NOVO TESTAMENTO I- EVANGELHOS E ATOS
AUTOR: Pr. DELMO GONÇALVES1
BELO HORIZONTE
2011
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Bacharel em Teologia (STEB-UNIDA), Pós-Graduado em Docência e Gestão do Ensino Superior (PUC-
MINAS), Psicanálise (NEPP), Pós-Graduado em Psicanálise (UNIDA) – Pós-Graduando em Ciências da
Religião (UNIDA), Pós-Graduado em Psicopatologia Psicanalista (CEPS), Mestrado em Teologia Pastoral
(FTSA).
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SUMÁRIO
PÁGINAS
I INTRODUÇÃO 03
II PERÍODO INTER-BÍBLICO 04
III INSTITUIÇÕES EXISTENTES NA ÉPOCA DE CRISTO 07
IV OS EVANGELHOS SINÓTICOS
1. O Evangelho Segundo Mateus
2. O Evangelho Segundo Marcos
3. O Evangelho Segundo Lucas
4. O Evangelho Segundo João
5. Atos dos Apóstolos
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10
19
34
40
50
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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62
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I INTRODUÇÃO
Evangelhos e Atos é uma matéria de importância singular para o estudo da teologia.
Em especial devemos atentar para esta matéria por descrever a visão dos apóstolos
da vida e obra do Senhor Jesus. O relato histórico da vida do nosso Senhor Jesus
nos revela as bases sobre as quais a Igreja é fundamentada. Em Atos dos Apóstolos
encontramos os primeiros passos desta Igreja e o advento do Espírito Santo. Em
Evangelhos e Atos encontraremos as referências da ética de Cristo e do mover que
deve ser estabelecido sobre a vida da Igreja do Senhor. Estaremos atentos aos
passos do nosso Senhor e às observações de seus discípulos através de suas
palavras e observaremos os desafios da Igreja bem como seus conflitos.
Evangelhos e Atos nos permitirão compreender, os primórdios da Igreja e atentar
para a nossa base, as nossas raízes. Estaremos avaliando os perigos que rondam a
Fé e os caminhos de Deus para superá-los.
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II PERÍODO INTER-BÍBLICO
O Novo Testamento foi escrito no primeiro século do Cristianismo. O último dos
Profetas do Antigo Testamento, Malaquias, escreveu em cerca de 400 anos antes
de Cristo. Há, portanto, um intervalo entre o Antigo e Novo Testamentos superior a
400 anos. É o chamado ―Período Interbiblico‖ ou ―Período do Silêncio Profético‖.
Embora não houvesse revelação profética durante os 400 anos do Período Inter-
bíbico, houve neles intensa atividade dos judeus e aconteceram fatos
importantíssimos para a história israelita. Para se entender melhor o Novo
Testamento é bom pesquisar a história secular daquele período, sobre o qual
daremos rápidas pinceladas.
Primeiro, houve um período de 100 anos de poderio persa. Os reis persas eram
bons e deram aos judeus muitas regalias. Sobre a Judéia, esse domínio se
prolongou mais, porém, quase não deixando registros históricos.
Depois veio o domínio grego, com Alexandre, o Grande, da Macedônia, que formou
um grande império, reunindo Pérsia, Egito, Síria, Babilônia, Israel, etc. Esse
Alexandre mandou ensinar a cultura grega em todo o seu império. Foi o chamado
“HELENISMO‖ porque a Grécia antiga era chamada HÊLADA. Alexandre morreu
ainda jovem e não tinha herdeiro para o seu trono. Seu vasto império foi dividido
para seus quatro generais, dos quais dois tiveram muito a ver com os israelitas:
Selêuco e Ptolomeu.
Selêuco ficou com a Síria e Ptolomeu com o Egito. A Palestina está entre esses dois
países e sempre sofreu influência deles. Enquanto os judeus estiveram sob o poder
do Egito, gozaram da benevolência dos Ptolomeus que lhes foram favoráveis. Os
judeus emigraram à vontade, fundaram sinagogas em diversas localidades e tiveram
completa liberdade de ação. Em Alexandria, no Egito, cidade fundada por Alexandre,
os judeus fundaram grande colônia. Ali foi feita, nessa época, a tradução das
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Escrituras do hebraico para o grego, por setenta sábios. É a chamada
SEPTUAGINTA, que até Jesus usou. Infelizmente, em 198 a.C., Antíoco conquistou
a PaIestina e teve início uma época de grande sofrimento para os judeus. Foi nessa
época que a Palestina foi dividida em Galiléia, Judéia, Samaria, Peréia e Traconites.
A perseguição não veio logo. No começo os judeus podiam exercer sua religião, sob
a orientação do sumo-sacerdote. Em 175 a.C. veio a governar a Síria o Antíoco
Epifanes. Esse era mau, sanguinário, inimigo dos judeus e quis exterminar tanto os
Judeus quanto a sua religião. Ele devastou Jerusalém, profanou o templo, proibiu a
prática da circuncisão, aprisionou e vendeu milhares de judeus como escravos,
destruiu todas as cópias das Escrituras que pôde, torturou e matou muitos judeus
para forçá-los a negar sua fé. Um sacerdote, de nome Matatias, não aceitou
sacrificar porco no altar do Senhor e revoltou-se. Seus cinco filhos, de grande
coragem, deram início à grande rebelião, tipo guerrilha, vencendo os exércitos de
Antíoco inúmeras vezes. Foi a Revolta dos Macabeus, contada nos livros apócrifos I
e II Macabeus, contidos nas Bíblias de edições católicas.
O primeiro filho de Matatias que o substituiu após sua morte, foi Judas. Ele
reconquistou Jerusalém, purificou e reconstruiu o templo, no ano 165 a.C. Esse feito
passou a ser comemorado pelos judeus como “Festa da Dedicação”. Judas
exerceu o governo sacerdotal e militar, fundando uma dinastia que duraram 100
anos.
No ano 63 a.C. o general romano Pompeu conquistou a palestina e colocou o
idumeu, descendente de Esaú, de nome Antipas como governador da Judéia.
Antipas foi o pai de Herodes, que reinava quando Jesus nasceu. Foi ele quem
mandou matar as criancinhas em Belém, na tentativa de eliminar Jesus, o
verdadeiro Rei dos Judeus. Jesus nasceu 4 ou 5 anos antes da data oficial dada
como do seu nascimento. Este foi um erro dos historiadores. Herodes, o Grande, foi
rei de 37 a.C. a 3 a.C. Esse Herodes foi pai de Herodes Antipas, o que mandou
matar João Batista. O Herodes Agripa era neto de Herodes, o Grande, o que reinava
quando Jesus nasceu. Houve ainda outros Herodes, que não têm grande
importância.
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Importante notar é que certos fatos da Bíblia se relacionam com diferentes Herodes.
O Antipas matou João Batista; o Agripa matou Tiago e prendeu Pedro; o Grande
matou as crianças em Belém e construiu o templo de mármore em Jerusalém;
Pilatos apresentou Jesus ao Antipas. Mas todos eram chamados Herodes. Houve
ainda o Herodes Filipe, que foi tetrarca, era irmão de Herodes Antipas, Herodias era
esposa legítima de Herodes Filipe, tornando amante de Herodes Antipas, seu irmão.
A condenação de tal ato custou à cabeça de João Batista. Durante o período do
silêncio profético surgiram muitos escritos apócrifos e algumas obras sobre as
tradições judaicas, como a MISNA, a GEMARA, a HALACOTE, a MIDRASIM e a
CABALA. Essas obras de tradição passaram a receber dos judeus valores iguais ao
das Escrituras, o que Jesus coordenou ―E assim invalidastes, pela vossa tradição, o
mandamento de Deus‖ (Mt.15.6). E: ―Por que transgredia vós também o
mandamento de Deus pela vossa tradição?‖ (Mt.15.3). Durante o período do silêncio
profético surgiu também uma instituição que veio a exercer enorme influência na
disseminação do Cristianismo: a sinagoga. Ela é uma escola dos judeus, surgida
após o cativeiro babilônico, mas obteve grande importância e se espalhou mais
durante o silêncio profético, existindo ainda hoje, no mundo inteiro. Jesus foi à
sinagoga e leu as Escrituras (Lc. 4.14-21). Jesus ensinava freqüentemente nas
sinagogas (Mt.4.23; 12.9; 13.54; Mc. 1.39; 62; Lc.4.15; Jo. 18.20). Os missionários
tinham nas sinagogas um ponto de apoio, por onde iniciavam os seus trabalhos (At.
9.20; 13.5; 14.43; 15.1; 17.1,2; 18.4; 19.8). Assim, vimos algumas informações úteis
ao entendimento dos textos bíblicos do Novo Testamento, que nos seriam de difícil
compreensão sem essa base. O estudante pode ir muito além, se adquirir e ler
obras como o livro do, Pr. Tognini intitulado “O Período Inter-bíblico”, ou o livro da
JUERP ―O Mundo do Novo Testamento‖ ou outras obras sobre o assunto
encontrado nas livrarias
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III NSTITUIÇÕES EXISTENTES NA ÉPOCA DE CRISTO
O Sinédrio. Era o supremo concilio dos judeus. Surgiu nos tempos de Esdras e
Neemias e tinha a missão de zelar pela pureza religiosa do povo judeu. Constituía-
se de 70 membros entre sacerdotes e nobres fariseus, saduceus e escribas. Era
presidido pelo sumo-sacerdote
A sinagoga. Surgiu por ocasião do cativeiro babilônico, quando os judeus sentiam a
falta do templo. Sinagoga tornou-se o lugar de reunião dos judeus onde quer que
houvesse grupo deles.
O templo. Salomão construiu o primeiro templo, que foi destruído por
Nabucodonosor; Esdras construiu o segundo, mas o templo por ele edificado perdia
muito para o de Salomão, sendo comparativamente muito pobre (Ed 6.14: Ag. 2.9).
Os velhos, que conheceram o primeiro templo, choraram ao verem a pobreza do
segundo (Ed 3.12). Então Deus enviou o profeta Ageu, que se exortou (Ag. 2.3).
Finalmente, houve o templo construído por Herodes, o Grande. Tendo causado
tantos; males aos judeus, quis fazer algo de bom, pelo que construiu o templo, todo
com enormes blocos de pedra (Mc 13.1,2). Esse templo foi destruído no ano 70 a.D.
pelo exército romano. No seu lugar existe uma riquíssima mesquita muçulmana.
Os Fariseus. A seita mais zelosa no cumprimento dos preceitos religiosos e das
tradições dos judeus. Eram os religiosos mais respeitados da época. Jesus os
chamou de hipócritas, porque se preocupavam mais com a aparência (Mt. 23.13-35).
Os Saduceus. Seita que surgiu na mesma época em que surgiram os fariseus,
cerca de 300 anos a.C. Eram muito liberais, aceitavam a cultura grega, odiados
pelos fariseus. Não tinham zelo pela religião sendo mais voltados para o aspecto
político. Não acreditavam em espírito, em anjos nem na ressurreição (At.23.8). Eram
os opostos dos fariseus.
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Os Herodianos. Eram de um tipo bajulador do rei, mais políticos que religiosos, que
só incomodavam, fazendo uma oposição inconseqüente à obra de Deus, unindo-se
aos inimigos de Jesus (Mt. 22.16.). Eram as alas esquerdas dos saduceus.
Os Escribas. Naquele tempo não havia outro meio conhecido para se tirar cópias de
qualquer escrito, por isso a classe dos escribas era muito importante. Eles se
ocupavam de copiar especialmente as Escrituras, à mão. Esdras era sacerdote e
escriba. Como se ocupava de copiar as escrituras, eram profundos conhecedores do
seu texto, por isso muito respeitado.
Outros grupos importantes da época são menos importantes para nós porque o
texto bíblico não fala deles, como:
a. Os Essênios. Eram nada mais que um grupo de fariseus extremistas, tão
fanáticos no seu zelo legalista, que se separaram e preferiram a vida ascética,
vivendo de preferência nas regiões desérticas. Alguns pensam que João Batista fez
parte desse grupo, mas não existem provas disso.
b. Os Zelotes. Destes, a Bíblia diz apenas que o apóstolo se Simão Cananita era
zelote (comparar Mt.10.4 com Lc.6.15) . Naturalmente, quanto a Simão, ele se
converteu e abandonou o seu partido. Os zelotes empreenderam uma revolta no ano
66 d.C., que culminou com a destruição de Jerusalém pelo exército romano,
comandado pelo general Tito.
c. Os Zadoquistas. Eram a ala extremista dos saduceus que se chamavam ―filhos
de Zadoque‖ ou eram apelidos disso. Eles fracassaram ao seu intento de promover
uma reforma religiosa, oram para Damasco, onde fundaram uma comunidade a que
denominaram “Nova Aliança”.
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IV OS EVANGELHOS SINÓTICOS
Os exegetas chamam evangelhos sinópticos os livros de Mateus, Marcos e Lucas;
desde que a exegese começou a ser aplicada à Bíblia ainda no século XVIII que os
especialistas se aperceberam que, dos quatro evangelhos, os três primeiros
apresentavam grandes semelhanças em si, de tal forma que se colocados em três
grelhas paralelas - donde vem o nome sinóptico, do grego συν, "syn" («junto») e
οψις, "opsis" («ver») -, os assuntos neles abordados correspondiam quase
inteiramente. Por parecer que quase teriam ido beber as suas informações a uma
mesma fonte, como os primeiros grandes exegetas eram alemães, designaram essa
fonte por “Q”, abreviatura de “Quelle”, que significa precisamente «fonte» em
alemão.
Os evangelhos sinóticos estão relacionados um com o outro segundo o seguinte
esquema: se o conteúdo de cada evangelho é indexado em 100, então quando se
compara esse resultado se obtém: Marcos tem 7 peculiaridades e 93 coincidências.
Mateus tem 42 peculiaridades e 58 coincidências. Lucas tem 59 peculiaridades e 41
coincidências. Isso é, 13/14 (treze quatorze avos) de Marcos, 4/7 de Mateus e 2/5 de
Lucas descrevem os mesmos eventos em linguagem similar.O estilo de Lucas é
mais polido do que o de Mateus e Marcos, com menos hebraismos. Lucas utiliza
algumas palavras latinas (Lucas 7,41; 8,30; 11,33; 12,6 e 19,20), mas nada de
termos em aramaico ou hebraico, exceto sikera, uma bebida estimulante da
natureza do vinho, mas não processada de uvas (do hebraico shakar, "ele está
intoxicado", Levítico 10,9), provavelmente vinho de palmeira. Esse Evangelho
contém 28 referências distintas ao Antigo Testamento.
Quanto ao quarto evangelho, o de João, relata a história de Jesus de um modo
substancialmente diferente, pelo que não se enquadra nos sinópticos.
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Enquanto que os evangelhos sinópticos apresentam Jesus como um personagem
humano destacando-se dos comuns pelas suas ações milagrosas, já o Evangelho
de João descreve um Jesus como um Messias com um caráter divino, que traz a
redenção absoluta ao mundo.
1- O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
O Evangelho Segundo Mateus é o primeiro dos quatro evangelhos e Terá sido
escrito por volta do ano 80. Segundo Agostinho, era esse o mais antigo (segundo
ele, este evangelho teria sido escrito de 50 a 75). Atualmente, a maioria dos
estudiosos aceita a tese que defende que o Evangelho de Marcos é o mais antigo
dos Evangelhos Canônicos. Em contrapartida, o evangelho de Mateus foi o primeiro
dos evangelhos a ser lido publicamente nas comunidades cristãs (o que era sinal de
sua aceitação como "literatura sagrada" entre os primeiros cristãos).
AUTORIA
O Evangelho segundo Mateus é tecnicamente anônimo, ou seja, não há uma
informação explícita de sua autoria em seu conteúdo textual. Mesmo assim, a
autoria Mateus é atribuída a este evangelho de forma universal e não é muito
controversa, sendo justificada principalmente devido a confirmações dos pais da
Igreja além de evidências textuais internas ao próprio evangelho.
TESTEMUNHO DOS PAIS DA IGREJA
Papias
Este pai apostólico, que foi discípulo do apóstolo João ou do presbítero João,
identificou este evangelho como de Mateus, apóstolo do Senhor:
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"Mateus compôs sua história [a respeito de Jesus] em dialeto hebraico e cada um
traduzia segundo a sua capacidade" (Papias - História Eclesiástica de Eusébio)
Irineu
O bispo de Lyon, na França, declarou o seguinte a respeito deste evangelho e seu
autor:
"Mateus, de fato, produziu seu evangelho escrito entre os hebreus no dialeto
deles..." (Irineu - História Eclesiástica de Eusébio).
Orígenes
Declara a autoria deste Evangelho a Mateus, conferindo-lhe natureza autoritária:
Segundo aprendi com a tradição a respeito dos quatro evangelhos, que são
os únicos inquestionáveis em toda Igreja de Deus em todo o mundo. O
primeiro é escrito de acordo com Mateus, o mesmo que fora publicano, mas
depois apóstolo de Jesus Cristo, o qual, tendo-o publicado para os
convertidos judeus o escreveu em hebraico (Orígenes - História Eclesiástica
de Eusébio)
Eusébio de Cesaréia
O bispo de Cesaréia, que herdou a formação teológica de Orígenes, aceita o
testemunho antigo e aprova a autoria de Mateus neste evangelho:
...de todos os discípulos, Mateus e João são os únicos que nos deixaram
comentários escritos e, mesmo eles, foram forçados a isso. Mateus tendo
primeiro proclamado o evangelho em hebraico, quando estava para ir
também às outras nações, colocou-o por escrito em sua língua natal e
assim, por meio de seus escritos, supriu a necessidade de sua presença
entre eles." (Eusébio - História Eclesiástica)
Evidências textuais em prol da autoria de Mateus
Como já foi dito, além do testemunho dos pais da igreja cristã primitiva, podemos
encontrar internamente ao texto deste evangelho algumas evidências, não
conclusivas, que reforçam a idéia da sua composição ter sido efetuada pelo apóstolo
Mateus:
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Alguns estudiosos acreditam que a passagem em referência ao
"publicano" (Mt 10:3) é um sinal do autor deste livro . Mateus, um
cobrador de impostos, teria assim se chamado como sinal de sua
humildade uma vez que sua profissão - um publicano - era muito
odiada naqueles dias, por ser sinônimo de fraude, corrupção,
ganância, exploração e subserviência ao império dominador.
A citação ao discipulado de Mateus pode ser uma outra evidência
textual deste evangelho. Mt 9:9 menciona de forma bastante discreta o
fato de que Mateus, ao ser chamado por Jesus, levantou-se e passou
a segui-lo. A referência paralela desta chamado em Lucas 5:28 trás
este episódio de forma mais adornada, dizendo que Mateus "deixou
tudo" ao assim fazer.
Outra evidência textual pode ser a lista dos apóstolos. Supõe-se que
Mateus, propositalmente, pôs seu nome após o de Tomé (Mt 10:3), ao
passo que em outras listas o seu nome aparece antes do de Tomé
(conforme Mc 3:18 e Lc 6:15).
Em conseqüência dos relatos acima e dos testemunhos dos pais da Igreja, desde o
princípio e de forma universal, tem-se julgado que esse evangelho foi escrito por
Mateus, o publicano que era chamado Levi (conforme Marcos 2:10), tendo-se
tornado um dos discípulos e apóstolos de Jesus.
Champlin constata que o testemunho da autoria de Mateus nesse evangelho passou
a ser universalmente aceito: "Assim é que Jerônimo, o mais sábio das autoridades
eclesiásticas (400 d.C.) ensinou tal coisa, aliando-se a Agostinho (400 d.C.), o mais
notável dos primeiros teólogos cristãos"
As Logias ("Declarações") de Mateus
A tradição da igreja cristã diz que nos 15 anos após a ressurreição de Jesus, Mateus
pregou na Palestina e depois foi como missionário a outras nações. Das declarações
de Papias, Irineu e Orígenes (citadas acima), temos a afirmação de que Mateus
escreveu uma versão resumida das declarações de Jesus em hebraico, ou aramaico
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(língua falada na Palestina naqueles dias), denominada "Logia", que quer dizer
"declarações". Com o passar do tempo, Mateus teria escrito seu evangelho em
grego, a um público maior, tomando como base o evangelho de Marcos.
Concluímos, portanto, que a paternidade literária desse livro é de Mateus, um
cobrador de impostos a quem Jesus chamou para que o seguisse como um de seus
apóstolos. Muito embora esta seja a conclusão da grande maioria dos estudiosos,
uma minoria sugere que possivelmente esse livro, assim como outros do Novo
Testamento, poderiam ser de autores anônimos que se utilizavam ora das tradições
ora dos documentos pré-existentes do autor a quem se credita o livro para, no
momento de compilar sua edição definitiva, utilizar um costume literário da
Antigüidade: o faziam sob o nome do autor cujos relatos tinham sido recolhidos.
Data da composição
A grande controvérsia para a determinação da data deste evangelho é saber se ele
foi escrito antes ou depois da destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C. A Epístola
aos Erminianos (110 d.C.), de Inácio de Antioquia, é apontada como a mais antiga
referência ao evangelho de Mateus, portanto, a data de composição deste livro
dificilmente pode ser posterior ao ano 100 d.C. Alguns estudiosos têm datado este
evangelho em 50 d.C.
É certo que o escritor deste evangelho utilizou o Evangelho de Marcos como
referência histórica. Supondo-se que Marcos tenha escrito seu evangelho com a
ajuda de Pedro, em Roma, uma data apropriada para Mateus poderia ser estimada
entre os anos 67 a 70 d.C.
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Os discursos no Monte das Oliveiras (24 e 25) e o tom judeu deste evangelho são
algumas evidências para uma data anterior ao ano 70 d.C. Uma data mais provável
para este livro é entre 58-68 d.C.
Muito embora vários estudiosos concordem com a data acima, outros preferem datar
este evangelho entre o ano 80 a 100 d.C.
Local da composição
A maioria dos estudiosos contemporâneos concorda que este evangelho foi escrito
em Antioquia da Síria, embora esta não seja o pensamento único a respeito da
proveniência deste evangelho. Champlin informa que a preferência de Inácio, bispo
Antioquia, por este evangelho, é uma das evidências para se crer que ele teria sido
escrito nesta cidade.
Outra evidência, esta interna ao texto, revela que apenas em Antioquia e em
Damasco o estáter equivalia a duas drácmas (cf. Mt 17:24-27). Uma minoria de
estudiosos aponta outros lugares, como a própria Palestina ou outras cidades sírias,
como Edessa e Apamea.
Destinatários e Propósito
Mateus escreveu seu evangelho primariamente para judeus. O seu propósito é
afirmar e defender, perante os judeus recém convertidos, que Jesus é o Messias
prometido do Antigo Testamento: “para se cumprir o que fora dito pelo profeta...”
(Mt 1:22 ... Mt 27:9). Neste trabalho de defesa, Mateus estabelece uma série de
relações entre Jesus e o Antigo Testamento, principalmente ao apresentar Jesus
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como messias. Também é certo afirmar que Jesus não introduziu nova lei, pois ele
veio cumpri-las e não revogá-las. (Mt. 5 a 7). Ou seja, os destinatários deste
Evangelho teriam sido fieis à lei mosaica , como era normal entre a comunidade
ebionita.
Linguagem
Como era publicano, Mateus sabia escrever. Como era judeu, escreveu em
aramaico. Mais tarde, possivelmente em Antioquia da Síria, Mateus apóia-se no
evangelho de Marcos e em mais as suas anotações em aramaico (Logia),
elaborando, em grego, a sua narrativa a respeito de Jesus.
Seu evangelho está repleto de características judaicas:
As várias ocasiões (cerca de 14 vezes) onde ele afirma que Jesus cumpriu a
Lei e as profecias messiânicas do Antigo Testamento, ―para se cumprir o que
fora dito pelo profeta...‖;
Há uma genealogia, algo de interesse dos judeus;
A genealogia de Jesus recua até Abraão, pai da nação judaica, por intermédio
de Davi;
As várias designações judaicas de Deus como ―Pai que está nos céus‖ (cerca
de 15 vezes);
A substituição do nome de Deus por expressões como ―céus‖, ―reino dos
céus‖, etc.
Um interesse tipicamente judaico pela escatologia;
Referências freqüentes de Jesus como ―Filho de Davi‖;
Alusões a costumes judaicos sem quaisquer explicações, isto é, Mateus não
se preocupa em explicar tais costumes (23.5,27; 15.2);
O registro do pagamento do imposto do Templo por parte de Jesus (17.24-27)
Declarações de Jesus revestidas de tempero judaico (15.24; 10.5,6; Mt 5.17-
24; Mt 6.16-18; 23.2,3)
Mateus parece ter narrado a história da natividade com o objetivo de rebater
as acusações de judeus no sentido de que Jesus não era filho legítimo (1 e 2)
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Mateus combate a acusação judaica a respeito do furto do corpo de Jesus
(28:11-15)
Mateus era bem informado a respeito de assuntos financeiros. Dentre os
evangelistas ele é o que mais vezes fala em dinheiro (12 vezes). Ele também
distinguiu mais variedades monetárias do que os demais evangelhos e usou
mais vezes termos financeiros (Mateus 38 vezes; Lucas 22 vezes; Marcos 8
vezes; João 2 vezes).
O Dr. B. P. Bittencourt, expõe um significativo quadro sobre a linguagem
“rabínica contemporânea” utilizada por Mateus em seu evangelho:
Grupos de 3
- Três divisões na genealogia de Jesus (Mt 1:1-7);
- Três tentações (Mt 4:1-11);
- Três determinações (Mt 7:7);
- Três milagres de cura (Mt 8:1-15);
- Três milagres de poder (Mt 8:23 – Mt 9:8);
- Três parábolas de semeadura (Mt 13:1-32);
- Três orações no Getsêmani (Mt 26:39-44);
- Três negações de Pedro (Mt 26:69-75);
- Três perguntas de Pilatos (Mt 27:11-17);
Grupos de 7
- Sete cláusulas da oração dominical (Mt 6:9-13);
- Sete demônios (12:45);
- Sete parábolas (13);
- Sete pães (15:34);
- Sete irmãos (22:25);
Manuscritos Antigos
Os principais manuscritos gregos (unciais) trazem sempre os quatro evangelhos
presentes. Os manuscritos que trazem apenas os evangelhos são mais numerosos
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que os que contêm outras partes do Novo Testamento, portanto, temos mais de
1.400 manuscritos gregos dos evangelhos, o que torna o livro de Mateus um dos
mais bem documentados da Antigüidade.
Mateus 28:19 – Ide
O penúltimo verso do livro de Mateus é levantado como confuso, por ser o único a
trazer a fórmula batismal "em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo" utilizado
atualmente durante o batismo de uma pessoa convertida ao cristianismo, levando
alguns a acreditar numa possível adulteração, visto esta ser uma ordenança de
Cristo aos seus discípulos e o que vemos no livro de Atos é que os discípulos
batizavam somente em nome de Jesus.
Nas versões mais utilizadas em português atualmente não demonstram uma
linguagem diferente.
Almeida fiel: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Almeida atualizada: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Tradução do Novo Mundo: Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as
nações, batizando-as em o nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo.
É relevante notar que nem mesmo o texto crítico, considerado por muitos a versão
mais confiável, ou o recebido trazem diferenças no texto. Entretanto, uma nota de
18
rodapé na Bíblia de Jerusalém diz: "É possível que em sua forma precisa, essa
fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade
primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar 'no nome de Jesus' (Atos 1:5,
2:38). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas
da Trindade". Isso ocorreu no segundo século conforme Enciclopédia Britânica
décima primeira edição, Vol.3 - págs. 365-366 (Inglês).
Esse texto cai na área de discussão doutrinária do cristianismo, entre suas
ramificações:
Católicos e Protestantes - Consideram a forma correta por ter sido citada por
Jesus.
Testemunhas de Jeová - consideram errônea por não haver no restante do
novo testamento um momento de batismo feito dessa forma.
É provável que o livro de Mateus tenha sido escrito primeiramente em aramaico e
depois traduzido para o hebraico. E não grego como nos outros evangelhos. O certo
é que o original não existe e o que temos hoje são cópias - muito antigas - em
diversas línguas. Numa dessas cópias em hebraico consta somente a ordenança
"ide".
O texto então ficaria assim a partir do verso 18: " Jesus, aproximando-se deles,
disse-lhes: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide e ensinai-os a
observar todas as coisas que vos ordenei para sempre."
A Didaquê, escrito do primeiro século, está em consonância com o que formula a
maioria dos cristãos, e está em consonância com a referência de Mateus 28:19, em
efetuar o batismo no nome da três pessoas da Trindade, contradizendo os que
afirmam que essa ordenança só veio a existir em tempos futuros; porém é
importante lembrar que nos tempos apostólicos já existiam seitas incorporando
19
elementos diferentes do daqueles seguidos pelos apóstolos, e a bíblia declara a
existência de um só batismo (Efésios 4:5).
2- O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS
O Evangelho segundo Marcos é o segundo dos quatro evangelhos do Novo
Testamento. Possui 16 capítulos. Como é em geral reconhecido, o Evangelho
segundo Marcos foi o primeiro entre os evangelhos canônico a ser escrito, por volta
do ano de 70, ano da destruição do Templo pelos Romanos.
Dos sinópticos, é o mais simples e o menor, sendo igualmente aquele que será
provavelmente o mais antigo, servindo de uma provável fonte para os demais
evangelistas, embora contenha 31 versículos a mais relativos a outros milagres não
relatados pelos demais evangelistas.. Teria sido escrito por Marcos entre os anos de
60 e 75 da nossa Era.
Como em nenhum lugar deste evangelho se menciona o nome do seu autor, trata-
se, tecnicamente, de uma obra anônima. Entretanto, existem elementos extra-
bíblicos, além de evidências internas, suficientes para apontar como seu autor
Marcos, ou João Marcos como era conhecido. João Marcos (o primeiro nome é
hebraico e o segundo grego) teria sido primo de Barnabé (Cl. 4,10), de família levita
(At. 4,36).
Marcos acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária do apóstolo
(At. 12,25; 13,5) e depois separou-se deles durante o percurso (At. 13,13). Tal fato
parece ter irritado Paulo que a princípio teria se decepcionado com o evangelista.
20
Na segunda viagem missionária, Paulo rompe com Barnabé porque este pretendia
levar Marcos novamente com o grupo. Devido a isso, Marcos e Barnabé foram para
Chipre sem a companhia do apóstolo (At. 15,36-39).
Porém, na prisão de Paulo, Marcos está com ele novamente (Cl. 4,10), que o cita
entre os "seus colaboradores" (Fm. 24) e o apóstolo pede sua ajuda antes de morrer
(2Tm. 4,11).
Marcos foi também companheiro de Pedro, que o chamava de "meu filho" (1Pd.
5,13) e alguns afirmam que o Evangelho de Marcos teria sido o resumo dos
ensinamentos de Pedro.
Há dúvidas se Marcos conheceu Jesus pessoalmente. Alguns pensam que seria
Marcos o jovem que "fugiu nu" de Mc 14,52 (pois só Marcos narra este episódio).
Existe também a hipótese que tenha sido na casa da mãe de João Marcos, em
Jerusalém, que Jesus celebrou a última Ceia (14,12-31), já que era um local de
oração e acolhida, pois foi para esta casa que Pedro se dirigiu ao ser libertado da
prisão (At 12,12).
A tradição dos pais da Igreja
A maioria dos estudiosos concordam que a tradição eclesiástica mais antiga, no
tocante à origem ou autoria do evangelho de Marcos é aquela fornecida por Papias,
bispo de Hierápolis, cerca do ano 140. As palavras de Papias sobre a autoria do
evangelho de Marcos foram registradas na obra de Eusébio de Cesaréia, História
Eclesiástica, conforme segue:
E João, o presbítero, também disse isto: Marcos, sendo o intérprete de
Pedro, tudo o que registrou, escreveu-o com grande exatidão, não,
entretanto, na ordem em que foi falado ou feito por nosso Senhor, pois não
21
ouviu nem seguiu nosso Senhor, mas, conforme se disse, esteve em
companhia de Pedro, que lhe deu tanta instrução quanto necessária, mas
não para dar uma história dos discursos do nosso Senhor. Assim Marcos
não errou em nada ao escrever algumas coisas como ele as recordava; pois
teve o cuidado de atentar para uma coisa: não deixar de lado nada que
tivesse ouvido nem afirmar nada falsamente nesses relatos.
Além de Papias e de Eusébio, podemos citar outros importantes nomes da patrística
como defensores da autoria de Marcos, entre eles:
Irineu, bispo de Lyon:
"Após o falecimento [de Pedro e Paulo], Marcos, o discípulo e intérprete de
Pedro, pessoalmente deixou-nos em forma escrita aquilo que Pedro
proclamara."
Clemente de Alexandria:
Assim, quando a palavra divina estabeleceu-se entre os romanos, o poder
de Simão foi extinto e pereceu de imediato, juntamente com ele próprio.
Mas uma grande luz de piedade iluminou a mente dos ouvintes de Pedro,
de modo que não lhes era suficiente ouvir uma vez nem receber o ensino
não escrito da proclamação divina, mas com todo tipo de exortação
suplicaram a Marcos, cujo Evangelho temos, que, como companheiro de
Pedro, lhes deixasse um registro escrito do ensino que lhes fora dado
verbalmente. Também não interromperam os apelos até o convencer,
tornando-se assim a causa da história chamada Evangelho segundo
Marcos. E eles dizem que o apóstolo (Pedro), sabendo por revelação do
Espírito o que fora feito, agradou-se com o zelo fervoroso expresso por eles
e ratificou a escritura para que fosse lida nas igrejas.
Orígenes:
Segundo aprendi com a tradição a respeito dos quatro evangelhos, que são
os únicos inquestionáveis em toda a Igreja de Deus em todo o mundo. (...)
O segundo é de acordo com Marcos, que compôs conforme Pedro explicou
a ele, a quem também reconhece como seu filho em sua Epístola Geral,
dizendo: ‗A igreja eleita na Babilônia vos saúda, como também Marcos, meu
filho‘.
22
Existe ainda o relato de Jerônimo, Justino Mártir e Tertuliano que defendem a
autoria de Marcos. Há ainda um outro documento intitulado Prólogo Anti Marcionita
que também cita Marcos como o autor deste evangelho.
Evidências textuais internas
As evidências do próprio texto estão de acordo com o testemunho histórico da igreja
primitiva. O autor demonstra grande conhecimento da região da Palestina e, em
particular, a cidade de Jerusalém (11:1 - "Betfagé", "Betânia" e "Monte das
Oliveiras"). Também conhece o aramaico, a língua da Palestina, como indica o uso
que faz dela (5:41 - "talitá cumi"; 7:34 - "efatá"; etc) bem como pela evidência da
influência do aramaico no seu grego. Pela familiaridade com que se refere a
costumes dos judeus, o autor revela conhecer muito bem o povo e as instituições
judaicas (1:21 - "sábado" e "sinagoga"; 2:14 - "coletoria"; 2:16 - "escribas", "fariseus"
e "publicanos"; 7:2 a 4 - "tradição dos anciãos"). Todas estas características
apontam um judeu da Palestina como o autor e, de acordo com Atos 12:12, Marcos
se encaixava bem nesta descrição pois morava em Jerusalém. Portanto, muito
embora os críticos modernos levantem suspeitas acerca da autoria de Marcos, não
há porque duvidar da veracidade das tradições antigas e dos testemunhos feitos
pelos pais da Igreja.
É improvável que Marcos era apenas um secretário ou um amanuense de Pedro.
Muito embora não fosse um dos 12 discípulos de Jesus, é patente que Marcos
possuía conhecimento dos fatos narrados. Concluí-se, portanto, que Marcos não
escreveu seu evangelho apenas como um trabalho fruto do ditado de Pedro, antes,
empresta seu estilo e sua própria narrativa ao texto sagrado. Por outro lado, existem
várias evidências internas ao texto deste evangelho que apontam uma forte
influência de Pedro sobre os escritos de Marcos:
23
O evangelho começa, logo após uma pequena preparação, com a chamada
de Pedro, sem referência à natividade de Jesus;
Este evangelho focaliza o ministério de Jesus na Galiléia, e mais
especialmente nos arredores de Cafarnaum, cidade de Pedro;
A vivacidade da narrativa indica que são experiências pessoais de uma
testemunha ocular;
São omitidos alguns pormenores que destacam a pessoa de Pedro, como sua
confissão em Cesaréia de Filipe e sua experiência de andar sobre o mar;
As derrotas de Pedro, especialmente a sua negação a Jesus, é relatada
minuciosamente.
Papias deixou claro que o Evangelho de Marcos não apresenta a narrativa dos fatos
em ordem cronológica e, segundo o Novo Comentário da Bíblia, "aparentemente, o
evangelho segue uma ordem homilética, em vez de cronológica".
Quem foi Marcos?
Alguns estudiosos acreditam que João Marcos, ou simplesmente Marcos, como ficou
conhecido, tivesse aproximadamente 20 anos de idade, ou fosse cerca de 10 a 15
anos mais jovem que os discípulos na época da prisão e crucificação de , derivado
do hebraico Jesus. O seu nome João vem do grego Ioannes Yohanan,
que significa “Yahweh tem sido gracioso”. Seu segundo nome, Marcos, tem
origem no latim e significa ―martelo grande‖. Seu primo era Barnabé (Cl. 4:10a), que
aparentava possuir bens, pois vendeu um campo e depositou o dinheiro aos pés dos
discípulos (At 4:36,37) logo no início da igreja em Jerusalém.
"Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (...)" –
Colossenses 4:10(a)
"José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho da
exortação, levita, natural de Chipre, como que tivesse um campo, vendendo-o,
trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos" – Atos 4:36,37
24
Marcos era filho de Maria (At 12:12), uma mulher de posses, visto que era dona de
casa e tinha escravos. Como o nome do marido de Maria não é mencionado, supõe-
se que ela era viúva. Sua família teve, possivelmente, uma grande importância no
princípio da Igreja Cristã em Jerusalém. Merrill Tenney fala da possibilidade de a
casa de Marcos ser o mesmo lugar do Cenáculo, lugar onde os discípulos se
reuniram para a última ceia pascal com Jesus (Mc 14:15).
"Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João,
cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam" - Atos
12:12
"E ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobiliado e pronto; ali fazei os
preparativos." – Marcos 14:15
Ele foi levado ao ministério por Barnabé, juntamente com Paulo, de Jerusalém a
Antioquia (At 12:25). Da Antioquia, viaja como auxiliar de Barnabé e Paulo até o
Chipre (At 13:5), no início da 1ª viagem missionária. Mas, quando saíram de Chipre
com destino a Perge, na Ásia, João Marcos abandona a comitiva e retorna a
Jerusalém (At 13:13).
"Barnabé e Saulo, cumprida a sua missão, voltaram de Jerusalém, levando consigo
a João, apelidado Marcos." - Atos 12:25
"Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas;
tinham também Marcos como auxiliar." - Atos 13:5
"E, navegando de Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se a Perge da
Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém." - Atos 13:13
25
A atitude de Marcos deixa Paulo muito desgostoso e, mais tarde, depois do Concílio
de Jerusalém (At 15), por ocasião dos preparativos para a 2ª viagem missionária,
Barnabé propõe novamente a companhia de Marcos, o que foi prontamente
recusado por Paulo, causando uma grande desavença entre os dois. Barnabé e
Paulo se separam. Marcos vai com Barnabé para o Chipre, enquanto que Paulo
escolhe a Silas e parte para a Ásia (At 15:37-40).
E Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não
achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os
acompanhando no trabalho. Houve entre eles tal desavença, que vieram a
separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para o
Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos
irmãos à graça do Senhor.- Atos 15:37-40
Anos mais tarde, Marcos e o apóstolo Paulo encontram-se reconciliados (Cl. 4:10).
Na carta a Filemom, o apóstolo Paulo o reconhece como um dos seus
colaboradores (Fl 23,24) e, na segunda epístola a Timóteo, Paulo, na sua segunda
prisão em Roma, exorta o jovem pastor a trazer-lhe Marcos, pela sua utilidade no
ministério (2 Tm 4:11).
"Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem
recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o)." – Colossenses 4:10
"Saúdam-te Epafras, prisioneiro comigo, em Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas
e Lucas, meus colaboradores." - Filemom 23,24
"Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil ao
ministério" - 2 Timóteo 4:11
Em Babilônia (seria uma alusão a Roma?) já se encontra junto ao apóstolo Pedro,
por intermédio de quem reúne todos as anotações e demais subsídios necessários
para a elaboração do primeiro dos evangelhos.
"Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente
meu filho Marcos." - 1 Pedro 5:13
26
Uma tradição preservada por Eusébio diz que Marcos fundou as Igrejas de
Alexandria:
Dizem que este Marcos, sendo o primeiro a ser enviado ao Egito, ali
proclamou o evangelho que também pusera por escrito e foi o primeiro a
estabelecer Igrejas na cidade de Alexandria. O número de homens e
mulheres convertidos desde o início foi tão grande, e tão extraordinária a
disciplina e a austeridade filosófica deles que Filo achou por bem descrever
a conduta, as assembléias, as refeições e todo o modo de viver deles.
Existem alguns relatos interessantes no texto deste evangelho que podem nos
auxiliar a conhecer melhor o seu autor:
Seria Marcos o jovem que testemunhou a prisão de Jesus (Mc 14:51,52)?
Este é um dos relatos que são encontrados somente neste evangelho. Se
admitirmos este hipótese como verdadeira, Marcos seria aproximadamente 10
a 15 anos mais jovem que os discípulos, testemunha ocular ou conhecedor
de fatos por ele narrados.
Somente no evangelho de Marcos é que encontramos a informação de que
os filhos de Simão Cireneu (aquele que foi forçado a carregar a cruz de
Jesus) chamavam-se, respectivamente, Alexandre e Rufo (Mc 15:21). Isto
poderia indicar uma relação de conhecimento ou amizade entre Marcos e os
filhos de Simão, reforçando a hipótese de que Marcos seria um jovem judeu
habitante de Jerusalém por ocasião da prisão e crucificação de Jesus.
Data da composição
Qual teria sido a data exata em que Marcos escreveu e publicou seu evangelho?
Infelizmente não podemos ter certeza.
Os principais estudiosos contemporâneos divergem entre si nas conclusões a
respeito da data em que este evangelho foi escrito, mas todas as teses sobre a
época de sua elaboração não apresentam uma variação superior a um período de
27
25 anos, isto é, todas as teses sobre a data mais adequada deste texto estão
concentradas entre os anos 45 a 70 d.C, entretanto, a data mais provável deve ficar
entre 48 a 68 d.C. aproximadamente.
Por causa da profecia sobre a destruição da cidade de Jerusalém, sua data é
anterior ao ano 70 d.C., ano em que esta profecia se cumpriu literalmente com a
destruição da Cidade Santa pelo general romano Tito.
O Pastor Eneas Tognini, em sua obra Janelas para o Novo Testamento cita os
estudiosos A.T. Robertson e Harnack. Este último aponta a data do evangelho de
Marcos entre 50 e 55 d.C., ―época em que já circulavam as logia de Mateus e as
epístolas aos Gálatas , 1ª e 2ª aos Tessalonissences‖. Thomas Nelson, em sua obra
―Nelson‘s Complete Book of Bible Maps and Charts‖ menciona como data
aproximada o intervalo entre os anos 55 a 68 d.C.
Estes mesmos estudiosos contemporâneos, entretanto, concordam que o evangelho
de Marcos é o mais antigo dos 4 evangelhos. Antigamente as opiniões a este
respeito eram outras, visto que o fato do evangelho de Marcos aparecer como o 2º
livro do Novo Testamento, isto é, vir depois do evangelho de Mateus, deve-se à
crença dos primeiros estudiosos do Novo Testamento (especialmente Jerônimo) de
que Marcos era um resumo do Evangelho de Mateus, por não incluir muito da
narrativa presente neste último.
Principais teses sobre a data de composição do Evangelho de Marcos
Como já foi dito, há correntes que defendem datas diferentes sobre a publicação de
Marcos, onde duas delas se destacam das demais. A questão principal que divide as
opiniões dos estudiosos e especialistas é a seguinte: Marcos teria escrito seu
evangelho antes ou depois da morte de Pedro? Como também não podemos
28
determinar precisamente a data de sua morte, que deve ter ocorrido
aproximadamente entre os anos 64 a 67 da era comum, durante a época das
perseguições de Nero. a datação do Evangelho de Marcos fica um pouco mais
complicada. Esta discordância vem desde a época apostólica.
Em sua obra Contra as Heresias - Cap.3, Verso 1:1, Irineu defende a tradição antiga
dizendo que Marcos escreveu seu evangelho "depois da morte de Pedro e Paulo"
(vide citação na p. 5). Segundo esta tese, o Evangelho de Marcos teria sido escrito
entre 65 a 68 da era comum.
Clemente de Alexandria afirma que o evangelho de Marcos foi escrito ainda em vida
de Pedro, e autorizado pelo próprio apóstolo para a leitura nas igrejas (vide citação
na p. 5), conforme o relato de Eusébio – História Eclesiástica (Livro 2 – Cap. 15).
Ainda segundo Eusébio, este relato de Clemente é confirmado por Papias, bispo de
Hierápolis. Orígines (225 d.C.), anos mais tarde, também afirma que o evangelho de
Marcos escreveu seu livro como Pedro lho ai explicando. Os que apóiam suas teses
nos relatos de Clemente e Orígines defendem que este evangelho teria sido escrito
entre 55 a 60 d.C.
Local, destinatários e propósito
O local de origem mais aceito pelos estudiosos para a elaboração do Evangelho de
Marcos é a cidade de Roma. Os destinatários, portanto, seriam os cristãos daquela
cidade - os gentios romanos. De fato, Marcos omite muitas informações, presentes
em outros evangelhos, que não tinham muito significado para os gentios: a
genealogia de Jesus, o cumprimento das profecias sobre Sua missão messiânica,
referências da Lei Mosaica e a descrição de costumes judaicos, exceção feita em
7:1-23 [3,4], onde a explicação sobre a purificação dos judeus auxilia o leitor na
compreensão dos fatos.
29
O texto de Marcos é repleto de palavras e expressões que demonstram que seu
público alvo não era da Palestina. Utiliza várias palavras em latim (latinismos),
preocupa-se em explicar e não apenas citar, como já foi dito acima, determinados
costumes e instituições judaicas (judaísmos), além de traduzir palavras do aramaico
(aramaísmos), que era língua utilizada na região da Palestina:
a) Latinismos
―modius‖ -> ―alqueire‖ (4:21)
―speculator‖ -> ―executor‖ (6:27)
―census‖ -> ―tributo‖ (12:14)
―quadrantis‖ -> ―quadrante‖ (12:42)
―pretorium‖ -> ―pretório‖ (15:16)
―centurio‖ -> ―centurião‖ (15:39, 44,45)
b) Judaísmos
"sábado" e "sinagoga" (1:21)
"coletoria" (2:14)
"escribas", "fariseus" e "publicanos" (2:16)
"tradição dos anciãos" (7:2-4)
c) Aramaísmos
―Boanerges‖ -> ―Filhos do trovão‖ (3:17)
―talita cumi‖ -> ―Menina, eu te mando, levanta-te‖ (5:41)
―efatá‖ -> ―Abre-te‖ (7:34)
―Gólgota‖ -> ―Lugar da Caveira‖ (15:22)
Seu texto utiliza um estilo mais voltado à mentalidade romana, que não gostava de
abstrações nem fantasia literária. Marcos não apresenta a genealogia de Jesus, pois
segundo Russell Shedd, ―os romanos interessavam-se mais em poder do que em
descendência‖
30
Por que este evangelho foi escrito? Qual teria sido o propósito de Marcos ao
escrevê-lo? Clemente de Alexandria nos dá o relato a respeito dos ouvintes de
Pedro, romanos que ―não interromperam os apelos até o convencer‖ [Marcos] para
lhes deixar ―um registro escrito do ensino que lhes fora dado verbalmente‖ (de
Pedro).
Segundo o Pastor Enéas Tognini, uma tradição antiga revela que Pedro pregava aos
catecúmenos de Roma ou do oriente, e que Marcos conservou de forma escrita o
que Pedro pregava – ―a mão era de Marcos, mas a voz era de Pedro‖, conclui. Ainda
segundo E. Tognini, o propósito central do evangelho de Marcos era firmar a fé dos
cristãos gentios de Roma, pois o início das perseguições contras os crentes já
haviam começado sob a mão do insano, tirano e cruel Nero, que foi o imperador
romano durante 14 anos (de 54 d.C., após a morte por envenenamento de Cláudio,
até o seu suicídio, em 9 de junho de 68 d.C.).
Marcos queria encorajar os crentes sofredores e, para tanto, revela a pessoa de
Jesus como o Servo Sofredor (Isaías 53), que veio para servir, morrer e ressuscitar
com a finalidade de salvar o mundo, incluindo romanos e judeus. Enéas Tognini, em
obra citada, declara que Marcos ―pretendia consolar os soldados da cruz: assim
como Jesus sofreu por nós, também precisamos dar testemunho corajoso acerca
Dele, mesmo que tenhamos que pagar isto com a própria vida‖.
Peculiaridades de estilo e linguagem
Entre aqueles que avaliam a qualidade e estrutura do texto em grego, é quase
unânime a opinião de que Marcos apresenta o grego koinê mais inferior do Novo
Testamento. A falta de polimento do grego de Marcos só não é percebida aos
leitores de língua portuguesa devido ao trabalho dos tradutores, que não deixam
31
transparecer os erros gramaticais encontrados, mesmo que ainda continuem fiéis ao
texto original. Um exemplo disso é o uso abundante da conjunção grega ―kai‖,
traduzida para o português como a conjunção ―e‖. Por exemplo, dos 45 versículos do
original grego do capítulo 1, 35 versos começam por ―kai‖ (apenas os versos 1, 2, 3,
4, 8, 14, 24, 30, 32 e 45 não começam por esta conjunção no original grego). Dos 16
capítulos deste evangelho, 12 capítulos começam com a conjunção ―kai‖ e das 88
seções e subseções que compões este livro, 80 começam por ―kai‖. Russell
Champlin aponta que Marcos ―utiliza-se de um vocabulário de cerca de 1270
vocábulos, dos quais penas 80 lhe são peculiares. Isto demonstra que ele empregou
um vocabulário extremamente comum‖. entretanto, o que falta a Marcos em estilo,
sobra em riqueza literária. Marcos é uma obra inovadora, vibrante e cheia de
emoções e ação.
Inovadora porque foi Marcos quem criou este novo estilo literário: Evangelho, que no
grego mais recente quer dizer ―boas novas‖, ao passo que no grego mais antigo,
queria dizer ―um galardão oferecido para se levar as boas novas‖. Conforme declara
o Pr. Enéas Tognini, ―trata-se de um testemunho cristão e não exatamente de uma
biografia. E isso serviu de padrão para a Igreja. É como se ele estivesse expondo
material básico para sermões‖.
Vibrante porque o estilo da narração de Marcos é vívido, cheio de ação, direto e
dinâmico. A palavra grega ―euthus‖ (ou ―eutheos‖) aparece 42 duas vezes neste
evangelho, mais do que em todo o restante do Novo Testamento, e é traduzida no
texto como ―diretamente‖, ―imediatamente‖, ―in contineti‖, ―logo‖, ―então‖,
empregando uma grande velocidade na narração dos fatos. No grego, o tempo
verbal presente aparece 151 vezes, e o tempo imperfeito, também aparece muitas
vezes, e retratam a ação em desenvolvimento e não simplesmente como um
acontecimento.
32
Cheia de emoções porque ninguém registrou mais as reações pessoais do que
Marcos. Estas reações estão espalhadas ao longo de todo o evangelho, revelando o
sentimento e a emoção dos ouvintes de Jesus:
―admirados‖ (1:27)
―criticavam‖ (2:7)
―medrosos‖ (4:41)
―aterrorizada e tremendo‖ (5:33)
―perplexos‖ (6:14)
―espantados‖ (7:37)
"amargamente hostis‖ (14:1) e mais 22 referências deste tipo
No evangelho de Marcos também estão registrados as ações e sentimentos de
Jesus:
―olhando em redor (...) com indignação‖ (3:5)
―tomando a mão da menina‖ (5:41)
―admirou-se da incredulidade deles‖ (6:6)
―meteu-lhe os dedos nos ouvidos (...) tocou-lhe na língua‖ (7:33)
"Jesus (...) arrancou do íntimo do seu espírito um gemido‖ (8:12)
―tomou o cego pela mão (...) cuspindo-lhe nos olhos‖ (8:23)
―tomando-o pela mão, o ergueu‖ (9:27)
―tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava‖ (10:16)
―fitando-o, o amou e disse‖ (10:21)
Marcos dá ênfase total à ação, colocando os ensinamentos de Jesus em segundo
plano. Das 70 parábolas ou alocuções parabólicas registradas em todos os
evangelhos, Marcos apresenta apenas 18 e, em alguns casos, algumas delas
compreendem apenas uma frase. Em contrapartida, concede mais espaço aos
milagres do que qualquer outro evangelho (20 dos 40 milagres registrados nos
sinópticos):
33
Milagres sobre curas de enfermidades
o Cura da sogra de Pedro (1:31)
o Diversas curas em Cafarnaum (1:32-34)
o Cura de um leproso (1:40-45)
o Cura de um paralítico (2:3-12)
o Cura do homem da mão ressequida (3:1-5)
o Cura de uma mulher enferma (5:25-34)
o Cura de um surdo e gago (7:32-35)
o Cura de um cego em Betsaida (8:22-25)
o Cura de Bartimeu, cego de Jericó (10:46-52)
Milagres sobre a natureza
o Jesus acalma uma tempestade (4:35-41)
o Jesus multiplica os pães e peixes (6:30-44)
o Jesus anda por sobre o mar (6:45-52)
o Jesus multiplica pães e peixes pela segunda vez (8:1:9)
o Jesus amaldiçoa a figueira sem fruto (11:13-14, 20-21)
Milagres sobre demônios
o Libertação de um endemoninhado em Cafarnaum (1:21)
o Libertação do endemoninhado geraseno (5:1-14)
o Libertação da filha endemoninhada da mulher siro-fenícia (7:24-29)
o Libertação de um jovem possesso (9:17-27)
Milagres sobre a morte
o Ressurreição da filha de Jairo (5:35-42)
o Sua própria ressurreição (16:9-11)
Enquanto Marcos narra estes 20 milagres utilizando-se de 53 páginas do texto
grego, Lucas narra a mesma quantidade de milagres utilizando 93 páginas do texto
grego. É o dinamismo da ação do relato de Marcos.
34
A palavra lei não é encontrada neste evangelho, ao passo que em Mateus ocorre 8
vezes, em Lucas 9 vezes e em João ocorre 15 vezes.
Mais de 40% do conteúdo total de Marcos (capítulo 11 em diante) é dedicado a
contar detalhadamente os últimos 8 dias da vida de Jesus.
Dos 661 versículos de Marcos, 600 foram copiados por Mateus. Ao todo, Lucas e
Mateus aproveitam 610 versículos de Marcos. Lucas usou 60% dos versículos de
Marcos, portanto, menos do que Mateus, mas procurou preservar a mesma ordem
de palavras utilizada por Marcos.
Mesmo sendo a base textual utilizada pelos outros dois evangelhos sinópticos
(Mateus e Lucas), o evangelho de Marcos ainda assim apresenta conteúdos
exclusivos, como a parábola da semente em desenvolvimento (4:26-29) e os
milagres do surdo-mudo (7:31) e do cego (8:22).
3- EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
O Evangelho Segundo Lucas é o terceiro dos quatro Evangelhos canônicos do Novo
Testamento, que narra a história da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Possui 24 capítulos.
Embora o texto não mencione o nome de seu autor, o consenso atual segue a
opinião tradicional de que este evangelho e os Atos dos Apóstolos foram escritos
pelo mesmo autor. A opinião tradicional é que esse autor é o Lucas mencionado na
Epístola de Filemon (Fl 1:24), um seguidor de Paulo.
35
Os tradicionalistas apontam para o fato de que o mais antigo manuscrito que reteve
sua página de abertura, o Papiro Bodmer XIV (datado de cerca de 200 D.C.),
proclama que aquele é o euangelion kata Loukan, e a tradição subseqüente não foi
quebrada. A opinião crítica, expressa por Udo Schnelle, é que "as numerosas
concordâncias lingüísticas e teológicas e referências cruzadas entre o Evangelho de
São Lucas e os Atos indicam que ambas obras derivam do mesmo autor" (em The
History and Theology of the New Testament Writings).
O evangelista não afirma ter sido testemunha ocular da vida de Jesus, mas
assegura ter investigado tudo cuidadosamente e ter escrito uma narrativa ordenada
dos fatos (Lucas 1, 1-4).
Os autores dos outros três Evangelhos, Mateus, Marcos e João, provavelmente
usaram fontes similares. De acordo com a hipótese das duas fontes, que é a solução
comumente mais aceita para o problema dos sinóticos, as fontes de Lucas incluíram
o Evangelho de São Marcos e uma coleção de escritos perdidos, conhecida pelos
acadêmicos como Q, a Quelle ou "documento fonte".
O consenso geral é que o Evangelho de Lucas foi escrito por um grego para os
cristãos gentios, ou seja, para os não-judeus. O Evangelho é dirigido ao protetor do
autor, o "excelentíssimo" Teófilo.
Data da redação
A data da redação deste Evangelho é incerta. Estimativas variam entre cerca de 80
até 130 D.C.
36
Visão tradicional da data
Tradicionalmente, os cristãos acreditam que Lucas escreveu sob a direção, se não
sob o ditado de Paulo. Isso o colocaria como tendo sido escrito antes dos Atos, cuja
data de composição é geralmente fixada em cerca de 63 D.C. ou 64.
Conseqüentemente, a tradição é que este Evangelho foi escrito por volta de 60 ou
63, quando Lucas pode ter estado em Cesaréia Marítima (costa norte da Palestina,
ao sul da atual Jafa) à espera de Paulo, que era então prisioneiro. Se, por outro
lado, a conjetura alternativa estiver correta, de que o livro foi escrito em Roma,
durante o tempo de prisão de Paulo lá, então a data mais provável seria entre os
anos 40 e 60 D.C. Os cristãos evangélicos tendem a favorecer essa opinião,
mantendo a tradição de datar os evangelhos bem nos primórdios do cristianismo.
Lucas dedicou seu Evangelho ao "excelentíssimo Teófilo." Teófilo, que em grego
significa "Amigo de Deus", a expressão literária pode estar referindo-se a alguém, a
uma comunidade ou a todos que se enquadrarem ao termo.
Infelizmente, em nenhum lugar do Evangelho Segundo Lucas ou nos Atos há
referência a que o autor seja Lucas, o companheiro de Paulo; essa conexão só
aparece no final do século II. Além disso, o texto em si dá pistas de que não foi
escrito como um ditado de um único autor, mas que fez uso de múltiplas fontes.
Perspectivas críticas da data
Em contraste com a opinião tradicional, muitos acadêmicos contemporâneos
consideram o Evangelho Segundo Marcos como um texto fonte usado pelo autor do
Evangelho de Lucas. Dado que Marcos foi provavelmente escrito depois da
37
destruição do Templo de Jerusalém, por volta de 70, Lucas não poderia ter sido
escrito antes de 70. Baseado nesse dado, acadêmicos tem sugerido datas para
Lucas desde o ano 80 até tão tarde quanto 150, e os Atos um pouco depois, mas
também entre 80 e 150. A perda de ênfase da Parúsia e a universalização da
mensagem sugerem intensamente uma data muito mais tardia do que os anos 60-70
atribuídos pela opinião tradicional.
O debate continua entre os não-tradicionalistas sobre se Lucas escreveu antes ou
depois do final do primeiro século. Aqueles que preferem uma data mais tardia
argumentam que ele foi escrito em resposta a movimentos heterodóxicos do início
do segundo século. Já aqueles que tendem por uma data mais antiga, assinalam as
duas seguintes considerações: Lucas desconhece o sistema episcopal, que se
desenvolveu no segundo século e uma data mais antiga preserva a tradicional
conexão do Evangelho com o Lucas que foi companheiro de Paulo.
Manuscritos
Os manuscritos mais antigos do Evangelho de Lucas são fragmentos de papiro do
século III, um contendo passagens dos quatro evangelhos (P45
) e três outros
preservando apenas breves passagens (P4
, P69
, P75
). Essas cópias primitivas, assim
como as primeiras cópias dos Atos, são de data posterior àquela em que o
Evangelho foi separado dos Atos.
O Codex Bezae, na Biblioteca da Universidade, Cambridge, contém um manuscrito
do século V ou VI que é o manuscrito completo mais antigo de Lucas, nas versões
grega e latina, em páginas lado a lado. A versão grega parece ter origem em um
ramo da tradição principal dos manuscritos e desenvolve-se a partir de textos
conhecidos, em muitas passagens. Embora o texto apresente muitas correções
38
intencionais, amiúde para alinhá-lo com as textos correntes, o Codex Bezae
demonstra a latitude em manuscritos de escrituras que ainda existiram muito tarde
na tradição. Acadêmicos bíblicos tem minimizado a importância do Codex, citando-o
geralmente apenas quando ele reforça os textos comuns.
Relacionamentos com os outros evangelhos
A maioria dos estudiosos do Novo Testamento acredita que o autor do Evangelho de
Lucas confiou no texto de Marcos e na "Q" como suas fontes primárias.
De acordo com Farrar, "de um total de 1151 versículos, Lucas tem 389 em comum
com Mateus e Marcos, 176 em comum apenas com Mateus, 41 em como com
Marcos somente, deixando 544 privativos para si próprio. Em muitas instâncias,
todos os três usam linguagem idêntica."
Há 17 parábolas próprias desse Evangelho. Lucas também atribui a Jesus sete
milagres que não estão presentes nem em Mateus nem em Marcos. Os evangelhos
sinóticos estão relacionados um com o outro segundo o seguinte esquema: se o
conteúdo de cada evangelho é indexado em 100, então quando se compara esse
resultado se obtém: Marco tem 7 peculiaridades e 93 coincidências. Mateus tem 42
peculiaridades e 58 coincidências. Lucas tem 59 peculiaridades e 41 coincidências.
Isso é, 13/14 (treze quatorze avos) de Marcos, 4/7 de Mateus e 2/5 de Lucas
descrevem os mesmos eventos em linguagem similar. O estilo de Lucas é mais
polido do que o de Mateus e Marcos, com menos hebraismos. Lucas utiliza algumas
palavras latinas (q.v. Lucas 7,41; 8,30; 11,33; 12,6 e 19,20), mas nada de termos em
aramaico ou hebraico, exceto sikera, uma bebida estimulante da natureza do vinho,
mas não processada de uvas (do hebraico shakar, "ele está intoxicado", Levítico
39
10,9), provavelmente vinho de palmeira. Esse Evangelho contém 28 referências
distintas ao Antigo Testamento.
Muitas palavras e frases são comuns ao Evangelho de Lucas e às cartas de Paulo,
comparando:
Lucas 4:22 com Colossenses 4:6.
Lucas 4:32 com 1Coríntios 2:4.
Lucas 6:36 com 2Coríntios 1:3.
Lucas 6:39 com Romanos 2:19.
Lucas 9:56 com 2Coríntios 10:8.
Lucas 10:8 com 1Coríntios 10:27.
Lucas 11:41 com Tito 1:15.
Lucas 18:1 com 2Tessalonicenses 1:11.
Lucas 21:36 com Efésios 6:18.
Lucas 22:19-20 com 1Coríntios 11:23-29.
Lucas 24:34 com 1Coríntios 15:5.
Testemunhos e avaliações
O Evangelho de Lucas tem sido chamado "o Evangelho das nações, cheio de
compaixão e esperança, asseguradas ao mundo pelo amor de um Salvador
sofredor;" "o Evangelho da vida santa;" "o Evangelho para os gregos; o Evangelho
do futuro; o Evangelho da cristandade progressista, da universalidade e
graciosidade do evangelho; o Evangelho histórico; o Evangelho de Jesus como o
bom médico e o Salvador da humanidade;" o "Evangelho da Fraternidade de Deus e
da irmandade do Homem;" "o Evangelho da condição feminina;" "o Evangelho dos
desfavorecidos, dos samaritanos, dos publicanos, das prostituídas e dos pródigos;"
"o Evangelho da tolerância."
40
A principal característica deste Evangelho, como Farrar (Cambridge Bible, Lucas,
Introd.) observa, está expressa no lema "Quem andou por toda parte, fazendo o bem
e curando todos os que estavam dominados pelo diabo" (Atos, 10, 38; comparar
com Lucas 4,18). Lucas escreveu para o "mundo helênico." Este Evangelho é em
verdade "rico e precioso."
4- EVANGELHO SEGUNDO JOÃO
O Evangelho Segundo João é, na bíblia, o quarto e último evangelho antes dos Atos
dos Apóstolos, Cartas Paulinas e Apocalipse.
Sua autoria é tradicionalmente atribuída a João, o "discípulo amado", irmão de
Tiago, e foi escrito entre os anos 95 e 100, tendo sido cronologicamente o último a
ser escrito.
A maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, o
que sugere que o autor tivesse conhecimento do conteúdo deles ao escrever seu
livro. Mais da metade deste evangelho é dedicado a eventos da vida de Jesus Cristo
e suas palavras durante seus últimos dias. O propósito de João foi inspirar nos
leitores a fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus e o versículo que resume este
propósito é Jo 20:31.
João também dá ênfase à total dependência humana em relação a Deus para a
salvação.
Manuscritos
41
O Papiro Rylands é o fragmento mais antigo do manuscrito do Evangelho de João;
data aproximada - ano 125 E.C.
O Papyrus P52 da biblioteca de Rylands, também conhecido como o fragmento do
São João, é um fragmento do papiro exposto na biblioteca de John Rylands,
Manchester, Reino Unido. Contêm partes do Evangelho de João 18:31 - 33, no
grego, e no verso contêm linhas dos versos 37-38.
Embora Rylands P52 seja aceito geralmente como registro canônico, a datação do
papiro é de nenhuma maneira assunto de consenso entre críticos. Mas o estilo da
escrita, leva a uma data entre o anos 125 e 160 E.C..
HISTÓRICO
O Evangelho de João procura apresentar Jesus como o ―Filho de Deus‖. João cobre
mais o ministério de Jesus no sul, na região da Judéia. A ênfase situa na pessoa de
Jesus. Podemos dizer que é o Evangelho da Igreja em amadurecimento.
Após a ressurreição de Jesus, João é encontrado com Pedro à porta do templo
formosa (Atos 3.1-11) e diante do concílio regente, ou sinédrio (Atos 4.1-23). Depois
ele e Pedro são enviados à igreja de Samaria, afim de, ministrar o Espírito Santo às
pessoas que ali haviam crido, e resolver o problema de Simão, o mago (Atos 8.14-
25).
A tradição demonstra a identificação íntima do apóstolo com a Igreja de Éfeso:
Irineu, perto do fim do segundo século, escreveu a respeito ―daqueles que tinham
uma grande familiaridade com João, o discípulo do Senhor, (afirmando) que João
42
lhes transmitira aquela informação (a respeito da idade de Jesus e a extensão de
seu ministério). E permaneceu entre eles até a idade de Trajano. E acrescenta Irineu
explicitamente que ―a igreja de Éfeso, fundada por Paulo, e tendo João permanecido
entre eles de forma perene, até os tempos de Trajano, constitui testemunha
verdadeira da tradição dos apóstolos‖.
Polícrates, bispo de Éfeso no final do segundo século, assim escreveu ao bispo de
Roma: ―Pois grandes luminares repousam na Ásia, os quais despertarão no último
dia... há também João, o que reclinou no peito do Senhor, e que era sacerdote,
usando a mitra, um mártir e mestre; ele dorme em Éfeso.
Papías, bispo de hierápolis, na Ásia Menor, assim escreveu uma geração antes que
―sempre que chegava alguém que houvesse seguido os presbíteros, eu lhe fazia
inquirições sobre as palavras desses presbíteros, que haviam dito André, ou Pedro,
ou Tomé, ou Tiago, ou João, ou Mateus‖.
Policarpo, bispo de Esmina, na Ásia Menor, mais ou menos na mesma época que
Pápias, é mencionado por Irineu como havendo conhecido João.
AUTORIA
São muitas as testemunhas de autoria de João do quarto evangelho. Uma
declaração definitiva aparece feita na história da igreja.
O evangelho de João foi publicado e entregue às igrejas por João, enquanto
ainda estava no corpo, como relatou um homem de Hierápolis, Papias, um
discípulo querido de João, em seus cinco livros exegéticos. Ele anotou o
Evangelho que João ditou. Mas o herege Márcion foi expulso por João,
depois de ser censurado por suas opiniões contrárias. Ele tinha lhe trazido
escritos ou cartas de irmãos do Ponto.
43
Irineu afirma que Papias era discípulo de João, mas Euzébio o nega. Já que ele era
contemporâneo a Policarpo (70-150), que certamente era discípulo de João, em
termos cronológicos é possível que ele tenha servido como amanuense quando o
quarto evangelho foi redigido.
O livro dos sinais
O Evangelho Segundo João e considerado o livro dos sinais:
Primeiro Episódio: O novo começo (2.1-4.42)
Segundo Episódio: A Palavra que dá Vida (4.46-5.47)
Terceiro Episódio: O Pão da Vida (6)
Quarto Episódio: A Luz e a Vida. A manifestação e a rejeição (7-8)
Quinto Episódio: O Julgamento pela Luz (9.1-10.21)
Sexto Episódio: A Vitória da Vida sobre a Morte (11.1-53)
Sétimo Episódio: A Vida através da Morte: O sentido da Cruz (12.1-36)
ANÁLISE
Prólogo (1.1-18)
A. O Início do ministério de Jesus (1.19-2.12)
I. O testemunho de João (1.19-34)
1) João e a delegação de Jerusalém (1.19-28)
2) A identidade d Aquele que Vem (1.29-34)
II. Os primeiros discípulos (1.35-2.12)
1) O chamado dos primeiros discípulos (1.35-51)
2) O Sinal em Caná (2.1-11)
44
3) Residência em Cafarnaum (2.12)
B. Jesus revela o Pai ao Mundo (2.13-12.50)
I. O ministério na Judéia (2.13-3.36)
1) Em Jerusalém, na primeira Páscoa (2.13-3.21)
a) A purificação do templo (2.13-22)
b) Fé superficial (2.23-25)
c) Nicodemos e o Novo nascimento (3.1-21)
2) Outro Testemunho de João sobre Jesus (3.22-36)
II. Jesus e os Samaritanos (4.1-42)
III) A cura do filho do nobre (4.43-54)
IV. O Ministério em Jerusalém (5.1-47)
1) A cura no tanque de Betesda (5.1-9 a)
2) O Pai e o Filho (5.9b -29)
3) As credenciais do Filho (5.30-47)
V. O Ministério na Galiléia (6.1-71)
1) A alimentação da multidão (6.1-21)
2) O Pão da Vida (6.22-71)
a) O verdadeiro maná (6.27-34)
b) Jesus, o alimento da vida eterna (6.35-51)
45
c) A participação no Filho do Homem (6.52-59)
d) Apêndice (6.60-71)
VI. O Ministério em Jerusalém (7.11-10-39)
1) A festa dos tabernáculos (7.1-10.39)
a) Jesus e seus irmãos (7.1-9)
b) Entusiasmo na festa (7.10-13)
c) Jesus na festa (7.14-8.59)
1. Moisés e Cristo (7.14-24)
2. As reivindicações messiânicas de Jesus (7.25-31)
3. Interlúdio: a tentativa de prender Jesus (7.32-36)
4. A Água da Vida: continuação do debate messiânico (7.37-44)
5. Descrença em alto nível (7.45-52)
6. A Luz do mundo (8.12-20)
7. ―Eu Sou‖ (8.21-30)
8. Os filhos de Abraão (8.31-59)
2. A cura do cego (9.1-41)
a) O tanque de Siloé (9.1-12)
b) O interrogatório feito pelos fariseus (9.13-17)
c) Os pais são interrogados (9.18-23)
d) O segundo interrogatório (9.24-34)
e) A confissão de fé (9.35-38)
f) A cegueira judicial (9.39-41)
3. O Pastor e o rebanho (10.1-39)
46
a) A parábola do bom pastor (10.1-21)
b) O encontro no Templo (10.22-30)
c) Mais conflitos (10.31-39)
VII. A fase final do ministério de Jesus no mundo (10.40-12.50)
1) Do outro lado do Jordão (10.40-42)
2) A ressurreição de Lázaro (11.1-46)
a) Lázaro adoece (11.1-5)
b) A volta para a Judéia (11.17-27)
c) A chegada em Betânia (11.17-27)
d) A caminho do túmulo (11.28-37)
e) O chamado vivificante (11.38-44)
f) A reação dos expectadores (11.45,46)
3) A reunião decisiva (11.47-53)
4) O retiro de Jesus no deserto (11.54)
5) Os últimos dias em Jerusalém (11.55-12.50)
a) Os peregrinos vêm para a Páscoa (11.55-57)
b) O jantar e a unção em Betânia (12.1-11)
c) A entrada em Jerusalém (12.12-19)
d) Os gregos na festa (12.20-33)
e) O Filho do Homem e os Filhos da Luz (12.34-36 a)
f) Resumo do ministério no mundo (12.36b-50)
47
C) Jesus revela o Pai aos seus discípulos (13.1-17.26)
I. A Última Ceia (13.1-30)
1) O lava-pés (13.1-17)
2) O traidor é indicado (13.18-30)
II. Os discípulos no cenáculo (13.31-16.33)
1) Partida e reunião (13.31-14.31)
a) A glorificação do Filho do Homem (13.31,32)
b) O novo mandamento (13.33-35)
c) A confiança de Pedro e a advertência do Senhor (13.36-38)
d) A Casa do Pai e o caminho para ela (14.1-7)
e) Vendo o Pai no Filho (14.8-11)
f) Trabalhar e Orar (14.12-14)
g) O primeiro dito do Parácleto: O Espírito como ajudador (14.15-17)
h) A promessa do reaparecimento de Jesus aos discípulos (14.18-24)
i) O segundo dito do Parácleto: O Espírito intérprete (14.25-26)
j) O legado de paz de Jesus (14.27-31)
2) O Senhor e seu povo (15.1-16.33)
a) A videira e os ramos (15.1-11)
b) Os amigos de Jesus (15.12-17)
c) Advertência contra a perseguição (15.18-25)
48
d) O terceiro dito do Parácleto: O Espírito como testemunha (15.26-27)
e) Outra advertência contra a perseguição (16.1-4 a)
f) O quarto dito do Parácleto: O Espírito como promotor (16.4b-11)
g) O quinto dito do Parácleto: O Espírito como revelador (16.12-15)
h) ―Um pouco‖ (16.16-18)
i) Alegria em lugar de tristeza (16.19-24)
j) Tribulação e Vitória (16.25-33)
III. A oração de consagração (17.1-26)
1) Jesus pede ao Pai que o glorifique (17.1-5)
2) A revelação dos discípulos (17.6-8)
3) A oração pelos discípulos (17.9-18)
4) A auto-consagração do Filho (17.20-23)
5) A oração pela Igreja futura (17.19)
6) A Igreja glorificada (17.24)
7) Conclusão (17.25,26)
D) Paixão e Triunfo (18.20-31)
I. A narrativa da paixão (18.1-19.42)
1) A prisão no jardim (18.1-11)
2) O interrogatório feito pelo sumo sacerdote (18.12-24)
3) A Última negação de Pedro (18.25-27)
4) O julgamento diante de Pilatos (18.28-19.16 a)
a) Pilatos interroga os acusadores (18.28-32)
49
b) Pilatos interroga Jesus (18.33b-38 a)
c) ―Queremos Barrabas!‖ (18.38b-40)
d) ―Eis o vosso rei!‖ (19.1-16 a)
5) Jesus na Cruz (19.16b-30)
a) A execução (19.16b-30)
b) As últimas palavras na cruz (19.25b-30)
6) Retirada do sepultamento (19.31-42)
II. A narrativa da ressurreição (20.1-29)
1) O túmulo vazio (20.1-10)
2) A aparição a Maria Madalena (20.11-18)
3) A aparição aos discípulos (20.19-23)
4) A aparição a Toma (20.24-29)
III. O propósito do relato (20.30,31)
EPÍLOGO (21.1-25)
1) A pescaria (21.1-11)
2) O desjejum à beira do lago (21.12-14)
3) O novo chamado de Pedro (21.20-23)
4) Primeiro pós-escrito (21.24)
5) Segundo pós-escrito (21.25)
50
5- ATOS DOS APÓSTOLOS
AUTORIA
Sua autoria é atribuída a Lucas, tendo sido escrito como o segundo volume de uma
obra com duas partes, da qual a primeira é o Evangelho de Lucas. Lucas, o ―médico
amado‖ nunca conheceu Jesus pessoalmente e falava grego e latim.
DATA
O livro de Atos termina abruptamente com Paulo em seu segundo ano na prisão de
Roma, que teve início cerca de 60 d.C. Lucas não dá informação sobre o martírio do
apóstolo Paulo que morreu decaptado entre 66 e 68 d.C.
Os eruditos acreditam que Lucas teria incluído acontecimentos importantes se
tivesse escrito depois de 64 d.C., como as perseguições empreendidas por Nero
(64-68 d.C.) ou a destruição de Jerusalém (70 d.C.).
Portanto, podemos acreditar que Atos foi escrito provavelmente entre 61 e 63 d.C.
DESTINATÁRIO
Atos é dirigido a uma pessoa específica, Teófilo, alguem que ocupava uma posição
de destaque em Roma. Embora tivesse escrito para alguém específico, o significado
do nome tem levado muitos a acreditarem que ele tenha se dirigido a todos os que
amam a Deus, uma vez que ―Teófilo‖ significa ―aquele que ama a Deus‖. Justamente
51
devido à tradução do nome Teófilo, alguns pensam que esta carta era aberta e não
a um individuo que se chamava assim. Este livro é importante por mostrar um dos
acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo, o Concílio de
Jerusalém.
O HISTÓRICO DO LIVRO
O Livro de Atos inicia-se com a ascensão de Jesus Cristo, o qual determinou aos
seus discípulos que permanecessem em Jerusalém até que fossem revestidos de
poder.
Os capítulos seguintes relatam os primeiros momentos da igreja primitiva na
Palestina sob a liderança de Pedro, as primeiras conversões de judeus e depois dos
gentios, o violento martírio de Estêvão por apedrejamento, a conversão do
perseguidor Saulo de Tarso (Paulo) que se torna a partir de então um apóstolo,
mencionando depois as missões deste pelas regiões orientais do mundo romano,
mais precisamente pela Ásia Menor, Grécia e Macedônia, culminando com a sua
prisão e julgamento quando retorna para Jerusalém e, finalmente, fala sobre sua
viagem para Roma.
Pode-se dizer que do começo até o verso 25 do capítulo 12, o Livro de Atos dá um
enfoque maior ao ministério de Pedro, em que, depois da ressurreição de Jesus
Cristo e do Pentecostes, o apóstolo pregou corajosamente e realizou muitos
milagres, relatando, em síntese, o estabelecimento e a expansão da Igreja pelas
regiões da Judéia e de Samaria, seguindo para alguns países da Ásia Menor.
52
Já a outra metade da obra centraliza-se mais no ministério de Paulo (do capítulo 13
ao final) e poderia ser subdividido em seis partes:
1. A primeira viagem missionária liderada por Paulo e Barnabé;
2. O Concílio de Jerusalém;
3. A terceira viagem missionária de Paulo em que o Evangelho é levado à Europa;
4. A terceira viagem missionária;
5. O julgamento de Paulo;
6. A viagem de Paulo a Roma.
Importante destacar que no livro de Atos é narrada a rejeição contínua do Evangelho
pela maioria dos judeus, o que levou à proclamação das Boas Novas aos povos
gentios, principalmente por Paulo.
Narra o livro de Atos que, antes de subir aos céus, Jesus determinou aos seus
discípulos que permanecessem em Jesusalém até que recebessem o poder do alto
através do Espírito Santo e que a partir de então eles se tornariam suas
testemunhas até os confins da terra.
Enquanto aguardavam o cumprimento da promessa, foi escolhido o nome de Matias
em substituição a Judas Iscariotes que tinha se suicidado.
Com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, ocorre uma experiência
sobrenatural em que os judeus de outras nacionalidades que estavam presentes na
53
festa ouviram os discípulos falando em seus próprios idiomas, o que chamou a
atenção de uma multidão de pessoas para o local onde estavam reunidos.
Corajosamente, Pedro inicia um discurso explicando o motivo do acontecimento em
que três mil pessoas sE convertem ao cristianismo e foram batizados, passando a
congregar levando uma vida comunitária de muita oração onde se presenciavam
prodígios e milagres feitos pelos apóstolos.
De acordo com os versos 42 a 44 do capítulo 2, os cristãos primitivos tinham todos
os seus bens em comum, o que parece ter se mantido por anos na igreja de
Jerusalém. Já os versos 32 a 37 do capítulo 4 informam que "ninguém considerava
exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía" e que os que eram donos de
propriedades vendiam suas terras ou casas e depositavam o valor da venda perante
os apóstolos para que houvesse distribuição entre os que tinham necessidades
materiais.
A cura de um homem coxo de nascença que pedia esmola na porta do Templo, é
relatado no capítulo 3 do livro, o que provoca a prisão de Pedro e do Apóstolo João
que são trazidos perante o Sinédrio. Repreendidos pelas autoridades judaicas para
que não pregassem mais no nome de Jesus, ao que os dois apóstolos responderam
que estavam praticando a vontade de Deus e não dos homens.
Novas prisões dos apóstolos ocorrem no livro de Atos, pois o crescimento da Igreja
incomodava o sumo sacerdote e a seita dos saduceus, conforme é narrado nos
versos de 17 a 42 do capítulo 5 da obra. Porém, com o parecer dado pelo rabino
Gamaliel, o Sinédrio resolve libertar Pedro e os demais, depois de castigá-los com
açoites.
54
Com o crescimento do número de discípulos, é instituído o cargo de diácono para
ajudar nas atividades da Igreja, entre os quais estavam Estevão e Filipe, o
Evangelista que muito se destacaram em seus ministérios. Porém, Estevão é preso,
conduzido ao Sinédrio e condenado à morte.
As primeiras perseguições e a expansão da fé cristã
Após o apedrejamento de Estevão, Saulo de Tarso empreende uma grande
perseguição à Igreja em Jerusalém, o que dispersou vários discípulos pelas regiões
da Judéia e Samaria, chegando também o Evangelho à Fenícia, Chipre e Antioquia.
Algumas obras de Filipe, o Evangelista, são narradas em Atos, entre as quais a sua
passagem por Samaria e a conversão de um eunuco etíope na rota comercial de
Gaza.
Saulo de Tarso ao tentar empreender novas perseguições, converte-se quando
viajava para Damasco e tem uma visão de Jesus, ficando cego por três dias, até ser
curado quando encontra-se com Ananias.
Depois destes acontecimentos, a Igreja passa por um período de paz. Dois milagres
de destaque narrados nesse momento da obra de Lucas são a cura do paralítico
Enéias, em Lida, e a ressurreição de Dorcas, na cidade de Jope.
O Evangelho chega aos gentios
55
Narra o capítulo 10 de Atos que Simão Pedro, encontrando-se em Jope, recebe uma
visão em que Deus lhe ordena alimentar-se de vários animais considerados imundos
ou impróprios para o consumo, conforme a lei mosaica. Com isso, Pedro é orientado
a pregar o Evangelho na casa de um centurião romano de Cesaréia chamado
Cornélio, o qual se converte juntamente com todos os que ouviram o discurso do
apóstolo, sendo depois batizados.
Por este motivo, Pedro é questionado pelos outros apóstolos e cristãos da Judéia
que se convencem.
O rei Herodes Agripa I prende a Tiago, irmão de João, chegando a matá-lo. Depois
prende a Pedro, mas este é milagrosamente liberto pela ajuda de um anjo.
A primeira viagem missionária de Paulo
Depois de ter sido um feroz perseguidor da Igreja, Paulo passa a congregar na igreja
de Antioquia, na Síria, e inicia suas viagens missionáris pelo mundo romano, das
quais três são relatadas no livro de Atos.
Entre os anos de 48 a 50 da era comum, em sua primeira expedição evangelizadora,
na companhia de Barnabé, Paulo parte de Antioquia e vai para a ilha de Chipre. Lá
pregam na cidade de Salamina, desafiando o poder de um feiticeiro que enganava a
população. Ao sair de Pafos, Marcos deixa o grupo e retorna para Jerusalém. Paulo
e Barnabé prosseguem navegando para Perge na província romana da Panfília e,
por terra, vão à Antioquia da Pisídia, na Pisídia, prosseguindo depois para Icônio,
Listra e Derbe, cidades da Galácia, pregando tanto em sinagogas aos judeus e aos
gentios.
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Devido à cura de um paralítico de nascença, Paulo e Barnabé são aclamados como
encarnações de deuses greco-romanos pelos cidadãos superticiosos de Listra e
precisaram impedir as multidões de lhes oferecer sacrifícios. Depois disto, foi
apedrejado, mas sobreviveu.
Ao pregarem em Derbe e fazer discípulos retornam para Antioquia, promovendo nas
novas igrejas as eleições dos seus presbíteros, deixando-lhes recomendações.
Concílio de Jerusalém
A notícia de conversão dos gentios gerou impactos dentro da Igreja, visto que alguns
judeus da seita dos fariseus impunham a circuncisão aos novos cristãos.
Tendo a Igreja se reunido em Jerusalém, com a presença dos apóstolos, ficou
decidido que os gentios convertidos não deveriam ser incomodados com a
observância de detalhes da lei mosaica, mas apenas que se abstivessem da
idolatria, das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue.
A segunda viagem missionária de Paulo
A segunda viagem missionária de Paulo ocorre entre os anos de 51 a 53 da era
comum, em que depois de percorrer por terra algumas regiões da Ásia Menor, Paulo
recebe um aviso em uma visão sobrenatural em Trôade para atravessar para a
Europa e pregar nas cidades da Macedônia e da Acaia.
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Nesta segunda expedição, Paulo é acompanhado por Silas e anuncia o Evangelho
também em Neápolis, Filipos, Anfípolis, Apolônia, Tessalônica, Beréia, Atenas e
Corinto, de onde retornam para à Ásia Menor, desembarcando em Éfeso. Porém,
desde que atravessou a província da Galácia, Timóteo havía juntado-se ao grupo,
tornando-se um outro importante colaborador do apóstolo.
Em Filipos, Paulo é preso após ter libertado de uma possessão demoníaca uma
escrava que fazia adivinhações, porém é milagrosamente libertado à noite através
de um terremoto.
Na cidade de Atenas, Paulo faz um discurso no Areópago, na colina de Marte, mas
poucos se convertem.
É na cidades de Corinto que Paulo funda uma importante igreja, onde é ajudado por
um casal de judeus, Áquila e Priscila que também lhe ajudam até Éfeso.
De Éfeso, Paulo navega então para Cesaréia, apresentando-se em seguida para a
igreja de Jerusalém.
A terceira viagem missionária de Paulo
A terceira viagem missionária de Paulo ocorre entre os anos de 54 a 57 da era
comum e teve por objetivo fortalecer os discípulos nas novas igrejas na Ásia Menor
e Grécia.
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Tal como nas missões anteriores, Paulo sempre parte da igreja onde congregava em
Antioquia, de onde segue por terra até Éfeso, passando por Tarso, Derbe, Listra,
Icônio e Antioquia da Pisídia.
Nesta expedição, Paulo dá mais atenção à igreja de Éfeso onde acontecem milagres
e o apóstolo sofre a oposição dos ourives que lucravam fabricando imagens da
deusa Diana (mitologia), provocando um grande tumulto na cidade.
Após à confusão, Paulo segue para a Macedônia e Acaia onde visita as igrejas.
De volta à Ásia, Paulo reune-se com a igreja de Trôade, ocasião em que é
presenciado um milagre de ressurreição de um jovem que havía despencado da
janela do terceiro andar ao adormecer durante o prolongado discurso proferido por
Paulo.
Ao desembarcar em Mileto, Paulo tem um comovente encontro com os presbíteros
da igreja de Éfeso.
Deixando Mileto, Paulo passa por Tiro e Cesaréia, indo novamente apresentar-se
em Jerusalém, sabendo que lá iria ser preso.
A prisão de Paulo
Em sua estadia em Jerusalém, após ter regressado de sua terceira viagem
missionária, Paulo é detido pelos judeus quando se encontrava no templo cumprindo
seu voto.
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Devido à confusão que foi formada na ocasião da prisão de Paulo, as autoridades
romanas em Jerusalém intervieram, evitando que o apóstolo fosse morto.
Invocando sua cidadania romana, Paulo obtém algumas proteções enquanto
permanecia em custódia aguardando julgamento, o que motivou a sua transferência
para Cesaréia, sob os cuidados de Félix, governador da Judéia, perante o qual foi
acusado pelos judeus de ter causado inquietação política e profanação do templo.
Com dificuldades para decidir sobre o caso de Paulo, Félix o mantém em custódia
por dois anos até ser substituído por Festo que, ao fazer um acordo com os judeus,
promete encaminhar o apóstolo para ser julgado em Jerusalém.
Não concordando que o seu julgamento fosse realizado em Jerusalém, Paulo
interpõe um apelo para impedir tal determinação e, devido ao seu requerimento,
consegue pelas leis romanas que o seu caso fosse apreciado pelo imperador em
Roma. Isto porque a legislação da época permitira que um cidadão romano que não
se entiss tratado com justiça pudesse apelar para o imperador nos casos em que a
pessoa jamais tivesse sido condenada por um tribunal inferior e a acusação não se
tratasse de crimes comuns.
Enquanto esteve sob a custódia de Festo, o caso de Paulo chegou a ser submetido
ao rei Herodes Agripa II, porém depois de seu apelo ao imperador. Agripa não
encontrou em Paulo nenhum motivo para ser condenado, contudo de nada adiantou
o seu parecer.ele era o apostolos dos gentios homem de DEUS.
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A viagem de Paulo a Roma
A viagem de Paulo a Roma ocorre entre os anos de 59 e 60 da era comum em que o
apóstolo atua como um verdadeiro missionário junto aos criminosos que estavam
sendo transportados no navio.
A viagem foi turbulenta, tornando-se perigosa depois que o navio já encontrava-se
em Creta, quando todos foram surpreendidos por um forte tufão quando navegavam
pelo lado sul da ilha.
Enfrentando uma longa tormenta, o navio afastou-se de Creta vindo a naufragar em
Malta, onde Paulo permaneceu por três meses em terra curando os enfermos da
ilha. Em Malta, tem-se o relato de mais um milagre ocorrido quando Paulo é picado
por uma serpente e sobrevive sem sentir nenhum efeito do veneno da víbora.
Depois disto, Paulo chega a Roma sendo muito bem recebido na cidade onde passa
a aguardar o seu julgamento em custódia domiciliar, por dois anos, pagando por sua
própria conta o aluguel de uma residência. Ali recebe vários judeus e lhes anuncia o
Evangelho, entre os quais alguns crêem e outros não.
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CONCLUSÃO
Os valores da Fé são inegáveis. Seus desafios nos advertem quanto ao caminho
estreito ,porém, vitorioso. A Igreja possui um Senhor único e verdadeiro,
comprometido com seu povo, sua história e suas marcas. Jesus se revela como um
Senhor com uma proposta clara de amor e um destino real para seus seguidores;
porém, nos mostra uma Fé que não nos isenta de responsabilidades mesmo sob o
foco da graça. Amemos o Senhor, amemos o Evangelho, amemos a Palavra, e
acima de tudo que possamos nos comprometar com ela verdadeiramente.
Pastor Delmo Gonçalves
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Um comentário sobre o Evangelho de Lucas Detalhada e crítica discussão das 300
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