; § 87).
49 — A criatura é dita AGIR para fora tanto quanto perfeição
contém; e PADECER de uma outra tanto quanto é imperfeita.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
32 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Assim, atribui-se a ACÇÃO à Mónada enquanto ela possui per-
cepções distintas e a paixão enquanto ela tem percepções
confusas. (Teod.,§s. 32, 66, 368).
50 — E uma criatura é mais perfeita do- que outra enquanto se
encontra nela o que serve para dar razão A PRIORI do que se
passa noutra e é por isso mesmo que se diz que ela age sobre a
outra.
51 — Mas nas substâncias simples há somente uma influência
ideal de uma Mónada sobre outra, a qual não pode ter o seu efeito
senão pela intervenção de Deus e tanto quanto nas idéias de Deus
uma Mónada pede com razão que Deus, regulando as outras
desde o começo das coisas, a tenha em consideração. Porque, já
que umaMónada criada não poderia ter uma influência física sobre
o interior de outra, é somente por este meio que uma pode estar
dependente de outra. (Teod., §s. 9, 54, 65, 66, 201, Resumo,
3.a
Obj.).
52 — E é assim que entre as criaturas as Acções e as Paixões são
mútuas. Porque Deus, comparando duas substâncias simples,
encontra em cada uma razões que a obrigam a acomodar-se à
outra; e, consequentemente, o que de certo ponto de vista é activo,
é passivo segundo um outro ponto de consideração: ACTIVO
enquanto o que se conhece distintamente nela serve para dar
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
33 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
razão do que se passa numa outra, e PASSIVO enquanto a razão
do que se passanela seencontra no que seconhece distintamente
em outra.
53 — Ora, como há uma infinidade de universos possíveis nas
idéias de Deus e como não pode existir senão um só, é preciso
que haja uma razão suficiente da escolha de Deus, que o
determine a preferir a um mais do que a outro. (Teod., §s. 8, 10,
44, 173, 196 e ss., 225, 414-416).
54 — E esta razão não se pode encontrar senão na
CONVENIÊNCIA ou nos graus de perfeição que estes mundos
contêm; cada possível tendo direito a pretender à existência à
medida da perfeição que contém. (Teod., §s. 74, 167, 350, 201,
130, 352, 345 e ss., 354).
55 — E é esta a causa da Existência do Melhor, que a Sabedoria
fez conhecer a Deus, que a sua bondade o fez escolher e que a
sua potência o fez produzir.
(Teod., §s. 8, 78, 80, 84, 119, 204, 206, 208, Resumo 1a
Obj.,
8.a
Obj.).
64 — Assim, cada corpo orgânico de um vivente é uma Espécie
de Máquina divina, ou de um Autômato Natural, que ultrapassa
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
34 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
infinitamente todos os Autômatos artificiais, porque uma Máquina
feita pela arte do homem não é Máquina em cada uma das suas
partes. Por exemplo: o dente de uma roda de latão tem partes ou
fragmentos que já não nos são algo de artificial e não contêm mais
nada que indique da Máquina relativamente ao uso a que a roda
era destinada. Mas as Máquinas da Natureza, isto é, os corpos
vivos, são ainda Máquinas nas suas menores partes, até ao
infinito. É isto que faz a diferença entre a Natureza e a Arte, isto é,
entre a Arte divina e a Nossa. (Teod., §s. 134, 146, 194, 483).
65 — E o Autor da Natureza pôde praticar este artifício divino e
infinitamente maravilhoso porque cada porção de matéria não é
somente divisível ao infinito, como os antigos reconheceram, mas
ainda subdividido actualmente sem fim, cada parte em partes, das
quais cada uma tem algum movimento próprio. De outro modo
seria impossível que cada porção de matéria pudesse exprimir
todo o universo. (Prelimin., § 70; Teod., § 195).
66 — Donde se vê que há um Mundo de criaturas, de viventes, de
Animais, de Enteléquias, de Almas na menor porção de matéria.
67 — Cada porção de matéria pode ser concebida comoum jardim
pleno de plantas.e como um lago pleno de peixes. Mas cada ramo
da planta, cada membro do Animal, cada gota de seus humores é
ainda um tal jardim ou um tal lago.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
35 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
68 — E embora a terra e o ar interpostos entre as plantas do jardim
ou a água interposta entre os peixes do lago não sejam plantas
nem peixes, eles os contêm ainda, as mais das vezes de uma
subtilidade imperceptível para nós.
69 — Assim, não há nada de inculto, de estéril, de morto no
universo, não há caos nem confusão senão na aparência, mais ou
menos como num lago à distância no qual se veria um movimento
confuso e buliçoso, por assim dizer, de peixes no lago sem
discernir os próprios peixes.
70 — Por isso se vê que cada corpo vivo tem uma Enteléquia
dominante, que é a Alma no animal; mas os membros deste corpo
vivo são plenos de outros corpos vivos, plantas, animais, dos quais
cada um tem ainda a sua Enteléquia ou a sua alma dominante.
71 — Não é necessário imaginar, porém, como alguns que
perceberam mal o meu pensamento, que cada Alma tem uma
massaou porção de matéria própria ou a ela afectada para sempre
e que possui, consequentemente, outros vivos ao seu serviço.
Porque todos os corpos estão num fluxo perpétuo como os rios em
que as partes entram e saem continuamente.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
36 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
72 — Assim, a alma não muda de corpo senão pouco a pouco e
por graus, de modo que não é nunca despojada instantaneamente
de todos os seus órgãos; e muitas vezes há metamorfose nos
animais, mas nunca há Metempsicose nem transmigração das
Almas; também não existem ALMAS completamente
SEPARADAS nem Gênios sem corpo. Só Deus está inteiramente
separado. (Teod., §s. 90, 124).
73 — O que igualmente faz que nunca haja nem geração inteira
nem morte perfeita tomada a rigor, isto é, consistindo na
separação da alma. E o que chamamos GERAÇÕES são
desenvolvimentos e crescimentos, tal como o que chamamos
MORTES são Envolvimentos e Diminuições.
74 — Os Filósofos estiveram bastante embaraçados sobre a
origem das Formas, Enteléquias ou Almas; mas hoje, quando se
apercebeu, através de investigações exactas feitas sobre as
plantas, os insectos e os animais, que os corpos orgânicos da
natureza nunca são produzidos a partir de um caos ou de uma
putrefação, mas sempre através de sementes, nas quais sem
dúvida existia alguma PREFORMAÇÃO, julgou-se que não
somente o corpo orgânico já aí estava antes da concepção, mas
ainda uma Alma neste corpo e, numa palavra, o próprio animal; e
que, por meio da concepção, este animal foi somente disposto a
uma grande transformaçãode modo a se tornar um animal de uma
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
37 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
outra espécie. Vê-se mesmo algo de semelhante fora da geração,
como quando os vermes se tornam moscas e as lagartas
borboletas.(Teod., §s. 86, 89, 90, 187, 188, 403, 397).
75 — Os ANIMAIS, dos quais alguns são elevados ao grau dos
maioes animais por meio da concepção, podem ser chamados
ESPERMÁTICOS; mas os que entre eles permanecem na sua
espécie, isto é, a maioria, nascem e multiplicam-se e são des-
truídos como os grandes animais, e não há senão um pequeno
número de Eleitos que passam a um maior teatro.
76 — Mas isto não era senão a metade da verdade: eu julguei
então que, se o animal nunca começa naturalmente, também
nunca acaba naturalmente, e que não somente não haverá
geração como não haverá ainda destruição inteira, nem morte
tomada a rigor. E estes raciocínios feitos A POSTERIORIe tirados
da experiência acordam-se perfeitamente com os seus princípios
deduzidos A PRIORI e acima expostos. (Teod., § 90).
77 — Assim, pode dizer-se que não somente a Alma (espelho de
um universo indestrutível) é indestrutível, como ainda o próprio
animal, ainda que a sua Máquina pereça freqüentemente em parte
e abandone ou receba despojos orgânicos.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
38 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
78 — Estes princípios proporcionaram-me o meio de explicar
naturalmente a união, ou melhor, a conformidade da Alma e do
corpo orgânico. A Alma segue as suas próprias leis e o corpo
igualmente as suas e eles se encontram em virtude da harmonia
pré-estabelecida entre todas as substâncias, pois que todas são
representações de um mesmouniverso. (Teod., §s. 340, 352, 353,
358).
79 — As Almas agem segundo as leis das causas finais, por
apetites, fins e meios. Os corpos agem segundo as leis das causas
eficientes ou movimentos.E os dois reinos, o das causas eficientes
e o das causas finais, são harmônicos entre si.
80 — Descartes reconheceu que as Almas não podem dar força
aos corpos, porque há sempre a mesma quantidade de força na
matéria. Todavia, acreditou que a alma podia mudar a direção dos
corpos. Mas isto foi porque no seu tempo não se conhecia a lei da
natureza sobre a conservação da mesma direcção total na
matéria. Se a tivesse conhecido, ele teria caído no meu Sistema
da Harmonia pré-estabelecida. (Teod., §s. 32, 59, 60, 61, 62, 66,
345, 346, e ss. 354, 355).
81 — Este sistema faz que os corpos ajam como se (por
impossível) não houvesse Almas e que as Almas ajam como se
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
39 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
não houvesse corpos. E os dois agem como se um influísse sobre
o outro.
82 — Quanto aos Espíritos ou Almas racionais, embora eu pense
que haja no fundo a mesma coisa em todos os viventes e animais,
como acabamos de dizer (a saber, que o Animal e a Alma não
começam senão com o Mundo e igualmente só acabam com o
Mundo), há, todavia, isto de particular nos Animais racionais, que
os seus pequenos Animais Espermáticos, enquanto não são
senão só isso, têm somente Almas ordinárias ou sensitivas; mas,
tratando-se dos eleitos, por assim dizer, que atingem por uma
actual concepção a natureza humana, as suas almas sensitivas
são elevadas ao grau da razão e à prerrogativa de
Espíritos. (Teod., §s. 91, 397).
83 — Entre as várias diferenças que há entre as Almas ordinárias
e os Espíritos, das quais já analisei uma parte, há ainda esta: que
as Almas em geral são espelhos vivos ou imagens do universo das
criaturas mas que os Espíritos são ainda imagens da própria
Divindade ou do próprio Autor da natureza, capazes de conhecer
o Sistema do Universo e de o imitar em algo através de
escantilhões arquitectónicos, cada Espírito sendo como uma
pequena divindade no seu domínio. (Teod., § 147).
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
40 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
84 — É o que faz que os Espíritos sejam capazes de entrar numa
Maneira de Sociedade com Deus, e que Ele seja relativamente a
eles não somente o que um inventor é à sua Máquina (como o é
Deus relativamente às outras criaturas), mas ainda o que um
Príncipe é a seus súbditos e mesmo um pai a seus filhos.
85 — Donde é fácil de concluir que a reunião de Todos os Espíritos
deve constituir a Cidade de Deus, isto é, o mais perfeito estado
possível sob o mais perfeito dos Monarcas. (Teod., § 146;
Resumo, 2.a
Obj.).
86 — Esta Cidade de Deus, esta Monarquia verdadeiramente
universal, é um Mundo Moral no Mundo Natural e o que de mais
elevado e de mais divino existe nas obras de Deus; e é nela que
consisteverdadeiramente a glória de Deus, pois que não a haveria
se a sua grandeza e a sua bondade não fossem conhecidas e
admiradas pelos espíritos; e é também relativamente a esta cidade
divina que há propriamente Bondade, ao passo que a sua
Sabedoria e a sua Potência se manifestam por todo o lado.
87 — Do mesmo modo que acima estabelecemos uma Harmonia
perfeita entre os dois Reinos Naturais, um o das causas Eficientes,
outro o das Finais, devemos ainda assinalar uma outra harmonia
entre o reino Físico da Natureza e o reino Moral da Graça, isto é,
entre Deus considerado como Arquitecto da Máquina do universo
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
41 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
e Deus considerado como Monarca da cidade divina dos
Espíritos. (Teod., §s. 62, 74, 118, 112, 130, 147).
88 — Esta Harmonia faz que as coisas conduzam à graça pelas
próprias vias da natureza, e que este globo, por exemplo, deve ser
destruído e reparado pelas vias naturais e nos momentos em que
o requer o governo dos Espíritos, para castigo de uns e
recompensa de outros. (Teod., §s. 18 e ss. 110, 244, 245, 340).
89 — Pode dizer-se ainda que Deus como Arquitecto satisfaz em
tudo a Deus como Legislador e que, assim, os pecados devem
arrastar consigo a sua pena segundo a ordem da natureza e em
virtude da própria estrutura mecânica das coisas; e que do mesmo
modo as belas acções atrairão as suas recompensas por vias
mecânicas relativamente aos corpos, ainda que isto não possa e
não deva sempre acontecer imediatamente.
90 — Enfim, sob este governo perfeito não haverá boa Acção sem
recompensa nem má sem castigo; e tudo deve resultar para bem
dos bons, isto é, daqueles que não se encontram descontentes
neste grande Estado, que confiam na providência após terem feito
o seu dever e que amam e imitam como é devido o Autor de todo
o bem, alegrando-se na consideração das suas perfeições
segundo a natureza do verdadeiro PURO AMOR, que nos faz
gozar com a felicidade do que se ama. É o que faz trabalhar as
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
42 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
pessoas sábias e virtuosas em tudo o que parece conforme à
vontade divina presumida ou antecedente e satisfazer–se,todavia,
com aquilo que Deus faz efectivamente acontecer por via da sua
vontade secreta, conseqüente ou decisiva; reconhecendo que, se
pudéssemos entender suficientemente a ordem do universo
concluiríamos que ela ultrapassa todos os desejos dos mais sábios
e que seria impossível torná-lo melhor do que ele é, não somente
para o todo em geral mas ainda para nós próprios em particular,
se nos submetemos comoé devido ao Autor de tudo, não só como
ao Arquitecto e à causa eficiente do nosso ser, mas ainda como a
nosso Mestre e à causa Final que deve constituir todo o objecto da
nossa vontade e o único que pode fazer a nossa
felicidade.(Teod.,§ 278; Prefácio).
Síntese acerca da Teoria do Conhecimento em Leibniz:
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
43 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
Em 10 pontos poderíamos sintetizar as ideias essenciais de
Leibniz, destacando os aspectos relativos à Teoria do
Conhecimento e à Metafísica:
1 – Ponto de partida: crítica à metafísica dualística de
Descartes. Deus, que é perfeição infinita, não pode ter criado um
universo bitolado em duas substâncias irreconciliáveis (res
extensa e res cogitans), na forma em que foi pensado por
Descartes.
2 – Deus, portanto, criou o “melhor dos mundos possíveis”,
caracterizado pelo princípio da “harmonia preestabelecida”.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
44 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
3 – O homem está chamado a tomar conhecimento da
“harmonia preestabelecida” do Universo. Nisso consiste a
verdade e a máxima felicidade do espírito. A nossa bem-
aventurança, na Terra, consisteem contemplarmos a harmonia do
Cosmo, que espelha a perfeição divina.
4 – O homem apreende, pelo seu conhecimento, a harmonia
do Universo em dois níveis: matemático (pela ciência da
natureza) e metafísico (pela filosofia), sendo que esta última
constitui a apreensão mais completa da “harmonia
preestabelecida”. Nas ciências, apreendemos a harmonia com a
ajuda das matemáticas.Nelas, joga um papel importante o “cálculo
infinitesimal”, que nos habilita a apreendermos a harmonia
cósmica no contexto de uma infinita quantidade de variáveis. Na
filosofia, apreendemo-la com a ajuda dos conceitos metafísicos,
que exprimem a harmonia da totalidade. A ars combinatoria
constitui, para as ciências e a filosofia, poderoso instrumento
lógico que nos possibilita superar as contradições decorrentes dos
significados equívocos das palavras (“calculemos para que nos
entendamos”, afirmava Leibniz).
5 – Cerne da metafísica leibniziana:a monadologia. O universo
foi formado mediante a criação, por Deus, de infinitas unidades
substanciais de energia ou mônadas. Essas unidades estão
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
45 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
rigorosamente hierarquizadas e organizadas pelo Supremo
Arquiteto do Universo (Deus) que age à maneira de Causa Final,
no contexto de um modelo que hoje caracterizaríamos como
finalistico-cibernético. A matéria, em si, não existe. Ela é apenas
manifestação aparente da única realidade existente: a força ou
energia, constituída pelas mônadas. Estas podem, portanto,
expandir no espaço a sua essência, ou contraí-la num ponto (à
maneira dos buracos negros postulados pela astrofísica
contemporânea). Cada uma das mônadas encerra, dentro de si,
uma representação da harmonia do Cosmo. Essa representação,
nos seres humanos, é consciente, sendo que os demais seres não
possuem essa consciência, o que torna o homem o Rei da
Criação, não para atrapalhar a ordem da “harmonia
preestabelecida”, mas para, com a luz da razão, reconhecer essa
ordem harmônica e louvar a Deus.
6 – A liberdade humana é um postulado teológico que se
depreende da tese do “melhor dos mundos possíveis”. Se Deus
não tivesse criado o homem livre, faltaria ao Cosmouma perfeição
importante, a mais exímia entre as perfeições finitas: a liberdade.
Como conciliar a liberdade com a “presciência divina?” – Ao
praticar o mal, o homem não está dando ensejo a um ser: o mal
moral é entendido por Leibniz como ignorância (carência de
conhecimento) de parte do homem, da “harmonia preestabelecida”
por Deus no Cosmo. O pecador é um ignorante. A sua infelicidade
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
46 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
consiste em desconhecer a ordem cósmica. Para Leibniz, “Deus
escreve certo com linhas tortas”. Ele, na sua infinita sabedoria,
antecipa-se a todos os nossos comportamentos, certos ou
errados. Permite os errados, como decorrentes da nossa
liberdade. Mas, tomando conhecimento do contexto em que eles
acontecem, minimiza-os mediante uma ação providencial, que
coloca as más ações dos pecadores junto às boas ações dos
homens virtuosos, a fim de que o conjunto de todas as ações
humanas seja harmonioso, como num grande mosaico bizantino.
As pedrinhas escuras, irregulares, seriam as más ações. Mas
estas praticamente desaparecem, ofuscadas pelo brilho das
pedrinhas que representam, reluzentes e coloridas, os
inumeráveis atos virtuosos dos homens bons. Assim, a ação dos
maus serve como pano de fundo que ressalta a beleza das boas
ações. No contexto deste arrazoado, Leibniz formula o seu
“providencialismo ou lex melioris”, que seestende a todos os seres
do Cosmo. Nada foi criado para ser aniquilado. Isto iria contra a
bondade infinita de Deus. Todos os seres foram criados para
integrarem o Universo definitivamente liberto do Mal, na Parusia (à
maneira como, no século XX, Teilhard de Chardin imaginou a
caminhada de toda a criação em direção ao Ponto Ômega). As
unidades de energia, que são as mônadas, revestir-se-ão da mais
maravilhosa materialização que poderíamos imaginar, a fim de
toda a criação testemunhar a grandeza e a sabedoria infinitas do
Criador.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
47 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
7 – A sociedade humana, na sua organização política, deve
refletir a harmonia cósmica, mediante a estruturação harmônica
das instituições a serviço do bem comum dos cidadãos,
preservado graças à sabedoria previdente do Rei, que constitui
uma espécie de poder moderador entre todas as forças sociais e
os indivíduos, a fim de que o bem de todos se realize. As teorias
do poder moderador ou do poder neutro, que foram formuladas no
século XIX por Jacques Necker, Benjamin Constant de Rebecque,
François Guizot, Silvestre Pinheiro Ferreira, Domingos Gonçalves
de Magalhães, Paulino Soares de Sousa, etc., encontram em
Leibniz o seu inspirador.
8 – Do ponto de vista religioso, Leibniz apelava para o
ecumenismo entre todas as Igrejas cristãs, superando o trágico
período das guerras de religião, que ocorreram na Europa ao longo
dos séculos XVI e XVII. O filósofo imaginava que esse
ecumenismo poderia ser construído por um Monarca cristão
ilustrado (Luís XIV, da França), que faria uma espécie de pacto
moderador entre as várias igrejas, incluídos os católicos e os
outros príncipes e soberanos europeus, a fim de fazer frente à
ameaça do Islã. Leibniz chegou a cogitar numa ordem político-
religiosa universal, que incluísse a China, mediante a relação de
diálogo e de atividades conjuntas entre cristãos ocidentais e
budistas tibetanos.
O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS
Página
48 de 48
(Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.)
9 – Do ângulo antropológico, Leibniz considerava que os
seres humanos, criados por Deus à sua imagem e
semelhança, davam ensejo a criações variadas que deveriam
ser conhecidas na sua origem e nas suas manifestações, não se
restringindo isso à cultura europeia. Para apreendermos o
fenômeno humano, pensava Leibniz, seria necessárioabordarmos
todas as culturas, respeitando a sua identidade, num esforço de
abertura às criações humanas. Este aspecto contrastava,
evidentemente, com as reservas que o filósofo tinha em face do
Islamismo.
10 – O filósofo desenvolveu amplo trabalho de
aconselhamento a reis e príncipes europeus, na tentativa de
consolidar a unidade continental. Essa ideia da Europa Unida
seria retomada, no início do século XIX, por Napoleão Bonaparte
e, no século XX, pelos idealizadores do Mercado Comum Europeu
e, ulteriormente, da Unidade Europeia.
Fonte: Edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda – Lisboa

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

O Fluido Cósmico Universal
 O Fluido Cósmico Universal O Fluido Cósmico Universal
O Fluido Cósmico UniversalDenise Aguiar
 
A criação divina (sef)
A criação divina (sef)A criação divina (sef)
A criação divina (sef)Ricardo Akerman
 
O sistema divino - eBook grátis
O sistema divino   - eBook grátisO sistema divino   - eBook grátis
O sistema divino - eBook grátisJAIRO ALVES
 
Fundamentos da Filosofia Esotérica de HPB
Fundamentos da Filosofia Esotérica de HPBFundamentos da Filosofia Esotérica de HPB
Fundamentos da Filosofia Esotérica de HPBAndré Ricardo Marcondes
 
Do mito a ciência verônica 11 mp
Do mito a ciência verônica 11 mpDo mito a ciência verônica 11 mp
Do mito a ciência verônica 11 mpalemisturini
 
Do mito a ciencia jéssica 11 mp
Do mito a ciencia jéssica 11 mpDo mito a ciencia jéssica 11 mp
Do mito a ciencia jéssica 11 mpalemisturini
 
A alma em platão dialética, matemática e música 28 de agosto de 2017
A alma em platão   dialética, matemática e música  28 de agosto de 2017A alma em platão   dialética, matemática e música  28 de agosto de 2017
A alma em platão dialética, matemática e música 28 de agosto de 2017Antonio Serra
 
Experiencia De Quase Morte
Experiencia De Quase MorteExperiencia De Quase Morte
Experiencia De Quase MorteADEP Portugal
 
A tentativa da síntese de goethe e hegel a jung
A tentativa da síntese de goethe e hegel a jungA tentativa da síntese de goethe e hegel a jung
A tentativa da síntese de goethe e hegel a jungJORGETORRESAQUAV
 
Aula 03 FCU - Fluído Cósmico ou Universal
Aula 03 FCU - Fluído Cósmico ou UniversalAula 03 FCU - Fluído Cósmico ou Universal
Aula 03 FCU - Fluído Cósmico ou Universalcarlos freire
 
Fluído Cósmico (Universal)
Fluído Cósmico (Universal)Fluído Cósmico (Universal)
Fluído Cósmico (Universal)Antonino Silva
 
Materialismo dialético e materialismo histórico
Materialismo dialético e materialismo históricoMaterialismo dialético e materialismo histórico
Materialismo dialético e materialismo históricoBráulio Do Rosário
 
A Importância da Doutrina Secreta para a Humanidade
A Importância da Doutrina Secreta para a HumanidadeA Importância da Doutrina Secreta para a Humanidade
A Importância da Doutrina Secreta para a HumanidadeAndré Ricardo Marcondes
 

Mais procurados (17)

O Fluido Cósmico Universal
 O Fluido Cósmico Universal O Fluido Cósmico Universal
O Fluido Cósmico Universal
 
A criação divina (sef)
A criação divina (sef)A criação divina (sef)
A criação divina (sef)
 
1.3 da criacao
1.3   da criacao1.3   da criacao
1.3 da criacao
 
O sistema divino - eBook grátis
O sistema divino   - eBook grátisO sistema divino   - eBook grátis
O sistema divino - eBook grátis
 
Fundamentos da Filosofia Esotérica de HPB
Fundamentos da Filosofia Esotérica de HPBFundamentos da Filosofia Esotérica de HPB
Fundamentos da Filosofia Esotérica de HPB
 
Filosofia de leibniz
Filosofia de leibnizFilosofia de leibniz
Filosofia de leibniz
 
Do mito a ciência verônica 11 mp
Do mito a ciência verônica 11 mpDo mito a ciência verônica 11 mp
Do mito a ciência verônica 11 mp
 
Do mito a ciencia jéssica 11 mp
Do mito a ciencia jéssica 11 mpDo mito a ciencia jéssica 11 mp
Do mito a ciencia jéssica 11 mp
 
A alma em platão dialética, matemática e música 28 de agosto de 2017
A alma em platão   dialética, matemática e música  28 de agosto de 2017A alma em platão   dialética, matemática e música  28 de agosto de 2017
A alma em platão dialética, matemática e música 28 de agosto de 2017
 
Experiencia De Quase Morte
Experiencia De Quase MorteExperiencia De Quase Morte
Experiencia De Quase Morte
 
A tentativa da síntese de goethe e hegel a jung
A tentativa da síntese de goethe e hegel a jungA tentativa da síntese de goethe e hegel a jung
A tentativa da síntese de goethe e hegel a jung
 
Aula 03 FCU - Fluído Cósmico ou Universal
Aula 03 FCU - Fluído Cósmico ou UniversalAula 03 FCU - Fluído Cósmico ou Universal
Aula 03 FCU - Fluído Cósmico ou Universal
 
O Homem, Deus e o Universo Cap VI
O Homem, Deus e o Universo   Cap VIO Homem, Deus e o Universo   Cap VI
O Homem, Deus e o Universo Cap VI
 
Fluído Cósmico (Universal)
Fluído Cósmico (Universal)Fluído Cósmico (Universal)
Fluído Cósmico (Universal)
 
Materialismo dialético e materialismo histórico
Materialismo dialético e materialismo históricoMaterialismo dialético e materialismo histórico
Materialismo dialético e materialismo histórico
 
slideshare
slideshareslideshare
slideshare
 
A Importância da Doutrina Secreta para a Humanidade
A Importância da Doutrina Secreta para a HumanidadeA Importância da Doutrina Secreta para a Humanidade
A Importância da Doutrina Secreta para a Humanidade
 

Semelhante a Melhor dos Mundos Possíveis de Leibniz

Huberto Rohden - Orientando
Huberto Rohden - OrientandoHuberto Rohden - Orientando
Huberto Rohden - Orientandouniversalismo-7
 
CapíTulo 1 Ferdinando
CapíTulo 1 FerdinandoCapíTulo 1 Ferdinando
CapíTulo 1 Ferdinandojmeirelles
 
PrefáCio Final
PrefáCio FinalPrefáCio Final
PrefáCio Finaljmeirelles
 
Prefácio Final
Prefácio FinalPrefácio Final
Prefácio Finaljmeirelles
 
PrefáCio Final
PrefáCio FinalPrefáCio Final
PrefáCio Finaljmeirelles
 
PrefáCio Final
PrefáCio FinalPrefáCio Final
PrefáCio Finaljmeirelles
 
CapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNteseCapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNtesejmeirelles
 
CapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNteseCapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNtesejmeirelles
 
CapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNteseCapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNtesejmeirelles
 
O problema da causalidade
O problema da causalidadeO problema da causalidade
O problema da causalidadeJoão Pereira
 
Universo Em Movimento
Universo Em MovimentoUniverso Em Movimento
Universo Em Movimentojmeirelles
 
Universo Em Movimento
Universo Em MovimentoUniverso Em Movimento
Universo Em Movimentojmeirelles
 
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...moratonoise
 
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...moratonoise
 

Semelhante a Melhor dos Mundos Possíveis de Leibniz (20)

Leibniz Monadologia
Leibniz   MonadologiaLeibniz   Monadologia
Leibniz Monadologia
 
Chnotícias4
Chnotícias4Chnotícias4
Chnotícias4
 
Huberto rohden orientando
Huberto rohden   orientandoHuberto rohden   orientando
Huberto rohden orientando
 
Huberto Rohden - Orientando
Huberto Rohden - OrientandoHuberto Rohden - Orientando
Huberto Rohden - Orientando
 
CapíTulo 1 Ferdinando
CapíTulo 1 FerdinandoCapíTulo 1 Ferdinando
CapíTulo 1 Ferdinando
 
Gottfried Leibniz
Gottfried Leibniz Gottfried Leibniz
Gottfried Leibniz
 
PrefáCio 1
PrefáCio 1PrefáCio 1
PrefáCio 1
 
PrefáCio Final
PrefáCio FinalPrefáCio Final
PrefáCio Final
 
Prefácio Final
Prefácio FinalPrefácio Final
Prefácio Final
 
PrefáCio Final
PrefáCio FinalPrefáCio Final
PrefáCio Final
 
PrefáCio Final
PrefáCio FinalPrefáCio Final
PrefáCio Final
 
CapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNteseCapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNtese
 
CapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNteseCapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNtese
 
CapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNteseCapíTulo 1 SíNtese
CapíTulo 1 SíNtese
 
O problema da causalidade
O problema da causalidadeO problema da causalidade
O problema da causalidade
 
Universo Em Movimento
Universo Em MovimentoUniverso Em Movimento
Universo Em Movimento
 
Universo Em Movimento
Universo Em MovimentoUniverso Em Movimento
Universo Em Movimento
 
Huberto Rohden - Ídolos ou Ideal?
Huberto Rohden - Ídolos ou Ideal?Huberto Rohden - Ídolos ou Ideal?
Huberto Rohden - Ídolos ou Ideal?
 
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
 
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
Consideracoes filosoficas sobre_o_fantasma_divino_sobre_o_mundo_real_e_sobre_...
 

Mais de Escola da Vida

Inteligencia espiritual
Inteligencia espiritualInteligencia espiritual
Inteligencia espiritualEscola da Vida
 
Mereça Ser Feliz - Capitulo 34
Mereça Ser Feliz - Capitulo 34Mereça Ser Feliz - Capitulo 34
Mereça Ser Feliz - Capitulo 34Escola da Vida
 
150 anos do ceu e o inferno
150 anos do ceu e o inferno150 anos do ceu e o inferno
150 anos do ceu e o infernoEscola da Vida
 
5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica
5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica
5 dicas de ouro para ter uma vida mais praticaEscola da Vida
 
Enviar email do access
Enviar email do accessEnviar email do access
Enviar email do accessEscola da Vida
 
Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)
Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)
Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)Escola da Vida
 
( Filosofia) g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia
( Filosofia)   g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia( Filosofia)   g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia
( Filosofia) g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologiaEscola da Vida
 

Mais de Escola da Vida (11)

Candeia
CandeiaCandeia
Candeia
 
Convite estudos xxx
Convite estudos xxxConvite estudos xxx
Convite estudos xxx
 
Inteligencia espiritual
Inteligencia espiritualInteligencia espiritual
Inteligencia espiritual
 
Mereça Ser Feliz - Capitulo 34
Mereça Ser Feliz - Capitulo 34Mereça Ser Feliz - Capitulo 34
Mereça Ser Feliz - Capitulo 34
 
150 anos do ceu e o inferno
150 anos do ceu e o inferno150 anos do ceu e o inferno
150 anos do ceu e o inferno
 
5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica
5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica
5 dicas de ouro para ter uma vida mais pratica
 
Enviar email do access
Enviar email do accessEnviar email do access
Enviar email do access
 
Historia esde
Historia esdeHistoria esde
Historia esde
 
Celular j orge
Celular j orgeCelular j orge
Celular j orge
 
Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)
Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)
Espiritismo e politica (aylton guido coimbra paiva)
 
( Filosofia) g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia
( Filosofia)   g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia( Filosofia)   g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia
( Filosofia) g w leibniz - princípios da filosofia ou a monadologia
 

Último

Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Eventowisdombrazil
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxEmanuellaFreitasDiog
 
Cosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislaçãoCosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislaçãos62vfyjhrm
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeLviaResende3
 
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDECULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDEErikajosiane
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfzsasukehdowna
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagemvaniceandrade1
 
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARdispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARBelinha Donatti
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadojosianeavila3
 
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptxpatrcialibreloto
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologiaprofdeniseismarsi
 
Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.EndrewAcacio
 
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfGuia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfVeronicaMauchle
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...kassiasilva1571
 
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxNR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxWilliamPratesMoreira
 

Último (15)

Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
 
Cosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislaçãoCosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislação
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
 
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDECULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
 
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARdispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
 
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
 
Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.
 
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfGuia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
 
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxNR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
 

Melhor dos Mundos Possíveis de Leibniz

  • 1. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 1 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Índice Segundo o filósofo Leibniz estamos no MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS - Como entender isto ?...............................................2 Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013 | 15:49 ......................................................2 O ponto principal do pensamento de Leibniz é a teoria das mônada:....................................................................................13 Estamos no melhor dos mundos possíveis,o ser só é,só existe,porque é o melhor possível: ..........................................17 Leibniz diferencia a verdade de razão da verdade de fato: ....17 Princípios de Filosofia ou Monadologia:..................................18
  • 2. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 2 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Segundo o filósofo Leibniz estamos no MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS - Como entender isto ? Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013 | 15:49 Afirmava Leibniz que este era o melhor dos mundos possíveis, ao que Bradley acrescentou, ironicamente, "e nele todo o mal é necessário". De acordo com Leibniz, são infinitos os mundos possíveis dentre os quais Deus escolhe o melhor para existir. Não só o mundo eleito como os demais têm restrições em cada uma das séries neles contidas. Cada mundo é um conjunto completo; isso significa que nenhum elemento ulterior pode ser acrescentado a ele sem torná-lo inconsistente ou sem diminuir a riqueza de suas misturas de variedade e ordem.
  • 3. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 3 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) A distinção entre um mundo e outro está no fato de seus membros operarem de acordo com diferentes leis. Cada mundo impõe certas restrições às mônadas (as unidades substanciais que formam tais mundos). Assim, uma mônada pertencente a um mundo possível desenvolve-se de acordo com as leis do mundo do qual ela participa. Isso faz com que seja inviável que uma mônada junte-se a outras que estejam subordinadas a outras leis designadas por Deus. Esse é o motivo de algumas substâncias possíveis serem inadmissíveis em outra seleção possível. Daí os mundos não poderem ser levados para caminhos incompatíveis com as leis que os governam. Todos os acidentes estão incluídos desde sempre na essência da mônada, ou seja, ela traz em si tudo aquilo que aconteceu e o que lhe acontecerá; seus estados passados, presentes e futuros, bem como todos os estados do universo inteiro. Ela reflete todo o universo a partir de certa perspectiva; contém não só aquilo que é relativo ao seu próprio estado como também todas as coisas com as quais ela se relaciona. Tais relações externas aparecem nas mônadas como modificações internas,
  • 4. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 4 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) pois elas são fechadas em si; sendo assim, não têm relação direta umas com as outras. A mônada é desprovida de um canal de comunicação para fora de si; apesar disso, indiretamente ocorre uma influência mútua na medida em que cada mudança externa é expressa por uma alteração no interior da mônada. A relação entre elas se dá através das respectivas percepções de cada uma delas. Cada mônada é como um espelho que reflete tudo que acontece, mas não interage com as outras. Isso, posteriormente, aparecerá no sistema como sendo a harmonia preestabelecida: “Deus produz diversas substâncias conforme as diferentes perspectivas que tem do universo e, por sua intervenção, a natureza própria de cada substância implica que o que acontece a uma corresponda ao que acontece a todas as outras, sem que ajam imediatamente umas sobre as outras (LEIBNIZ, 2004, p. 29).” Dessaforma,tudo que acontecea uma substânciaé consequência dela própria, do mundo interno dela.
  • 5. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 5 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) As percepções nas substâncias ativas são mais distintas, enquanto nas substâncias consideradas passivas tais percepções se dão de maneira mais confusa. De acordo com Leibniz, Deus não dá simplesmente origem às criaturas, deixa-as livres;sua criação se dá de forma contínua, se dá por emanação. Tal relação de conservação causa dependência perpétua dos seres com Deus. Apesar de tal relação, cada substância é um mundo particular. Isso, porém, não impede que seja possível prever algumas atitudes futuras delas, não apenas devido a determinadas características que cada uma possui como também devido às suas atitudes passadas. A substância expressa também o conteúdo de Deus; apesar disso, ela não sabe com certezacomo agir da melhor forma. Ela, assim como Deus, tem a visão geral do mundo. O que irá diferenciar uma substância de outra é o modo de percepção das coisas ao seu redor, ou seja, o grau de clareza ou obscuridade que tem em relação às coisas. Há, contudo, pontos de convergência entre as substâncias, como ocorre, por exemplo, quando várias substâncias presenciam um mesmo fato. A despeito disso, cada uma terá uma perspectiva
  • 6. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 6 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) própria sobre o ocorrido, mas não tão distante a ponto de não se entenderem. Se assim não fosse, se cada substância tivesse uma visão particular que não fosse compartilhada com as das outras, não haveria nenhuma ligação entre elas, e não é o que ocorre. Vemos, nesse caso, que ligação apresenta um sentido bem diferente de dependência. Deus, apesar de ter uma visão do todo, sabe como cada substância enxerga individualmente. Ele é o responsável por tornar o ponto de vista individual algo geral compartilhado por elas. É assim que ocorre a ligação entre elas. Façamos Jus a este grande pensador filho de seu tempoe das circunstâncias(E quem não é ?), mas que com todas as suas falhas e limitações muito contribuiu e ainda contribui para o pensamento moderno: Leibniz – biografia e pensamentos
  • 7. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 7 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Gottfried Wilhelm Leibniz – (1646- 1716) nasceu no dia primeiro de julho, na cidade alemã de Leipzig. Era filho de um professor de filosofia moral. Sua família era de origem eslava. Criança ainda, explorava a biblioteca do pai. Viu os autores antigos e escolásticos. Tomou contato com Platão e Aristóteles. Com quinze anos começou a ler os filósofos modernos: Bacon, Descartes, Hobbes e Galileu. Leibniz foi de um espírito universal, muito inteligente, que revelou aptidão e genialidade em diversos campos. Bertrand Russel fala que era admirável, mas não como pessoa; pois escreveu para ser popular e agradar os princípes.
  • 8. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 8 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Cursou filosofia na cidade natal, matemática em Jena, com vinte anos. Cursou também jurisprudência em Altdorf. Em 1663, aluno da faculdade de filosofia, escreveu um trabalho sobre individualização. Influenciado pelo mecanicismo de Descartes, que mais tarde refutou, expôs suas idéias em um livro, onde associava a filosofia e a matemática. Esboçou as primeiras considerações do que viria a ser sua grande descoberta matemática: o cálculo infinitesimal. Leibniz o desenvolveu na mesma época que Newton, um pouco depois. Ingressou na sociedade secreta e mística dos sábios Rosacruzes. Em 1668 entrou na corte de Eleitor de Mogúncia. Ganhou uma pensão participando da Rosa cruz em Nuremberg, que lhe abriu as portas para a política. Quando ingressou na corte, traçou um caminho que podemos associar ao de Bacon. Era ambicioso e movia-se agilmente pela corte em busca de seus projetos , muitos dos quais utópicos. Um de seus projetos filosóficos;antigo já , era a criaçãode um alfabeto do conhecimento humano. Foi nesse sentido influenciado pela lógica de Aristóteles. CRONOLOGIA:
  • 9. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 9 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Em 1670, Leibniz ascendeu para conselheiro da corte de justiça, em Mogúncia. No seu novo cargo, partiu para uma missão diplomática: convencer o rei absolutista francês (Luís XIV) a conquistar o Egito para proteger a Europa da Invasão dos turcos e mouros. Esse pedido foi recusado. De 1672 a 1676 Leibniz viveu em Paris. Sua missão que resultou em fracasso procurava evitar guerras entre os Europeus, desviando as tropas francesas para o Egito. Conseguiu permissão para continuar em Paris, o que lhe foi vantajoso para estudar, pois gozou do contato com a elite intelectual francesa. Em 1676 , completoua descoberta do cálculo infinitesimal. Newton tinha inventado um novo método de cálculos. Embora as descobertas tivessem o mesmo objetivo, forma feitas sob pontos de vista diferentes. Leibniz calculava através do infinitamente pequeno. Em Paris havia conhecido e ficado amigo do matemático Huyghens. Conheceu também o filósofo Arnauld (1612-1694) e Malembranche. Viajou para Londres e entrou para a Royal Society. Voltou para Paris. Sua estada lá, continuou sendo importante intelectualmente. O alemão ainda não era uma língua culta, e ele aprendeu francês perfeitamente.
  • 10. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 10 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Quando voltava para a Alemanha, passou de novo por Londres, onde conheceu newton. Na Holanda, conheceu Spinoza. Conversaram sobre metafísica e Spinoza mostrou a Leibniz os originais de Ètica. Em 1676, vai para Hanôver, onde se torna bibliotecário chefe. Passou os anos finais de sua vida nessa cidade, salvo algumas viagens. Foi conselheiro da corte, historiógrafo da dinastia e um dos reponsáveis por Hanôver ter se tornado um eleitorado. Viajou pela Europa para conseguir documentos que fossem importantes para o seu papel de historiador. Foi para Áustria , Itália. Na Itália, passou por Nápoles, Florença e Veneza. Leibniz era a favor da união das igrejas. Foi sócio da academia científica de Paris e de Berlim, que fundou. Em 1711, viajou para a Rússia, onde aconselhou Pedro o grande, czar russo. Pedro queria elevar a Rússia ao nível dos maiores reinados europeus. Em 1713 Leibniz foi elevado conselheiro da corte de Viena. Os últimos anos da vida de Leibniz foram tristes e solitários. Sua protetora, a princesa Sofia, havia morrido. Jorge I da Inglaterra não
  • 11. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 11 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) o queria mais por lá. As diversas cortes e academias de que fez parte esqueceram-no . Assim , perdeu prestígio. A Royal Society deu o crédito da invenção do cálculo infinitesimal para Newton. Leibniz, que teve uma vida agitada, escrevia e meditava à noite. Seus trabalhos são breves em tamanho, não exigiram muito elaboração. Leibniz escreveu em latim e francês. Morreu com setenta anos em funeral acompanhado apenas por seu secretário. Havia brigado com a corte de Hanôver. Dentre as muitas obras de Leibniz se destacam: Discurso da Metafísica, Novos ensaios sobre o entendimento humano (resposta a Locke), Sobre a origem das coisas, Sobre o verdadeiro método da filosofia , Teologia e correspondência. Leibniz procurou expôr conceitos de validade atemporal na sua filosofia. Ele chamava tal filosofia de perene. E quis conciliá-la com a filosofia moderna. A filosofia moderna havia tomado caminhos diferentes da antiga e escolástica. Leibniz descobriu que era uma questão de perspectiva , mas todas as filosofias podiam ser unidas sob muitos aspectos.Ele resgatou a visão teleológica escolástico-aristotélica, que atribuía uma causa a tudo. De Descartes aproveitou a aplicação da matemática ao mundo.
  • 12. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 12 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Leibniz criticou a materialismo moderno. Apesar disso, era um racionalista. Seu racionalismo, como o de Zenão, chegava ao paradoxo. Usando a teoria da causalidade, Leibniz explica a existência de Deus. Diz que ele não faz nada ao acaso, é supremamente bom. O universo não foi feito apenas pelo homem, mas o homem pode conhecer o universo inteiro. Deus é engenhoso, é capaz de formar uma “máquina” com apenas um simples líquido, sendo necessário apenas a interação com as leis da natureza para desenvovê-la. A vontade do criador está submetida à sua lógica e a de seu entendimento. É uma visão racionalista do mundo, e a mente divina seria impregnada de racionalidade. Mas o mundo é mais do que a razão pode concatenar. O valor da razão reside no seu lado prático. Ela pode conhecer o princípio matemático das coisas, do conhecimentos específicos, mas ignora as causas últimas. Leibniz, apesar de ser influenciado por Descartes, zombou da simplicidade do método. E refuta o mecanicismo. Diz que a extensão e o movimento, figura e número, não passam das aparências, não são a essência. Existe algo que está além da física da extensão e movimento, e é de natureza metafísica, uma força.Descartes havia dito que a constante nos
  • 13. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 13 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) fenômenos mecânicos é a quantidade – movimento. Leibniz fala que isso é um erro, para ele a constante é a força viva, a energia cinética. O PONTO PRINCIPAL DO PENSAM ENTO DE LEIBNIZ É A TEORIA DAS M ÔNADA: É um conceito neoplatônico, que foi retomado por Giordano Bruno e Leibniz desenvolveu. As mônadas (unidade em grego) são pontos últimos se deslocando no vazio. Leibniz chama de enteléquia e mônada a substância tomada como coisa em si, tendo em si sua determinação e finalidade. Para Leibniz, o espaçoé um fenômeno não ilusório. É a ordem das coisas que se relacionam. o espaço tem uma parte objetiva, a da relação, mas não é o real tomado em si mesmo. Assim como o espaço, o tempo também é um fenômeno. As leis elaboradas pela mecânica são leis de conveniência, pela qual Deus criou o melhor dos mundos. Assim como o mecanicismo, Leibniz critica a visão cartesiana de máquinas. Os seres orgâncicos são máquinas divinas. Em cada pequena parte desses seres, há uma peça dessas máquinas, que
  • 14. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 14 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) são do querer divino. É a maneira pela qual se realiza o finalismo superior.Para conhecermos a realidade precisamos conhecer os centros de força que a constituem, as mônadas. São pontos imateriais como átomos. São e formam tudo o que existe. São unas assim como a mente. A mente apresenta diversidade, bem como várias representações. A mônada deve ser pensada junto com a mente. As atividades principais das mônadas são a percepção e a representação. Elas tem tendências à várias percepções.Uma mônada só é distinta da outra pela sua atividade interna. As mônadas tem dois tipos de percepção, a simples e a consciente.A última é chamada de apercepção. Somente algumas mônadas apercebem, e elas tem mais percepções inconscientes que conscientes. Leibniz identificou a percepção inconsciente na natureza humana: É aquele estado de consciência no qual a alma fica sem perceber nada distintamente, nós não nos recordamos do que vivemos. Certamente Leibiniz falava daquela estado especial de não entendimento e não associação em que a alma fica “amorfa”. Mas tal estado não é duradouro. enquanto estamos nele, parecemos as mônadas.Leibniz, na sua doutrina das mônadas, fala que cada mônada espelha o universo inteiro. Tudo está em tudo. Isso se aplica também ao tempo, ele diz: “o presente está grávido do
  • 15. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 15 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) futuro.” Uma mônada se diferencia da outra, poque as coisas estão presentes em maior ou menor grau nelas, e sob diferentes ângulos e aspectos.Não existem duas substâncias exatamente idênticas, pois se houvesse, elas seriam a mesma. A realidade é composta de mínusculas partículas, tem uma riqueza infinita. Deus conhece a tudo perfeitamente. Leibniz fala da lei da continuidade. Uma coisa leva a outra, na natureza não há saltos. Entre um extremo e outro, há um nível médio. Deus é a mônada das mônadas: Uma substância incriada, original e simples. Deus criou e cria, a partir do nada, todas as outras substâncias. Uma substância, por meio natural, não pode perecer. Só através da aniquilação . Também, de uma não se criam duas. Uma mônada é uma substância, e é uma coisa sem janela, encerra em si mesma sua finalidade. Como já disse, a mônada é imaterial: Porém é da relação entre elas que nasce o espaço e matéria. A mônada é atividade limitada, pois a atividade ilimitada só se encontra em Deus (um tipo especial ). É dessa imperfeição, que torna a essência obscura que nasce a matéria.
  • 16. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 16 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Os organismos são um agregados de mônadas unidos por uma enteléquia superior. Nos animais essa enteléquia é a alma. Nos homens, a alma é entendida como espírito. Uma coisa já está em potência na semente - Até aí nada de novo: O original em Leibniz, é que não existe geração nem morte.Só existe desenvolvimento, no sêmem já existe um animal. Ele só precisa se desenvolver. A substâncias brutas espelham mais ao mundo do que a Deus. O contrário nas substâncias superiores: Deus governa o mundo com leis materiais e espirituais. Existem vários pequenos deuses, controlados pelo grande Deus. Leibniz,para explicar a interação entre a matéria e o espírito, formulou três hipóteses: 1) uma ação recíproca 2) intervenção de Deus em todas as ações 3) A harmonia pré-estabelecida. Cada substância tira tudo de seu interior,segundo a vontade divina.
  • 17. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 17 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) O famosoprincípio da razão suficiente de Leibniz, é junto com sua mônadologia,a pedra lapidar de sua metafísica. Esse princípio postula que cada coisa existe com uma razão de ser. Nada acontece ao acaso. ESTAM OS NO M ELHOR DOS M UNDOS POSSÍVEIS,O SER SÓ É,SÓ EXISTE,PORQUE É O M ELHOR POSSÍVEL: A perfeição de Deus garante essa vantagem . Deus escolheu dentre os mundos possíveis,o que melhor espelhava sua perfeição. Ele escolheu esse mundo por uma necessidade moral. Mas se esse mundo é tão bom porque existe o mal? Na Teódiceia, Leibniz indentifica três tipos de mal: 1) O mal metafísico,que deriva da finitude do que não é Deus 2) O mal moral,que advém do homem, não de Deus. É o pecado. 3) O mal físico. Deus o permite para evitar males maiores, para corrigir. LEIBNIZ DIFERENCIA A VERDADE DE RAZÃO DA VERDADE DE FATO: A verdade de razãoé absoluta, pois estáno intelectode Deus:
  • 18. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 18 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Por exemplo, as leis da matemática e as regras de justiça e bondade. O oposto dessas verdades é impossível. As verdades de fato admitem opostos. Elas poderiam não existir, mas tem um motivo prático para existirem. No livro Novos ensaios sobre o entendimento humano, Leibniz analisa o livro de Locke, Ensaio sobre o entendimento humano. Ele critica o empirismo de Locke (nada existe na mente que não tenha estado nos sentidos) e defende, como Descartes, um inatismo. Ele localiza qualidades inatas na alma, como o ser , o uno, o idêntico, a causa, a percepção e o raciocínio. Leibniz retoma Platão, e sua teoria de reminiscência das idéias, dizendo que a alma reconhece virtualmente tudo. Leibniz coloca que as condições para a liberdade são três: A inteligência, a espontaneidade e a contingência. A liberdade da alma consiste em nela encerrar um fim em si mesma, não dependendo de externos. PRINCÍPIOS DE FILOSOFIA OU MONADOLOGIA:
  • 19. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 19 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 1 — A Mónada, de que iremos aqui falar, não é outra coisa senão uma substância simples, que entra nos compostos; simples, quer dizer, sem partes. (Teodíceia, § 10). 2 — E, como há compostos, é necessário que haja substâncias simples; porque o composto não é outra coisa senão um montão ou AGGREGATUM dos simples. 3 — Ora, onde não há partes, não há nem extensão, nem figura, nem divisibilidade possível. E estas Mónadas são os verdadeiros Átomos da Natureza ou, numa palavra, os Elementos das coisas. 4 — Não há também dissolução a temer, e não há nenhuma maneira concebível pela qual uma substância simples possa perecer naturalmente. 5 — Pela mesma razão, não há nenhuma maneira pela qual uma substância simples possacomeçarnaturalmente, pois não poderia ser formada por composição. 6 — Assim,pode dizer-seque as Mónadas não poderiam começar nem acabar senão instantaneamente, isto é, elas não poderiam começar senão por criação e acabar senão por aniquilação; ao contrário, o que é composto começa e acaba por partes. 7 — Não há igualmente meio de explicar como uma Mónada pode ser alterada ou mudada no seu interior por outra qualquer criatura; Pois nada se lhe pode transpor, nem conceber algum movimento interno que pudesse ser excitado, dirigido, aumentado ou diminuído dentro dela, como acontece nos compostos, onde há mudança entre as partes. As mónadas não têm janelas por que
  • 20. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 20 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) alguma coisa pudesse entrar ou sair. Os acidentes não poderiam separar-se, nem passear-se fora das substâncias, como faziam outrora as espécies sensíveis dos escolásticos. Assim, nem substância, nem acidente pode vir de fora para uma Mónada. 8 — No entanto, é necessário que as Mónadas tenham algumas qualidades; de outro modo, nem sequer seriam Seres. E se as substâncias simples não diferissem pelas suas qualidades, não haveria meio de se aperceber de qualquer mudança nas coisas; porque o que está nos compostos só pode provir dos ingredientes simples; e as Mónadas sendo sem qualidades, seriam indistinguíveis uma da outra, já que elas em nada diferem em quantidade. E, consequentemente, o pleno sendo suposto, cada lugar só receberia em movimento o Equivalente do que tinha tido, e um estado de coisas seria indistinguível de outro. 9 — É mesmonecessárioque cada Mónada seja diferente de cada outra. Porque não existe nunca na natureza dois Seres que sejam perfeitamente um comoo outro e onde não seja possível encontrar uma diferença interna ou fundada sobre uma determinação intrínseca. 10 — Temo igualmente por aceite que todo o ser criado está sujeito à mudança, e por conseqüência a Mónada, criada ela também; e mesmo que esta mudança é contínua em cada uma. 11 — Segue-se do que dissemos, que as mudanças naturais das Mónadas provêm de um PRINCÍPIO INTERNO, já que uma causa externa não poderia influir no seu interior.(Teod., §s. 396 e 400).
  • 21. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 21 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 12 — Mas também é necessário que, para além do princípio de mudança, haja um DETALHE DO QUE MUDA, que faça, por assim dizer, a especificação e a variedade das substâncias simples. 13 — Este detalhe deve envolver uma multiplicidade na unidade ou no simples. Porque como toda a mudança natural se faz por degraus, alguma coisa muda e alguma coisa permanece; e, con- sequentemente, é necessário que na substância simples haja pluralidade de afecções e de relações, ainda que nela não haja partes. 14 — O estado passageiro que envolve e representa uma multiplicidade na unidade ou na substância simples não é outra coisa senão o que se chama a PERCEPÇÃO, a qual deve distinguir-se da apercepção ou da consciência, como se mostrará adiante. E foi nisto que os cartesianos falharam bastante, não tendo considerado para nada as percepções que não se aperce- bem. Foi igualmente o que fez acreditar que só os Espíritos eram Mónadas e que não havia Almas dos Animais nem outras Enteléquias; e que os fez confundir, com o vulgo, um longo atordoamento com uma morte a rigor, o que os fez ainda cair no preconceito escolástico das almas totalmente separadas e, do mesmo modo, fortaleceu os espíritos mal formados na opinião da mortalidade das almas. 15 — A Ação do princípio interno que faz a mudança ou a passa- gem de uma percepção a outra pode ser chamada APETIÇÃO. É verdade que o apetite não pode sempre adequar-se inteiramente
  • 22. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 22 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) a toda a percepção para onde ela tende, mas consegue sempre qualquer coisa e alcança percepções novas. 16 — Nós próprios experimentamos uma multiplicidade na substânciasimples logo que notamos que o menor pensamento de que nos apercebemos envolve uma variedade no objeto. Assim, todos os que reconhecem que a Alma é uma substância simples deviam reconhecer esta multiplicidade na Mónada, e Bayle não devia encontrar aí uma dificuldade, como o fez no seu Dicionário, artigo Rorarius. 17 — De resto, é-se obrigado a confessar que a PERCEPÇÃO e o que dela depende é INEXPLICÁVEL POR RAZÕES ME- CÂNICAS, isto é, pelas figuras e pelos movimentos. E fingindo existir uma Máquina cuja estrutura fizesse pensar, sentir, ter percepção, poder-se-ia, conservando as mesmas proporções, concebê-la aumentada de tal modo que nela se pudesse entrar como num moinho. E assim, percorrendo-a por dentro, não encontraríamos senão peças impulsionando-se umas às outras e nada por que explicar uma percepção. Assim, é na substãncia simples, e no composto ou na máquina, que é preciso procurá-la. Também nada senão isso se poderá encontrar nas substâncias simples, isto é, as percepções e as suas mudanças. E é só nisso igualmente que podem consistir todas as AÇÕES INTERNAS das substâncias simples.
  • 23. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 23 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 18 — Poder-se-ia dar o nome de Enteléquias a todas as substâncias simples ou Mônadas criadas porque elas contêm uma certa perfeição, (echousi to enteles) e possuem umasuficiência (autarkeia) que as torna fontes das suas próprias acções internas e, por assim dizer, em Autômatos incorporais. (Teod., § 87). 19 — Se queremos chamar alma a tudo o que tem PERCEPÇÕES e APETITES no sentido geral que acabo de explicar, todas as substâncias simples ou Mónadas criadas poderiam ser chamadas Almas; mas como o sentimento é algo mais que uma simples percepção, concordo que o nome geral de Mónadas e Enteléquias baste para as substâncias simples que só têm percepção e que se chame Almas somente àquelas cuja percepção é mais distinta e acompanhada de memória. 20 — Nós próprios experimentamos um Estado em que não nos lembramos de nada nem temos nenhuma percepção distinta, como quando desfalecemos ou quando estamos abatidos num profundo sono sem nenhum sonho. Neste estado, a alma não difere em nada de uma simples Mónada; mas como este estado não é durável, e dele se liberta, a alma é algo mais. (Teod., § 61). 21 — Disto não se infere que, naquele estado, a substância simples esteja sem qualquer percepção. Tal não é possível, até pelas razões já apontadas; porque tal como não poderia perecer,
  • 24. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 24 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) assim também não poderia subsistir sem nenhuma afecção, que não é outra coisa que a sua percepção. Mas quando há uma grande quantidade de pequenas percepções, onde nada se en- contra distinto, é porque se está atordoado, como quando se anda continuamente à volta num mesmo sentido várias vezes, de modo que advém uma vertigem que nos faz desmaiar e nada nos deixa distinguir. E a morte pode conferir por uns tempos este estado aos animais. 22 — E como todo o estado presente de uma substância simples é naturalmente uma conseqüência do seu estado precedente, do mesmo modo o presente está prenhe do futuro. (Teod., § 360). 23 — Assim, pois que despertada do atordoamento APERCEBE- SE das suas percepções, é necessário que também as tivesse tido imediatamente antes, ainda que tal fosse imperceptível; porque uma percepção não poderia provir naturalmente senão de outra percepção, como um movimento não provém naturalmente senão doutro movimento. (Teod., §s. 401-403). 24 — Daqui se conclui que, se não tivéssemos nada de distinto e, por assim dizer, de recortado e de um mais alto gosto nas nossas percepções, estaríamos num contínuo atordoamento. É este o estado das Mónadas nuas. 25 — Assim, vemos que a Natureza deu percepções recortadas aos animais, graças aos cuidados que ela toma de lhes fornecer os órgãos que conjugam vários raios de luz ou várias ondulações do ar, de modo a que, pela sua união, tivessem mais eficácia. Há
  • 25. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 25 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) algo de semelhante no odor, no gosto e no tacto, e talvez em muitos outros sentidos que nos são desconhecidos. Em breve explicarei como o que se passa na Alma representa o que sucede nos órgãos. 26 — A memória fornece às almas uma espécie de CONSECUÇÂO que imita a razão, mas que se lhe deve distinguir. É que vemos que os animais tendo a percepção de algo que os incomoda, e da qual tinham antes uma percepção semelhante, aguardam através da representação da sua memóriao que esteve junto nessa percepção precedente e, assim, são levados a sentimentos semelhantes aos de então. Por exemplo, quando se mostra um pau aos cães, eles recordam-se da dor causada anteriormente e, ganindo, fogem. (Prelimin., § 65). 27 — E a imaginação forte que os perturba e agita provém ou da grandeza ou da quantidade das percepções precedentes. Porque muitas vezes uma impressão forte provoca de uma só vez o efeito de um longo HÁBITO ou de muitas fracas percepções reiteradas, 28 — Os homens,enquanto as consecuções das suas percepções só se fazem pelo princípio da memória, agem como os animais, assemelhando-se aos Médicos Empíricos que têm uma simples prática sem teoria; o nós somos somente Empíricos em três quartos das nossas Acções. Por exemplo: quando se espera pelo dia de amanhã porque assim sempre sucedeu até agora, age-se empiricamente. Neste caso, só o Astrônomo julga pela razão. (Prelimin.. § 65).
  • 26. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 26 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 29 — Porém, o conhecimentodas verdades necessárias e eternas é o que nos distingue dos simples animais e nos faz possuir a RAZÃO e as Ciências, elevando-nos ao conhecimento de nós próprios e de Deus. E é o que se chama em nós Alma Racional ou Espírito. 30 — É também pelo conhecimento das verdades necessárias e pelas suas abstracções que nos elevamos aos ACTOS REFLEXIVOS, que nos fazem pensar no que se chama Eu e a considerar que isto ou aquilo existem em nós. E é assim que pensando em nós pensamos no Ser, na Substância, no simples e no composto, no imaterial e no próprio Deus, concebendo que aquilo que é limitado em nós é nele ilimitado. E estes Actos reflexivos fornecem os objectos principais dos nossos raciocínios. (Teod., Prefácio). 31 — Os nossos raciocínios estãp fundados em DOIS GRANDES PRINCÍPIOS, O DA CONTRADIÇÃO em virtude do qual julgamos FALSO o que implica contradição e VERDADEIRO o que é oposto ou contraditório com o falso. (Teod., §s. 44 e 169). 32 — E O DA RAZÃO SUFICIENTE, em virtude do qual consideramos que nenhum Jacto poderia ser verdadeiro ou existente, nenhuma Enunciação verídica sem que haja uma razão suficiente para que isso assim seja e não de outro
  • 27. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 27 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) modo, ainda que estas razoes as mais das vezes não possam ser conhecidas por nós. (Teod., §s. 44 e 196). 33 — Há duas espécies de VERDADES; as de RACIOCÍNIO e as de FACTO. As verdades de Raciocínio são necessárias e o seu oposto é impossível; e as de facto são contingentes e o seu oposto é possível. Quando uma verdade é necessária pode encontrar-se a sua razão pela análise, resolvendo-a em idéias e verdades mais simples até se chegar às primitivas. (Teod, §s. 170, 174, I89, 280- 282, 367; Resumo, 3.ª Objecção). 34 — Ê assim que os Matemáticos reduzem os TEOREMAS de especulação e as REGRAS da prática através da Análise às Definições, Axiomas e Postulados. 35 — Enfim, há IDÉIAS SIMPLES cuja definição não se pode dar; há também Axiomas e Postulados ou, numa palavra, PRINCÍPIOS PRIMITIVOS que não poderiam ser provados e que também não têm necessidade de sê-lo; são as ENUNCIAÇÕES IDÊNTICAS, cujo oposto contém uma contradição expressa. 36 — Mas a RAZÃO SUFICIENTE deve encontrar-se também nas VERDADES CONTINGENTES ou DE FACTO, isto é, na série das coisas que se encontram repartidas pelo universo das criaturas, onde a resolução em razões particulares poderia ser levada a um detalhe sem limites devido à variedade imensa das coisas da
  • 28. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 28 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Natureza e à divisão dos corpos ao infinito. Há uma infinidade de figuras e movimentos presentes e passados que entram na causa eficiente da minha presente escrita e há uma infinidade de pequenas inclinações e disposições da minha alma, presentes e passadas, que entram na causa final. (Teod., §s. 36, 37, 44, 45, 49, 52, 121, 122, 637, 340-344). 37 — E como todo este DETALHE envolve ainda outros contingentes anteriores ou mais detalhados, dos quais cada um tem ainda necessidadede uma Análise semelhante para lhe confe- rir razão, nunca mais seavança na análise; e é precisoque a razão suficiente ou última esteja fora da seqüência ou SÉRIES deste detalhe dos contingentes por mais infinito que ele possa ser. 38 — E é assim que a última razão das coisas deve estar numa substâncianecessária, na qual o detalhe das mudanças não esteja senão eminentemente, como na origem: e é o que chamamos Deus. (Teod., § 7). 39 - Ora, esta substância sendo uma razão suficiente de todo este detalhe, o qual está igualmente ligado por todo o todo o lado, NÃO HÁ SENÃO UM DEUS E ESTE DEUS BASTA. 40 — Pode julgar-se também que esta Substância Suprema que é única, universal e necessária, não tendo nada fora dela que lhe
  • 29. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 29 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) seja independente, e sendo uma conseqüência simples do ser possível, deva ser incapaz de limites e deva conter tanta realidade quanto lhe seja possível. 41 — Donde se segue que Deus é absolutamente perfeito, não sendo outra coisa a perfeição senão a grandeza de realidade positiva tomada rigorosamente, excluindo os limites ou restrições nas coisas que as têm. E onde não há limites, isto é, em Deus, a perfeição é absolutamente infinita. (Teod., § 22, Prefácio, § 4). 42 — Segue-se igualmente que as criaturas têm as suas perfeições a partir da influência de Deus, mas que elas têm também as suas imperfeições a partir da sua própria natureza, incapaz de ser sem limites. Porque é nisto que elas são distintas de Deus.(Teod., §s. 20, 27-30, 153, 167, 377 e ss.). 43 — Ê igualmente verdade que em Deus está não somente a fonte das existências, mas ainda a das essências, enquanto reais, ou o que há de real na possibilidade. E isto é assim porque o Entendimento de Deus é a região das verdades eternas ou das idéias de que se dependem, e sem ele nada de real haveria nas possibilidades; e não somente nada de existente, mas tão-pouco nada de possível. (Teod., § 20).
  • 30. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 30 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 44 — Porque é necessário que, se há uma realidade nas Essências ou possibilidades ou nas verdades eternas, esta realidade seja fundada em algo de existente e Actual; e, consequentemente, na Existência do Ser necessário, no qual a Essência implica a Existência ou no qual basta ser possível para ser Actual. (Teod,, §s. 184-189, 335). 45 — Assim, só Deus (ou o Ser Necessário) tem este privilégio: se é possível tem de existir necessariamente. E como nada pode impedir a possibilidade do que não contém nenhuns limites, nenhuma negação, e, consequentemente, nenhuma contradição, isto basta para conhecer a Existência de Deus A PRIORI. Demonstramo-la igualmente pela realidade das verdades eternas. Mas acabamos também de prová-la A POSTERIORI pela existência de seres contingentes, os quais não poderiam ter a sua razão última ou suficiente senão no ser necessário o qual tem a razão da sua existência em si próprio. 46 — Porém, não é preciso imaginar-se, como alguns, que as verdades eternas, sendo dependentes de Deus, são arbitrárias e dependentes da sua vontade, como Descartes parece tê-lo feito e, posteriormente, Poiret. Isto não é verdade senão para as verdades contingentes, cujo princípio é a CONVENIÊNCIA ou a escolha do MELHOR, ao passo que as Verdades Necessárias dependem
  • 31. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 31 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) unicamente do seu objecto interno. (Teod., §s. 180-184, 185, 335, 351, 380). 47 — Assim, só Deus é a Unidade Primitiva ou a substância simples originária, da qual todas as Mónadas criadas ou derivativas são produções; e nascem, por assim dizer, por Fulgurações contínuas da Divindade de momento a momento, limitadas pela receptividade da criatura, à qual é essencial ser limitada. (Teod., §s. 382-391, 398, 395). 48 — Há em Deus a POTÊNCIA, que é a fonte de tudo, depois o CONHECIMENTO, que contém o detalhe das idéias, e enfim a VONTADE, que faz as mudanças ou produções segundo o princípio do melhor. E isto é o que corresponde, ao que nas Mónadas criadas faz o Sujeito ou a Base, a Faculdade Perceptiva e a Faculdade Apetitiva. Mas em Deus estes atributos são absolutamente infinitos ou perfeitos; e nas Mónadas criadas ou nas Enteléquias (ou perfectihabies, como Hermolaus Barbarus traduziu esta palavra) não são senão imitações à medida da perfeição que contêm. (Teod., §s. 7, 149, 150; § 87). 49 — A criatura é dita AGIR para fora tanto quanto perfeição contém; e PADECER de uma outra tanto quanto é imperfeita.
  • 32. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 32 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Assim, atribui-se a ACÇÃO à Mónada enquanto ela possui per- cepções distintas e a paixão enquanto ela tem percepções confusas. (Teod.,§s. 32, 66, 368). 50 — E uma criatura é mais perfeita do- que outra enquanto se encontra nela o que serve para dar razão A PRIORI do que se passa noutra e é por isso mesmo que se diz que ela age sobre a outra. 51 — Mas nas substâncias simples há somente uma influência ideal de uma Mónada sobre outra, a qual não pode ter o seu efeito senão pela intervenção de Deus e tanto quanto nas idéias de Deus uma Mónada pede com razão que Deus, regulando as outras desde o começo das coisas, a tenha em consideração. Porque, já que umaMónada criada não poderia ter uma influência física sobre o interior de outra, é somente por este meio que uma pode estar dependente de outra. (Teod., §s. 9, 54, 65, 66, 201, Resumo, 3.a Obj.). 52 — E é assim que entre as criaturas as Acções e as Paixões são mútuas. Porque Deus, comparando duas substâncias simples, encontra em cada uma razões que a obrigam a acomodar-se à outra; e, consequentemente, o que de certo ponto de vista é activo, é passivo segundo um outro ponto de consideração: ACTIVO enquanto o que se conhece distintamente nela serve para dar
  • 33. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 33 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) razão do que se passa numa outra, e PASSIVO enquanto a razão do que se passanela seencontra no que seconhece distintamente em outra. 53 — Ora, como há uma infinidade de universos possíveis nas idéias de Deus e como não pode existir senão um só, é preciso que haja uma razão suficiente da escolha de Deus, que o determine a preferir a um mais do que a outro. (Teod., §s. 8, 10, 44, 173, 196 e ss., 225, 414-416). 54 — E esta razão não se pode encontrar senão na CONVENIÊNCIA ou nos graus de perfeição que estes mundos contêm; cada possível tendo direito a pretender à existência à medida da perfeição que contém. (Teod., §s. 74, 167, 350, 201, 130, 352, 345 e ss., 354). 55 — E é esta a causa da Existência do Melhor, que a Sabedoria fez conhecer a Deus, que a sua bondade o fez escolher e que a sua potência o fez produzir. (Teod., §s. 8, 78, 80, 84, 119, 204, 206, 208, Resumo 1a Obj., 8.a Obj.). 64 — Assim, cada corpo orgânico de um vivente é uma Espécie de Máquina divina, ou de um Autômato Natural, que ultrapassa
  • 34. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 34 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) infinitamente todos os Autômatos artificiais, porque uma Máquina feita pela arte do homem não é Máquina em cada uma das suas partes. Por exemplo: o dente de uma roda de latão tem partes ou fragmentos que já não nos são algo de artificial e não contêm mais nada que indique da Máquina relativamente ao uso a que a roda era destinada. Mas as Máquinas da Natureza, isto é, os corpos vivos, são ainda Máquinas nas suas menores partes, até ao infinito. É isto que faz a diferença entre a Natureza e a Arte, isto é, entre a Arte divina e a Nossa. (Teod., §s. 134, 146, 194, 483). 65 — E o Autor da Natureza pôde praticar este artifício divino e infinitamente maravilhoso porque cada porção de matéria não é somente divisível ao infinito, como os antigos reconheceram, mas ainda subdividido actualmente sem fim, cada parte em partes, das quais cada uma tem algum movimento próprio. De outro modo seria impossível que cada porção de matéria pudesse exprimir todo o universo. (Prelimin., § 70; Teod., § 195). 66 — Donde se vê que há um Mundo de criaturas, de viventes, de Animais, de Enteléquias, de Almas na menor porção de matéria. 67 — Cada porção de matéria pode ser concebida comoum jardim pleno de plantas.e como um lago pleno de peixes. Mas cada ramo da planta, cada membro do Animal, cada gota de seus humores é ainda um tal jardim ou um tal lago.
  • 35. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 35 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 68 — E embora a terra e o ar interpostos entre as plantas do jardim ou a água interposta entre os peixes do lago não sejam plantas nem peixes, eles os contêm ainda, as mais das vezes de uma subtilidade imperceptível para nós. 69 — Assim, não há nada de inculto, de estéril, de morto no universo, não há caos nem confusão senão na aparência, mais ou menos como num lago à distância no qual se veria um movimento confuso e buliçoso, por assim dizer, de peixes no lago sem discernir os próprios peixes. 70 — Por isso se vê que cada corpo vivo tem uma Enteléquia dominante, que é a Alma no animal; mas os membros deste corpo vivo são plenos de outros corpos vivos, plantas, animais, dos quais cada um tem ainda a sua Enteléquia ou a sua alma dominante. 71 — Não é necessário imaginar, porém, como alguns que perceberam mal o meu pensamento, que cada Alma tem uma massaou porção de matéria própria ou a ela afectada para sempre e que possui, consequentemente, outros vivos ao seu serviço. Porque todos os corpos estão num fluxo perpétuo como os rios em que as partes entram e saem continuamente.
  • 36. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 36 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 72 — Assim, a alma não muda de corpo senão pouco a pouco e por graus, de modo que não é nunca despojada instantaneamente de todos os seus órgãos; e muitas vezes há metamorfose nos animais, mas nunca há Metempsicose nem transmigração das Almas; também não existem ALMAS completamente SEPARADAS nem Gênios sem corpo. Só Deus está inteiramente separado. (Teod., §s. 90, 124). 73 — O que igualmente faz que nunca haja nem geração inteira nem morte perfeita tomada a rigor, isto é, consistindo na separação da alma. E o que chamamos GERAÇÕES são desenvolvimentos e crescimentos, tal como o que chamamos MORTES são Envolvimentos e Diminuições. 74 — Os Filósofos estiveram bastante embaraçados sobre a origem das Formas, Enteléquias ou Almas; mas hoje, quando se apercebeu, através de investigações exactas feitas sobre as plantas, os insectos e os animais, que os corpos orgânicos da natureza nunca são produzidos a partir de um caos ou de uma putrefação, mas sempre através de sementes, nas quais sem dúvida existia alguma PREFORMAÇÃO, julgou-se que não somente o corpo orgânico já aí estava antes da concepção, mas ainda uma Alma neste corpo e, numa palavra, o próprio animal; e que, por meio da concepção, este animal foi somente disposto a uma grande transformaçãode modo a se tornar um animal de uma
  • 37. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 37 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) outra espécie. Vê-se mesmo algo de semelhante fora da geração, como quando os vermes se tornam moscas e as lagartas borboletas.(Teod., §s. 86, 89, 90, 187, 188, 403, 397). 75 — Os ANIMAIS, dos quais alguns são elevados ao grau dos maioes animais por meio da concepção, podem ser chamados ESPERMÁTICOS; mas os que entre eles permanecem na sua espécie, isto é, a maioria, nascem e multiplicam-se e são des- truídos como os grandes animais, e não há senão um pequeno número de Eleitos que passam a um maior teatro. 76 — Mas isto não era senão a metade da verdade: eu julguei então que, se o animal nunca começa naturalmente, também nunca acaba naturalmente, e que não somente não haverá geração como não haverá ainda destruição inteira, nem morte tomada a rigor. E estes raciocínios feitos A POSTERIORIe tirados da experiência acordam-se perfeitamente com os seus princípios deduzidos A PRIORI e acima expostos. (Teod., § 90). 77 — Assim, pode dizer-se que não somente a Alma (espelho de um universo indestrutível) é indestrutível, como ainda o próprio animal, ainda que a sua Máquina pereça freqüentemente em parte e abandone ou receba despojos orgânicos.
  • 38. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 38 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 78 — Estes princípios proporcionaram-me o meio de explicar naturalmente a união, ou melhor, a conformidade da Alma e do corpo orgânico. A Alma segue as suas próprias leis e o corpo igualmente as suas e eles se encontram em virtude da harmonia pré-estabelecida entre todas as substâncias, pois que todas são representações de um mesmouniverso. (Teod., §s. 340, 352, 353, 358). 79 — As Almas agem segundo as leis das causas finais, por apetites, fins e meios. Os corpos agem segundo as leis das causas eficientes ou movimentos.E os dois reinos, o das causas eficientes e o das causas finais, são harmônicos entre si. 80 — Descartes reconheceu que as Almas não podem dar força aos corpos, porque há sempre a mesma quantidade de força na matéria. Todavia, acreditou que a alma podia mudar a direção dos corpos. Mas isto foi porque no seu tempo não se conhecia a lei da natureza sobre a conservação da mesma direcção total na matéria. Se a tivesse conhecido, ele teria caído no meu Sistema da Harmonia pré-estabelecida. (Teod., §s. 32, 59, 60, 61, 62, 66, 345, 346, e ss. 354, 355). 81 — Este sistema faz que os corpos ajam como se (por impossível) não houvesse Almas e que as Almas ajam como se
  • 39. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 39 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) não houvesse corpos. E os dois agem como se um influísse sobre o outro. 82 — Quanto aos Espíritos ou Almas racionais, embora eu pense que haja no fundo a mesma coisa em todos os viventes e animais, como acabamos de dizer (a saber, que o Animal e a Alma não começam senão com o Mundo e igualmente só acabam com o Mundo), há, todavia, isto de particular nos Animais racionais, que os seus pequenos Animais Espermáticos, enquanto não são senão só isso, têm somente Almas ordinárias ou sensitivas; mas, tratando-se dos eleitos, por assim dizer, que atingem por uma actual concepção a natureza humana, as suas almas sensitivas são elevadas ao grau da razão e à prerrogativa de Espíritos. (Teod., §s. 91, 397). 83 — Entre as várias diferenças que há entre as Almas ordinárias e os Espíritos, das quais já analisei uma parte, há ainda esta: que as Almas em geral são espelhos vivos ou imagens do universo das criaturas mas que os Espíritos são ainda imagens da própria Divindade ou do próprio Autor da natureza, capazes de conhecer o Sistema do Universo e de o imitar em algo através de escantilhões arquitectónicos, cada Espírito sendo como uma pequena divindade no seu domínio. (Teod., § 147).
  • 40. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 40 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 84 — É o que faz que os Espíritos sejam capazes de entrar numa Maneira de Sociedade com Deus, e que Ele seja relativamente a eles não somente o que um inventor é à sua Máquina (como o é Deus relativamente às outras criaturas), mas ainda o que um Príncipe é a seus súbditos e mesmo um pai a seus filhos. 85 — Donde é fácil de concluir que a reunião de Todos os Espíritos deve constituir a Cidade de Deus, isto é, o mais perfeito estado possível sob o mais perfeito dos Monarcas. (Teod., § 146; Resumo, 2.a Obj.). 86 — Esta Cidade de Deus, esta Monarquia verdadeiramente universal, é um Mundo Moral no Mundo Natural e o que de mais elevado e de mais divino existe nas obras de Deus; e é nela que consisteverdadeiramente a glória de Deus, pois que não a haveria se a sua grandeza e a sua bondade não fossem conhecidas e admiradas pelos espíritos; e é também relativamente a esta cidade divina que há propriamente Bondade, ao passo que a sua Sabedoria e a sua Potência se manifestam por todo o lado. 87 — Do mesmo modo que acima estabelecemos uma Harmonia perfeita entre os dois Reinos Naturais, um o das causas Eficientes, outro o das Finais, devemos ainda assinalar uma outra harmonia entre o reino Físico da Natureza e o reino Moral da Graça, isto é, entre Deus considerado como Arquitecto da Máquina do universo
  • 41. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 41 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) e Deus considerado como Monarca da cidade divina dos Espíritos. (Teod., §s. 62, 74, 118, 112, 130, 147). 88 — Esta Harmonia faz que as coisas conduzam à graça pelas próprias vias da natureza, e que este globo, por exemplo, deve ser destruído e reparado pelas vias naturais e nos momentos em que o requer o governo dos Espíritos, para castigo de uns e recompensa de outros. (Teod., §s. 18 e ss. 110, 244, 245, 340). 89 — Pode dizer-se ainda que Deus como Arquitecto satisfaz em tudo a Deus como Legislador e que, assim, os pecados devem arrastar consigo a sua pena segundo a ordem da natureza e em virtude da própria estrutura mecânica das coisas; e que do mesmo modo as belas acções atrairão as suas recompensas por vias mecânicas relativamente aos corpos, ainda que isto não possa e não deva sempre acontecer imediatamente. 90 — Enfim, sob este governo perfeito não haverá boa Acção sem recompensa nem má sem castigo; e tudo deve resultar para bem dos bons, isto é, daqueles que não se encontram descontentes neste grande Estado, que confiam na providência após terem feito o seu dever e que amam e imitam como é devido o Autor de todo o bem, alegrando-se na consideração das suas perfeições segundo a natureza do verdadeiro PURO AMOR, que nos faz gozar com a felicidade do que se ama. É o que faz trabalhar as
  • 42. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 42 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) pessoas sábias e virtuosas em tudo o que parece conforme à vontade divina presumida ou antecedente e satisfazer–se,todavia, com aquilo que Deus faz efectivamente acontecer por via da sua vontade secreta, conseqüente ou decisiva; reconhecendo que, se pudéssemos entender suficientemente a ordem do universo concluiríamos que ela ultrapassa todos os desejos dos mais sábios e que seria impossível torná-lo melhor do que ele é, não somente para o todo em geral mas ainda para nós próprios em particular, se nos submetemos comoé devido ao Autor de tudo, não só como ao Arquitecto e à causa eficiente do nosso ser, mas ainda como a nosso Mestre e à causa Final que deve constituir todo o objecto da nossa vontade e o único que pode fazer a nossa felicidade.(Teod.,§ 278; Prefácio). Síntese acerca da Teoria do Conhecimento em Leibniz:
  • 43. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 43 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) Em 10 pontos poderíamos sintetizar as ideias essenciais de Leibniz, destacando os aspectos relativos à Teoria do Conhecimento e à Metafísica: 1 – Ponto de partida: crítica à metafísica dualística de Descartes. Deus, que é perfeição infinita, não pode ter criado um universo bitolado em duas substâncias irreconciliáveis (res extensa e res cogitans), na forma em que foi pensado por Descartes. 2 – Deus, portanto, criou o “melhor dos mundos possíveis”, caracterizado pelo princípio da “harmonia preestabelecida”.
  • 44. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 44 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 3 – O homem está chamado a tomar conhecimento da “harmonia preestabelecida” do Universo. Nisso consiste a verdade e a máxima felicidade do espírito. A nossa bem- aventurança, na Terra, consisteem contemplarmos a harmonia do Cosmo, que espelha a perfeição divina. 4 – O homem apreende, pelo seu conhecimento, a harmonia do Universo em dois níveis: matemático (pela ciência da natureza) e metafísico (pela filosofia), sendo que esta última constitui a apreensão mais completa da “harmonia preestabelecida”. Nas ciências, apreendemos a harmonia com a ajuda das matemáticas.Nelas, joga um papel importante o “cálculo infinitesimal”, que nos habilita a apreendermos a harmonia cósmica no contexto de uma infinita quantidade de variáveis. Na filosofia, apreendemo-la com a ajuda dos conceitos metafísicos, que exprimem a harmonia da totalidade. A ars combinatoria constitui, para as ciências e a filosofia, poderoso instrumento lógico que nos possibilita superar as contradições decorrentes dos significados equívocos das palavras (“calculemos para que nos entendamos”, afirmava Leibniz). 5 – Cerne da metafísica leibniziana:a monadologia. O universo foi formado mediante a criação, por Deus, de infinitas unidades substanciais de energia ou mônadas. Essas unidades estão
  • 45. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 45 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) rigorosamente hierarquizadas e organizadas pelo Supremo Arquiteto do Universo (Deus) que age à maneira de Causa Final, no contexto de um modelo que hoje caracterizaríamos como finalistico-cibernético. A matéria, em si, não existe. Ela é apenas manifestação aparente da única realidade existente: a força ou energia, constituída pelas mônadas. Estas podem, portanto, expandir no espaço a sua essência, ou contraí-la num ponto (à maneira dos buracos negros postulados pela astrofísica contemporânea). Cada uma das mônadas encerra, dentro de si, uma representação da harmonia do Cosmo. Essa representação, nos seres humanos, é consciente, sendo que os demais seres não possuem essa consciência, o que torna o homem o Rei da Criação, não para atrapalhar a ordem da “harmonia preestabelecida”, mas para, com a luz da razão, reconhecer essa ordem harmônica e louvar a Deus. 6 – A liberdade humana é um postulado teológico que se depreende da tese do “melhor dos mundos possíveis”. Se Deus não tivesse criado o homem livre, faltaria ao Cosmouma perfeição importante, a mais exímia entre as perfeições finitas: a liberdade. Como conciliar a liberdade com a “presciência divina?” – Ao praticar o mal, o homem não está dando ensejo a um ser: o mal moral é entendido por Leibniz como ignorância (carência de conhecimento) de parte do homem, da “harmonia preestabelecida” por Deus no Cosmo. O pecador é um ignorante. A sua infelicidade
  • 46. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 46 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) consiste em desconhecer a ordem cósmica. Para Leibniz, “Deus escreve certo com linhas tortas”. Ele, na sua infinita sabedoria, antecipa-se a todos os nossos comportamentos, certos ou errados. Permite os errados, como decorrentes da nossa liberdade. Mas, tomando conhecimento do contexto em que eles acontecem, minimiza-os mediante uma ação providencial, que coloca as más ações dos pecadores junto às boas ações dos homens virtuosos, a fim de que o conjunto de todas as ações humanas seja harmonioso, como num grande mosaico bizantino. As pedrinhas escuras, irregulares, seriam as más ações. Mas estas praticamente desaparecem, ofuscadas pelo brilho das pedrinhas que representam, reluzentes e coloridas, os inumeráveis atos virtuosos dos homens bons. Assim, a ação dos maus serve como pano de fundo que ressalta a beleza das boas ações. No contexto deste arrazoado, Leibniz formula o seu “providencialismo ou lex melioris”, que seestende a todos os seres do Cosmo. Nada foi criado para ser aniquilado. Isto iria contra a bondade infinita de Deus. Todos os seres foram criados para integrarem o Universo definitivamente liberto do Mal, na Parusia (à maneira como, no século XX, Teilhard de Chardin imaginou a caminhada de toda a criação em direção ao Ponto Ômega). As unidades de energia, que são as mônadas, revestir-se-ão da mais maravilhosa materialização que poderíamos imaginar, a fim de toda a criação testemunhar a grandeza e a sabedoria infinitas do Criador.
  • 47. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 47 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 7 – A sociedade humana, na sua organização política, deve refletir a harmonia cósmica, mediante a estruturação harmônica das instituições a serviço do bem comum dos cidadãos, preservado graças à sabedoria previdente do Rei, que constitui uma espécie de poder moderador entre todas as forças sociais e os indivíduos, a fim de que o bem de todos se realize. As teorias do poder moderador ou do poder neutro, que foram formuladas no século XIX por Jacques Necker, Benjamin Constant de Rebecque, François Guizot, Silvestre Pinheiro Ferreira, Domingos Gonçalves de Magalhães, Paulino Soares de Sousa, etc., encontram em Leibniz o seu inspirador. 8 – Do ponto de vista religioso, Leibniz apelava para o ecumenismo entre todas as Igrejas cristãs, superando o trágico período das guerras de religião, que ocorreram na Europa ao longo dos séculos XVI e XVII. O filósofo imaginava que esse ecumenismo poderia ser construído por um Monarca cristão ilustrado (Luís XIV, da França), que faria uma espécie de pacto moderador entre as várias igrejas, incluídos os católicos e os outros príncipes e soberanos europeus, a fim de fazer frente à ameaça do Islã. Leibniz chegou a cogitar numa ordem político- religiosa universal, que incluísse a China, mediante a relação de diálogo e de atividades conjuntas entre cristãos ocidentais e budistas tibetanos.
  • 48. O MELHOR DOS MUNDOS POSSIVEIS Página 48 de 48 (Pregue o Evangelho em Todo Tempo. Se Precisar Use Palavras.) 9 – Do ângulo antropológico, Leibniz considerava que os seres humanos, criados por Deus à sua imagem e semelhança, davam ensejo a criações variadas que deveriam ser conhecidas na sua origem e nas suas manifestações, não se restringindo isso à cultura europeia. Para apreendermos o fenômeno humano, pensava Leibniz, seria necessárioabordarmos todas as culturas, respeitando a sua identidade, num esforço de abertura às criações humanas. Este aspecto contrastava, evidentemente, com as reservas que o filósofo tinha em face do Islamismo. 10 – O filósofo desenvolveu amplo trabalho de aconselhamento a reis e príncipes europeus, na tentativa de consolidar a unidade continental. Essa ideia da Europa Unida seria retomada, no início do século XIX, por Napoleão Bonaparte e, no século XX, pelos idealizadores do Mercado Comum Europeu e, ulteriormente, da Unidade Europeia. Fonte: Edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda – Lisboa