O Material que segue é sobre os 400 anos de silencio profético entre Malaquias e o Evangelho de Mateus, que dá início ao que conhecemos como Novo Testamento.
Esse período de silencio profético também é conhecido e denominado como período interstamentário.
Ao todo serão 06 aulas, onde abarcaremos sobres as Fontes Históricas sobre esse período, Persas, Gregos, Macabeus, Romanos, Seitas Judaicas.
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Período entre a Bíblia
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ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – PERÍODO INTERBÍBLICO
AULA 1 – Definição, ambiente e fontes Históricas.
Obra de referência
Enéas Tognini, teólogo, vice-presidente e fundador da Igreja Batista do Povo e
presidente da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), escreveu o livro “O Período
Interbíblico: 400 Anos de Silêncio Profético”, que será a obra de referência deste
estudo. Nesta obra, autor evidencia os fatos históricos que ocorreram durante o
período em que a Bíblia “calou-se” no intervalo entre o Antigo e Novo Testamento,
entre as palavras do profeta Malaquias e o evangelho de Mateus.
Definição
“Interbíblico” significa “entre a Bíblia” ou “entre testamentos”. O período
chamado interbíblico tem início com a interrupção da atividade profética entre o povo
de Deus. Malaquias foi o último profeta que transmitiu as palavras do Senhor ao povo
de Israel até o advento de João Batista. Malaquias termina com a promessa do
percursor do Messias (4.4-6; 3.1) e Mateus 3.1 é o cumprimento fiel desta promessa.
Entre a promessa e o cumprimento transcorreram nada menos que 400 anos. Neste
período muitas mudanças ocorreram na terra e na vida do povo do Senhor e também
na história da humanidade.
Durante o período Interbíblico, os judeus foram dominados por três nações,
respectivamente: Pérsia, Grécia e Roma. Entre a dominação grega e romana, há o
“Período Macabeus”, no qual os judeus retomaram o controle da nação e
experimentaram um período de independência política e religiosa.
Ambiente (geografia, economia, política, sociedade)
O judaísmo do Novo Testamento é substancialmente diferente do judaísmo do
Antigo Testamento. Antes do Período Interbíblico, as tribos de Israel já haviam
desaparecido. Foram absorvidas no domínio Assírio. Isaías havia profetizado que
apenas um restante de Judá seria salvo. A tribo de Judá sobreviveu apesar de ter
enfrentado inúmeros inimigos. Depois do cativeiro babilônico, Judá retornou a
Jerusalém para restaurar suas tradições, vida e religião. Neste tempo a esperança
messiânica cujo desfecho seria em Jerusalém, cresceu no coração dos judeus. O
cativeiro babilônico serviu para separar o novo e o velho judeu. O velho judeu era
derrotado, desesperançado, mas o novo judeu, pós-cativeiro era cheio de esperança
nas promessas do Eterno, curado de sua idolatria e pronto a obedecer fielmente a voz
de Deus. Os dois voltaram para Jerusalém, mas o novo venceu a idolatria e as.
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tendências derrotistas do velho. Os novos judeus estavam dispostos a lutar até
derramar sangue para preservar a pura religião do seu Deus.
As transformações políticas no Período Interbíblico foram extremamente
grandes. O Antigo Testamento termina com a Palestina sobre domínio dos persas e o
Novo Testamento inicia com o domínio romano, tudo isto mediado pelo domínio
grego. A Bíblia não traz informações sobre este período. Portanto, uma pesquisa em
outros registros históricos para uma melhor compreensão do Novo Testamento faz-se
necessária.
Nota-se que os judeus também tiveram uma mudança profunda na língua que
falavam. Antes do cativeiro babilônio falavam hebraico, após o cativeiro, começam a
falar aramaico, pois em Babilônia perderam a língua hebraica. O aramaico é o hebraico
influenciado pelas várias línguas orientais. Durante o cativeiro surgiram as sinagogas,
que ao atravessar os séculos, foram importantes para a vida religiosa dos judeus e para
a evangelização.
Em lugar das doze tribos de Israel ocupando o território da Palestina,
encontramos nos dias de Jesus, quatro ou cinco regiões, como: Galileia, Samaria,
Judeia, Pereia, etc.
O cativeiro babilônico foi o tiro de morte na tendência dos judeus à adoração
de ídolos. Ainda nos dias de hoje, o judeu prefere a morte a prestar culto à imagens.
No cativeiro, graças à benéfica influencia dos profetas do Altíssimo, graças também ao
sofrimento, cresceu a esperança messiânica, que se mantinha viva nos dias do Novo
Testamento.
Fontes Históricas
As fontes de estudo do Período Interbíblico vem principalmente de Flávio
Josefo e dos livros apócrifos.
Flávio Josefo
Josefo era natural de Jerusalém, nascido em 37 d.C.; aos 14 anos, conforme
indica sua autobiografia ensinava aos sumos sacerdotes pontos obscuros da Lei. Após
as vitórias dos judeus sobre o governador da Síria, Celtius Gallus, os judeus nomearam
Josefo comandante da Galileia, a fim de levar o povo a guerra contra os romanos.
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Neste contexto Nero enviou Vespasiano e seu filho Tito para guerrear contra os
judeus. Vespasiano e Tito prenderam Josefo, mas este se apresentou como profeta e
disse que tanto Vespasiano como Tito chegariam a ocupar o trono do Grande Império,
o que os agradou e os levou a libertar Josefo. Devido a este fato, quando Vespasiano
tornou-se imperador, Josefo, tornou-se oficial romano, o que fizeram com que os
judeus o odiassem muito. A grande questão é que Josefo não estava traindo sua pátria,
mas tentando preservá-la. Nos dias em que Jerusalém caiu sob a força de Roma, Josefo
usou sua influencia para salvar centenas de Judeus.
As obras mais importantes de Flávio Josefo são: Guerras Judaicas, Antiguidade
dos Judeus, Contra Apion, Autobiografia.
Josefo foi um grande historiador e suas obras ainda hoje são estudadas e
prestam inestimável auxílio ao estudo do Período Interbíblico.
Apócrifos
O termo Apócrifo significa “escondido” ou “oculto”, pois significava sigilo aos
iniciados e revelado aos sábios. Séculos mais tarde serviu para designar escritos de
segunda classe. Nos dias de Jerônimo, um dos Pais da Igreja, este tipo de literatura
significava “ilegítima”, “falsa”. Os escritos dos Apócrifos surgiram nos anos entre
Malaquias e João Batista.
Pseudoepigráfica
Nome dado aos escritos judaicos extrabíblicos ou não inspirados do Antigo
Testamento.
Apocalíptica
Termo que significa “revelado”. É uma subdivisão da literatura
pseudoepigráfica e são escritos sob pseudônimos.
Lista dos Apócrifos
1. Históricos: Livro do Jubileu, Vida de Adão e Eva, Ascensão de Isaías, 3 Esdras, 3
Macabeus, O Testamento de Moíses, Eudade e Medade, História de João e
Hircano.
2. Didáticos: Testamento dos 12 Patriarcas, Salmos de Salomão, Ode de Salomão,
Oração de Manasses e 4 Macabeus.
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3. Apocalípticos: Livro de Enoque, Ascensão de Moisés, 4 Esdras, Apocalipse de
Baruque, Apocalipse de Elias, Apocalipse de Ezequiel e Oráculos Sibilianos.
A Igreja Romana por resolução do Concílio de Trento(1545) aceita apenas os seguintes
“apócrifos”: Judite, Tobias, Acréscimos de Ester, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque,
Acréscimos de Daniel, 1 Macabeus, 2 Macabeus. A Igreja Romana designa-os como
“deuterocanônicos”, ou seja, pertencentes ao segundo cânon.
Fonte: TOGNINI, Enéas; O Período Interbíblico:400 anos de silêncio profético, São Paulo: Hagnos, 2009.