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ESTRATÉGIAS DE MARKETING VISANDO A AMPLIAÇÃO DO CONSUMO DOMICILIAR
DE CARNE OVINA
Ricardo Firetti
Zootecnista, Msc., PqC do Polo Regional Alta Sorocabana/APTA
rfiretti@apta.sp.gov.br
Eduardo Cardoso de Oliveira
Estatístico, Bch., Mestrando da FCT/UNESP
edcarov@terra.com.br
Davison Eduardo Silva de Oliveira
Estatístico
dooestatistica@hotmail.com
Tem sido comum a utilização do conceito de “marketing”, geralmente compreendido como
sendo a publicidade de um produto, entretanto, seu entendimento é muito mais abrangente,
por envolver desde a ideia inicial para o desenvolvimento de um produto, até seu pós-venda,
englobando a percepção dos consumidores finais e sua fidelização (BACHA & CARVALHO,
2014).
Há consenso entre diversos especialistas que a cadeia produtiva da ovinocultura de corte
necessita de subsídios técnico-científicos sobre os aspectos qualitativos da carne, assim
como sobre questões mercadológicas que contribuam na oferta de produtos com
características orientadas pelo mercado e com a ampliação da oferta de produtos no varejo
(OSÓRIO et al., 2012; FIRETTI et al., 2012).
Assim, este trabalho teve a finalidade de apontar estratégias de marketing que viabilizem a
ampliação do interesse e consumo domiciliar de carne ovina. Foram observadas variáveis
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envolvidas com o composto de marketing1
preconizado por Kotler (1975), especificamente:
a) Produto: Forma de preparo; ponto de cozimento; preferências em relação ao sabor;
preferências em relação à suculência; b) Preço: Satisfação com preço; c) Praça
(distribuição): Local onde compra; satisfação com disponibilidade; d) Promoção
(comunicação): Considera a carne saudável; considera carne segura do ponto de vista
higiênico e sanitário.
Para tanto, entrevistaram-se 3.249 pessoas entre JAN/2013 e JUN/2013 nas cidades de
Londrina e Maringá (PR), Dourados (MS) e Presidente Prudente, Marília, Araçatuba, Bauru
e São José do Rio Preto (SP). Para isso foram utilizados formulários eletrônicos implantados
em dispositivos portáteis (tablets) com 28 perguntas estruturadas relacionadas ao: perfil do
consumidor; consumo de carnes; preferências em relação à carne ovina; e aquisição da
carne ovina.
A amostra de 3.249 questionários aplicados foi formada por 33,8% de pessoas que
manifestaram interesse ou curiosidade em experimentar produtos (consumidores
potenciais), mas não possuem hábito de consumo; e 38,5% denominados “atuais
consumidores” por terem algum hábito (mesmo que mínimo) de consumir carne ovina. Esse
mercado representa 72,3% das pessoas entrevistadas.
Com base nos resultados obtidos da parcela de “atuais consumidores” de carne ovina foi
possível identificar aspectos estratégicos do composto de marketing que precisam ser
corrigidos ou fomentados visando estimular essas pessoas a adquirirem produtos da carne
ovina visando o consumo domiciliar. Os resultados para diferentes classes de repostas das
variáveis observadas estão descritos na Tabela 1.
No que diz respeito ao PRODUTO em si, está claro o interesse da maioria dos
consumidores pelo preparo da carne ovina na forma de churrasco e ponto de cozimento
“Bem Passada”. Entretanto, a oferta de carne ovina no varejo é formada principalmente por
peças com osso (ALBERTI et al., 2014), dificultando o preparo da carne. Cortes
simplificados (desossados ou com osso), especialmente destinados ao espeto ou grelha,
facilitariam o preparo da carne e a garantia de atingir o ponto de cozimento esperado sem a
perda de características importantes, tal qual a suculência. Quanto à preferência sobre
1
Composto de marketing ou marketing mix é um conjunto de variáveis que podem ser controladas e
que influenciam a forma como os consumidores respondem ao mercado, e naquilo que a empresa
pode fazer para influenciar a procura pelo seu produto, para alcançar o nível desejado de vendas
junto do seu mercado-alvo (KOTLER; ARMSTRONG; WONG; SAUNDERS, 2008)
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características da carne ovina, em torno de 63% das pessoas preferem o Sabor entre “Mais
Suave” e “Suave”; e cerca de 40% preferem carnes com nível “Intermediário” de Suculência.
Tabela 1. Distribuição percentual (%) das respostas obtidas para as variáveis relacionadas
com o composto de marketing da carne ovina, a partir de entrevistas com “atuais
consumidores” de carne ovina.
Variáveis Classes de Respostas
Preparo
Churrasco
[68,5]
Forno
[18,9]
Cozida
[7,0]
Frita
[4,6]
Cozimento
Selada
[0,2]
Malpassada
[3,7]
Mal-Ao ponto
[2,2]
Ao ponto-
bem [11,2]
Bem
passada
[62,6]
Sabor
Mais Suave
[4,9]
Suave
[58,0]
Intermediário
[16,5]
Intenso
[14,9]
Muito intenso
[4,3]
Suculência
Nenhuma
[3,1]
Pouco
[20,9]
Intermediário
[38,8]
Muito
[26,5]
Extrema
[9,2]
Preço
Insatisfeito
[29,2]
- Insatisfeito
[18,2]
Indiferente
[30,9]
-Satisfeito
[11,6]
Satisfeito
[8,1]
Local de
compra
Produtor
[31,0]
Casas Carne
[28,6]
Supermercado
[30,3]
Disponibilidade
Insatisfeito
[27,8]
- Insatisfeito
[18,3]
Indiferente
[17,4]
-Satisfeito
[15,6]
Satisfeito
[19,0]
Carne saudável
Concorda
[61,8]
Concorda –
[19,3]
Indiferente
[14,3]
Discorda –
[1,4]
Discorda
[1,2]
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Carne segura
Concorda
[52,4]
Concorda –
[17,8]
Indiferente
[19,4]
Discorda –
[4,6]
Discorda
[3,9]
+ = mais; - = menos. Obs.: As classes de respostas em negrito referem-se àquelas com maior representação
percentual.
Com relação aos PREÇOS, os resultados apontaram que 19,7% dos consumidores estavam
satisfeitos com aqueles praticados pelo varejo, especialmente quando comparados a
produtos nobres de carne bovina, eventuais concorrentes da carne ovina. Reforça-se a
questão pelo fato de observar-se que na época em que ocorreu a aplicação dos
questionários, o preço da “Alcatra Bovina” variava entre R$17,00 a R$19,00/kg, e
atualmente esse produto custa entre R$25,00 e R$29,00. Esta oportunidade deveria ser
utilizada pela cadeia produtiva da ovinocultura de corte visando reduzir os preços praticados
pelas redes de varejo, ocupando espaço no cotidiano das famílias, especialmente nos
churrascos.
No quesito PRAÇA e distribuição, foi possível verificar, que existe a tendência dos melhores
níveis de satisfação com a disponibilidade estarem relacionados à carne comercializada,
respectivamente, pelo “Produtor Rural”, “Açougue/Boutique”, “Supermercado”. As análises
estatísticas revelaram, ainda, que a carne ovina comercializada nos Supermercados possui
o mesmo nível de confiabilidade que os Produtores Rurais quanto à Segurança Higiênica e
Sanitária. Estes fatos trazem grandes prejuízos à cadeia produtiva, na medida em que se
cria o hábito de aquisição diretamente junto aos produtores, tal qual ocorreu na cidade de
Londrina-PR, e foi explorado no trabalho de Bánkuti et al. (2013).
Entretanto, do ponto de vista estratégico, tanto os hipermercados (geralmente redes) como
os supermercados (de âmbito local), pelo elevado nível de confiabilidade, seriam
estabelecimentos de varejo extremamente adequados para a comercialização de carne
ovina.
Sobre a PROMOÇÂO, ou comunicação em relação ao produto, as principais estratégias
estariam alicerçadas na percepção dos consumidores em relação às características
nutricionais. Em torno de 81% dos “atuais consumidores” entrevistados concordaram, parcial
ou totalmente, que a carne ovina é saudável do ponto de vista digestivo e nutricional, sendo
uma opção interessante de carne vermelha.
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A atual conjuntura brasileira do mercado de carnes, tendo em vista os valores da arroba
bovina e do dólar, e seus reflexos nos preços da carne, abrem oportunidades para a cadeia
produtiva da ovinocultura de corte ampliar sua participação no mercado e fidelizar
consumidores observando-se o potencial de consumo de carne ovina. Mas, para conseguir
penetração nesse ambiente de mercado é necessário que ocorra uma melhor estruturação e
governança da própria cadeia, percebendo de maneira clara as demandas do consumidor.
Nesse contexto, a ampliação do consumo seria estimulada por meio de estratégias
mercadológicas concomitantes, relacionadas à: oferta de cortes cárneos simplificados,
destinados ao espeto ou grelha; redução de preços no varejo, aumentando a
competitividade do produto frente a outras carnes nobres; redução da oferta de carne sem
inspeção oficial e ênfase na venda de produtos em supermercados e hipermercados; e
criação de campanhas de publicidade ratificando as qualidades nutricionais da carne ovina.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o financiamento da pesquisa pela FAPESP (processo 2011/23142-
0).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTI, A.L.L.; FIRETTI, R.; ZUNDT, M.; SANTOS, A. O. Comercialização de carne ovina
no interior do Estado de São Paulo. In: Anais do XXIV Congresso Brasileiro de Zootecnia
(Zootec). Vitória-ES.: UFES, 2014.
BACHA, R.A.F.; CARVALHO, C.M.E. Estratégias de marketing rural: assentamento
conquista. Interações (Campo Grande), v.15, n.2, 2014.
BÁNKUTI, F.I.; BÁNKUTI, S.M.S.; MACEDO, F.A. A informalidade em sistemas
agroindustriais: um estudo exploratório dos hábitos de consumo de carne ovina na cidade de
Maringá, Estado do Paraná. Informações Econômicas (Impresso), v. 43, n.1, p. 5-17, 2013.
FIRETTI, R.; BEZERRA, L.M.C.; FACHINI, C.; TURCO, P.H.N.; VEIGA-FILHO, A.A. Análise
de variáveis estratégicas para o desenvolvimento da agropecuária da região do Pontal do
Paranapanema. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 50, n. 1, 2012.
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KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento e controle. São Paulo:
Atlas, 1975.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G.; WONG, V.; SAUNDERS, J.A. Principles of marketing (5ª
ed.). New York: Financial Times/Prentice Hall, 2008 (ISBN 978-0136132370)
OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; VARGAS JUNIOR, F.M.; FERNANDES, A.R.M.; SENO,
L.O.; RICARDO, H.A.; CAMILO, F.R.; ORRICO JUNIOR, M.A.P. Critérios para abate do
animal e a qualidade da carne. Revista Agrarian, v.5, n.18, p.434-443, 2012.

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  • 1. ESTRATÉGIAS DE MARKETING VISANDO A AMPLIAÇÃO DO CONSUMO DOMICILIAR DE CARNE OVINA Ricardo Firetti Zootecnista, Msc., PqC do Polo Regional Alta Sorocabana/APTA rfiretti@apta.sp.gov.br Eduardo Cardoso de Oliveira Estatístico, Bch., Mestrando da FCT/UNESP edcarov@terra.com.br Davison Eduardo Silva de Oliveira Estatístico dooestatistica@hotmail.com Tem sido comum a utilização do conceito de “marketing”, geralmente compreendido como sendo a publicidade de um produto, entretanto, seu entendimento é muito mais abrangente, por envolver desde a ideia inicial para o desenvolvimento de um produto, até seu pós-venda, englobando a percepção dos consumidores finais e sua fidelização (BACHA & CARVALHO, 2014). Há consenso entre diversos especialistas que a cadeia produtiva da ovinocultura de corte necessita de subsídios técnico-científicos sobre os aspectos qualitativos da carne, assim como sobre questões mercadológicas que contribuam na oferta de produtos com características orientadas pelo mercado e com a ampliação da oferta de produtos no varejo (OSÓRIO et al., 2012; FIRETTI et al., 2012). Assim, este trabalho teve a finalidade de apontar estratégias de marketing que viabilizem a ampliação do interesse e consumo domiciliar de carne ovina. Foram observadas variáveis
  • 2. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 2, Jul-Dez 2015 envolvidas com o composto de marketing1 preconizado por Kotler (1975), especificamente: a) Produto: Forma de preparo; ponto de cozimento; preferências em relação ao sabor; preferências em relação à suculência; b) Preço: Satisfação com preço; c) Praça (distribuição): Local onde compra; satisfação com disponibilidade; d) Promoção (comunicação): Considera a carne saudável; considera carne segura do ponto de vista higiênico e sanitário. Para tanto, entrevistaram-se 3.249 pessoas entre JAN/2013 e JUN/2013 nas cidades de Londrina e Maringá (PR), Dourados (MS) e Presidente Prudente, Marília, Araçatuba, Bauru e São José do Rio Preto (SP). Para isso foram utilizados formulários eletrônicos implantados em dispositivos portáteis (tablets) com 28 perguntas estruturadas relacionadas ao: perfil do consumidor; consumo de carnes; preferências em relação à carne ovina; e aquisição da carne ovina. A amostra de 3.249 questionários aplicados foi formada por 33,8% de pessoas que manifestaram interesse ou curiosidade em experimentar produtos (consumidores potenciais), mas não possuem hábito de consumo; e 38,5% denominados “atuais consumidores” por terem algum hábito (mesmo que mínimo) de consumir carne ovina. Esse mercado representa 72,3% das pessoas entrevistadas. Com base nos resultados obtidos da parcela de “atuais consumidores” de carne ovina foi possível identificar aspectos estratégicos do composto de marketing que precisam ser corrigidos ou fomentados visando estimular essas pessoas a adquirirem produtos da carne ovina visando o consumo domiciliar. Os resultados para diferentes classes de repostas das variáveis observadas estão descritos na Tabela 1. No que diz respeito ao PRODUTO em si, está claro o interesse da maioria dos consumidores pelo preparo da carne ovina na forma de churrasco e ponto de cozimento “Bem Passada”. Entretanto, a oferta de carne ovina no varejo é formada principalmente por peças com osso (ALBERTI et al., 2014), dificultando o preparo da carne. Cortes simplificados (desossados ou com osso), especialmente destinados ao espeto ou grelha, facilitariam o preparo da carne e a garantia de atingir o ponto de cozimento esperado sem a perda de características importantes, tal qual a suculência. Quanto à preferência sobre 1 Composto de marketing ou marketing mix é um conjunto de variáveis que podem ser controladas e que influenciam a forma como os consumidores respondem ao mercado, e naquilo que a empresa pode fazer para influenciar a procura pelo seu produto, para alcançar o nível desejado de vendas junto do seu mercado-alvo (KOTLER; ARMSTRONG; WONG; SAUNDERS, 2008)
  • 3. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 2, Jul-Dez 2015 características da carne ovina, em torno de 63% das pessoas preferem o Sabor entre “Mais Suave” e “Suave”; e cerca de 40% preferem carnes com nível “Intermediário” de Suculência. Tabela 1. Distribuição percentual (%) das respostas obtidas para as variáveis relacionadas com o composto de marketing da carne ovina, a partir de entrevistas com “atuais consumidores” de carne ovina. Variáveis Classes de Respostas Preparo Churrasco [68,5] Forno [18,9] Cozida [7,0] Frita [4,6] Cozimento Selada [0,2] Malpassada [3,7] Mal-Ao ponto [2,2] Ao ponto- bem [11,2] Bem passada [62,6] Sabor Mais Suave [4,9] Suave [58,0] Intermediário [16,5] Intenso [14,9] Muito intenso [4,3] Suculência Nenhuma [3,1] Pouco [20,9] Intermediário [38,8] Muito [26,5] Extrema [9,2] Preço Insatisfeito [29,2] - Insatisfeito [18,2] Indiferente [30,9] -Satisfeito [11,6] Satisfeito [8,1] Local de compra Produtor [31,0] Casas Carne [28,6] Supermercado [30,3] Disponibilidade Insatisfeito [27,8] - Insatisfeito [18,3] Indiferente [17,4] -Satisfeito [15,6] Satisfeito [19,0] Carne saudável Concorda [61,8] Concorda – [19,3] Indiferente [14,3] Discorda – [1,4] Discorda [1,2]
  • 4. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 2, Jul-Dez 2015 Carne segura Concorda [52,4] Concorda – [17,8] Indiferente [19,4] Discorda – [4,6] Discorda [3,9] + = mais; - = menos. Obs.: As classes de respostas em negrito referem-se àquelas com maior representação percentual. Com relação aos PREÇOS, os resultados apontaram que 19,7% dos consumidores estavam satisfeitos com aqueles praticados pelo varejo, especialmente quando comparados a produtos nobres de carne bovina, eventuais concorrentes da carne ovina. Reforça-se a questão pelo fato de observar-se que na época em que ocorreu a aplicação dos questionários, o preço da “Alcatra Bovina” variava entre R$17,00 a R$19,00/kg, e atualmente esse produto custa entre R$25,00 e R$29,00. Esta oportunidade deveria ser utilizada pela cadeia produtiva da ovinocultura de corte visando reduzir os preços praticados pelas redes de varejo, ocupando espaço no cotidiano das famílias, especialmente nos churrascos. No quesito PRAÇA e distribuição, foi possível verificar, que existe a tendência dos melhores níveis de satisfação com a disponibilidade estarem relacionados à carne comercializada, respectivamente, pelo “Produtor Rural”, “Açougue/Boutique”, “Supermercado”. As análises estatísticas revelaram, ainda, que a carne ovina comercializada nos Supermercados possui o mesmo nível de confiabilidade que os Produtores Rurais quanto à Segurança Higiênica e Sanitária. Estes fatos trazem grandes prejuízos à cadeia produtiva, na medida em que se cria o hábito de aquisição diretamente junto aos produtores, tal qual ocorreu na cidade de Londrina-PR, e foi explorado no trabalho de Bánkuti et al. (2013). Entretanto, do ponto de vista estratégico, tanto os hipermercados (geralmente redes) como os supermercados (de âmbito local), pelo elevado nível de confiabilidade, seriam estabelecimentos de varejo extremamente adequados para a comercialização de carne ovina. Sobre a PROMOÇÂO, ou comunicação em relação ao produto, as principais estratégias estariam alicerçadas na percepção dos consumidores em relação às características nutricionais. Em torno de 81% dos “atuais consumidores” entrevistados concordaram, parcial ou totalmente, que a carne ovina é saudável do ponto de vista digestivo e nutricional, sendo uma opção interessante de carne vermelha.
  • 5. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 2, Jul-Dez 2015 A atual conjuntura brasileira do mercado de carnes, tendo em vista os valores da arroba bovina e do dólar, e seus reflexos nos preços da carne, abrem oportunidades para a cadeia produtiva da ovinocultura de corte ampliar sua participação no mercado e fidelizar consumidores observando-se o potencial de consumo de carne ovina. Mas, para conseguir penetração nesse ambiente de mercado é necessário que ocorra uma melhor estruturação e governança da própria cadeia, percebendo de maneira clara as demandas do consumidor. Nesse contexto, a ampliação do consumo seria estimulada por meio de estratégias mercadológicas concomitantes, relacionadas à: oferta de cortes cárneos simplificados, destinados ao espeto ou grelha; redução de preços no varejo, aumentando a competitividade do produto frente a outras carnes nobres; redução da oferta de carne sem inspeção oficial e ênfase na venda de produtos em supermercados e hipermercados; e criação de campanhas de publicidade ratificando as qualidades nutricionais da carne ovina. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o financiamento da pesquisa pela FAPESP (processo 2011/23142- 0). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERTI, A.L.L.; FIRETTI, R.; ZUNDT, M.; SANTOS, A. O. Comercialização de carne ovina no interior do Estado de São Paulo. In: Anais do XXIV Congresso Brasileiro de Zootecnia (Zootec). Vitória-ES.: UFES, 2014. BACHA, R.A.F.; CARVALHO, C.M.E. Estratégias de marketing rural: assentamento conquista. Interações (Campo Grande), v.15, n.2, 2014. BÁNKUTI, F.I.; BÁNKUTI, S.M.S.; MACEDO, F.A. A informalidade em sistemas agroindustriais: um estudo exploratório dos hábitos de consumo de carne ovina na cidade de Maringá, Estado do Paraná. Informações Econômicas (Impresso), v. 43, n.1, p. 5-17, 2013. FIRETTI, R.; BEZERRA, L.M.C.; FACHINI, C.; TURCO, P.H.N.; VEIGA-FILHO, A.A. Análise de variáveis estratégicas para o desenvolvimento da agropecuária da região do Pontal do Paranapanema. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 50, n. 1, 2012.
  • 6. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 2, Jul-Dez 2015 KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento e controle. São Paulo: Atlas, 1975. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G.; WONG, V.; SAUNDERS, J.A. Principles of marketing (5ª ed.). New York: Financial Times/Prentice Hall, 2008 (ISBN 978-0136132370) OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; VARGAS JUNIOR, F.M.; FERNANDES, A.R.M.; SENO, L.O.; RICARDO, H.A.; CAMILO, F.R.; ORRICO JUNIOR, M.A.P. Critérios para abate do animal e a qualidade da carne. Revista Agrarian, v.5, n.18, p.434-443, 2012.