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Estabilização dos vinhos
Objectivos
• Para o consumidor
  – Obter um vinho límpido, brilhante e sem depósito
    até ao momento do consumo


• Para o técnico
  – Remoção dos produtos indesejáveis sem remover
    aqueles que tem uma acção benéfica
Questões a atender na elaboração de
    um programa de estabilização

• Finalidade do vinho: armazenamento ou
  engarrafamento
• Por quanto tempo: estabilidade é limitada no
  tempo
• Destino do vinho: ter em atenção as condições
  de transporte e o clima do mercado
  consumidor
Partículas em suspensão nos vinhos
Floculação
• Floculação: processo pelo qual uma dispersão coloidal se converte
  numa suspensão

• A estabilidade das dispersões coloidais está associada a fenómenos
  de repulsão electrostática devido ao potencial eléctrico das
  partículas

• As forças electrostáticas são devidas à adsorção de catiões ou de
  aniões à superfície dos colóides. Esta adsorção origina uma camada
  dupla à volta das partículas que impede a floculação dos colóides

• A estabilidade das dispersões coloidais é tanto maior quanto maior
  for o potencial eléctrico das partículas coloidais
Clarificação por colagem
• A operação de colagem consiste em incorporar
  no vinho, mais ou menos turvo, uma substância
  capaz de flocular e sedimentar arrastando
  consigo as partículas em suspensão.

• Além da acção clarificante tem também uma
  acção estabilizante porque elimina outros
  colóides que posteriormente poderiam provocar
  uma turvação
Objectivos da colagem
• Remover o excesso de alguns constituintes

• Clarificar o vinho

• Tornar essa clarificação estável ao longo do
  tempo

• Melhorar as características sensoriais do vinho
Mecanismo da colagem
• As colas adicionadas aos vinhos possuem cargas eléctricas
  positivas (colas proteicas) ou negativas (colas minerais)

• As colas proteicas, carregadas positivamente, misturam-se
  com o tanino do vinho e com outras partículas que
  possuem carga negativa

• Formam-se complexos que precipitam sob o efeito do seu
  próprio peso ou devido á acção de determinados iões
  presentes no vinho

• Durante a sedimentação arrastam consigo as impurezas
  ainda em suspensão
Mecanismo da colagem
• Os clarificantes orgânicos e minerais actuam de
  formas diferentes:
  – Os orgânicos , onde se incluem as proteínas, floculam
    e precipitam após contacto com as substâncias
    polifenólicas polimerizadas do vinho (taninos)
    actuando estes por desnaturação das proteínas

  – Os minerais como por exemplo os silicatos de
    alumínio hidratados (bentonites) floculam por acção
    dos catiões do vinho
Efeito da colagem
• Efeito simultâneo da colagem:
  – Clarificação pelo arrastamento das impurezas
    (detritos, leveduras, bactérias)
  – Estabilização pela precipitação de compostos
    favoráveis à instabilidade

  – As colas proteicas exigem a presença de taninos
    para flocular
Efeito da colagem
• Em vinhos brancos e rosados
  –   Clarifica
  –   Facilita a filtração
  –   Elimina riscos de casse proteica
  –   Permite refrescar um vinho oxidado (caseína)
• Em vinhos tintos
  –   Clarifica
  –   Estabiliza a matéria corante
  –   Elimina leveduras e bactérias
  –   Amacia um vinho tinto adstringente (gelatina)
Condições que dificultam a colagem
•   Temperatura elevada
•   Vinhos ricos em gás carbónico
•   pH baixo
•   Cubas muito altas
Condições que favorecem a operação
             de colagem
• Um arejamento antes da colagem favorece a
  sedimentação da cola;

• Temperatura baixa e pressão atmosférica elevada
  melhoram a eficácia das colas proteicas. A
  bentonite (e a caseína) são menos sensíveis a
  estas condições;

• Um pH elevado torna mais fácil a clarificação e os
  riscos de sobrecolagem com a gelatina são
  menores
Produtos de colagem mais utilizados
• Colas proteicas
  – Gelatina: provém do colagénio das peles e ossos
    de animais
  – Albumina de ovo: provém da clara do ovo
     • Não deve ser usada em vinhos brancos pois exige a
       presença de elevadas concentrações de taninos
  – Caseína: é extraída do soro do leite
  – Cola de peixe: preparada a partir do colagénio de
    diferentes peixes (especialmente a partir da
    bexiga-natatória do esturjão)
Produtos de colagem mais utilizados
• Colas minerais
  – Bentonite (forte poder adsorvente)
     • Remoção de proteínas
     • Eliminação de matéria corante
  – Sílica ou dióxido de silício
Produtos de colagem mais utilizados
• Colas sintéticas
  – PVP e PVPP (adsorção de fenóis monoméricos:
    catequinas)
  – Polímeros sintéticos: Poliamidas
     • Elevada afinidade para os polifenois
     • Utilizada para descorar e evitar a madeirização de
       vinhos brancos
Sobrecolagem
• Parte da cola não precipita
• Manifesta-se por uma turvação após adição
  de taninos ou abaixamento da temperatura
• Gelatina: grande risco de sobrecolagem
• Tratamento de vinhos sobrecolados:
  – Adição de taninos
     • Riscos de alteração gustativa e da cor
  – Adição de bentonite
     • Mais racional e seguro
Técnica de colagem
• Ensaios prévios para determinar o tipo e
  quantidade da cola a utilizar:
  – Verificar o tempo de reacção da cola
  – Verificar a velocidade de sedimentação
  – Verificar o grau de limpidez
  – Avaliar as alterações nas características
    organolépticas
Forma de utilização das colas
• Incorporação rápida e homogeneização no
  vinho para evitar a coagulação da cola
• Pequenos volumes: injecção directa sob
  pressão no vinho em agitação
• Grandes volumes: injecção por doseador
  durante a trasfega
Filtração
• Técnica separativa permite separar uma fase sólida em
  suspensão numa fase líquida, por passagem através de
  uma superfície porosa que constitui a camada filtrante
  (filtro), destinada a reter as partículas sólidas

• Existem vários tipos de filtração de vinhos, que se
  distinguem pelas diferentes camadas filtrantes usadas,
  montadas sobre dispositivos apropriados:
   –   por terras (diatomáceas) (aluvionagem contínua)
   –   por placas de celulose ou módulos lenticulares
   –   por membrana em polímeros sintéticos (poros calibrados)
   –   tangencial sobre membrana mineral ou orgânica
Aspectos a ter em conta na filtração
Mecanismos de retenção das
        partículas
             •   a - Crivagem: as partículas, rígidas, tem
                 maior diâmetro que os poros. O filtro
                 colmata progressivamente. O volume
                 filtrado decresce continuamente, até
                 se tornar nulo
             •   b -Crivagem: as partículas, deformáveis
                 (pressão elevada), penetram no
                 interior dos canais, colmatando-os. O
                 débito decresce rapidamente.
             •   c –Adsorção e crivagem: as partículas
                 penetram no interior dos poros e são
                 retidas ou por adsorção ou
                 mecanicamente em certos sítios. A
                 colmatagem é lenta e os ciclos longos.
             •   d -Adsorção: as partículas, de pequena
                 dimensão, penetram nos poros, sendo
                 adsorvidas na superfície interna da
                 camada filtrante, até se atingir a
                 saturação, saindo então o líquido tão
                 turvo quanto entrou
Filtração por terras
• Técnica de filtração que recorre à aluvionagem em contínuo-após a
  constituição da pré-camada de filtração, as diatomáceas são
  adicionadas permanentemente ao vinho turvo, antes da sua
  passagem no filtro.

• Tipo de filtração, reservado, na maioria das vezes, aos vinhos em
  bruto; no entanto, existem hoje diatomáceas apertadas, que
  permitem preparar os vinhos para o engarrafamento. Também
  utilizada após a estabilização tartárica.

• Um dos inconvenientes que mais vezes é apontado a este tipo de
  filtração é a rejeição no meio ambiente de grande quantidade de
  diatomácea que é uma fonte de contaminação. Bem como, quem
  manipula o filtro se encontrar num ambiente saturado de poeiras.
Esquema geral de um filtro de terras
1 -Entrada do vinho
2 -Bomba principal de alimentação
3- Visualizador do vinho a filtrar
4 -Campânula com elementos
filtrantes horizontais
5 -Abertura para evacuação do bolo
6 -Filtro para filtração residual
(externo)
7- Visualizador do vinho a filtrado
8- Saída do vinho filtrado
10 -Bomba de doseamento de
adjuvante
de filtração
9 -Reservatório de suspensão do
adjuvante de filtração
Filtros de aluvionagem
Filtro de placas
• Utilizada normalmente aquando do engarrafamento
  dos vinhos, afim de obter perfeita limpidez e
  estabilidade microbiológica.

• Os equipamentos: chassis construídos em aço
  inoxidável, com quadros em aço inoxidável ou material
  plástico. As placas e os quadros são justapostos
  alternadamente. (O vinho deve sair pela face reforçada
  da placa)

• Tipos de placas: desbaste, clarificantes e esterilizantes
Filtro de placas
Filtração por módulo lenticular

• Meios filtrantes semelhantes a placas
  filtrantes, são montados em campânulas.
  Os riscos de fuga causados por pressões
  elevadas, são nulos, comparativamente à
  filtração por placas.


• Para serem economicamente interessantes,
  os módulos devem funcionar durante
  vários dias. Para tal, é necessário, regenerar
  o filtro todos os dias, fazendo circular água
  a 45 ºC, no sentido da filtração. Esta
  operação deve ser seguida de esterilização
  a 85 ºC.
Filtração por membranas
• Utilizada imediatamente antes do
  engarrafamento, sobretudo quando
  se procura a esterilização “absoluta”
  do vinho

• Equipamento: um ou mais
  cartuchos são montados dentro de
  uma campânula de aço inoxidável

• A eficácia de retenção de partículas
  é função do diâmetro dos poros. Na
  microfiltração de vinhos usam-se
  membranas com poros de diâmetro
  compreendido entre 0,45 - 10 μ
Filtração tangencial
• O liquido circula paralelamente superfície
  filtrante (uma membrana)
• Aplicações enológicas
  – clarificação de mostos
  – preparação de bebidas de baixo teor alcoólico
  – clarificação dos vinhos (numa única operação)
Filtração tangencial
LEGENDA
1 entrada do vinho
2 bomba de alta pressão
3 módulo contendo a
membrana filtrante
4 saída do vinho filtrado
(permeado)
5 refrigeração
6 saída das impurezas
7 bomba de circulação
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Estabilização e clarificação dos vinhos

  • 2. Objectivos • Para o consumidor – Obter um vinho límpido, brilhante e sem depósito até ao momento do consumo • Para o técnico – Remoção dos produtos indesejáveis sem remover aqueles que tem uma acção benéfica
  • 3. Questões a atender na elaboração de um programa de estabilização • Finalidade do vinho: armazenamento ou engarrafamento • Por quanto tempo: estabilidade é limitada no tempo • Destino do vinho: ter em atenção as condições de transporte e o clima do mercado consumidor
  • 5. Floculação • Floculação: processo pelo qual uma dispersão coloidal se converte numa suspensão • A estabilidade das dispersões coloidais está associada a fenómenos de repulsão electrostática devido ao potencial eléctrico das partículas • As forças electrostáticas são devidas à adsorção de catiões ou de aniões à superfície dos colóides. Esta adsorção origina uma camada dupla à volta das partículas que impede a floculação dos colóides • A estabilidade das dispersões coloidais é tanto maior quanto maior for o potencial eléctrico das partículas coloidais
  • 6. Clarificação por colagem • A operação de colagem consiste em incorporar no vinho, mais ou menos turvo, uma substância capaz de flocular e sedimentar arrastando consigo as partículas em suspensão. • Além da acção clarificante tem também uma acção estabilizante porque elimina outros colóides que posteriormente poderiam provocar uma turvação
  • 7. Objectivos da colagem • Remover o excesso de alguns constituintes • Clarificar o vinho • Tornar essa clarificação estável ao longo do tempo • Melhorar as características sensoriais do vinho
  • 8. Mecanismo da colagem • As colas adicionadas aos vinhos possuem cargas eléctricas positivas (colas proteicas) ou negativas (colas minerais) • As colas proteicas, carregadas positivamente, misturam-se com o tanino do vinho e com outras partículas que possuem carga negativa • Formam-se complexos que precipitam sob o efeito do seu próprio peso ou devido á acção de determinados iões presentes no vinho • Durante a sedimentação arrastam consigo as impurezas ainda em suspensão
  • 9. Mecanismo da colagem • Os clarificantes orgânicos e minerais actuam de formas diferentes: – Os orgânicos , onde se incluem as proteínas, floculam e precipitam após contacto com as substâncias polifenólicas polimerizadas do vinho (taninos) actuando estes por desnaturação das proteínas – Os minerais como por exemplo os silicatos de alumínio hidratados (bentonites) floculam por acção dos catiões do vinho
  • 10. Efeito da colagem • Efeito simultâneo da colagem: – Clarificação pelo arrastamento das impurezas (detritos, leveduras, bactérias) – Estabilização pela precipitação de compostos favoráveis à instabilidade – As colas proteicas exigem a presença de taninos para flocular
  • 11. Efeito da colagem • Em vinhos brancos e rosados – Clarifica – Facilita a filtração – Elimina riscos de casse proteica – Permite refrescar um vinho oxidado (caseína) • Em vinhos tintos – Clarifica – Estabiliza a matéria corante – Elimina leveduras e bactérias – Amacia um vinho tinto adstringente (gelatina)
  • 12. Condições que dificultam a colagem • Temperatura elevada • Vinhos ricos em gás carbónico • pH baixo • Cubas muito altas
  • 13. Condições que favorecem a operação de colagem • Um arejamento antes da colagem favorece a sedimentação da cola; • Temperatura baixa e pressão atmosférica elevada melhoram a eficácia das colas proteicas. A bentonite (e a caseína) são menos sensíveis a estas condições; • Um pH elevado torna mais fácil a clarificação e os riscos de sobrecolagem com a gelatina são menores
  • 14. Produtos de colagem mais utilizados • Colas proteicas – Gelatina: provém do colagénio das peles e ossos de animais – Albumina de ovo: provém da clara do ovo • Não deve ser usada em vinhos brancos pois exige a presença de elevadas concentrações de taninos – Caseína: é extraída do soro do leite – Cola de peixe: preparada a partir do colagénio de diferentes peixes (especialmente a partir da bexiga-natatória do esturjão)
  • 15. Produtos de colagem mais utilizados • Colas minerais – Bentonite (forte poder adsorvente) • Remoção de proteínas • Eliminação de matéria corante – Sílica ou dióxido de silício
  • 16. Produtos de colagem mais utilizados • Colas sintéticas – PVP e PVPP (adsorção de fenóis monoméricos: catequinas) – Polímeros sintéticos: Poliamidas • Elevada afinidade para os polifenois • Utilizada para descorar e evitar a madeirização de vinhos brancos
  • 17. Sobrecolagem • Parte da cola não precipita • Manifesta-se por uma turvação após adição de taninos ou abaixamento da temperatura • Gelatina: grande risco de sobrecolagem • Tratamento de vinhos sobrecolados: – Adição de taninos • Riscos de alteração gustativa e da cor – Adição de bentonite • Mais racional e seguro
  • 18. Técnica de colagem • Ensaios prévios para determinar o tipo e quantidade da cola a utilizar: – Verificar o tempo de reacção da cola – Verificar a velocidade de sedimentação – Verificar o grau de limpidez – Avaliar as alterações nas características organolépticas
  • 19. Forma de utilização das colas • Incorporação rápida e homogeneização no vinho para evitar a coagulação da cola • Pequenos volumes: injecção directa sob pressão no vinho em agitação • Grandes volumes: injecção por doseador durante a trasfega
  • 20. Filtração • Técnica separativa permite separar uma fase sólida em suspensão numa fase líquida, por passagem através de uma superfície porosa que constitui a camada filtrante (filtro), destinada a reter as partículas sólidas • Existem vários tipos de filtração de vinhos, que se distinguem pelas diferentes camadas filtrantes usadas, montadas sobre dispositivos apropriados: – por terras (diatomáceas) (aluvionagem contínua) – por placas de celulose ou módulos lenticulares – por membrana em polímeros sintéticos (poros calibrados) – tangencial sobre membrana mineral ou orgânica
  • 21. Aspectos a ter em conta na filtração
  • 22. Mecanismos de retenção das partículas • a - Crivagem: as partículas, rígidas, tem maior diâmetro que os poros. O filtro colmata progressivamente. O volume filtrado decresce continuamente, até se tornar nulo • b -Crivagem: as partículas, deformáveis (pressão elevada), penetram no interior dos canais, colmatando-os. O débito decresce rapidamente. • c –Adsorção e crivagem: as partículas penetram no interior dos poros e são retidas ou por adsorção ou mecanicamente em certos sítios. A colmatagem é lenta e os ciclos longos. • d -Adsorção: as partículas, de pequena dimensão, penetram nos poros, sendo adsorvidas na superfície interna da camada filtrante, até se atingir a saturação, saindo então o líquido tão turvo quanto entrou
  • 23. Filtração por terras • Técnica de filtração que recorre à aluvionagem em contínuo-após a constituição da pré-camada de filtração, as diatomáceas são adicionadas permanentemente ao vinho turvo, antes da sua passagem no filtro. • Tipo de filtração, reservado, na maioria das vezes, aos vinhos em bruto; no entanto, existem hoje diatomáceas apertadas, que permitem preparar os vinhos para o engarrafamento. Também utilizada após a estabilização tartárica. • Um dos inconvenientes que mais vezes é apontado a este tipo de filtração é a rejeição no meio ambiente de grande quantidade de diatomácea que é uma fonte de contaminação. Bem como, quem manipula o filtro se encontrar num ambiente saturado de poeiras.
  • 24. Esquema geral de um filtro de terras 1 -Entrada do vinho 2 -Bomba principal de alimentação 3- Visualizador do vinho a filtrar 4 -Campânula com elementos filtrantes horizontais 5 -Abertura para evacuação do bolo 6 -Filtro para filtração residual (externo) 7- Visualizador do vinho a filtrado 8- Saída do vinho filtrado 10 -Bomba de doseamento de adjuvante de filtração 9 -Reservatório de suspensão do adjuvante de filtração
  • 26. Filtro de placas • Utilizada normalmente aquando do engarrafamento dos vinhos, afim de obter perfeita limpidez e estabilidade microbiológica. • Os equipamentos: chassis construídos em aço inoxidável, com quadros em aço inoxidável ou material plástico. As placas e os quadros são justapostos alternadamente. (O vinho deve sair pela face reforçada da placa) • Tipos de placas: desbaste, clarificantes e esterilizantes
  • 28. Filtração por módulo lenticular • Meios filtrantes semelhantes a placas filtrantes, são montados em campânulas. Os riscos de fuga causados por pressões elevadas, são nulos, comparativamente à filtração por placas. • Para serem economicamente interessantes, os módulos devem funcionar durante vários dias. Para tal, é necessário, regenerar o filtro todos os dias, fazendo circular água a 45 ºC, no sentido da filtração. Esta operação deve ser seguida de esterilização a 85 ºC.
  • 29. Filtração por membranas • Utilizada imediatamente antes do engarrafamento, sobretudo quando se procura a esterilização “absoluta” do vinho • Equipamento: um ou mais cartuchos são montados dentro de uma campânula de aço inoxidável • A eficácia de retenção de partículas é função do diâmetro dos poros. Na microfiltração de vinhos usam-se membranas com poros de diâmetro compreendido entre 0,45 - 10 μ
  • 30. Filtração tangencial • O liquido circula paralelamente superfície filtrante (uma membrana) • Aplicações enológicas – clarificação de mostos – preparação de bebidas de baixo teor alcoólico – clarificação dos vinhos (numa única operação)
  • 31. Filtração tangencial LEGENDA 1 entrada do vinho 2 bomba de alta pressão 3 módulo contendo a membrana filtrante 4 saída do vinho filtrado (permeado) 5 refrigeração 6 saída das impurezas 7 bomba de circulação