O caixote que salvou vidas: a história de Oskar Schindler
1. O rapaz do caixote de madeira
II GUERRA MUNDIAL
2. OSKAR SCHINDLER
O JUSTO ENTRE AS NAÇÕES
“QUEM SALVA UMA VIDA,
SALVA O MUNDO O INTEIRO.”
https://osabicao.com.br/wp-content/uploads/2017/11/3636.jpg
3. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
(…) Todos nós e mais de mil outros, devíamos-lhe as nossas vidas. Tínhamos sobrevivido ao Holocausto
graças aos enormes riscos que Schindler correra e aos subornos e acordos de bastidores que ele
negociara para nos manter, aos seus trabalhadores judeus, a salvo das câmaras de gás de Auschwitz. Ele
servira-se da sua mente, do seu coração, da sua incrível inteligência prática e da sua fortuna para salvar
as nossas vidas. Usara a sua astúcia para iludir os nazis, alegando que éramos essenciais para o esforço
de guerra, embora soubesse que muitos de nós, incluindo eu, não tinham qualquer espécie de
aptidão útil. De facto, eu tinha de me empoleirar num caixote de madeira para puder alcançar
os controlos da máquina que estava encarregado de operar. Esse caixote deu-me a
oportunidade de parecer útil, de viver.” (Prólogo)
4. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
"Eu não sou um filósofo, mas acho que Oskar Schindler é a própria definição de heroísmo, e ele
provou que uma pessoa se pode opor ao inferno e fazer a diferença. Eu sou a prova viva disso (...)
“Não tive a oportunidade de me despedir pessoalmente de Schindler, mas participei com todos os
outros trabalhadores em presenteá-lo com um anel, feito do dente de ouro de um prisioneiro, que
tinha uma inscrição em hebraico, extraída do Talmude: «Quem salva uma vida salva o mundo
inteiro.»”
5. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
“Lembro-me de uma entrevista de televisão que vi uma vez, com o
escritor e intelectual Joseph Campbell. Nunca esqueci a sua definição
de herói. Campbell disse que um herói é um ser humano vulgar que
faz «a melhor das coisas no pior dos tempos». Oskar Schindler
personifica essa definição.”
6. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
“Oskar Schindler foi apelidado de muitas coisas: canalha mulherengo, especulador, bêbado. Quando
Schindler deu emprego ao meu pai, eu nunca tinha ouvido nenhum desse nomes e, mesmo que
tivesse, não me teria importado. Cracóvia estava cheia de alemães que queriam lucrar com a guerra. O
nome de Schindler só significava algo para mim porque ele havia contratado o meu pai.”(…)
“No final do outubro de 1942, chegou aos ouvidos de Schindler a notícia de que ia haver outro
transporte, pelo que ele manteve os seus trabalhadores judeus na fábrica durante a noite, em vez de
os mandar para o gueto.
7. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
Ele sabia que a frágil licença de trabalho não proporcionava qualquer garantia de segurança durante as
rusgas.”
(…)
Foi no «turno judaico», como o turno da noite viria a ser conhecido, que comecei a conhecer Schindler
pessoalmente. Já tinha ouvido muitas histórias acerca das festas loucas que ele dava nos seus
escritórios no segundo andar da fábrica, festas que se prolongavam pela noite dentro. Agora, no meu
posto de trabalho, ouvia os risos e a música. (…)
8. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
Após as festividades, Schindler ainda tinha energia para fazer as suas rondas da fábrica. (…) Possuía
uma capacidade incrível para se lembrar de nomes. Eu tinha-me habituado ao facto de ser, para os
nazis, apenas mais um judeu; o meu nome não importava. Mas Schindler era diferente. Queria
claramente saber quem éramos. Procedia como se se importasse connosco como indivíduos. Alto e
forte, com uma voz tonitruante, perguntava-me como estava a sair-me, quantas peças fizera naquela
noite. Depois calava-se, à espera da minha resposta.
9. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
Olhava-me nos olhos, não com a expressão vazia dos nazis, que pareciam não ver, mas com um
interesse genuíno e até mesmo uma centelha de humor. Eu era tão pequeno que tinha de me
empoleirar num caixote de madeira virado ao contrário para chegar aos comandos da máquina.
Schindler parecia divertir-se imenso com isso.
(…)
Fraco, desnutrido e privado de sono, eu não constituía grande ajuda para o esforço de guerra nazi, mas
Schindler não parecia importar-se. Uma noite, parou junto do meu posto e ficou a observar-me
enquanto eu terminava um invólucro, empoleirado no meu caixote de madeira.(…)
10. OSKAR SCHINDLER – por LEON LEYSON
um herói por direito próprio
Às vezes, na manhã após uma das suas visitas noturnas, eu ia buscar as minhas rações apenas para
descobrir que Schindler deixara instruções para que me fossem dadas duas porções. Ele tinha de fazer
um esforço especial para isso, e eu sentia-me esmagado pela sua bondade. Outras vezes, parava na
estação de trabalho do meu pai, punha-lhe a mão no ombro e dizia: «Vai correr tudo bem, Moshe».
(…)
(…) Ao tratar-nos com respeito, Schindler resistia à ideologia racista nazi que construíra uma hierarquia
da humanidade na qual os judeus ocupavam o lugar mais baixo.(…)
(ver ficha com a biografia de Oskar Shindler e proposta de expressão escrita)
11. VIDA DE OSKAR SCHINDLER
110anosdeOskarSchindler,grandehumanitárioda2ªGuerra
Aliado ao Partido Nazi, o industrial usou a sua influência e fortuna para salvar as vidas de 1.200
judeus na Polónia
Schindler nasceu a 28 de abril de 1908 na Morávia, região que hoje faz parte da República
Checa. A sua família, católica e de classe média, pertencia à comunidade de falantes da língua
alemã da região e, como a maioria dali, seguia o Partido Alemão dos Sudetas, que apoiou o
nazismo e lutou pelo desmembramento da Checoslováquia e a sua anexação à Alemanha.
Casou-se com Emilie em março de 1928, numa pousada nos arredores de Zwittau, a sua
cidade natal.
Quando os Sudetas se juntaram à Alemanha de Hitler, Schindler tornou-se membro formal
do Partido Nazi e, em 1936, espião do Abwehr, o serviço de informações dos nazis
na Checoslováquia. Mais tarde, disse à polícia checa que fez isso porque precisava do dinheiro.
Pouco depois da eclosão da guerra, em setembro de 1939, Schindler mudou-se para a
Cracóvia ocupada, na Polónia, onde assumiu uma fábrica de cerâmica esmaltada que
anteriormente pertencia a um judeu. Com a ajuda de um contador, começou a construir a sua
própria fortuna.
No final de 1942, o empreendimento em Zablocie, nos arredores de Cracóvia, expandiu-se
para uma enorme fábrica de esmaltados e munições, empregando quase 800 homens e
mulheres. Destes, 370 eram judeus do gueto de Cracóvia, estabelecido após a invasão alemã
na cidade.
Schindler adotou, de imediato, um estilo de vida extravagante, saindo à noite,
confraternizando com oficiais de altas patentes e namorando belas mulheres polacas. Ele
parecia não ser diferente de outros empresários alemães da região. O que o diferenciava era
a forma como tratava os seus funcionários, especialmente os judeus.
Segundo o Yad Vashem, a vantagem do industrial estava justamente no seu status de
empresário. Isso não só o qualificava para obter contratos militares lucrativos, como também
permitia que recrutasse judeus sob o controlo dos nazis para trabalhar na sua fábrica.
Schindler não hesitava em falsificar os registos, contratando crianças, donas de casa e
advogados como mecânicos especializados e metalúrgicos.
12. A Gestapo, polícia secreta dos nazis, chegou a prendê-lo diversas vezes, sob acusações de
irregularidade e favorecimento de judeus.
Mapas do projeto humanitário de Schindler
1) Gueto de Cracóvia
2) Campo de Plaszow
Gueto de Cracóvia (Wikimedia Commons/Reprodução)
Campo de Plaszow (Wikimedia Commons/Reprodução)
Muitos dos judeus que Oskar Schindler
ajudou também passaram por Plaszow,
campo de concentração construído pelos
nazis nos arredores de Cracóvia. Era
comandado pelo cruel Amon Göth.
13. 3) Fábrica de Oskar Schindler
4) Fábrica/Campo em Brünnlitz
Toda a sua força de trabalho deveria mudar-se para o novo local, mas muitos foram enviados
para os campos de concentração de Gross-Rosen e Auschwitz.
Fábrica de Oskar Schindler (The Holocaust Resource Center/Reprodução)
Nos arredores de Cracóvia, Schindler
comprou uma fábrica de metais, onde
produzia utensílios de cozinha, cerâmica
esmaltada e munições. Em 1942, empregava
quase 800 homens e mulheres. Destes, boa
parte eram judeus do gueto de Cracóvia e do
campo de concentração de Plaszow.
Fábrica Schindler em Brünnlitz (Wikimedia Commons/Reprodução)
Após 1943, o gueto de Cracóvia e o
campo de Plaszow tiveram de ser evacuados
devido ao avanço russo. Ao receber ordens
para deixar o local, Schindler conseguiu
obter autorização oficial para continuar a
produção numa fábrica que ele e sua esposa
tinham construído em Brünnlitz, na Morávia.
14. 5) Campo de Gross-Rosen
Campo de Gross-R osen
6) Campo de Auschwitz
Este é o único caso registado em que um grupo tão grande de pessoas pôde sair vivo do campo
enquanto as câmaras de gás ainda estavam ativas.
Noutro dos seus resgates, Schindler e Emilie salvaram 107 homens enviados para os
campos de extermínio. Eles pararam o comboio que os levavam, sem água e comida durante
dias, e convenceram o comandante responsável pelo grupo de que necessitavam daquelas
pessoas na sua fábrica. Schindler também enfrentou o comandante nazi e impediu-o de
incinerar os corpos encontrados congelados nas carruagens do comboio. O casal organizou
um enterro com rituais religiosos judaicos num terreno perto do cemitério católico, comprado
especialmente para esse fim.
Campo de Gross-Rosen (Wikimedia Commons/Reprodução)
Cerca de 800 homens, entre eles 700
judeus, que trabalhavam para Oskar
Schindler foram enviados para o campo de
Gross-Rosen, mas foram libertados graças
aos esforços do industrial, que negociou
com os nazis, e enviados para o campo em
Brünnllitz.
Campo de Auschwitz (Wikimedia Commons/Reprodução)
Outras 300 mulheres da lista de Schindler
foram enviadas para Auschwitz após a
evacuação na região de Cracóvia. O
industrial também negociou a sua
libertação, prometendo pagar diariamente
aos nazis pelo seu trabalho.
15. Pós-guerra
Nos últimos dias da guerra, pouco antes da invasão do Exército russo na Morávia, Schindler
conseguiu-se infiltrar na Alemanha, em território controlado pelos Aliados. O industrial estava
sem dinheiro, pois tinha gasto toda a sua fortuna em compras de alimentos no mercado negro.
Organizações de assistência judaica e grupos de sobreviventes apoiaram-no modestamente
ao longo dos anos, ajudando a financiar a sua vida e de sua esposa em Buenos Aires, na
Argentina, para onde emigraram.
Quando Schindler visitou Israel pela primeira vez, em 1961, foi recebido por 220
sobreviventes entusiasmados. Depois disso, continuou a viver parcialmente em Israel e na
Alemanha. Separou-se de Emilie em 1957 e, embora não se tivessem divorciado, eles nunca
mais se viram.
Morreu em Hildesheim, na Alemanha, em outubro de 1974. Para homenageá-lo, alguns dos
judeus que o industrial resgatou levaram os seus restos mortais a Israel, para serem
enterrados no Cemitério Católico de Jerusalém. A inscrição na sua sepultura diz: “O
inesquecível salvador de 1.200 judeus perseguidos”.
https://veja.abril.com.br/mundo/110-anos-de-oskar-schindler-grande-humanitario-da-ii-
guerra/, 28 abr 2018, 07h59 (adaptado)
10/11/2018
16. EXPRESSÃO ESCRITA
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras, apresenta uma reflexão pessoal sobre o conceito de herói definido abaixo e a
importância de Oskar Schindler na vida de muitos judeus, em especial da família Leyson, ao
longo da II Guerra Mundial. Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre, no mínimo, a dois
argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
“Lembro-me de uma entrevista de televisão que vi uma vez, com o escritor e
intelectual Joseph Campbell. Nunca esqueci a sua definição de herói. Campbell disse
que um herói é um ser humano vulgar que faz «a melhor das coisas no pior dos
tempos». Oskar Schindler personifica essa definição.”
(…) Ao tratar-nos com respeito, Schindler resistia à ideologia racista nazi que
construíra uma hierarquia da humanidade na qual os judeus ocupavam o lugar mais
baixo.(…)
O rapaz do caixote de madeira, Leon Leyson
Elabora o teu texto de acordo com o seguinte plano-guia:
1. Na introdução (primeiro parágrafo):
• Explica por palavras tuas a tese de Leon Leyson;
• Explicita claramente que concordas com essa tese;
2. No Desenvolvimento (parágrafos seguintes), para fundamentar o teu ponto de vista:
• Recorre, no mínimo, a dois argumentos;
• Utiliza um parágrafo, no mínimo, para cada argumento;
• Ilustra cada argumento com, pelo menos, um exemplo significativo;
• Não sejas incoerente com a tese que defendeste, ou seja, os teus argumentos não
devem contradizer a opinião que manifestaste na introdução;
• Articula os parágrafos e as frases através de articuladores/conectores.
3. Na conclusão (último parágrafo), faz uma síntese/um resumo das ideias expostas (sê
breve e objetivo(a)), mas não acrescentes informação nova.