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Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA
Programa de Educação Tutorial – PET/LETRAS
OFICINA DE
REVISÃO TEXTUAL
Ministrante: Vanessa F. Barbosa
Para início de conversa…
- Pesquisa de Mestrado:
“Uma análise dialógica da atividade de revisão
linguística em EaD” (UCPel/ 2012)
• Objeto: A Atividade de Revisão Linguística
desenvolvida pelo Núcleo de Revisão Linguística da
Secretaria de Educação a Distância (SEaD) da
Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Imbricamento de duas funções
Revisora Pesquisadora
Professora
A Revisão na Educação a Distância (EaD)
“Realizar a revisão de linguagem do material
didático desenvolvido para a modalidade a
distância” (MEC/BRASIL, 2009, p.1).
Professor Revisão
Linguística
SEaD/FURG:
Corpus
• Trechos de e-mails trocados entre o Núcleo de
Revisão da SEaD e docentes no ano de 2010.
• Dois diálogos via e-mail entre o Núcleo e dois
docentes, bem como trechos dos textos que embasam
tais diálogos.
• As respostas de dois revisores a questionário.
Referencial Teórico
1. Concepção dialógica de Língua/Linguagem 
Postulados de Bakhtin e do Círculo
2. Interface: Linguística Moderna, Ergonomia da
Atividade e Ergologia – Clínica da Atividade
3. Olhares sobre a atividade de revisão textual
1. Concepção dialógica de Língua/Linguagem  Postulados
de Bakhtin e do Círculo
- Língua enquanto fenômeno intrinsecamente social (intercâmbio
constante entre indivíduos; compreensão através do uso).
- Enunciado (BAKHTIN, 1992): unidade básica e real de análise
da linguagem
- Texto enquanto um “conjunto coerente de signos” (BAKHTIN,
1992, p.329)
- Relações Interlocutivas (SOBRAL, 2006)
2. Interface: Linguística Moderna, Ergonomia da
Atividade e Ergologia – Clínica da Atividade
Ergonomia da Atividade Ergologia
Linguística Moderna Clínica da Atividade
O homem na
situação de
trabalho
mediado pela
linguagem
3. Olhares sobre a atividade de revisão textual
Oliveira (2010)
Soares (2009)
Sobral (2008)
- Concepções de Revisão (Oliveira, 2010)
Perspectiva tradicional: etapa posterior à escrita
Outras perspectivas: atividade recursiva (podem ocorrer em
qualquer etapa da escrita)
• Perspectiva Tradicional
Objetivo: corrigir o texto,
bem como averiguar as
violações à norma culta da
língua.
“Tal concepção é pautada no senso
comum de que revisar resume-se a
corrigir ortografia, pontuação,
concordância verbal e nominal, de acordo
com as normas apontadas em gramáticas,
dicionários e manuais, sendo a revisão
tratada como uma das etapas de
reescritura em que se focalizam os
aspectos estruturais do texto”
(OLIVEIRA, 2010, p.17).
• Revisão como atividade recursiva:
Supera a concepção linear da
atividade Flower e Hayes (1981) propõem um
modelo de escritura a partir de
dois subprocessos: a leitura e a
editoração, o que permite que a
revisão possa interromper o
processo de escrita do texto a
qualquer momento do trabalho”.
(OLIVEIRA, 2010, p.17).
• Revisão como atividade recursiva:
Hayes et al (1987) sugere três subprocessos centrais para o trabalho de
revisão, quais sejam: a definição da tarefa, a avaliação e a estratégia de
seleção.
-Na definição da tarefa, o revisor tem de explicitar quais os critérios que
subsidiarão o trabalho, sejam eles mais globais ou não, devendo essa
especificação estar de acordo com os objetivos do escritor.
- A avaliação vai estar centrada na aplicação dos critérios determinados
na fase anterior durante a leitura do texto a fim de fazer uma
constatação dos problemas encontrados, o que oportunizará ao revisor
selecionar as “estratégias tanto para ignorar esses problemas ou buscar
mais informações para esclarecê-los, quanto para modificar o texto,
reescrevendo-o” (OLIVEIRA, 2010, p.19).
• Estudos no Brasil:
Serafini (1992) afirma que existem duas modalidades de
revisão textual: a de conteúdo, a qual pressupõe uma leitura
ampla do texto, visando aspectos como clareza, coesão e
coerência; e a segunda modalidade é a revisão de forma, em
que o revisor deve aplicar as regras gramaticais, bem como
suprimir trechos ou palavras supérfluas.
Dellagnelo (1998) parte da análise de uma situação escolar e
tem por objetivo sugerir um modelo analítico para a revisão
de textos de alunos-escritores, com base em um enfoque
processual de escrita, assim como em um conjunto de regras
que se referem a “conteúdo, forma, organização textual,
gramática” (OLIVEIRA, 2010, p.21).
• Estudos no Brasil:
Garcez (1998) trata da revisão a partir de um viés cognitivista
e afirma que essa atividade “envolve ações mentais em um
continuum de representação de um problema que vai de sua
percepção e localização até o acessamento de
procedimentos complexos” (GARCEZ apud OLIVEIRA, 2010,
p.21).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o ensino
de língua portuguesa também enfatizam que a revisão de
textos de alunos por parte do professor pode exercer um
papel importante, ao auxiliar os estudantes em suas
reescritas.
• Diagnóstico de um problema:
Nos poucos casos de pesquisa em que o
trabalho do revisor está em foco, a
tendência é abordá-lo como uma “tarefa
voltada meramente para a resolução de
problemas de ordem estrutural e
notacional de perspectiva cognitivista, não
levando em conta os aspectos discursivos
que cercam as metas volitivas do autor”
(OLIVEIRA, 2010, p.24).
• Alguns caminhos:
Soares (2009): a construção de feedbacks que revelem
um leitor crítico e interessado, ao invés de um mero
examinador de textos, já que, para a autora:
“Crescemos com a impressão de que o que vale mais é
o domínio do sistema linguístico e das técnicas de
redação, já que o conteúdo é só mais um dos vários
componentes avaliados. Porém, se pensarmos que o
objetivo maior de escrever um texto é possibilitar a
comunicação entre aquele que o escreve e aquele que
o lê, precisamos rever a forma pela qual tratamos os
textos dos alunos”. (idem, p.15).
• Alguns caminhos:
Superar o paradigma tradicional exemplificado
na postura docente em que “o professor pega
a caneta vermelha para corrigir cada erro de
pontuação, de ortografia e de gramática, dá
uma nota final e considera o trabalho
encerrado” (SOARES, 2009, p.21).
Consequentemente, o aluno se habitua “a um
sistema onde escrever bem é visto como
sinônimo de escrever sem erros [de pontuação,
ortografia e gramática]”. (SOARES, 2009, p.22).
• Alguns caminhos:
A escrita e a avaliação do texto devem ser vistas como
processos e, como tais, não têm de ser resumidas a
somente uma produção do texto por parte do aluno e
a apenas um único retorno avaliativo neste texto por
parte do professor.
Alternativa para tentar mudar a visão linear e
unidirecional de produção e avaliação textual:
feedbacks construídos nos textos dos discentes, os
quais devem ter como finalidade principal auxiliar os
estudantes em suas reescritas, bem como que os
incentivarem a melhorar seus textos.
“O Revisor também trabalha com discursos...”
Tradução: enfoque enunciativo
(Bakhtin)
Enunciação e Enunciado
“Elementos de uma teoria discursiva da
língua e dos usos lingüísticos, teoria
que, portanto, leva em conta o texto,
mas vai necessariamente além dele”.
(SOBRAL, 2008, p.57).
O tradutor, em sua atividade, tem como unidade de análise
o discurso e não apenas o texto, já que ele sempre
trabalha a partir do fato de que há um texto determinado
endereçado, dirigido, a alguém, com vistas a uma (ou mais)
finalidade(s), ou seja, trabalha com o discurso como uma
atividade de mediação entre sujeitos que se utiliza de
textos como materialidade.
“O Revisor também trabalha com discursos!”
- O discurso recorre a textos, mas não se confunde com
eles, porque um texto só faz sentido quando se sabe quem
escreveu o quê dirigindo-se a quem e em que situação”
(SOBRAL, 2008, p.59). Por conseguinte, é ilógico tentar
compreender o discurso sem que se considere o sujeito
produtor do discurso, assim como as suas vivências, já que
toda a produção de sentidos se dá a partir de e nos
sistemas semióticos, os quais “são sistemas abertos,
sistemas que sofrem influência de seu ambiente”
(SOBRAL, 2008, p.64).
É preciso compreender que:
- Um revisor, quando esta diante de um texto, deve
considerar, do mesmo modo que o tradutor: quem escreveu,
com quais fins, a qual leitor se destina, quais foram as
condições de produção do trabalho, etc. Enfim, o revisor tem
de levar em consideração esses aspectos no intuito de
compreender também as questões discursivas que são
fundamentais para o diálogo com o próprio autor do texto.
É preciso compreender que:
- Tratar da revisão por esse viés amplo não é uma tarefa fácil,
tendo em vista que é comum a ocorrência de sujeitos que
vêem essa atividade exclusivamente pelo paradigma
tradicional, fixando-se em aspectos formais e, com isso,
assimilando a atividade do revisor a de um profissional que
deve se deter somente a bem pontuar um texto. Ainda
assim, devemos entender que “o produto ‘discurso’ não é
estabilizado, acabado, morto, independente da situação de
sua produção” (SOBRAL, 2008, p.66).
É preciso compreender que:
- Logo, tomar a atividade de revisão enquanto sinônimo
de aplicação de regras gramaticais e ter como seu
objeto unicamente o texto significa reduzir o estatuto
social da linguagem bem como ignorar a língua naquilo
que lhe é intrínseco, conforme nos colocou
Bakhtin/Volochínov (2010): ser dinâmica e viva e
manifestar-se na interação, não no sistema da língua.
É preciso compreender que:
Cabe ao Revisor (Profissional):
- Compreender a atividade de revisão como
um processo colaborativo (revisor <-->
autor), resultante de intenso diálogo.
“[…] podemos dizer que, no caso específico
da interação face a face, o Círculo de Bakhtin
se ocupa não com o diálogo em si, mas com o
que ocorre nele, isto é, com o complexo de
forças que nele atua e condiciona a forma e as
significações do que é dito ali.” (FARACO,
2009).
Cabe ao Revisor (Profissional):
- Trabalhar no nível da sugestão.
- Respeitar a autoria do texto.
- Lembrar que a escrita tem íntima relação
com nossa identidade.
- Ressaltar os aspectos positivos da
produção textual analisada.
- Ser ou tornar-se leitor.
- Conhecer (ou buscar conhecer) o gênero a
que pertence o texto revisado.
Cabe ao Revisor (Pessoal):
- Compreender a escrita como um processo
e a revisão como uma atividade complexa
que requer distanciamento do momento de
produção da escrita.
- Fazer o(s) teste(s) para comprovar ou
refutar a hipótese de que a atividade de
revisão potenciliza o trabalho (texto final) e
a escrita do autor.
Revisar… Pra quê?
…Com quais objetivos?
Como?
Questões técnicas…
• Programas de editor de texto (word): utilizar as
ferramentas “controlar alterações” e “inserir
comentários”.
•Controlar alterações para as alterações
gramaticais.
• Inserir comentários  quando as intervenções
forem de “cunho semântico” ou para conversar com
o autor do texto sobre determinadas passagens da
escrita.
Questões práticas: vamos revisar!
BAKHTIN, M. (V. N. Volochínov). 14 ed. Marxismo e Filosofia da Linguagem:
problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São
Paulo: Hucitec, 2010.
FARACO, C. Linguagem & diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de
Bakhtin. São Paulo: Parábola, 2009.
OLIVEIRA, R. R. F. Revisão de textos: da prática à teoria. Natal: Edufrn, 2010.
SOARES, D. Produção e revisão textual: um guia para professores de
Português e de Línguas Estrangeiras. Petrópolis: Vozes, 2009.
SOBRAL, A. Traduzimos Discursos, não (apenas) textos. In________. Dizer o
“mesmo” a outros: ensaios sobre tradução. São Paulo: Special Book Service
Livraria, 2008.
Referências

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  • 1. Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA Programa de Educação Tutorial – PET/LETRAS OFICINA DE REVISÃO TEXTUAL Ministrante: Vanessa F. Barbosa
  • 2.
  • 3. Para início de conversa… - Pesquisa de Mestrado: “Uma análise dialógica da atividade de revisão linguística em EaD” (UCPel/ 2012) • Objeto: A Atividade de Revisão Linguística desenvolvida pelo Núcleo de Revisão Linguística da Secretaria de Educação a Distância (SEaD) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
  • 4. Imbricamento de duas funções Revisora Pesquisadora Professora
  • 5. A Revisão na Educação a Distância (EaD) “Realizar a revisão de linguagem do material didático desenvolvido para a modalidade a distância” (MEC/BRASIL, 2009, p.1). Professor Revisão Linguística SEaD/FURG:
  • 6. Corpus • Trechos de e-mails trocados entre o Núcleo de Revisão da SEaD e docentes no ano de 2010. • Dois diálogos via e-mail entre o Núcleo e dois docentes, bem como trechos dos textos que embasam tais diálogos. • As respostas de dois revisores a questionário.
  • 7. Referencial Teórico 1. Concepção dialógica de Língua/Linguagem  Postulados de Bakhtin e do Círculo 2. Interface: Linguística Moderna, Ergonomia da Atividade e Ergologia – Clínica da Atividade 3. Olhares sobre a atividade de revisão textual
  • 8. 1. Concepção dialógica de Língua/Linguagem  Postulados de Bakhtin e do Círculo - Língua enquanto fenômeno intrinsecamente social (intercâmbio constante entre indivíduos; compreensão através do uso). - Enunciado (BAKHTIN, 1992): unidade básica e real de análise da linguagem - Texto enquanto um “conjunto coerente de signos” (BAKHTIN, 1992, p.329) - Relações Interlocutivas (SOBRAL, 2006)
  • 9. 2. Interface: Linguística Moderna, Ergonomia da Atividade e Ergologia – Clínica da Atividade Ergonomia da Atividade Ergologia Linguística Moderna Clínica da Atividade O homem na situação de trabalho mediado pela linguagem
  • 10. 3. Olhares sobre a atividade de revisão textual Oliveira (2010) Soares (2009) Sobral (2008)
  • 11. - Concepções de Revisão (Oliveira, 2010) Perspectiva tradicional: etapa posterior à escrita Outras perspectivas: atividade recursiva (podem ocorrer em qualquer etapa da escrita)
  • 12. • Perspectiva Tradicional Objetivo: corrigir o texto, bem como averiguar as violações à norma culta da língua. “Tal concepção é pautada no senso comum de que revisar resume-se a corrigir ortografia, pontuação, concordância verbal e nominal, de acordo com as normas apontadas em gramáticas, dicionários e manuais, sendo a revisão tratada como uma das etapas de reescritura em que se focalizam os aspectos estruturais do texto” (OLIVEIRA, 2010, p.17).
  • 13. • Revisão como atividade recursiva: Supera a concepção linear da atividade Flower e Hayes (1981) propõem um modelo de escritura a partir de dois subprocessos: a leitura e a editoração, o que permite que a revisão possa interromper o processo de escrita do texto a qualquer momento do trabalho”. (OLIVEIRA, 2010, p.17).
  • 14. • Revisão como atividade recursiva: Hayes et al (1987) sugere três subprocessos centrais para o trabalho de revisão, quais sejam: a definição da tarefa, a avaliação e a estratégia de seleção. -Na definição da tarefa, o revisor tem de explicitar quais os critérios que subsidiarão o trabalho, sejam eles mais globais ou não, devendo essa especificação estar de acordo com os objetivos do escritor. - A avaliação vai estar centrada na aplicação dos critérios determinados na fase anterior durante a leitura do texto a fim de fazer uma constatação dos problemas encontrados, o que oportunizará ao revisor selecionar as “estratégias tanto para ignorar esses problemas ou buscar mais informações para esclarecê-los, quanto para modificar o texto, reescrevendo-o” (OLIVEIRA, 2010, p.19).
  • 15. • Estudos no Brasil: Serafini (1992) afirma que existem duas modalidades de revisão textual: a de conteúdo, a qual pressupõe uma leitura ampla do texto, visando aspectos como clareza, coesão e coerência; e a segunda modalidade é a revisão de forma, em que o revisor deve aplicar as regras gramaticais, bem como suprimir trechos ou palavras supérfluas. Dellagnelo (1998) parte da análise de uma situação escolar e tem por objetivo sugerir um modelo analítico para a revisão de textos de alunos-escritores, com base em um enfoque processual de escrita, assim como em um conjunto de regras que se referem a “conteúdo, forma, organização textual, gramática” (OLIVEIRA, 2010, p.21).
  • 16. • Estudos no Brasil: Garcez (1998) trata da revisão a partir de um viés cognitivista e afirma que essa atividade “envolve ações mentais em um continuum de representação de um problema que vai de sua percepção e localização até o acessamento de procedimentos complexos” (GARCEZ apud OLIVEIRA, 2010, p.21). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o ensino de língua portuguesa também enfatizam que a revisão de textos de alunos por parte do professor pode exercer um papel importante, ao auxiliar os estudantes em suas reescritas.
  • 17. • Diagnóstico de um problema: Nos poucos casos de pesquisa em que o trabalho do revisor está em foco, a tendência é abordá-lo como uma “tarefa voltada meramente para a resolução de problemas de ordem estrutural e notacional de perspectiva cognitivista, não levando em conta os aspectos discursivos que cercam as metas volitivas do autor” (OLIVEIRA, 2010, p.24).
  • 18. • Alguns caminhos: Soares (2009): a construção de feedbacks que revelem um leitor crítico e interessado, ao invés de um mero examinador de textos, já que, para a autora: “Crescemos com a impressão de que o que vale mais é o domínio do sistema linguístico e das técnicas de redação, já que o conteúdo é só mais um dos vários componentes avaliados. Porém, se pensarmos que o objetivo maior de escrever um texto é possibilitar a comunicação entre aquele que o escreve e aquele que o lê, precisamos rever a forma pela qual tratamos os textos dos alunos”. (idem, p.15).
  • 19. • Alguns caminhos: Superar o paradigma tradicional exemplificado na postura docente em que “o professor pega a caneta vermelha para corrigir cada erro de pontuação, de ortografia e de gramática, dá uma nota final e considera o trabalho encerrado” (SOARES, 2009, p.21). Consequentemente, o aluno se habitua “a um sistema onde escrever bem é visto como sinônimo de escrever sem erros [de pontuação, ortografia e gramática]”. (SOARES, 2009, p.22).
  • 20. • Alguns caminhos: A escrita e a avaliação do texto devem ser vistas como processos e, como tais, não têm de ser resumidas a somente uma produção do texto por parte do aluno e a apenas um único retorno avaliativo neste texto por parte do professor. Alternativa para tentar mudar a visão linear e unidirecional de produção e avaliação textual: feedbacks construídos nos textos dos discentes, os quais devem ter como finalidade principal auxiliar os estudantes em suas reescritas, bem como que os incentivarem a melhorar seus textos.
  • 21. “O Revisor também trabalha com discursos...” Tradução: enfoque enunciativo (Bakhtin) Enunciação e Enunciado “Elementos de uma teoria discursiva da língua e dos usos lingüísticos, teoria que, portanto, leva em conta o texto, mas vai necessariamente além dele”. (SOBRAL, 2008, p.57).
  • 22. O tradutor, em sua atividade, tem como unidade de análise o discurso e não apenas o texto, já que ele sempre trabalha a partir do fato de que há um texto determinado endereçado, dirigido, a alguém, com vistas a uma (ou mais) finalidade(s), ou seja, trabalha com o discurso como uma atividade de mediação entre sujeitos que se utiliza de textos como materialidade. “O Revisor também trabalha com discursos!”
  • 23. - O discurso recorre a textos, mas não se confunde com eles, porque um texto só faz sentido quando se sabe quem escreveu o quê dirigindo-se a quem e em que situação” (SOBRAL, 2008, p.59). Por conseguinte, é ilógico tentar compreender o discurso sem que se considere o sujeito produtor do discurso, assim como as suas vivências, já que toda a produção de sentidos se dá a partir de e nos sistemas semióticos, os quais “são sistemas abertos, sistemas que sofrem influência de seu ambiente” (SOBRAL, 2008, p.64). É preciso compreender que:
  • 24. - Um revisor, quando esta diante de um texto, deve considerar, do mesmo modo que o tradutor: quem escreveu, com quais fins, a qual leitor se destina, quais foram as condições de produção do trabalho, etc. Enfim, o revisor tem de levar em consideração esses aspectos no intuito de compreender também as questões discursivas que são fundamentais para o diálogo com o próprio autor do texto. É preciso compreender que:
  • 25. - Tratar da revisão por esse viés amplo não é uma tarefa fácil, tendo em vista que é comum a ocorrência de sujeitos que vêem essa atividade exclusivamente pelo paradigma tradicional, fixando-se em aspectos formais e, com isso, assimilando a atividade do revisor a de um profissional que deve se deter somente a bem pontuar um texto. Ainda assim, devemos entender que “o produto ‘discurso’ não é estabilizado, acabado, morto, independente da situação de sua produção” (SOBRAL, 2008, p.66). É preciso compreender que:
  • 26. - Logo, tomar a atividade de revisão enquanto sinônimo de aplicação de regras gramaticais e ter como seu objeto unicamente o texto significa reduzir o estatuto social da linguagem bem como ignorar a língua naquilo que lhe é intrínseco, conforme nos colocou Bakhtin/Volochínov (2010): ser dinâmica e viva e manifestar-se na interação, não no sistema da língua. É preciso compreender que:
  • 27. Cabe ao Revisor (Profissional): - Compreender a atividade de revisão como um processo colaborativo (revisor <--> autor), resultante de intenso diálogo. “[…] podemos dizer que, no caso específico da interação face a face, o Círculo de Bakhtin se ocupa não com o diálogo em si, mas com o que ocorre nele, isto é, com o complexo de forças que nele atua e condiciona a forma e as significações do que é dito ali.” (FARACO, 2009).
  • 28. Cabe ao Revisor (Profissional): - Trabalhar no nível da sugestão. - Respeitar a autoria do texto. - Lembrar que a escrita tem íntima relação com nossa identidade. - Ressaltar os aspectos positivos da produção textual analisada. - Ser ou tornar-se leitor. - Conhecer (ou buscar conhecer) o gênero a que pertence o texto revisado.
  • 29. Cabe ao Revisor (Pessoal): - Compreender a escrita como um processo e a revisão como uma atividade complexa que requer distanciamento do momento de produção da escrita. - Fazer o(s) teste(s) para comprovar ou refutar a hipótese de que a atividade de revisão potenciliza o trabalho (texto final) e a escrita do autor.
  • 30.
  • 31. Revisar… Pra quê? …Com quais objetivos?
  • 32. Como?
  • 33. Questões técnicas… • Programas de editor de texto (word): utilizar as ferramentas “controlar alterações” e “inserir comentários”. •Controlar alterações para as alterações gramaticais. • Inserir comentários  quando as intervenções forem de “cunho semântico” ou para conversar com o autor do texto sobre determinadas passagens da escrita.
  • 35. BAKHTIN, M. (V. N. Volochínov). 14 ed. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2010. FARACO, C. Linguagem & diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola, 2009. OLIVEIRA, R. R. F. Revisão de textos: da prática à teoria. Natal: Edufrn, 2010. SOARES, D. Produção e revisão textual: um guia para professores de Português e de Línguas Estrangeiras. Petrópolis: Vozes, 2009. SOBRAL, A. Traduzimos Discursos, não (apenas) textos. In________. Dizer o “mesmo” a outros: ensaios sobre tradução. São Paulo: Special Book Service Livraria, 2008. Referências