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SOCIOLOGIA DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
2018.02
AULA 5
OUTROS PERCURSOS GLOBAIS: A
GLOBALIZAÇÃO POPULAR DE “BAIXO”, O
SISTEMA MUNDIAL NÃO-HEGEMÔNICO E A
INFORMALIDADE
Plano de aula
1) Apreendendo o fenômeno a partir de alguns conceitos-chave:
• Sistema mundial não-hegemônico
• Globalização por baixo ou popular
• Legal, i(lícito) e ilegal: entre a norma e a legitimidade social
• Informal: como mensurar o fenômeno e determinar relevância para o capitalismo
contemporâneo
2) Redes, fluxos e “nós” da globalização popular
• Pensando as imbricações com a globalização hegemônica: áreas de produção e as
superlogomarcas
• Compreendendo alguns circuitos e pontos de encontro
• Advertência (novamente): tendências ocorrem em um contexto relacional de longa
duração: comunidades transnacionais e vantagens locais (a importância do local)
Apreendendo o fenômeno a partir de alguns conceitos-
chave
O Sistema Mundial não-hegemônico
• Sistema-mundo: formam um mundo bem articulado, cobrindo unidades políticas e
culturais (mas não o mundo todo)
• Fluxos de informação, pessoas, mercadorias e capital promovidos por redes
articuladas
• Não-hegemônico: diferentes locais conectados por agentes operando na
globalização popular
• À parte do sistema hegemônico: que define as regras (legitimidade e legalidade
dos fluxos)
• Formado por pequenos comerciantes e mercados populares como nós
• Não é anti: desafiam o establishment, mas não procuram instalar alternativa à
Apreendendo o fenômeno a partir de alguns conceitos-
chave
Definições por negação – o que a economia global “popular” não é; análise
contrastiva com o que se espera e destacando desvios normativos
Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para cima” (Ribeiro 2010)
• Promovida por agentes sociais que raramente são considerados em análises da
globalização (salvo como migrantes – não representantes das elites, de CMNs ou
CTNs
• Materializada em mercados populares e fluxos de comércio
• Revela apropriação de bens globais por “setores subalternos”: anima e interage com
fluxos do capitalismo hegemônico (não é anti, é não-hegemônica)
Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para
cima” (Ribeiro 2010) – cont.
• Geralmente, quando figuram em análises, aspectos ilegais são ressaltados
(abordagem estadocêntrica): contrabando (tarifas), pirataria (propriedade intelectual)
ou bens ilegais (direito penal)
• Cresce na esteira de novas tecnologias e fronteiras mais porosas
Contra naturalização da ilegalidade (Ribeiro 2010): Globalização popular não é o
mesmo que redes ilegais globais/crime organizado global
1. Em razão da relação com o Estado e suas leis
• Lei marcada por zonas de ambiguidade e ilegalidade, instrumentos disponíveis a
atores
• Aplicação da lei é variável e seletiva pelos agentes do Estado
• (Portanto) Relação com o Estado é ambígua (não é uma de exclusão): corrupção,
extorsão, leniência
Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para
cima” (Ribeiro 2010) – cont.
2. Legal, i(lícito) e ilegal: entre a norma e a legitimidade social
• Ilegalidade é diferente de ilegitimidade: algumas práticas gozam de legitimidade,
mesmo sendo ilegais
• Atividades ilegais: marcadas pelo uso sistemático e racional da violência ilegítima
para obrigar/coibir condutas
• Atividade ilícitas: contrariam normas estatais, mas gozam de legitimidade pelas
redes transnacionais (base social da distinção lícito/ilícito – Abraham e Van
Schandel)
• Reconhecimento de entrelaçamento entre ilegal e ilícito – a ver nos exemplos
• Atividades dotadas de moralidade própria que dão sustentação a redes pelas quais
se articulam: confiança, reciprocidade e reputação
• Ex: os sacoleiros dos mercados populares de superlogomarcas e eletrônicos
Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo
para cima” (Ribeiro 2010) – ao fim uma definição
• Operada por “redes sociais (i)lícitas de forma descentralizada, horizontal e
baseadas em valores de confiança. As redes sociais (i)lícitas realizam suas práticas
(i)lícitas sobre ou a partir de sistemas informais previamente construídos por
diásporas, redes migratórias ou formas típicas da economia popular” (Ribeiro
2010: 30)
• Baseada na habilidade de redes transnacionais de explorar mobilidades e recursos
que advêm de relações continuadas
• Paradoxo dos laços sociais: quanto mais se aproxima do modelo de um mercado
perfeito, mais ele é dependente de laços sociais para seu funcionamento efeito
(confiança e cumprimento obrigações)
Um passo anterior: os debates sobre informalidade
Definição operacional: atividades econômicas não registradas e que evadem a
tributação
MacGaffey, Janet. (1983) 'How to Survive and Become Rich Amidst Devastation: the second economy in Zaire', African
Affairs 82(328): 351-66.
• Pode se referir a formas de trabalho (atípicas) ou atividades econômicas
• Grande desafio (paradoxo): torná-las “legíveis”
Debate nos anos 1970:
Hart, Keith. Informal Income opportunities and urban employment in Ghana (1973)
Machado da Silva, Luis Antônio. Mercados metropolitanos de trabalho manual e marginalidade (1971)
Oliveira, Francisco de. Crítica da Razão Dualista (1972)
• Promovido pela expansão capitalista
• Forma de inserção da mão-de-obra em mercados de trabalho desregulamentados e
com demanda limitada
Um passo anterior: os debates sobre informalidade
• Duas atitudes fundamentais desde então:
• Sua eliminação e incorporação ao setor formal (OIT = precariedade)
• Seu reconhecimento, regulamentação e fomento (formalização) – Hernando de
Soto e Mistério do Capital (2000)
Mensurando o fenômeno (nacionalmente)
1) Através do mercado de trabalho: trabalhadores por conta própria e pequenos
empregadores (aqui no Brasil, seriam MEIs)
2) Número e proporção de empresas muito pequenas (no Brasil, por CNPJ)
3) Pesquisas de orçamento doméstico: para captar o consumo de bens e serviços
oferecidos informalmente
4) Estimativas macroeconômicas: observar discrepâncias entre atividades reportadas e
riqueza nacional PNAD Contínua Agosto 2018 (Trimestre móvel mai-jul 2018)
Empregado Com carteira 34,836 69%
Sem carteira 15,515 31%
Conta Própria Com CNPJ 4,49 19%
Sem CNPJ 18,623 81%
População Ocupada 104,5 70%
Redes, fluxos e “nós” da globalização popular
Pensando as imbricações com a globalização hegemônica:
• Áreas de produção (China, confecções do Brás)
• A demanda: a mobilização das imagens e das marcas (superlogomarcas)
• Alimenta-se da importância crescente das imagens no capitalismo
contemporâneo
• Possibilidade de manipular imagens que conferem aos consumidores
identidades sociais
Redes, fluxos e “nós” da globalização popular
Compreendendo alguns circuitos e pontos de encontro
• Áreas de produção, áreas de comércio e áreas de consumo
Globalização
Globalização
Globalização
Globalização
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Globalização

  • 1. SOCIOLOGIA DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO 2018.02 AULA 5 OUTROS PERCURSOS GLOBAIS: A GLOBALIZAÇÃO POPULAR DE “BAIXO”, O SISTEMA MUNDIAL NÃO-HEGEMÔNICO E A INFORMALIDADE
  • 2. Plano de aula 1) Apreendendo o fenômeno a partir de alguns conceitos-chave: • Sistema mundial não-hegemônico • Globalização por baixo ou popular • Legal, i(lícito) e ilegal: entre a norma e a legitimidade social • Informal: como mensurar o fenômeno e determinar relevância para o capitalismo contemporâneo 2) Redes, fluxos e “nós” da globalização popular • Pensando as imbricações com a globalização hegemônica: áreas de produção e as superlogomarcas • Compreendendo alguns circuitos e pontos de encontro • Advertência (novamente): tendências ocorrem em um contexto relacional de longa duração: comunidades transnacionais e vantagens locais (a importância do local)
  • 3. Apreendendo o fenômeno a partir de alguns conceitos- chave O Sistema Mundial não-hegemônico • Sistema-mundo: formam um mundo bem articulado, cobrindo unidades políticas e culturais (mas não o mundo todo) • Fluxos de informação, pessoas, mercadorias e capital promovidos por redes articuladas • Não-hegemônico: diferentes locais conectados por agentes operando na globalização popular • À parte do sistema hegemônico: que define as regras (legitimidade e legalidade dos fluxos) • Formado por pequenos comerciantes e mercados populares como nós • Não é anti: desafiam o establishment, mas não procuram instalar alternativa à
  • 4. Apreendendo o fenômeno a partir de alguns conceitos- chave Definições por negação – o que a economia global “popular” não é; análise contrastiva com o que se espera e destacando desvios normativos Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para cima” (Ribeiro 2010) • Promovida por agentes sociais que raramente são considerados em análises da globalização (salvo como migrantes – não representantes das elites, de CMNs ou CTNs • Materializada em mercados populares e fluxos de comércio • Revela apropriação de bens globais por “setores subalternos”: anima e interage com fluxos do capitalismo hegemônico (não é anti, é não-hegemônica)
  • 5. Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para cima” (Ribeiro 2010) – cont. • Geralmente, quando figuram em análises, aspectos ilegais são ressaltados (abordagem estadocêntrica): contrabando (tarifas), pirataria (propriedade intelectual) ou bens ilegais (direito penal) • Cresce na esteira de novas tecnologias e fronteiras mais porosas Contra naturalização da ilegalidade (Ribeiro 2010): Globalização popular não é o mesmo que redes ilegais globais/crime organizado global 1. Em razão da relação com o Estado e suas leis • Lei marcada por zonas de ambiguidade e ilegalidade, instrumentos disponíveis a atores • Aplicação da lei é variável e seletiva pelos agentes do Estado • (Portanto) Relação com o Estado é ambígua (não é uma de exclusão): corrupção, extorsão, leniência
  • 6. Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para cima” (Ribeiro 2010) – cont. 2. Legal, i(lícito) e ilegal: entre a norma e a legitimidade social • Ilegalidade é diferente de ilegitimidade: algumas práticas gozam de legitimidade, mesmo sendo ilegais • Atividades ilegais: marcadas pelo uso sistemático e racional da violência ilegítima para obrigar/coibir condutas • Atividade ilícitas: contrariam normas estatais, mas gozam de legitimidade pelas redes transnacionais (base social da distinção lícito/ilícito – Abraham e Van Schandel) • Reconhecimento de entrelaçamento entre ilegal e ilícito – a ver nos exemplos • Atividades dotadas de moralidade própria que dão sustentação a redes pelas quais se articulam: confiança, reciprocidade e reputação • Ex: os sacoleiros dos mercados populares de superlogomarcas e eletrônicos
  • 7. Globalização Popular, Não-Hegemônica ou ”de baixo para cima” (Ribeiro 2010) – ao fim uma definição • Operada por “redes sociais (i)lícitas de forma descentralizada, horizontal e baseadas em valores de confiança. As redes sociais (i)lícitas realizam suas práticas (i)lícitas sobre ou a partir de sistemas informais previamente construídos por diásporas, redes migratórias ou formas típicas da economia popular” (Ribeiro 2010: 30) • Baseada na habilidade de redes transnacionais de explorar mobilidades e recursos que advêm de relações continuadas • Paradoxo dos laços sociais: quanto mais se aproxima do modelo de um mercado perfeito, mais ele é dependente de laços sociais para seu funcionamento efeito (confiança e cumprimento obrigações)
  • 8. Um passo anterior: os debates sobre informalidade Definição operacional: atividades econômicas não registradas e que evadem a tributação MacGaffey, Janet. (1983) 'How to Survive and Become Rich Amidst Devastation: the second economy in Zaire', African Affairs 82(328): 351-66. • Pode se referir a formas de trabalho (atípicas) ou atividades econômicas • Grande desafio (paradoxo): torná-las “legíveis” Debate nos anos 1970: Hart, Keith. Informal Income opportunities and urban employment in Ghana (1973) Machado da Silva, Luis Antônio. Mercados metropolitanos de trabalho manual e marginalidade (1971) Oliveira, Francisco de. Crítica da Razão Dualista (1972) • Promovido pela expansão capitalista • Forma de inserção da mão-de-obra em mercados de trabalho desregulamentados e com demanda limitada
  • 9. Um passo anterior: os debates sobre informalidade • Duas atitudes fundamentais desde então: • Sua eliminação e incorporação ao setor formal (OIT = precariedade) • Seu reconhecimento, regulamentação e fomento (formalização) – Hernando de Soto e Mistério do Capital (2000)
  • 10. Mensurando o fenômeno (nacionalmente) 1) Através do mercado de trabalho: trabalhadores por conta própria e pequenos empregadores (aqui no Brasil, seriam MEIs) 2) Número e proporção de empresas muito pequenas (no Brasil, por CNPJ) 3) Pesquisas de orçamento doméstico: para captar o consumo de bens e serviços oferecidos informalmente 4) Estimativas macroeconômicas: observar discrepâncias entre atividades reportadas e riqueza nacional PNAD Contínua Agosto 2018 (Trimestre móvel mai-jul 2018) Empregado Com carteira 34,836 69% Sem carteira 15,515 31% Conta Própria Com CNPJ 4,49 19% Sem CNPJ 18,623 81% População Ocupada 104,5 70%
  • 11. Redes, fluxos e “nós” da globalização popular Pensando as imbricações com a globalização hegemônica: • Áreas de produção (China, confecções do Brás) • A demanda: a mobilização das imagens e das marcas (superlogomarcas) • Alimenta-se da importância crescente das imagens no capitalismo contemporâneo • Possibilidade de manipular imagens que conferem aos consumidores identidades sociais
  • 12. Redes, fluxos e “nós” da globalização popular Compreendendo alguns circuitos e pontos de encontro • Áreas de produção, áreas de comércio e áreas de consumo

Notas do Editor

  1. redes sociais (i)lícitas de forma descentralizada, horizontal e baseadas em valores de confiança. As redes sociais (i)lícitas realizam suas práticas (i)lícitas sobre ou a partir de sistemas informais previamente construídos por diásporas, redes migratórias ou formas típicas da economia popular